Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os Objetivos de Instrução
Ao contrário, passar de ano e realizar as atividades cotidianas exigidas pela escola não
são, por si só, os motivos pelos quais se é estudante, mas sim as etapas pelas quais se
deve passar para chegar ao verdadeiro papel do aluno: adquirir conhecimento e
experiência de modo a atingir objetivos maiores, de longo prazo.
Essas conceituações e compreensões relativas aos sentidos e aos significados são muito
pertinentes, esclarecedoras e enriquecedoras para a análise dos processos de ensino-
aprendizagem na escola (...). Assim, os conteúdos são objetivados e o aluno percebido
“objetivamente” apenas como sendo “um aluno a mais”, ou como ocupante de um espaço
delimitado na sala de aula. As questões relativas ao modo como o aluno participa das
atividades e constrói significados a partir dos conteúdos culturalmente construídos, bem como
a verificação de quais sentidos pessoais estão 15 emergindo na situação de ensino, ficam à
margem das preocupações e, portanto, do próprio ensino. (TACCA, 2005, p. 234)
Maturana (2000) reafirma essa ideia ao dizer que toda ação humana está ligada a uma
emoção que possibilita o ato. Ele conclui, então que não é a razão que promove a ação, mas a
emoção. Enfim, o vínculo emocional é o agente determinante da vida social do sujeito,
estimulando-o a se aproximar do outro e a iniciar uma relação, ou qualquer outra ação que
realize. Esse papel da emoção garante à criança sua participação no espaço social e no
desenvolvimento da cultura e da educação. O referencial histórico/cultural representa uma
nova maneira de entender a relação entre sujeito e objeto no processo de construção do
conhecimento. Na concepção de Vygotsky, apud Kohl (1999), o indivíduo constrói
conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com os outros indivíduos e
consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que
permite a constituição de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo
que caminha do plano social – relações interpessoais para o plano individual interno – relações
intrapessoais.
Vygotsky apud Kohl (1999) argumenta que as crianças não conseguem escapar das suposições
preconceituosas que a sociedade de classes lhes transmite, as quais, modelando suas atitudes
e comportamentos, acabam por perpetuar a discriminação e a injustiça social. Ora, a produção
e reprodução do sistema de valores em nosso contexto social não se perpetuam
automaticamente; portanto, a questão da educação não pode ser encarada de maneira
ingênua. Assim a tarefa da educação é agir no sentido de superar ou transcender
positivamente o processo de alienação a que o homem é submetido cotidianamente no campo
de suas relações sociais, afetivas, culturais e econômicas.
O processo ensino aprendizagem ocorre nas relações professor – aluno, aluno – professor e
aluno - aluno; assim como esses sujeitos, o ensino e a 18 aprendizagem não acontecem
isoladamente e nem da mesma forma em diferentes tempos e ambientes. As relações dentro
da sala de aula ocorrem de acordo com as expectativas que os sujeitos envolvidos possuem do
ensino e da aprendizagem. Comecemos por entender o que ensinar e o que aprender, porém
esses conceitos não são tão simples, pois nos levam a compreensão das diferentes épocas que
se desenvolveram como também compreender sua mudança no decorrer da história, o que
nos leva mais uma vez ao questionamento de que homem pretendeu formar. Pois, o ensino e a
aprendizagem estão diretamente relacionados aos sujeitos do processo de ensino-
aprendizagem que são professor e aluno. O processo de ensino-aprendizagem tem sido
historicamente caracterizado de formas diferentes que vão desde a representação do
professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o
processo de ensinoaprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando.
Lembrando o que está na LDB. 9394/96 TÍTULO I, ART. 1º que afirma que a aprendizagem
ocorre em todo momento e em qualquer lugar, podemos entender que o ensino ocorre da
mesma forma, logo ensino e aprendizagem ocorrem em processo de formação e
desenvolvimento dos sujeitos.
Antes de ser um professor, o sujeito que ocupa essa função social é uma pessoa que tem um
passado histórico que não se mede apenas por um relato 20 subjetivo, mas principalmente nas
experiências vivenciadas e construídas em suas ações. Um sujeito que desenvolveu habilidades
e competências durante a sua vida social e acadêmica que influenciaram na estrutura de sua
base profissional. Mosquera (1996) destaca algumas habilidades básicas para ser um
professor, como comunicação adequada, conhecimento de sua personalidade, conhecimento
de sua área de ensino, bom nível afetivo e social, bem como objetivos e metas alcançáveis e
disposição para trabalhar; pois a profissão professor exige dedicação e energia. Aquino (1996),
também destaca outras características do professor: esforçado, atualizado, sério, mas nunca
intransigente. Deve evitar a distancia excessiva do aluno, ser companheiro, amigo, além de
apresentar um domínio profundo o seu campo de conhecimento, bem como das técnicas de
transmitir conteúdos. Segundo Filho, apud, Coll e Solé (1997) “o professor possui valores,
atitudes e comportamentos que adquiriu fora da escola, nesse contexto, é conhecimento
aquilo que ele construiu ao longo de sua vida que dá a ele a habilidade de trabalhar sobre o
provável e o possível e interagir com o outro simbolizado, inclusive por meio da palavra
escrita”. Sendo assim, podemos afirmar que é conhecimento o que foi construído ao longo de
sua vida. O professor possui valores e atitudes e comportamentos adquiridos fora da escola,
sua própria formação profissional servirá de base para sua postura profissional em sala de
aula. A qualidade e a profundidade da formação do professor certamente influenciarão na sua
prática pedagógica.
O aluno assim como o professor, é um ser constituído historicamente e que também responde
de um lugar determinado socialmente; as representações do aluno também estão
entrelaçadas a um determinado momento histórico – social. A representação desse sujeito “o
aluno”, está na maneira de pensar o tipo de homem que se quer formar. Segundo Libânio
(1994) na pedagogia tradicional a aprendizagem é conduzida de forma “mecânica, associativa,
não mobilizando a atividade mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos
alunos” (LIBÂNEO, 1994, p.61), ou seja, esta se apresenta como uma proposta de formação
baseada em atitudes receptivas, em que o papel do aluno se restringe a ouvir atentamente o
que é transmitido pelo professor e em silêncio, pois se acredita que assim os alunos teriam
condições de reter a matéria ensinada pelo professor. Com o capitalismo Martins (2008)
afirma que a ordem social era a formar trabalhadores, ou seja, profissionalizar para
instrumentalizar o mercado de trabalho;
Nas relações em sala de aula existe um “sujeito oculto” que faz grande diferença dependendo
de sua atuação ser ativa ou passiva. Esse sujeito é o diretor da escola. Historicamente a
representação do sujeito diretor sofreu algumas modificações sociais desde ser visto como
aquele que cuida de tarefas administrativas e não tem relação com as questões pedagógicas,
como também do sujeito que representa a escola em estancias superiores e outros órgãos
repassando as decisões para que o quadro de funcionários siga; até ser o sujeito que pensa em
todos os detalhes para que não só a educação naquele espaço escolar seja de qualidade, e sim
que todos sejam escutados buscando encontrar o ponto de união entre a equipe escolar e a
comunidade.