Você está na página 1de 8

PORTUGUÊS 7.

O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

ESCOLA________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I

Texto A

Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

Dentes de rato, uma viagem pela infância de Agustina Bessa-Luís

Dentes de rato é um conto infantil da autoria de Agustina Bessa-Luís, uma nota


autobiográfica ficcional, cuja escrita simples e fluida1 viaja através da narrativa de histórias,
lugares e pessoas que marcam o universo infantil de Lourença. Um conto que evidencia os
traços mais marcantes da infância da autora, os quais são explorados em inúmeras obras
5 literárias de Agustina – as inúmeras mudanças de casa e de localidade, devido ao emprego
do pai; a ligação íntima com o campo e com o Norte de Portugal, lugares esses que
cultivaram para sempre o seu imaginário; e a convivência com os costumes e tradições do
século XX, fomentando o seu espírito crítico face ao papel da mulher na sociedade e o seu
gosto pela moda.
10 Lourença – uma menina de seis anos e a mais nova de quatro irmãos – é conhecida
no seio familiar por “Dentes de rato”, por “uma mania que ninguém podia explicar”: mordia
todos os frutos que estavam na fruteira, ficavam com “duas dentadinhas já secas e onde a
pele mirrara2”, denunciando assim a sua presença.
A atitude de Lourença escandalizava todos os familiares, causando-lhes incómodo e
15 incompreensão, com o seu olhar quieto e sério; Lourença padecia dos mesmos sintomas,
para si “a gente grande não era muito inteligente” e “não sabia diferenciar o que acontece
do que não acontece”. “Apetecia-lhe morder-lhes e fugir depressa”, sempre que os adultos
lhe passavam a mão benevolente3 na cabeça, “não compreendia como os adultos tratavam
a gente pequena daquela maneira”, não gostava de aprender “a fazer habilidades como os
20 cãezinhos”, nem via interesse em aprender “coisas aborrecidas que teria de esquecer com
rapidez”. A sua sabedoria ensinou-lhe que “ninguém ensina tão bem como a necessidade;
aquilo que aprendemos antes do tempo não se aprende verdadeiramente, só se acumula
na cabeça.”, além disso “o coração não toma parte”.

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 1


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

Quando teve idade de frequentar as “primeiras letras”, gerou tumulto4 em seu redor.
25 Sabia muito e nunca tinha feito exame algum, e as professoras “olhavam para ela com
aborrecimento”, preferiam que “fosse ignorante e começasse pelo início”. Lourença optava
por passar despercebida no tempo de aulas, sofria com a possibilidade de alguém
descobrir a sua alcunha, é que “uma ofensa com imaginação é carinho; mas com troça é
mais do que uma ofensa, porque se serve daquela espécie de amor que há na imaginação
30 para ferir”.
É possível encontrar, de novo, Lourença e o início do seu amor pela escrita na
obra Vento, areia e amoras bravas; Agustina presenteia-nos, assim, com a oportunidade de
a conhecer pelas palavras da própria.
https://www.comunidadeculturaearte.com (texto com supressões, acedido em 20.01.2020)

VOCABULÁRIO:

1 2 3 4
fluente; encolhera; bondosa; agitação.

1. Para cada item (1.1. a 1.5.), seleciona a alínea que completa cada afirmação
de acordo com o sentido do texto.

1.1. Dentes de rato, de Agustina Bessa-Luís,


A. é uma narrativa de viagens destinada às crianças.
B. é a única obra da autora de caráter autobiográfico.
C. retrata a infância da escritora passada entre a cidade e o campo.
D. apresenta os momentos mais significativos da infância da autora.

1.2. A alcunha “Dentes de rato” deve-se ao facto de Lourença


A. gostar muito de comer queijo.
B. deixar a marca dos dentes na fruta.
C. ter os dentes semelhantes a um rato.
D. ter a mania de morder os adultos.

1.3. A palavra “sintomas”, na linha 15, refere-se


A. a “incómodo e incompreensão”.
B. ao “olhar quieto e sério”.
C. à pouca inteligência dos adultos.
D. à falta de compreensão dos adultos.

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 2


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

1.4. A expressão “ninguém ensina tão bem como a necessidade” (linha 21)
adequa-se ao provérbio
A. “a necessidade aguça o engenho”.
B. “a necessidade é inimiga da virtude”.
C. “a necessidade é mestra da vida”.
D. “a necessidade força a fazer o que se não deve”.

1.5. Quando foi para a escola, Lourença “gerou tumulto em seu redor” (linha 24)
porque
A. não queria aprender “as primeiras letras”.
B. tinha mais conhecimentos do que era suposto.
C. nunca tinha feito qualquer exame.
D. sofria com a possibilidade de descobrirem a sua alcunha.

