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ANÁLISE DA PROPAGAÇÃO DE PRESSÃO EM FLUIDOS DE PERFURAÇÃO


DURANTE KICK DE GÁS

Article · August 2015

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4 authors, including:

Jonathan Felipe Galdino Admilson Franco


Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR) Federal University of Technology - Paraná
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Cezar O.R. Negrão


Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR)
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ANÁLISE DA PROPAGAÇÃO DE PRESSÃO EM FLUIDOS DE PERFURAÇÃO
DURANTE KICK DE GÁS

1
Jonathan F. Galdino, 2 Gabriel M. de Oliveira, 3 Admilson T. Franco, 3 Cezar O. R. Negrão
1
Mestrando, discente do curso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais
2
Doutorando, discente do curso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais
3
Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
1,2,3
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Av Sete de Setembro, 3165, Curitiba – PR, CEP 80230-901

e-mail: jonathangrag@gmail.com

RESUMO - Na perfuração de poços em águas profundas, a pressão no interior do poço deve


estar acima da pressão da formação para evitar a invasão do fluido da formação para o poço.
Este fenômeno é denominado de kick, e se não for controlado, pode-se tornar um blowout. O
presente artigo apresenta um modelo matemático de escoamento transiente e compressível
para prever a propagação de pressão ao longo do poço durante a ocorrência de um kick de
gás. O modelo é baseado nas equações de balanço de massa e de quantidade de movimento
que são resolvidas através do método das características. Um modelo de tixotropia é
considerado para descrever o comportamento do fluido de perfuração. O influxo de gás é
definido como uma função da permeabilidade do reservatório e da diferença de pressão entre
o reservatório e o poço. Os resultados indicam que o ganho de pressão na superfície é inferior
ao ganho de pressão no fundo e depende das propriedades tixotrópicas do fluido.

Palavras-Chave: Influxo de gás, fluido de perfuração, tixotropia.

