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Revista Educação: Temas e Problemas, 4 (2) (2007) (nº especial sobre leitura)

Avaliação da Compreensão Escrita e da Leitura de Palavras na PAL-PORT


(Bateria de Avaliação Psicolinguística das Afasias e de outras Perturbações da
Linguagem para a População Portuguesa)*

Autores: Maria Isabel Ferraz Festas** , Cristina dos Santos Pereira Martins***, José
Augusto Simões Gonçalves Leitão**
** Docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra
*** Docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Abstract
The assessment of written comprehension and oral reading of words is an important
component of PAL-PORT (Psycholinguistic Assessment of Language-Portuguese).
PAL-PORT is an adaptation for the portuguese population of PAL, an English battery
of tests used in assessing aphasia and other language disorders, that takes as reference
point the cognitive neuropsychology approach. In this paper we analyze PAL’s
psycholinguistic models of written comprehension and reading (the dual-route model)
and their success in accounting for comprehension and reading disorders. We also
present written comprehension and reading tests of PAL-PORT. We pay particular
attention to the psycholinguistic variables of the Oral Reading Probe.

Introdução

As perturbações da compreensão escrita e da leitura de palavras são uma das


manifestações mais típicas das afasias. Por esta razão não é de estranhar que a
avaliação deste tipo de dificuldades ocupe um lugar importante no estudo dos doentes
afásicos. É o que acontece na PAL-PORT (Bateria de Avaliação Psicolinguística das
Afasias e de outras Perturbações da Linguagem para a População Portuguesa), que
inclui vários testes de compreensão escrita e de leitura de palavras.

*
Trabalho realizado no âmbito do Projecto RIPD/PSI/63557/2005, financiado pela FCT, intitulado
Avaliação psicolinguística fina de afasias e de outras perturbações da linguagem: Uma bateria
integrativa de medidas em tempo diferido e em tempo real.
A PAL-PORT é um instrumento de avaliação das afasias e de outros
distúrbios da linguagem que integra medidas em tempo diferido e em tempo real
(Festas et al., 2006) e que foi desenvolvida a partir da adaptação da PAL
(Psycholinguistic Assessment of Language), da autoria de Caplan e Bub (Caplan,
1992; Caplan & Bub, 1990). Baseando-se num modelo cognitivo explicativo do
funcionamento linguístico, a PAL-PORT apresenta um vasto conjunto de provas que
possibilitam uma análise e uma caracterização detalhadas das dificuldades
encontradas. Incidindo na compreensão e produção, quer oral, quer escrita, aos níveis
lexical, morfológico e frásico, cada um dos testes foi criado com a intenção de avaliar
uma representação ou um processo específico do modelo.
Interessando-nos, particularmente, neste artigo, a avaliação da leitura, não
podemos deixar de dispensar atenção à compreensão escrita, uma vez que a leitura
implica a conversão do código escrito em código oral (verbalizável), pressupondo a
compreensão ou, pelo menos, o reconhecimento do material impresso. Uma avaliação
fina de dificuldades deste foro deve ter em conta todos os aspectos do modelo
relacionados com a tarefa da leitura. Nessa medida, as provas da PAL-PORT
destinadas a avaliar a compreensão escrita, conjuntamente com a de Leitura Oral,
constituem um instrumento fundamental para uma caracterização rigorosa dos
problemas que se manifestem neste domínio. Do mesmo modo, uma análise dos
resultados assim avaliados constitui um suporte imprescindível à planificação de um
programa que tenha em vista a reeducação e superação das dificuldades em leitura.
No presente estudo, começaremos por fazer uma referência ao modelo
psicolinguístico da compreensão escrita e ao modelo da dupla via da leitura que
sustentam a arquitectura da bateria de provas PAL. O poder explicativo destes
modelos, nomeadamente o da dupla via, relativamente às dificuldades de leitura, será
também aqui analisado. Por último, veremos as provas da PAL-PORT destinadas à
avaliação da compreensão escrita e da leitura. De entre estas, será dada atenção
particular à Prova de Leitura Oral e aos critérios que presidiram à sua adaptação, de
modo a respeitar as especificidades da língua portuguesa.

1. Modelo Psicolinguístico da PAL-PORT para a Compreensão Escrita e para


a Leitura de Palavras

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Tal como acontece com os outros níveis de compreensão e produção
linguísticas (compreensão oral de palavras, compreensão oral e escrita aos níveis
morfológico e frásico, produção oral e escrita), a compreensão escrita e a leitura de
palavras pode, segundo Caplan (1992), ser entendida à luz de um modelo
psicolinguístico que especifica a operação de um conjunto de processos sobre
diferentes representações linguísticas, transformando estas últimas em novas
representações.
Considerando a compreensão de palavras escritas, o processo de identificação
das letras opera na palavra escrita, convertendo o estímulo numa representação: a
identidade das letras. Sobre esta representação vai actuar, por sua vez, um novo
processo: o acesso léxico-ortográfico, através do qual a identidade das letras é
transformada de modo a ser reconhecida no léxico ortográfico de entrada. É esta
última representação que permitirá, por fim, o acesso ao significado da palavra,
graças à actuação do processo de acesso léxico-semântico (ver Figura 1).

