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Leandro Barbosa da Cunha RA 21707679

O eterno pensador de Königsberg afirmou que a cognição da realidade só seria


possível em virtude dos axiomas da intuição constituintes da estrutura a priori que
proporciona a experiência sensorial, quais sejam, as noções de tempo e de espaço.
Inexoravelmente, o tempo, assim como concebido desde Agostinho de Hipona a Ludwig
Wittgenstein, é algo sobre o qual não se pode falar, mas tão somente mostrar – o que não
retira a enorme importância dos conceitos temporais para a construção do saber humano.

Neste sentido, pelo sistema jurídico-normativo, o tempo é traduzido como fato jurídico
de extrema relevância, seja no direito material, seja no direito processual. No que tange o
Processo Trabalhista, a regra da eficácia normativa é a irretroatividade e a aplicação imediata,
porquanto as normas processuais as quais engendram no mundo jurídico não podem atingir
determinadas situações jurídicas já aperfeiçoadas, como o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada, conforme dispõe a inteligência do art. 6º da LINDB.

Convém trazer à baila a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais que é adotada pelo
Direito Processual do Trabalho e cujo efeito prático reside no entendimento de que a nova
norma processual somente é aplicável àqueles casos nos quais não se consolidaram
determinados atos, enquanto os já aperfeiçoados mantêm sua regência atrelada à lei anterior.
Ou seja: o novo instituto normativo somente incide aos atos processuais que ainda não foram
praticados.

Com o advento da Reforma Trabalhista, uma série de alterações foi provocada na


Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e nas legislações trabalhistas afins – incluindo
mudanças de cunho processual. Desta feita, a fim de manter a segurança jurídica, editou-se a
Instrução Normativa nº 41/2018, a qual dispôs, logo no dispositivo de seu art. 1º, que: “A
aplicação das normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho,
alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de
novembro de 2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou
consolidadas sob a égide da lei revogada”.

Assim, respeitando os atos já praticados, a Reforam Trabalhista não deverá afetar o


direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, porquanto tal implicaria na violação
do disposto no art. 912 da CLT c/c art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal de 1988,
subvertendo as bases de um Estado Democrático de Direito em proveito de objetivos político-
orçamentários de cunho altamente questionável.

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