INTRODUÇÃO Um modelo robusto que considera o fluido de


perfuração como um plástico de Bingham e o gás
Na perfuração de poços de petróleo e gás, disperso no fluido foi desenvolvido por Stanbery
a pressão no fundo do poço deve ser mantida (1976). Santos (1982) apresentou um modelo no
dentro da janela operacional para evitar danos à qual considera o deslizamento entre o gás e o
formação e a invasão de fluido do reservatório. O fluido de perfuração e as perdas de pressão por
controle da pressão é realizado através da fricção na região bifásica. Um modelo mais
pressão hidrostática do fluido de perfuração. Se a completo, considerando vários componentes
pressão no interior do poço se tornar menor que geométricos do poço foi desenvolvido por
a pressão da formação, há o risco do fluido da Nickens (1987). Negrão (1989) desenvolveu um
formação (óleo, gás natural ou água) se deslocar modelo para a circulação do kick utilizando
para o interior do poço e migrar ao longo do correlações para o escoamento bifásico gás-
espaço anular, o espaço formado entre a coluna líquido vertical, sendo que as propriedades da
de perfuração e a formação. O influxo da fase gasosa são determinadas através da
formação é denominado de kick e, se não for pressão média na região bifásica. O primeiro a
devidamente controlado, pode-se tornar um apresentar um modelo de escoamento bifásico
blowout, que é o fluxo da formação descontrolado disperso foi Lage (1990). Ohara (1995) mensurou
na superfície do poço, especialmente se o influxo os efeitos do reservatório do gás, da linha choke
for de um gás. O kick geralmente é detectado e da velocidade do gás. Um trabalho realizado
pelo aumento de volume do fluido de perfuração por Nunes (2002) contempla várias seções na
nos tanques de lama. Este método, entretanto, região anular e a inclinação do poço. O modelo
somente permite detecção de kicks quando um prevê a variação da pressão na linha do choke e
volume significativo de gás invadiu o poço, sendo no espaço anular durante uma situação de
às vezes tarde demais para que se evite um controle do poço e apresenta também uma
blowout. Logo, o influxo de gás deve ser comparação entre diferentes modelos
detectado o mais rápido possível para assegurar matemáticos de kick. Galdino (2014) apresentou
o controle da operação de perfuração. um modelo matemático que prevê a propagação
Um dos primeiros modelos para a análise de pressão ao longo do poço durante um kick de
do kick foi proposto por LeBlanc e Lewis (1968). gás considerando o fluido de perfuração como
compressível e tixotrópico. A modelagem consiste Figura 1b. O comprimento total do espaço anular
nas equações de balanço de massa e da é identificado como L e os diâmetros interno e
quantidade de movimento. Considera-se o gás externo são identificados como, respectivamente,
estacionário no poço e insolúvel e que o fluido de D1 e D2 . A região da broca é desconsiderada.
perfuração retorna pela coluna e pelo espaço
anular. a)
No presente trabalho é proposto um
modelo matemático para o influxo de gás e para a
propagação de pressão ao longo do tempo no b)
interior do poço. Assim que o kick é detectado, o D1
poço é fechado e espera-se até a estabilização
da pressão. O modelo é baseado nas equações D2
de balanço de massa e de quantidade de L
movimento, as quais são discretizadas pelo Gás
método das características. Diferentemente dos
modelos encontrados na literatura, é considerado
a compressibilidade e o comportamento
tixotrópico do fluido de perfuração. Os focos do
estudo são: o ganho de volume nos tanques de
lama para a detecção do kick, o tempo
necessário para a estabilização da pressão após Gás z r
o fechamento do poço e a transmissibilidade da
pressão ao longo do poço. Figura 1 - a) Esquema do poço de perfuração
O objetivo é analisar o comportamento da durante kick de gás e b) seção transversal do
pressão no interior do poço durante um kick de espaço anular
gás, auxiliando em uma mais rápida detecção de
um influxo da formação. Após o fechamento do Uma situação crítica para que ocorra o
poço, os resultados obtidos auxiliam no cálculo influxo é quando não há o bombeamento do fluido
da nova massa específica do fluido de perfuração de perfuração. No modelo, considera-se que o
para combater o kick. O diferencial do modelo fluido está em repouso e totalmente gelificado.
proposto é o método de solução das equações de Quando o influxo de gás começa, inicia-se a
balanço, a consideração do efeito da quebra da estrutura gelificada ao longo do poço e
compressibilidade e do comportamento desloca o fluido de perfuração para a superfície.
tixotrópico do fluido de perfuração. Assim que o kick é detectado, fecha-se o poço e
espera-se até que as pressões se estabilizem.
MODELAGEM MATEMÁTICA
Equações de Balanço

Descrição do Problema O escoamento no espaço anular é


considerado como fracamente compressível,
A Figura 1a mostra uma representação isotérmico, laminar e unidimensional na direção
esquemática do processo de perfuração. No axial. O sistema de coordenadas é apresentado
processo, injeta-se o fluido de perfuração através na Figura 1a. A região do espaço anular é admita
da coluna de perfuração. O fluido retorna como um corpo perfeitamente rígido. O fluido de
carregando os cascalhos pelo espaço anular perfuração é considerado como tixotrópico e seu
formado entre o poço e a coluna devido à comportamento é representado pelo modelo de
passagem da broca. Entretanto, em alguns Mendes e Thompson (2013). O gás é modelado
momentos pode ocorrer a parada do processo, através da lei dos gases ideais.
no qual não há a circulação do fluido de Utilizando uma compressibilidade
perfuração. Logo, a pressão ao longo do poço é isotérmica constante para o fluido de perfuração:
reduzida, aumentando a probabilidade da
ocorrência de um kick. Durante a ocorrência do 1  P  1
  (1)
   
kick, há retorno do fluido de perfuração somente
c2
pelo espaço anular. Portanto, a presente
modelagem matemática contempla somente o
espaço anular. A presença de cascalhos na as equações de balanço de massa e de
modelagem é desconsiderada. Embora ocorram quantidade de movimento podem ser escritas,
mudanças nas áreas da seção do espaço anular, respectivamente, como:
a geometria será simplificada como é ilustrado na
P V do reservatório e na diferença de pressão entre o
  c2 0 (2) reservatório e o fundo do poço:
t z
2 kr h( Pr  Pw )
V P 4 qg  (7)
     gz (3)  g ln  rr rw 
t z Dh

em que  , V e P são os valores médios da em que qg é a vazão volumétrica do gás,  g é a


