Índice
Introdução-----------------------------------------------------------------4
Problemática---------------------------------------------------------------5
Pergunta de partida--------------------------------------------------------7
Hipótese---------------------------------------------------------------------7
Justificativa-----------------------------------------------------------------7
Objectivos--------------------------------------------------------------------8
Objectivo geral--------------------------------------------------------------8
Objectivos específicos------------------------------------------------------8
Quadro teórico----------------------------------------------------------------10
Metodologia-------------------------------------------------------------------12
Bibliografia
Cronograma
Orçamento
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1. Introdução
O Estado democrático é fundado pelos princípios que lhe são naturalmente peculiares, visto
que, nele, existe um manancial de instituições que permitem o seu pleno funcionamento. No
entanto, os sistemas democráticos funcionam devidamente mediante certas exigências, que
são imprescindíveis, para que haja um real desempenho democrático.
São algumas dessas exigências: A existência de um quadro jurídico-político que permite aos
cidadãos serem eleitos e, ou elegerem seus representantes, a garantia na activa e permanente
participação dos actores políticos e os de mais interessados nas principais decisões entre
outros.
Linz e Stepan (1999) defendem que, para que um sistema seja considerado uma democracia
consolidada, existem 5 características, nomeadamente: uma sociedade livre e activa;
Sociedade política autónoma; Estado de direito para assegurar garantias quanto à liberdade
dos cidadãos; Um aparelho burocrático estatal e uma sociedade económica como mediadora
entre o Estado e mercado, actuando para normalizar e regulamentar o campo económico.
Dada a multiplicidade da definição do conceito de democracia, a ideia central de democracia
a se conceber aqui é aquela segundo a qual, a democracia é “um conjunto de regras de
procedimentos para a formação de decisões coletivas, em que está prevista e facilitada a
participação mais ampla possível dos interessados.” (BOBIO, 1984). Esta definição é
naturalmente formal por enfatizar o aspecto de regras que regem o funcionamento dos
sistemas democráticos, mas ajudará na especificidade da discussão que se pretende fazer
neste trabalho.
Uma das características, não menos importantes nas democracias representativas, é a
realização regular das eleições. Apesar disto não ser consensual, relativamente à sua
importância, pois, “para os democratas participativos, a representação e votação
competitiva em eleições formais são vistas, no melhor dos casos, como males necessários
que eles pretendem substituir, quando possível, por tomada de decisão pela discussão
moldada pelo consenso” (CUNNINGHAM, 2000).
Deste ponto de vista, compreende-se que haverá um real desempenho democrático,
quando os indivíduos participam diretamente nas decisões relativas aos seus interesses.
Porém, pela realidade das sociedades modernas ser deveras complexa, torna-se difícil a
materialização duma democracia onde haja uma directa e total participação de todos
interessados. Entretanto, para fazer face ao problema da efectivação de uma democracia
directa, tem-se como alternativa a democracia representativa, definida de forma genérica
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como aquela em que, “as deliberações coletivas, isto é, as deliberações que dizem respeito à
coletividade inteira, são tomadas não diretamente por aqueles que dela fazem parte mas por
pessoas eleitas para esta finalidade.” (BOBBIO, 1984).
No presente trabalho, pretende-se analisar o nível de democraticidade do poder
descentralizado, o caso da Autarquia da Matola, com enfoque em compreender precisamente
a componente da institucionalização democrática do poder dos órgãos localmente eleitos. O
conceito de institucionalização democrática, é definida aqui como o processo pelo qual as
instituições, normas e procedimentos, criados no âmbito da “transição democrática” se
transformam em atitudes, hábitos e práticas que estruturam o agir dos actores do jogo político
no seu dia-dia (SCHADLER,1997; Schmitter, 1995).Todavia, a análise cingir-se-á no actual
governo eleito em 2018, e para ampliar o horizonte de compreensão, será necessário englobar
o governo anterior (2014-2018).
Dado que, o actual governo ter sido eleito numas eleições marcadas por muitas controversas
nos resultados, pretender-se-á entender: se há uma real habituação nas práticas e normas
democráticas, por parte do governo local; qual tem sido o nível de aceitação dos munícipes,
em relação às acções do governo eleito; Como é estabelecido o vínculo entre os órgãos do
poder local e os cidadãos; e até que ponto os munícipes vêem as suas demandas estarem na
ordem das decisões do governo local? Estas e outras questões serão exploradas durante a
presente pesquisa.
