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PREFÁCIO 02
UNIDADE I 03
CAPÍTULO I – A Lógica e o cotidiano 03
O TRUQUE DAS CARTAS 03
O PROBLEMA DO LEITE 03
O PARADOXO DO QUEIJO 03
A LÓGICA DO DIA-A-DIA 04
UNIDADE II 17
CAPÍTULO I – Noções de Lógica Matemática 17
CÁLCULO PROPOSICIONAL 17
A ÁLGEBRA DOS CONJUNTOS 20
TAUTOLOGIA E CONTRA -TAUTOLOGIA 24
CAPÍTULO II – A Falácia 54
DEFINIÇÃO 54
1
Prefácio
“Se... então...”, “Se e somente se”, “portanto”, “logo“, “caso contrário”, “segue-se
que”...
São alguns dos termos que começa a fazer parte do dia a dia do estudante de nível
superior quando inicia sua graduação em matemática.
Na sua grande maioria, na qual eu mesmo me incluo, estes termos não são
claramente explicados pelos professores e quase somos forçados a engoli-los, aceitá-
los e quiçá compreende-los. O próprio professor é mais vítima que algoz, pois também
foi obrigado a digeri-los sob a pressão tácita de que se não conseguisse teria
claramente “errado de área”.
Este curso tem como objetivo principal proporcionar, a todos aqueles que estão em
contato com a matemática, a percepção e aprofundamento na sua base lógico-
racional. Podendo então estruturar-se em compreensão mais apurada do “passo a
passo” que constitui a linguagem desta bela ciência.
Veremos também que a lógica está no nosso dia-a-dia, em nossa linguagem, na forma
de compreendermos o mundo que nos cerca e que o seu estudo nos trará benefícios
como, por exemplo a organização de nossas vidas.
Bem-vindos ao mundo do “verdadeiro ou falso” ou será que existe uma outra
possibilidade?
2
UNIDADE I
Introdução
Problema do leite
O Sr. Arquiticlínio leiteiro tinha oito litros de leite e precisava repartir metade para o Sr.
Agronopolos e metade para a D. Bereniatriz. Mas ele só dispunha de 3 vasilhas, uma
de oito litros, onde estava o leite, e outras duas vazias, uma de cinco e outra de três
litros. Usando somente essas vasilhas, como ele poderá fazer a separação desse leite
para os seus fregueses?
O Paradoxo do queijo
Vamos mostrar o fato de que para queijos com furos quanto mais queijo tivermos,
menos queijo teremos.
3
Voltemos mais uma vez à situação de atravessar uma via. Podemos querer convencer
uma criança de que se deve aguardar o sinal ficar vermelho para os carros, para que
se possa atravessar a mesma. Siga o diálogo abaixo:
― Pai, por que nós não podemos atravessar a rua mesmo no sinal verde.
― Teobaldozinho, se atravessarmos quando ele estiver verde, então a probabilidade
de sermos atropelados é maior.
Nesta conversa, observamos um caso típico de raciocínio lógico com uma sentença
do tipo se..., então...
DINÂMICA
Formar várias equipes e escolher uma situação para cada equipe para ser
algoritimizada.
4
Capítulo 2 – A Lógica e sua história
A Razão e a Lógica
Em nossa vida cotidiana usamos a palavra razão em muitos sentidos. Dizemos, por
exemplo, “eu estou com a razão”, ou “ele não tem razão”, para significar que nos
sentimos seguros de alguma coisa ou que sabemos com certeza alguma coisa.
Também dizemos que, num momento de fúria ou de desespero, “alguém perde a
razão”, como se a razão fosse alguma coisa que se pode ter ou não ter, possuir e
perder, ou recuperar, como na frase: “Agora ela está lúcida, recuperou a razão”.
Falamos também frases como: “Se você me disser suas razões, sou capaz de fazer o
que você me pede”, querendo dizer com isso que queremos ouvir os motivos que
alguém tem para querer ou fazer alguma coisa. Fazemos perguntas como: “Qual a
razão disso?”, querendo saber qual a causa de alguma coisa e, nesse caso, a razão
parece ser alguma propriedade que as próprias coisas teriam, já que teriam uma
causa.
Assim, usamos “razão” para nos referirmos a “motivos” de alguém, e também para nos
referirmos a “causas” de alguma coisa, de modo que tanto nós quanto as coisas
parecemos dotados de “razão”, mas em sentido diferente.
Esses poucos exemplos já nos mostram quantos sentidos diferentes a palavra razão
possui: certeza, lucidez, motivo, causa. E todos esses sentidos encontram-se
presentes na Filosofia.
Por identificar razão e certeza, a Filosofia afirma que a verdade é racional; por
identificar razão e lucidez (não ficar ou não estar louco), a Filosofia chama nossa
razão de luz e luz natural; por identificar razão e motivo, por considerar que sempre
agimos e falamos movidos por motivos, a Filosofia afirma que somos seres racionais e
que nossa vontade é racional; por identificar razão e causa e por julgar que a
realidade opera de acordo com relações causais, a Filosofia afirma que a realidade é
racional.
É muito conhecida a célebre frase de Pascal, filósofo francês do século XVII: “O
coração tem razões que a razão desconhece”. Nessa frase, as palavras razões e
razão não têm o mesmo significado, indicando coisas diversas. Razões são os
motivos do coração, enquanto razão é algo diferente de coração; este é o nome que
damos para as emoções e paixões, enquanto “razão” é o nome que damos à
consciência intelectual e moral.
Ao dizer que o coração tem suas próprias razões, Pascal está afirmando que as
emoções, os sentimentos ou as paixões são causas de muito do que fazemos,
dizemos, queremos e pensamos. Ao dizer que a razão desconhece “as razões do
5
coração”, Pascal está afirmando que a consciência intelectual e moral é diferente das
paixões e dos sentimentos e que ela é capaz de uma atividade própria não motivada e
causada pelas emoções, mas possuindo seus motivos ou suas próprias razões.
Assim, a frase de Pascal pode ser traduzida da seguinte maneira: Nossa vida
emocional possui causas e motivos (as “razões do coração”), que são as paixões ou
os sentimentos, e é diferente de nossa atividade consciente, seja como atividade
intelectual, seja como atividade moral.
A consciência é a razão. Coração e razão, paixão e consciência intelectual ou moral
são diferentes. Se alguém “perde a razão” é porque está sendo arrastado pelas
“razões do coração”. Se alguém “recupera a razão” é porque o conhecimento
intelectual e a consciência moral se tornaram mais fortes do que as paixões. A razão,
enquanto consciência moral, é a vontade racional livre que não se deixa dominar
pelos impulsos passionais, mas realiza as ações morais como atos de virtude e de
dever, ditados pela inteligência ou pelo intelecto.
Além da frase de Pascal, também ouvimos outras que elogiam as ciências, dizendo
que elas manifestam o “progresso da razão”. Aqui, a razão é colocada como
capacidade puramente intelectual para conseguir o conhecimento verdadeiro da
Natureza, da sociedade, da História e isto é considerado algo bom, positivo, um
“progresso”.
Por ser considerado um “progresso”, o conhecimento científico é visto como se
realizando no tempo e como dotado de continuidade, de tal modo que a razão é
concebida como temporal também, isto é, como capaz de aumentar seus conteúdos e
suas capacidades através dos tempos.
Algumas vezes ouvimos um professor dizer a outro: “Fulano trouxe um trabalho
irracional; era um caos, uma confusão. Incompreensível. Já o trabalho de beltrano era
uma beleza: claro, compreensível, racional”. Aqui, a razão, ou racional, significa
clareza das idéias, ordem, resultado de esforço intelectual ou da inteligência, seguindo
normas e regras de pensamento e de linguagem.
