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Educação Unisinos

12(3):182-186, setembro/dezembro 2008


© 2008 by Unisinos doi: 10.4013/edu.20083.03

Os conceitos de espaço, lugar e território nos


processos analíticos da formação dos docentes
universitários
The concepts of space, place and territory in the
analytical processes of higher education teacher training

Maria Isabel da Cunha


mabel@unisinos.br

Resumo: O texto tem como objeto a teorização reflexiva de conceitos-chave para a


compreensão dos espaços, lugares e territórios onde se instituem os processos de formação
do professor universitário. Procura, de forma relacional, distinguir termos muitas vezes usados
como sinônimos, mas que têm significados distintos, à luz não só da lingüística, mas da filosofia,
da sociologia e da política. A intenção desse exercício é subsidiar a pesquisa que recorre aos
construtos mencionados, explicitando quando um espaço se transforma em lugar e quando
este alcança a condição de território. A perspectiva é de favorecer a consistência das pesquisas
no campo da formação de professores.

Palavras-chave: docência universitária, lugares de formação, educação superior.

Abstract: The object of this paper is the reflexive theorization of key-concepts to the
understanding of the spaces, places and territories where the processes of training of the
higher education teacher take place. It attempts, in a relational way, to distinguish terms that
are used as synonyms, but which have distinct meanings, in the light not only of Linguistics
but also of Philosophy, Sociology and Politics. The intention of this exercise is to subsidize
research that resorts to the mentioned constructs, showing when a space becomes a place
and when it reaches the condition of territory. The perspective is of favoring the consistence
of the research in the field of teacher training.

Keywords: higher education teaching, training places, higher education.

Mapear as alternativas em curso múltiplas modalidades, se faz ne- motivações políticas e institucionais
para a formação do professor univer- cessária a discussão da propriedade que as produzem; mapear as bases
sitário, especialmente as que acon- dessas experiências e a legitimidade epistemológicas que sustentam as
tecem dentro dos espaços formais, dos objetivos da formação acadêmica diferentes experiências e sua relação
ainda que não de maneira universa- do professor universitário no espaço com a pesquisa no campo da educa-
lizada, é um importante desafio para institucional. É preciso reconhecer ção superior e reconhecer o impacto
o campo da pedagogia universitária. as motivações, formatos e significa- dos esforços de formação na qualifi-
Compreendendo as trajetórias, moti- dos das diferentes modalidades de cação da educação superior.
vações, pressupostos e práticas que formação; estabelecer relações entre Nesse sentido, o intento necessá-
vêm sendo desenvolvidas, em suas as experiências desenvolvidas e as rio parece ser o de explicitar o lugar
Os conceitos de espaço, lugar e território nos processos analíticos da formação dos docentes universitários

