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III - Solos da Região Amazônica 111

III - Solos da Região Amazônica


Carlos Ernesto G.R. Schaefer1/, Hedinaldo N. de Lima2/, Wenceslau G. Teixeira3/,
José Frutuoso do Vale Jr.4/, Kleberson W. de Souza5/, Guilherme R.Corrêia6/, Bruno A.F.
de Mendonça7/, Eufran F.Amaral8/, Milton C.C.Campos9/ & Maria de Lourdes P. Ruivo10/

1/
Professor Titular, Departamento de Solos, Universidade Federal de Viçosa. E-mail: carlos.schaefer@ufv.br
2/
Professor Adjunto, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas.
E-mail: hedinaldo@ufam.edu.br
3/
Pesquisador, Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Solos, Rio de Janeiro - RJ.
E-mail: wenceslau.teixeira@embrapa.br
4/
Professor Titular, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Irrigação, Universidade Federal de
Roraima. E-mail: ale.junior@click21.com.br
5/
Pesquisador, Embrapa Cerrados - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Brasilia, DF.
E-mail: klebersonws@gmail.com
6/
Professor Adjunto, Instituto de Geografia - Campus Santa Mônica, Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: correasolos@gmail.com
7/
Professor, Instituto de Florestas, Departamento de Silvicultura, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
E-mail: brunoafmendonca@gmail.com
8/
Pesquisador, Embrapa Acre - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agroflorestal
do Acre. E-mail: eufran.amaral@embrapa.br
9/
Professor, Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente, Universidade Federal do Amazonas.
E-mail: mcesarsolos@gmail.com
10/
Pesquisadora, Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia.
E-mail: ruivo@museu-goeldi.br

Conteúdo
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................. 112
TERRAS FIRMES DO MÉDIO E BAIXO AMAZONAS E AFLUENTES.................................................................. 115
As Terras Pretas de Índio da Amazônia: exceções no ambiente de Terra Firme............................................. 117
VÁRZEAS HOLOCÊNICAS: PURUS, JURUÁ E AMAZONAS................................................................................ 121
BACIA DO RIO NEGRO E SISTEMAS ARENÍCOLAS.............................................................................................. 126
BACIA DO ALTO AMAZONAS – SOLIMÕES........................................................................................................... 129
BACIA SEDIMENTAR DO ACRE.................................................................................................................................. 132
ILHAS DE SAVANA (RORAIMA, AMAPÁ, TIRIÓS, HUMAITÁ E MONTE ALEGRE)..................................... 137
PLANALTOS E SERRAS DE RORAIMA...................................................................................................................... 137
PLANALTOS DISSECADOS SOBRE ROCHAS CRISTALINAS............................................................................... 147
PLANALTOS E SERRAS DE RONDÔNIA................................................................................................................... 149
SOLOS DA REGIÃO DE CARAJÁS E SUDESTE DA AMAZÔNIA......................................................................... 153

Curi N, Ker JC, Novais RF, Vidal-Torrado P, Schaefer CEGR, editores. Pedologia - Solos dos Biomas Brasileiros.
Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência doPedologia
Solo; 2017
112 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

ZONA LITORÂNEA E MARAJÓ .................................................................................................................................. 163


SÍNTESE SOBRE OS SOLOS DA AMAZÔNIA............................................................................................................ 166
AGRADECIMENTOS....................................................................................................................................................... 167
LITERATURA CITADA................................................................................................................................................... 167

INTRODUÇÃO

A Amazônia é constituída por uma das mais extensas e antigas áreas geologicamente
estáveis do mundo, o Cráton amazônico, que se estende de Roraima ao Planalto Central,
cuja parte central é recoberta por sedimentos de idades variadas. Neste amplo espaço de
áreas predominantemente baixas, a intensidade de soerguimento da crosta foi reduzida, e
os relevos tendem a apresentar formas atuais mais suavizadas pelo entalhe fluvial, limitado
pelas baixas altitudes em relação ao nível de base do mar (Figura 1).
Apesar de a Amazônia ser dominada por terras baixas, boa parte da região é associada
a solos bem drenados e se encontra muito influenciada por oscilações do nível do mar, que
acompanharam as grandes mudanças climáticas do Quaternário. Poucas regiões brasileiras
possuem uma influência tão marcante dos regimes hidrológicos fluviais e marinhos nos
solos quanto a Amazônia, fenômeno este operante em escalas de tempo variáveis. Podem-
se experimentar anos de pouca chuva, quando o nível dos lagos e rios descem muito,
até cheias extraordinárias, quando fenômenos climáticos continentais (El Niño, La Niña)
influenciam toda a extensão da bacia Amazônica.
Dada à vasta extensão da região, o conhecimento dos solos da Amazônia, cujos
estudos sistemáticos tiveram início a partir de 1950 (Rodrigues, 1996; Falesi, 1986a), é
ainda comparativamente incipiente, com muitos estudos concentrados em certas partes da
região. Apesar de inúmeros trabalhos e do esforço de um grande número de pesquisadores,
os quais têm contribuído para o avanço do conhecimento dos solos da Amazônia, há, no
interesse de todas as ciências naturais, necessidade de ampliar este conhecimento para
uma melhor compreensão dos ecossistemas amazônicos, especialmente seus solos, suas
inter-relações e adaptações, em resposta às intervenções humanas. O interesse atual da
pedologia Amazônica é bem-destacado pela realização de duas das últimas Reuniões
Brasileiras de Correlação e Classificação de Solos (IX e X RCCs), além do planejamento da
próxima reunião, em Rondônia (Anjos et al., 2013; Schaefer et al., 2015).
Salienta-se que é urgente e fundamental conhecer as limitações impostas pelo
ambiente, sejam físicas ou químicas, e as práticas de convivência desenvolvidas pela
população Amazônica, especialmente das populações ribeirinhas, para enfrentar as
limitações do meio.
Apesar de a região Amazônica estar submetida a um longo e profundo
processo de intemperismo, as características químicas e mineralógicas dos solos são
surpreendentemente variadas e ditadas pela natureza do material de origem e pelas
variações climáticas (regionais e locais). Áreas extensas de solos eutróficos só existem
onde há influência atual (ao longo da planície aluvial do Amazonas) ou pretérita (terraços
e baixos planaltos das bacias do Acre e do Alto Amazonas) de sedimentos andinos ou,
ainda, onde afloram rochas de riqueza química maior (calcários e pelíticas carbonáticas em
Monte Alegre-Ererê; e basaltos e diabásios em Roraima, Pará e Amapá). De modo geral,

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 113

nas demais áreas, as condições bioclimáticas atuais, aliadas a certa homogeneidade das
características do material de origem sedimentar ou cristalino, e geoformas suavizadas
levam à formação generalizada de solos muito profundos, intemperizados e pobres.

Figura 1. O Cráton amazônico e as sub-bacias sedimentares que formam a Bacia Sedimentar


Paleozoica do Amazonas na Região Norte do Brasil.

PEDOLOGIA
114 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

O controle geomorfológico na distribuição dos solos amazônicos é marcante: num


esboço geral, geoformas colinosas e morros residuais aplainados de baixos platôs estão
geralmente associados aos Latossolos Vermelho-Amarelos,em áreas de rochas cristalinas,
ou Latossolos Amarelos, em áreas de sedimentos terciários. Nos terços médio e inferior das
colinas ou morros residuais aplainados, ocorrem Argissolos, podendo apresentar plintita
ou petroplintita, e ainda Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos (Figura 2). Na planície
aluvial (várzea) dos rios de águas brancas, predominam-se Gleissolos e Neossolos Flúvicos.
Plintossolos e solos com caráter plíntico são predominantes nas terras baixas do Alto
Amazonas, nos interflúvios Madeira/Purus/Juruá e Solimões/Japurá (Schaefer et al., 2000).
A planície de inundação fluvial de deposição holocênica, que margeia os rios de águas
brancas (rios de águas barrentas ricas de sedimentos em suspensão, como o Amazonas, Madeira
e Purus), e que está sujeita a inundações sazonais é, regionalmente, denominada várzea. A
várzea compreende grandes faixas de áreas marginais aos rios de águas brancas, compondo
uma planície aluvial que pode alcançar até 100 km de largura, o que evidencia um sistema
complexo de canais, lagos, ilhas e diques marginais (Sioli, 1951; Moreira, 1977; Iriondo, 1982).

Figura 2. Corte geral ilustrando o controle goemorfológico na distribuição dos solos amazônicos, num
corte topográfico das terras altas de Roraima até Carajás. RL: Neossolo Litólico; LA: Latossolo
Amarelo; PVA: Argissolo Vermelho-Amarelo; FX: Plintossolo Háplico; CX: Cambissolo Háplico;
LVA: Latossolo Vermelho-Amarelo; FF: Plintossolo Pétrico; RQ: Neossolo Quartzarênico; GX:
Gleissolo Háplico; LV: Latossolo Vermelho; d: distrófico; b: argila de atividade baixa; e e:
eutrófico.
Fonte: Schaefer et al. (2000).

Objetivando facilitar uma visão pedológica mais ampla possível da vasta extensão
amazônica, a região foi dividida em 11 setores principais, que possuem características
singulares, com certa homogeneidade e uma diferenciação em relação aos demais setores.
Assim, discutir-se-á a seguir cada setor desta vasta região em relação aos solos dominantes,
ilustrando algumas das relações genéticas e ecológicas existentes (Figura 3).

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III - Solos da Região Amazônica 115

Figura 3. Setores pedológicos da Amazônia.

TERRAS FIRMES DO MÉDIO E BAIXO AMAZONAS E


AFLUENTES

Desde muito se reconhece a existência na Amazônia de duas ordens de paisagem


inteiramente diferentes: as várzeas e as terras firmes. Enquanto nas várzeas predominam
solos muito jovens, formados a partir de sedimentos quaternários, com processo incipiente
de pedogênese, nas terras firmes os solos são bem mais evoluídos, formados a partir de
sedimentos mais antigos ou de rochas cristalinas mais antigas.
Sobre estas diferentes formações pedológicas, umas mais ricas em nutrientes,
outras mais pobres, se desenvolvem uma exuberante e rica vegetação, fato que levou
os primeiros naturalistas que visitaram a Amazônia a associarem a riqueza da flora a
uma riqueza química do ambiente: “as florestas primordiais das zonas equatoriais são
soberbas e grandiosas por sua vastidão e por mostrarem uma força de desenvolvimento
e um vigor nunca testemunhados em climas temperados” (Wallace, 1870).Bates (1844)
também imaginou que a floresta dependia de uma riqueza abundante do solo. Todavia, o
conhecimento atual nega essa correlação, notadamente no ambiente mais bem-drenado de
terra firme, onde a biomassa florestal alcança máxima expressão.
As porções de terra situadas acima das áreas de influência dos rios e que, portanto,
não sofrem hidromorfismo ou inundação fluvial, são regionalmente denominadas “Terra
Firme”. Os solos bem-drenados de terra firme da bacia sedimentar do Amazonas são
formados a partir de sedimentos terciários da formação Alter do Chão/Barreiras, originados

Pedologia
116 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

de material pré-intemperizado proveniente da erosão dos dois flancos do Cráton (Guianas


e do Brasil Central).
As principais feições pedológicas dominantes nos ambientes de terra firme da
Amazônia são os Latossolos Amarelos com caráter distrófico, às vezes alumínico, nas
posições de topo transicionando para plíntico no terço superior, e argissólico,nos sopés
das encostas. Nos ambientes de várzeas amazônicas, há presença marcante de Neossolos
Flúvicos ou Gleissolos com atividade alta de argila e caráter eutrófico (Lima et al., 2006;
Campos et al., 2011), fato este decorrente do caráter deposicional, representado por terraços
fluviais holocênicos (Quadro1).

Quadro 1. Atributos do solo em perfis modais de terra firme e várzeas do médio rio Madeira,
Amazonas
Hor. Prof. Cor Matriz Cor Mosq. Areia Silte Argila pH H2O C org. SB V m

cm -------------------g kg-1------------------- gkg-1 cmolc kg-1 ---%---

Terra Firme - Latossolo Amarelo Alumínico

A 0-16 10YR 4/3 - 362 244 394 4,6 13,8 0,3 2 93

AB 16-30 10YR 4/3 - 375 229 396 5,0 7,1 0,2 2 95

BA 30-48 10YR 4/6 - 357 261 382 4,5 5,3 0,2 2 95

Bw1 48-79 10YR 5/6 - 303 287 410 4,6 4,3 0,3 2 94

Bw2 79-115 10YR 6/8 - 270 284 446 5,3 3,7 0,3 3 94

Bw3 115-149 10YR 5/8 - 209 301 490 4,5 3,5 0,2 2 96

Bw4 149-180+ 5YR 5/8 - 174 335 491 4,7 3,1 0,3 3 95

Bwf1 70-96 7,5YR 6/8 2,5 YR 5/6 120 262 618 4,4 5,4 0,8 16 67
Bwf2 96-124 7,5YR 6/8 2,5 YR 5/8 109 270 621 4,5 3,3 1,0 17 63
Bwf3 124-190 7,5YR 6/8 2,5 YR 4/8 181 192 627 4,6 1,4 0,5 10 75
Várzeas - Neossolo Flúvico Ta Eutrófico

A 0 -18 5YR 4/2 - 6 626 368 4,4 15,6 15,9 73 9

AC 18-51 7,5YR 6/3 5YR 5/8 5 658 337 4,5 4,1 11,5 75 13

C1 51-89 10YR 5/3 7,5YR 5/6 7 654 339 4,6 2,9 13,5 85 8

C2 89-120 10YR 5/3 7,5YR 5/6 15 500 485 4,6 3,8 13,4 70 11

C3 120-150 10YR 5/3 10YR 5/8 18 506 476 4,7 3,5 17,2 71 12

C4 150-200 10YR 6/4 10YR 5/8 31 502 467 4,8 1,1 13,4 78 9

A 0 -23 10YR 4/2 5YR 5/8 3 464 533 4,3 7,9 11,4 62 20

AC 23-58 10YR 4/3 5YR 5/6 2 469 529 4,5 4,8 17,5 72 12

C1 58-91 7,5YR 5/3 5YR 5/8 8 446 546 4,6 3,8 25,9 75 9

Cg 91-123 10YR 7/1 7,5YR 5/6 6 414 580 4,6 3,5 32,4 78 9

C2 123-165 7,5YR 6/3 5YR 5/8 9 412 579 4,8 2,9 40,5 82 7

C3 165 + 10YR 4/3 2,5YR 5/8 15 404 581 5,2 2,2 41,7 93 2
Fonte: Campos (2009); Campos et al. (2011).

As características do material de origem, as boas condições de drenagem, o tempo


de exposição e a atuação dos agentes bioclimáticos resultaram em solos profundos e em
avançado estádio de intemperismo, não tão proeminente quanto os solos das chapadas
do Cerrado do Planalto Central. São solos ácidos, pobres em nutrientes, com teores
relativamente elevados de alumínio trocável e baixos valores de soma de bases e de

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 117

capacidade de troca de cátions (Falesi, 1986a; Vieira e Santos, 1987; Rodrigues, 1996).
A composição mineralógica destes solos é completamente dominada por caulinita;
ocorrem ainda goethita, gibbsita, hematita, mica, quartzo, minerais filossilicatos 2:1 e
feldspatos,como minerais acessórios ou traços (Kitagawa e Moller, 1979).
Com base na vegetação e no relevo, a paisagem pode ser subdividida em quatro
unidades pedoambientais: campo alto: situado no platô rebaixado da paisagem, com
ocorrência de gramíneas e árvores retorcidas e espaçadas (Cerrado); campo baixo: formado
por depressões inundadas durante as chuvas e secas na estiagem, com predominância de
gramíneas; zona de ecótono: caracterizam-se por um ambiente de tensão ecológica entre os
dois ecossistemas (Campos/Floresta), com presença de gramíneas e espécies de pequeno
e médio porte (Cerrado); e florestas: localizadas nas áreas mais elevadas e de melhor
drenagem da paisagem, funcionando com um divisor de águas, e exibindo uma fisiografia
de floresta densa (Figura 4).
De modo geral, os solos que ocorrem nesta topossequência têm relação direta com
a variação do relevo, que condiciona a drenagem e o nível do lençol freático. O grau de
desenvolvimento dos perfis, a presença e profundidade de mosqueados e de horizontes
plínticos e glei comprovam esta afirmação.

Figura 4. Perfil esquemático apresentando a vegetação, o relevo e as classes de solos em topossequência


típica da transição campos/floresta na região de Humaitá, sul do Amazonas. PV: Argissolo
Vermelho; CX: Cambissolo Háplico; GX: Gleissolo Háplico; alf: alítico plíntico; alg: alítico
gleissólico; e alt: alítico típico.
Fonte: Adaptado de Braun e Ramos (1959) por Campos (2009).

as Terras Pretas de Índio da amazônia: exceções no ambiente de


Terra Firme
As Terras Pretas de Índio (TPI), denominadas Amazon Dark Earths, na língua inglesa,
são áreas cujos solos apresentam horizontes superficiais escuros e férteis (epieutróficos).
As cores escuras destes horizontes superficiais são em razão da elevada concentração
de algumas formas aromáticas de carbono (black carbon), de origem predominantemente
pirogênica (Glaser, 2007). Estas formas de carbono são muito estáveis e com alto poder
pigmentante, apresentando também uma grande densidade de cargas negativas, o que
confere elevada capacidade de troca de cátions (CTC) (Liang et al., 2006).
As TPI são também caracterizadas por elevadas concentrações dos cátions cálcio,
magnésio, zinco e manganês (Smith, 1980; Lehmann et al., 2003; Kämpf e Kern, 2005; Glaser,
2007). Os horizontes enriquecidos das TPI também apresentam normalmente artefatos
cerâmicos arqueológicos e elevada concentração de fósforo (P) total e disponível quando

PEDOLOGIA
118 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

comparados com os solos adjacentes, formados do mesmo material de origem (Sombroek,


1966; Kern e Kaempf, 1989; Lehmann et al., 2003; Glaser e Woods, 2004; Kämpf e Kern, 2005;
Woods et al., 2009; Teixeira et al., 2009). Datações por meio de técnicas radiocarbônicas
indicam que a formação e ocupação das áreas de TPI ocorreram principalmente entre 500
e 2.500 anos antes do presente (AP) (Neves et al., 2004) (Quadro 2).
Os solos que apresentam os horizontes típicos das TPI (Figura 5) não têm uma
classificação específica no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, sendo caracterizados
nos levantamentos pedológicos como solos com horizonte A antrópico, sendo relatados
frequentemente nas classes dos Argissolos e Latossolos e, menos frequentemente, nas classes
dos Plintossolos e Espodossolos (Teixeira et al., 2008). A profundidade de ocorrência dos
horizontes antrópicos varia bastante. Segundo Campos et al. (2011), na região sul do Amazonas
as profundidades encontram-se entre 37 e 50 cm, sugerindo que estes sítios apresentam
semelhanças entre si, refletindo tempo de ocupação e densidades populacionais similares. O
mesmo foi encontrado por Kern et al. (2003), que afirmam que a maioria das TPI possui a
espessura do horizonte A variando entre 30 e60 cm. Ocorrem também TPI nas várzeas, onde
constituem paleossolos, enterrados pela sedimentação Holocênica (Souza, 2011).

Quadro 2 Características do solo em perfis modais em áreas de Terras Pretas Arqueológicas na região
do médio rio Madeira, Amazonas
Hor. Prof. Cor úmida Frag. Cer. Mat. Lít. Areia Silte Argila pH H2O P SB V m

cm --------g kg-1-------- -------------g kg-1-------------- mg kg-1 cmolc kg-1 -----%-----

P1 - Argissolo Vermelho-Amarelo Eutróficoabrúptico antrópico

A1 0-19 10YR 2/2 310 14,8 438 319 243 7,0 144 14,5 75 1

A2 19-37 10YR 3/2 110 11,8 420 343 237 6,5 231 9,2 62 2

Bt1 37-70 5YR 4/6 0 0 218 261 521 5,8 24 9,4 71 2

Bt2 70-100 5YR 4/6 0 0 197 248 555 5,6 12 5,6 73 3

BC 100-120 - 0 0

P2 – Argissolo Acinzentado Eutrófico antrópico

A1 0-32 10YR 2/1 112 74 666 147 187 6,1 156 29,9 77 1

A2 32-50 10YR 3/1 96 53 736 105 159 6,0 17 15,9 62 1

AB 50-75 10YR 4/2 0 0 708 100 192 5,9 13 7,5 67 1

Bt 75-105+ 10YR 6/3 0 0 564 81 355 5,6 6 3,2 54 4

P3 – Argissolo Amarelo Eutróficoabrúptico antrópico

A1 0-20 10YR 2/1 120 33 684 140 176 6,0 35 26,4 79 1

A2 20-40 10YR 3/1 65 23 697 129 174 5,9 26 13,9 61 1

BA 40-70 10YR 5/6 0 0 479 144 377 5,9 16 7,5 66 2

Bt1 70-110 10YR 5/6 0 0 295 140 565 5,6 8 3,2 51 1

Bt2 110-150+ 10YR 5/6 0 0 299 116 585 5,7 2 3,0 52 3

P4 – Argissolo Amarelo Distrófico abrúptico

A1 0-20 10YR 3/1 185 59 340 247 413 6,0 26 16,0 59 1

A2 20-42 10YR 3/2 165 51 372 280 348 6,1 24 15,5 59 1

AB 42-63 10YR 4/3 0 0 299 307 394 5,8 14 9,9 51 2

BA 63-108 10YR 4/6 0 0 218 182 600 5,7 12 5,0 46 2

Bt1 108-153 10YR 5/6 0 0 174 189 637 5,5 9 2,3 34 6

Bt2 153-170 10YR 6/6 0 0 174 145 681 5,5 1 1,6 31 6


Frag. Cer.: fragmentos de cerâmica; e Mat. Lít.: material lítico.
Fonte: Campos (2009); Campos et al. (2011).

