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Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que, de melhor o indivíduo consegue
fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos,
nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características
biológicas do indivíduo e de fatores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas faixas
etárias é uma referência, e não uma norma rígida.
Para Cunha (2002), o desenvolvimento intelectual, segundo Jean Piaget envolve quatro
períodos de desenvolvimento vivenciados de forma sequencial, considerando os
determinantes de natureza biológica. Cada fase do desenvolvimento prepara, ou seja, alicerça
a fase seguinte de maneira que as aquisições ocorridas em uma fase ou período, constituem
pré-condição para a seguinte. Especificamente em relação às fases de desenvolvimento e nelas
a expressão da capacidade de apreensão do conhecimento pelo sujeito epistêmico.
Para em Bock et al (1993), no recém-nascido, a atividade mental acha-se restrita aos reflexos,
de fundo hereditário, como a sucção, por exemplo e tais reflexos vão aprimorando a partir de
sua prática ou treino.
Para Rappaport (1981), essa fase do desenvolvimento representa na verdade para o bebê, uma
conquista visto o seu aprendizado, por meio da percepção e dos movimentos, considerando o
universo da cotidianidade em que esteja inserido. Ou, melhor dizendo, por meio dos esquemas
sensoriais-motores irá permitir ao bebê a organização inicial dos estímulos ambientais,
permitindo que, ao final do período ele tenha condições de lidar, embora de maneira
rudimentar, com a maioria das situações que lhe são apresentadas. (p. 66).
Para ela, nessa fase o eu do bebê encontra-se no centro da realidade visto que ele não
apresenta capacidade do que chamamos de consciência de si mesmo e, somente quando vai se
constituindo como sujeito concreto, interno e subjetivo, o mundo externo vai ganhando
objetividade.
Cunha (2002) destaca um experimento clássico de Piaget, no qual ele observa a atitude de um
bebê quando um brinquedo cai de suas mãos e rola para baixo de algum móvel,
desaparecendo de seu campo visual. O que acontece nesse experimento é que a criança não
busca encontrar o objeto, mesmo tendo presenciado e visto o objeto rolar para debaixo da
mobília. Conforme destaca Cunha, para a criança o objeto deixa de existir em função de ter
desaparecido de seu campo visual.
Conclui então o autor que, para a criança, o brinquedo deixa de existir quando não é
visualizado. Contudo destaca que deixa de existir, “obviamente do ponto de vista da criança,
para quem a realidade depende das impressões sensoriais que recebe”. (CUNHA, 2002, p.82).
Conforme evidencia Cunha (2002), o aspecto mais destacado desta fase do desenvolvimento é
a capacidade de representação – ou a transformação de esquemas de ações em esquemas
representativos. A partir do dito por Cunha, no decorrer deste período, a linguagem vai
deixando de ser representativa para assumir configurações socialmente convencionais.
Assim, a criança pode dar explicações animistas, frente a acontecimentos por ela vividos, ou
seja, a criança irá atribuir características humanas para animais, plantas e objetos, por
exemplo, “dizer que a boneca vai dormir porque está com sono ou que a panela está sentada
no fogão.” (RAPPAPORT, 1981, p. 69).
Conforme indicam Rappaport (1981), Ries (2007), e Bock et al (1993), neste período do
desenvolvimento, os elementos da efetividade destacam-se pelos sentimentos interindividuais,
sobretudo aqueles sentimentos que a criança desenvolve por pessoas as quais julga superiores
a ela.
Bock et al (1993, p. 86) destaca como “por exemplo, em relação aos pais, aos professores. É
um misto de amor e temor. Seus sentimentos morais refletem esta relação com os adultos
significativos – a moral da obediência - em que o critério de bem e mal é a vontade dos
adultos”.
A partir dos estudos postos em Cunha (2002), nessa fase do desenvolvimento, o processo de
pensar da criança alcança a capacidade de operar mentalmente visto que não possuía em
função de operar por representações. Para Cunha, embora consiga operar mentalmente, essas
operações possuem um caráter concreto, ou seja, precisam realizar parte da tarefa
empiricamente, ou com a presença e apoio de suportes de objetos e materiais concretos.
Para Bock et al (1993, p.89), neste período, o adolescente possui condições intelectuais para
elaborar conceitos éticos como liberdade, justiça e outros. Conforme esta pesquisadora, neste
período “o adolescente domina, progressivamente, a capacidade de abstrair e generalizar, cria
teorias sobre o mundo, principalmente sobre aspectos que gostaria de reformular”.
De acordo com Cunha (2002), nesta fase pode acontecer de o jovem imaginar sociedades
alternativas, sistemas filosóficos perfeitos e busca por profissões inusitadas. Há acordo entre
os pesquisadores de que esta fase abre-se para o indivíduo largos horizontes de possibilidades
de transformações, tanto do próprio jovem como do mundo que o cerca em função de
realidades que ele passa a dominar em virtude dos recursos intelectuais mais avançados e
pertinentes ao seu desenvolvimento.