da formação para a docência do centrais que dão direção ao proposto quer ou um ponto imaginário numa
professor universitário e as políticas para contextualizá-las na especifi- coordenada espacial percebida e
e/ou energias que vêm institucionali- cidade da pesquisa. Como afirma definida pelo homem através de seus
zando essas práticas. Elas envolvem Foucault, “certamente os discursos sentidos.
a formação no território do trabalho, são feitos de signos: mas o que fazem A compreensão dos significados
incluindo as iniciativas institucionais é mais que utilizar esses signos para desses termos não leva apenas ao
de formação continuada. Envolvem, designar coisas. É esse mais que os emprego gramatical correto dos
também, as ações institucionais torna irredutíveis à língua e ao ato da mesmos nos textos produzidos; essa
que acontecem por iniciativa dos fala. É esse mais que é preciso fazer compreensão encaminha para refle-
próprios grupos de professores/pro- aparecer e que é preciso descrever” xões importantes que envolvem os
jetos/associações profissionais etc. e, (Foucault, 1987, p. 75). significados e imbricação dos termos
ainda, a formação nos espaços/cursos No caso da pesquisa Trajetórias nas estruturas sociais de poder.
que qualificam os sujeitos a disputar/ e lugares de formação da docên- A noção de espaço tem sido ob-
manter a condição de docente da edu- cia universitária: da perspectiva jeto de reflexões filosóficas desde a
cação superior, envolvendo os Cur- individual ao espaço institucional, antigüidade. No diálogo da filosofia
sos de Especialização em Docência tomamos como palavras centrais os com a matemática – que se explicita
Universitária; os Cursos de Mestrado termos trajetórias e lugares, compre- como uma ciência do espaço –, essa
e Doutorado que optam por incluir endendo que as mesmas atravessam preocupação já ficava manifesta.
nos seus currículos a disciplina de as reflexões de todos os subgrupos Euclides falava em espaço total para
Metodologia do Ensino Superior; as que exploram diferentes palcos da explicitar a relação do todo com as
experiências do Estágio de Docência, formação. No exercício que aqui se partes, e Kant entendeu o espaço
instituído pela CAPES; os Programas explicita, elegemos a concepção de como aquilo que é dado a partir
de Pós Graduação em Educação que lugar e sua interface com as expres- dos objetos no mundo. Mais tarde,
abrigam candidatos de outras áreas sões espaço e território como objeto Poincaré (1988) argumentou, em
para desenvolver pesquisas relacio- de análise. Essa explicitação tem a contraposição a Kant, que a idéia
nadas com a pedagogia universitária; intenção de favorecer a teorização de espaço não é uma verdade única
Programas de Pós-Graduação de da pesquisa e, dessa forma, atribuir como forma presente necessariamen-
outras Áreas que possuem Linhas significado contextual à análise de te no sujeito. Estudos de Detoni sobre
de Pesquisa relacionadas com a do- conteúdo que decorre da fase empí- esses conceitos afirmam que:
cência e/ou o ensino-aprendizagem. rica do estudo.
As dimensões acima explicitadas Usando o Novo Dicionário Au- A contribuição de Poincaré à reflexão
estão sendo tomadas para investiga- rélio da Língua Portuguesa (1986) sobre o espaço que retoma a espa-
ção no Grupo de Pesquisa Ensino, cialidade como fenômeno humano,
encontramos as seguintes definições
entendido a partir de um corpo que
avaliação e formação de professores, para os termos que nos interessam no se movimenta no mundo, abre a
do Programa de Pós-Graduação da contexto da pesquisa: questão para outras perspectivas de
Universidade do Vale do Rio dos ver o espaço, especialmente segundo
Sinos (UNISINOS). Na dinâmica Espaço: distância entre dois pontos maneiras de ver o que é o homem estar
de trabalho em que a partilha é um ou a área ou o volume entre limites se movimentando no mundo enquanto
princípio orientador, cada dimensão determinados (Novo Dicionário Au- corpo (Detoni, 2007, p. 27).
é explorada por um subgrupo que se rélio, 1986, p. 699);
Lugar: espaço ocupado, espaço Se a ontologia cartesiana fun-
constitui no interior do grupo maior.
próprio para determinado fim (Novo
Os referenciais teóricos que atraves- damenta um espaço homogêneo,
Dicionário Aurélio, 1986, p. 1051);
sam as bases conceituais do estudo Território: área de um país; porção a fenomenologia o percebe numa
são comuns, mas cada foco requer de terra; base geográfica sobre a qual dimensão oposta. Para Heidegger
uma mirada especial e o diálogo com há o exercício de soberania (Novo (1999), a temporalidade sustenta a
construtos teóricos específicos. Dicionário Aurélio, 1986, p. 1669). compreensão do ser-no-mundo em
Na perspectiva de definir os geral e liga essa idéia à noção de
conceitos centrais do estudo, alguns Usando a Wikipédia – Enciclo- espacialidade.
esforços estão sendo realizados. pédia Livre (2008), ampliamos a Esses registros servem para con-
Com a necessidade de esclarecer concepção anterior de lugar. Diz o firmar a importância que a noção 183
as compreensões que sustentam as texto que lugar ou local, de forma de espaço tem tido para a reflexão
reflexões, temos tomado as palavras geral, é uma porção do espaço qual- filosófica no decorrer do tempo. Não

