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Revolução
O INÍCIO DA REVOLUÇÃO
ocasião propícia.
O grupo principal da ala modernista e liberal dos Padres conciliares era constituído por bispos
manobravam a seu gosto — com os quais logo fizeram bloco outros episcopados da Europa,
tratada a questão preliminar da eleição dos membros das dez comissões conciliares que
deviam trabalhar sobre os textos doutrinais já redigidos pela comissão central preparatória.
O episcopado "do Reno" tenta a introduzir ali o maior número possível dos seus "peritos", no
intuito de orientar os trabalhos do Concílio segundo seus próprios planos: mas para isso, era
necessário fazer rejeitar pelos Padres conciliares a lista de "peritos" já preparada pelo Santo
Ofício, composta de teólogos que já tinham desempenhado algum papel na redação das
primeiras provas dos textos, comissão preparatória. Peritos julgados "tradicionais demais"
pelos inovadores deviam ser afastados; caso fossem eleitos, o que parecia mais do que
provável, a margem de manobra dos "novos teólogos" seria drasticamente reduzida, até
mesmo anulada.
Um segundo problema era constituído pelos próprios textos, redigidos pela comissão
modernistas.
O padre Ralph Wiltgen, dos Missionários do Verbo Divino, escreveu a este respeito:
"O cardeal Liénart... se levantou e pediu a palavra. Ele expôs o fato de que os Padres
conciliares tinham necessidade de mais tempo para estudar as qualificações dos vários
candidatos. Uma vez que as conferências episcopais se pusessem de acordo, disse ele, cada
Conseqüentemente, ele pediu que o escrutínio fosse diferido por alguns dias".
Monsenhor Felici, Secretário do Concílio, depois de uma breve consulta junto ao Cardeal
Tisserant (primeiro dos Cardeais Presidentes), "anunciou que a Presidência do Concílio tinha
aceitado a solicitação dos dois cardeais”. A reunião tinha sido marcada para terça-feira, 16
de outubro às 9h. O Pe. Wiltgen acrescenta: "A primeira sessão de trabalho, inclusive a
missa, não durou mais do que cinqüenta minutos. Saindo da sala do Concílio, um bispo
holandês gritou a um padre amigo que se encontrava a alguma distância. “É nossa primeira
vitória!"[2].
É preciso enfatizar o fato de que esta verdadeira conjuração do grupo neomodernista tinha
sido cuidadosamente preparada nos detalhes, fato sobre o qual hoje temos incontestáveis
confirmações tanto pelo relatório de um historiador imparcial como o Pe. Wiltgen[3], quanto
Eis, com efeito, em que termos Guitton se exprime em seu livro Paul VI Secret, relatando uma
representando uma reunião de cardeais antes do Concílio. Veem-se aí seis ou sete cardeais
Em 16 de outubro seguinte se deu o escrutínio decisivo para a eleição dos membros das
que obteve 49% das sedes nas dez comissões e até 50% na comissão doutrinal (a mais
Em suma, como diz o Pe. Wiltgen, "depois dessa eleição, não era difícil ver qual era o grupo
suficientemente organizado para tomar a direção das operações”. O Reno [que banha a
Áustria, a Suíça, a Alemanha, a França, a Holanda e passa perto da Bélgica — n.d.r.] tinha
conciliares preparados
Encorajados por estes primeiros sucessos, os bispos da Aliança Europeia, manobrados pelos
novos teólogos, podiam então iniciar seus ataques contra os documentos já redigidos pela
decisivo, tanto em razão do conteúdo tradicional destes textos quanto pela linguagem
escolástica na qual tinham sido redigidos, o que tornava impossível qualquer tentativa de
introduzir neles aquilo que seria transformado nas famosas novidades conciliares, isto é, o
concentrado de idéias dos “novos teólogos". Seria inútil para os neomodernistas chegar a
mesmos.