Todos esses sentidos constituem a nossa idéia de razão. Nós a consideramos a
consciência moral que observa as paixões, orienta a vontade e oferece finalidades
éticas para a ação. Nós a vemos como atividade intelectual de conhecimento da
realidade natural, social, psicológica, histórica. Nós a concebemos segundo o ideal da
clareza, da ordenação e do rigor e precisão dos pensamentos e das palavras.
Para muitos filósofos, porém, a razão não é apenas a capacidade moral e intelectual
dos seres humanos, mas também uma propriedade ou qualidade primordial das
próprias coisas, existindo na própria realidade. Para esses filósofos, nossa razão pode
conhecer a realidade (Natureza, sociedade, História) porque ela é racional em si
mesma.
Fala-se, portanto, em razão objetiva (a realidade é racional em si mesma) e em
razão subjetiva (a razão é uma capacidade intelectual e moral dos seres humanos).
A razão objetiva é a afirmação de que o objeto do conhecimento ou a realidade é
racional; a razão subjetiva é a afirmação de que o sujeito do conhecimento e da
ação é racional. Para muitos filósofos, a Filosofia é o momento do encontro, do acordo
e da harmonia entre as duas razões ou racionalidades.
6
Origem da palavra razão
Desde seus começos, a Filosofia considerou que a razão opera seguindo certos
princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a própria
realidade, mesmo quando os empregamos sem conhecê-los explicitamente. Ou seja,
o conhecimento racional obedece a certas regras ou leis fundamentais, que
respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que são.
Nós as respeitamos porque somos seres racionais e porque são princípios que
garantem que a realidade é racional.
Que princípios são esses? São eles:
Princípio da identidade, cujo enunciado pode parecer surpreendente: “A é A” ou “O
que é, é”. O princípio da identidade é a condição do pensamento e sem ele não
podemos pensar. Ele afirma que uma coisa, seja ela qual for (um ser da Natureza,
uma figura geométrica, um ser humano, uma obra de arte, uma ação), só pode ser
conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade.
Por exemplo, depois que um matemático definir o triângulo como figura de três lados e
de três ângulos, não só nenhuma outra figura que não tenha esse número de lados e
de ângulos poderá ser chamada de triângulo como também todos os teoremas e
problemas que o matemático demonstrar sobre o triângulo, só poderão ser
demonstrados se, a cada vez que ele disser “triângulo”, soubermos a qual ser ou a
qual coisa ele está se referindo. O princípio da identidade é a condição para que
definamos as coisas e possamos conhecê-las a partir de suas definições.
Princípio da não-contradição (também conhecido como princípio da contradição),
cujo enunciado é: “A é A e é impossível que seja, ao mesmo tempo e na mesma
relação, não-A”. Assim, é impossível que a árvore que está diante de mim seja e não
seja uma mangueira; que o cachorrinho de dona Filomena seja e não seja branco; que
o triângulo tenha e não tenha três lados e três ângulos; que o homem seja e não seja
mortal; que o vermelho seja e não seja vermelho, etc.
Sem o princípio da não-contradição, o princípio da identidade não poderia funcionar. O
princípio da não-contradição afirma que uma coisa ou uma idéia que se negam a si
mesmas se autodestroem, desaparecem, deixam de existir. Afirma, também, que as
coisas e as idéias contraditórias são impensáveis e impossíveis.
Princípio do terceiro-excluído, cujo enunciado é: “Ou A é x ou é y e não há terceira
possibilidade”. Por exemplo: “Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates”; “Ou
faremos a guerra ou faremos a paz”. Este princípio define a decisão de um dilema -
“ou isto ou aquilo” - e exige que apenas uma das alternativas seja verdadeira. Mesmo
quando temos, por exemplo, um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade
apenas entre duas opções - “ou está certo ou está errado” - e não há terceira
possibilidade ou terceira alternativa, pois, entre várias escolhas possíveis, só há
realmente duas, a certa ou a errada.
Princípio da razão suficiente, que afirma que tudo o que existe e tudo o que
acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer, e que tal
8
razão (causa ou motivo) pode ser conhecida pela nossa razão. O princípio da razão
suficiente costuma ser chamado de princípio da causalidade para indicar que a
razão afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre
fatos, ou entre ações e acontecimentos.Pode ser enunciado da seguinte maneira:
“Dado A, necessariamente se dará B”. E também: “Dado B, necessariamente houve
A”.
Isso não significa que a razão não admita o acaso ou ações e fatos acidentais, mas
sim que ela procura, mesmo para o acaso e para o acidente, uma causa. A diferença
entre a causa, ou razão suficiente, e a causa casual ou acidental está em que a
primeira se realiza sempre, é universal e necessária, enquanto a causa acidental ou
casual só vale para aquele caso particular, para aquela situação específica, não
podendo ser generalizada e ser considerada válida para todos os casos ou situações
iguais ou semelhantes, pois, justamente, o caso ou a situação são únicos.
A morte, por exemplo, é um efeito necessário e universal (válido para todos os tempos
e lugares) da guerra e a guerra é a causa necessária e universal da morte de
pessoas. Mas é imprevisível ou acidental que esta ou aquela guerra aconteçam.
Podem ou não podem acontecer. Nenhuma causa universal exige que aconteçam.
Mas, se uma guerra acontecer, terá necessariamente como efeito mortes. Mas as
causas dessa guerra são somente as dessa guerra e de nenhuma outra.
Diferentemente desse caso, o princípio da razão suficiente está vigorando plenamente
quando, por exemplo, Galileu demonstrou as leis universais do movimento dos corpos
em queda livre, isto é, no vácuo.
Pelo que foi exposto, podemos observar que os princípios da razão apresentam
algumas características importantes:
● não possuem um conteúdo determinado, pois são formas: indicam como as coisas
devem ser e como devemos pensar, mas não nos dizem quais coisas são, nem quais
os conteúdos que devemos ou vamos pensar;
● possuem validade universal, isto é, onde houver razão (nos seres humanos e nas
coisas, nos fatos e nos acontecimentos), em todo o tempo e em todo lugar, tais
princípios são verdadeiros e empregados por todos (os humanos) e obedecidos por
todos (coisas, fatos, acontecimentos);
● são necessários, isto é, indispensáveis para o pensamento e para a vontade,
indispensáveis para as coisas, os fatos e os acontecimentos. Indicam que algo é
assim e não pode ser de outra maneira. Necessário significa: é impossível que não
seja dessa maneira e que pudesse ser de outra.
A idéia de razão que apresentamos até aqui e que constitui o ideal de racionalidade
criado pela sociedade européia ocidental sofreu alguns abalos profundos desde o
início do século XX.
9
Aqui, vamos apenas oferecer alguns exemplos dos problemas que a Filosofia precisou
enfrentar e que levaram a uma ampliação da idéia da razão.
Um primeiro abalo veio das ciências da Natureza ou, mais precisamente, da física e
atingiu o princípio do terceiro-excluído. A física da luz (ou óptica) descobriu que a luz
tanto pode ser explicada por ondas luminosas quanto por partículas descontínuas.
Isso significou que já não se podia dizer: “ou a luz se propaga por ondas contínuas ou
se propaga por partículas descontínuas”, como exigiria o princípio do terceiro-
excluído, mas sim que a luz pode propagar-se tanto de uma maneira como de outra.
