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A IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA ESCOLAR NO CONTEXTO

EDUCACIONAL DA ESCOLA DO CAMPO NO MUNICÍPIO DE


ARAUCÁRIA NO ESTADO DO PARANÁ

SILVA, Eliane de Souza1 – UTP

ENNS, Udo2 – SMEA

INOWLOCKI, Márcia Pavelski3 – SMEA

Grupo de trabalho: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas


Agência Financiadora: CAPES.

Resumo

Esta pesquisa apresenta algumas considerações iniciais acerca da importância da biblioteca


escolar, no contexto educacional, de uma escola do campo, localizada no Município de
Araucária, Paraná, Brasil. Tem-se como objetivo central analisar como a biblioteca escolar
pode oferecer um ambiente favorável e propício para desenvolver o contato e o hábito da
leitura dos educandos. Esta pesquisa, que se encontra em andamento, possui como
metodologia a observação do local, com registros em diários, entrevista com a funcionária da
biblioteca e pedagogos da escola e análises dos materiais existentes no acervo. Contribui para
este estudo autores como: Soares (2006), Caldin (2005), Souza (2008), Freire (1996), entre
outros. Dentre os principais documentos oficiais consultados estão os Parâmetros Nacionais
Curriculares (1998), Diário Oficial da União (2010), e Panorama da Educação do Campo
(2007). Verifica-se que a biblioteca apresenta fragilidades, pois possui inúmeros exemplares
de livros didáticos, e poucos livros de Literatura infantil, infanto-juvenil, clássicos da
Literatura Brasileira entre outros. Não encontramos também varais de leitura, cartazes,
redações, produções de textos realizados pelos alunos, mural informativo, um cantinho para
leitura, entre outros. Entretanto, ao longo da pesquisa, que temos realizado na escola, há um
despertar do interesse dos pedagogos e da direção escolar de refletir acerca da importância da
biblioteca no âmbito escolar. Em suma, constata-se que a biblioteca da escola necessita de
reestruturação, colaborando em seu processo de ensino e aprendizagem e formação escolar,
pois ler é aprender, e progredir, e recriá-lo, desvendar o mundo.

1
Mestranda em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná, integra o Núcleo de pesquisa em Educação do
campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas (NUPECAMP-PPGEd/UTP), é bolsista
CAPES/Observatório da Educação. Email: Eliane.enaile@hotmail.com.
2
Pedagogo da Rede Municipal de Araucária e bolsista CAPES/Observatório da Educação. Email:
udoenns@ig.com.br
3
Pedagoga da Rede Municipal de Araucária e bolsista CAPES/Observatório da Educação. Email:
Márcia.pavelski@yahoo.com.br
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Palavras-chave: Biblioteca escolar. Leitura. Educação do campo.

Introdução

A produção deste trabalho deu-se coletivamente pela Mestranda em Educação da


Universidade Tuiuti do Paraná (UTP/PR) e Pedagogos da Rede Municipal de Araucária, todos
integrantes e bolsistas do Observatório4 da Educação. O projeto mencionado está sendo
desenvolvido desde fevereiro de 2011, em parceria com as seguintes instituições:
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) (proponente), Universidade Federal de
Pelotas, Rio Grande do Sul (UFPel) e Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
O objetivo do projeto supracitado é compreender o nível de letramento dos professores
das escolas do campo, a sua prática pedagógica, a relação entre a formação inicial, a formação
continuada e os conhecimentos teórico-metodológicos dos processos de alfabetização e
letramento dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental com o fato do baixo Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) das escolas do campo. No Paraná5, seis escolas
públicas rurais pertencentes à região Metropolitana de Curitiba estão envolvidas nesta
investigação.
Para atingir tal objetivo, no caso dos integrantes do núcleo do Paraná, os bolsistas e
autores do presente estudo produziram sob a orientação da Professora Drª. Maria Antônia de
Souza, coordenadora do PPGED da UTP e do Observatório da Educação núcleo Paraná, um
projeto de análise da biblioteca escolar, o contato e o hábito da leitura dos educandos no
contexto de uma escola do campo que atende Educação Infantil e Ensino Fundamental
localizada no Município de Araucária.
Essa escola atende nove turmas das séries finais, um 4º ano e dois 5º anos das séries
iniciais, e os alunos do Ensino Médio no período vespertino, com um total de 463 alunos
matriculados, no período manhã e tarde, com de 36 professores no total, que em sua maioria
moram na comunidade e regiões próximas, são todos concursados, formados, e já conta com
bons anos de experiência.