massa específica do fluido de perfuração, da viscosidade dinâmica do gás, kr é a
velocidade e da pressão na seção transversal e permeabilidade do reservatório, h é a altura do
c é a velocidade da propagação da onda de
reservatório, Pr e Pw são, respectivamente, a
pressão.  é a tensão média de cisalhamento na
seção transversal. t é o tempo e z é a posição pressão no reservatório e a pressão no fundo do
poço, rr é o raio do reservatório e rw é o raio por
na direção axial. Dh representa o diâmetro
onde ocorre o influxo de gás.
hidráulico definido como  D2  D1  e gz é a
aceleração da gravidade na direção axial. Modelo de Tixotropia
Define-se uma tensão média de
cisalhamento como: O modelo tixotrópico viscoelástico
desenvolvido por Mendes e Thompson (2013) é
 e re   i ri utilizado para representar a quebra do gel e do
  (4)
processo de recuperação. O modelo consiste de
re  ri
uma equação diferencial para a evolução do
parâmetro estrutural e uma equação constitutiva
em que re e ri são, respectivamente, o raio
baseada no modelo de Jeffrey:
externo e interno e  e e  i são, respectivamente,
a tensão de cisalhamento na parede externa e na 2   
parede interna. Considerando a pressão    2      (8)
constante na seção transversal e através de um   1 
balanço da quantidade de movimento na direção
axial, pode-se deduzir que o perfil da tensão de em que  ,  ,  e  são, respectivamente, a
cisalhamento no espaço anular é:
taxa de cisalhamento, a variação da taxa de
cisalhamento, a tensão de cisalhamento e a
 r 2  r02
 (5) variação da tensão de cisalhamento. 1 e  2 são,
re  ri r
respectivamente, o tempo de relaxação e o tempo
de retardo, os quais dependem do parâmetro
em que r0 a posição radial onde a tensão de estrutural  e  é a viscosidade referente ao
cisalhamento é nula. estado completamente desestruturado.