Por sua vez, a física atômica ou quântica abalou o princípio da razão suficiente. Vimos
que esse princípio afirma que, conhecido A, posso determinar como dele
necessariamente resultará B, ou, conhecido B, posso determinar necessariamente
como era A que o causou. Em outras palavras, conhecido o estado E de um
fenômeno, posso deduzir como será o estado E2 ou E3 e vice-versa: conhecidos E3 e
E2 posso dizer como era o estado E. Ora, a física dos átomos revelou que isso não é
possível, que não podemos saber as razões pelas quais os átomos se movimentam,
nem sua velocidade e direção, nem os efeitos que produzirão.
Esses dois problemas levaram a introduzir um novo princípio racional na Natureza: o
princípio da indeterminação. Assim, o princípio da razão suficiente é válido para os
fenômenos macroscópicos, enquanto o princípio da indeterminação é válido para os
fenômenos em escala hipermicroscópica.
Um outro problema veio abalar o princípio da identidade e da não-contradição. A física
sempre considerou que a Natureza obedece às leis universais da razão objetiva sem
depender da razão subjetiva. Em outras palavras, as leis da Natureza existem por si
mesmas, são necessárias e universais por si mesmas e não dependem do sujeito do
conhecimento.
Contudo, a teoria da relatividade mostrou que as leis da Natureza dependem da
posição ocupada pelo observador, isto é, pelo sujeito do conhecimento e, portanto,
para um observador situado fora de nosso sistema planetário, a Natureza poderá
seguir leis completamente diferentes, de tal modo que, por exemplo, o que é o espaço
e o tempo para nós poderá não ser para outros seres (se existirem) da galáxia; a
geometria que seguimos pode não ser a que tenha sentido noutro sistema planetário;
o que pode ser contraditório para nós poderá não ser para habitantes de outra galáxia
e assim por diante.
Um outro problema, também atingindo os princípios da razão, foi trazido pela lógica. O
lógico alemão Frege apresentou o seguinte problema: quando digo “a estrela da
manhã é a estrela da tarde” estou caindo em contradição e perdendo o princípio da
identidade. No entanto, “estrela da manhã” é o planeta Vênus e “estrela da tarde”
também é o planeta Vênus; dessa perspectiva, não há contradição alguma no que
digo. É preciso, então, distinguir em nosso pensamento e em nossa linguagem três
níveis: o objeto a que nós nos referimos, os enunciados que empregamos e o sentido
desses enunciados em sua relação com o objeto referido. Somente dessa maneira
podemos manter a racionalidade dos princípios da identidade, da não-contradição e
do terceiro-excluído.
Enfim, um outro tipo de problema foi trazido com o desenvolvimento dos estudos da
antropologia, que mostraram como outras culturas podem oferecer uma concepção
10
muito diferente da que estamos acostumados sobre o pensamento e a realidade. Isso
não significa, como imaginaram durante séculos os colonizadores, que tais culturas ou
sociedades sejam irracionais ou pré-racionais, e sim que possuem uma outra idéia do
conhecimento e outros critérios para a explicação da realidade.
Como a palavra razão é européia e ocidental, parece difícil falarmos numa outra
razão, que seria própria de outros povos e culturas. No entanto, o que os estudos
antropológicos mostraram é que precisamos reconhecer a “nossa razão” e a “razão
deles”, que se trata de uma outra razão e não da mesma razão em diferentes graus
de uma única evolução.
Indeterminação da Natureza, pluralidade de enunciados para um mesmo objeto,
pluralidade e diferenciação das culturas foram alguns dos problemas que abalaram a
razão, no século XX. A esse abalo devemos acrescentar dois outros. O primeiro deles
foi trazido por um não-filósofo, Marx, quando introduziu a noção de ideologia; o
segundo também foi trazido por um não-filósofo, Freud, quando introduziu o conceito
de inconsciente.
A noção de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosóficos ou
científicos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade social,
econômica e política, e que a razão, em lugar de ser a busca e o conhecimento da
verdade, poderia ser um poderoso instrumento de dissimulação da realidade, a
serviço da exploração e da dominação dos homens sobre seus semelhantes. A razão
seria um instrumento da falsificação da realidade e de produção de ilusões pelas quais
uma parte do gênero humano se deixa oprimir pela outra.
A noção de inconsciente, por sua vez, revelou que a razão é muito menos poderosa
do que a Filosofia imaginava, pois nossa consciência é, em grande parte, dirigida e
controlada por forças profundas e desconhecidas que permanecem inconscientes e
jamais se tornarão plenamente conscientes e racionais. A razão e a loucura fazem
parte de nossa estrutura mental e de nossas vidas e, muitas vezes, como por exemplo
no fenômeno do nazismo, a razão é louca e destrutiva.
Fatos como esses - as descobertas na física, na lógica, na antropologia, na história,
na psicanálise - levaram o filósofo francês Merleau-Ponty a dizer que uma das tarefas
mais importantes da Filosofia contemporânea deveria ser a de encontrar uma nova
idéia da razão, uma razão alargada, na qual pudessem entrar os princípios da
racionalidade definidos por outras culturas e encontrados pelas descobertas
científicas.
Esse alargamento é duplamente necessário e importante. Em primeiro lugar, porque
ele exprime a luta contra o colonialismo e contra o etnocentrismo - isto é, contra a
visão de que a “nossa” razão e a “nossa” cultura são superiores e melhores do que as
dos outros povos. Em segundo lugar, porque a razão estaria destinada ao fracasso se
não fosse capaz de oferecer para si mesma novos princípios exigidos pelo seu próprio
trabalho racional de conhecimento.
11
A Lógica
A Lógica é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o
pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a
verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser
atingida. Assim, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou
do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A aprendizagem da
lógica não constitui um fim em si. Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que
nosso pensamento proceda corretamente a fim de chegar a conhecimentos
verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das
conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam.
O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada
Órganon. Ele divide a lógica em formal e material.
A lógica filosófica lida com descrições formais da linguagem natural. A maior parte dos
filósofos assumem que a maior parte do raciocínio "normal" pode ser capturada pela
lógica, desde que se seja capaz de encontrar o método certo para traduzir a
linguagem corrente para essa lógica.
12
A Lógica matemática
Lógica Matemática é o uso da lógica formal para estudar o raciocínio matemático-- ou,
como propõe Alonzo Church (*Introduction to Mathematical Logic* (Princeton, New
Jersey:Princeton University Press,1956; décima edição, 1996),'lógica tratada pelo
método matemático'. No início do século XX, lógicos e filósofos tentaram provar que a
matemática, ou parte da matemática, poderia ser reduzida à lógica.(Gottlob Frege,
p.ex., tentou reduzir a aritmética à lógica; Bertrand Russell e A. N. Whitehead,
tentaram reduzir toda a matemática então conhecida à lógica -- a chamada 'lógica de
segunda ordem'.) Uma das suas doutrinas lógico-semânticas era que a descoberta da
forma lógica de uma frase, na verdade, revela a forma adequada de dizê-la, ou revela
alguma essência previamente escondida. Há um certo consenso que a redução falhou
-- ou que precisaria de ajustes --, assim como há um certo consenso que a lógica -- ou
alguma lógica -- é uma maneira precisa de representar o raciocínio matemático.
Ciência que tem por objeto o estudo dos métodos e princípios que permitem distinguir
raciocínios válidos de outros não válidos;
A História da lógica
A história da lógica documenta o desenvolvimento desta em várias culturas e
tradições. Enquanto muitas culturas tenham usado complicados sistemas de
raciocínio, somente na China, Índia e Grécia os métodos de raciocínio tiveram um
desenvolvimento sustentável. Embora as datas sejam incertas, especialmente no caso
da Índia, é possível que a lógica emergiu nos três países por volta do século 4 a.C. A
lógica moderna (ver lógica) descende da tradição grega, mas também há influências
de filósofos islâmicos e de lógicos europeus da era medieval que tiveram contato com
a lógica aristotélica.