5 O projeto Observatório da Educação Educação/CAPES/INEP – modalidade em rede foi aprovado pelo Edital
nº 038/2010, intitulado “Realidade das escolas do campo na região Sul do Brasil: Diagnóstico e intervenção
pedagógica com ênfase na alfabetização, letramento e formação de professores”. Os critérios de escolha das
escolas foram os resultados do índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).
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Durante a inserção na instituição escolar, permeada de encontros para discussões e


estudos, percebeu-se que a biblioteca apresenta várias fragilidades, tendo inúmeros
exemplares de livros didáticos, pertencentes a diversas coleções, algumas recebidas de
doações particulares e outras encaminhadas pelo Ministério da Educação, vários dicionários, e
poucos livros de literatura infantil, literatura infantojuvenil, enciclopédias, clássicos da
literatura brasileira entre outros.
Não encontramos também atividades demonstrando o exercício da escrita espontânea
dos alunos, tais como redações, varais de leitura, produção de texto, cartazes e outros suportes
que revelam a presença da escrita nesse local, o que geralmente é comum encontrar nesses
ambientes. A biblioteca apresenta poucos recursos audiovisuais, atividades de incentivo de
leitura e atividades extracurriculares.
Percebeu-se que a profissional que trabalha na biblioteca é uma telefonista afastada da
função e remanejada para esse local, mas não possui nenhuma formação específica para esse
trabalho. Compreendemos isso como um grande problema, tendo em vista que essa
profissional desconhece as técnicas biblioteconômicas para administrar e também organizar
uma biblioteca, dificultando assim o atendimento ao aluno e usuários da biblioteca.

Aqui na nossa biblioteca quem toma conta é uma telefonista afastada de suas
funções, tinha que colocar ela em algum lugar, daí colocaram aqui. Mas o ritmo dela
é outro, uma tranquilidade, lentidão, sem muita imaginação e criatividade pra
desenvolver atividades legais para os alunos, nem a catalogação que começamos a
fazer, com a ajuda dos profissionais do administrativo, não deu continuidade, agora,
está assim tudo parado, desse jeito, os empréstimos ainda são feitos manualmente,
controlado na agenda dos alunos. (Fala do Pedagogo da escola).

Convém ressaltar que a profissional que está em desvio de função por algum motivo
não tem culpa de estar neste departamento desempenhado uma atividade em que não foi
treinada, nem muito menos preparada para determinada função. Estamos apenas ressaltando a
triste realidade das escolas do campo, e de inúmeras instituições da cidade também.
Constata-se ainda uma grande preocupação das escolas e Universidades somente com
o ensino, ou seja, com a transmissão dos conteúdos, deixando de lado a pesquisa, o que é de
extrema relevância para o futuro dos nossos educandos na sociedade atual. Nessa ótica,
citamos Freire (1996, p. 22) que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou a sua construção”.
Percebemos que há professores com dificuldades para orientar seus educandos em
determinadas ações e procedimentos para o desenvolvimento efetivo de suas pesquisas
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bibliográficas, na escolha dos livros e também na elaboração dos trabalhos. Alguns não
acompanham os alunos ao local, ou, quando encaminham, conduzem vários alunos ao mesmo
tempo para utilizar a biblioteca. Falta uma adequada definição do tema, o que deverá ser
pesquisado e indicação de referência bibliográfica. Às vezes solicitam que o aluno pesquise
determinado tema, mas têm por hábito indicar apenas a obra de um único autor, não
considerando a existência de outros pesquisadores que abordam o mesmo assunto. Isso acaba
prejudicando o contato do aluno com diferentes obras, impedindo assim o manuseio de livros
de outros autores.
Embasados nesses dados surge o objetivo central da pesquisa: analisar como a
biblioteca escolar pode oferecer um ambiente favorável e propício para desenvolver o contato
e o hábito da leitura dos os educandos.
Pretendemos ainda: verificar quais os tipos de materiais de leitura a biblioteca possui,
fazendo um quadro com todo acervo, e se contribui para despertar o interesse dos educandos
para se tornarem leitores assíduos, críticos e reflexivos; reestruturar a biblioteca, aumentando
o seu acervo com doações de materiais e livros das Universidades, comunidade, estudantes,
acadêmicos e parcerias entre empresas; incentivar os alunos à leitura, produção de textos,
redações, cartazes, realização de varais de leitura, mural informativo, para disposição no
ambiente, entre outros, constituindo-se assim como uma proposta de intervenção.
Atualmente, são inúmeras limitações das bibliotecas, principalmente concernentes às
escolas do campo, tais como acervo deficiente de literatura, principalmente infantojuvenil,
falta de materiais de leitura de acordo com a realidade dos alunos, seus aspectos sociais e
culturais da região onde vivem.
Outro grande desafio, tanto das escolas do campo quanto da cidade, é transformar as
bibliotecas em ambientes agradáveis, onde os alunos gostem de estar e utilizar com prazer,
não apenas pra estudar.
De acordo com Caldeira (2003, p. 47), a biblioteca escolar visa “[...] proporcionar aos
alunos oportunidades de leitura intensa e autônoma, além de incentivar a busca de informação
para responder a questionamentos e solucionar problemas [...].” Corroborando com o autor, a
leitura é o elemento mais relevante do imaginário do indivíduo. Ler significa pensar, refletir,
trocar opiniões, indagar, questionar, posicionar, em síntese, exercer plenamente a cidadania
desde cedo. Nesse sentido, nota-se o papel significativo da leitura na formação escolar.
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Diante disso, o trabalho está dividido da seguinte forma: a primeira parte do estudo
trata da importância da biblioteca escolar numa escola do campo, trazendo algumas reflexões
acerca da temática a segunda apresenta algumas considerações iniciais da pesquisa na escola
do campo.

