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Karina Marques

Advogada
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE OSASCO/SP.

Processo n°: 1000718-31.2020.8.26.0405

TATIANE CRISTINA SANTOS GABRIEL, já qualificada nos autos do


processo sob o nú mero em epígrafe, que lhe move MARIANA LARISSA
RODRIGUES NASCIMENTO, também já qualificada, vem respeitosamente
por intermédio de sua advogada que essa subscreve (Página 54), oferecer

CONTESTAÇÃO
Expondo e requerendo a Vossa Excelência o que segue:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇAGRATUIDADE DA JUSTIÇA


A Requerente percebe baixa remuneraçã o, nã o possuindo condiçõ es
financeiras para arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios
sem prejuízo do seu sustento e do apoio financeiro que presta à sua família.
Nesse sentido, junta-se declaraçã o de hipossuficiência (DOC. 01) e có pias de
extratos (DOC. 02).
Por tais razõ es, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita,
assegurados pela Constituiçã o Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei
13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

1. BREVE RESUMO PROCESSUAL


Em apertada síntese, alega a Requerente que:

 Desejava corrigir a tonalidade de seu cabelo e para isso, foi em busca


de profissionais especializados em cabelos loiros;
 Encontrou a Requerida pelas redes sociais por onde começou a
acompanhar seu trabalho;
 Agendou um procedimento com a Requerida para o dia 09/12/2019
à s 10:00hrs, depositando antecipadamente R$ 50,00 (cinquenta reais)
para garantir essa data;
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 Compareceu no estabelecimento comercial da Requerida na data
agendada e que, questionada sobre qual resultado pretendido,
respondeu que: a) A correçã o/uniformizaçã o da tonalidade dos fios;
b) A permanência da raiz de seu cabelo escura; c) Informou que nã o
gostaria de ter as luzes puxadas desde o couro cabeludo por manchar
os fios, e por este motivo, preferia que nã o fosse utilizada touca no
procedimento, pois deixaria o cabelo marcado.
 Que a Requerida, por sua vez, informou que no procedimento adotado
por ela para correção de tonalidade, havia necessidade de utilização de
touca, para corrigir a maior parte do cabelo.
 Que o procedimento durou cerca de 4 (quatro) horas, e que neste
período, a Requerida sequer realizou teste de mecha para verificar a
compatibilidade de seus produtos com o cabelo da Requerente;
 Que durante todo procedimento, a Requerida nã o permitiu que a
Requerente se olhasse no espelho;
 Que ao fim do procedimento, ao se deparar com sua imagem, sentiu
profunda angustia, pois viu que seu cabelo estava todo manchado,
com gritante diferença de tonalidade e totalmente danificado;
 Ressalta também que pela má prestaçã o de serviço, seu cabelo ficou
elá stico, danificado e com queda pela química utilizada;
 Que transtornada, procurou a Requerida a fim de, ou receber
devoluçã o dos R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais) por ela pago
pelo serviço ou para que arcasse com o valor que gastaria com outro
profissional para recuperar seu cabelo;
 Que houve negativa de devoluçã o de valores ou de reembolso de
custos com novo profissional por parte da Requerida.

2. DAS PRELIMINARES DE CONTESTAÇÃO

2.1 DECADÊNCIA

O direito de açã o da Requerente, visando a reparaçã o por supostos


danos pelos serviços prestados pela Requerida já decaiu. Com efeito, como é
dito na inicial, à s fls. 02, “... a Requerida confirmou disponibilidade na data
de 09 de dezembro de 2019, à s 10:00hrs.”. No entanto, a açã o proposta pela
Requerente foi protocolada no dia 20/01/2020, 42 (quarenta e dois) dias
depois dos supostos danos com a prestaçã o dos serviços.

Ora, o Có digo de Defesa do Consumidor é claro:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fá cil constataçã o


caduca em:
I. Trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e produtos durá veis.

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Inicialmente há que se afirmar que a relaçã o jurídica originada é
regulamentada pelo Có digo de Defesa do Consumidor presumindo-se, assim,
a veracidade dos fatos alegados pela Requerente/Consumidora. Dessa
forma, como todo e qualquer contrato, há de ser pautado pela boa-fé das
partes.

DESSA FEITA, A EMPRESA BANCO BRADESCO CARTÕ ES SA, ORA


REQUERIDA, QUEBROU TODAS AS REGRAS LEGAIS AO UNILATERALMENTE
DECIDIR POR MANTER NEGATIVADA INDEVIDAMENTE A CONSUMIDORA
REQUERENTE, pois:

 Lesou o patrimô nio moral da Requerente;

 Manteve indevidamente negativado o nome da Requerente;

 Causou a perda da unidade de apartamento na planta pleiteada para


compra pela Requerente;

 Deixou o crédito da Requerente na praça abalado em razã o da


negativaçã o que, além de nã o ter sido previamente comunicada, foi
mantida mesmo apó s o pagamento da dívida.

4. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO DANO MORAL

A pretensã o da Requerente em reparaçã o nos danos morais encontra-


se plenamente respaldada pela legislaçã o pá tria, doutrina e jurisprudência
de nossos tribunais.
Com a promulgaçã o da Carta Magna de 1988, artigo 5º, inciso V e X,
restou-se incontroversa tal reparaçã o no ordenamento jurídico brasileiro,
com efeito, assim preceitua a Lei Suprema:

Artigo 5º
[...]
Inciso V – é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenizaçã o por dano
material, moral ou à imagem.”
[...]
Inciso X – “sã o inviolá veis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito à indenizaçã o pelo dano material ou moral
decorrente de sua violaçã o.