Lógica na China
Lógica na Índia
13
exemplo, uma aplicação e uma conclusão. A filosofia idealista Budista foi a maior
oponente dos Nayaykas. Nagarjuna, o fundador da Madhyamika “caminho do meio”
desenvolveu uma análise conhecida como “catuskoti” ou tetralema. Mas foi com
Dgnaga e o seu sucessor Dharmakirti que a lógica budista atingiu seu ápice. A base
da analise deles é a definição da necessidade de uma dedução lógica, “vyapti”,
também conhecida como concomitância ou “pervasion?”. Para esse fim uma doutrina
chamada “apoha” ou diferenciação foi desenvolvido. As dificuldades envolvidas neste
sistema, em parte, estimulou a escola dos neo-escolásticos de Navya-Nyaya, que
introduziu a análise formal da inferência no século XVI.
Lógica na Grécia
Através do latim na Europa, e outras línguas mas ao oeste, como árabe e armênio, a
tradição aristotélica era considerada uma codificação superior das leis do raciocínio.
Somente no século XIX, com o maior familiaridade com a cultura clássica indiana e
um conhecimento mais profundo da China é que essa percepção mudou.
Lógica medieval
14
mudar a antiga concepção tradicional, baseada em Platão e Agostinho, concebendo
uma visão aristotélica, e desenvolvendo a escolática tomista.
Os últimas obras dessa tradição são “Lógica” de John Poinsot (1589-1644, também
conhecido como John de St Thomas), e o “Discussões Metafísicas” de Francisco
Suarez (1548-1617).
Lógica tradicional
Obras que se enquadram nessa tradição incluem Isaac Watts Lógica: Ou, o Correto
Uso da Razão (1725), Lógica de Richard Wately (1826), e uma das últimas grande
obras dessa tradição Um Sistema Lógico de John Stuart Mill (1843).
Historicamente, René Descartes, deve ter sido o primeiro filósofo a utilizar as técnicas
algébricas como meio de exploração científica. A idéia de um “cálculo do raciocínio”
também foi cultivada por Gottfried Wilhelm Leibniz.
15
ex: "Todos os humanos são mortais" se torna "Todos os X são tais que, se x é um
humano então x é mortal.").
Em 1889 Giuseppe Peano publicou seus nove axiomas, que mas tarde cinco destes
vieram a ser conhecido com axiomas de Peano e, destes cinco, um veio a ser a
formalização do princípio da indução matemática
Siteografia
http://www.cefetgo.br/pensar/PAGES/convite/cnvt/und02/m01.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica
http://enciclopedia.tiosam.com/enciclopedia/enciclopedia.asp?title=Hist%C3%B3ria_da_l%C3
%B3gica
http://www.vestibular1.com.br/
16
UNIDADE II
Capítulo 1– Noções de Lógica Matemática
CÁLCULO PROPOSICIONAL
Como primeira e indispensável parte da Lógica Matemática temos o CÁLCULO
PROPOSICIONAL ou CÁLCULO SENTENCIAL ou ainda CÁLCULO DAS SENTENÇAS.
CONCEITO DE PROPOSIÇÃO
A lua é quadrada.
A neve é branca.
Matemática é uma ciência.
17
A lua não é quadrada. : p
Exemplos:
DEFINIÇÃO DE FÓRMULA :
1. Toda fórmula atômicaé uma fórmula.
2. Se A e B são fórmulas então
(A B) , (A B) , (A B) , (A B) e ( A) também são fórmulas.
3. São fórmulas apenas as obtidas por 1. e 2. .
Os parênteses serão usados segundo a seguinte ordem dos conectivos: , , , , .
AS TABELAS VERDADE
A lógica clássica é governada por três princípios (entre outros) que podem ser formulados como
segue:
Com base nesses princípios as proposições simples são ou verdadeiras ou falsas - sendo
mutuamente exclusivos os dois casos; daí dizer que a lógica clássica é bivalente.
18
1.Tabela verdade da "negação" : ~p é verdadeira (falsa) se e somente se p é falsa (verdadeira).
p ~p
V F
F V
p q pq
V V V
V F F
F V F
F F F
3. Tabela verdade da "disjunção" : a disjunção é falsa se, e somente, os disjunctos são falsos.
p q pq
V V V
V F V
F V V
F F F
p q pq
V V V
V F F
F V V
F F V
19
5. Tabela verdade da "bi-implicação": a bi-implicação é verdadeira se, e somente se seus
componentes são ou ambos verdadeiros ou ambos falsos
p q pq
V V V
V F F
F V F
F F V
p q ((p q) ~p) (q p)
V V V F F V V
V F V F F V F
F V V V V F F
F F F V V F F
p q r ((p q) r )
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
20
NOTA: "OU EXCLUSIVO" É importante observar que "ou" pode ter dois sentidos na
linguagem habitual: inclusivo (disjunção) ("vel") e exclusivo ( "aut") onde p q significa
((p q) (p q)).
p q ((p q) (p q))
V V V F F V
V F V V V F
F V V V V F
F F F FV F
p ~p
1 V F
2 F V
onde as linhas (1) e (2) da tabela correspondem às regiões (1) e (2) do diagrama
respectivamente.
21
2.UNIÃO : p q que corresponde à DISJUNÇÃO: p q
pq
p q p q
1 V V V
2 V F V
3 F V V
4 F F F
as linhas (1), (2), (3) e (4) da tabela correspondem às regiões (1), (2), (3) e (4) do diagrama
respectivamente.
A região hachurada no diagrama corresponde às linhas da tabela onde a fórmula p q assume
valor V.
p q p q
1 V V V
2 V F F
3 F V F
4 F F F
A região hachurada do diagrama corresponde à linha (1) da tabela, onde a fórmula pq
assume valor V.
22
A figura abaixo forma um Diagrama de Venn apropriado para três conjuntos. Temos 8 regiões
que correspondem, respectivamente, às 8 linhas da tabela-verdade ao lado do diagrama :
p q r
1 V V V
2 V V F
3 V F V
4 V F F
5 F V V
6 F V F
7 F F V
8 F F F
p q r ((p q) r )
V V V F V V V
V V F V V F F
V F V F F V V
V F F F F V F
F V V F F V V
F V F F F V F
F F V F F V V
F F F F F V F
23
TAUTOLOGIA E CONTRA -TAUTOLOGIA
p p p p
1 V F V
2 F V V
p p p p
1 V F F
2 F V F
p q pq
1 V V V
2 V F F
3 F V V
4 F F V
24
REGRAS DE INFERÊNCIA.: A fórmula implica tautologicamente a fórmula e
indicamos se e somente se a fórmula é uma tautologia .
Modus Ponens MP p (p q) q A, A B / B
Silogismo Disjuntivo SD (p q) p q A, A B / B
Eliminação EL (p (q r) ) q p r B , (A (B C) / A C
Absorção p(pr)p p (p r) p
Distributivas p (q r) (p q ) (p r) p (q r) (p q ) (p r)
Leis de De Morgan (p q) p q (p q) p q
Def. implicação p q ~p q p q ( p q)
Negação ( p) p
Contraposição p q q p
Exportação( ) Importação ( ) (p q) r p ( q r )
Troca de Premissas p (q r ) q ( p r )
25
Exemplo : Dadas as fórmulas A: p (q r) e B : (q r ) p vamos verificar que A B
ou ainda que A / B. Basta verificar, com o uso das tabelas verdade, que A B é tautologia.
p q r ( p (q r)) ( (q r ) p)
V V V V V V
V V F F V F
V F V F V F
V F F F V F
F V V V V V
F V F V V V
F F V V V V
F F F V V V
Deste modo, uma fórmula está em FORMA NORMAL CONJUNTIVA: FNC ou em FORMA
NORMAL DISJUNTIVA: FND se, e somente se:
PROBLEMA DE POST
27
Exemplo: Determine uma fórmula que satisfaça a tabela verdade abaixo:
p q ?