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é nossa intenção uma exploração das do do trabalho, especialmente em necessidades físicas, pela afinidade
múltiplas possibilidades teóricas que algumas carreiras onde o exercício com a tarefa a ser neles cumprida”
o termo incita, mas parece funda- profissional garante a consolidação (Detoni, 2007, p. 38). Se os espaços
mental explicitar sua importância e de saberes (caso da área da saúde, de formação carecem de tarefas a
polissemia. Também a compreensão direito, engenharia e jornalismo, serem cumpridas, perdem a condição
das energias colocadas na discussão por exemplo). Também o mundo do humana de exercício da ética própria
do termo indica que é preciso que trabalho é valorizado nas carreiras do estar com o outro no mundo, como
tenhamos mais cuidado com a utili- tecnológicas para usufruir, muitas queria Heidegger.
zação de terminologias que podem vezes, dos investimentos em ciência
indicar tão distintos significados. e tecnologia que fazem algumas (b) O que transforma o espaço
Essas compreensões é que estimulam empresas. Paralelamente são profis- em lugar?
nossos intentos. sões que encerram saberes ligados A dimensão humana é que pode
ao fazer e à prática profissional e de transformar o espaço em lugar. O
Questões que orientam gestão, e esses podem ser valoriza- lugar se constitui quando atribuí-
nossa pesquisa dos nos processos de formação dos mos sentido aos espaços, ou seja,
professores. reconhecemos a sua legitimidade
A análise da relação entre os termos Entretanto, a existência do espaço para localizar ações, expectativas,
garante a possibilidade da formação, esperanças e possibilidades. Quando
espaço, lugar e território se constitui
mas não a sua concretização. Nem se diz “esse é o lugar de”, extrapola-
num interessante exercício que enca-
todas as IES oferecem Programas de mos a condição de espaço e atribu-
minha a algumas proposições, como
Pós-Graduação strictu senso, muito ímos um sentido cultural, subjetivo
as que sugerimos a seguir.
menos em todas as áreas. Também e muito próprio ao exercício de tal
não são todas que se preocupam localização. Minha gaveta pessoal de
(a) Quando um espaço se trans-
com a formação continuada de seus pertences é um espaço; porém, quan-
forma em um lugar?
professores e com sua condição de do coloco minhas coisas e reconheço
A universidade é, em princípio, o
docentes, para além da responsa- a propriedade dessa organização,
espaço da formação dos professores
bilização individual dos mesmos defino um lugar.
da educação superior. A dimensão da
por seus desempenhos. Outras, Muitas vezes, ao pensar em algum
formação, nessa perspectiva, acon-
mesmo valorizando os saberes do fato ocorrido, ocorre-nos mencionar:
tece em duas direções. A primeira, mundo do trabalho como um capital “foi o lugar certo para...” ou, ao con-
e mais institucionalizada, refere- individual dos professores, não ar- trário, dizer, “não era o lugar de...” .
se à formação para pesquisa, que ticulam reflexões sobre eles, pouco Expressões como estas evidenciam
tem a pós-graduação strictu senso otimizando um campo com tantas uma dimensão política e cultural dos
como referente, já que os cursos de potencialidades. lugares, pois eles extrapolam uma
mestrado e/ou doutorado são condi- O espaço, então, sendo sempre base física e espacial para assumir
ções desejadas para o exercício da potencial, abriga a possibilidade da uma condição cultural, humana e
docência universitária. Por eles se existência de programas de forma- subjetiva. Entram em jogo as repre-
garante a formação para a pesquisa ção docente, mas não garante a sua sentações que os sujeitos fazem dos
e a perspectiva de que o sujeito está efetivação. Este espaço está ligado lugares e o sentido que atribuem aos
apto a produzir conhecimentos. A à missão institucional e à repre- mesmos.
segunda, menos legitimada, é a for- sentação que dela faz a sociedade, A universidade como espaço de
mação para a docência que, em geral, incluindo os docentes e os alunos. formação pode ou não se transformar
se faz assistematicamente em forma Tradicionalmente, a universidade em lugar de formação. O lugar re-
de educação continuada. Por ela é identificada como um espaço de presenta a ocupação do espaço pelas
pressupõe-se a condição de melhoria formação docente, inclusive pelas pessoas que lhe atribuem significado
das práticas de ensinar e aprender, prerrogativas legais que tem. Mas e legitimam sua condição.
próprias de um professor. o fato de ser o espaço da formação No caso da pesquisa em curso,
É possível que os docentes e as não significa que, necessariamente, identificamos alguns espaços de
IES reconheçam outros espaços de se constitua em um lugar onde ela formação na universidade e nos pro-
184 formação, mas sempre com menos aconteça. Afirma Detoni que “o ho- pomos a investigar se esses espaços
incidência e legitimidade. Entre mem sempre percebeu que espaços se constituem em lugar de formação.
eles, o que mais se destaca é o mun- deveriam ser criados, antes que por Para tal, é preciso analisar o sentido