Palavra Escrita
Identificação das Letras
Identidade das Letras
Acesso Léxico-Ortográfico
Léxico Ortográfico de Entrada
Acesso Léxico-Semântico
Significado da Palavra
Fig. 1. Compreensão de Palavras Escritas

Assim, a compreensão de palavras escritas implica, antes de mais, o seu


reconhecimento através do acesso léxico-ortográfico. A activação deste processo
requer, contudo, a conversão prévia dos estímulos escritos em representações
adequadas. Assim, e sendo as palavras constituídas por letras, é a identificação destas
últimas que vai dar origem ao estabelecimento de uma correspondência entre a
palavra escrita de entrada e as formas existentes no léxico ortográfico. Só, então, após
o reconhecimento das palavras no léxico ortográfico de entrada, se torna possível a
conexão da sua forma visual com um conceito, isto é, o acesso ao seu significado.
Um distúrbio detectado ao nível da compreensão escrita de palavras pode, à
luz deste modelo, ficar a dever-se a problemas localizados em diferentes pontos deste

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circuito, isto é, pode resultar de deficiências de diferentes processos e/ou das
respectivas representações linguísticas. Com efeito, uma dificuldade pode ter origem
na identificação das letras, no acesso léxico-ortográfico, ou, ainda, no acesso
léxico-semântico.
O caso da leitura de palavras, processo que mantém relações estreitas com o
da compreensão de palavras escritas, é um pouco mais complexo. As provas da PAL
pressupõem o modelo psicolinguístico de leitura, amplamente conhecido, da dupla via
(Coltheart, 1978, 1985; Coltheart, Curtis, Atkins, & Haller, 1993; Morton, 1969,
1979; cf., também, Castro & Gomes, 2000). Trata-se de um modelo que resultou dos
numerosos estudos que se têm vindo a desenvolver na área da leitura, quer os que têm
incidido em populações de leitores normais, quer os que se têm debruçado sobre as
perturbações de desenvolvimento e as decorrentes de lesões cerebrais, como as
afasias.
A ideia fundamental do modelo da dupla via é a de que existem duas formas
essenciais de proceder à leitura de material escrito: uma que assenta na conversão das
letras em sons e outra que se fundamenta num processo de reconhecimento da palavra
como um todo. Assim, e para proceder à leitura de palavras, dispomos de uma via
mais indirecta (ou fonológica) e também de uma via mais directa (ou lexical).
O recurso à via fonológica pressupõe que os grafemas que integram um
sistema de escrita alfabético sejam convertidos em fones através da actuação de um
conjunto de regras de Conversão Grafema-Fone ou CGF. A leitura resulta da
aplicação deste sistema de regras, dependendo, grandemente, das capacidades de
processamento fonológico. Como é facilmente compreensível, e na medida em que a
própria aprendizagem da leitura depende da consolidação deste sistema de CGF, a via
fonológica é aquela que predomina nas fases iniciais dessa mesma aprendizagem,
cedendo, à medida que o leitor se torna mais proficiente, cada vez maior
proeminência à via lexical. Dito isto, ressalve-se que mesmo o leitor experiente terá,
ainda assim, necessidade de manter a via fonológica operacional, sob pena de ficar
impedido de ler palavras desconhecidas e pseudopalavras que apenas podem ser
processadas com recurso a tal via.
Já a via lexical funciona através do acesso a um dicionário mental ou léxico
interno onde estão representadas as palavras já aprendidas e conhecidas. A palavra
impressa é reconhecida como um todo porque o seu processamento não requer a
conversão das respectivas unidades sublexicais (isto é, os grafemas) nos fones