A estrutura deste projecto de pesquisa compreende, para além desta introdução; a parte da
problemática (esboço sucinto do escopo do trabalho), e a respectiva pergunta de partida; a
hipótese (resposta prévia da pergunta de partida); a justificativa (razões ou motivações para a
escolha do tema); a definição dos objectivos, quer o de âmbito geral, quer os de âmbito
específico; o quadro conceptual e a revisão da literatura (definição dos principais conceitos e
a exploração da literatura inerente); o quadro teórico (exposição da teoria de base que
orientará a pesquisa); a metodologia (técnicas e métodos a serem usados); e por fim,
apresenta-se a bibliografia usada neste projecto, bem como a que será usada no trabalho
propriamente dito.
1.1 Problemática
termo ao conflito armado que assolava o país, permitiu certamente para uma nova edificação
da estrutura política e administrativa do Estado Moçambicano.
O Estado Moçambicano passa a proceder com diversas reformas das instituições com vista a
instituir um estado democrático. Neste contexto, foi produzido um conjunto de legislações,
que serviriam de sustentáculos para instauração de uma democracia multipartidária. Decerto,
de entre várias leis destaca-se a lei eleitoral (13\94), que culmina com a realização das
primeiras eleições multipartidárias (1994).
Por este facto, e devido ao período em que se estabelece em Moçambique a
democracia, fez com que o país estivesse no grupo de Estados pertencentes ao que Hantinton
(1994), designou por terceira onda de democratização. Pois, no período em alusão, muitos
Estados Autoritários viram-se na contingência de transitar para a democracia, verificando-se,
deste modo, a “inquestionável consagração da democracia” (MACUANE, 2000).
Após a instauração da democracia, prevaleceram as reformas, como forma de
aprofundá-la. E é deste modo, que se parte para o processo de descentralização com a criação
da lei (2|97) que estabelecia mecanismos mediante os quais deviam se criar as autarquias
locais.
Desta feita, foram criadas as autarquias locais, obedecendo a uma lógica gradualista.
Todavia, na primeira fase da autarcização em Moçambique, foram criadas 33 autarquias que
correspondiam a todas capitais provinciais e algumas vilas distritais.
Porém, o “processo de descentralização, tal como acabaria por ser conduzido,
reservou um papel exclusivo ao poder central na criação das autarquias, o que é contraditório
com o que deveria ser a sua essência, pois faz com que estas apareçam mais como uma
emanação do governo central do que como uma verdadeira expressão de poder local
descentralizado, ou seja, como espaços autónomos de vida política” (Brito, 2013).
A exclusividade do poder central em criar as autarquias revela-se como um privilégio
do partido no poder de aumentar a sua “omnipotência” no panorama político nacional.
Paradoxalmente, estas estratégias do poder central de pôr tudo ao seu controlo dificultam na
democraticidade do poder descentralizado, e de forma significativa, a premissa do ideal da
descentralização, que é o de consolidar a democracia, é posta em causa. Pois, como sublinha
Brito (2013) que o capítulo da descentralização em Moçambique, “reflecte um processo de
democratização, a partir “de cima”, que se desenvolve de acordo com uma lógica
dominantemente paternalista e clientelista e que é executado num contexto de fraca
cidadania”. (Idem.)
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1.2. Hipótese
O poder local é efetivamente institucionalizado, mediante a abertura do governo local
e a manifesta cultura participativa dos actores políticos e dos cidadãos, na canalização
eficiente das suas demandas.
1.3. Justificativa
Nos últimos anos vários estudos têm sido desenvolvidos sobre os Estados democráticos, e a
instauração dos órgãos do poder local. Mas, maior parte destes estudos explora os aspectos
das relações entre o poder central e os governos localmente eleitos. Assim, a escolha do tema
deveu-se ao facto de haver necessidade de estudos que explorem a perspectiva da
estruturação dos hábitos e práticas nas normas e procedimentos democráticos nas
democracias locais, ou seja, a apropriação das normas democráticas a nível dos governos
locais.
Deste modo, também será importante observar a questão da legitimidade do poder
descentralizado, ou por outra, qual tem sido o nível, quer seja de percepção, quer seja do
consenso, por parte dos munícipes em relação às autoridades eleitas localmente, assim como
das decisões por elas tomadas.