Texto B
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

Lourença tinha três irmãos. […]


Viviam numa casa pequena dentro dum terreno tão amplo que ela parecia a casa dos
sete anões numa clareira1 da floresta. Dentro dela todos tropeçavam, e a mãe fazia o
possível para os mandar para fora. Só ficava a cozinheira e nem os gatos lá paravam para
5 comer. Comiam no pátio, mexendo a cauda como se estivessem inquietos e esperassem
um ataque dalgum inimigo.
O pai era sensacional uma vez por ano. No Carnaval comprava um saco de
serpentinas e tantos confetti que eles apareciam na bainha das calças e nas costuras dos
vestidos muito tempo depois de terem sido jogados. Há serpentinas douradas e outras de
10 papel de seda que se desenrolava em cinco fitas de cores diferentes. Também tinham
bisnagas com perfume e, às vezes, Marta deixava que Lourença se fantasiasse com as
roupas dela. A mãe emprestava-lhe um leque e frisava-lhe o cabelo; e ela parecia uma
cigana. Para fazer melhor efeito, Falco pintou-a com tintura de iodo diluída em água,
dizendo que era assim que Marta se fazia morena, duas semanas antes de ir para a praia.
15 A mãe, primeiro achou que Lourença tinha apanhado uma doença, e depois bateu-lhe e
disse muito alto que ela lhe causava grandes arrelias2. Também se queixou de dores de
cabeça e mandou-a para o jardim. A Falco ela nunca batia; parecia respeitá-lo como se
fosse a aia3 dele e não ouvia quando alguém o acusava. Artur era grande demais para

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 3


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

levar a sério a mãe e ria-se e brincava com ela, se ela lhe ralhava. Isto desarmava-a4.
20 Quanto a Marta, ela arranjou um namorado na praia, e a mãe passou a tratá-la com
cerimónia. Estava sempre a elogiá-la e a dar-lhe prendas. E algumas vezes punha-se a
chorar e dizia que os filhos a abandonavam. Lourença tinha medo dessas ocasiões, porque
a mãe acabava sempre por gritar com ela e mandá-la sair de casa.
Isto de ter de sair para o jardim era um castigo que a fazia sofrer muito. Não dava a
25 entender que sofria, senão aquilo podia repetir-se mais ainda. Fingia gostar até. Mas a
verdade é que preferia estar dentro de casa e de sentir o cheiro da casa. O cheiro da
canela em cima do creme quente; o cheiro da cera no chão e da água em que se misturou
o sabonete do banho. O quarto da mãe cheirava a coisas difíceis de entender. Havia um
cheiro especial de papel aromático, quando alguém ficava doente; o papel ardia sem deitar
30 chama, e um fumo branco voava como uma fita no ar. Parecia um daqueles génios que
vivem em garrafas e que são capazes de fazer coisas maravilhosas. “Se eu pudesse
chamar um deles – pensava Lourença – isso assustava-me. É melhor não o poder fazer.”
E perguntou a Falco:
– Se tivesses um génio dentro duma garrafa davas-lhe liberdade? – Falco pensou um
35 pouco.
– Qual génio? És parva – disse ele.
Nunca se entendiam em conversas daquelas. É muito difícil ser-se amigo íntimo dum
irmão ou duma irmã. Gosta-se deles, mas não se tratam com a confiança que às vezes um
estranho nos merece.
Agustina Bessa-Luís, Dentes de rato, Guimarães Editores.

VOCABULÁRIO:

1 2 3 4
espaço sem vegetação no meio de mata, bosque ou floresta; aborrecimentos; ama; deixava-a sem
defesa.

2. A mãe “fazia o possível para os mandar para fora.” (linhas 3-4)


2.1. Diz a quem se refere o pronome pessoal “os” e justifica o comportamento da
mãe.

3. “O pai era sensacional uma vez por ano.” (linha 7)


3.1. Explicita o motivo desta afirmação de Lourença.

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 4


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

4. “A mãe, primeiro achou que Lourença tinha apanhado uma doença.”(linha 15)
4.1. Esclarece o motivo pelo qual a mãe pensou que Lourença “tinha apanhado
uma doença”.
4.2. Comenta a atitude da mãe perante o que aconteceu.

5. A mãe “mandou-a para o jardim”. (linha 17)


5.1. Transcreve uma frase do texto que demonstre os sentimentos de Lourença
face a esta punição da mãe.

6. “É muito difícil ser-se amigo íntimo dum irmão ou duma irmã.” (linhas 37-38)
6.1. Baseando-te no excerto, justifica esta afirmação de Lourença.

GRUPO II

1. Para cada item (1.1. a 1.2.), seleciona a opção correta.


1.1. A única frase em que a palavra “que” é um pronome relativo é
A. Havia tantos confetti que eles apareciam na bainha das calças.
B. Marta deixava que Lourença se fantasiasse com as suas roupas.
C. A mãe pensou que Lourença tinha apanhado uma doença.
D. Parecia um daqueles génios que vivem em garrafas.