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correspondentes. A entrada lexical é activada no dicionário mental directamente pela
forma gráfica representada no texto. Dito isto, concluir-se-á que a via lexical,
dispensando a operação CGF, permite tão somente a leitura de palavras que já
integram o léxico ortográfico, não sendo possível, através dela, processar quer
palavras desconhecidas, quer pseudopalavras.
Este modelo de dupla via da leitura tem conhecido várias versões, sendo uma
das mais divulgadas aquela que é partilhada pelos autores da PAL. Nesta versão
admitem-se, na verdade, não estritamente duas, mas sim três vias (Caplan, 1992;
Morton & Patterson, 1980), considerando-se que a via lexical pode, por sua vez, ser
subdividida em duas: uma que vai directamente do léxico ortográfico de entrada à
produção oral da palavra, sem passar pelo sistema semântico, e uma outra, menos
directa, que vai do léxico ortográfico de entrada ao sistema semântico, seguindo,
deste, até à produção oral. Esta versão não põe, propriamente, em causa o modelo da
dupla via: continua a prever-se a existência de duas rotas básicas, uma para a
identificação da palavra como um todo e outra para a conversão dos grafemas em
fones. Na verdade, nesta versão mais detalhada em que assenta a arquitectura das
provas da bateria PAL apenas se admite que, em certos casos, a leitura pela via lexical
pode dispensar o processamento semântico do material escrito por parte de quem lê.
Outros modelos explicativos da leitura de palavras têm surgido, destacando-se,
de entre estes, os que se baseiam no processamento paralelo, como o de Seidenberg e
McClelland (1989), e que prevêem, desde modo, uma única via e não duas. Ainda
assim e apesar dos modelos concorrentes, o modelo da dupla via continua a ter um
elevado nível de aceitação pelas possibilidades que oferece para a explicação e
compreensão do fenómeno da leitura de palavras, tanto em leitores normais, como em
casos de distúrbios de desenvolvimento ou decorrentes de lesões cerebrais.

1.1. Os Distúrbios de Leitura à Luz do Modelo da Dupla Via

Como foi dito, uma das grandes vantagens do modelo da dupla via reside na
sua capacidade de explicar os diferentes tipos de distúrbios de leitura e de dislexia.
Considerando agora apenas as perturbações adquiridas, ou seja, as que resultam de
lesões cerebrais, e que caracterizam muitas das afasias, é consensual a tipologia que
admite três tipos fundamentais de “dislexias centrais” (aquelas cuja origem se pode

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localizar no funcionamento linguístico): a fonológica, a superficial e a profunda (cf.,
entre outros, Ellis, 1989).
A dislexia fonológica caracteriza-se por uma incapacidade de ler
pseudopalavras e palavras desconhecidas. Apesar desta dificuldade, os pacientes com
dislexia fonológica mostram-se capazes de ler palavras conhecidas. Trata-se de um
distúrbio encontrado em doentes afásicos, reportado em trabalhos como os de
Beauvois e Derouesné (1979), Shallice e Warrington (1980) e Patterson (1980), entre
outros. O comportamento destes doentes explica-se, sinteticamente, do seguinte
modo: tendo a via fonológica afectada, estes disléxicos ficam impedidos de recorrer
ao sistema de Conversão Grafema-Fone, e, logo assim, de processar pseudopalavras e
palavras desconhecidas, cuja leitura depende do bom funcionamento de tal sistema de
conversão de representações. A preservação da capacidade para ler palavras
conhecidas mostra, contudo, que a via lexical está intacta nestes doentes, sendo a essa
que recorrem na leitura.
A dislexia superficial caracteriza-se por um quadro oposto ao da dislexia
fonológica: os doentes conseguem ler, sem dificuldade, pseudopalavras e palavras
regulares, ao mesmo tempo que apresentam muitos erros na leitura de palavras
irregulares (Marshall & Newcombe, 1973; Patterson, Marshall, & Coltheart, 1985).
Com efeito, neste tipo de dislexia, e estando controlados factores como a frequência e
a extensão das palavras, verifica-se uma grande superioridade na capacidade de
leitura de palavras com correspondências grafema-fone regulares, relativamente a
palavras em que essas correspondências são irregulares. Fala-se de correspondências
regulares quando há uma relação grafema-fone de um-para-um, ou seja, quando a um
grafema de uma palavra corresponde um só fone e, inversamente, de
correspondências irregulares, quando essa relação pode ser de um-para-muitos (um
grafema passível de representar vários fones) ou de muitos-para-um (vários grafemas
representam um só fone), sem que existam regras explícitas que regulem essas
relações. Os portadores deste tipo de dislexia procedem a constantes “regularizações”
na leitura de palavras irregulares. Tal comportamento evidencia que os doentes lêem
através da activação do sistema CGF, mobilizando as respectivas regras de conversão
dominantes. Na ausência de uma regra de CGF dominante para um dado caso, a
leitura pode igualmente evidenciar erros de conversão. A leitura baseia-se, pois,
apenas na via fonológica, não havendo acesso à rota lexical que, nestes casos, se
apresenta deficiente.