Entretanto, com a descentralização, presume-se que haja uma horizontalidade na
maneira de aquisição e no exercício do poder, isto é, quaisquer indivíduos ou grupos que
estiverem interessados em ascender ao poder, poderão fazê-lo, desde que cumpram com as
normas democraticamente estabelecidas. Contudo, a maneira como é dirigido o processo de
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descentralização, como são organizados os pleitos eleitorais e os resultados que daí são
obtidos, é problematizada esta concepção.
Para a Autarquia da Matola, por sinal uma das que se beneficiou do processo de
descentralização logo na primeira fase, existem alguns aspetos que merecem uma atenção. O
primeiro, por experimentar unicamente a governação de um partido apenas, aspecto este, que
é comum em maior parte das autarquias; Segundo, por verificar-se uma radical mudança nos
resultados eleitorais, pois a margem de diferença dos votos nas últimas eleições entre o
Partido Frelimo, que venceu as eleições oficialmente e os da Renamo (o maior partido da
oposição) foram muito ínfimos. O uso da expressão oficial deve-se ao facto do Conselho
Constitucional ter validado os resultados das eleições, mas em contra partida, houve uma
controvérsia nos próprios resultados eleitorais, porque de vários editais apresentados havia
resultados contraditórios. Até mesmo havia onde a Renamo aparecia como vencedora.
Por conseguinte, devido a essas caraterísticas, há uma relevante necessidade de analisar
como são estabelecidas as relações entre os citadinos e os órgãos de governação local, como
um contributo para o debate sobre a institucionalização da democracia, naturalmente no
prisma da descentralização.
1.4. Objetivos:
1.4.1. Objectivo geral
Analisar o grau de institucionalização democrática dos órgãos do poder local
no Município da Matola.
1.4.2. Objetivos específicos
Identificar os indicadores das práticas de autonomia política dos munícipes da
Matola que sirvam de elementos legitimadores do respetivo governo.
Descrever qual tem sido as condições de interação entre diferentes actores
políticos para a canalização das suas demandas a nível local.
Explicar quais os fatores que influem dentro do sistema político para que haja
um eficiente desempenho institucional, que por conseguinte, consolida a democracia.
Para que haja uma compreensão mais precisa da temática, será necessária a definição de
alguns conceitos, especificamente: Democracia, Descentralização, Legitimidade e por fim
Cultura Política.
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tradicionais; a de sujeição, notável nos regimes autoritários; e por fim a cultura cívica,
relativos aos regimes do tipo liberal-democrático, caraterizados pela postura participativa e
activa dos indivíduos e dos grupos no sistema político.
Portanto, os sistemas em si, não são necessariamente determinante na construção da
cultura política, pois, o que é realmente fulcral neste contexto, é “o conjunto de atitudes,
normas, crenças, mais ou menos largamente partilhadas pelos membros duma determinada
unidade social e tendo como objeto os fenómenos políticos.” (Idem,).
3. Quadro Teórico
Como é de praxe, na produção de trabalhos de natureza científica, a existência de normas e
procedimentos para a sua efectivação, como por exemplo o uso de teorias como suportes para
a análise dos objectos de estudos, é praticamente um imperativo.
Para o presente trabalho em particular, adoptar-se-á a teoria Neo-institucionalista,
apresentada por Hall e Taylor (2003). Para estes autores, a preocupação fundamental do Neo-
Institucionalismo é a “elucidar o papel das instituições na determinação dos resultados sociais
e políticos.”
Neste sentido, existem duas preocupações centrais: por um lado, como as instituições afectam
o comportamento dos indivíduos, e, por outro lado, que tipo de resultado surge desta relação.
Por isso, Hall e Taylor esforçam-se em esclarecer as dinâmicas que advêm da interacção
entre os indivíduos e as instituições. Tentando compreender deste modo, “ (1) como construir
a relação entre instituição e comportamento; (2) como explicar o processo pelo qual as
instituições surgem ou se modificam.”
Contudo, importa referir que a Escola Neo-institucionalista está subdividida em três versões:
Neo-Institucionalismo Histórico, Sociológico e de escolha Racional. Mas, o que distingue
umas das outras são os métodos de análise, adoptados por cada uma das versões na
explicação dos fenômenos.