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Os conceitos de espaço, lugar e território nos processos analíticos da formação dos docentes universitários

da construção dos lugares e de como do Novo Dicionário Aurélio (1986, preponderantes. Os territórios têm
os sujeitos em formação os reconhe- p. 1669) identifica o termo como uma certa estabilidade, e a alteração
cem na sua legitimidade. “área de um país... porção de terra... de suas fronteiras é sempre resultado
O lugar, então, é o espaço preen- base geográfica sobre a qual há o de lutas concorrenciais.
chido, não desordenadamente, mas exercício de soberania”. Essa formu- Ao tomarmos as experiências
a partir dos significados de quem o lação induz a algumas reflexões. A de formação que vimos estudando,
ocupa. Nem sempre os espaços de mais evidente é de que a definição de poderemos analisar se os mesmos
formação dos docentes da educa- território inclui relações de poder. se constituem em espaços, lugares
ção superior são ocupados e, por O território tem uma ocupação, e ou territórios.
essa razão, não se transformam em essa revela intencionalidades: a fa- Os espaços – foram mapeados
lugares. vor de que e contra que se posiciona. inicialmente, com relativa facili-
Os lugares são preenchidos por Nessa perspectiva, não há territórios dade. Constituíram-se no exercício
subjetividades. É nesse sentido que neutros. A ocupação de um territó- inicial, ponto de partida da pesquisa.
os espaços vão se constituindo len- rio se dá no confronto entre forças. Foram identificadas duas matrizes de
tamente como lugares “passando a Ao ocuparmos os lugares, estamos espaços: no terreno do trabalho e no
ser dotados de valores e inserindo-se fazendo escolhas que preencherão terreno acadêmico.
na geografia social de um grupo, que os espaços e os transformarão em (i) Formação no território do
passa a percebê-los como sua base, sua territórios. A escolha de uma di- trabalho, incluindo as iniciativas
expressão...” (Lopes, 2007, p. 77). mensão anula a condição da outra institucionais de formação continu-
Quando nossa subjetividade se estabelecer. Mesmo assumindo ada. Também podem ser incluídas
atribui sentido aos lugares, eles se a possibilidade da contradição e as que acontecem por iniciativa dos
tornam parte de nós mesmos. Eles da dialética, as forças em tensão próprios grupos de professores/ pro-
constroem nossa história e neles revelam predomínios que sinalizam jetos/ associações profissionais etc.
deixamos parte de nós. “Durante disputas de poder. Para tal propôs-se o mapeamento
algum tempo foram lugares em que Lopes afirma que “o território dessas iniciativas e a análise das
algo de nós ficou e que, portanto, nos é, assim, um espaço mediado pelas condições de institucionalização que
pertence; que são nossa história [...]” representações construídas por um apresentam.
(Viñao Frago, 1993-1994, p. 19). determinado grupo ao estabelecer (ii) Formação nos espaços/cursos
A Universidade ocupa o lugar da seu poder frente a outro e que se que qualificam os sujeitos a dispu-
formação quando os sujeitos que desse apropria do espaço como forma de tar/manter a condição de docente da
processo se beneficiam incorporam as sua expressão e projeção” (Lopes, educação superior. Nesse aspecto,
experiências na sua biografia. Portanto 2007, p. 80). Nessa explicitação, os Programas de Pós-Graduação
faz, também, parte do lugar. Reconhe- é possível perceber a relação entre seriam um espaço privilegiado para
ce e valoriza o lugar. Atribui sentidos espaço, lugar e território. O espaço tal. Localizam-se, então, algumas
ao que viveu naquele lugar e passa a se transforma em lugar quando os iniciativas como:
percebê-lo como o seu lugar, mesmo sujeitos que nele transitam lhe atri-
quando lá já não habita. buem significados. O lugar se torna l  ursos de Especialização em
C
As experiências que dão à univer- território quando se explicitam os Docência Universitária;
sidade a condição de lugar de forma- valores e dispositivos de poder de l Cursos que optam por incluir

ção reconhecem nela a condição de quem atribui os significados. nos seus currículos a discipli-
locus cultural que faz intermedia- No campo em estudo, ao assumir- na de Metodologia do Ensino
ções de significados com os sujeitos mos lugares na universidade para a Superior;
em formação. Nessa perspectiva formação de professores, estamos l Experiências do Estágio de Do-

constrói-se uma teia de relações que definindo os formatos e alternativas cência, instituído pela CAPES;
torna possível a produção de senti- que conseguimos estabelecer com l Programas de Pós-Graduação

dos, perpassados pelas relações de tal objetivo e atribuímos sentidos em Educação que abrigam
poder que se estabelecem na relação de legitimidade aos mesmos. Mas candidatos de outras áreas para
espaço-lugar da formação. transformaremos esses lugares desenvolver pesquisas relacio-
em territórios quando firmarmos nadas com a pedagogia univer-
(c) Quando o lugar se constitui ações como uma cultura, deline- sitária; 185
em território? ando processos decisórios e visões l Programas de Pós-Graduação

A definição de território retirada epistemológicas que se tornem de outras áreas que possuem