V V V (p q)
V F F
F V F
F F V ( p q)
V V V
V F F pq
F V F p q
F F V
As FND e FNC obtidas como acima são completas ou seja, em cada disjuncto (FND) ou em
cada conjuncto (FNC) todas as variáveis proposicionais estão presentes.
Associativa (p + q) + r = p + (q + r) (p q) r = p (q r)
Absorção (p q) + p = p (p + q) p = p
Distributiva p + (q r) = (p + q) (p + p (q + r) = (p q) + (p
r) r)
29
APLICAÇÕES DE ÁLGEBRA BOOLEANA : MAPA DE KARNAUGH
De modo sucinto podemos dizer que o MAPA DE KARNAUGH, idealizado em 1950 por
MauriceKarnaugh, é um método de simplificação de expressões lógicas fundamentado em
teoremas da Álgebra Booleana e utilizando representações gráficas. Utilizando o mapa de
Karnaugh podemos simplificar fórmulas ou expressões booleanas em FND COMPLETA, sem
o uso direto de propriedades para obter tais simplificações.
A A’
B
B’
b) Três variáveis :
AB AB’ A’B’ A’B
C
C’
c) Quatro variáveis :
AB AB’ A’B’ A’B
CD
CD’
C’D’
C’D
Em cada mapa:
Exemplos:
Representar a expressão AB’C + A’B’C + ABC’
30
Representar a expressão AB’+ A’B + A’B’
A A’
B 1
B’ 1 1
Podemos construir Mapas de Karnaugh para 5 ou mais variáveis passando para representações
gráficas tridimensionais tornando-se inadequado.
1. Agrupar , traçando ovais ao redor de todos os "1" para formar grupos de 2n "1" adjacentes.
2. Nenhum "1" pode ficar fora dos grupos formados. Se necessário, agrupá-lo sozinho.
3. Quanto maior o grupo, mais simplificada ficará a expressão.
4. Se necessário, um "1" pode ser agrupado mais de uma vez. Nunca agrupá-lo se não houver
necessidade.
5. A variável que se repetir em cada grupo permanece na expressão. A variável que não se
repete é eliminada.
Exemplos:
a) Simplificando a expressão ABC + AB’C’ + A’BC obtemos a expressão AB’C’ + BC
31
Um interruptor é um dispositivo ligado a um ponto de um circuito, que pode assumir um dos
dois estados, "fechado" ou "aberto". No estado "fechado" (que indicaremos por 1) o
interruptor permite que a corrente passe através do ponto, enquanto no estado "aberto" (que
indicaremos por 0) nenhuma corrente pode passar pelo ponto.
Neste caso não passa corrente se e somente p=0 e q=0 ou seja, estão ambos "abertos" o que
corresponde no Cálculo Proposicional à tabela verdade da disjunção p q .
Neste caso passa corrente se e somente se p=1 e q=1 ou seja, estão ambos "fechados" o que
corresponde no Cálculo Proposicional à tabela verdade da conjunção p q .
32
Exemplo : A expressão booleana correspondente ao esquema abaixo é :
(( p q) + ((p q) + q)) = pq + pq + q
Simplificando a expressão:
(( p q) + ((p q) + q)) = ( p q) + q = q (por absorção) representamos o circuito simplificado
obtido :
P A B ?
1 1 1 1
1 1 0 1
1 0 1 1
1 0 0 0
0 1 1 0
0 1 0 0
0 0 1 0
0 0 0 0
VALIDADE DE ARGUMENTO
No início deste roteiro, mencionamos que nosso principal objetivo é a investigação da validade
de ARGUMENTOS:
33
Conjunto de enunciados dos quais um é a CONCLUSÃO e os demais PREMISSAS.
p q r p qr r q
V V V V V F F
V V F V F V F
V F V V V F V
V F F V V V V
F V V F V F F
F V F F F V F
F F V F V F V
F F F F V V V
34
VALIDADE DE UM ARGUMENTO: DEMONSTRAÇÃO
1. DEMONSTRAÇÃO DIRETA
2. DEMONSTRAÇÃO INDIRETA - CONDICIONAL
3. DEMONSTRAÇÃO INDIRETA - POR ABSURDO
4. DEMONSTRAÇÃO INDIRETA – ÁRVORE DE REFUTAÇÃO
1. DEMONSTRAÇÃO DIRETA
Consiste em demonstrar ou deduzir a conclusão B a partir das premissas A1 , A2 , A3 ,... , An ,
aplicando as EQUIVALÊNCIAS TAUTOLÓGICAS e as REGRAS DE INFERÊNCIA .
Para demonstrar a validade de argumentos cuja conclusão é uma fórmula condicional do tipo B
C , considera-se o antecedente B, como uma premissa adicional e o conseqüenteC será a
conclusão a ser demonstrada.
De fato, sendo:
1. A1 , A2 , A3 ,... , An , B , C válido então
2. A1 , A2 , A3 ,... , An , B | C isto é,
3. ((A1 A2 A3 ... An ) B ) C é tautologia
4. (A1 A2 A3 ... An ) (B C) é tautologia (Importação e Exportação) e portanto
35
5. A1 , A2 , A3 ,... , An | B C ou ainda,
6. A1 , A2 , A3 ,... , An, B C é válido
- Sabemos que p q é verdadeira se, e somente se, p e q são ambas verdadeiras; daí, podemos
substituir
p q por p e q gerando as linhas 3. e 4., respectivamente, e MARCANDO ( ) a fórmula p q
.
(Uma fórmula marcada não poderá mais ser utilizada na construção da árvore!!!)
1. p q
2. p
3. p
4. q
37
A árvore de refutação está completa. A nossa busca para uma refutação do argumento dado
falhou e, portanto, o argumento é válido.
A árvore de refutação está completa. Como a tentativa de refutação falhou nos dois ramos, o
argumento dado é válido.
- Temos que q é equivalente a q; daí, marcamos q e escrevemos q gerando a linha 4. :
1. p q
2. p
3. q
4. q
38
- Como no exemplo anterior, marcamos p q e ramificamos a árvore gerando a linha 5. com
dois ramos:
1. p q
2. p
3. q
4. q
/ \
5. p q
- A árvore terminou e nos dois ramos não há contradições, ou seja, uma fórmula F. Neste caso
os ramos não serão fechados e o argumento não é válido.
As regras para a construção de uma árvore de refutação estão relacionadas com as tabelas
verdade já conhecidas. Ao aplicar uma regra em uma fórmula da árvore, temos a observar que :
- a fórmula será marcada ( ) para evitar aplicações repetidas de uma regra em uma mesma
fórmula.
- a aplicação de uma regra deve gerar : uma ou duas linhas, um ramo ou dois ramos conforme a
regra, e será aplicada em todos os ramos abertos (não fechados com X) aos quais a fórmula
pertence.
1. REGRA DA DUPLA NEGAÇÃO () : Uma fórmula do tipo A gera uma linha e
escrevemos A na linha. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A
pertence pois, A é verdadeira se e somente se A é verdadeira.