O 3.1. Neo-Instituciomalismo
A versão do Neo-institucionalismo que se irá usar aqui, para a análise do escopo do presente
trabalho, será o Neo-institucionalismo histórico, este que define instituição como “os
procedimentos, protocolos, normas e convenções oficiais e oficiosas inerentes a estrutura
organizacional da comunidade política ou economia política.” (HALL e TAYLOR, 2003).
Deste modo, entende-se que as instituições moldam a estrutura organizacional e político-
económica do Estado, as escolhas feitas pelos indivíduos aquando da tomada das suas
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4. Metodologia
Para a materialização do presente trabalho, pautar-se-á a prior por uma leitura bibliográfica,
tendo como primazia textos inerentes ao arcabouço teórico, tal como, os que versam sobre o
escopo escolhido.
A abordagem será a de índole qualitativa, pois, essa modalidade de abordagem busca
estabelecer uma relação entre o sujeito e o objecto que não pode ser traduzida em números,
ou seja, o problema não pode ser quantificável.
Assim, a preocupação central neste tipo de abordagem é a descrever e interpretar os
fenómenos que não são percetíveis a prior na superfície. Quanto ao problema do presente
trabalho, pretender-se-á certamente compreender o nível da qualidade da democracia na
autarquia da Matola, e a relação entre as instituições democráticas e o comportamento dos
indivíduos com relação as mesmas.
Contudo, devido a natureza do problema da pesquisa, será necessário privilegiar a
componente empírica, na qual far-se-á a coleta de dados através de entrevistas semi-
estruturadas.
Decerto, o desempenho institucional afecta directamente na qualidade da democracia, e para
o entendimento desta dinâmica, as entrevistas serão praticamente imprescindíveis.
As entrevistas, deste modo, serão dirigidas às fontes privilegiadas, (os que tem um
conhecimento mais apurado sobre a temática, como académicos), também aos que directa ou
indirectamente actuam no campo político da autarquia (os membros dos órgãos do poder
local, partidos políticos e uma parcela dos munícipes da Matola.).
Para a prossecução das entrevistas, usar-se-á a técnica de amostragem aleatória, como
mecanismo de condensação do tamanho da população. A Amostragem aleatória permitirá que
qualquer um dos citadinos da Matola, tenha mesma probabilidade de ser entrevistado.
Portanto, no concernente ao método propriamente dito, adoptar-se-á o método hipotético-
dedutivo, que consiste na formulação de uma hipótese, que será testada durante a pesquisa, e
posteriormente a obtenção de ilações, que podem ser corroborada ou falseada.
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Bibliografia
BOBIO, Norberto. (1984) O Futuro da Democracia: Uma defesa das regras de jogo. Trad.
Marco Aurélio Nogueira, 6ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
BRITO, Luís de. (2013) Breve Reflexão Sobre Autarquias, Eleições e Descentralização in
CASTELO BRANCO, N.; et al. Desafios Para Moçambique 2013. Maputo:
CAROTHERS, Thomas (2002). The end of the transition paradigm. Journal of Democracy,
Washington, v. 13.
DAHL, Robert. (2001) Sobre a democracia. Trad. Beatriz Sidou; Brasília: Editora
Universidade de Brasília.
DUTRA, liana ER. De Freitas. (2002) Histórias e culturas políticas definições, usos
genealogias. Varia História Nº 28.
“ FORQUILHA, Salvador (2008) “Remendo novo em pano velho: O impacto das reformas
de descentralização no processo de governação local em Moçambique” in. BRITO, L.; et al.
Cidadania e Governação Local em Moçambique. Maputo: IESE.
GIL, António Carlos. (1999) Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª Ed. São Paulo,
Editora Atlas.
LAKATOS, E.M., Marconi, M.A. (1992) Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed. São
Paulo: Atlas. Editora Ática.
SCHADLER, (1997)
SCHMITTER, (1995)
I.1. Cronograma
MES
ACTIVIDADES
Levantamento Bibliográfico DEZ FEV MAR
Entrega do primeiro projecto MAR
Producao de guião de Perguntas
para as Entrevistas MAR
Coleta de Dados ABR MAI
Entrega do Primeiro Draft JUN
Entrega do Segundo Draft JUL
Entrega do trabalho Final JUL
Defesa
I.2. Orçamento