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 119

(a) (b)

Figura 5. Perfis de Terras Pretas Aqueológicas da região sul do Amazonas. (a) – NeossoloLitólico,
Apuí, AM; e (b) - Argissolo Amarelo, Rorainópolis, RR.

A maioria das TPI estudadas e mapeadas até o momento no Estado do Amazonas


se encontra principalmente nas áreas de terra firme (livres da inundação anual dos rios)
e em barrancos altos (bluffs) próximos às calhas dos grandes rios (Solimões, Amazonas,
Urubu e Negro). Nas áreas de várzeas (Gleissolos), também são encontrados os horizontes
antrópicos, entretanto, frequentemente estão soterrados (Teixeira et al., 2005; Macedo,
2009; Souza, 2011).
A origem das TPI causou muito debate no passado. Várias hipóteses de origens
geogênicas foram levantadas, entre elas o acúmulo de cinzas vulcânicas e a sedimentação
de lagos. As primeiras suposições da origem antrópica das TPI surgiram na década de
1940, mas até a década de 1980 a hipótese de origem não antrópica das TPI era comum.
Kämpf e Kern (2005) fazem uma revisão histórica desta questão e fornecem todas as
referências originais dos trabalhos com as diferentes hipóteses. Ranzani et al. (1970)
classifica adequadamente alguns horizontes superficiais tipicos das TPI como sendo
de origem antrópica. Sombroek (1966) descreve no platô de Belterra, às margens do rio
Tapajós no Pará, alguns perfis de TPI e também alguns horizontes amarronzados, que
chamou de Terras Mulatas (TM), ambos creditados como antrópicos, em que as TM seriam
resultado de manejo intencional, realizado com finalidade de melhoria da qualidade do
solo para produção agrícola.
A influência antrópica na formação e nas características das TPI e TM foram corroboradas
por dados de Hilbert (1968), Pabst (1985), Smith (1980), Glaser e Woods (2004), Woods e
McCann (2001), Neves et al. (2003) e Teixeira et al. (2007). As TPI na Amazônia Central têm
teores de MOS resultantes da incorporação de resíduos orgânicos estabilizados (recalcitrantes)
pelo uso do fogo (origem pirogênica). Os resíduos vegetais carbonizados apresentam uma
elevada CTC retendo nutrientes adicionados pela incorporação de resíduos de origem animal
(ossos, sangue, pele e vísceras) e de origem vegetal, oriundos de cultivo e extrativismo (cascas,
sobras de alimentos, folhas de palmeiras utilizadas nas coberturas das habitações) (Lima et al.,
2002; Schaefer et al., 2004; Kämpf e Kern, 2005). Recentemente, tem sido também estudado o
provável enriquecimento das TPI por excrementos humanos (Birk et al., 2011).

PEDOLOGIA
120 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

A área de solos com horizontes antrópicos (TPI) na Amazônia foi estimada em 0,1 a
0,3 % da Amazônia, uma área correspondendo entre 6.000 e 18.000 km2 (Sombroek et al.,
2003). As TPI normalmente são áreas de aproximadamente dois a quatro hectares (Smith,
1980), mas TPI com dezenas de hectares, como os sítios Hatahara, Caldeirão e Açutuba, no
município de Iranduba, AM,e sítios com centenas de hectares, têm sido também relatadas
(Santarém,PA, e Autazes,PA). Dada à grande extensão de muitos sítios arqueológicos na
Amazônia Central (Petersen et al., 2001) e considerando-se a ineficiência dos instrumentos
agrícolas de madeira e machados de pedra para a prática da agricultura de corte e queima
(Denevan, 2001), acredita-se que as tribos pré-colombianas provavelmente utilizavam
métodos de cultivo intensivo nas áreas de várzea, onde estas eram disponíveis; cultivo
semipermanente, nas Terras Mulatas; e permanente, nas Terras Pretas de Índio. A elucidação
das formas da agricultura pré-colombiana é um fator crucial que poderá embasar práticas
agrícolas para o cenário atual da região amazônica.
A elevada fertilidade e a sustentabilidade das TPI incitam esforços para a compreensão
da sua gênese e dos mecanismos da sua estabilidade, que apresentam grande resiliência
mantendo suas boas qualidades químicas (elevada fertilidade e altos teores de matéria
orgânica) e físicas, mesmo sob uso intensivo (Teixeira et al., 2003). A possibilidade de
replicar tal manejo para recuperação de solos com características semelhantes poderá
aumentar o tempo de uso das terras e reduzir a pressão de desmatamento sobre áreas
de vegetação primária na Amazônia. Uma vez conhecidos os processos e mecanismos de
formação das TPI, estes podem ser utilizados para reaver solos degradados, reincorporando
áreas abandonadas ao processo produtivo.
O modelo segundo o qual há uma complementaridade entre a formação e ocorrência
das TPI e sua proximidade das várzeas de solos ricos (Figura 6) foi sugerido por Lima
et al. (2002). Neste modelo, áreas extensas de TPI só são possíveis onde existem várzeas
suficientemente ricas e extensas, capazes de suportar grandes populações. Tal hipótese foi
consubstanciada por novos estudos que apontaram a presença de TPI na várzea (Souza,
2011).

Figura 6. Bloco-diagrama que representa a paisagem Várzea-Terra Firme, durante a fase de formação
dos sítios de Terra Preta por populações indígenas.
Fonte: Adaptado de Lima et al. (2002).

PEDOLOGIA
III - Solos da Região Amazônica 121

VÁRZEAS HOLOCÊNICAS: PURUS, JURUÁ E


AMAZONAS

As várzeas amazônicas são produtos da dinâmica dos rios, especialmente daqueles que
carreiam abundante carga de sedimentos em suspensão. Em períodos de clima mais frio e
seco, quando o nível do mar abaixou globalmente, os rios escavaram proporcionalmente
seus leitos e, posteriormente, com a elevação marinha e os climas mais quentes e úmidos
do Holoceno, passaram a depositar os sedimentos sobre suas planícies, entulhando os
vales e espalhando farta sedimentação por toda a planície inundável do Amazonas e
afluentes. Nestes ambientes governados pela marcha climática e hidrológica, os sedimentos
acumulados vêm sofrendo pedogênese e sustentando a sucessão vegetal sobre solos ainda
jovens.
Os grandes rios de várzea da Amazônia, como Purus, Juruáe Amazonas, continuam
o processo constante de erosão e deposição de antigas e novas formações sedimentares,
adicionando novos aportes sedimentares trazidos de cabeceiras andinas ou subandinas,
num processo de constante renovação química. São rios de várzeas quimicamente ricas.
Os solos de várzea desenvolvem-se sobre sedimentos Holocênicos, mais recentemente
depositados, onde o nível elevado do lençol freático e a inundação periódica limitam os
processos pedogenéticos. Por sua natureza sedimentar recente, estes solos guardam estreita
relação com o material de origem, no caso do rio Amazonas, sedimentos provenientes
das regiões andina e subandina e depositados na planície aluvial (Gibbs, 1964; Irion, 1976;
Junk, 1980; Falesi, 1986a).
Na várzea, os solos normalmente possuem teores elevados de silte e areia fina. São,
predominantemente, eutróficos, com elevada capacidade de troca de cátions e elevados
teores de cátions trocáveis, especialmente cálcio, magnésio e, em alguns casos, sódio e
alumínio. Em contraste aos solos bem-drenados de terra firme, apresentam reação menos
ácida, níveis mais elevados de nutrientes, inclusive de fósforo, menores teores relativos de
alumínio trocável e argila de atividade alta (Quadro 3).
Os solos de várzea apresentam composição mineralógica bastante variada, como
reflexo da diversidade e da natureza recente do material de origem, das condições
periódicas de hidromorfismo e do reduzido grau de pedogênese. Os poucos estudos sobre
a mineralogia destes solos revelam a presença de minerais primários, notadamente mica,
clorita e feldspatos, além de conteúdo apreciável de esmectita, caulinita e vermiculita
(Sombroek, 1966; Kitagawa e Moller, 1979; Irion, 1984; Möller, 1986). Os minerais
considerados acessórios também são bastante variáveis como caulinita, mica, quartzo,
feldspato, montmorilonita, vermiculita, lepidocrocita, hematita e gibbsita (Möller, 1991).
Em relação à composição granulométrica, na várzea predominam as frações mais
finas, silte e argila, com virtual ausência da fração areia grossa (Quadro 3). Os teores de
silte são elevados na várzea, notadamente nos Gleissolos, com mais de 50 %, o que indica
o baixo grau de pedogênese deste ambiente.

Pedologia
122 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 3. Composição granulométrica, argila dispersa em água, grau de floculação e classificação


textural de alguns solos de várzea amazônicas
Horizonte Prof. Areia Silte Argila ADA(1) GF(2) Classe textural
Grossa Fina
cm ----------------------------- % -----------------------------
Gleissolo Háplico Ta eutrófico
A 0 – 13 0 3 70 27 15 44 Franco-argilossiltosa
ACg 13 – 35 1 5 65 29 22 24 Franco-argilossiltosa
Cg 35 – 62 0 6 65 29 20 31 Franco-argilossiltosa
2Cg 62 – 100 0 0 58 42 32 24 Argilassiltosa
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 0–5 0 48 37 15 9 40 Franco
2C2 24 – 34 0 44 38 18 8 56 Franco
5C5 50 –150 0 14 59 27 17 37 Franco-argilossiltosa
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 0 – 14 1 01 68 30 12 60 Franco-argilossiltosa
C 14 – 28 1 01 46 52 36 31 Argilossiltosa
2C2 28 – 70 1 23 62 14 12 14 Francossiltosa
3C3 70 - 100 1 18 69 12 12 0 Francossiltosa
Argila dispersa em água; (2)Grau de floculação.
(1)

Fonte: Souza (2011).

Na várzea está concentrada a maior faixa contínua de solos férteis da Amazônia,


sob uso mais ou menos permanente há mais de cinco séculos de ocupação, a julgar pela
presença de TPI neste ambiente. Pelas características de seus solos, proximidade dos rios,
que servem como canal de transporte, e dos lagos altamente piscosos, a várzea é a parte
da Amazônia mais intensamente utilizada para pesca e agricultura. Todavia, a drenagem
mais restrita e a variação anual do nível dos rios, que pode chegar a 10 m entre os picos de
cheia e de vazante (Irion, 1986), limitam o cultivo a alguns meses do ano.
A pouca areia grossa nos solos de várzea indica a incapacidade dos cursos d’água
atuais em transportar sedimentos mais grosseiros de fontes tão distantes até a planície de
sedimentação, uma vez que sedimentos arenosos, areias médias e finas são transportados
dos Andes pelas águas do rio Amazonas e, ao se depositarem, formam barras alongadas
paralelas às margens, extensas barras em pontal ou longos bancos transversais ao rio
(Hernani et al., 1982).
A composição mineralógica dos solos de várzea é um reflexo da deposição mais
recente da maior riqueza do material de origem e das condições atuais de renovação por
novas deposições, das inundações sazonais e da drenagem mais restrita. Nestes solos, a
diversidade de composição mineralógica alcança maior expressão. A riqueza em nutrientes
diminui à medida que os sedimentos tornam-se mais antigos e quando não há renovação
pela ausência de novas deposições.

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 123

Em contraste com os solos de terra firme, bem-drenados, os solos de várzea apresentam


uma composição mineralógica da fração argila bastante variada (Quadro 4). Caulinita,
mica/ilita, vermiculita, pirofilita, quartzo, hematita e goethita constituem os principais
componentes minerais da fração argila dos Gleissolos e Neossolos Flúvicos (Quadro 4,
Figura 7). É possível, também, a ocorrência de óxidos de Fe de pior grau de cristalinidade, a
inferir pelos valores da relação Feo/Fed(Fe-oxalato/Fe-ditionito) da fração argila destes solos.

Quadro 4. Composição mineralógica das frações argila, silte e areia fina dos solos de várzea
amazônicas
Solo Horiz. Argila Silte Areia fina
GXve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
2Cg Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
RYve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
5C5 Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
RYve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
3C3 Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
GX - Gleissolo Háplico; RY - Neossolo Flúvico; ve: argila de atividade alta e eutrófico; Ct – caulinita; Cl – clorita; Es – esmectita;
Fs – feldspato; Il – ilita; Mi – mica; Pg – plagioclásio; Qz – quartzo; e Vm – vermiculita.
Fonte: Lima (2001).

As condições restritas de drenagem, resultantes das características ambientais e da


granulometria fina com elevada atividade de argila dos sedimentos originais, condicionaram
um processo de intemperismo menos acentuado do que aquele normalmente observado nos
solos bem-drenados, o que resulta em perfis mais rasos e de maior riqueza de componentes
minerais, quando comparados com os solos bem-drenados.
Há poucos registros da ocorrência de clorita em ambientes de solo, provavelmente em
razão da grande instabilidade deste mineral em ambientes pedogenéticos (Allen e Hajek,
1989). Sua ocorrência em solos da Amazônia Ocidental foi observada por Irion (1984) e
Marques et al. (2002). Estes poucos registros devem-se, certamente, ao limitado número de
trabalhos sobre a mineralogia dos solos de várzea da Amazônia, uma vez que neste estudo
sua presença foi observada em todos os perfis de solos de várzea avaliados.
A fração areia fina dos solos de várzea também apresenta uma significativa diversidade
de composição mineral, em cujos difratogramas é possível perceber, além de reflexos
de quartzo, como componente dominante, reflexos de caulinita, mica/ilita, vermiculita,
feldspato e plagioclásio (Quadro 4).
Em relação às características químicas, os solos de várzea são comumente eutróficos.
Os teores de nutrientes são mais elevados, notadamente Ca, Mg e P, enquanto os teores
de Al3+ são relativamente baixos, exceto nos Gleissolos. O Ca2+ é o cátion predominante
nos solos de várzea, todavia os teores de Mg2+ e Na+ são também elevados, o que resulta
em valores elevados de soma de bases e de saturação por bases e valores reduzidos de
saturação por alumínio (Quadro 5). Os valores elevados da CTC dos solos de várzea e os
teores relativamente baixos de argila resultam em solos de argila de atividade alta.

Pedologia
124 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

(a) (b)

Figura 7. Difratogramas de raios X da fração argila desferrificada dos horizontes A (a) e 2Cg (B) de
Gleissolo Háplico Ta eutrófico, submetida a diferentes tratamentos (Cl – clorita; Ct – caulinita;
Es – esmectita; Il – ilita; Mi – mica; Qz – quartzo; e Vm – vermiculita). K 500 oC: amostra saturada
com K+ e aquecida a 500 oC; K 25 oC: amostra saturada com K+ à temperatura ambiente; Mg:
amostra saturada com Mg2+; e AD: argila desferrificada.
Fonte: Lima (2001).

De modo geral, os teores de carbono orgânico são baixos, não excedendo a 21 g kg-1
(Quadro 1), não havendo evidências de grande acúmulo de matéria orgânica, exceto nos
horizontes de TPI, enterrados (Souza, 2011).
Mesmo nos solos de drenagem mais restrita ou sujeitos à inundação mais frequente,
como os Gleissolos, onde presumivelmente o processo de decomposição ocorre mais
lentamente durante parte do ano, os teores de carbono orgânico são baixos. É provável que,
nos solos de várzea, o teor de COT seja um reflexo do baixo conteúdo médio de COT dos
sedimentos recentes e pouco alterados depositados periodicamente na várzea, conforme
observaram Marques et al. (2002).

PEDOLOGIA
III - Solos da Região Amazônica 125

Quadro 5. Características químicas de solos de várzea amazônicas


Horiz. H2O KCl P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB CTC T V m
pH ------- mg kg ------
-1
-----------------------*--------- cmolc kg-1 --------------------------------- ------- % ------
Sequência 1 – Médio Amazonas
Gleissolo Háplico Ta eutrófico
A 4,84 3,58 69 46 38 9,86 3,21 2,50 6,37 13,35 19,72 73,36 68 16
ACg 5,83 3,97 34 39 66 12,45 4,99 0,48 3,44 17,83 21,27 74,06 84 3
Cg 5,94 4,02 33 30 73 11,92 5,33 0,35 2,57 17,65 20,22 66,64 87 2
2Cg 6,51 4,47 33 44 80 13,01 7,37 0,08 2,57 20,84 23,41 55,23 89 <1
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 5,40 3,91 25 79 32 10,62 2,52 0,51 5,53 13,48 19,01 124,9 71 4
C 5,98 4,39 71 52 33 10,79 2,37 0,10 3,15 13,43 16,58 - 81 1
2C2 5,76 4,26 108 38 32 10,88 2,42 0,10 3,20 13,54 16,74 94,15 81 1
3C3 5,21 3,78 78 47 39 10,49 2,50 0,99 5,10 13,28 18,38 - 72 7
4C4 5,48 3,96 67 46 41 11,37 3,11 0,54 3,72 14,78 18,5 - 80 4
5C5 5,60 4,02 45 44 63 11,17 3,44 0,42 3,20 14,99 18,19 68,20 82 3
Sequência 2 – Alto Amazonas
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 5,38 4,36 92 300 186 9,04 3,34 0,19 5,62 13,96 19,58 65,27 71 1
C 5,62 4,14 14 72 59 10,08 4,41 0,35 3,79 14,93 18,72 36,00 80 2
2C2 6,36 4,43 11 39 44 4,87 4,98 0,13 1,88 10,14 12,02 85,86 84 1
3C3 6,41 4,44 173 35 48 4,04 5,62 0,13 1,73 9,96 11,69 97,42 85 1
SB – soma de bases; CTC – capacidade de troca de cátions a pH 7,0; T – atividade da fração argila; V – saturação por bases; em –
saturação por alumínio da CTC efetiva.
Fonte: Lima (2001).

Em síntese, os solos de várzea evidenciam maior fertilidade natural, maior teor de silte
e maior diversidade mineralógica, o que é consistente com um material de origem mais
rico, deficiência de drenagem e, portanto, menor grau de pedogênese, além da renovação
anual pela deposição de novos sedimentos.
As características químicas, a reserva mineralógica das frações silte e areia fina dos solos
de várzea, o relevo plano e a proximidade dos rios, que podem servir tanto como via para
o transporte de produtos agrícolas quanto como fonte de água para irrigação nos períodos
mais secos, configuram o elevado potencial agrícola destes solos. Todavia, as enchentes
anuais e as alterações na disponibilidade dos nutrientes provocadas pela inundação, as
dificuldades de mecanização, o grande número de pragas e os riscos de contaminação da
água por insumos agrícolas constituem importantes características a serem consideradas
no uso e na ocupação da várzea amazônica. Apesar disso, representa a paisagem de maior
riqueza química na Amazônia, onde sociedades humanas vêm desenvolvendo atividades
agrícolas e extrativistas/pesqueiras, há pelo menos 1.000 anos, continuamente.