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A dislexia profunda, pela multiplicidade de sintomas que apresenta (cf., entre
outros, Ellis, 1989; Funnell, 2000; Marshall & Newcombe, 1980), diz respeito a um
quadro mais complexo, cuja origem tem sido e continua a ser amplamente debatida
(Coltheart, Patterson, & Marshall, 1980). Os doentes com este tipo de perturbação
mostram-se incapazes de ler pseudopalavras, o que é um sinal de que têm afectada a
via fonológica sublexical, facto que os impede de usar o sistema de regras de CGF. A
perturbação desta via também se manifesta nos erros visuais, frequentes nos
portadores desta dislexia, que se traduzem no seguinte comportamento: o doente, na
presença de uma palavra escrita, lê uma outra que, sendo ortograficamente próxima
da do estímulo, é, na verdade, muito diferente dela quanto ao significado (cf. Funnell,
2000).
Mas, os doentes com dislexia profunda evidenciam, ainda, outros erros típicos
reveladores de que também a via lexical está afectada. É o caso dos erros semânticos
detectados na leitura de palavras, caracterizados pelo facto de o produto da leitura ser
uma palavra semanticamente próxima da que constitui o estímulo, mas muito
diferente desta do ponto de vista ortográfico. Outro indício de que a via lexical está,
nestes doentes, afectada é a dificuldade por eles revelada em ler nomes abstractos,
comparativamente a nomes concretos. Estes erros do foro semântico sugerem que este
leitor disléxico baseia a sua leitura numa via léxico-semântica em que o significado é
processado directamente a partir do estímulo impresso (cf. Morton & Patterson,
1980). Em suma, e em função do modelo da dulpa via, capaz, como salienta Caplan
(1992, p. 184, Figura 5.5), de dar conta das dificuldades características deste tipo de
perturbação, na dislexia profunda estão afectadas quer a via lexical, quer a via
fonológica sublexical.

2. Provas da PAL-PORT na Avaliação da Compreensão Escrita e da Leitura


de Palavras

Porque se baseia num modelo psicolinguístico, a PAL-PORT permite uma


análise fina das dificuldades linguísticas manifestadas por um determinado doente.
Deste modo, através da aplicação daquela bateria, torna-se possível levar a avaliação
das dificuldades para além da mera constatação de problemas ao nível da
compreensão escrita ou da leitura, tal como acontece com as provas neuropsicológicas
clássicas. A PAL-PORT inclui um conjunto de quatro provas de avaliação que

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incidem nos diferentes processos linguísticos implicados na compreensão de palavras
escritas, e conta, ainda, com uma prova que permite detectar qual ou quais as vias
intactas ou afectadas na leitura. Como podemos ver na Figura 2, a Prova 16 (Decisão
Lexical) avalia problemas no acesso léxico-ortográfico, as Provas 17
(Emparelhamento Palavra-Figura), 18 (Verificação de Atributos) e 19 (Juízos de
Similitude-Palavras Abstractas) estão vocacionadas para as potenciais perturbações
no acesso léxico-semântico e a Prova 22 (Leitura Oral) possibilita uma identificação
da fonte das dificuldades ao nível das vias fonológica e/ou lexical.

Aspectos da
Provas PAL-PORT Compreensão Escrita
e da Leitura de
Palavras Avaliados

Prova 16. Decisão Lexical Acesso Léxico-Ortográfico

Prova 17. Emparelhamento Palavra Figura


Prova 18. Verificação de Atributos Acesso Léxico-Semântico
Prova 19. Juízos de Similitude Pal. Abstractas

Prova 22. Leitura Oral Vias Fonológica e Lexical


Fig.2 Provas de Compreensão Escrita e de Leitura de Palavras e Aspectos Avaliados por essas
Mesmas Provas

Com a aplicação desta bateria, podemos ficar a saber se os problemas de


leitura, apresentados por um determinado paciente, se localizam nas primeiras fases
do processo da leitura (relativas à compreensão de palavras escritas e que se podem
situar ao nível do acesso léxico-ortográfico e/ou do acesso léxico-semântico), ou se se
ficam a dever a dificuldades na via fonológica e/ou lexical.
No presente artigo, debruçar-nos-emos, particularmente, sobre a avaliação das
duas vias da leitura (fonológica e lexical), tal como é realizada pela Prova 22 (Leitura
Oral).

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2.1. A Prova de Leitura Oral