1.2. A única frase em que a palavra “os” não é um pronome pessoal é


A. Nem os gatos ficavam dentro de casa.
B. A mãe não os deixava entrar.
C. Ela fazia tudo para os mandar para fora.
D. Ela tratava-os com severidade.

2. Reescreve as frases seguintes, substituindo as expressões sublinhadas pelo


pronome pessoal adequado. Faz apenas as alterações necessárias.
a. A mãe também mandava os gatos para fora de casa.
b. O pai comprava serpentinas aos filhos.
c. As crianças atiravam serpentinas pela casa.
d. A mãe emprestava-lhe um leque.

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 5


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

3. A mãe frisava-lhe o cabelo.


3.1. Rescreve a frase na negativa.

4. O pai compra serpentinas. O pai é sensacional.


4.1. Transforma as frases simples numa frase complexa, por meio da conjunção
subordinativa “caso”.
Faz as alterações necessárias.

GRUPO III

– Se tivesses um génio dentro duma garrafa davas-lhe liberdade? (linha 35)

Escreve um texto de opinião bem estruturado, entre 150 a 240 palavras, em que
respondas à pergunta anterior.
O teu texto deve incluir:
 a explicação da noção de génio;
 a apresentação de, pelo menos, duas razões que justifiquem a tua
resposta;
 uma conclusão adequada.

COTAÇÃO DO TESTE
Item
Grupo
Cotação (em pontos)

1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.5. 2.1. 3.1. 4.1. 4.2. 5.1. 6.1.
I
4 4 4 4 4 5 5 5 5 4 6 50

1.1. 1.2. 2.1. 3.1. 4.1.


II
3 3 8 3 3 20

Item único
III
30

TOTAL 100

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 6


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

CENÁRIOS DE RESPOSTA DO TESTE

ITENS DE RESPOSTA
COTAÇÕES
Grupo I – Leitura e Escrita
1.1. D.
1.2. B.
1.3. A. 5 x 4 = 20
1.4. C.
1.5. B.
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
2.1. O pronome pessoal “os” refere-se aos filhos que a mãe mandava brincar fora de
casa pelo facto de esta ser muito pequena e eles atrapalharem as tarefas dos 3+2=5
adultos.
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
3.1. Lourença afirma que o “pai era sensacional” no Carnaval porque este oferecia
muitas serpentinas e confetti aos filhos, com os quais se divertiam bastante. 3+2=5
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
4.1. A mãe pensou que Lourença “tinha apanhado uma doença”, porque Falco lhe
pintou a cara com tintura de iodo para lhe dar um aspeto mais moreno, idêntico 3+2=5
ao de uma cigana.
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
4.2. A mãe bateu em Lourença e pô-la de castigo no jardim, o que talvez tenha sido
um pouco severo na medida em que a ideia de pintar a cara com tintura de iodo 3+2=5
fora do irmão Falco, que não foi punido da mesma forma.
…………………………………………………………………………………….................... ……….…..
5.1. “Isto de ter de sair para o jardim era um castigo que a fazia sofrer muito.” (linha
24) 3+1=4
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
6.1. Lourença considera que é “difícil ser-se íntimo dum irmão ou duma irmã”,
porque os irmãos não a compreendem nem ela se identifica com o 4+2=6
comportamento ou a forma de ser deles.

Grupo II – Gramática
1.1. D. 3
…………………………………………………………………………………….................... …….....….….
1.2. A. 3
…………………………………………………………………………………….................... …..…….……
2.
A. A mãe também os mandava para fora de casa.
B. O pai comprava-lhas. 4x2=8
C. As crianças atiravam-nas pela casa.
D. A mãe emprestava-lho.
…………………………………………………………………………………….................... …….....….….
3. A mãe não lhe frisava o cabelo. 3
…………………………………………………………………………………….................... …….….….....
4.1. Caso o pai compre serpentinas, é/será sensacional. 3

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 7


PORTUGUÊS 7.O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 3

Grupo III – Escrita

Na redação do texto, o aluno deverá:


– escrever um texto de opinião bem estruturado, com introdução (Um génio tem 30
o poder de conceder vários desejos ao seu amo, pelo que se eu tivesse um
dentro duma garrafa dar-lhe-ia, ou não, liberdade.), desenvolvimento
(argumentos: A liberdade é um direito de todos; seria injusto manter o génio
dentro da garrafa; uma garrafa é um espaço muito pequeno até para um génio
viver; o mundo tem tantas coisas boas para conhecer e explorar que seria
lamentável manter o génio na garrafa; as boas ações são normalmente
recompensadas pelo que talvez o génio fosse generoso caso fosse libertado...)
e conclusão (Ao conceder a liberdade ao génio estaria a retribuir a eventual
generosidade do génio).
– produzir um discurso coerente do ponto de vista da informação fornecida, da
progressão textual;
– usar adequadamente parágrafos, marcadores do discurso, pontuação;
– utilizar vocabulário adequado, pertinente e variado;
– escrever com correção ortográfica e morfossintática.

©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 8

Você também pode gostar