Pedologia
126 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

BACIA DO RIO NEGRO E SISTEMAS ARENÍCOLAS

Esta região representa o mais vasto espaço de podzolização extrema entre os trópicos
úmidos do planeta, com a formação majoritária de Espodossolos (quase 30% da área
total mapeada), em expressão geográfica impressionante e incomparável, tanto em escala
quanto em grau do avanço pedogenético (Figura 3).
A bacia do rio Negro é a região com as taxas de precipitação pluvial anual mais
elevadas do Brasil, com mais 3 000 mm ano-1 (INMET, 2008), definindo um regime climático
equatorial úmido. Neste cenário, os solos predominantes são desenvolvidos de material
de origem do Pré-Cambriano ou sedimentos retrabalhados de idade Plio-Pleistocênica,
denominados Formação Içá (RADAMBRASIL, 1975a).
Estudos no Estado do Amazonas (Lucas et al., 1984; Bravard e Righi, 1990a;Andrade
et al., 1997) indicam que esta unidade corresponderia, em sua maior parte, a mantos
arenosos profundos, formados por uma pedogênese in situ de sedimentos Cenozoicos ou
de rochas ígneas e metamórficas. A elevada taxa de precipitação pluvial (maior que 2 400
mmano-1) no oeste amazônico contribui diretamente para os processos de podzolização
e arenização dos solos, associados à elevada lixiviação e consequente empobrecimento
químico (Schaefer et al.,2007).
A região compreende um grande domínio de Espodossolos e Neossolos Quartzarênico
Hidromórficos, desenvolvidos sobre areias quartzosas inconsolidadas resultantes da intensa
hidrólise das argilas e, ou, empobrecimento pela perda de argilas pela eluviação ou pela
erosão seletiva (Bravard e Righi, 1990b; Schaefer et al., 2015). Destacam-se os Espodossolos
gigantes (espessarênicos), solos com horizontes espódicos profundos, variando de 3 a 10
m (Dubroeucq e Volkoff, 1988, 1998), não identificados em muitos levantamentos de solos
e, muitas vezes, mapeados como Neossolos Quartzarênicos, em razão das profundidades
comumente avaliadas (cerca de 2 m). Uma discussão pormenorizada sobre a seção-controle
em Espodossolo Ferrihumilúvico, hiperespesso (perfil RR5),revela o problema prático nos
levantamentos de solos, quando se tem necessidade de cavar mais de 300 cm para atingir
o horizonte Bs (Schaefer et al., 2015).
Alguns autores, como Klinge (1965) e Sombroek (1984), atribuem à ocorrência dos
Espodossolos e outros solos arenosos nas baixadas da bacia Amazônica a deposição
de sedimentos nas bordas dos vales. No entanto, outros estudos realizados na Guiana
Francesa e no Brasil indicam que Espodossolos são formados pela transformação de uma
cobertura latossólica inicial, sobre diferentes tipos de material de origem (Lucas et al., 1984;
Dubroeucq et al., 1991; Andrade et al., 1997), sendo estes solos considerados como um
estádio final de degradação das coberturas pedológicas tropicais (Boulet et al., 1984). Além
disso, Mafra et al. (2002) sugerem este processo como o principal mecanismo responsável
pelo aplainamento geral do terreno observado nesta região.
Na bacia do rio Negro predomina o relevo plano a suave ondulado, em um sistema de
solos arenícolas e predominantemente hidromórficos. A bacia possui um extenso mosaico
de ambientes complexos, desde florestais a não florestais, em associação direta com aspectos
pedológicos e geomorfológicos correspondentes. Além destes fatores e condições atuais,
sobressaem as evidências de condições paleoclimáticas e paleoecológicas muito distintas das
atuais; ilhas florestais mega diversas, como enclaves ou refúgios pleistocênicos, sustentadas
por residuais do Embasamento Cristalino (inselbergs). Nas suas bordas de transição, abundam

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 127

palmeiras e formações mais abertas, em sucessão, sobre solos mais rasos e pedregosos, solos
estes formados em condições semiáridas, quando existiam extensas rampas de pedimentos.
Nas baixadas, dois contrastes: areiais formados in situ pelo hidromorfismo das fases
superúmidas, quando a acidólise destrói argilas (Brinkman, 1979), e materiais retrabalhados
pela erosão eólica das fases secas, formando campos de dunas fósseis.
Nesta paisagem predominam as Campinaranas, herbáceas ou arbustivas, também
chamadas Campinas, ou ainda “Caatingas Amazônicas” (Anderson, 1981), formações
vegetais típicas de clima superúmido e solos arenosos hidromórficos. São caracterizadas
por uma paisagem marcante, de exceção à Floresta Tropical envolvente. Suas variações
fitofisionômicas são fortemente influenciadas pelos ciclos sazonais e pelas variações
do lençol freático, em gradientes associados aos diferentes níveis de hidromorfismo
(Mendonça et al., 2013, 2014).
Conforme aumenta o hidromorfismo dos solos na paisagem, as Campinaranas
Florestadas são substituídas por formações de Campinarana Arbórea e Arbustiva, em
seguida pelas Gramíneo-lenhosas até puramente Herbáceas (Campinaranas Graminosas).
Há na literatura discussões e controvérsias quanto à origem destas formações (Ducke e
Black, 1954; Anderson et al.,1975; Anderson 1978; Prance e Schubart, 1978; Anderson,
1981;Ferreiera, 1997), no entanto, alguns autores (Damasco et al., 2013; Mendonça et al., 2014,
2017 no prelo) apontam para uma forte relação edáfica na distribuição destas fitofisionomias.
Sua maior concentração está na Amazônia Central e Ocidental, especialmente na bacia do
rio Negro, onde a redução da fitomassa acompanha um gradiente climático no sentido
E-W com o aumento da pluviosidade (Schaefer et al., 2007).
De maneira geral, o domínio das Campinaranas é caracterizado pelas feições
diferenciadas por arenização, dentro dos padrões da superfície de aplainamento conservada
do Pediplano Rio Branco-Rio Negro (RADAMBRASIL, 1975a). O baixo rio Branco e grande
parte do rio Negro abrangem um amplo sistema palustre ou pantanoso em domínio de
areias, a rigor um verdadeiro Pantanal Arenoso, batizado por Santos e Nelson (1995) como
Pantanal Setentrional, em trabalhos geológicos precedentes.
Os solos são, de maneira geral, arenosos a franco-arenosos, com muita areia fina,
profundos e, algumas vezes, ricos em material orgânico em subsuperfície (Quadro 7). São
quimicamente muito pobres e ácidos, representados em sequência de solos estudados no
Parque Nacional do Viruá (PARNA Viruá), centro-sul de Roraima, com SB (soma de bases)
menor que 1 cmolc dm-3 e pH entre 4,2e 5,5 (Quadro 7). Destacam-se os baixos valores para
o Prem em correlação negativa com MOS e Al trocável, o que indica a forte adsorção de
fosfatos pelos complexos organometálicos presentes nos horizontes Bh e Bhs (Quadro 7).
A Campinarana Florestada, no PARNA Viruá, ocorre em colinas suaves e patamares
tabulares arenosos (Figura 8), com solos ricos em matéria orgânica, presença de turfeiras e
lençol freático pouco profundo. Possui horizonte O com cerca de 10 cm de profundidade,
com cor bruno-avermelhado-escura (2,5YR 2,5/3, úmida). Apresenta horizonte B espódico
espesso, com quase 1  m de profundidade, próximo à superfície (Figura 8 e Quadro 7).
O lençol freático não aflora em superfície, o que permite um porte maior da vegetação,
constituída por uma fisionomia florestal com árvores relativamente finas, com até 15 m de
altura. As árvores possuem caules eretos, pouco ou nada tortuosos, e formam um dossel
quase continuo, às vezes mais aberto.

Pedologia
128 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 7. Análises químicas e físicas de uma sequência de solos podzolizados no Parque Nacional
do Viruá, centro-sul de Roraima
pH
Horizonte P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB t T V m MOS Prem AG AF Sil Arg
H2O

--------mg dm-3
------------------------------ cmolc dm-3 ----------------------------- ---- % ---- dag kg-1 mg L-1 ---------- dag kg-1 ------------
cm ---------

P1 –Espodossolo Ferrihumilúvico Hidromórfico arênico – Campinarana Florestada

O (0-10) 3,82 0,6 33 38,1 0,02 0,49 3,71 26,7 0,76 4,47 27,46 2,8 83 55,02 59,9 19 26 29 26

A (10-15) 4,52 2,2 15 11,9 0 0,45 3,24 21,1 0,54 3,78 21,64 2,5 85,7 11,2 24,8 23 40 26 11

AE (15-23) 4,95 2,1 3 0,9 0 0,42 1,43 11,9 0,43 1,86 12,33 3,5 76,9 4,8 18,6 18 51 23 8

Bh (23-80) 5,29 0,6 0 0 0 0,43 0,67 9,3 0,43 1,1 9,73 4,4 60,9 3,84 12,1 16 47 27 10

Bhs (80-120) 4,98 0,6 0 0 0 0,42 0,29 3,8 0,42 0,71 4,22 10 40,8 1,28 22,5 17 47 27 9

C (120-180+) 4,75 0,4 0 0 0 0,41 0,19 1,6 0,41 0,6 2,01 20,4 31,7 0,26 46,6 20 45 20 15

Termiteiros* 3,76 17,2 120,7 70,5 0,14 0,27 5,54 54,7 1,03 6,57 55,73 1,83 84 52,7 54,3 40 12 34 14

P2 - Espodossolo Ferrihumilúvico Hidromórfico arênico – Campinarana Arbustiva

A (0-10) 4,22 4,9 30 8,3 0,08 0,09 1,33 9,8 0,29 1,62 10,09 2,9 82,1 6,14 59,9 20 53 23 4

E (10-60) 4,8 1 0 0 0,03 0,04 0,31 1,5 0,07 0,38 1,57 4,5 81,6 0 60 30 49 20 1

Bh (60-80) 4,26 4,1 4 0 0,01 0,04 1,54 9,3 0,06 1,6 9,36 0,6 96,3 1,03 36,2 25 48 24 3

Bhs (80-100) 4,82 1 0 0 0 0,04 1,33 2,5 0,04 1,37 2,54 1,6 97,1 2,58 7,1 22 46 24 8

C1 (100-140) 4,69 0,5 1 0 0,17 0,04 0,51 2,2 0,21 0,72 2,41 8,7 70,8 0,13 44,4 18 48 20 14

C2 (140-200) 4,79 0,4 1 0 0,06 0,04 0,51 1,7 0,1 0,61 1,8 5,6 83,6 0 47,9 18 49 19 14

Termiteiros 3,54 8,3 88,7 34,2 0,08 0,31 5,23 53,7 0,76 5,99 54,46 1,4 87,2 37,2 54,7 11 21 45 23

P3 - Espodossolo Ferrihumilúvico Órtico espessarênico – Campinarana Gramineo-Lenhosa (duna)

O (0-4) 3,52 29 96 59,8 0 0,17 3,28 24,2 0,68 3,96 24,88 2,7 82,8 23,25 60 33 57 3 7

E1 (4-13) 4,52 2,6 7 0,4 0 0,05 0,31 2,7 0,07 0,38 2,77 2,5 81,6 0,52 59,9 23 69 6 2

E2 (13-25) 4,78 1,4 0 0 0 0,04 0,31 3,4 0,04 0,35 3,44 1,2 88,6 0,39 60 21 72 5 2

E3 (25-35/130) 5,54 0,6 0 0 0 0,03 0,51 1,4 0,03 0,54 1,43 2,1 94,4 0,13 60 33 62 3 2

Bh (35-40/135) 5,24 44,2 0 0 0 0,03 0,41 4,1 0,03 0,44 4,13 0,7 93,2 0,39 46,5 31 64 2 3

Bs (40-140) 5,38 5,1 0 0 0 0,03 0,21 2,7 0,03 0,24 2,73 1,1 87,5 0,13 46 31 64 2 3

Termiteiros 4,51 79,8 251,7 64,8 2,3 2,5 1,9 66,8 5,8 7,6 72,6 8,0 25,4 52,5 60 59 8 16 17

P4 - Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico – Campinarana Graminosa

C1 (0-25) 5,23 0,4 0 0 0 0,04 0,1 1,7 0,04 0,14 1,74 2,3 71,4 0 60 34 58 6 2

C2 (25-65/75) 4,47 0,4 0 0 0 0,03 0,51 1,4 0,03 0,54 1,43 2,1 94,4 0,26 60 43 49 6 2

C3 (65/75-85) 5,13 0,3 0 0 0 0,03 0,21 1,4 0,03 0,24 1,43 2,1 87,5 0 60 43 46 10 1

Termiteiros 3,88 9,3 62 54 0,6 0,6 3,4 43 1,5 5 44,5 3,5 69,5 8,7 60 21 27 30 22

* Os dados correspondem à média de três amostras de termiteiros coletadas no entorno do perfil de solo, na mesma fitofisionomia.
Fonte: Mendonça et al. (2013, 2014).

Nas Campinaranas Arbustivas, observa-se o incremento de MOS em profundidade,


com associação direta ao aumento de P (Mehlich-1) e CTC. Destaca-se na paisagem a
presença de cupinzeiros na base dos arbustos, com elevada acidez; no entanto, os teores de
fósforo disponível, soma de bases, CTC e MOS são muito superiores àqueles dos horizontes
minerais superficiais dos solos adjacentes (Quadro 7). O mesmo ocorre na Campinarana
Gramíneo-Lenhosa, onde o lençol freático aflora mais frequentemente. Nestas condições,
os termiteiros, além de disponibilizarem nutrientes, permitem uma boa aeração do solo e
favorecem a fixação das plantas.
Nas Campinaranas Graminosas, o lençol freático alcança níveis superficiais, muitas
vezes, provocados pelo selamento do horizonte A, possivelmente por causa do rearranjo de
partículas. Neste espaço, os solos são mais lixiviados e mais pobres (Quadro 7), com mais

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 129

areia grossa, predominando Neossolos Quartzarêncios (Figura 8). O período prolongado


de inundação sazonal destes solos aumenta a dificuldade para o estabelecimento de
árvores de maior porte. Neste universo, ocorrem áreas de maior exposição aos ventos,
que nas fases mais secas de períodos glaciais, que promoveram a ativação dos campos de
dunas. Destacam-se os campos de dunas dos rios Anauá, Catrimani e Aracá, atualmente
estacionados e parcialmente vegetados. Constituem dunas parabólicas e longitudinais,
alongadas paralelamente segundo a direção do vento predominante, de NE para SW.
Nas áreas dos lagos interdunas predominam os buritizais (Mauritia sp.) (Figura 8). De
acordo com Santos e Nelson (1995), as maiores dunas possuem 20 m de altura e 6 km de
comprimento e se formaram no Holoceno, com características sedimentares, compostas
por areia fina bem-selecionada. As formas eólicas bem-preservadas descartam a hipótese
de uma idade mais antiga para sua origem, relacionada a modificações climáticas (El Niño),
com diminuição do índice pluviométrico regional e consequente baixa do nível das águas
dos rios (CPRM, 2000).

BACIA DO ALTO AMAZONAS – SOLIMÕES

Este setor representa uma das mais homogêneas e monótonas pedopaisagens da


Amazônia, pela regularidade do relevo tabular, ou fracamente dissecado, e pela evolução
da paisagem sob fraco soerguimento crustal, com substratos pouco permeáveis.
Os solos do Alto Amazonas/Solimões abrangem a margem direita do sistema
hidrográfico da bacia do Amazonas, após sua entrada no Brasil, e se estende até Manaus,
na confluência do rio Negro. Engloba, assim, o vasto interflúvio entre os rios Javari/Juruá/
Purus e Madeira, a jusante da bacia do Acre, separando-se desta pelo Arco de Iquitos, e da
bacia do médio e baixo Amazonas, pelo Arco de Purus.
Neste amplo espaço predominantemente florestado, e ainda conservado, há um
absoluto domínio de solos podzolizados e paleo-hidromórficos (plínticos) sobre sedimentos
síltico-argilosos, e secundariamente arenosos, da Formação Solimões. Os Argissolos,
a maioria com plintita, somam 58 % da área, enquanto os Plintossolos perfazem quase
23 %. Possuem fácies bem mais ácidas e pobres que os solos desenvolvidos da bacia do
Acre, que sofreram influência andina, mas se apresentam mais ricos que os solos do Médio
Amazonas, a jusante.
O grande diferencial dos solos do Alto Amazonas é a presença do caráter alítico quase
generalizado, numa combinação de argila de alta atividade com elevados teores de Al
trocável, e forte acidez superficial. Além disso, muitos evidenciam condições redoximórficas
pretéritas, na forma de mosqueados abundantes, ou mesmo plintita, quando Argissolos
Amarelos com plintita transicionam para Plintossolos típicos, na direção das partes com
drenagem pior, dos topos tabulares aos níveis topográficos mais baixos. Vale a pena
mencionar que as argilas 2:1, em pH ácido, tendem a se desestabilizar, liberando Al3+ dos
actaedros para a solução do solo (Resende et al., 2011).
Nas várzeas, os Gleissolos dos rios Javari, Juruá e Purus seguem o que foi abordado
para as várzeas ricas do Amazonas: solos eutróficos (Neossolos Flúvicos, Gleissolos),
argila de alta atividade, renovação anual pelas cheias com sedimentos de origem andina/
subandina e ricos em silte e argila.

Pedologia
130 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

(a)

(b) (c) (d) (e)

(f)

Figura 8: Vista geral do mosaico de Campinaranas (a), perfis de Espodossolo Ferrihumilúvico nas
Campinaranas Florestada (b) e Arborizada (c) e de Neossolo Quartzarênico na Campinarana
Graminosa (d e e), no PARNA Viruá, centro-sul de Roraima. O bloco-diagrama ilustra a distribuição
dos perfis de solo nas formações de Campinarana predominantes no PARNA Viruá (f).
Fonte: Mendonça et al. (2013, 2014).

PEDOLOGIA
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 131

Esta pedopaisagem foi interpretada como desenvolvida de uma antiga paisagem


lacustre, hidromórfica, de grande extensão, que cobriu grande parte da região no inicio
do Holoceno (11 000 anos atrás) (Schaefer, 2013). Hoje, após o soerguimento e a drenagem,
evidencia ainda relíquias deste passado hidromórfico, como as camadas de linhito ou
turfeiras enterradas, além de concheiras lacustres. O próprio mosqueamento generalizado
pode ser interpretado como uma relíquia pedológica, denotando maior hidromorfismo no
passado (o chamado período do grande lago Sanozama).
Na borda sul desta grande zona, ocorremlocalizadamente Latossolos, ao longo do setor
mais soerguido do Arco de Iquitos. No entanto, são menos desenvolvidos, intermediários
para Cambissolos ou Argissolos, e localizam-se nos interflúvios dos rios Pauini e Mapia.
Na região próxima à tríplice fronteira entre Brasil, Colombia e Peru, há vasta área com
Cambissolos,revelando elevados teores de alumínio trocável e com predomínio da fração
silte (Coelho et al., 2005).
Marques et al. (2002), utilizando dados mineralógicos e químicos, relacionamos
elevados teores de Al3+ nos solos do Alto Solimões à presença frequente de minerais
interestratificados com Al-hidróxi entre camadas, em condições de pH baixo; Al3+ este
facilmente extraível com solução de KCl 1 mol L-1. Entretanto, estes valores elevados não
necessariamente estão correlacionados com a atividade do alumínio na solução do solo e
sim com a sua toxicidade.
Lima et al. (2006) evidenciam uma sequênciade solos desde as partes mais elevadas até
a várzea, sendo classificados como Argissolo Amarelo Ta alumínico abrupto, Plintossolo
Argilúvico alumínico abrúptico e Neossolo Flúvico Ta eutrófico. Tal sequência ilustrativa
está apresentada na figura 9, com três perfis selecionados e suas características químicas e
físicas mais representativas (Quadro 8).

Figura 9. Perfil esquemático mostrando a sequência de solos do Alto Solimões.


Fonte: Baseada em Lima et al. (2006).

Os resultados evidenciam que estes solos possuem maior riqueza de nutrientes e


minerais alteráveis, com menor grau de intemperismo, em comparação aos solos mais
bem-drenados das terras firmes da parte oriental da Amazônia, derivados de sedimentos
mais antigos (Alter do Chão ou Barreiras) ou de rochas cristalinas. Os baixos teores de
Fe e Mn no Plintossolo em todas as frações analisadas, em comparação aos demais solos
da topossequência, indicam o predomínio de processos de remoção neste ambiente,
enquanto no Neossolo Flúvico a remoção é superada pela deposição de novos sedimentos,

PEDOLOGIA
132 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

possibilitando a ocorrência deteores elevados de Fe e Mn. Os valores de capacidade máxima


de adsorção de fosfato são baixos nos horizontes superficiais, tornando-se elevados nos
horizontes subsuperficiais mais ricos em argila ou com ocorrência de plintita.

Quadro 8. Características químicas e físicas de três perfis de solos do Alto Solimões


Horizonte pH ∆pH P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB CTC T V m

H2O KCl

------ mg kg-1----- ------------------------------ cmolc kg-1------------------------------------ ---- % ----

Argissolo Amarelo Ta Alumínico abrúptico

A 5,82 4,70 -1,12 4 46 38 9,9 2,1 0,1 4,8 12,2 17,0 47,8 72 1

Bt 5,41 3,60 -1,81 1 32 28 5,4 1,1 10,8 15,3 6,8 22,1 36,8 31 62

C 6,74 4,78 -1,96 152 34 48 15,4 2,2 0,0 1,7 17,9 19,6 50,2 92 0

2C2 8,09 6,85 -1,24 6 14 65 16,8 3,9 0,0 0,0 20,5 20,5 42,8 100 0

Plintossolo Argilúvico Alumínico abrúptico

A 4,91 3,98 -0,98 6 57 41 1,1 0,4 1,2 6,6 1,8 8,4 46,7 22 40

Bt 4,96 3,53 -1,48 1 42 33 0,5 0,3 11,4 14,9 1,0 16,0 30,7 7 92

C 5,12 3,48 -1,64 1 70 51 0,3 0,5 17,8 21,0 1,2 22,2 37,0 5 93

Neossolo Flúvico Ta eutrófico

A 5,38 4,36 -1,02 92 300 186 9,0 3,3 0,2 5,6 14,0 19,6 65,3 71 1

C 5,62 4,14 -1,48 14 72 59 10,1 4,4 0,4 3,8 14,9 18,7 36,0 80 2

2C2 6,36 4,43 -1,93 11 39 44 4,9 5,0 0,1 1,9 10,1 12,0 85,9 84 1

3C3 6,41 4,44 -1,97 173 35 48 4,0 5,6 0,1 1,7 10,0 11,7 97,4 85 1
SB – soma de bases; CTC – capacidade de troca de cátions a pH 7,0; T – atividade da fração argila; V – saturação por bases; em
–saturação por alumínio da CTC efetiva.
Fonte: Lima et al. (2006).

Urge a necessidade de mais estudos sobre esta vasta e importante região brasileira
única, que possui grandes extensões mapeadas de solos Ta com Al trocável elevado, para o
qual já se propôs, inclusive, a separação em nível de Ordem (Alissolos) no Sistema Brasileiro
de Classificação, hoje inexistente, em razão que neste elevado nível taxonômico privilegiam-
se atributos morfogenéticos e não químicos e, ou, físico-químicos (Resende et al., 2012).

BACIA SEDIMENTAR DO ACRE

A bacia sedimentar do Acre, que inclui todo o Estado do Acre e parte sudoeste do
Amazonas, localiza-se a montante do Arco de Iquitos, uma estrutura geológica de “dique”
não aflorante, que delimitou e controlou, e ainda controla, a deposição de sedimentos
de origem andina (ou subandina) dirigidos à calha do Amazonas, desde os primeiros
impulsos de formação da cadeia Andina, forçando a sedimentação na direção contrária à
sua primitiva disposição de leste para oeste, que passou a inverter. Antes desta inversão,
a bacia se encontrava numa situação de borda continental, e aberta ao Pacífico durante
todo o Cretáceo e Terciário Inferior (até cerca de 25 milhões de anos antes do presente),
momento em que foi bloqueada pelo paulatino soerguimento da cordilheira oriental
andina, transformando-se em uma bacia intracontinental, fechada (Asmus e Porto, 1973;
Campos e Bacoccoli, 1973).