A Prova de Leitura Oral da PAL original inclui cinquenta e sete itens: trinta e
duas palavras e vinte e cinco pseudopalavras. A selecção das palavras obedeceu aos
seguintes critérios: extensão, frequência, nível de abstracção e regularidade na
correspondência grafema-fone. A prova conta, assim, com dezasseis palavras
regulares e dezasseis palavras irregulares, contendo cada uma destas categorias igual
número de palavras frequentes e pouco frequentes, extensas e curtas, e nomes
concretos e abstractos. Já as vinte e cinco pseudopalavras se distribuem pelas
seguintes categorias: ortografia simples-fonologia simples (cinco itens), ortografia
simples-fonologia complexa (dez itens), ortografia complexa-fonologia simples
(cinco itens) e ortografia complexa-fonologia complexa (cinco itens). Voltaremos a
estas categorias e aos critérios que presidem à sua delimitação quando apresentarmos
as pseudopalavras seleccionadas para a respectiva prova da PAL-PORT.
Tal como aconteceu com todas as provas da PAL-PORT, a selecção dos itens
da Prova de Leitura Oral (PAL-22) obedeceu, na medida em que tal era possível, aos
mesmos critérios operantes na correspondente prova da PAL original, tendo sido
respeitadas as variáveis psicolinguísticas seguidas pelos seus autores (Caplan, 1992;
cf., também, Festas et al., 2006). No entanto, dada a natureza desta prova e a
necessidade de atender, na escolha de itens, às características da língua portuguesa, a
sua elaboração conduziu à consideração de alguns critérios diversos daqueles patentes
na prova original. Assim, e se alguns destes critérios não colocaram qualquer
dificuldade de aplicação e adaptação ao português europeu, outros foram objecto de
uma ponderação crítica, feita em colaboração com linguistas, de modo a que as
especificidades da nossa língua pudessem ser igualmente respeitadas. Com efeito, a
extensão e a frequência das palavras e, ainda, o grau de abstracção não nos
levantaram problemas, ao passo que a regularidade das relações grafema-fone no
domínio das palavras e, sobretudo, a definição das categorias a incluir na selecção das
pseudopalavras, nos exigiram um maior esforço de reflexão.
A extensão dos itens é uma das variáveis consideradas na PAL, o que
facilmente se entende, dada a sua importância no reconhecimento de palavras em
situações de leitura. Está experimentalmente demonstrado que palavras curtas são
lidas mais rapidamente do que palavras extensas (Just & Carpenter, 1980). Na PAL
original foram consideradas como curtas as palavras com um sílaba fonética e como

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extensas as palavras com três ou mais sílabas. Este critério teve que ser adaptado às
particularidades da nossa língua, na qual as palavras monossilábicas são muito mais
raras dos que as existentes na língua inglesa. Deste modo, considerámos como curtas
as palavras com uma ou duas sílabas e como extensas as de três ou mais sílabas
fonéticas. Recorremos à PORLEX (Gomes & Castro, 2003) para seleccionar os itens
com base neste critério.
Quanto à frequência dos itens, a sua importância decorre, não apenas daquilo
que se sabe sobre leitores normais – o reconhecimento de palavras é mais fácil e
rápido se estas forem frequentes (Forster & Chambers, 1973) -, como ainda, dos
resultados conhecidos, relativos aos distúrbios de leitura, abordados no Ponto 1.1. A
frequência pode ser importante, nomeadamente, no estudo de casos de dislexia
fonológica. Os doentes com esta perturbação são capazes, como vimos, de ler
palavras regulares e mesmo irregulares desde que sejam conhecidas/frequentes.
Na selecção que fizemos dos itens da Prova 22, seguimos a mesma proporção
adoptada na PAL original para estabelecer os limites de baixa e elevada frequência,
tendo ficado definido como “pouco frequente” o limite máximo de 27 ocorrências e
como “muito frequente” o limite mínimo de 162 ocorrências. Na determinação destas
frequências, orientámo-nos pelos dados disponíveis na base CORLEX (Centro de
Linguística da Universidade de Lisboa, 2003).
No que concerne ao nível de abstracção dos nomes, esta é, como referimos,
outra das variáveis adoptadas na PAL para a escolha de palavras, critério cuja
adopção permite a avaliação de desempenhos eventualmente distintos na leitura de
nomes concretos e na de nomes abstractos. Como já no Ponto 1.1. salientámos, uma
das características da dislexia profunda diz respeito à dificuldade manifestada pelo
doente em ler nomes abstractos, comparativamente a nomes concretos, e daí a
importância de incluirmos estes dois tipos de itens na PAL-PORT.
Tal como aduzimos, os principais problemas na selecção dos itens da Prova de
Leitura Oral puseram-se relativamente à variável regularidade (palavras) e, sobretudo,
no que respeitou à definição das categorias a considerar na construção das
pseudopalavras. A necessidade de inclusão, numa prova de leitura, de palavras
regulares e irregulares, bem como de pseudopalavras, ficou amplamente demonstrada
no Ponto 1.1, quando abordámos os diferentes tipos de dislexia: palavras irregulares
são lidas com “regularizações” na dislexia superficial e as pseudopalavras são
praticamente impossíveis de ler nas dislexias fonológica e profunda.