Em simetria com a Lei de Fundo, o novo Có digo Civil, Lei 10.406 de


10.01.2002, em seus artigos 186 c/c artigo 927, textualmente, preceituam:

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Artigo 186. “Aquele que, por açã o ou omissã o
voluntá ria, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.”.

Artigo 927.”Aquele que, por ato ilícito (arts.


186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.”.

Consoante a legislaçã o constitucional e infraconstitucional e provas


documentais jungidas ao pedido exordial, nã o restam dú vidas de que a
Requerida deliberadamente lesionou o patrimô nio imaterial da
Requerente, consistente na negativação mantida indevidamente do
nome da Requerida no banco de dados de proteção ao crédito e abalo
da honra e da moral desta.

5. DO ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO

Superada a questã o do direito da Requerente de ser compensada pela


ofensa aos seus direitos subjetivos resta, tã o somente, sopesar que o
quantum indenizató rio seja pautado dentro de critérios gerais e particulares
pró prios para compensar os Requerentes e punir os Requeridos. Com efeito,
aconselha o Eminente Mestre Caio Má rio da Silva Pereira:

 (...) a sentença que condena a reparaçã o por


danos morais seja revestida de puniçã o e satisfaçã o.

A empresa requerida atualmente está agindo com manifesta


negligência e evidente descaso com a Requerente, pois jamais poderia ter
mantido o nome da mesma no cadastro dos serviços de proteçã o ao crédito
mesmo apó s o pagamento da dívida existente que se quer foi previamente
informada.

Sua conduta, sem dú vida, causou danos à imagem, à honra e ao bom


nome da Requerente que permanece nos cadastros do SPC/SERASA, de
modo que se encontra com uma imagem de má pagadora, de forma
absolutamente indevida, pois eis que mais nada deve.

Sobre o tema, assim já decidiram os egrégios Tribunais de Justiça, in


verbis:

“APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O - DANOS


MORAIS - PROCEDÊ NCIA - DECISÃ O CORRETA - NOME
INSCRITO NO SPC INDEVIDAMENTE - ANTECIPAÇÃ O
CONCEDIDA - PROVA DO PREJUÍZO - DESNECESSIDADE -

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ART. 159 CC DE 1916 - VALOR FIXADO COMPATÍVEL COM A
LESÃ O - RECURSO IMPROVIDO. A indevida inscriçã o do
nome do ofendido no SPC autoriza a antecipaçã o da tutela
para sua exclusã o e motiva a indenizaçã o por dano moral,
independentemente da prova objetiva do prejuízo. A fixaçã o
do valor indenizató rio deve servir para amenizar o
sofrimento do ofendido e também desestimular a repetiçã o
do ato lesivo. Sentença mantida”. (RAC n. 44349/2003 – Dr.
Gerson Ferreira Paes).

“DANO MORAL - ABALO DE CRÉ DITO - APONTE EM


CADASTRO RESTRITIVO. O apontamento do nome do
consumidor em cadastro de restriçã o ao crédito, nos dias de
hoje, o impede de comprar produtos com pagamento
parcelado do preço. Perfeitamente caracterizado o dano
moral em decorrência do abalo de crédito, estando a se
impor a sua compensaçã o (JE Cív.-RJ - Ac. unâ n. da 1.ª T.
Recursal julg. em 19-12-2002 - Rec.2002.700.017981-1-
Capital - Rel. Juiz Arthur Narciso de Oliveira Neto - Advs.:
Paulo Roberto de Carvalho Gomes e Walter Wigderowitz
Neto; in ADCOAS 8218726).”

Dessa forma, excelência, pede a Requerente que a Requerida seja


condenada ao final a pagar a reparaçã o referente a danos morais no valor
total de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

6. DOS PEDIDOS
Em razã o do exposto, requer:

a) LIMINARMENTE e sem oitiva da outra parte, seja determinada a


exclusão do nome da Requerente do seu sistema de dados, inclusive,
que determine de imediato a exclusão do nome do Requerente de
quaisquer órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diá ria a ser
arbitrada por este douto juízo;

b) Seja deferido o pedido de justiça gratuita, tendo em vista que a Requerida


nã o pode arcar com as despesas e custas processuais sem prejuízo ao
pró prio sustento e de sua família;
c) Seja notificada a empresa Requerida para, querendo, contestar a presente,
devendo comparecer nas audiências designadas, sob pena de revelia e
confissã o quanto à matéria de fato, e no final a condenaçã o da empresa no
pagamento dos valores pleiteados, acrescidos de correçã o monetá ria e juros
de mora;

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c) Nã o havendo conciliaçã o, que se produzam todas as provas lícitas,
possíveis e determinadas em direito, as quais seguem juntamente nesta
exordial em Audiência de Instruçã o e Julgamento.
d) Ao final, que seja confirmada a liminar com declaraçã o da inexistência do
débito com a Requerida e seja a mesma condenada em danos morais no
valor total de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Atribui à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Osasco, 12 de junho de 2020.

KARINA MARQUES DOS SANTOS


OAB/SP 440.433

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