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 133

Nesse período, o fluxo hídrico mudou drasticamente, o que é comprovado pelos


planos frontais de estratificação cruzada da Formação Solimões, que mergulham para
nordeste (RADAMBRASIL, 1976a) no sentido contrário ao fluxo hídrico atual.
Durante um longo processo de entulhamento interno, a bacia passou a experimentar
regimes intermitentes mais tranquilos, de deposição lacustre, simulando um verdadeiro
Pantanal, semifechado (Schaefer, 2013). As evidências atuais da presença de gipsita
(CaSO4) e concreções carbonáticas (CaCO3) nos solos (Kronberg et al., 1989), fósseis de
grandes répteis (Cunha, 1963; Ranzi, 2000) e pequena profundidade do solum (Amaral et
al., 2001) testemunham essas fases lacustres e confirmam a presença de um ambiente de
esvaziamento de grandes lagos, que recebiam os sais solúveis trazidos pelos rios, sob clima
árido (RADAMBRASIL, 1976a).
Os processos de formação do solo ocorrem numa escala de dezenas a milhares de
anos; porém, as características morfológicas e físicas registram o clima, a vegetação e, ou,
o ambiente durante o tempo de formação do solo (Wysocki e Schoeneberger, 1999). No
caso dos solos do Acre, isto é particularmente importante, uma vez que as modificações
climáticas, ocorridas no Quaternário tardio, modificaram o ambiente, principalmente a
biota e as condições de temperatura e umidade, e deixaram suas marcas nos solos.
O Estado do Acre é, comparativamente, um dos mais intensamente pesquisados e
conhecidos da Amazônia, como atesta o volume e a qualidade dos trabalhos apresentados
durante a última Reunião de Correlação e Classificação de Solos (Embrapa, 2013).
Pode-se, assim, oferecer um panorama adequado de sua variabilidade pedológica.
Surpreendentemente, os Luvissolos Crômicos, eutróficos e Ta dominam a bacia do Acre,
com 43 % da área.
Em nível de paisagem, considerando o Estado do Acre em escala de 1:250  000, os
Argissolos ocupam mais de 6 milhões de hectares do território acreano, sendo a ordem
que ocupa maior extensão territorial, que corresponde a 38  % do território. Entretanto,
os Cambissolos ocupam mais de 5milhões de hectares (32 % do território acreano), o que
significa que 70 % do território acreano é ocupado por estas duas ordens de solos. Há que
se considerar os mais de 2 milhões de hectares de Luvissolos e as áreas de Plintossolos e
Vertissolos, que ocupam 2,2 e 3,0 % do território acreano, respectivamente.
No ambiente dos Argissolos, há maior variabilidade nas características topográficas,
que refletem uma maior variabilidade nas características físicas, químicas e morfológicas
dos perfis descritos no Estado do Acre. Durante a RCC do Acre, foi evidenciada a forte
condição intergradacional (intermediária) dos Argissolos, Luvissolos e mesmo Vertissolos
acreanos. Além disso, há grande incidência de solos alíticos ou alumínicos e grande
dificuldade de distinção morfológica entre grandes grupos de solos do SiBCS (Amaral et
al., 2013; Oliveira, 2013) neste Estado.
Os teores de carbono orgânico se reduzem, significativamente, em profundidade, com
teores médios no horizonte A de 2,0 ± 1,2 dag kg-1. Estes teores reforçam o papel da ciclagem
de nutrientes em solos amazônicos e a concentração dos nutrientes em superfície nos solos
distróficos e alíticos, principalmente. Ao se fazer uma correlação dos teores de carbono
orgânico com várias variáveis, houve uma correlação positiva (R = 0,53) apenas com os
teores de hidrogênio trocável, evidenciando o papel da matéria orgânica de acidificar o
solo e liberar íons H+ para a solução (Bayer e Mielniczuk, 1999).

Pedologia
134 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

O teor médio de cálcio no horizonte A de Argissolos descritos no Brasil (Cooper et al.,


2005) é de 1,36 cmolc dm-3. No Argissolo Vermelho no Estado do Acre, o cálcio atingiu um valor
de 4,9 cmolc dm-3, evidenciando os efeitos do material de origem e de sua gênese peculiar.
Os teores de alumínio trocável crescem, significativamente, com a profundidade
de 1,0 ±0 ,9 cmolc dm-3 para 5,7 ± 5,6 cmolcdm-3, nos Argissolos Vermelhos, apesar da
presença de teores médios de cálcio e magnésio. Entretanto, este alumínio trocável não
aparenta toxicidade para as plantas, nem deve ser utilizado como índice de acidez nos
solos acreanos; se outras condições não forem limitantes, é possível que a correção do solo
não seja necessária (Wadt, 2002). Embora este ainda não esteja devidamente esclarecido,
acredita-se que esteja associado aos teores elevados de alumínio trocável no material de
origem. No Brasil, a média dos teores de alumínio trocável no horizonte B de Argissolos é
de 3,2 cmolcdm-3 (Cooper et al., 2005).
No Acre, os teores de alumínio trocável estão correlacionados (R = 0,5) com o
incremento dos teores de argila. A capacidade de troca de cátions apresenta-se com alta
variabilidade no horizonte B (10,9 ± 10,7 cmolc dm-3), com valores variando de 2,6 até
48,6 cmolc dm-3. A CTC é um excelente indicador da fertilidade do solo, uma vez que indica
a capacidade deste para adsorver cátions em forma trocável, que, em geral, servirão de
nutrientes para as plantas (Resende et al., 2002). A média da CTC de solos do Brasil é de 8,9
cmolcdm-3 (Cooper et al., 2005).
Para os Argissolos do Acre, a cor é um bom indicativo da fertilidade natural, que
decresce no sentido do Argissolo Vermelho (V = 41,4 % ± 23,3 %) àArgissolo Vermelho-
Amarelo (V = 13,3 % ±17,9 %) à Argissolo Amarelo (V = 6,9 % ± 8,?? %), enfatizando que o
Argissolo Vermelho-Amarelo é o que apresenta maior variabilidade em seus atributos. Esta
tendência é possivelmente reflexo de diferenças nos materiais de origem destes Argissolos.
O Acre possui a mais extensa e contínua mancha de Luvissolos da Amazônia, e do
Brasil. Na paisagem dos Luvissolos, ocorrem altitudes, que variam de 172 a 378 m, ocupando
posições de topo na paisagem. São solos moderadamente profundos. Neste ambiente,
os Luvissolos estão associados aos Cambissolos, nas áreas de relevo mais movimentado
(Figura 10), e aos Gleissolos, nos fundos dos vales, todos com caráter eutrófico.
Os teores de cálcio trocável nos solos do Acre estão fortemente correlacionados
(R = 0,99) com a soma de bases, o que indica a relevância deste nutriente para o complexo
de troca e para a disponibilidade de bases trocáveis. Os teores no horizonte A variam de
3,2 a 58,0 cmolc dm-3; e no B, de 0,7 a 40,0 cmolc dm-3.
Os teores de alumínio trocável também aumentam com a profundidade- com teor
máximo de 16,8 cmolcdm-3 em horizonte B de Luvissolo Háplico, apesar da presença de
altos teores de cálcio e magnésio trocáveis, o que indica que este alumínio trocável não
apresenta caráter tóxico para as plantas, conforme postula Wadt (2002). Estes teores estão
associados à mineralogia das argilas presentes nestes solos.
Na paisagem de ocorrência de Cambissolos ocorre uma diversidade de características,
apresentando variações na atividade de argila, eutrofia, distrofia e caráter vértico (Gama,
1986; Amaral, 2003; Melo, 2003; Bardales, 2005). Estão associadas a condições de relevo
mais movimentado. Ocupam, em maior proporção, a parte central e ooeste do Estado
em uma altitude média de 239,4 ± 51,9 m, porém alcançando altitudes máximas de 381
m, estando vinculadas à ocorrência de Vertissolos, nas depressões; Plintossolos, no terço
inferior dos vales; e Gleissolos, nas depressões de fundo de vale.

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 135

Figura 10. Bloco-diagrama do ambiente de ocorrência dominante de Luvissolos no Estado do Acre, no


trecho entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Tb: argila de baixa atividade (desenho de C. Schaefer).

Grande parte dos Cambissolos do Acre tem argila de atividade alta Ta (Rodrigues,
1996) e é desenvolvida de sedimentos pelíticos ricos, influenciados, na sua gênese, por
material andino. Estes solos são submetidos à intensa pluviosidade e, forçosamente, quase
toda a perda de água que ocorre é por fluxo superficial. Constituem, portanto, um sistema
que tende a exportar muito pela erosão (Resende e Pereira, 1988).
Em geral, a drenagem dos Cambissolos Háplicos com Ta é de natureza restrita,
entre maldrenados e imperfeitamente drenados. Somente nos Cambissolos Háplicos Tb
(argila de atividade baixa), a drenagem é moderada e até boa, com cores acinzentadas
e brunadas com matiz 7,5YR, 10YR e 5YR. Os teores médios de cálcio trocável variam
de 11,4 cmolcdm-3 em superfície para 12,8 cmolc dm-3 em profundidade (a média para os
Cambissolos descritos no Brasil é de 5,0 cmolc dm-3, para o horizonte superficial, e de
4,4 cmolc dm-3, para o horizonte subsuperficial). Estes altos valores de cálcio e magnésio
trocáveis estão relacionados à maior riqueza do material de origem, onde foram formados.
Há uma grande variabilidade na fertilidade natural dos Cambissolos, uma vez que são,
diretamente, influenciados pelo material de origem que, sendo sedimentar, apresenta
variabilidade local, embora a maior extensão seja de solos com alta fertilidade natural.
Os teores de alumínio trocável variam de 0,0 a 15,2 cmolc dm-3, nos horizontes
superficiais,e de 0,0 a 14,2 cmolc dm-3, nos subsuperficiais, o que provavelmente esteja
relacionado àmenor interferência da matéria orgânica em profundidade, portanto,
complexando menos alumínio trocável e mantendo maiores teores deste cátion nos
horizontes subsuperficiais.
Mesmo com altos teores de Al3+ no complexo de troca, espera-se que estes não
interfiram de forma acentuada no desenvolvimento das plantas, uma vez que altos teores
de bases trocáveis foram constatados nos perfis estudados. De certa forma, isto deve limitar
a atividade do alumínio trocável no complexo de troca, diminuindo sua fitotoxidez.
A capacidade de troca catiônica (CTC) é muito alta (> 10 cmolc dm-3), em sua maioria
aumentando em profundidade (em média 24,0 ± 14,1 cmolc dm-3), o que reflete os altos
teores de soma de bases e H + Al, evidenciando a geração de cargas superficiais negativas
pelos minerais 2:1 predominantes. Nos Cambissolos descritos no Brasil, a média da CTC
no horizonte subsuperficial é de 8,5 cmolc dm-3(Cooper et al., 2005).

Pedologia
136 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Na região do extremo oeste do Estado, na direção da Serra do Divisor, encontram-se


pedoambientes totalmente distintos dos demais encontrados no Acre (Figura 11) e solos
com características de podzolização (Espodossolos), pobreza de nutrientes e baixa CTC
(Quadro 9), em razão da litologia arenítica predominante nesta área.

Figura 11. Bloco-diagrama da bacia do Moa e Serra do Divisor, extremo oeste do Acre, na divisa com
o Peru.

Quadro 9. Características químicas e físicas de três perfis de solos da Serra do Divisor, noroeste do Acre
pH Cor
Horizonte P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB T V m MOS Prem AG AF Sil Arg
H2O úmida

dag
------ mg dm-3 ----- ------------------- cmolc dm-3 ---------------------- ------ % ------ mg L-1 ----------- dag kg-1 -----------
cm kg-1

P1 – Espodossolo Ferrihumilúvico Órtico arênico – Floresta Ombrófila Densa Submontana com Bromélias – Ceja

O (40-0) 3,4 16,4 86 8,4 0 0,0 2,4 39,1 0,3 39,4 0,8 88,7 29,4 58,3 7,5YR 2/2 - - - -

A1(0-10) 3,7 5,3 29 0,0 0 0,0 1,1 13,5 0,1 13,6 0,7 91,4 2,9 54,1 10YR 2/1 57 32 7 4

E (10-35) 4,2 1,5 9 0,0 0 0,0 0,4 3,2 0,0 3,2 0,9 93,5 0,4 50,9 10YR 4/3 55 38 5 2

Bs (35-45) 4,5 0,9 5 0,0 0 0,0 0,7 8,6 0,1 8,7 0,8 91,1 0,8 26,7 10YR 5/4 60 33 3 4

Bhs (35-70) 4,7 1,4 4 0,0 0 0,0 1,1 19,7 0,0 19,7 0,2 97,2 2,9 6,8 10YR 2/1 55 31 5 9

CR (70-80+) 5,2 1,3 4 0,0 0 0,0 0,2 4,1 0,0 4,1 0,5 90,5 0,5 25,2 10YR 3/3 49 46 1 4

P2 – Organossolo Háplico Fíbrico típico – Floresta Ombrófila Densa Submontana

O (50-0) 3,7 15 217 3,4 0 0,1 2,1 31,2 0,6 31,8 2,0 76,4 31,8 57,5 7,5YR 2/2 - - - -

A1 (0-15) 4,2 4,1 60 0 0 0,1 1,2 13,4 0,2 13,6 1,5 85,3 13,6 34 10YR 2/2 61 29 2 8

C1 (15-70) 4,6 0,9 7 0 0 0,0 0,4 4,9 0,0 4,9 0,6 92,9 4,9 34,8 10YR2,5/2 72 24 3 1

C(h)2 (70-90) 5,0 2,1 6 0 0 0,0 0,4 8,1 0,0 8,1 0,5 91,5 8,1 16,5 10YR 2/2 81 12 3 4

P3 – Neossolo Litólico Distrófico fragmentário – Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras

O (10-0) 4,7 16 131 0,4 1 0,2 0,7 8,6 1,6 10,2 15,3 31,7 4,8 43,3 10YR 3/3 - - - -

A (0-5) 5,0 3,2 27 0 0 0,1 0,4 6,8 0,1 6,9 1,7 78,2 1,6 27,5 10YR 3/4 55 32 6 7

AC (5-15) 5,6 3,3 21 0 0 0,0 0,3 5,7 0,1 5,8 1,7 74,4 1,9 22,1 10YR 4/4 52 31 11 6

C1(15-35) 5,2 1,4 7 0 0 0,0 0,2 3,5 0,0 3,5 1,1 82,6 2,1 27,4 10YR 4/6 62 26 7 5

Fonte: Mendonça (2007).

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 137

Muito ainda se há para estudar sobre as paisagens acreanas que possuem solos muito
particulares que representam grandes desafios para uso sustentável e para a conservação
dos recursos naturais nesta região.

ILHAS DE SAVANA (RORAIMA, AMAPÁ, TIRIÓS,


HUMAITÁ E MONTE ALEGRE)

As maiores extensões de Savana na Amazônia ocorrem no extremo norte, no Estado


de Roraima, ocorrendo manchas também expressivas no Amapá (Tabuleiros Costeiros),
no Pará (Tiriós, Monte Alegre), no Amazonas (Humaitá) e na borda sul da Amazônia, em
contato com o Planalto Central.
As ilhas de Savana na Amazônia oferecem uma curiosa exceção na paisagem
predominantemente florestada da região e já foram interpretadas como relíquia de
coberturas abertas, outrora mais amplas.
Ocorrem sempre onde há alguma ampliação sensível do período de estiagem e
geralmente em áreas úmidas e baixas, mas com cinco ou mais meses secos. Tal défice
hídrico, bem como o excesso de precipitação no período chuvoso, marca essas Savanas
pelos extremos de seca e inundação, incomuns aos Cerrados do Planalto Central, quase
sempre bem-drenados.
Há diferenças marcantes entre as diferentes manchas, mas pode-se dizer, de
maneira geral, que são mais pobres floristicamente que os Cerrados do Planalto Central,
evidenciando-se muitas espécies bem-adaptadas ao fogo e hidromorfismo, condições
ecológicas que ainda hoje vigoram. São em geral Savanas inundáveis (Humaitá, Roraima,
Amapá) e sofrem muito com a pressão do fogo no período seco.
Em geral, a diversidade dos solos sob Cerrados (Savanas) de áreas de baixas altitudes
da Amazônia, com relevo em colinas e tabuleiros, variando de plano a suave ondulado, é
bem acentuada. Apresenta em geral solos muito pobres, Argissolos, sendo os dominantes os
Amarelos ou Vermelho-Amarelos, Latossolos Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos.
Os solos de Amapá e Roraima, por exemplo, possuem severas limitações químicas e
físicas, como coesão subsuperficial. Na parte setentrional das Savanas, no sopé da Serra do
Pacaraima, ocorrem depressões inundáveis em áreas planas e baixas, onde o lençol freático
aflora em parte do ano (hidromorfismo). Neste cenário transicional para o clima semiárido,
Planossolos Nátricos e Plintossolos, além de Gleissolos, são destacados. É a maior área
de solos acometidos por sódio em toda a Amazônia (Schaefer e Dalrymple, 1995). Nos
solos sob Cerrado de Roraima, contudo, há predomínio absoluto de Latossolos Amarelos,
Neossolos Quartzarênicos e Plintossolos, todos com tendência à fertilidade natural muito
baixa (Vale Jr e Schaefer, 2010).
A paisagem do Alto Rio Branco possui padrões considerados atípicos para a
Amazônia: zonas baixas de Cerrado (lavrado) e Cerrados com vegetação acatingada, com
cactáceas e acentuado défice hídrico, ladeando Florestas Submontanas Estacionais ou
Ombrófilas. É grande a heterogeneidade da paisagem, com número significativo de bacias
hidrográficas, independentes (bacias do Cotingo, Uailã, Maú, Quinô, Surumú, Uraricoera
e Tacutú), formadoras da bacia do alto rio Branco. Os solos sob Cerrado são mais coesos

Pedologia
138 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

subsuperficialmente, duros e menos permeáveis que os solos sob Floresta, na mesma área.
Sofrem também forte efeito da erosão laminar.
Em Roraima, a maior mancha de Cerrados da Amazônia apresenta várias feições de
vegetação savânica, ocorrendo também uma variação expressiva de solos, mesmo sob relevo
plano. Os solos são formados em sua maioria por sedimentos terciários e quaternários, com
ocorrência de Planossolos Nátricos, Plintossolos, Gleissolos, Neossolos Quartzarênicos,
Argissolos e Latossolos, predominando os dois últimos, com forte coesão subsuperficial
natural (Figura 12). Organossolos são raros e restritos às partes mal-drenadas de lagoas
temporárias de Veredas de Buritis.

Figura 12. Blocos-diagramas apresentando as relações entre solos e paisagens nas regiões de Savana
em Roraima. RY: Neossolo Flúvico; VG: Vertissolo Hidromórfico; FF: Plintossolo Pétrico; LA:
Latossolo Amarelo; PA: Argissolo Amarelo; PVA: Argissolo Vermelho-Amarelo; GX: Gleissolo
Háplico; LV: Latossolo Vermelho; q: psamítico; ve: argila de atividade alta e eutrófico; o: órtico;
c: concrecionário; dx: distrocoeso; d: distrófico; e b: argila de atividade baixa.
Fonte: Benedetti et al. (2001).

Em sua maioria, são solos de baixa fertilidade natural, com problemas de natureza
física (duros ou coesos em subsuperfície) naqueles de melhor fertilidade natural, e com
impedimento severo ao desenvolvimento radicular.
Na parte do extremo nordeste do Estado, em área de Savana sobre rochas vulcânicas
ácidas, encontram-se Planossolos Nátricos relativamente férteis (Quadro 10), mas com
desbalanço nutricional, estudados por Schaefer e Dalrymple (1995). Já ao longo das
margens dos rios Surumu, Tacutú, Maú e Uraricuera, há a predominância de Plintossolos,
que constituem as maiores áreas de produção de arroz do Estado, hoje descontinuada pela
criação da reserva indígena Raposa-Serra do Sol (Figura 13).

PEDOLOGIA
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 139

(a)

(b)

Figura 13. Bloco-diagrama de solos acometidos por sódio em Roraima (a);e foto destacando a
paisagem da região (b).

Quadro 10. Características químicas de perfis de solos acometidos por sódio na região do Surumú
pH Sat.
Hor. Ca 2+ Mg 2+ K+ Na + SB Al3+ H+ T V m C org.
H 2O KCl Na +

---------------------------------cmolc kg-1------------------------------------ ------- % -------- dag kg-1


Planossolo Nátrico
A 4,9 4,3 0,8 0,2 0,11 0,03 1,1 0,9 1,8 3,8 30 44 0,8 0,6
AE 4,9 4,3 0,3 0,1 0,15 0,02 0,6 0,5 0,9 2,0 29 47 1,0 0,6
Btn1 6,2 4,5 1,2 1,4 0,18 1,80 4,5 0,1 0,0 4,6 98 02 38 0,7
Planossolo Háplico Eutrófico
A 5,4 4,5 0,2 0,5 0,14 0,09 0,9 0,1 1,1 2,1 44 10 4,2 1,1
E 5,6 4,3 0,3 0,2 0,08 0,07 0,6 0,1 0,8 1,5 43 11 4,0 0,7
Btn1 6,5 4,9 1,0 0,7 0,16 0,30 2,1 0,0 0,5 2,6 81 - 10,9 0,6
Planossolo Háplico Eutrófico
A 5,6 4,2 1,1 0,8 0,10 0,1 2,1 0,3 1,6 4,0 52 13 2,5 1,3
Btn1 5,9 4,3 1,9 1,7 0,10 0,2 3,9 0,1 1,4 5,4 72 3 3,7 0,8
Btn2 6,2 4,5 2,5 2,0 0,10 0,25 4,8 0,1 1,1 6,0 80 3 4,1 0,7
Sat. Na+: saturação por Na+ no complexo de troca.
Fonte: Schaefer e Dalrymple (1995).

PEDOLOGIA
140 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

Os Argissolos Amarelos, Argissolos Acinzentados e Latossolos Amarelos encontrados


nas áreas centrais de Roraima não fogem dos padrões dos demais solos das Savanas do
Estado. São solos de baixa fertilidade natural e com problemas de natureza física (Figura
14). Neles, porém, verifica-secerta expansão de produção de grãos, como soja e milho,
fruticultura e cultivos de Acácia para caixotaria.
Em poucas manchas de rochas vulcânicas basálticas, encontram-se Latossolos
Vermelhos e Argissolos Vermelhos, todos normalmente bem mais férteis, apresentando
Savana de maior porte (Cerradão).