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É sabido que há uma grande divergência na forma como as diferentes
ortografias alfabéticas representam os sons da língua, podendo as mesmas situar-se
num contínuo entre as mais transparentes e as mais opacas. Se a ortografia da língua
inglesa se encontra entre as mais opacas e a italiana e a serbo-croata se consideram
representativas das mais transparentes, já a língua portuguesa estará numa posição
intermédia deste contínuo, a tender para o pólo da relação grafema-fone mais
transparente (Veloso, 2005, p. 59-60). De facto, na representação ortográfica do
português europeu, e apesar de encontrarmos alguns casos em que as relações
grafema-fone não são unívocas, isto é, em que dispomos de um grafema para
representar mais do que um fone, a grande maioria destas conversões estão reguladas
e são previsíveis (cf. Castro & Gomes, 2000).
Tendo presente as considerações já feitas, adoptámos como critério definidor
de irregularidade, não só o facto de um dado grafema poder representar mais do que
um fone, mas também o de que a respectiva conversão não fosse governada por regras
explícitas que tornassem essa conversão previsível. Para exemplificar a nossa opção,
considere-se o caso do grafema <c>. Este pode representar, na ortografia do português
europeu, os seguintes sons: (i) mais frequentemente [k], antes de <a, o, u> (como em
casa, cola, cubo), mas também (ii) [s], antes de <i, e> (como em cinto, cela), ou,
ainda, (iii) [ø] (como em acto). Apenas o caso ilustrado pelo exemplo (iii) foi, por
nós, considerado irregular, dado que, quer na leitura de (i), quer na de (ii) é possível
ao leitor “calcular” a correcta conversão grafema-fone com recurso à respectiva regra
explícita, a saber: <c> lê-se [k] antes de <a, o, u>; <c> lê-se [s] antes de <i, e>.
Assim e para seleccionarmos as palavras irregulares da PAL-PORT,
considerámos os seguintes casos:
- a ocorrência de uma consoante a preceder outra consoante que, umas
vezes, é muda e, outras, se pronuncia (acto, pacto)
- <qu/gu> antes de <e> ou <i> que, umas vezes, se lê [k/g] e, outras,
[kw/gw] (guia vs. água)
- a consoante <x> que pode ter vários valores: [] (caixa), [s]
(máximo), [z] (exército) e [ks] [complexidade).
Situações de irregularidade como aquela que se verifica quando as vogais
pretónicas grafadas <a>, <e> e <o> não sofrem o normal processo, no português
europeu, de elevação e de redução (por exemplo, padeiro, caveira, palavras em que

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<a> se pronuncia [a] e não [], como se esperaria neste contexto) (cf. Teyssier, 1989),
não foram utilizadas, uma vez que não se encontravam nos limiares de frequência
definidos.
Nas palavras regulares foram, então, seleccionados itens em que as
correspondências grafema-fone são todas de “um-para-um”.
A escolha das pseudopalavras foi a que levantou mais problemas, daí que os
critérios que a essa selecção presidiram nos mereçam uma atenção especial neste
artigo. Como já referimos, a Prova de Leitura Oral da bateria PAL original inclui
vinte e cinco pseudopalavras, todas monossilábicas, distribuídas pelos seguintes
grupos: a) ortografia simples-fonologia simples, b) ortografia simples-fonologia
complexa, c) ortografia complexa-fonologia simples, e d) ortografia
complexa-fonologia complexa. A observação das pseudopalavras das categorias a) e
b) do teste original permitiu discernir que, numa perspectiva puramente segmental,
todos os itens mantêm, com a respectiva forma fónica, uma relação unívoca do tipo
um-para-um. Na verdade, a grande distinção linguística entre os itens da categoria a) e
os da categoria b) é que os segundos apresentam grupos consonânticos em ataque ou
em coda de sílaba.
Observadas estas caraterísticas na prova original, seleccionámos para as
correspondentes categorais da Prova de Leitura Oral da PAL-PORT, itens que
ostentássem relações grafema-fone de um-para-um, incluindo, na categoria b),
pseudopalavras que apresentassem grupos consonânticos em ataque de sílaba (já que
as codas constituídas por mais do que um segmento são raras em português).
Quanto às pseudopalavras das categorias c) (ortografia complexa-fonologia
simples) e d) (ortografia complexa-fonologia complexa), verificámos que estas
assentam em relações de grafema–fone e fone-grafema de “um-para-muitos”. Os itens
pertencentes a estas duas categorias apresentam algumas afinidades dignas de nota.
Em primeiro lugar, regista-se o facto de alguns admitirem, para uma dada sequência
fónica, mais do que uma representação gráfica (por exemplo, a pseudopalavra TOPE,
da prova original, apresenta uma dada forma de representação gráfica da vogal longa,
sendo que esta poderia ser igualmente representada através de uma outra grafia:
“TOAP”; o mesmo se dirá do item PREAT que pode também ser graficamente
representado por “PREET”). Outra afinidade detectada entre os itens das categorias c)
e d) é o facto de requererem, para a representação gráfica de um dado som, o recurso