A importância da biblioteca numa escola do campo

Figura 1, 2 3 e 4 – Biblioteca da escola

Fonte: Eliane de Souza Silva, 2013.


A partir das observações e pesquisas realizadas nas escolas do campo, é perceptível a
necessidade de a biblioteca de uma instituição escolar estar bem definida, com uma
organização e funcionamento adequados para facilitar tanto o ensino quanto a aprendizagem
dos alunos e também para os professores, sendo, portanto um local agradável, prazeroso, bem
organizado e que venha suprir as reais necessidades de ambos.
Ao inserir educador e educando em uma biblioteca prazerosa, com um ambiente
diferente dos outros espaços educativos da instituição, um lugar com várias atividades
educacionais, colaborar-se para que não se tornem apenas visitantes eventuais desse local,
mas sim usuários habituais que buscam variadas leituras e diversificadas fontes geradoras de
novas informações. Promove-se assim uma interação entre todos os envolvidos com a escola,
e principalmente colaborando e melhorando com o processo de letramento do educando, a
leitura verbal e também não verbal, entre outros aspectos.
Considera-se essencial que os responsáveis pelas instituições escolares (diretores,
especialmente os professores, inclusive os funcionários da biblioteca) tenham consciência de
que para muitos alunos esse local é o único que proporciona acesso a uma gama de textos e
que esse ambiente possui a incumbência de colaborar tanto direta quanto indiretamente com a
base da formação do aluno referente ao ensino formal (BRASIL, 1998).
É relevante destacar que a biblioteca escolar deverá dispor de materiais bibliográficos,
multimeios de diferentes autores, numa quantidade que ofereça suporte ao corpo discente e
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docente também. Salienta-se a importância da arrumação desse acervo, como um local em