(a)

(b) (c)

Figura 14. Região de Savana (a) com Latossolo Amarelo (b) e Argissolo Amarelo (c), com problemas
de penetração de raízes de Acacia mangium.

PEDOLOGIA
III - Solos da Região Amazônica 141

Em termos de uso e manejo, são solos, em sua maioria, profundos, com horizonte
A fraco ou A moderado e teores de carbono orgânico baixos. Os Argissolos Amarelos e
Latossolos Amarelos apresentam-se muito duros (coesos), principalmente entre 20-50 cm
de profundidade, sendo uma das maiores limitações físicas ao uso com plantas perenes.
Possuem baixa fertilidade natural, com baixos valores de cátions trocáveis (Ca2+, Mg2+ e
K+), com Al3+ dominando o complexo de troca, embora com valores não superiores a 0,5
cmolckg-1 de solo (Quadros 11 e 12). O fósforo disponível é baixo, e a matéria orgânica,
principalmente pela ação constante do fogo e rápida mineralização, apresenta valores
inferiores a 2 %. São solos que requerem calagens e adubações para produzir de forma
satisfatória.
Os solos da área possuem relevo plano ou suave ondulado, favorável à mecanização;
em sua maioria, são bem-drenados, profundos, apesar da baixa fertilidade natural e
elevada acidez. A presença de horizonte subsuperficial coeso torna estes solos bastante
endurecidos, quando secos e durante o período chuvoso; e a infiltração de água é reduzida,
gerando um gradiente que os torna bastante suscetíveis à erosão, principalmente laminar,
mesmo em declives suavizados, bastando uma pequena inclinação para que as perdas por
erosão sejam incrementadas.

Quadro 11. Características químicas e físicas de dois perfis de solos sob Cerrado em Roraima
pH Cor
Horizontes P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al T V m MOS ∆pH Areia Silte Argila
H2O úmida

cm mg kg-1 cmolc kg-1 -------%------ dag Kg-1 ---------- dag Kg-1----------

LAdx - Latossolo Amarelo Distrocoeso - Roraima

10YR
A (0-12) 4,6 0,45 0,06 0,00 0,08 0,02 0,75 2,39 2,55 6,3 82 0,93 -0,5 66 9 25
4/3

10YR
AB (12-27) 4,8 0,21 0.03 0,00 0,02 0,06 0,72 2,06 2,17 5,1 87 0,84 -0,5 62 7 31
4/3

10YR
BA (27- 40) 4,9 0,15 0,08 0,00 0,02 0,06 0,71 1,90 2,06 7,8 82 0,59 -0,6 58 8 34
4/4

7,5YR
Bw1 (40-70) 5,0 0,09 0,00 0,00 0,01 0,01 0,67 2,23 2,25 0,9 97 0,55 -0,6 49 15 36
6/8

7,5YR
Bw2 (70-125) 5,2 0,06 0,01 0,00 0,01 0,05 0,53 1,98 2,05 3,4 88 0,49 -0,8 50 22 28
6/8

LVd - Latossolo Vermelho Distrófico - Roraima

5YR
A (0-10) 5,5 0,60 0,01 0,00 0,83 0,19 0,00 1,73 2,76 37,3 0,00 0,88 -0,9 75 8 17
4/3

5YR
AB (10-32) 5,1 0,54 0,01 0,00 0,11 0,02 0,54 1,98 2,12 6,6 79 0,65 -0,7 68 9 23
4/4

2,5YR
Bw1 (32-72) 5,1 0,09 0,01 0,00 0,07 0,06 0,47 1,82 1,96 7,1 77 0,52 -0,6 67 10 23
4/6

2,5YR
Bw2 (72-115) 5,2 0,06 0,04 0,00 0,11 0,02 0,33 1,90 2,07 8,2 66 0,53 -,07 65 7 28
4/6

2,5YR
Bw3 (115- 180) 5,0 0,09 0,01 0,00 0,11 0,05 0,30 2,06 2,23 7,6 64 0,43 -0,5 64 9 27
4/6

Pedologia
142 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 12. Características químicos dos solos nos segmentos de vertentes inseridos nas superfícies
geomórficas em uma topossequência de transição várzea/terra firme na região sul do Amazonas
Hor. Prof. pH pH ∆pH C org P Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Al3+ H+Al SB CTC V m

H2O KCl

cm g kg-1 mg kg-1 ----------------------------------- cmolc kg-1 ----------------------------------- ------ %------

Latossolo Amarelo Alumínico típico, textura argilosa, A moderado

A 0-16 4,6 4,2 -0,4 13,8 0,9 0,1 0,1 0,1 0,0 4,4 12,4 0,3 12,7 2 94

AB 16-30 5,0 4,1 -0,9 7,1 0,7 0,1 0,1 0,0 0,0 5,1 13,2 0,2 13,4 2 96

BA 30-48 4,5 4,1 -0,4 5,3 0,4 0,1 0,0 0,0 0,0 5,4 12,7 0,2 13,0 2 96

Bw1 48-79 4,6 3,9 -0,7 4,3 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 5,5 11,9 0,3 12,2 2 95

Bw2 79-115 5,3 4,4 -0,9 3,7 0,2 0,2 0,0 0,0 0,0 6,1 11,9 0,3 12,2 3 95

Bw3 115-149 4,5 4,3 -0,2 3,5 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 6,2 12,4 0,2 12,7 2 96

Bw4 149-180 4,7 4,1 -0,6 3,0 0,1 0,2 0,0 0,0 0,0 6,4 11,9 0,3 12,2 3 95

Latossolo Amarelo Distrófico plíntico, textura muito argilosa, A moderado

A 0 -13 4,3 3,9 -0,4 21,6 3,2 0,5 0,2 0,1 0,1 1,7 8,4 1,0 9,5 11 62

AB 13-30 4,5 3,9 -0,6 13,8 0,6 0,7 0,3 0,0 0,1 1,5 8,4 1,2 9,7 13 54

BA 30-44 4,5 3,8 -0,7 5,4 0,0 0,6 0,2 0,0 0,1 1,4 4,6 1,0 5,7 19 56

Bw 44-70 4,3 3,7 -0,6 3,9 0,2 0,7 0,2 0,0 0,1 1,7 3,7 1,1 4,8 24 59

Bwf1 70-96 4,4 3,8 -0,6 5,4 0,1 0,4 0,2 0,0 0,1 1,8 4,3 0,8 5,2 17 67

Bwf2 96-124 4,5 3,8 -0,7 3,3 0,0 0,5 0,3 0,0 0,1 1,9 5,2 1,0 6,3 17 64

Bwf3 124-190 4,6 3,9 -0,7 1,3 0,2 0,1 0,2 0,1 0,1 1,8 4,9 0,5 5,5 11 75

Latossolo Amarelo Distrófico argissólico, textura média/argilosa, A moderado

0 -10
Ap 4,0 3,5 -0,5 12,7 7,0 0,7 0,5 0,1 0,2 1,4 7,5 1,6 9,2 18 46

BA 10-30 4,2 3,6 -0,6 9,0 2,1 0,7 0,3 0,1 0,2 1,9 6,4 1,3 7,8 17 58

Bw1 30-55 4,8 3,6 -1,2 4,5 1,1 0,5 0,2 0,0 0,1 1,9 6,2 0,9 7,2 13 66

Bw2 55-94 4,9 3,6 -1,3 3,1 0,7 0,4 0,3 0,0 0,1 2,2 5,9 0,9 6,8 13 70

Bw3 94-136 4,8 3,8 -1,0 1,7 0,7 0,2 0,3 0,0 0,1 1,2 3,0 0,8 3,8 22 59

2BC 136 + 4,9 3,9 -1,0 1,4 1,0 0,3 0,2 0,0 0,1 1,1 2,2 0,6 2,9 24 61

PLANALTOS E SERRAS DE RORAIMA

Os Planaltos e Serras de Roraima formam um arco montanhoso de rochas


mesoproterozoicas, horizontalizadas, dominantemente quartzíticas e vulcânicas ácidas que
repousam sobre o Cráton, ao longo dos divisores das bacias dos rios Amazonas e Orenoco.
No conjunto, é considerada uma das regiões menos exploradas e conhecidas da Amazônia.
Dado o isolamento e a existência de duas grandes Reservas Indígenas (Raposa-Serra do
Sol e Ianomâmi), as regiões montanhosas de Roraima são também das regiões menos
conhecidas pedologicamente do Brasil, apesar da enorme diversidade de pedoambientes
encontrada. Além do Projeto RADAMBRASIL, apenas poucos estudos foram realizados
até hoje na região, como os de Schaefer (1991), Melo et al. (2006, 2010), em que se baseia
este item do capítulo.
Neste setor, predominam osArgissolos Vermelho-Amarelos, com 46 % da área,
e os Latossolos, com 25  %. Já os Neossolos Litólicos ocupam significativos 21 %. Um

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 143

corte esquemático do relevo, dos solos e da geologia ao longo da Serra de Pacaraíma é


apresentado a seguir (Figura 15).

Figura 15. Detalhes do relevo, dos solos e da geologia ao longo da Serra de Pacaraíma. RL: Neossolo
Litólico; CX: Cambissolo Háplico; LVA: Latossolo Vermelho-Amarelo; d: distrófico; e a:
alumínico.
Fonte: Schaefer e Dalrymple (1995).

As áreas de terras indígenas, ao norte, oeste e nordeste de Roraima, ocupam dois


macroambientes, em mosaico de áreas montanhosas com Florestas e Savanas de altitude,
com ecossistemas muito singulares e com os mais elevados graus de endemismo botânico
já constatado no mundo. Predominam ali os metarenitos e quartzitos, além de rochas
vulcânicas ácidas, condicionando solos muito pobres em nutrientes e rasos.
Na parte mais ao nordeste, sob domínio de rochas metareníticas do grupo Roraima,
região habitada pelos povos indígenas Ingarikós, há uma predominância de solos rasos,
cascalhentos e pedregosos, de acentuada baixa fertilidade natural, representados por
Cambissolos, Argissolos Vermelho-Amarelos e Neossolos Litólicos.
A agricultura caracteriza-se por sistemas de roça com a prática de derruba e queima
dos poucos terraços fluviais existentes, com abandono das áreas para pousio, após dois
anos de cultivo. Em muitos casos, a recuperação destas áreas, com o retorno da vegetação,
torna-se difícil. Surgem dessa forma, alguns campos no meio da área de floresta. Os poucos
afloramentos esparsos de rochas básicas, identificados por manchas de florestas, são
preferidos pelos Ingarikós para suas roças.
As características físicas dos solos variam em profundidade, a depender do tipo
de solo, relevo e material de origem. Podem-se encontrar solos com textura franca na
superfície, que se torna muito argilosa em subsuperfície, com valores elevados de silte.
Os melhores solos da região montanhosa estão situados próximos à Maloca do Flechal,
com índios Macuxi, onde ocorrem as mais extensas áreas de afloramentos de rochas
máficas no norte da Amazônia, formando um “sill” de grande extensão, da Venezuela
até a Guiana. Estes solos, por possuírem melhor fertilidade natural, podem suportar uma
pressão de uso por um período de tempo maior, quando comparados com outros solos do
Estado, e assim representam um espaço crucial para a subsistência dos índios. Contudo,
outras limitações são verificadas nestes solos, como: pouca água e reduzida profundidade
efetiva, relevo muito inclinado, presença de matações rochosos e baixos teores de fósforo
disponível no solo.
A exemplo de outras áreas com rochas básicas da Amazônia, ocorrem
predominantemente Nitossolos e Argissolos Vermelhos, e mesmo Chernossolos, todos de

PEDOLOGIA
144 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

boa fertilidade natural, mas com sérios problemas de erosão. Tais solos foram caracterizados
pioneiramente por Schaefer (1991) e mais detalhadamente estudados por Melo et al. (2010),
cujos resultados estão sumarizados no quadros 13.

Quadro 13. Características químicas de solos derivados de rochas máficas da região de Savana de
alta altitude, região do Uiramutã, Flechal
pH
Hor. C org. Al3+ H+Al Ca2+ Mg2+ K+ Na+ SB T V m P
H2O

dag kg -1 -----
------------------------------------- cmolc kg ------------------------------------------
-1
--------% ---------- mg kg-1

NVe – Nitossolo Vermelho Eutrófico


Ap 5,7 2,46 0,05 6,87 2,63 2,48 0,10 0,13 5,23 12,21 43 1 0,96

Bt1 5,5 1,56 0,27 5,66 1,21 0,98 0,03 0,05 2,27 7,93 28 11 0,77

Bt2 5,9 0,93 0 2,20 1,03 0,91 0,01 0,03 4,18 6,38 65 0 0,72

MEo – Chernossolo Ebânico Órtico


Ap 6,1 2,38 0 4,34 6,87 3,16 0,15 0,32 10,50 14,84 71 0 2,50

Bt1 6,1 1,72 0,05 4,51 5,01 2,38 0,13 0,18 7,70 12,21 63 1 1,46

Bt2 6,2 1,42 0,05 3,57 5,80 2,62 0,05 0,09 8,56 12,13 71 1 1,01

MEo – Chernossolo Ebânico Órtico


Ap 6,8 1,53 0,05 2,75 8,69 2,79 0,05 0,11 11,60 14,39 81 0 1,33

Bt1 7,2 1,08 0 2,09 9,05 0,30 0,04 0,11 9,50 11,59 82 0 1,25

Bt2 7,3 0,95 0 1,54 9,21 0,00 0,05 0,12 9,38 10,92 86 0 1,44

MEov – Chernossolo Ebânico Órticovértico


Ap 7,0 2,06 0 2,53 9,31 0,04 0,05 0,09 9,49 12,02 79 0 1,16

Bi1 7,3 0,69 0 1,37 8,50 0,08 0,07 0,14 8,79 10,16 86 0 1,46

Bi2 7,4 0,37 0 1,43 12,7 0,06 0,05 0,11 12,91 14,34 90 0 1,39

MTo – Chernossolo Argilúvico Órtico


Ap 6,5 1,93 0 3,24 6,75 0,37 0,04 0,07 7,23 10,47 69 0 1,22

Bi1 7,3 0,59 0 1,48 7,44 0,46 0,03 0,08 8,01 9,49 84 0 1,26

Bi2 7,8 0,37 0 0,71 7,31 0,00 0,03 0,09 7,43 8,14 91 0 1,08

LVAdf – Latossolo Vermelho-Amarelo Distróférrico


Ap 5,4 2,46 0,5 6,60 0,00 0,49 0,11 0,14 0,74 7,34 10 40 1,48

Bw1 4,3 2,25 0,5 8,52 0,00 0,50 0,04 0,04 0,52 9,1 06 49 0,53
Fonte: Schaefer (1991) e Melo et al. (2010).

Chernossolos são pouco expressivos, mas intensamente utilizados na área indígena.


Neles, o cálcio trocável predomina no complexo sortido, com teores elevados. Já o potássio
trocável e o fósforo disponível são baixos para todos os solos. Os baixos valores de fósforo
disponível nos solos de Roraima, como um todo, relacionam-se à pobreza das rochas em
minerais como a apatita.
Principalmente nos Chernossolos e Cambissolos eutróficos, a alta relação silte/argila
indica maior reserva de nutriente e baixo grau de evolução pedogenética. Os solos derivados
de rochas máficas possuem textura argilosa, com valores baixos de areia, mineralogia
relacionada à da rocha matriz de composição ferromagnesiana, com pouco quartzo. Entre
todos os solos, os maiores valores de argila são encontrados nos Latossolos e Nitossolos,
denotando maior grau de intemperismo. A estrutura dos solos varia bastante, incluindo

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 145

blocos subangulares pequenos nos Nitossolos, blocos angulares médios a grandes nos
Chernossolos e muito pequena granular nos Latossolos. O relevo movimentado da região
indica a possibilidade de grandes variações de solos em curtas distâncias. Os Nitossolos,
em decorrência do relevo forte ondulado e do menor grau de floculação, favorecem as
perdas de argila do horizonte superficial, ocasionando a existência de solos erodidos.
Atualmente, a conservação destas áreas está condicionada à pressão populacional
indígena local, que se limita a explorar apenas as partes mais favoráveis e rebaixadas, ao
longo dos vales drenados por pequenos cursos d’água, às vezes intermitentes. As áreas
mais acidentadas e isoladas são ocupadas por pastagem natural, suportando constante uso
do fogo, ou sem qualquer uso. Há sérias limitações da capacidade de suporte dos solos da
região, mesmo para populações indígenas.
Em razão das variações climáticas ocorridas na Amazônia ao longo do Quaternário,
o nordeste de Roraima experimentou a passagem de um clima semiárido pretérito, para
condições de precipitação mais acentuada, nos dias atuais, o que favoreceu o avanço do
intemperismo químico e os processos de erosão hídrica, contribuindo para maiores riscos
de degradação dos solos nas áreas de relevo mais acidentado. Estes processos podem
adquirir características irreversíveis, caso estes solos sejam manejados inadequadamente.
Tal fato é comum, mesmo em áreas indígenas.
Nas demais áreas montanhosas ou serranas, sem influência de material máfico,
predominam solos de fertilidade natural muito baixa: Argissolos Vermelho-Amarelos,
Neossolos Litólicos, Neossolos Quartzarênicos e Cambissolos Háplicos, todos distróficos,
derivados de rochas vulcânicas ácidas ou de arenitos, e apresentando alta suscetibilidade
à erosão hídrica (Figuras 15 e16; Quadro 14).

(a) (b) (c)

Figura 16. Variabilidade de solos em três perfis desenvolvidos de rochas vulcânicas ácidas (a)
Planossolo Nátrico em pediplano inundável) e de diques máficos (b) Chernossolo Argilúvico
em meia encosta e (c) Nitossolo Vermelho em topo de colina), todos localizados na Serra de
Pacaraíma, em Roraima.

PEDOLOGIA
146 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 14. Características químicas e físicas de três perfis de solos desenvolvidos de rochas
vulcânicas ácidas da Serra de Pacaraíma
pH Cor
Horizonte P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al T V m MOS ∆pH Areia Silte Argila
H2O úmida

(cm) mg dm-3 --------------------------------cmolc dm-3 ------------------------------- ------%----- dag kg-1 --------- dag Kg-1 ----------

LVAd - Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico típico

7,5YR
Ap (0-20cm) 3,8 0,7 0,05 0,13 0,4 0,2 3,6 4,2 4,98 15,6 82,1 6,63 -0,3 13 40 47
5/8

7,5YR
BA (20-50cm) 4 0,5 0,02 0,09 0,1 0 4,5 5,1 5,41 5,7 93,5 2,2 -0,7 13 40 47
6/8

7,5YR
Bw1 (50-80cm) 3,9 0,8 0,03 0,05 0,1 0,1 4,7 5,4 5,58 3,2 96,3 2,19 -0,5 13 45 42
7/6

7,5YR
Bw2 (80-110cm) 3,9 0,3 0 0,4 0,1 0 4,5 4,8 5,3 9,4 90 2,34 -0,4 13 53 34
6/6

7,5YR
Bw3 (110-140cm) 3,9 0,2 0 0,34 0,1 0 5 5,5 5,94 7,4 91,9 2,2 -0,5 13 42 45
7/6

7,5YR
BC1 (140-170cm) 4 0 0 0,28 0,1 0,1 3,6 4,2 4,69 10,4 88 2,55 -0,5 12 41 47
6/8

7,5YR
BC2 (170-220cm) 4 0,2 0,01 0,2 0,1 0,1 4 4,1 4,51 9 90,7 2,55 -0,4 19 37 44
6/8

7,5YR
Cr (220-250cm) 4,3 0,5 0,01 0,08 0 0 3,8 4,3 4,39 2 97,6 1,32 -0,3 5 52 41
5/8

CXa - Cambissolo Háplico Alumínico típico

10YR
A (0-8cm) 5,1 1,2 0,26 0,02 1,5 0,8 0,6 3,9 6,48 39,8 18,8 5,4 -1,3 24 40 36
5/6

10YR
Bi (8-40cm) 4,3 0,5 0,13 0,03 0 0,1 1,7 3,9 4,16 6,2 86,7 3,1 -0,3 24 36 40
7/6

10YR
BC (40-50cm) 4,3 0,3 0,21 0,33 0,1 0,1 1 3 3,74 19,7 57,4 2,1 0 34 39 27
7/8

2,5YR
Cr1 (50-160cm) 4,9 0,2 0,01 0,47 0,1 0,1 0,4 1,5 2,14 29,9 38,4 1,5 -0,5 30 40 30
7/8

2,5YR
Cr2 (160-220cm) 5,1 0,2 0,01 0,5 0,1 0,1 1,6 2,4 3,11 22,8 69,2 1,9 -1,1 23 34 43
7/8

RLd - Neossolo Litólico Distrófico

10YR
A (0-20cm) 3,8 0,22 0,15 0,04 0,05 0,24 5,12 11,5 11,98 4 91 2,76 -0,7 34 51 15
5/2

10YR
AC (20-40cm) 4,2 0,16 0,15 0,03 0,02 0,09 4,92 7,97 7,97 2 98 1,35 -0,7 45 40 15
5/3

Fonte: Vale Jr. e Schaefer (2000).

Nas áreas montanhosas úmidas da Serra de Pacaraíma (fronteira com a Venezuela),


predominam Cambissolos Háplicos Distróficos, Neossolos Litólicos e Plintossolos,
associados a um domínio de rochas vulcânicas ácidas ou metarenitos. Os Cambissolos
evidenciam erosão particularmente forte. Em alguns casos, os processos erosivos estão
bastante acentuados, com voçorocas de grandes dimensões, que podem ser vistas da estrada
que liga Santa Helena a Boa Vista. Observações de campo permitem fazer inferências do
avanço dos impactos negativos de algumas ações humanas nas áreas montanhosas, como:
garimpagem em áreas ao longo dos cursos d’água e agricultura itinerante com pousios
excessivamente curtos.
A queima da vegetação nativa de campos e matas da região, efetuada por índios
ou colonos, para suas roças ou para renovação das pastagens, é o mecanismo em que os
solos se degradam, com acentuada perda de matéria orgânica. Este sistema reflete uma

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 147

prática muito antiga e generalizada de uso dos solos na região, culminando na redução da
capacidade de suporte das áreas, mesmo aquelas de melhor fertilidade natural.