A segunda fase do plano previa então o desdobramento de todas as forças à disposição para
desencadear uma pressão constante sobre os padres do Vaticano II, no exterior e no interior
Em seus "Jornais conciliares", o novo teólogo Marie-Dominique Chenu O.P. nos fala, aliás, de
uma reunião que aconteceu para este fim sob a presidência de Mons. Volk no dia 19 de
outubro de 1962:
E eis os nomes de alguns dos membros do complô, como relata o próprio Chenu: "[Entre os
bispos] Volk, Bengsh (Berlim Leste), Garrone, Guerry, Ancel, Weber, Elchinger, (Paul)
Schmitt (Metz).
Holanda foi encarregado pelos bispos deste país de redigir um comentário para informar os
padres conciliares da conveniência de adiar a discussão dos esquemas mais atacados (os
quatros primeiros: As fontes da Revelação; A preservação integral do Depósito da Fé; A ordem moral
acordo com a tática habitual da "nova teologia", de representar não a doutrina católica, mas
primeiros esquemas"[7].
esquemas oficiais num documento que, como lembra o próprio Chenu, "implicava numa
Quanto ao Papa João XXIII, ele veio de fato ao encontro das pretensões da ala liberal
pelos inovadores e estabeleceu que o primeiro esquema a ser discutido na seção seguinte
Inútil dizer que os esquemas devolvidos depois foram sistematicamente repelidos, com os
outros, pela maioria dos Padres sob a pressão influente do grupo do Reno. Só um dos
esquemas iniciais foi aproveitado: o da Santa Liturgia — o único no qual a ação dos
liturgistas neo-modernistas, se bem que habilmente mascarada, tinha sido importante — que
tomou o nome de Sacrosantum Concilium e que, como que por acaso, tinha sido, contrariamente
"Os teólogos manipuladores — escreverá mais tarde o teólogo alemão Johannes Dormann —
que esta estava ligada à teologia escolástica, e que esta última enfim estava ligada à
escolástica’ era para eles a condição sine qua non da ruptura com a antiga dogmática para
substituí-la pela ‘nova teologia’, depois de ter cessado de utilizar a antiga e ter se livrado
dela"[11].
O Concílio já preparado pela Cúria romana tendo sido então "explodido", ele foi substituído
pelo "Concílio dos novos teólogos", com novos textos redigidos para a ocasião sob a
pelos maiores representantes da "nova teologia" já condenada: Henri de Lubac; M-D Chenu;
Yves Congar; Karl Rahner; Hans Küng, Edward Schillebeeckx e outros ainda que tiveram um
Trata-se de fato indiscutível que o Padre Chenu reconheceu abertamente se referindo, por
exemplo, ao documento composto com Congar em oposição aos esquemas da Cúria romana:
"A mensagem atingia eficazmente a opinião pública pelo próprio fato de sua existência. Os
Concilio"[12].
No que concerne a influência nefasta sobre os Padres conciliares de outro monstro sagrado
da nova teologia, o jesuíta Karl Rahner, Yves Congar enfatizava que ela tinha sido "enorme.
comissão teológica, da qual Rahner fazia parte, e onde havia apenas dois microfones na
(continua)
terceiro segredo de Fátima (terrível crise com perda da fé e, portanto, de muitas almas)
começava a realizar-se. O segredo publicado recentemente pelo Santo Ofício [em 2000 (N.
[2] Pe. Ralph Wiltgen S.V.D. O Reno se lança no Tibre, Editora Permanência, Rio de Janeiro.
[3] Ibidem, p. 16.
[5] M.D Chenu, Notes quotidiennes ao Concile, éd. du Cerf, Paris 1995, pp. 74-75.
[6] Ibidem.
[8] Entrevista dada a ICI n.577. p. 41. De 15/08/1982, citado por Romano Amerio, Iota Unum.
[11] Dörmann, La théologie de Jean-Paul II et l’esprit d’Assise, éd. Icht, Albano Laziale, 1997, pp. 34-
35.
[14] Ibidem.