perfeito funcionamento e bem organizado.
Outro aspecto considerado relevante nesse ambiente é a sala de leitura, que se possível
deverá ser um ambiente agradável, com materiais expostos tais como: revistas, livros, jornais,
entre outros, com capas bem ilustradas, de forma que o educando sinta interesse e necessidade
de apropriação do seu conteúdo.
O documento Panorama da Educação do Campo apresenta dados sobre a realidade das
bibliotecas das escolas do campo. Constata-se que 75% dos educandos são atendidos em
instituições que não possuem biblioteca, poucos computadores e sem acesso à internet.
Observa-se que impossibilitar esses educandos de ter acesso a uma biblioteca contribui de
maneira negativa para o aprendizado de cerca de 4,8 milhões. As tecnologias educacionais
ainda não chegaram a maioria das escolas da área rural, privando assim os alunos de
oportunidades de aprendizagem frente o uso de televisão, vídeo e internet, entre outros.
(PANORAMA DA EDUCAÇÃO DO CAMPO, 2007).
Atualmente, com inúmeros avanços das tecnologias de informação e também da
comunicação, as biblioteca necessitam (re) adequar com a existência de novos suportes de
informação. Numa sociedade cada vez mais grafocêntrica, o uso dessas tecnologias é muito
comum em todas as áreas do conhecimento, principalmente com a chegada dos livros
eletrônicos. Assim, a escola pode aproveitar os vários benefícios possíveis dessas novas
tecnologias, podendo ser utilizadas em diversificadas atividades envolvendo a leitura e
escrita, e em outros aspectos, como a catalogação dos materiais existentes no acervo,
facilitando a organização e controle deles e também a agilidade no atendimento aos alunos,
professores, comunidade; enfim, beneficiando a todos os usuários desse serviço.
Souza (2008) destaca que poucos professores têm acesso a bibliotecas ou materiais
didáticos para desenvolver um trabalho pedagógico que vá ao encontro da educação do
campo. Essa mesma autora aborda também que são problemas de infraestrutura e pedagógicos
que estão na pauta de reivindicações tanto dos movimentos quanto da organização da
educação do campo.
Soares (2006) ressalta que muitas vezes não há material à disposição dos alunos, tais
como revistas, livros, o preço dos livros é inacessível, poucas bibliotecas e livrarias, ou seja,
está sendo negado o direito a uma educação de qualidade garantido pelo Decreto
Presidencial nº. 7.352, de 04 de novembro de 2010, que destaca a educação do campo como
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uma política de Estado, como se lê no artigo art. 1º: “a garantia de condições de infraestrutura,
[...] bem como de materiais, equipamentos, laboratórios, biblioteca adequados ao projeto
político-pedagógico e em conformidade com a realidade local e a diversidade das populações
do campo”. (p. 1).
Nota-se que, após serem integrados a um projeto de pesquisa vinculado à
CAPES/Observatório da Educação, os pedagogos e diretores manifestam interesses de buscar
melhorias para biblioteca, tendo um novo olhar frente ao acervo da instituição, da sua
importância para a construção do conhecimentos tanto dos educandos quanto dos
profissionais da instituição.

A nossa biblioteca é realmente precária, temos muitos livros didáticos, que já não
temos mais espaço pra guardar. Sabe aquelas barsas antigas? Ainda temos. A gente
não sabe mais o que fazer com tanto material antigo e livro didático, e o que
realmente os alunos e professores precisam quase não tem. Como a biblioteca tem
muitos livros antigos, acabam gerando um cheiro ruim, tornando assim um ambiente
onde os nossos alunos não têm muito interesse. Realmente a nossa escola precisa de
uma biblioteca com melhores condições, com mais livros de literatura, materiais
atrativos, um ambiente agradável. (Fala do pedagogo da escola).

São diversas atividades e programações extracurriculares que podem ser


desenvolvidas nesse local, tais como: Encontro com os livros, hora da leitura, hora do conto,
campeonatos, orientações para pesquisa escolar, sarau de poesias, oficinas, com o objetivo de
ensinar os procedimentos adequados para elaboração de trabalhos escolares, semana do
folclore, semana do livro, dia dos animais; os educandos poderão realizar suas próprias
produções de texto, pinturas, desenhos dos livros que mais gostam de ler, e ao final da semana
os trabalhos podem ser expostos na biblioteca para que todos possam observar e assim
também sentirem motivados e estimulados. É muito relevante que o lúdico seja trabalhado
com atividades de leitura na biblioteca, para que os alunos se sintam à vontade com as
práticas leitoras e consequentemente se tornem um leitor.
Dessa forma, acredita-se que um dos objetivos da biblioteca, além de despertar o gosto
e interesse pela leitura como forma habitual de lazer, é a formação do cidadão consciente,
com capacidade de pensamento criativo, crítico e reflexivo. Em suma, isso significa uma
maior participação do profissional que nela trabalha no processo cultural do qual faz parte,
bem como dos educadores, pedagogos, diretores e pesquisadores que veem na leitura um ato
de conscientização do indivíduo.
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É na biblioteca que o educando começa o desenvolvimento de sua autonomia de