2. REGRA DA CONJUNÇÃO (): Uma fórmula do tipo A B gera duas linhas e escrevemos,
em cada linha, as fórmulas A e B. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a
fórmula A B pertence pois, A B assume valor V se, e somente, as fórmulas A e B são
verdadeiras.
1. A B
2. A
3. B
3. REGRA DA DISJUNÇÃO (): Uma fórmula do tipo A B gera uma linha e dois ramos e
escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas A e B respectivamente. Procedemos assim
em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A B pertence pois, A B assume valor V se, e
somente, a fórmula A é verdadeira ou a fórmula B é verdadeira.
1.A B
/ \
2. A B
39
4. REGRA DA IMPLICAÇÃO (): Uma fórmula do tipo A B gera uma linha e dois ramos
e escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas A e B respectivamente. Procedemos
assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula
A B pertence pois, A B assume valor V se, e somente, a fórmula A é verdadeira ou a
fórmula B é verdadeira.
1. A B
/ \
A B
5. REGRA DA BI- IMPLICAÇÃO () : Uma fórmula do tipo AB gera duas linhas e dois
ramos e escrevemos nas linhas as fórmulas A e B em um ramo e as fórmulas A eB no outro
ramo. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula AB pertence pois,
AB assume valor V se, e somente, a fórmula
(A B) é verdadeira ou a fórmula ( A B) é verdadeira.
AB
/ \
2.A A
3.B B
10. RAMO FECHADO : Um ramo será fechado se nele existem uma fórmula A e sua negação
A e escrevemos X no final do ramo.
1. A
2. A
3. X
OBSERVAÇÕES:
- As regras dadas para construir árvores de refutação se aplicam em cada linha ao conectivo
principal da fórmula e não a subfórmulas. Por exemplo,
1. p q
2. p q 1.() (INCORRETO!!)
- Não importa a ordem em que as regras são aplicadas; no entanto, é mais eficiente aplicar as
regras, primeiramente, em fórmulas que não resultam em ramificações.
- Cada linha gerada deve ser justificada indicando a respectiva linha de origem na qual foi
aplicada a regra e também a regra usada.
- Fórmula na qual foi aplicada alguma regra deve ser marcada ( ) para evitar aplicações
repetidas da mesma.
Exemplos:
1.) Verificar, por meio de árvore de refutação, a validade do argumento:
p r s, r s q , p q
1. p r s Premissa
2. r s q Premissa
3. (p q) Negação da Conclusão
4. p 3.( )
5. q 3.( )
/ \
6. p (r s) 1.( )
7. X(6.4) / \
8. r s 6. ( )
/ \ / \
9. (r s) q (r s) q 2.( )
/ \ \ / \ \
10. r s X r s X ( )
41
11. X ? (9.5) X ? (9.5)
(10.8) (10.8)
Temos neste caso dois ramos que não fecharam e, portanto, o argumento não é válido.
O Cálculo de Predicados, dotado de uma linguagem mais rica, tem várias aplicações
importantes não só para matemáticos e filósofos como também para estudantes de Ciência da
Computação.
Também podemos observar, como expomos abaixo, que existem vários tipos de argumentos os
quais, apesar de válidos, não é possível justificá-los com os recursos do Cálculo Proposicional:
42
A verificação da validade desses argumentos nos leva não só ao significado dos conectivos mas
também ao significado de expressões como "todo", "algum", "qualquer", etc.
Símbolos da Linguagem
Para que possamos tornar a estrutura de sentenças complexas mais transparente é necessário a
introdução de novos símbolos na linguagem do Cálculo Proposicional, obtendo-se a linguagem
do Cálculo de Predicados de 1a Ordem.
Nesta nova linguagem teremos, além dos conectivos do cálculo proposicional e os parênteses,
os seguintes novos símbolos:
Exemplos:
"Maria é inteligente" : I(m) ; onde "m" está identificando Maria e "I" a propriedade de "ser
inteligente".
"Alguém gosta de Maria" : G(x,m) ; onde G representa a relação "gostar de" e "x" representa
"alguém".
OBS.: Um símbolo de predicados 0-ário (peso zero) identifica-se com um dos símbolos de
predicado; por exemplo: "chove" podemos simbolizar "C".
43
"Se P for um símbolo de predicado de peso n e se t1 , t2 , ...,tn forem termos então
P(t1 , t2 , ...,tn ) é uma fórmula atômica."
DEFINIÇÃO DE FÓRMULA:
onde P(x,y) significa que x é amigo de y e c, p, j são constantes que representam Carlos, Pedro
e Jonas respectivamente.
onde P ,Q ,R simbolizam as propriedades de: ser humano, ser racional e ser animal
respectivamente.
44
NEGAÇÃO DE FÓRMULAS QUANTIFICADAS: da definição de fórmula dada acima
podemos perceber que um quantificador universal ou existencial pode ser precedido de uma
negação. Vejamos como podemos proceder se for necessário a eliminação dessa negação.
(1)(x) (x)
ENUNCIADOS CATEGÓRICOS
A - (x)(P(x) Q(x))
E - (x)(P(x) Q(x))
I - (x)(P(x) Q(x))
O - (x)(P(x) Q(x))
45
DIAGRAMAS DE VENN PARA ENUNCIADOS CATEGÓRICOS
Estas interpretações podem ser feitas através de Diagramas de Venn, os quais são úteis na
verificação da validade de argumentos cujas premissas e conclusão são enunciados categóricos
do tipo A, E, I ou O mas não devem ser considerados instrumentos de prova rigorosa.
Lembramos que no Cálculo Proposicional os diagramas de Venn foram utilizados para
estabelecer uma correlação entre as linhas da tabela verdade de uma fórmula e as regiões do
diagrama de Venn correspondente.
1. Cada círculo representa uma classe de objeto que quando em branco indica ausência de
informação
a respeito do conjunto.
2. Círculo hachurado ou região de um círculo hachurada, representa região VAZIA de
elementos.
3. Círculo ou região de um círculo com X representa região não vazia de elementos.
46
REPRESENTAÇÃO DOS ENUNCIADOS CATEGÓRICOS
ARGUMENTOS CATEGÓRICOS
Exemplo I.
A parte hachurada corresponde ao enunciado (1), vazia de elementos; a parte assinalada com X
corresponde ao enunciado (2). Dessa forma, as informações das premissas forem transferidas
para o diagrama e a conclusão (3) está representada. Portanto o argumento é válido.
47
Exemplo II.
Exemplo III.
A premissa (1) está representada na região hachurada e a premissa (2) está marcada com X
sobre a linha pois a informação correspondente pode estar presente em duas regiões e não temos
informação para saber especificamente em qual delas. Desse modo o argumento não é válido
pois a conclusão não está representada com absoluta certeza.
A validade de um argumento não depende do conteúdo dos enunciados e sim da sua forma e da
relação entre as premissas e a conclusão.
ÁRVORES DE REFUTAÇÃO
48
A generalização das árvores de refutação para o Cálculo de Predicados de 1a Ordem manterá
todas as regras anteriormente dadas para o Cálculo Proposicional e novas regras serão
estipuladas para as fórmulas contendo os quantificadores Universal () e Existencial ().
Teremos então, além das dez regras dadas no cálculo Proposicional, as seguintes novas regras :
11. Regra da Negação do Quantificador Universal (): Uma fórmula do tipo (x) gera
uma linha na qual escrevemos a fórmula (x). Procedemos assim em todos os ramos abertos
aos quais a fórmula (x) pertence.