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a sequências gráficas ou a múltiplos grafemas cuja co-presença condiciona,
precisamente, a dita pronúncia (é o caso do efeito de alongamento vocálico produzido
pela presença de <e> final em itens como BINE ou BLINE; cf. Caplan, 1992, p. 199).
Tal como acontece com as categorias a) e b), a distinção entre a c) e d) prende-se com
a presença, nesta última, de itens que apresentam grupos consonânticos em ataque de
sílaba.
Tendo-se procurado respeitar, na medida do possível, os critérios de selecção
dos itens da prova original para estas categorias, a verdade é que a relação entre a
oralidade e a representação gráfica do português europeu, dada, precisamente, a sua
relativa transparência, não permite margem de manobra significativa para a escolha
de itens. Com o intuito de ampliar essa margem, e ainda que apenas vogais sejam
manipuladas na prova original, foi criado, na categoria c) (ortografia
complexa-fonologia simples), um subgrupo de treze itens, no âmbito dos quais se
manipulam as relações grafema-fone de unidades consonânticas (e.g., gito), a par de
um outro, de sete itens, no qual se jogam apenas com estas relações no quadro das
vogais (e.g., lempo). Dada a escassez de formas vocabulares monossilábicas de tipo
nominal em português, optou-se, nas pseudopalavras dos grupos c) e d), por
representar estruturas bissilábicas.
Dito isto, na categoria c) (ortografia complexa-fonologia simples) foram
contemplados itens representativos de oito subgrupos de fenónemos
linguístico-ortográficos. Os dois primeiros subgrupos de fenómenos (1 e 2) foram
igualmente utilizados na criação de itens para a categoria d) (ortografia
complexa-fonologia complexa).
Apresentemos os fenómenos contemplados em cada subgrupo:
1. Os grafemas <e>, <o> e <a> antes de <l> induzem a leitura [], [] e [a],
havendo, neste caso, uma situação de condicionamento do timbre da vogal em
posição tónica pela presença da letra <l> [e.g., futel para a categoria c) e frunol para a
categoria d)];
2. A sequência de grafemas <em> pode ser oralmente realizado como vogal
nasal [] ou como ditongo nasal []. Esta última realização tende a ocorrer
preferencialmente em final absoluto e requer, graficamente, o uso de um acento agudo
[e.g., nilém para a categoria c) e trulém para a categoria d)];

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3. Há um condicionamento do valor fónico por defeito de <g> pela presença
das letras <i> ou <e>. A letra <g> antes de <i> ou <e> lê-se sempre [], mas <g> em

qualquer outro contexto lê-se [] [e.g., geto para a categoria c)];

4. Há um condicionamento do valor fónico por defeito de <c> pela presença


das letras <i> ou <e>. A letra <c> antes de <i> ou <e> lê-se sempre [s], mas <c>,
antes de qualquer outra vogal, lê-se [k] [e.g., cefo para a categoria c)];
5. Para preservar a pronúncia [k] antes de <i> ou <e>, a letra <q> tem de vir
sempre acompanhada de <u> que, neste contexto, assume uma função meramente
diacrítica [e.g., quifo para a categoria c)];

6. Para preservar a pronúncia [] antes de <i> ou <e>, a letra <g> tem de vir

sempre acompanhada de <u> que, neste contexto, assume, igualmente, uma função
meramente diacrítica [e.g., guigo para a categoria c)];
7. A pronúncia [z] (e não [s]) da letra <s> implica o reconhecimento de que
ela se encontra em contexto intervocálico [e.g., fiso para a categoria c)];
8. A representação ortográfica de [] e de [] é feita, em português, por meio
de dígrafos, nos quais <h> condiciona, e assim modifica os valores, por defeito, de
<n> e <l> ([e.g., tunho, dilho, para a categoria c)].

Em síntese, seleccionados os itens de acordo com os critérios acabados de


explanar, obtivemos a Prova de Leitura, constituída por cento e quarenta e sete itens,
em que noventa e seis são palavras e cinquenta e um pseudopalavras1. As palavras
dividem-se em regulares e irregulares e, dentro de cada uma destas categorias, há a
considerar as variáveis já analisadas: frequência, extensão e nível de abstracção (ver
Quadros 1 e 2, para as palavras regulares e irregulares, respectivamente).