PLANALTOS DISSECADOS SOBRE ROCHAS


CRISTALINAS

Corresponde aos pedoambientes de solos desenvolvidos das rochas cristalinas do


Cráton amazônico. Neste setor, encontra-se o mais amplo espaço tropical úmido em relevo
dissecado e baixo, em geral suave ondulado a ondulado, em todo o Brasil. Residuais
tabulares ocorrem em certos setores sob influência de coberturas sedimentares de topo,
descontínuas.
Os Argissolos-Vermelho Amarelos dominam amplamente este setor, com mais de
62  % da área, enquanto os Latossolos Vermelho-Amarelos cobrem quase 30  % do total
mapeado.
Abrange dois tipos principais de rochas, predominantemente granítico-gnáissicas,
do Embasamento Cristalino. O tipo dominante é formado de rochas ácidas, ortognaisses,
granitos e migmatitos, nas margens esquerda e direita do Amazonas. Compreende boa parte
dos terços médios e superiores das bacias dos seus afluentes Trombetas, Paru, Nhamundá,
Maecuru e Jari, e parte da bacia do rio Branco, na margem esquerda. Na margem direita,
abrange a maior parte do setor médio das bacias do Madeira, Tapajós, Xingu e Tocantins.
Quase todo o relevo desta área constitui um amplo planalto dissecado, elaborado dos
fins do Terciário ao Recente, com modelados colinosos ou tabulares, e com abundantes
crostas ferruginosas nos topos. Este planalto situado nos terços médios das bacias afluentes
do rio Amazonas, tanto na margem esquerda quanto na direita, está localizado a montante
dos residuais de Tabuleiros da Formação Altér do Chão e acima (hidrograficamente) dos
afloramentos das cuestas de rochas Paleozoicas da bacia do Amazonas, nos dois flancos
desta bacia.
Acima destas cuestas, que expõem os flancos da grande sinclinal Paleozóica, formam-
se duas grandes unidades de relevo: uma Depressão Periférica, que se estende do sul do
Pará ao norte do Mato Grosso, e um típico Planalto Rebaixado de grandes dimensões, cujos
topos mais elevados e tabulares são mantidos por Latossolos profundos, enquanto as áreas
mais dissecadas possuem também Argissolos nos terços médios e inferiores das vertentes.
Trata-se de um relevo baixo, com cotas entre 80 e 400 m, esculpido em rochas Pré-
Cambrianas de grau metamórfico elevado, dobradas e limitado por Planaltos e Serras
Residuais, adentrando e subindo gradativamente dentro destes sistemas montanhosos.
Em alguns setores mais rejuvenescidos pela erosão, podem-se encontrar Cambissolos ou
Plintossolos, nas áreas onde afloram couraças lateríticas. Desníveis que formam patamares
deslocados são comuns, com rebordos erosivos e topos conservados, sob forte controle geológico-
estrutural, sugerindo a existência de um relevo do tipo clássico dobrado “apalacheano”.
A retomada erosiva expôs os núcleos de rochas ígneas mais resistentes, como
residuais do Embasamento Cristalino, ou deixou os fundos de sinclinais das rochas
metassedimentares alçados, formando diversas pequenas mesas que preservam a antiga

Pedologia
148 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

superfície pediplanada, limitada por rebordos erosivos e interrompida por trechos de


relevo dissecado (domínio dos Argissolos).
Os solos, em sua grande maioria, são bem-drenados, com hidromorfismo ocorrendo
apenas nos fundos dos vales, onde ocorrem Gleissolos. A acidez pronunciada, o extremo
intemperismo químico e a natureza em geral quimicamente pobre das rochas favorecem
um quadro pedológico desfavorável, com ampla dominância de Latossolos e Argissolos,
Amarelos e Vermelho-Amarelos (Quadro 15).

Quadro 15. Características químicas e físicas de solos selecionados nos Planaltos Cristalinos da
Amazônia
Horizonte pH Cor úmida
P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ T V m CO AG AF Sil Arg
H2O

(cm) mg dm-3 -------------------------------- cmolc dm-3 -------------------------- ---- % --- dag kg-1 -------- dag mf dm-3 kg-1 ------

P1- Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico textura muito argilosa

A1 (0-5) 4,1 0,65 0,09 0,03 0,08 0,12 2,8 6,11 9,23 3 89 1,66 10YR 5/4 30 11 17 42

AB (5-20) 3,8 0,27 0,05 0,02 0,03 0,06 2,8 3,8 6,76 2 94 1,11 10YR 5/6 22 11 14 53

Bw1 (20-50) 4,3 0,16 0,03 0,03 0,02 0,03 2 2,95 5,06 2 94 0,72 10YR 5/8 16 8 13 63

Bw2 (50-130) 4,9 0,11 0,03 0,03 0,03 0.02 1,2 2,43 3,74 3 91 0,31 7,5YR 5/8 18 8 10 64

P2- Latossolo Amarelo Distrófico textura argilosa

A1 (0-20) 4,8 0,16 0,03 0,03 0,04 0,1 3,2 5,71 9,11 2 94 1,44 8,5YR 4/4 franco-argilo-arenosa

AB (20-40) 4,7 0,11 0,02 0,02 0,03 0,08 1,8 2,98 4,93 3 92 0,76 8YR 5/6 argila

Bw1 (40-90) 4,5 0,11 0,02 0,01 0,03 0,06 1,6 2,19 3,91 3 93 0,48 7,5R 5/7 argila

Bw2 (90-150) 4,7 0,11 0,01 0,01 0,03 0,07 1,6 1,14 2,26 5 93 0,18 5YR 5/7 argila

P3 – Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico A moderado textura muito argilosa

A1 (0-10) 4,5 0,1 0,07 0,06 0,03 0,09 2 7,73 9,98 3 89 2,66 10Y5 5/6 23 3 28 46

AB (10-20) 4,1 0,11 0,04 0,03 0,02 0,03 1,4 3,88 5,4 2 92 1,25 7,5YR 6/6 20 3 26 51

BA (20-35) 4,6 0,11 0,04 0,02 0,02 0,01 1 2,63 3,72 2 92 0,69 7,5YR 6/8 17 4 16 63

Bt1 (35-50) 5 0,11 0,03 0,02 0,01 0,01 0,8 1,51 2,38 3 93 0,36 5YR 6/8 17 4 12 67

Bt2 (50-75+) 4,9 0,11 0,03 0,01 0,01 0,01 0,6 1,71 2,37 3 91 0,41 5YR 6/8 19 4 12 65

P4- Argissolo Vermelho Eutrófico A moderado textura argilosa

Ap (0-7) 5,5 0,11 0,19 0,05 5,62 1,56 0 4,62 12,04 62 0 1,18 2,5YR 4/4 10 9 45 36

BA (7-19) 5,06 0,11 0,1 0,04 5,06 1,11 0 3,96 10,27 61 0 0,73 2,5YR 3/6 9 6 45 40

Bt1 (19-55) 5,87 0,11 0,04 0,03 5,87 1,7 0 3,63 11,27 68 0 0,43 2,5YR 3/6 2 4 32 62

Bt2 (55-95) 5,56 0,11 0,03 0,03 5,57 2,06 0 3,13 10,81 71 0 0,27 2,5YR 3/6 0 3 37 60

BC (95-130) 5,62 0,16 0,03 0,03 5,62 2,79 0 2,8 11,27 75 0 0,2 2,5YR 3/6 1 5 40 54

Fonte: Folhas Tapajós (RADAMBRASIL, 1975b) e Santarém (RADAMBRASIL, 1976b) do Projeto RADAMBRASIL; a nomenclatura
dos horizontes foi atualizada

O segundo tipo é formado por rochas básicas ou intermediárias, diabásios,


granodioritos e dioritos e tem condições químicas bem melhores que o grupo anterior,
apesar do intemperismo igualmente pronunciado. Na bacia do Xingu, ocorrem muitos
setores com rochas básicas, especialmente em torno de Altamira.

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 149

PLANALTOS E SERRAS DE RONDÔNIA

Correspondem às áreas mais elevadas e dissecadas de Rondônia, associadas à presença


do Embasamento Cristalino e da faixa móvel rondoniense, soerguidas ao longo de falhas
reativadas no Cenozoico, semiparalelas aos Andes bolivianos. Neste setor, predominam-se
os Argissolos com 47 % da área (Vermelhos e Vermelho-Amarelos em igual proporção).
Para facilitar o entendimento da variabilidade pedológica nos planaltos e terras altas de
Rondônia, elaborou-se um corte esquemático, que serve de moldura geral à discussão que
segue (Figura 17).

Figura 17. Corte esquemático do relevo, solos e geologia nos Planaltos e nas Serras de Rondônia,
do Rio Madeira ao Pacaás Novos. LA: Latossolo Amarelo; AR: Afloramentos de Rochas; RL:
Neossolo Litólico; PV: Argissolo Vermelho; LVA:Latossolo Vermelho-Amarelo; d: distrófico; e
e: eutrófico (desenho de C. Schaefer).

Os rios Madeira e Guaporé, como principais troncos coletores das águas e responsáveis
pelo nível de base local da erosão e modelamento superficial da região, possuem um caráter
duplo ou misto de sedimentação, pois têm cabeceiras tanto em rios que drenam áreas dos
Andes quanto outros que descem do Planalto brasileiro. A carga sedimentar variada entre
as fontes geológicas diversas (muito jovens e muito antigas) os torna rios rondonenses
singulares em toda a bacia amazônica, como rios de sedimentação mista.
Do rio Madeira, sobe-se gradativamente até a Serra dos Pacaás-Novos, com a passagem
sucessiva de um antigo sistema deposicional do Pleistoceno (mais amplo) e Holoceno
(menos extenso) até alcançar áreas elevadas onde os processos erosivos são dominantes.
As dimensões muito amplas da Planície Fluvial do Madeira e Guaporé já revelam uma
maior extensão pretérita da sedimentação no Quaternário, inclusive na base da serra dos
Pacaás Novos, em condições de extenso alagamento (planície de inundação).
De maneira muito genérica, podem-se definir seis zonas pedológicas principais,
segundo uma sequência ao mesmo tempo topográfica e litológica, da parte superior da
Serra do Pacaás Novos, ao Rio Madeira, representada nas características das classes de solo
no quadro 16 e figura 17.

Pedologia
150 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 16. Características químicas e físicas de perfis de solos selecionados dos Planaltos de Rondônia*
Horizonte pH Cor
P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al T V m MOs Prem ∆pH AG AF Sil Arg
H 2O úmida

(cm) mg dm -3
-------------------------------cmolc dm -----------------------------
-3
------%---- dag kg -1
mg L
-1
---------- dag kg ----------
-1

P1-Terra Roxa Estruturada Eutrófica A moderado textura argilosa.

A1 (0-10) 5,6 0,13 0,37 0,02 5,60 0,94 0,00 2,31 9,24 75 0 2,86 - - 0,5 5YR 3/4 15 16 28 41

AB (10-25) 5,0 0,11 0,21 0,02 3,70 0,47 0,00 1,81 6,21 71 0 1,39 - - 0,4 5YR 4/6 13 15 23 49

Bt1 (25-40) 5,1 0,11 0,12 0,02 2,80 0,60 0,00 1,32 4,86 73 0 1,03 - - 0,6 5YR 4/6 10 13 21 56

Bt1 (40-60) 5,0 0,11 0,08 0,02 1,70 0,61 0,00 1,15 3,57 68 0 0,76 - - 0,3 5YR 4/8 9 9 23 59

Bt2 (60-80) 4,8 0,11 0,07 0,02 1,20 0,92 0,00 1,32 3,53 63 0 0,57 - - 0,5 5YR 4/8 9 9 22 60

P2- Terra Roxa Estruturada Distrófica A moderado textura muito argilosa

10R
A1 (0-20) 5,3 7 0,19 0,01 5,4 1,1 0,0 6,6 13,3 50 0 3,46 - - 0,5 18 11 18 52
3/3,5

AB (20-40) 5,1 5 0,09 0,01 2,1 0,6 0,1 5,7 8,6 33 3 2,12 - - 0,5 10R 3/4 12 11 12 63

BA (40-60) 5,1 8 0,06 0,01 1,0 0,1 0,2 5,3 6,7 18 14 1,25 - - 0,6 10R 3/5 13 10 13 65

Bt1 (60-90) 5,1 16 0,05 0,01 0,7 0,7 0,1 4,5 5,4 15 11 0,64 - - 0,9 10R 3/6 12 10 12 64

Bt2 (90-
5,6 17 0,03 0,01 0,7 0,7 0,1 4,5 5,3 13 13 0,53 - - 0,9 10R 3/6 12 11 12 63
130)

Bt3 (130-
5,6 18 0,03 0,01 0,7 0,7 0,1 4,1 4,9 14 13 0,48 - - 0,8 10R 3/6 11 11 11 64
160)

P3 – Latossolo Vermelho-Escuro Álico cascaIhento A moderado textura muito argilosa

A1 (0-10) 4,0 0,11 0,15 0,03 0,09 0,15 2,60 8,58 9,00 5 86 2,26 - - 0,4 5Y5 3/3 20 8 12 60

AB (10-30) 4,0 0,11 0,07 0,05 0,05 0,07 1,80 5,94 6,17 4 87 1,87 - - 0,5 5YR 4/4 13 8 12 67

Bw1
4,3 0,11 0,03 0,02 0,05 0,03 1,00 3,63 3,76 3 88 0,58 - - 0,3 4YR 4/6 13 7 9 71
(30-70)

Bw1 (70-
4,6 0,11 0,03 0,02 0,04 0,02 0,60 2,97 3,08 4 85 0,67 - - 0,3 4YR 4/6 12 7 9 72
110)

Bw2 (110- 2,5YR


4,6 0,11 0,03 0,3 0,04 0,02 0,00 1,81 1,93 6 0 0,30 - - 0,2 11 8 9 72
170) 4/6

P4- Solo Concrecionário Laterítico Distrófico com B textural argila de atividade baixa A moderado textura argilosa

Ac (0-10) 4,1 0,43 0,13 0,03 12,00 0,68 0,60 5,28 18,12 71 4 2,48 - - 0,2 9YR 4/4 23 21 17 39

7,5YR
Bt1 (10-30) 4,1 0,11 0,06 0,03 0,65 0,28 0,80 4,,12 5,14 20 4 1,47 - 22 18 15 45
- 0,2 5/6

Bt2 (30-
4,6 0,11 0,04 0,03 0,85 0,17 0,00 2,14 3,23 34 0 1,00 - 5YR 5/8 16 15 12 57
60+) - 0,2

P5- Cambissolo Tropical Álico argila de atividade baixa A moderado textura argilosa

A1 (0-10) 3,6 1 0,08 0,01 0,2 0,2 6,3 13,1 13,5 2 95 2,71 - - 0,1 5YR 4/6 3 5 43 17

AB (10-20) 3,8 1 0,06 0,03 0,1 0,1 5,1 9,9 10,1 2 96 2,22 - - 0,2 5YR 5/6 3 5 44 30

Bi (20-40) 3,9 1 0,05 0,01 0,1 0,1 5,0 9,5 9,7 2 96 1,84 - - 0,2 5YR 5/8 3 5 44 42

C (40-50) 4,3 1 0,06 0,05 0,2 0,2 3,2 6,5 6,8 4 91 0,91 - - 0,6 5YR 5/4 4 6 51 35

Continua...

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 151

Quadro 16: Cont.


Horizonte pH Cor
P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al T V m MOs Prem ∆pH AG AF Sil Arg
H2O úmida

(cm) mg dm-3 ------------------------------cmolc dm-3----------------------------- ------%---- dag kg-1 mg L-1 ---------- dag kg-1 ----------

A1 (0-20) 5,0 1 0,04 0,01 0,9 0,9 1,1 4,4 5,4 5,4 52 1,31 - - 1,4 5YR 4/4 36 36 9 19

AB (20-40) 4,8 1 0,02 0,01 0,2 0,2 1,0 3,4 3,6 3,6 83 0,93 - - 0,9 5YR 4/6 32 36 8 24

BA (40-60) 4,8 1 0,01 0,01 0,2 0,2 1,0 3,4 3,6 3,6 83 0,81 - - 1,0 5YR 5/8 27 31 6 36

Bt1 (60-90) 4,9 1 0,01 0,01 0,1 0,1 1,0 3,0 3,1 3,1 90 0,57 - - 1,0 2,5YR 4/6 22 32 6 40

Bt2 (90-
5,2 1 0,02 0,01 0,2 0,2 0,9 2,6 2,8 2,8 75 0,55 - - 1,3 2,5YR 4/8 24 31 5 40
120)

BC1 (120-
5,5 1 0,02 0,01 0,2 0,2 0,6 1,8 2,0 2,0 60 0,48 - - 1,4 2,5YR 5/8 24 32 5 39
140)

BC2 (140-
5,7 1 0,01 0,06 0,2 0,2 0,3 1,5 1,8 1,8 25 - - - 1,4 2,5YR 5/8 23 32 6 39
160)

P7-Latossolo Amarelo Álico A moderado textura muito argilosa

AI (0-15) 3,9 0,98 0,10 0,03 0,10 0,12 4,00 11,55 11,90 3 92 2,98 - - 0,3 10YR 4/2 5 22 17 66

AB (15-25) 3,8 0,13 0,04 0,02 0,04 0,05 3,20 7,09 7,24 2 96 1,90 - - 0,3 10YR 5/4 4 22 14 60

BA(25-45) 4,0 0,11 0,04 0,04 0,03 0,03 2,60 5,44 5,20 2 96 0,84 - - 0,3 10YR 5/4 3 20 12 65

Bw1
4,2 0,11 0,05 0,05 0,03 0,01 2,40 4,66 4,10 3 94 0,84 - - 0,5 10YR 5/4 3 20 10 67
(45-80)

Bw2 (80-
4,7 0,11 0,02 0,02 0,03 0,01 2,20 3,46 3,54 2 96 0,44 - - 1,3 10YR 5/5 3 18 8 71
170)

P8- Laterita Hidromórfica Álica de elevação com B textural argila de atividade baixa A moderado textura argilosa

A (0-15) 5,0 0,11 0,04 0,02 0,04 0,02 1,60 5,28 5,40 2 93 2,35 - - 1,0 10YR 3/2 8 39 41 12

10YR 5/2

Btf1(15-75) 4,5 0,11 0,02 0,02 0,05 0,01 2,00 3,30 3,40 3 95 0,66 - - 1,5 e 10YR 5 32 43 20

6/6

10YR 7/1
Btf2 (75-
4,8 0,11 0,03 0,02 0,03 0,01 5,80 6,93 7,02 1 94 0,34 - - 0,6 e 2,5YR 5 25 33 37
170+)
4/8

Terra Roxa Estruturada: equivalente a Nitossolo Vermelho; Latossolo Vermelho-Escuro: equivalente a Latossolo Vermelho; Solo
Concrecionário Laterítico: equivalente a Plintossolo Argilúvico; Podzólico Vermelho-Amarelo: equivalente a Argissolo Vermelho-
Amarelo; e Laterita Hidromórfica: equivalente a Plintossolo Argilúvico.
Fonte: Folha Porto Velho (RADAMBRASIL, 1978), Projeto RADAMBRASIL. A nomenclatura dos horizontes foi atualizada.