Influxo de Gás Solução das Equações

O influxo de gás é a migração do gás da As equações de balanço de massa e de


formação para o interior do poço de perfuração. quantidade de movimento formam um sistema de
Para a modelagem do comportamento do gás equações diferenciais parciais hiperbólicas, tendo
utiliza-se a lei dos gases ideais: como incógnitas a pressão e a velocidade. Para a
solução do problema, o método das
Pg   mg RT (6) características é aplicado, transformando as
equações parciais hiperbólicas em equações
diferenciais totais. As equações resultantes são
em que Pg é a pressão absoluta do gás, mg é a
integradas pelo método das diferenças finitas
massa do gás, R é a constante específica do (Wilye et al., 1993).
gás, T é a temperatura absoluta e  é o volume A malha na direção axial utilizada é uma
ocupado pelo gás no fundo do poço. malha uniforme com número par de células. Cada
O gás que adentra no poço é considerado célula possui comprimento igual a z  L N ,
estacionário no fundo do poço e não é solúvel no
onde L é o comprimento total do espaço anular e
fluido de perfuração. O influxo de gás é
N é o número de células. A Figura 2 ilustra a
determinado através da lei de Darcy, baseado
nas propriedades do gás ideal, na permeabilidade malha na direção axial adotada.
t z A obtenção dos campos de velocidade e
pressão ao longo do poço é iniciada fazendo-se o
campo de velocidade igual a zero e calculando a
pressão hidrostática para cada ponto. Calcula-se
o campo de pressão e de velocidade nos pontos
internos para t   2n  1 t . Para o cálculo,
estima-se uma tensão média de cisalhamento
 i n 1 para cada ponto e pelo método das
i características obtém-se uma velocidade Vi n 1 .
C+ C
-
Calcula-se o perfil radial de velocidades através
t
do modelo de tixotropia, onde é adotado um
t=0 processo iterativo para a obtenção da posição
z=0 i-1 i+1 z=l
radial onde a tensão de cisalhamento é nula, r0 .
Figura 2 - Malha axial e temporal adotada na
A velocidade média, obtida pela integração do
solução numérica
perfil radial de velocidade, deve ser muito
próxima à velocidade obtida pela Equação (10),
Para os pontos no interior do domínio, caso contrário estima-se um novo valor para  i n 1
estima-se um valor da tensão de cisalhamento e repete-se o processo. Com os campos de
média  n 1 e então se escreve a pressão e a pressão e velocidade calculados, passa-se para o
velocidade em um instante de tempo em função próximo instante de tempo, realizando os cálculos
dos valores do tempo anterior. nas células ímpares da malha e, posteriormente,
passa-se a calcular a pressão e a velocidade nas
Pi n 1   F   F   2 (9) fronteiras, utilizando as condições de contorno.
No ponto i  N  1 , superfície do espaço anular, a
condição de contorno inicial é a pressão
 4z n 1  manométrica nula na saída. No ponto i  1
Vi n 1   F   F    i  2 c (10)
 Dh  localiza-se o fundo do poço, onde ocorre a
injeção do gás. Calcula-se a pressão através da
Equação (12) e a velocidade através da Equação
em que:
(10). Por fim, passa-se para o próximo instante de
tempo até atingir o tempo máximo estipulado.
2z i n1
F   Pi n1   cVi n1    g z
Dh Condições Inicias e de Contorno
(11)
2z n
F   Pi n1   cVi n1  i 1
  g z A condição inicial escolhida é o fluido em
Dh repouso e totalmente gelificado. A tensão média
de cisalhamento inicial é nula ao longo de todo o
sendo n e i os índices referentes ao tempo e a poço. A pressão inicial ao longo do poço é dada
posição axial, respectivamente. pela pressão hidrostática. No instante t  0 ,
No fundo do poço, onde ocorre o influxo de gás, inicia-se o influxo de gás. O fluido de perfuração é
encontra-se o último ponto no domínio, sendo gradativamente desestruturado e deslocado ao
aplicada uma condição de contorno. Neste ponto, longo do poço. Quando o kick é detectado, fecha-
tem-se da malha utilizada uma linha característica se o poço e altera-se a condição de contorno na
C  . Com a aplicação da equação balanço de superfície para a vazão nula e espera-se a
massa discretizada na Equação (6), pode-se es- estabilização da pressão.
crever a pressão do gás com base no fluxo do
gás que entra no poço: RESULTADOS
 mg   m n  m n 1  t  RT Estudo de Caso
Pg    (12)
  V1n  V1n 1  At Nesta seção é apresentada uma análise da
diferença entre o volume do gás no interior do
em que A é a área da seção transversal do poço e do volume ganho na superfície. Os
espaço anular e  é o volume de gás presente parâmetros da geometria e fluidos definidos são
no interior do poço. apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Parâmetros do processo de perfuração utilizados na simulação numérica
Profundidade 5000 m
Geometria
Diâmetro interno e externo do espaço anular 0,1397 m / 0,2159 m
Massa específica 1318 kg/m³ (11 ppg)
Viscosidade à taxa de cisalhamento infinita  0,10 Pa.s
Viscosidade à taxa de cisalhamento nula 0 1 107 Pa.s
Fluido de
Perfuração Índice lei de potência 0,5
Tempo característico da microestrutura 1s
Velocidade da onda de propagação de pressão 1000,0 m/s
Tempo para fechamento 600 s
Densidade do gás 240,0 kg/m³
Constante do Gás (Metano) 518,3 J/kgK
Parâmetros
Pressão do reservatório 67,88 Mpa
do Influxo
Permeabilidade do reservatório 10-13 m2
Temperatura do gás 50°C (323 K)
Comprimento do volume na direção axial 10 m (N = 500)
Parâmetros Comprimento do volume na direção radial 1,27 mm (M = 30)
da Simulação Resíduo máximo permitido 10-6
Número máximo de iterações 30
Aceleração da gravidade 9,81 m/s²

O principal indício de que está ocorrendo necessário para que haja a quebra da
um kick é o ganho de volume nos tanques de microestrutura ao longo de todo o espaço anular.
lama. A Figura 3 apresenta o volume do gás no Percebe-se, também, que o volume do gás é
interior do poço e o ganho de volume nos tanques sempre maior que o volume ganho, tal fato deve-
de lama. Nota-se que é necessário cerca de 100 se a compressibilidade do fluido de perfuração.
s após o influxo para que se inicie o ganho de No caso de um fluido incompressível os volumes
volume na superfície. Isto ocorre devido ao tempo seriam iguais.

