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LEACH - Low-Energy Adaptive Clustering Hierarchy

Sávio Rodrigues Cavalcanti1

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


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Grupo de Teleinformática e Automação (GTA) - PEE/COPPE

Resumo. Este trabalho tem por objetivo resumir o funcionamento do protocolo


LEACH (Low-Energy Adaptive Clustering Hierarchy), um protocolo de rotea-
mento hierárquico, adaptativo e que utiliza o conceito de grupos, para redes de
sensores sem fio, identificando suas principais caracterı́sticas e seu funciona-
mento. Fará parte da avaliação da cadeira CPE 825 - Roteamento em Redes
de Computadores, ministrada pelo professor Luı́s Henrique Maciel Kosmalski
Costa- segundo perı́odo de 2006.

1. Introdução
O avanço em pesquisas na área de MEMS (microelectromechanical) para tecnologia de
sensores, habilitaram o desenvolvimento de microsensores de baixa potência para redes
sem fio que, comparativamente com os macrosensores, permitiram implementar redes
com maior número de nós, proporcionando alta qualidade de medição e maior tolerância
a falhas.
Redes com microsensores podem conter centenas ou até milhares de nós e é de-
sejável que estes nós sejam tanto baratos quanto eficientes no consumo de energia (energy-
efficient). É fato também que esta grande quantidade de microsensores espalhados são
fontes de diversos tipos de problemas. Para este estudo destacou-se o problema do con-
sumo de energia como foco principal, fato que torna desejável que os nós consigam re-
alizar suas funções de sensoriamento do ambiente, com um baixo consumo de energia,
permitindo alta longevidade do sistema. De acordo com o que foi exposto, um protocolo
de roteamento para este tipo de rede foi proposto visando, além de permitir tolerância a
falha individual de algum dos nós, uma redução do consumo de energia.
No intuito de projetar bons protocolos para redes sem fio baseadas em microsen-
sores, é necessário entender os parâmetros que são importantes para as aplicações de
sensores, usando-se as seguintes métricas: facilidade de distribuição dos nós, mesmo em
ambiente hostis; tempo de vida do sistema, mantendo seu funcionamento o máximo de
tempo possı́vel; e a qualidade da medição, como sendo a precisão com que o resultado
medido pela rede de sensores é exatamente o que acontece no ambiente.
Em redes sem fio baseadas em microsensores as informações sensoriadas pelos
nós devem ser transmitidas para um centro de controle ou uma estação base, de onde o
usuário final pode obtê-las. Existem diversas possibilidades para as redes com microsen-
sores e no artigo estudado considerou-se:
1. A estação base é fixa e colocada longe dos sensores; e
2. Todos os nós são homogêneos.
Analisando as vantagens e desvantagens de protocolos de roteamento conven-
cionais, foi proposto o protocolo LEACH (Low Energy Adaptive Clustering Hierarchy),
que apresenta um algoritmo de roteamento hierarquicamente agrupado (clusterized) para
redes de sensores, onde os grupos são formados dinamicamente e a seleção dos mestres
dos grupos é feita aleatoriamente, de acordo com alguns critérios que serão mais a frente
estudados.