A primeira zona, no nível superior, englobando as nascentes serranas, é formada


de remanescentes de coberturas sedimentares soerguidas do Cenozoico, constituindo
testemunhos de uma antiga cobertura sedimentar soerguida, dos quais restam poucos
traços. Englobam extensos afloramentos de Arenitos pouco alterados, de granulometria
fina, ou de sedimentos com minerais mais intemperizáveis, com Latossolos lado a lado
com solos pouco evoluídos (Neossolos Litólicos ou Afloramentos de Rochas).
A pouca evolução pedológica sobre a maioria das rochas sedimentares se relaciona
à estratificação quase horizontal (Arenitos e Conglomerados da Formação Palmeiral)
e cimentação ferruginosa, retardando a percolação de água, favorecendo o elevado
escorrimento superficial (run-off) e, consequentemente, diminuindo o tempo de exposição
aos agentes bioclimáticos. Assim, há um constante processo erosivo que remove e transporta
os solos destas superfícies elevadas.
Assim, num mesmo nível altimétrico das serras, sobre estratos sedimentares argilosos
ou siltosos (Folhelhos), que repousam sobre o Embasamento Cristalino, próximo ao rio

Pedologia
152 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Roosevelt, são encontrados Cambissolos Háplicos desenvolvidos em fase posterior à


alteração pedogenética, em equilíbrio dinâmico com os processos erosivos. O recuo
das encostas parece condicionado pela facilidade maior ou menor de desgaste da rocha
subjacente. Assim, as encostas fornecem material coluvial da parte superior aos sopés,
onde é comum a mistura de concreções lateríticas fósseis, que deveriam constituir um
estrato sedimentar com couraça de topo, no Pleistoceno, com fragmentos de Folhelho
transportado.
A exposição da rocha matriz ou solos muito rasos cobrindo grandes áreas é frequente
nas partes altas. Já nas depressões, como próximo a Pimenta Bueno, onde as rochas
sedimentares (Folhelhos) sofreram afundamento tectônico, há extensa planície conservada,
e os processos erosivos atuais são insignificantes.
O fraco grau de intemperismo nos platôs elevados é raro na Amazônia e indica
mudança climática recente para condições mais úmidas, sem dar tempo suficiente para
a latossolização. Portanto, os solos dos planaltos e terras altas de Rondônia apresentam
evidências paleoclimáticas, que remontam a períodos de clima seco no final do Pleistoceno.
Nestas fases, prevaleceu a erosão mecânica, em detrimento da pedogênese. É provável
que tais evidências estejam consistentes com a existência de um amplo espaço semiárido
que atingia o Chaco e a bacia do Acre, no Holoceno, evidenciado em diversos estudos
pedológicos e geológicos na região.
Na segunda zona, de transição, os Arenitos e Conglomerados no sopé da serra do
Pacaás Novos são decorrentes de extensos leques aluviais provenientes da erosão de antiga
superfície sedimentar arenosa (Arenitos e Conglomerados da Formação Palmeiral) a
montante, em condições de clima semiárido. Cambissolos Háplicos Distróficos e Neossolos
Quartzarênicos se encontram associados ali.
Na terceira zona pedológica, seguinte, formam-se relevos dissecados. Nas zonas
colinosas intermediárias, entre os grandes terraços do Madeira e a Serra dos Pacaás Novos,
os solos dominantes são Argissolos Vermelho-Amarelos, com ocorrência de Latossolos
Vermelho-Amarelos nas superfícies mais estáveis de topo. Estes solos são desenvolvidos
de rochas do Embasamento Cristalino, granitos e gnaisses ácidos, com muitas intrusões
de rochas ígneas máficas, em determinadas áreas. Apesar disso, os Argissolos apresentam
caráter distrófico intermediário, ou mesmo eutrófico, não condizentes com o clima atual,
quente e úmido.
Estes solos evidenciam características de gênese em condições mais secas, com menor
grau de intemperismo, propiciando CTC maior e saturação por bases relativamente alta
para solos similares.
Uma quarta zona é associada às rochas granulíticas mais básicas (ricas em piroxênios
e anfibólios) e aos derrames de Basalto em relação a Serra dos Pacaás Novos (Formação
Nova Floresta, Diabásios, Basaltos, Gabros) e diques de diabásio esparsos. Ocorre extensa
mancha de Nitossolos, na maioria eutróficos ou pelo menos bem mais ricos que os Argissolos
da região, antes mencionados. São solos que foram classificados tradicionalmente como
Podzólicos Vermelho-Amarelos ou Escuros, Eutróficos, ou Terras Roxas Estruturadas,
Eutróficas.
Ainda nesta zona, nas superfícies mais estáveis e antigas do derrame basáltico, os
solos são mais desenvolvidos, sendo classificados como Latossolos Vermelhos ricos em

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 153

ferro (antigos Latossolos Roxos), com transições para Nitossolos (alguma cerosidade,
relação silte/argila mais alta).
Em meio aos inselbergs graníticos, que dominam a paisagem colinosa do Embasamento
Cristalino, com ocorrência dominante de Argissolos, os remanescente tabulares da
superfície dissecada apresentam domínio de Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos,
com saturação por alumínio superior a 90 % e presença de concreções lateríticas, sugerindo
sua formação a partir da degradação de antigas carapaças lateríticas. A dissecação e a
densidade de drenagem aumentam nas áreas de Argissolos.
Os Latossolos Amarelos de Rondônia evidenciam o longo período úmido após a
deposição dos sedimentos da Formação Solimões, enquanto a presença generalizada
de concreções lateríticas nos solos revela fases secas, quando a paisagem era coberta de
couraças lateríticas, posteriormente degradadas, seguindo o modelo geral de Costa (1988).
Assim, é possível que os Plintossolos tenham evoluído para Latossolos Amarelos, em que
o tempo de exposição e a drenagem permitiram.
Na quinta zona, os solos são desenvolvidos sobre terraços da Formação Solimões
Indivisa, englobando sedimentos terciários. São solos invariavelmente amarelos e
desferrificados, com ampla dominância de Latossolos Amarelos Distróficos com elevado
teor de Al trocável.
Finalmente, a sexta zona é associada aos depósitos sedimentares mais recentes, do
Quaternário, em terraços e planícies fluviais. Tem-se, de cima para baixo, Plintossolos
hidromórficos, Argissolos com plintita ou até Planossolos, nos níveis mais altos, passando
a Gleissolos e Neossolos Flúvicos, todos distróficos e com altos níveis de alumínio trocável,
nas planícies atuais das partes norte e sudoeste do Estado de Rondônia.

SOLOS DA REGIÃO DE CARAJÁS E SUDESTE DA


AMAZÔNIA

O interflúvio entre os cursos médios dos rios Xingu, vegetado originalmente por
Florestas, e Araguaia, em sua maioria originalmente recoberto por Cerrados, define uma
porção bem particular do extremo sudeste do domínio amazônico. Nessa região, ocorrem
sequências de serras acima de 500 m de altitude, que geralmente seguem o rumo dos velhos
dobramentos do núcleo sul-amazônico do Escudo brasileiro, destoando da paisagem geral,
composta de colinas suaves e rebaixadas (Figura 18). Estes alinhamentos serranos têm
início no norte de Mato Grosso, pelo arqueamento da Serra do Matão, e terminam pouco
além da Serra dos Carajás, cuja extensão sul-norte ultrapassa os 60 km (Ab’Saber, 1986).
Até a década de 1970, esta vasta região se encontrava isolada e inserida no cenário
mais desconhecido do território brasileiro, embora ainda hoje se saiba pouco sobre os
solos e vegetações. A ocupação desenfreada que vem ocorrendo nas últimas décadas por
assentamentos e fazendas de gado finalizou grande parte da cobertura vegetal desta zona
de transição entre vegetações abertas de Cerrado a leste e sul e a densa Floresta Amazônica
a oeste e norte.

Pedologia
154 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

Figura 18. Bloco-diagrama da porção centro-leste da Serra dos Carajás. Ilustra a dominância de
relevos dissecados com topos aplainados e pendentes alongados sobre Arenitos e Siltitos da
Formação Águas Claras; relevo dissecado e colinoso, mais suave e rebaixado, sobre os granitos
félsicos e granófiros associados ao corpo plutônico de Carajás e formando uma depressão
periférica central no maciço de Carajás. Cristas e alinhamentos serranos, controlados por
falhas transcorrentes de direção NW-SE, estabelecem o contato do Grupo Grão-Pará com os
metabasaltos da Formação Parauapebas.

A paisagem dominante é composta por relevos colinosos suave ondulados e


ondulados de baixa altitude (média de 200 m em relação ao nível do mar), originalmente
recobertos por Floresta Ombrófila Densa (Figura 19), em sua maioria sobre Argissolos
distróficos seguidos por Latossolos e Argissolos eutróficos (RADAMBRASIL, 1974; Falesi,
1986b, 1987), evoluídos em sua maioria, de rochas extremamente antigas do Complexos
Xingu (RADAMBRASIL, 1974; DOCEGEO, 1988; Araújo et al., 1988; Araújo e Maia, 1991;
Nogueira et al., 1995; Pinheiro e Holdsworth, 1997; Macambira, 2003).
Contrapondo-se a esta paisagem geral, observam-se serras sob diferentes formas
de relevo incluindo amplos platôs de bordas escarpadas, segmentos detríticos aplainados,
relevos fortemente dissecados, longas rampas de colúvio, cristas ravinadas ou morrarias
convexas, onde ocorrem vegetações abertas que vão de campos rupestres a matas secas. As
altitudes das grandes serras circundam em média na cota de 600 m, podendo em algumas
áreas dos platôs ferríferos de Carajás assumirem cotas acima de 900 m, representando as
áreas culminantes do Pará.

PEDOLOGIA
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 155

(a)

(b) (c)

Figura 19. Paisagem geral no Complexo Xingu, hora com concentrações de morrarias (a); Argissolo
Vermelho-Amarelo fase epipedregosa, solo comum nos relevos mais baixos e colinosos (b); enos
topos dos morros onde ocorrem afloramentos de rochas, observam-se solos rasos (Cambissolos)
cobertos por vegetações abertas (c).

Na classificação de Köppen, o clima é tropical com verão chuvoso, do tipo Awi,


caracterizado por invernos secos e verões chuvosos. As precipitações médias anuais
são de 2 116 mm, na região de Carajás (CVRD, 1980), e 2 024 mm, em Marabá (Pereira,
1991), e a precipitação média do mês mais seco é inferior a 60 mm. A variação das médias
térmicas ao longo do ano não ultrapassa os 5 ºC (Pereira, 1991). A temperatura média
anual na Serra dos Carajás é de 21 a 22 °C, em contraste aos 25 a 26°C da área situada entre
Parauapebas e Marabá (Ab’ Saber, 1986), caracterizando uma espécie de clima montano ou
serrano amazônico. A umidade média ao longo do ano é de 70 % (Marques et al., 1986),
e a amplitude térmica entre as médias do mês mais frio e mais quente não é superior
a 3 °C. Esta região em todo seu conjunto está intimamente correlacionada ao domínio
morfoclimático da Amazônia.

PEDOLOGIA
156 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quanto ao uso dos solos, excetuando-se parte das reservas federais e terras indígenas,
o restante encontra-se praticamente todo ocupado por pastagens. As áreas antropizadas
são compostas em maioria por Argissolos distróficos e em menor parte eutróficos, sendo
comum a ocorrência de Latossolos (RADAMBRASIL, 1974). Entretanto, nas grandes serras,
a exemplo da Serra da Seringa e Serra dos Carajás, ocorrem sequências de solos que se
diferem do padrão regional e cujo conhecimento acerca destas é quase inexistente.
Normalmente, os solos que sustentam as vegetações abertas (fitofisionomias decíduas,
de porte herbáceo/arbustiva ou arbóreo) são fortemente drenados, extremamente
pedregosos ou concrecionários, rasos, com baixo pH e CTC. Podem ocorrer em diferentes
posições na paisagem, desde topos de interflúvios a suaves encostas de vales. São distróficos,
com algumas exceções chegando a mesoeutrofia, mas sempre com o Prem baixo, influência
dos óxidos de Fe e Al abundantes.
Os Argissolos Vermelho-Amarelo Distróficos, semelhantes a P1 (Quadro 17), são os
solos mais comuns que ocorrem sobre o Complexo Xingu (C.X.). São no geral profundos,
alguns com fases epi/endopedrogosa, bem-drenados, argilosos, especialmente em
subsuperfície. Em certos casos, testemunham severos processos de retrabalhamento
da paisagem como descontinuidades e mistura de materiais (rochas e sedimentos) e
normalmente são mais férteis que os solos encontrados nas serras. Nas altitudes médias de
350 m em topos de feições dômicas, quando ocorrem afloramentos de gnaisses, migmatitos
ou granitos, encontram-se solos (P2) (Quadro 17) rasos, extremamente pedregosos, com
fragmentos rochosos pouco alterados, onde raízes de plantas penetram entre as fendas até
o final do contado fragmentário. Embora os fragmentos rochosos sejam pouco alterados, a
matriz do solo é bastante pedogenizada.
Há pouca variação textural ao longo dos perfis de solos rasos do C.X. (P2), ocorrendo
equilíbrio entre a fração argila e areia (Quadro 17). No que tange à cor, estes solos possuem
valor e croma baixos e matiz 10YR, sendo mais amarelos se comparados aos solos rasos
do Granito de Carajás (P3), ambos apresentando contribuição de feldspatos potássicos
presentes nas rochas. A ciclagem biogeoquímica para manutenção da floresta é muito
relevante e a atividade da mesofauna é nítida na estruturação superficial do solo (P2). Em
razão da geoforma dômica, onde se inserem P2 e P3, estes são acentuadamente drenados
e com um pedoclima que impõe severa restrição de água às plantas nos meses de menores
precipitações, possibilitando a manutenção da Floresta Estacional Decídua.
Os solos onde ocorrem as matas secas no Granito Central de Carajás (Machado et
al.,1991) estão a uma altitude aproximada de 600 m em posição de topo (P3) nos morros de
feição dômica (Figura 20). São mais avermelhados que os solos encontrados no C.X. (P2),
possuindo ambas as características físicas semelhantes (Quadro 17). Em termos químicos,
P2 é mais rico e apresenta um maior acúmulo de MOS. O material rochoso presente em P3
encontra-se bastante alterado na dimensão de calhaus e matacões, onde também ocorrem
concreções ferruginosas. A vegetação é um pouco mais aberta em relação a P2, aparecendo
um subosque mais denso de bromélias (macambira).
Nos terços inferiores das encostas ocorrem, geralmente, Cambissolos mais
desenvolvidos (P4), com semelhança química com P3, porém sem concreções e recobertos
por florestas subperenifólias. A influência de processos de coluvionamento é marcante
nesta posição da paisagem, refletindo-se em cursos d’ água abertos e repletos de açaizais.

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 157

(a)

(b) (c)

Figura 20. Contraste entre as áreas de solos rasos em primeiro plano e ao fundo as áreas com
solos mais profundos e o padrão de relevo em morrarias (a); solo mais desenvolvido no terço
inferior das encostas (Cambissolo latossólico (b); e solo raso no terço superior das encostas com
vegetação decídua (Cambissolo petroplíntico) (c).

PEDOLOGIA
158 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Quadro 17. Características químicas e físicas de sequências de solos no sudeste do Pará.


pH Cor
Horizontes P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al T V m MO Prem ∆pH AG AF Sil Arg
H 2O úmida

(cm) mg dm-3 ---------------------- cmolc dm-3 -------------------------- ------ % -------- dag kg-1 mg L-1 ---------- dag kg-1 ---------------

P1*- Argissolo Vermelho-Amarelo Distróficos típico – Floresta Ombrófila Densa- Complexo Xingu

A (0-20) 5,30 4,6 145 6,8 2,20 1,00 0,10 3,3 6,90 52 27 1,98 - -0,6 7,5YR 3/2 39 19 29 13

Bt (60-80) 5,20 4,6 31 6,8 0,40 0,30 0,80 3,0 3,78 21 50 0,55 - -1,2 5YR 4/8 22 14 19 45

P2 - Cambissolo Háplico Tb Distrófico léptico – Floresta Estacional Decídua – Complexo Xingu

O (0-8) 4,54 4,6 90 2,1 3,78 1,01 1,37 19,2 24,23 20,8 21,4 20,79 16,8 -0,57 10YR 3/3 18 23 17 42

Bi/R (17-72) 4,49 1,9 41 0,1 0,16 0,10 2,45 11,0 11,36 3,2 87,2 5,12 9,7 -0,37 10YR 3/4 28 17 14 41

P3- Cambissolo Háplico Tb Distrófico petroplíntico - Floresta Estacional Decídua – Granito Central de Carajás

A (0-9) 4,59 3,1 71 0,0 2,13 0,16 1,05 11,9 14,37 17 29,8 10,24 17,5 -0,48 7,5YR 3/4 23 24 9 44

Bi2 (40-53) 4,71 1,2 17 0,0 0,01 0,00 1,14 6,9 6,34 0,7 95,8 1,92 7,9 -0,52 5YR 4/6 29 21 7 43

P4- Cambissolo Háplico Tb Distrófico latossólico – Floresta Ombrófila Aberta – Granito Central de Carajás

A (0-21) 4,81 0,8 86 0,5 1,27 0,22 1,06 9,9 11,61 14,7 38,3 6,33 14,9 -0,67 10YR 5/4 43 9 10 38

Bi2 (55-87) 4,90 0,6 35 1,5 0,00 0,01 0,77 6,0 6,11 1,8 87,5 2,84 7,6 -0,77 7,5YR 5/6 40 7 10 43

P5- LATOSSOLO VERMELHO Ácrico típico – Floresta Ombrófila Densa - Formação Parauapebas

A (0-16) 3,99 2,5 36 0,0 0,12 0,07 1,81 15,6 15,88 1,8 86,6 9,21 12,9 -0,24 2,5YR 3/6 2 1 9 88

Bw2 (72-103+) 4,52 1,0 1 0,0 0,00 0,00 0,00 4,2 4,20 0,0 0,0 2,05 4,5 0,41 10R 4/6 1 3 11 85

P6- Plintossolo Pétrico Litoplíntico típico - Escubre arbóreo-arbustivo higrófilo** – Formação Parauapebas

O (0-9) 5,08 3,5 35 1,1 0,36 0,17 0,88 13,8 14,42 4,3 58,7 24,04 8,5 -0,70 10YR 3/2 17 5 40 38

Bi (11-38) 5,45 0,7 5 0,0 0,00 0,04 0,00 3,5 3,55 1,4 0,0 8,23 2,6 0,30 10YR 5/6 8 6 47 39

P7- NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico - Savana-Estépica Arborizada** - Formação Águas Claras

A (0-9) 4,18 3,3 50 0,0 0,23 0,10 2,95 13,5 13,96 3,3 86,5 7,55 19,3 -0,53 10YR 4/4 54 22 3 21

BC (9-19) 4,03 2,7 35 0,0 0,03 0,02 2,86 9,4 9,54 1,5 95,3 4,48 12,9 -0,24 10YR 5/8 54 21 4 21

P8- Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico latossólico – Floresta Ombrófila Densa- Formação Águas Claras

A (0-5) 4,37 3,3 66 0,0 0,69 0,17 1,05 7,9 8,93 11,5 50,5 3,71 32,2 -0,66 7,5YR 4/4 68 18 1 13

Bt2 (60-105+) 4,48 1,4 12 0,0 0,00 0,00 0,86 3,8 3,83 0,8 96,6 1,02 19,7 -0,31 5YR 5/8 50 22 2 26

Ac (0-5) 3,92 1,6 51 4,6 1,59 0,28 1,54 27,5 29,54 6,9 43,0 32,29 28,0 -0,9 10R 2,5/1 32 12 27 29

P10- Plintossolo Pétrico Concrecionáriolatossólicos – Floresta Estacional Semidecídua** – Formação Carajás

Ac (0-12) 4,19 3,3 45 0,1 0,18 0,16 2,06 22,3 22,76 2,0 81,7 13,43 11,2 -0,15 10R 3/3 36 11 10 43

Bwc2 (27-48) 4,46 4,0 7 4,1 0,01 0,05 0,10 9,7 9,80 1,0 50,0 3,33 4,8 0,02 10R 3/3 54 6 10 30

P11- Neossolo Quartzarênico Hidromórficoespódico - Formação Pioneira com influência fluvial** – Quartzitos (Grupo Tucumã)

A (0-9) 4,16 1,6 34 0,0 0,18 0,37 3,33 26,4 27,04 2,4 83,9 11,83 46,8 -1,16 2,5/N 61 19 11 9

CBh (28-44) 4,59 1,9 14 0,0 0,00 0,00 2,95 14,5 14,54 0,3 98,7 4,48 15,5 -0,82 2,5YR 2.5/1 57 24 9 10

P12- Neossolo Litólico Húmico fragmentário** *- Cerrado Tropical Subcaducifólio/Campo Rupestre **- Quartzitos (Grupo Tucumã)

O (0-8) 4,40 0,7 50 0,0 0,87 1,32 2,00 24,0 26,32 8,8 46,3 30,7 47,5 -1,40 2,5/N 52 18 19 11

A/R (8-40+) 4,07 4,7 59 0,0 0,19 0,27 2,57 17,8 18,41 3,3 80,8 9,60 46,2 -1,07 10YR 2/1 49 27 13 11
(1)
Vegetação de difícil classificação (Ecótono e Encrave); e (2) Proposta de classificação.
Fonte: RADAMBRASIL (1974).

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 159

Em meio às densas florestas de grande porte sobre solos muito antigos e profundos
(P5), derivados dos Basaltos da Formação Parauapebas (Resende e Barbosa, 1972; Meireles
et al., 1984), ocorrem, de maneira pouco comum, formações vegetais abertas sobre solos
rasos (Figura 21). A paisagem nesta formação é geralmente de platôs, por vezes de
grande extensão com dezenas de quilômetros em altitudes médias de 660 m e com bordas
escarpadas e pouco estáveis.

(a)

(b) (c)

Figura 21. Gradiente edáfico com sequência de vegetação herbácea (solo raso) em primeiro plano até
a Floresta Ombrófila (Latossolo) em último plano (a); Latossolo Vermelho das áreas com floresta
densa (b); e Plintossolo Pétrico raso e com drenagem restringida,eo nível d’ água em períodos
de maior precipitação se eleva (c).

A variação de solos nas áreas basálticas é elevada, ocorrendo Cambissolos, Latossolos,


Plintossolos e Gleissolos. Os Latossolos Vermelhos (P5) dominam a parte superior dos
platôs. São solos muito profundos, muito argilosos, extremamente intemperizados
(aniônicos), bem-drenados, não possuem atração magnética, CTC muito baixa e forte
adsorção de P (Quadro 17). É comum os horizontes mais superficiais apresentarem
características morfológicas de solos cauliníticos, em razão da ciclagem de Si pela
vegetação, em contraposição aos horizontes subsuperficiais mais oxídicos. Este padrão de
solo sustenta a floresta mais exuberante da Serra dos Carajás.