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Maria Isabel da Cunha

Linhas de Pesquisa relacionadas não foi suficiente para esmorecer- LOPES, J.J. 2007. Reminiscências na paisa-
com a docência e/ou o ensino- mos e, mesmo com dados menos gem: vozes, discursos e materialidades na
configuração das escolas na produção do
aprendizagem; significativos do que se esperavam,
espaço brasileiro”. In: J.J. LOPES; S.M.
l Redes institucionais e/ou corpo- na dimensão quantitativa, fizemos
CLARETO (orgs.), Espaço e educação:
rativas que propõem formação um esforço de validá-los qualitati- travessias e atravessamentos. Araraquara,
presencial com propostas de vamente, incluindo a profundidade JM Editores, p.73-98.
e-learning. da análise e os desdobramentos que NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA
se poderiam antever. LÍNGUA PORTUGUESA. 1986. Rio de
Os lugares – constituir-se-ão na A resistência dos interlocutores, Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1838 p.
medida em que os interlocutores presente na tarefa de obtenção dos POINCARÉ, H. 1988. O valor da ciência. Rio
de Janeiro, Contraponto, 174 p.
os nomearem e expressarem os dados, repete uma prática que tem
VIÑAO FRAGO, A. 1993-1994. Del espacio
significados da experiência de for- sido usual no campo da educação. escolar y la escuela como lugar: propues-
mação que vivenciaram, nos espaços Talvez porque esse seja ainda muito tas y cuestiones. Revista Interuniversitá-
mencionados. Para se constituir em pouco considerado na sua dimensão ria. Sociedad Española de Historia de la
lugar é preciso que fique evidente a científica e/ou porque a fragilidade Educación, 12-13:17-74.
legitimidade dessa proposição for- com que se instala leva as pessoas a WIKIPÉDIA – ENCICLOPÉDIA LIVRE.
mativa, que será percebida através fugirem das responsabilidades que 2008. Disponível em: http://pt.wikipedia.
org. Acesso em: 25/02/2008.
de reconhecimento de sua pertinên- envolvem a emissão de opiniões,
cia e validade. valores e exposição de suas práti- Submetido em: 05/09/2008
cas. Pode também revelar a falta Aceito em: 14/10/2008
Os territórios – serão percebidos de um hábito cultural relacionado
por indicadores que incluem o aporte à pesquisa, que seria paradoxal se
legal e institucional que sustenta as considerarmos a natureza da uni-
propostas e os programas de forma- versidade.
ção. Decorre, também, do tempo de O exercício de cartografia dos
ocupação, que revela a intensidade termos que são caros à investigação
da sua institucionalização e o reco- em curso tem o sentido de orientar
nhecimento de seus efeitos pelos o grupo de pesquisadores, tanto na
beneficiários das ações formativas. coleta como na análise dos dados.
Mas pode contribuir e dialogar com
A localização das experiências outros estudos. O esforço intelectual
se constituiu num exercício intenso procura dar consistência e rigor à
e revelou que a trajetória de realizá- pesquisa em educação e favorecer as
la não se daria com facilidade. Uma relações entre empiria e a fundamen-
das causas desse fenômeno está tação que deve sustentá-la. Procura,
ligada exatamente à fluidez das acima de tudo, contribuir para a
experiências de formação que, em compreensão dos espaços, lugares e
geral, são provisórias e sujeitas aos territórios onde nos movimentamos
humores e às consistências das polí- e procuramos compreender a forma-
ticas locais e governamentais. Foram ção dos professores universitários.
raras as situações em que os estudos
encontraram dados registrados e Referências
sistematizados e pessoas que res-
pondessem por eles assumindo uma DETONI, A.R. 2007. Do espaço geométrico
responsabilidade e compromisso à espacialidade como vivida. In: J.J. LO-
com sua produção. Essa dificuldade PES; S.M. CLARETO (orgs.), Espaço e
educação: travessias e atravessamentos.
foi já indicando a desvalorização
Araraquara, JM Editores, p. 21-42.
dos espaços/lugares da formação FOUCAULT, M. 1987. A arqueologia do Maria Isabel da Cunha
do docente da educação superior e Universidade do Vale do Rio dos
186 anunciando que dificilmente encon-
saber. Rio de Janeiro, Ed. Forense-
Universitária, 240 p.
Sinos
Av. Unisinos, 950, 93022-000,
traríamos o que denominamos de HEIDEGGER, M. 1999. Ser e tempo. Petró- São Leopoldo, RS, Brasil
territórios. Entretanto, esse impasse polis, Vozes, vol. 1, 128 p.

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