12. Regra da Negação do Quantificador Existencial() : Uma fórmula do tipo (x) gera
uma linha na qual escrevemos a fórmula (x). Procedemos assim em todos os ramos abertos
aos quais a fórmula (x) pertence.
13. Regra do Quantificador Existencial ( ) : Uma fórmula do tipo (x)(x) gera uma linha na
qual escrevemos a fórmula (c) onde c é uma nova constante que não ocorre em qualquer ramo
da árvore e substituirá as ocorrências da variável x, do quantificador, na fórmula . Procedemos
assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula (x)(x) pertence.
Justificativa: A fórmula (x)(x) significa que existe pelo menos um objeto do Universo que
tem a propriedade e este será identificado, sempre, por uma "nova" constante ou seja, uma
constante que não ocorre na árvore.
14. Regra do Quantificador Universal () : Uma fórmula do tipo (x)(x) gera uma linha na
qual escrevemos a fórmula (c) onde c é qualquer constante que já ocorre em qualquer ramo
da árvore e substituirá as ocorrências da variável x, do quantificador, na fórmula . Procedemos
assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula (x)(x) pertence.
Justificativa: A fórmula (x)(x) significa que todos os objetos do universo tem a propriedade
. Sendo assim, a regra deve ser aplicada a todas as constantes presentes na árvore e
eventualmente para aquelas que surgirem durante a "construção" da árvore como observamos
abaixo.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
1. Como sabemos, as fórmulas para as quais são aplicadas as regras, sempre serão "marcadas"
(). No entanto, para a regra () do quantificador universal isto não será obedecido pois, se
surgir uma nova constante na árvore por aplicação da regra (), para esta constante deverá ser
aplicada a regra () em todas as fórmulas do tipo (x)(x) da árvore.
2.Somente se nenhuma constante ocorre em algum ramo é que podemos introduzir uma nova
constante para usar em possíveis aplicações da regra () ao longo do referido ramo.
49
Exemplo I.: Vamos verificar que a fórmula (x)P(x) (x)P(x) é válida por árvore de
refutação.
1. (x)(y)P(x,y) Premissa
2. P(a,a) Premissa adicional.
3. (y)P(a,y) 1. () : a é constante que já existe.
4. P(a,b) 3. () : b é nova constante.
5. (y)P(b,y) 1. () : b é constante que já existe.
6. P(b.c) 5. () : c é nova constante.
Como podemos observar a árvore nunca terminará; é infinita. Vamos assumir que o argumento
não é válido.
Na verdade não existe um método efetivo que nos permita decidir sempre, e para qualquer
argumento do Cálculo de Predicados, se tal argumento é válido ou não é válido. Este resultado
mostra que o Cálculo de Predicados é indecidível. A indecidibilidade do Cálculo de Predicados
pode ser provada e é conhecida como "Tese de Church" . Há muitos livros de lógica que
abordam este assunto.
Quando verificamos a validade de um argumento estamos verificando se, no caso das premissas
serem verdadeiras elas inferem uma determinada conclusão. Isto é possível ser feito por vários
métodos no Cálculo Proposicional os quais não todos se generalizam para o Cálculo de
Predicados como verificamos acima.
DEFINIÇÕES:
Para estudarmos o Cálculo de Predicados sobre outros aspectos algumas definições são
importantes e as especificamos abaixo:
51
VARIÁVEL LIGADA (LIVRE):
Se a ocorrência de x é ligada (livre) numa fórmula, dizemos que x é variável ligada (livre) na
fórmula. Assim uma variável pode ser livre ou ligada numa mesma fórmula.
Exemplo:Na fórmula (y)((x)R(y,b,t) (z) P(x,a)) temos cinco variáveis que estão
numeradas onde:
1 2 3 4 5
1,2,3,4 são ligadas e 5 é livre. Vemos que x ocorre livre e ligada na mesma fórmula.
SENTENÇA:
Uma fórmula em que não há ocorrências livres de variáveis chamamos de sentença.
Exemplos:
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
52
13. FUZZY LOGIC – Daniel Mcneill and Paul Freiberger – Touchstone - 1993
14. INTRODUÇÃO À LÓGICA - Cezar A. Mortari - Ed. Unesp - 2001
15. INTRODUÇÃO À LÓGICA E APLICAÇÕES- Abe,J.M. e outros - Ed. Plêiade - 1999
16. DISCRETE MATHEMATICS AND ITS APPLICATIONS - Keneth H. Rosen - WCB McGraw-Hill -
1999
17. LÓGICA PARA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO - João Nunes de Souza - Ed. Campus - 2002
53
Capítulo 2 – A Falácia
Definição
Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim".
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado
que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade).
Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado
que é verdadeiro.
Ex: "É bom acabar com a pobreza neste país; É bom eliminar a corrupção neste país;
Portanto, vamos votar no Joãozinho para presidente!"
54
Argumentum ad Baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "A maioria das pessoas acredita em alienígenas, portanto eles existem."
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não
deveria ser aplicada.
Ex: "Se você matou alguém, deve ir para a cadeia." (não se aplica a certos casos de
profissionais de segurança)
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Este caminhão é composto apenas por componentes leves, logo ele é leve
também."
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão relacionados.
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele
ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro,
eles têm uma relação de causa e efeito.
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos
EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares."
Petitio Principii :
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, logo foi justo condená-lo à
morte."
Circulus in Demonstrando :
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer chegar.
Ex: "Sabemos que Joãozinho diz a verdade pois muitas pessoas dizem isso. E
sabemos que Joãozinho diz a verdade pois nós o conhecemos."
Falácia da Pressuposição :
Histórico
Aristóteles, filósofo grego (384 - 322 a.C.), foi o fundador da ciência da lógica, e
estabeleceu um conjunto de regras rígidas para que conclusões pudessem ser aceitas
logicamente válidas. O emprego da lógica de Aristóteles levava a uma linha de
raciocínio lógico baseado em premissas e conclusões. Como por exemplo: se é
observado que "todo ser vivo é mortal" (premissa 1), a seguir é constatado que "Sarah
é um ser vivo" (premissa 2), como conclusão temos que "Sarah é mortal". Desde
então, a lógica Ocidental, assim chamada, tem sido binária, isto é, uma declaração é
falsa ou verdadeira, não podendo ser ao mesmo tempo parcialmente verdadeira e
parcialmente falsa. Esta suposição e a lei da não contradição, que coloca que "U e
não U" cobrem todas as possibilidades, formam a base do pensamento lógico
Ocidental.
Contudo, a Lógica Difusa, com base na teoria dos Conjuntos Nebulosos (Fuzzy
Set), tem se mostrado mais adequada para tratar imperfeições da informação do que
a teoria das probabilidades. De forma mais objetiva e preliminar, podemos definir
Lógica Difusa como sendo uma ferramenta capaz de capturar informações vagas, em
geral descritas em uma linguagem natural e convertê-las para um formato numérico,
de fácil manipulação pelos computadores de hoje em dia. Considere a seguinte
afirmativa: Se o tempo de um investimento é longo e o sistema financeiro tem sido não
muito estável, então a taxa de risco do investimento é muito alta. Os termos "longo",
"não muito estável" e "muito alta" trazem consigo informações vagas. A extração
(representação) destas informações vagas se dá através do uso de conjuntos
nebulosos. Devido a esta propriedade e a capacidade de realizar inferências, a Lógica
Difusa tem encontrado grandes aplicações nas seguintes áreas: Sistemas
Especialistas; Computação com Palavras; Raciocínio Aproximado; Linguagem Natural;
57
Controle de Processos; Robótica; Modelamento de Sistemas Parcialmente Abertos;
Reconhecimento de Padrões; Processos de Tomada de Decisão (decision making).