Pedologia
160 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

O denso nível laterítico próximo à superfície ou mesmo aflorante em alguns platôs


da Formação Parauapebas torna possível a ocorrência de solos rasos (P6), que, embora
provenham de basaltos, não apresentam atração magnética, são oxídicos, aniônicos,
dessaturados, com grande capacidade de adsorção de P e favoráveis ao acúmulo de MOS
(Quadro 17), com formação de horizonte O. Estes solos são menos argilosos que os das
áreas de Floresta Ombrófila,e a fração areia é composta por concreções de óxidos de Fe
eAl. As raízes das plantas não ultrapassam o início do horizonte litoplíntico, impedindo
gradualmente a presença de indivíduos de porte arbóreo e mesmo arbustivo. A paisagem
plana, aliada ao horizonte litoplíntico, favorece um pedoclima que oscila entre o excesso de
água nos períodos de precipitação e a deficiência extrema nos meses de estiagem. Nestas
áreas ocorre um padrão muito contrastante de vegetação, que varia de matas secas baixas
a áreas totalmente abertas de porte herbáceo.
Nas áreas onde os Arenitos e metarenitos da Formação Águas Claras (Machado et
al.,1991; Araújo e Maia, 1991; Nogueira et al., 1995) estão próximos à superfície ou mesmo
aflorando, ocorrem solos rasos, quartzosos, excessivamente ou fortemente drenados, de
textura média e cores bruno-amarelados (P7) ou arenosos de coloração bruno-acinzentada,
ambos muito pobres em nutrientes e com baixo acúmulo de MOS, decorrente da textura
(Quadro 17).
As feições de relevo vão de cristas ravinadas a rampas de pouco declive (Figura
22). Os ambientes são muito variados, podendo ocorrer padrões de vegetação decídua
nas cotas entre 700 m e 450 m, que vão de porte florestal a áreas abertas com cactáceas e
vellozias, semelhantes à fitofisionomia da Caatinga Arbóreo-Arbustivo. O défice hídrico
nos meses de estiagem é muito acentuado, ocorrendo uma deciduidade generalizada, que
ocupa grandes áreas desta formação (Figura 22). Nas áreas de vegetação mais aberta, os
térmitas têm forte influência na formação dos solos, especialmente no aporte de materiais
orgânicos e minerais, que possibilitam a formação de solos rasos sobre afloramentos,
conforme verificado em P7 (Quadro 17).
Além da fisiografia descrita anteriormente, ocorrem relevos tabulares em cotas
situadas em torno de 700 m, com Argissolos (P8) e,em menor proporção, Latossolos, ambos
Vermelho-Amarelos com textura média, profundos e muito profundos, acentuadamente
drenados, muito pobres em nutrientes (Quadro 17) e recobertos por Floresta Ombrófila,
que grada rapidamente para Floresta Estacional Semidecídua nas áreas mais baixas, de
relevo suave ondulado a forte ondulado, onde ocorrem Plintossolos fortemente drenados.
A Formação Carajás (Resende e Barbosa, 1972; Beisiegel et al., 1973; Gibbs e Wirth, 1990;
Maurity e Kotschoubey, 1995; Lindenmayer et al.,2001) resguarda uma impressionante
e complexa paisagem, única no sudeste amazônico. São diferentes pedoambientes que
gradam de afloramentos de canga a Latossolos, cujas variações fitofisionômicas vão de
Florestas Perenifólias a vegetações xerofíticas (acatingadas). Incluem extensos platôs,
alguns com mais de 25 km de extensão (Figura 23), a estreitos, com algumas centenas de
metros, normalmente em relevo plano a ondulado, nas cotas de 700 m a 800 m de altitude,
podendo atingir em alguns locais, mais de 900 m. A parte superior destes platôs termina
em encostas escarpadas, onde comumente ocorrem cavernas, decorrentes do lento processo
de dissolução do jaspelito/canga. Após este último nível, tem-se uma extensa rampa de
colúvio que bordeja os platôs.

Pedologia
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 161

(a)

(b) (c)

Figura 22. Vista geral no período de estiagem. Observar a alternância de vegetações decíduas,
semidecíduas e perenefólias. Em último plano, os platôs com Argissolos e Florestas Ombrófilas
sobre a Formação Águas Claras (a); Argissolo Vermelho-Amarelo (b); e Neossolo Litólico (c).

O jaspelito que deu origem à canga é raramente encontrado em superfície, por causa
do intenso processo de dessilicificação, que o interferiu à profundidade superior a 400
m. Nas áreas de canga, os solos não hidromórficos apresentam estrutura forte pequena
e muito pequena granular e elevada atração magnética, com matriz mineral de cores
vermelhas muito escuras, e são muito pobres em nutrientes (Quadro 17); a fração areia
é praticamente composta por nódulos de petroplintita em fase de degradação e podem
apresentar caráter ácrico (P10). Nos solos mais rasos (P9), a MOS tem forte influência
na composição da fração argila. Especialmente neste pedoambiente é que se verificam
condições extremas de deficiência hídrica nos períodos de estiagem, possibilitando um
padrão de vegetação acatingado. As áreas de pequenas fendas de dissolução nos maciços
de canga e a atividade de térmitas possibilitam a formação de solos nos ambientes mais
inóspitos e, consequentemente, asseguram a colonização por plantas. Nos sopés e na
grande parte das bordas dos platôs, verifica-se a presença da Floresta Ombrófila. Na
posição superior dos platôs onde os solos são mais desenvolvidos, à semelhança de P10,
ocorre a Floresta Estacional Semidecídua, e parte desta encontra-se isolada em depressões
doliniformes em meio à vegetação acatingada.

PEDOLOGIA
162 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.

(a)

(b) (c)

Figura 23. Vista de um extenso platô na Formação Carajás. Observar o contraste abrupto entre as
áreas de solos mais profundos nas bordas e os solos rasos no alto. Ao fundo, na posição baixa
da paisagem, o vasto domínio florestado do Complexo Xingu (a); solo profundo no interior
de uma depressão doliniforme no alto do platô (b); e solo muito raso onde ocorrem formações
herbáceo/arbustivas (c).

A Serra da Seringa é um importante divisor de águas entre as bacias dos rios Xingu e
Araguaia/Tocantins. Nesta serra, dois principais relevos ocorrem: um em área relativamente
circular composta por morrarias florestadas, alongadas e convexas com concentrações de
blocos graníticos do Paleoproterozoico (Araújo e Maia, 1991); e outro em forma de um
prolongado e amplo platô com uma drenagem ao centro que progressivamente torna-se
mais encaixada, aumentando o desnível em relação às bordas escarpadas onde afloram
Quartzitos a altitudes médias entre 550 e 600 m (Figura 24).
Atualmente, na primeira área, a ação antrópica descaracterizou quase em totalidade
a vegetação, que contava com florestas perenifólias e decíduas. Na segunda área, grande
parte da vegetação permanece em bom estado de conservação, embora uma porção
considerável tenha sido bastante alterada pelo desmatamento e fogo.
Nas áreas mais elevadas dos Quartzitos Mesoarqueanos do Grupo Tucumã, ocorrem
solos maldrenados (P11) em relevo plano e posição mais baixa na paisagem, com textura
arenosa, profundos, ricos em MOS e Al3+, espódicos, muito pobres em nutrientes e CTC
com forte influência da MOS (Quadro 17). Alguns destes solos mais periféricos apresentam
sinais de gleização, quando a fração argila é mais rica em materiais minerais.

PEDOLOGIA
III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA 163

(a)

(b) (c)

Figura 24. Vista geral do extremo leste do grande platô da Serra da Seringa. Observar ao centro a
formação de floresta de galeria ao longo das veredas e o padrão geral aberto da vegetação no
período de chuvas (a); Neossolo Quartzarênico Hidromórfico, característico das áreas centrais
e de má drenagem (b); e Neossolo Litólico, que predomina nas áreas de boa drenagem em meio
aos afloramentos de Quartzito (c).

Em geral, estes solos mais profundos e maldrenados da região central do platô são
provenientes do acúmulo do material quartzoso das bordas que se depositaram ao final das
vertentes, formando um sistema pantanoso/de vereda. Margeando esta área mal-drenada, em
relevo ondulado e forte ondulado, ocorrem solos rasos fortemente drenados com fase pedregosa
e rochosa (P12), arenosos, muito ricos em MOS (Quadro 17), influenciando uma CTC mais
elevada. São solos pobres em nutrientes que sustentam uma fitofisionomia de Cerrado entre o
Campo Rupestre nas áreas desprovidas de solo ou quando este é demasiado raso.
O sistema pedológico da Serra da Seringa, além de possibilitar a manutenção de
vegetações abertas em meio ao domínio de formações florestais densas e de grande porte,
apresenta solos arenosos fortemente drenados e ao mesmo tempo muito ricos em MOS, o
que não é comum, especialmente em condições tropicais úmidas.

zona lIToRÂnea e maRaJÓ

Os solos da região litorânea paraense e amapaense constituem o mais amplo espaço


de ativa sedimentação flúvio-marinha do Brasil e de toda a região tropical, pela presença

PEDOLOGIA
164 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

marcante do estuário amazônico, pela enorme carga sedimentar trazida pelo rio Amazonas
e pelas fortes marés.
O litoral da ilha de Marajó e o do Amapá, na foz do Amazonas, possuem características
flúvio-marinhas e subdivide-se em dois ecossistemas: de mata e campos naturais, além
de savana parque nos terraços em níveis mais elevados da ilha. A presença do mangue
nas planícies de maré contrasta com os solos e a vegetação da várzea fluvial. O relevo é
suave ou plano sobre os sedimentos do Quaternário antigo, e recente em poucos restos
do Terciário, correlato ao Grupo Barreiras. Nas depressões e nos terraços ligeiramente
mais altos, ainda que hidromórficos, ocorrem Plintossolos e Planossolos. Nas áreas de
manguezais, há presença de solos hidromórficos e halomórficos (antigos Solonchacks) de
difícil classificação, mas geralmente enquadrados como Gleissolos Tiomórficos e Sálicos.
De maneira geral, os Gleissolos (Háplicos ou Sálicos) ocupam 68 % da área total mapeada.
Na faixa costeira de cordões arenosos um pouco ao norte de Pesqueiro, assim como
na fachada atlântica da Amazônia, os Espodossolos são mais comuns que os Neossolos
Quarztarênicos e podem ser classificados como Espodossolos Ferrihumilúvicos,
Hidromórficos arênicos ou espessarênicos, com alguns raros dúricos. Os horizontes
espódicos (Bhs) possuem iluviação expressiva de MOS e Fe e, possivelmente, quantidades
significativas de Fe e Al extraíveis pelo oxalato, como preconiza o Sistema Brasileiro, com
a ressalva de que os limites ainda devem ser estabelecidos para tais solos. 
À retaguarda dos cordões arenosos, ocorrem extensos manguezais, que são
associados com solos indiscriminados de mangue (RADAMBRASIL, 1974), halomórficos
e hidromórficos, normalmente Gleissolos Salinos ou Háplicos (Quadro 18). Os Gleissolos,
por representarem ambientes de baixa energia de deposição (“águas calmas”), apresentam
predominância das frações mais finas (argila e silte) e moderadas a elevadas quantidades
de matéria orgânica e de sais solúveis, em decorrência da proximidade e influência do mar.
Em razão do hidromorfismo, são de cores acinzentadas a pretas, com presença de
H2S, fracamente consolidados e podendo atingir vários metros de profundidade. A
combinação da matéria orgânica com a condição anaeróbia, as fontes de Fe reativo (óxidos
dos sedimentos) e as fontes de SO4 (água do mar) promovem a redução bacteriana do
sulfato a sulfeto, com consequente acúmulo sob a forma de pirita ou jarosita, originando o
processo de sulfidização (Breemen e Buurman, 1998).
Ao contrário da Região Sudeste, onde os solos de mangues podem ser muito ricos em
matéria orgânica, formando Organossolos Tiomórficos (Hêmicos ou Fíbricos) profundos
(Lani, 1998; Prada-Gamero et al., 2004), no litoral amazônico tais solos (Organossolos
Tiomórficos) praticamente não ocorrem. Podem ocorrer, contudo, manchas de Gleissolos
Tiomórficos Hísticos, sódicos ou não, mas não Organossolos típicos.
De maneira geral, todos os solos costeiros revelam influência marcante da água, pluvial,
fluvial ou marinha, podendo ocorrer desde Espodossolos e Neossolos Quarzarênicos
nos cordões e terraços arenosos até Gleissolos Tiomórficos e Neossolos Flúvicos (antigos
Aluviais).
Continuando a ligeira elevação a partir dos mangues, sobe-se a um nível de tabuleiro ou
terraço intermediário, com Plintossolos Hidromórficos (antigas Lateritas Hidromórficas),
com abundante plintita e hidromorfismo menor que os Gleissolos. Subindo um pouco
mais, têm-se os Tabuleiros de Soure até Condeixas, com Latossolos Amarelos típicos, única
faixa bem-drenada de toda a ilha de Marajó. Após os tabuleiros, há uma suave queda

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 165

para os Plintossolos, e daí aos Gleissolos Háplicos do interior da ilha (Lago de Arari), com
eventuais manchas de Gleissolos Melânicos e Planossolos.

Quadro 18. Análises químicas e físicas de perfis de solos das áreas costeiras de Marajó, Pará
pH Cor
Horizonte P K Na Ca Mg Al H+Al SB T V m COT Prem AG AF Sil Arg
H2O úmida

(cm) mg dm-3 ----------------------------------- cmolc dm-3 ------------------------------------ --- %---- dag kg-1 mg L-1 -------- dag kg-1 --------

Gleissolo Salino Sódico típico (Campo Brejoso)

A1 (0-18) 5,5 0,29 0,41 1,95 2,48 6,64 1,26 4,78 11,48 17,52 66 10 1,37 - 10YR 5/8 - 5 56 39

Eg (18-38) 5,0 - 0,31 1,66 1,68 5,04 2,09 4,59 8,69 15,37 57 19 0,82 - 10YR 5/6 - 8 57 35

Bg (38-80) 4,4 - 0,30 6,29 1,60 6,56 1,18 4,20 14,75 20,63 71 7 0,59 - 10YR 5/4 - 6 47 47

Cg1 (80- 5,3 - 0,46 9,79 1,56 9,20 0,21 2,75 21,01 23,97 88 10 0,44 - 10YR 5/6; - 2 47 51
106) 10YR 5/6

Cg2 (106-
4,8 0,58 0,47 10,58 2,40 11,84 0,64 3,74 25,29 29,67 85 25 0,99 - 2,5YN5/ - 3 43 54
136+)

Gleissolo Háplico Tb Distrófico típico (Campo de Murundus)

A (0-18) 4,4 0,29 0,20 0,28 0,45 0,09 7,62 10,37 1,02 19,01 5 88 2,40 - 10YR 3/1 - 44 15 41

ABg 4,6 <0,29 0,17 0,70 0,15 0,06 7,09 4,52 1,08 12,69 8 67 1,02 - 10YR 5/1; - 36 10 54
(18-46) 2,5YR 5/8

Cg (46- 4,5 <0,29 0,10 2,30 0,50 0,12 6,32 3,60 3,02 13,23 3 68 1,64 - 10YR 5/1; - 26 19 55
105+) 10/YR
4/8

Espodossolo Humilúvico Hidromórfico arênico (Cordão arenoso)

A1 (0-9) 4,0 - 0,08 0,06 0,56 0,24 0,40 2,51 0,94 3,85 24 30 0,87 - 10YR 3/1 28 63 9 -

A2 (9-19) 4,7 - 0,06 0,03 0,40 0,16 0,10 0,90 0,65 1,65 39 13 0,03 - 10YR 3/2 23 71 5 1

E1 (19-50) 4,7 - 0,04 0,02 0,28 0,12 0,40 1,25 0,46 2,11 22 46 0,02 - 10YR 6/2 20 76 3 1

E2 (50-53) 4,6 - 0,04 0,02 0,16 0,16 0,30 1,15 0,38 1,83 21 44 0,02 - 10YR 4/2 23 73 2 2

Bh1 7,5YR
5,4 - 0,05 0,03 0,24 0,32 0,70 3,78 0,64 5,12 12 52 0,04 - 23 72 2 3
(53-77) 4/4

Bh2 (77-
4,9 - 0,05 0,03 0,16 0,16 2,54 0,61 0,48 3,63 13 84 0,02 - 10YR 5/3 23 71 2 4
104)

Plintossolo Háplico Distrófico típico (Terraço Fluvial antigo)

Ap (0-34) 5,0 0,28 0,04 0,05 0,65 0,49 2,04 2,50 1,63 6,17 26 55 2,06 - 10YR 3/1 25 43 14 18

E (34-59) 4,9 0,28 0,03 0,05 0,41 0,25 1,65 4,43 0,64 6,82 41 72 0,74 - 10YR 4/3 28 42 10 20

BA (59-
4,9 - 0,03 0,04 0,49 0,24 1,63 2,24 0,80 4,67 17 67 0,31 - 10YR 5/4 27 43 9 21
90)

Bf (90-
4,9 - 0,03 0,04 0,49 0,16 1,62 0,86 0,72 3,20 23 69 0,09 - 10YR 7/8 22 44 13 21
133)

BCc (133- 4,9 - 0,03 0,03 0,32 0,24 2,03 0,81 0,62 3,46 18 77 0,10 - 10YR 7/8; 22 39 11 28
170+) 2,5YR
3/6;
10YR 6/6

Fonte: Projeto RADAMBRASIL, Folha Belém (RADAMBRASIL, 1974). A nomenclatura de horizontes foi atualizada.

Portanto, além de Gleissolos típicos de várzea, desenvolvidos de sedimentos finos


(argilas, siltes), ocorrem grandes extensões de solos acometidos por sódio ou por sais, sob
acentuada influência das marés, especialmente ao longo do litoral da ilha de Marajó e o do
Amapá. Tais solos estão sempre associados com manguezais, entre os mais preservados
e extensos do Brasil. No interior da ilha do Marajó ocorrem Plintossolos, Planossolos,
Vertissolos, Gleissolos e Neossolos Flúvicos, evidenciando sucessivos níveis de terraços
fluviais decorrentes do processo de colmatação do estuário amazônico.

Pedologia
166 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.

Os estudos pioneiros dos solos de Marajó foram realizados pelo projeto RADAMBRASIL
(RADAMBRASIL, 1974) e posteriormente detalhados por Cerri e Volkoff (1988). A ilha
de Marajó apresenta, sob vegetação de campo, uma ampla variedade de Planossolos e
Gleissolos (Háplicos, Melânicos, distróficos ou eutróficos, sálicos ou sódicos), com argilas
de alta e baixa atividade, em situação de difícil separação no campo (RADAMBRASIL,
1974). Os Planossolos estão em cotas ligeiramente mais elevadas que os Gleissolos, e podem
ocorrer Vertissolos ou solos vérticos em depressões intermediárias. Estudos mineralógicos
da fração argila destes solos distróficos da ilha de Marajó, desenvolvidos sobre sedimentos
fluviomarinhos argilosos, evidenciam caulinita, ilita e montmorilonita. O teor de carbono
orgânico total aumenta com o grau de hidromorfismo, sem formar, contudo, Organossolos.
A matéria orgânica é bastante humificada e aproximadamente 50 % do húmus é constituído
de ácidos húmicos e fúlvicos extraíveis por reagentes alcalinos.
O Litoral da Amazônia é uma das regiões menos conhecidas pedologicamente em
todo o Brasil. Estudo recente do IBGE revela que as maiores concentrações de carbono
orgânico nos solos da Amazônia estão em áreas de mangue (250 toneladas por hectare
(t/ha) até 1 m de profundidade), em comparação à média para os solos da Amazônia que é
de 95 t/ha. Isso denota sua importância como reservatório de carbono terrestre.

SÍNTESE SOBRE OS SOLOS DA AMAZÔNIA

Os solos da região Amazônica podem ser convenientemente divididos em 11


megasetores pedológicos, que representam grandes pedoambientes de escala quase
continental. Em um panorama global da região, a partir desta divisão útil e didática,
destacam-se:
Há grande pedodiversidade na Amazônia. Os solos das bacias sedimentares obedecem
a um forte controle geológico-estrutural, coincidente com a subdivisão das bacias. Os
solos da bacia do Acre, acima do Arco de Iquitos, têm influencia Andina/subandina,
são eutróficos e têm argila de alta atividade (Ta), em sua maioria. É comum o caráter
alumínico. Entre o Arco de Iquitos e Purus, na bacia do Solimões ou Alto Amazonas, os
solos têm caráter plíntico variável em grau (Plintossolos, Argissolos com plintita), mas
notável e generalizado, são Ta ou Tb (argila de atividade de baixa), mas sempre distróficos,
com raros eutróficos. A jusante do Arco de Purus até o Arco de Monte Alegre, a bacia
do Médio Amazonas é associada fortemente a Latossolos, em geral Amarelos, derivados
da Formação Alter do Chão ou Belterra. Finalmente, no Baixo Amazonas/Marajó, têm-se
Gleissolos, dominantes, Ta, sob influência de fortes marés amazônicas e pela gigantesca
carga sedimentar e hídrica do grande rio.
Os Argissolos e Latossolos (Amarelos e Vermelho-Amarelos) nas zonas cristalinas
do Cráton amazônico, em revelo dissecado, ainda que suave, dominam e são geralmente
distróficos, exceto onde ocorrem rochas máficas. Os solos de várzea destes rios são sempre
distróficos. São comuns solos desenvolvidos de antigas couraças lateríticas formadas em
climas bem mais secos que os atuais.
Os solos antrópicos (Terra Preta de índio), com altos teores de MOS, fósforo e CTC
mais elevada, ocorrem com maior frequência sobre as Terras Firmes do Médio Amazonas,
mas também na várzea, onde foram mais recentemente observados e estudados.

Pedologia
III - Solos da Região Amazônica 167

As Terras Altas de Roraima e Rondônia possuem solos rasos ou profundos, distróficos


ou eutróficos, dependendo da natureza da rocha. Manchas de solos ricos, derivados de
rochas máficas ou com influência de minerais ferromagnesianos, ocorrem em ambas as
regiões e são intensamente aproveitadas para cultivos.
Solos arenosos, fruto da extrema podzolização, com formação de Espodossolos
profundos, ácidos e muito pobres quimicamente, são característicos da bacia do rio Negro.
Ocorrem em relevo extensamente plano e baixo, em regime climático superúmido e sob
vegetação de Campinarana. São provenientes da destruição de mantos latossólicos ou
outros processos de arenização (cólicos fluviais) em clima superúmido.
As Manchas de Savanas (Cerrados, Campos) na Amazônia são comuns e estão na sua
maioria associadas a solos mal ou imperfeitamente drenados, mas também podem ocorrer
sobre Latossolos Amarelos, subsuperficialmente coesos ou epipedregosos (Monte Alegre),
ou arenosos (Alter do Chão). São Cerrados floristicamente, mais pobres em relação ao
Planalto Central brasileiro.
As Planícies Fluviais do Amazonas/Solimões são o maior espaço aluvial eutrófico
do Brasil, condicionando o uso e cultivo sustentável e contínuo desde os tempos pré-
colombianos.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo


financiamento de diversos projetos de pesquisa na região. Ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Programa de Áreas Protegidas (ARPA),
pelo apoio e financiamento de parte dos trabalhos.

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