0.45

0.4

0.35

0.3
Volume (m3)

0.25

0.2

0.15

0.1
Volume Ganho
0.05 Volume de Gás

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
t (s)

Figura 3 - Volume do gás no poço e volume ganho nos tanques de lama ao longo do tempo
et al. (2010) apresenta um modelo matemático
Comparação entre Fluido Tixotrópico e Fluido que descreve o comportamento de um fluido de
de Bingham Bingham em um tubo circular ou anular. O
modelo é baseado nas equações de balanço da
Os fluidos de perfuração são comumente massa e da quantidade de movimento e na
modelados como um fluido de Bingham. Oliveira utilização de um fator de atrito. O modelo de
Oliveira et al. (2010) foi o modelo adaptado para apresentados anteriormente, a partir de 200 s até
o problema de kick deste trabalho. o fechamento do poço, o escoamento entra em
O objetivo desta seção é comparar o regime permanente. Calculou-se a taxa de
comportamento de um fluido de Bingham e de um equilíbrio neste período e, a partir da equação
fluido tixotrópico durante a ocorrência de um kick. constitutiva do fluido de Bingham, pode-se
O modelo de tixotropia adotado possui vários calcular uma viscosidade equivalente fixando a
parâmetros relativos à viscosidade, enquanto que tensão limite de escoamento igual a 1,0 Pa. A
o fluido de Bingham possui somente a viscosidade determinada foi de 0,9016 Pa.s.
viscosidade plástica. Nos resultados

3.5

2.5
P (MPa)

1.5

1
Plástico de Bingham
Fluido Tixotrópico, teq = 1 s
0.5 Fluido Tixotrópico, teq = 100 s

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
t (s)

Figura 4 - Variação da pressão ao longo do tempo no fundo do poço para diferentes fluidos

A Figura 4 apresenta a variação da microestrutura na propagação de pressão


pressão ao longo do tempo no fundo do poço diminui. De tal modo que os resultados para o
para dois fluidos tixotrópicos e um fluido de fluido de Bingham e para o fluido tixotrópico com
Bingham. A diferença entre os fluidos tixotrópicos teq  1 s são similares.
é o tempo de equilíbrio teq , um possui o tempo de A Figura 5 apresenta a variação da
equilíbrio igual a 1 e outro igual a 100. Nota-se pressão na superfície ao longo do tempo para os
comportamento similar da pressão entre o fluido três fluidos. Nota-se que o aumento da pressão
de Bingham e o fluido tixotrópico com o menor para o fluido tixotrópico com o tempo de equilíbrio
tempo de equilíbrio, pois ambos não apresentam acontece de forma mais rápida. O tempo menor
um pico de pressão no início do kick. Isso se para o aumento de pressão na superfície é
deve ao fato da quebra da microestrutura ocorrer consequente da maior pressão no fundo do poço
rapidamente, não havendo um acúmulo de que havia quando se fechou o poço. O fluido de
pressão até a quebra da microestrutura, como Bingham é o que demanda maior tempo para o
ocorre para o fluido com tempo de equilíbrio ganho de pressão, pois a pressão no fundo era
maior. Antes do fechamento, o ganho de pressão menor em relação às pressões dos outros dois
para o fluido de Bingham é 0,67 MPa e para o fluidos.
fluido tixotrópico com o tempo de equilíbrio menor Para a entrada do gás no interior do poço é
é 0,87 MPa, enquanto que para o fluido necessário que o gás desloque o fluido de
tixotrópico com teq  100 s há um pico de perfuração quebrando a microestrutura ao longo
do poço. Quanto maior for o tempo de equilíbrio,
pressão que alcança um aumento de pressão de maior é o tempo até que a quebra aconteça.
1,75 MPa. Uma diferença entre os modelos é que Logo, menor é o volume do gás que migra para o
para o fluido de Bingham não há o efeito da poço.
quebra da microestrutura. Quando o tempo de
equilíbrio é pequeno, o efeito da quebra da
3.5

2.5
P (MPa)

1.5

1
Plástico de Bingham
Fluido Tixotrópico, teq = 1 s
0.5 Fluido Tixotrópico, teq = 100 s

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
t (s)
Figura 5 - Variação da pressão ao longo do tempo na superfície para diferentes fluidos