A Lógica Difusa ou Lógica Nebulosa, também pode ser definida , como a lógica
que suporta os modos de raciocínio que são aproximados, ao invés de exatos, como
estamos naturalmente acostumados a trabalhar. Ela está baseada na teoria dos
conjuntos nebulosos e difere dos sistemas lógicos tradicionais em suas características
e detalhes.
Introdução
Os Conjuntos Fuzzy e a Lógica Fuzzy provêm a base para geração de técnicas
poderosas para a solução de problemas, com uma vasta aplicabilidade,
especialmente, nas áreas de controle e tomada de decisão.
A força da Lógica Fuzzy deriva da sua habilidade em inferir conclusões e gerar
respostas baseadas em informações vagas, ambíguas e qualitativamente incompletas
e imprecisas. Neste aspecto, os sistemas de base Fuzzy têm habilidade de raciocinar
de forma semelhante à dos humanos. Seu comportamento é representado de maneira
muito simples e natural, levando à construção de sistemas compreensíveis e de fácil
manutenção.
A Lógica Fuzzy é baseada na teoria dos Conjuntos Fuzzy. Esta é uma generalização
da teoria dos Conjuntos Tradicionais para resolver os paradoxos gerados à partir da
classificação “verdadeiro ou falso” da Lógica Clássica. Tradicionalmente, uma
proposição lógica tem dois extremos: ou “completamente verdadeiro” ou
“completamente falso”. Entretanto, na Lógica Fuzzy, uma premissa varia em grau de
verdade de 0 a 1, o que leva a ser parcialmente verdadeira ou parcialmente falsa.
Com a incorporação do conceito de “grau de verdade”, a teoria dos Conjuntos Fuzzy
estende a teoria dos Conjuntos Tradicionais. Os grupos são rotulados qualitativamente
(usando termos lingüístico, tais como: alto, morno, ativo, pequeno, perto, etc.) e os
elementos deste conjuntos são caracterizados variando o grau de pertinência (valor
que indica o grau em que um elemento pertence a um conjunto). Por exemplo, um
58
homem de 1,80 metro e um homem de 1,75 metro são membros do conjunto “alto”,
embora o homem de 1,80 metro tenha um grau de pertinência maior neste conjunto.
Com base nesta breve introdução, será conceitualizada a teoria dos Conjuntos Fuzzy,
Lógica Fuzzy e das Proposições Fuzzy nas seguintes seções. Estas conceitualizações
se fazem necessárias neste trabalho, pois a sua espinha dorsal é, totalmente,
baseada nos conceitos de RNAs apresentadas anteriormente e na teoria dos
Conjuntos Fuzzy.
59
Alguns Conjuntos Tradicionais podem ser vistos na Tabela 1:
60
N Propriedade Representação
01 Absorção A (A B) = A
A (A B) = A
03 Associatividade A (B
C) = (A
B) C
A (B C) = (A B) C
04 Comutatividade AB=BA
AB=BA
05 Distributividade A (B C) = (A B) (A C)
A (B C) = (A B) (A C)
06 Idempotência AA=A
AA=A
07 Identidade A=A
AX=A
08 Involução A=A
09 Lei de Contradição A A =
10 Lei De Morgan’s (A B) = A B
(A B) = A B
61
Teoria dos Conjuntos Fuzzy
x a
se x [a, b)
b a
c x
( x) se x [b, c] (8)
c b
0 caso contrário
Conforme definido anteriormente, a teoria dos Conjuntos Fuzzy é uma
extensão da teoria dos Conjuntos Tradicionais. Assim, as principais operações e
relações entre Conjuntos Fuzzy são definidas como extensão das operações e
relações tradicionais, como pode ser visto na Tabela 3, onde A e B denotam
Conjuntos Fuzzy sobre um conjunto base X e A(x) e B(x) representam os graus de
pertinência de x nos Conjuntos Fuzzy A e B respectivamente.
62
6 União AB = A(x) B(x) = max [A(x), B(x)] Operação
Corte
63
h(A) = supxX A(x) ( 13 )
Normalização
Lógica Fuzzy
Proposições Fuzzy
As Proposições Fuzzy podem ser classificadas em quatro tipos:
64
3. Proposições Fuzzy Condicionais e não Qualificadas;
4. Proposições Fuzzy Condicionais e Qualificadas.
p:V éF ( 14 )
onde V é uma variável que assume valores x de um conjunto universo X e F é um
Conjunto Fuzzy em X que representa um predicado Fuzzy tal como alto, grande,
quente e outros.
Temperatura Grau de
(ºF) Pertinência
0 0
40 0
80 0.4
85 0.75
90 0.90
100 1
110 1
p : temperatura(V) é alta(F)
65
Dado um determinado valor de V (digamos x), este valor pertence a F com
um grau de pertinência F(x). Este grau de pertinência é, então, interpretado como grau
verdade, T(p), da proposição p.
T(p) = F(x) ( 15 )
para cada dado valor x da variável V na proposição p.
Isto significa que T é um Conjunto Fuzzy em [0,1], que associa uma grau de
pertinência F(x) para cada valor x da variável V.
p : V(i) é F ( 16 )
onde i I.
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Idade Grau de
Pertinência
8 1
18 0.75
20 0.65
23 0.50
26 0.36
30 0.25
40 0
50 0
0 0
0.25 0.2
0.36 0.4
0.50 0.55
0.65 0.7
0.75 0.87
1 0.1
67
Assumindo que a idade de Gabi seja 20 anos, tal valor dentro do conjunto
jovem possui grau de pertinência igual a 0.65, consequentemente, o valor de 0.65
para o conjunto jovem possui grau de pertinência igual a 0.70 no Conjunto Fuzzy
muito verdade.
Em geral, o grau de verdade T(p), de qualquer proposição qualificada p, é
dado para cada x X pela Equação ( 19 ).
T(p) = S(N(x)) ( 19 )
As proposições não qualificadas são casos especiais de proposições
qualificadas-verdade, em que o qualificador verdade S, assume o valor verdadeiro.
X,Y é R ( 21 )
onde R é um Conjunto Fuzzy em X x Y, que é determinado para cada x X e cada y
Y por:
R(x,y) = [A(x), B(y)] ( 22 )
onde denota uma função que define como a relação R é obtida. A função ,
apresentada detalhada, pode ser uma conjunção Fuzzy, um disjunção Fuzzy ou uma
implicação Fuzzy. Neste trabalho é ilustrado o método de Implicação de Lukasiewcz
definido por.
(a,b) = min(1, 1 – a + b) ( 23 )
Seja A = 0.1 / x1 + 0.8 / x2 + 1.0 / x3 e B = 0.5 / y1 + 1 / y2.
Então,
R = 1 / x1, y1 + 1 / x1, y2 + 0.7 / x2, y1 + 1 / x2, y2 + 0.5 / x3, y1 + 1 / x3, y2
Isto significa, por exemplo, que
T(p) = 1 quando X = x1 e Y = y1;
T(p) = 0.7 quando X = x2 e Y = y1;
e assim por diante.
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Proposições Fuzzy Condicionais e Qualificadas
Sites:
1. http://www.sandiego.edu/LogicSlave/fmslog.html
2. http://www.nova.edu./~hammack/MathDL/Venn/index.html
3. http://www.javafile.com
4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fal%C3%A1cia
5. http://www.pucsp.br/~logica/
6. http://www.din.uem.br/ia/controle/fuz_conj.htm
7. http://users.femanet.com.br/~fabri/fuzzy.htm
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