estudo, podendo assim criar condições de inserção numa sociedade altamente modernizada e
globalizada.
Caldin (2005) afirma que a biblioteca é um organismo dinâmico e vivo e que seus
profissionais devem agir com dinamismo, driblando dificuldades financeiras e os entraves
burocráticos das bibliotecas escolares, especialmente os da rede pública. Entendemos que aqui
entram em jogo suas habilidades diplomáticas e competências argumentativas para montar um
acervo rico e diversificado.
Nesse sentido, o papel que cabe à biblioteca escolar e, por extensão, ao profissional
que nela atua, é o de coordenar, estimular e organizar o processo de leitura para que os
educandos ampliem seus conhecimentos, sua imaginação e senso crítico, permitindo assim
uma melhor atuação na sociedade. É na biblioteca que os indivíduos podem (re) conhecer a
complexidade do mundo, (re) descobrir os seus próprios gostos, pesquisando aquilo que lhes
mais interessa, adquirindo novos conhecimentos e saberes, selecionando sua leitura
livremente e sonhando com os mundos imaginários.
Percebemos a necessidade de superar aquela concepção tradicionalista de que a
biblioteca escolar seja um local de castigo para os alunos, transmitindo assim uma imagem
errada, tal como “o aluno não obedeceu, não fez atividades, então vai pra biblioteca estudar,
copiar, ou ler”, ou apenas como um local de depósito de livros doados de instituições ou
governos que fica isolado das outras dependências da escola. Os alunos acabam tendo uma
visão negativa desse ambiente, só querem ler livros apenas pra tirar boas notas nas provas, ou
ler porque o professor solicitou um determinado trabalho ou atividade daquele assunto.
A maioria das bibliotecas também possui um acesso restrito. São tratadas como local
destinado para guardar objetos e tesouros que não podem ser tocados, sendo proibidos pela
direção e coordenação. A função agora é a de ser um local agradável e prazeroso, um centro
de informação e difusão cultural criado e mantido para os alunos, professores, os funcionários
da escola e também para a comunidade, resgatando assim as suas funções próprias, a
consultas, estudos, leitura, pesquisa, entre outros.

Algumas considerações

Percebemos que a biblioteca escolar é um espaço adequado para se desenvolver tanto


o hábito quanto o gosto pela leitura, o interesse pela pesquisa e conhecimento, entre as
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crianças, adolescentes e jovens nas escolas. Em uma biblioteca com um acervo variado em
diversos suportes, com livros de literatura e com realização de atividades recreativas que
envolvem a leitura e a escrita entre outros, o hábito da leitura pode concretizar-se de forma
natural e espontânea.
O professor poderá utilizar a biblioteca como um recurso didático para
complementação das atividades feitas em sala de aula. Apesar de as bibliotecas não estarem
incluídas no currículo escolar, elas poderão ser muito utilizadas, sendo assim um recurso
disponível para o desenvolvimento de atividades envolvendo leitura, escrita, produção,
recreação entre outros.
Dessa forma, compreende-se que, se o professor utilizar a biblioteca para uma
complementação do conteúdo desenvolvido no cotidiano da sala de aula, incentivando a
pesquisa, a leitura, boas escolhas de livros, trabalhar diversas produções de texto etc., irá
promover a descoberta de novas informações, evitando que o educando apenas copie trechos
de textos de livros. “Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque
busco, porque indaguei, por indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade”. (FREIRE, 1996, p. 29).

REFERÊNCIAS

ARAUCÁRIA. Proposta Pedagógica da Escola Rural Municipal Rosa Picheth Educação


Infantil e Ensino Fundamental. Araucária - Curitiba, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


curriculares nacionais: língua portuguesa: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental:
introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC: SEF, 1998. 106 p.

BRASIL. Decreto nº. 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de educação
do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA. Diário
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 nov. 2010a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/ Decreto/D7352.htm>. Acesso em: 21
abr. 2013.

CALDEIRA, Paulo da Terra. O espaço físico da biblioteca. In: CAMPELLO, Bernadete


Santos. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2.ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003. 62 p. p. 47-50.

CALDIN, Clarice, Fortkamp. Reflexões acerca do papel do bibliotecário de biblioteca escolar.


Revista ACB, Florianópolis, v. 10, n.2, p. 1-5, 2005.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e terra, 1996.


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INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA – INEP. Panorama da Educação do Campo. Brasília, DF: INEP, 2007. Disponível
em: <http://www.red-ler.org/panorama-educacao-campo.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2013.

SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Editora Autêntica,
2006. 128p, Reimpressão.

SOUZA, Maria Antônia de. Educação do campo: Políticas, Práticas Pedagógicas e Produção

Científica. Educação & Sociedade (Impresso), v. 29, p. 1089-1111, 2008.

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