O tempo de equilíbrio tem grande início do ganho de volume de fluido após cerca
importância também no volume ganho nos de 450 s, enquanto que para os outros dois
tanques de lama. Para o fluido tixotrópico, é fluidos ocorre após cerca de 80 s. Para o fluido
necessário que ocorra a quebra da microestrutura de Bingham, não há quebra da microestrutura,
ao longo de todo o poço até que se inicie o ganho mas é necessário que a tensão de cisalhamento
de volume na superfície. Quanto maior for o supere a tensão limite de escoamento para que o
tempo de equilíbrio do material, maior será o fluido de perfuração seja deslocado. Como um
tempo necessário para ocorrer a quebra da tempo de equilíbrio igual a 1 s é pequeno, a
microestrutura e para o início do ganho de quebra ao longo de todo o poço ocorre
volume nos tanques. Esse fato pode ser rapidamente. Logo, a evolução do pit gain ao
observado na Figura 6, que apresenta o pit gain longo do tempo para um tempo de equilíbrio
ao longo do tempo. Nota-se que para o fluido pequeno e para o fluido de Bingham é similar.
tixotrópico com maior tempo de equilíbrio, só há o

0.2

Plástico de Bingham
Fluido Tixotrópico, teq = 1 s
0.15
Fluido Tixotrópico, teq = 100 s
Volume Ganho (m3)

0.1

0.05

0
0 100 200 300 400 500 600 700
t (s)
Figura 6 - Volume ganho nos tanques de lama para diferentes fluidos

CONCLUSÕES de pressão em um poço de perfuração durante a


ocorrência de uma invasão da formação por um
gás (kick). O modelo permite o estudo da
O presente trabalho apresenta uma propagação de pressão antes e após o
modelagem matemática que prevê a propagação fechamento do poço, podendo-se avaliar a
transmissibilidade de pressão após o fechamento LEBLANC, J.L. e LEWIS, R.L., 1968. A
considerando o comportamento tixotrópico do Mathematical Model of a Gas Kick, Journal of
fluido de perfuração. O fluido é considerado Petroleum Technology, Vol. 103 , p. 888–
fracamente compressível e a estruturação do 898.
fluido é modelada utilizando a equação MENDES, P. R. S.; THOMPSON, R. L., 2013. A
constitutiva de Souza Mendes e Thompson unified approach to model elasto-viscoplastic
(2013). O presente trabalho é o primeiro modelo a thixotropic yield-stress materials and
considerar o fluido de perfuração como um fluido apparent yield-stress fluids, Rheol Acta, vol.
tixotrópico para o estudo do kick. Apresentou-se 52, pp 673-694.
uma análise comparando o comportamento do NEGRÃO, A.F., 1989. Controle de poço em
fluido tixotrópico com o fluido de Bingham. De águas profundas, Universidade Estadual de
modo sucinta, pode-se concluir que: Campinas, Campinas-SP. (Dissertação de
Mestrado).
i. Um fluido tixotrópico com um pequeno NEGRÃO, C.O.R., FRANCO, A.T. e ROCHA,
tempo de equilíbrio possui um L.L.V., 2011. A weakly compressible flow
comportamento similar ao fluido de model for the restart of thixotropic drilling
Bingham durante um kick de gás. fluids, J. Non-Newtonian Fluid Mech, Vol.
Quando o tempo de equilíbrio é maior, há 166, p. 1369–1381.
um pico de pressão no fundo do poço no NICKENS, H., 1987. A dynamic computer model
início do kick devido o acúmulo da of a kicking well, SPE Drilling Engineering,
pressão enquanto a microestrutura não Vol. 2 , p. 158–173.
quebra. NUNES, J.O.L., 2001. Estudo do controle de
poços em operações de perfuração em
ii. Tanto o volume de gás no interior do águas profundas e ultra profundas,
poço e o volume ganho nos tanques de Universidade Estadual de Campinas,
lama são menores quanto maior é o Campinas-SP. (Dissertação de Mestrado).
tempo de equilíbrio. NUNES, J.O.L., BANNWART, A.C. e RIBEIRO,
P.R., 2002. Mathematical Modeling of Gas
iii. O aumento de pressão que ocorre no Kicks in Deep Water Scenario, In
fundo do poço é sempre maior que o Proceedings of the IADC/SPE Asia Pacific
aumento de pressão que ocorre na Drilling Technology 8-11 September, Jakarta,
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