2. Análise do Consumo de Energia em Protocolos de Roteamento


Existem diversos protocolos de roteamento propostos para redes sem fio que podem ser
analisados para redes sem fio baseadas em sensores. O artigo que propôs o protocolo
LEACH efetuou uma análise destes protocolos e apresentou vantagens e desvantagens
associadas. Os protocolos analisados possuem as caracterı́sticas de comunicação direta
com a estação base, onde cada sensor encaminha seus dados diretamente para a estação
base, independentemente da distância entre ambos; e roteamento com múltiplos saltos
com economia de energia, onde os nós encaminham seus dados para a estação base
utilizando os nós intermediários entre eles.
Foi utilizado um modelo de dissipação de energia para os rádios de transmissão e
recepção com o valor de Eelec = 50 nJ/bit ao acionar o circuito de transmissão e recepção
do nó e ²amp = 100 pJ/bit/m2 para o amplificador do transmissor atingir a potência de-
sejável na transmissão. Assumiu-se também uma perda de energia r 2 devido à utilização
do canal. Então para transmitir uma mensagem de tamanho k-bits para uma distância d
utilizando o modelo de rádio acima, será gasto:
ET x (k,d) = Eelec * k + ²amp * k * d2
e para receber esta mensagem, o rádio gasta:
ERx (k) = Eelec * k
Para o protocolo de comunicação direta, caso os nós estejam distantes da estação
base, será consumida uma grande quantidade de energia para cada nó. Este fato irá rapi-
damente esgotar a bateria dos nós e reduzir o tempo de vida do sistema. Entretanto, como
a única recepção acontecerá na estação base, caso a estação base esteja próxima ao nó,
este pode ser um método aceitável de comunicação.
Para o segundo protocolo, um nó distante da estação base utiliza nós inter-
mediários para encaminhar suas mensagens. Os nós intermediários acumulam a função
de roteamento com a função principal de sensoriamento da rede. A vantagem está no
fato de que se o nó que vai transmitir estiver distante da estação base, não necessitará
encaminhar em uma potência alta, desta forma, economizando energia. Ao analisar o
protocolo como um todo, verificou-se que, a energia gasta nos n ós intermediários para
receber uma mensagem, amplificá-la e encaminhá-la adiante pode não ser tão vantajoso
quanto ao consumo de energia, como inicialmente aparentou este método. A escolha dos
nós intermediários interfere também no processo de economia de energia e deve ser estu-
dado para que este tipo de protocolo não seja desvantajoso. Outro ponto a destacar é que
os nós mais próximos da estação base deverão ser bastante utilizados para a função de
roteamento, acarretando em sua morte rápida e em seguida os segundos mais próximos e
assim por diante.
De acordo com as vantagens e desvantagens acima apresentadas, foi analisado um
protocolo convencional para roteamento em redes de sensores ad hoc caracterizado pelo
o agrupamento (clustering) dos nós da rede, onde os participantes dos grupos (clusters)
se comunicam com uma estação base local (do grupo) e esta estação base local transmite
para um estação base global (da rede). Este protocolo reduz a distância que um nó precisa
transmitir seus dados, pois a estação base local, também denominada de mestre do grupo,
estará próxima ao nó dentro do seu grupo. Este agrupamento, então, aparece como uma
boa solução para um protocolo de comunicação eficiente em consumo de energia. Deve-
se atentar ao fato de que, caso a estação base local seja limitada em armazenamento de
energia esta morrerá rapidamente, pois será constantemente utilizada.

3. LEACH
O LEACH é um protocolo de roteamento hierárquico de grupos, adaptável e auto-
organizável, para redes sem fio com microsensores, que utiliza a aleatoriedade para dis-
tribuir o consumo de energia uniformemente pelos sensores da rede. Neste protocolo os
nós se organizam em grupos locais, com um nó atuando como a estação base local ou
mestre do grupo (cluster head). Se este mestre for escolhido a priori e mantido fixo, tal
qual nos modelos convencionais apresentados na seção anterior, é fácil ver que este sensor
irá rapidamente morrer, terminando com o tempo de vida de todo o grupo. Desta forma,
como uma de suas caracterı́sticas principais, o LEACH incluiu um revezamento da função
do mestre do grupo de forma a não esgotar a bateria de somente um nó. Adicionalmente
o LEACH provê uma agregação das mensagens do grupo antes de sua transmissão para a
estação base, reduzindo a dissipação de energia e melhorando o tempo de vida do sistema.
Uma vez que os grupos estão formados, os nós devem transmitir seus dados para
o mestre do grupo, em uma forma eficiente de energia. No LEACH, isto é feito utilizando
o protocolo TDMA.

3.1. Funcionamento do LEACH


A operação do LEACH é quebrada em rodadas (rounds), onde cada rodada possui uma
fase de iniciação, quando os grupos são organizados, seguida de uma fase em estado esta-
cionário, quando a transferência de dados para a estação base ocorre. Visando minimizar
o overhead, a fase em estado estacionário é longa, se comparada com a fase inicial.
Os sensores elegem entre si os mestres de seus grupos em qualquer tempo com
uma certa probabilidade. Os nós eleitos enviam uma mensagem para todos os demais nós
da rede informando sua nova condição. Cada sensor então definirá de qual grupo fará
parte, selecionando o mestre de grupo que requerer uma comunicação com menor gasto
de energia. Esta eleição e efetuada de tempos em tempos.
Um grupo de C nós pode eleger entre eles um mestre do grupo no tempo t1 , mas
no tempo t1 + d um novo grupo C de nós elege entre eles um outro mestre do grupo. A
0

decisão para se tornar um mestre de um grupo está na quantidade de energia que resta ao
nó.
O sistema pode, a priori, definir um número ótimo de grupos que podem existir
no sistema. Este número vai depender de diversos parâmetros, tais como a topologia da
rede e o custo relativo entre computação e comunicação. Cabe ressaltar que a dissipação
de energia no sistema varia a medida que o percentual de nós mestres de grupos vai
aumentando. No caso de nenhum nó ser mestre de grupo ou todos serem, este protocolo
se torna tal qual o protocolo de comunicação direta, visto anteriormente. Desta forma
existe um número ótimo de grupos, e conseqüentemente de mestre de grupos Nótimo . Para
os parâmetros do sistema e a topologia utilizados no artigo estudado um valor ótimo para
Nótimo = 5 porcento da quantidade de nós da rede.