Quadro 1
Palavras Regulares da PAL 22: Variáveis Psicolinguísticas, Número de Itens e Exemplos

Variáveis Psicolinguísticas1 Número de Itens Exemplos


MF/C/C 6 burro
MF/C/A 6 culpa
MF/L/C 6 sardinha

1
É importante referir que nos encontramos numa fase de construção de provas em que estas não foram,
ainda, sujeitas a um trabalho psicométrico que conduzirá, necessariamente, a uma redução do número
de itens. O estabelecimento das características psicométricas da PAL-PORT é não só possível, como
desejável, apresentando-se como uma das grandes vantagens desta bateria relativamente a outras
existentes nesta área de avaliação (cf., Festas et al., 2006)

14
MF/L/A 6 método
PF/C/C 6 mica
PF/C/A 6 faro
PF/L/C 6 alfarroba
PF/L/A 6 bravura
1 MF/C/C: Muito Frequente/Curta/Concreto; MF/C/A: Muito Frequente/Curta/Abstracto; MF/L/C:
Muito Frequente/Longa/Concreto; MF/L/A: Muito Frequente/Longa/Abstracto; PF/C/C: Pouco
Frequente/Curta/Concreto; PF/C/A: Pouco Frequente/Curta/ Abstracto; PF/L/C: Pouco
Frequente//Longa/Concreto; PF/L/A: Pouco Frequente//Longa/Abstracto

Quadro 2
Palavras Irregulares da PAL 22: Variáveis Psicolinguísticas, Número de Itens e Exemplos

Variáveis Psicolinguísticas1 Número de Itens Exemplos


MF/C/C 6 táxi
MF/C/A 6 pacto
MF/L/C 6 arguido
MF/L/A 6 convicção
PF/C/C 6 néctar
PF/C/A 6 flexão
PF/L/C 6 axila
PF/L/A 6 languidez
1 MF/C/C: Muito Frequente/Curta/Concreto; MF/C/A: Muito Frequente/Curta/Abstracto; MF/L/C:
Muito Frequente/Longa/Concreto; MF/L/A: Muito Frequente/Longa/Abstracto; PF/C/C: Pouco
Frequente/Curta/Concreto; PF/C/A: Pouco Frequente/Curta/ Abstracto; PF/L/C: Pouco
Frequente//Longa/Concreto; PF/L/A: Pouco Frequente//Longa/Abstracto

As pseudopalavras distribuem-se pelas quatro categorias acima apresentadas:


a) ortografia simples-fonologia simples, b) ortografia-simples-fonologia complexa, c)
ortografia complexa-fonologia simples, e d) ortografia complexa-fonologia complexa
(ver Quadro 3).

Quadro 3
Pseudopalavras da PAL 22: Categorias, Número de Itens e Exemplos
Categorias Número de Itens Exemplos
Ortografia Simples-Fonologia Simples 10 pafo
Ortografia Simples-Fonologia Complexa 20 glafo
Ortografia Complexa-Fonologia Simples 16 pudol
Ortografia Complexa-Fonologia Complexa 5 glepal

Considerações Finais

No presente trabalho, abordámos a forma como se processa a avaliação da


compreensão escrita e da leitura num instrumento que estamos a adaptar para a língua
portuguesa – a PAL-PORT.
Neste contexto, foi focada a avaliação da leitura e a prova existente para esse
efeito. Através da apresentação dos critérios a que obedeceu a selecção dos seus itens,

15
tentámos mostrar como a construção da prova se subordinou às especificidades da
língua portuguesa, assim como aos objectivos que, com ela, nos propomos atingir,
isto é, a avaliação dos diferentes tipos de dislexias apresentadas por doentes afásicos.
Parece-nos importante salientar que uma ideia fundamental deste artigo é a de
que uma avaliação das dificuldades de leitura deve incluir um conjunto de medidas
que permitam uma análise fina dessas mesmas dificuldades, bem como uma
identificação da sua origem. Este propósito pode ser alcançado se a prova utilizada
contemplar itens que avaliem as diferentes vias através das quais se processa a leitura
e, ainda, se existirem provas complementares que incidam em aspectos igualmente
decisivos para o desempenho do leitor. Referimo-nos, concretamente, a testes que
discriminem se as dificuldades se localizam nas primeiras fases do processo da
leitura, isto é, ao nível do acesso ao léxico-ortográfico ou do acesso léxico-semântico.
Vimos como a PAL-PORT responde a este objectivo, através de provas vocacionadas
para cada um destes processos. Uma avaliação desta natureza só é possível porque a
PAL-PORT se baseia num modelo cognitivo do funcionamento linguístico,
especificando cada um dos seus processos e representações.
Consideramos que as dificuldades de leitura só poderão ser superadas se o seu
diagnóstico for fundado num exame detalhado, tal como o que está previsto na
PAL-PORT. Um programa educativo, para ser eficaz, deve ter como ponto de partida
uma análise fina dos problemas de leitura. Embora o presente artigo se tenha
debruçado sobre os distúrbios adquiridos, já que nos interessam particularmente as
afasias, pensamos que o modelo seguido se pode aplicar a todas as dificuldades de
leitura, incluindo as desenvolvimentais, oferecendo, desse modo, grandes
possibilidades de intervenção educativa.

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