3.2. Fase de anúncio

Inicialmente, quando os grupos estão sendo criados, cada nó decide se irá ou não partici-
par da escolha para se tornar um mestre de grupo na rodada corrente. Esta decisão está
baseada na porcentagem sugerida (Nótimo ) da quantidade de mestres de grupo e o número
de vezes que o nó foi um mestre de grupo. A decisão é tomada pelo nó n escolhendo um
número aleatório entre 0 e 1. Se este número for menor que um determinado limite T(n),
o nó se torna um mestre de grupo para esta rodada.
Cada nó eleito como mestre de grupo para a rodada corrente, envia a todos os n ós
uma mensagem de anúncio. Em seguida, cada nó que não é um mestre de grupo decide de
qual grupo vai pertencer para esta rodada. Esta decisão é tomada pela potência do sinal
recebido da mensagem de anúncio.

3.3. Fase de Inı́cio do Grupo

Após cada nó decidir de qual grupo ele pertencerá, deve informar ao mestre do grupo que
ele será um membro do grupo. Durante esta fase todos os nós devem manter seus rádios
ligados.

3.4. Geração do Escalonamento

O mestre do grupo recebe todas as mensagens dos nós que querem participar do grupo. É
nesta fase que, baseado na quantidade de nós no grupo, o mestre do grupo cria o escalona-
mento utilizando o protocolo TDMA, informando a cada n ó participante do grupo quando
ele pode transmitir. Este escalonamento é transmitido em broadcast para todos os nós.

3.5. Fase de Transmissão de Dados

Após os grupos estarem definidos e o escalonamento implementado, a transmissão de


dados entre os nós do grupo e o seu mestre pode ser iniciada. Pressupondo que os n ós
estão sempre querendo transmitir, eles enviam seus dados durante o perı́odo de tempo
alocado, e utilizam o mı́nimo necessário de potência (de acordo com a potência do sinal
recebido do mestre do grupo durante a fase de anúncio). Nesta fase a rede do LEACH está
no estado estacionário. Após um certo perı́odo de tempo, que é determinado previamente,
a próxima rodada inicia com cada nó determinando ser será um mestre do grupo para esta
rodada e divulgando esta informação.

3.6. Múltiplos Grupos

Até então foi apresentado o funcionamento da comunicação entre os nós dentro de um


grupo. Todavia o rádio é inerentemente uma mı́dia que trabalha em broadcast e uma
transmissão pode em um grupo pode interferir uma transmissão em outro grupo próximo.
Visando reduzir este tipo de interferência, cada grupo se comunica utilizando diferentes
códigos de CSMA-CD.
3.7. Grupos Hierárquicos
Esta versão do protocolo LEACH apresentada pode ser estendida para a forma
hierárquica. Neste cenário, os mestres de grupos se comunicarão com os ”super-mestres
de grupo” e assim por diante até o nı́vel mais alto desta hierarquia, e neste ponto os dados
podem ser encaminhados para a estação base da rede. Para grandes redes esta hierarquia
pode minimizar muito o consumo de energia.

4. Conclusão
O protocolo de roteamento aqui apresentado, denominado LEACH, apresentou uma
forma de distribuir o consumo de energia entre os nós de uma rede sem fio, baseada
em microsensores, como sendo uma forma efetiva de reduzir a dissipação de energia em
uma perspectiva global e aumentando o tempo de vida do sistema.
Caracterı́sticas como autoconfiguração, que permite que os nós possam ser espa-
lhados em áreas remotas ou hostis, maximização do tempo de vida do sistema, e técnicas
visando minimização da dissipação de energia, estão presentes no protocolo LEACH e
foram apresentadas com um certo detalhamento neste resumo.

References
Ananda, A., Chan, M. C., Ooi, W. T., and por Shorey, R. E. (2006). Mobile, Wireless,
and Sensor Networks - Tecnhlogoy, Applications, and Future Directions. IEEE Press.
USA.
Heinzelman, . W. B. (2000). Application-Specific Protocol Architetures for Wireless Ne-
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Heinzelman, W. B., Chandraskasan, A., and Balakrisnhan, H. (2000). Energy-efficient
communication protocol for wireless networks. In 33 o Hawaii International Confer-
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