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BELIOTECA ALFA-OMEGS DE CIENCIAS soctany Sise — Voiame 1 HISTORIA Dascio Reynaldo Xavier Carzeiro Pesos Maca de Lourdes Jasoei ‘Fad Sebassbo W Pla 44 Deverntade de Sto Posto) (Conse 209" OnstxTADOR (Geraidina Porto W. ‘Napb Lima Feres Duglat Teineira Monteiro Paslo Sérgio Piaheiro Joie Manoel de Melo Mana de Lourdes Janotti Tend Sebastibo Witter Remy Gorga Filbo TESTAMENTO POLITICO Carts Esta Felo Grande D. Luiz ds Casha Seohor Rei D. Jou 1 antes do seu governo © gual foi do Cometho dos Seahorse D. Pedro Th € D, Jodo V,¢ seu Embaixadar is Cortes de Vienna, Haya, de Paris, onde meereu em 1759, Revisio e Nota Intodutiria dx Prof Nanci Leonzo. Mest pela Universidade de SS0 Paulo EDITORA ALFA-OMEGA ‘Slo Paulo 1976 Piscine Grétce © Ps FEEEgi «rome Coe Assos, Falanpsl & Tedeuhs Dircitos Reservados EDITORA ALFA-OMEGA, LTDA. (05411 — Rua Cristiano Viana, 302 — Tel. 2609972 (01000 — Sio Paulo — SP. Impress no Brasil Printed in Brazil NOTA DOS DIRETOR DA COLEGAO mentos histéricos que presencisram. Ler exe t de narrativa & mergulhar no passado, no momenta acontecimentos estio se desen- rolando, no vigoroso embate das opinides div de seus protagonistas. E um cot “Viver a Historia", como dirie Lucien Febvre. E surpreender o homem no momento ds sua read & conjuntura que 0 sufoca, no exforco reduzir 0 complexo & sua capacidade de compreen- sto. Para aprender a realidade constroe entdo explicagdes significativas e coerentes, porém, nem sempre verdadeiras, buscando um camiaho para posicionar-se frente o turbilhdo de acontecimentos que 0 envolve, (Os depoimentos das testemunhas estio vivos, ‘assim como 0s fatos que presenciaram e 0 pens ‘mento e sentimentos que deles emanaram. Cada qual conta 0 que viu, como sentiu e as apreensdes Ix futuras que 0 envolveram. sao Se somente isso fosse, 0 sentido 8¢ : ingénuo expectador ao mais exigente critico : a : grupo social a que pertence. Esta pode e deve di sentido ao testemunho individual, . Perante © mesmo contexto histérico, as ten: s6es sociais estabelecem a tOnica das diferentes modalidades de expressio da realidade, O contei do verdadeiro ow falso que pontitha os depoimen- tos so respostas que os grupos sociais engendram para justificar suas aspiragdes. As posicdes da classe so detectadas através dos escritos de seus representantes. Testemunhas acima de suspeitas no existem por mais imparcial que paregam ser, Reside na suspeigiio, paradoxalmente, a riqueza cultural de seus depoimentos. Quanto mais envolvidas na responsabilidade dos acontecimentos, mais os cla poderé exercitar-se a verdadeira erftica 4 s5es de mut” reside na compreensio das diversas vis do que 0s grupos assumiram através da Historia x Com o langamento da série “Testemunhas da Histéria” a Editora Alfa-Omega pretende no s6 ‘tender a demanda do ensino universitério, que ‘necessita textos de dificil acesso para desenvolver suas pesquisas, como também aos demais leitores {que poderio interpretar a histéria partindo de suas propria fontes. Reynaldo Xavier Cameiro Pessoa ‘Maria de Lourdes Janotti José Sebastiso Witter XL INTRODUCAO, Significativo 6 0 retrato de Portugal da pri- meira metade do século XVII, um Portugal eclesidstico, aristocratic © tributirio das inds- trias estrangeiras, que emerge dos escritos do di- plomata portugués D. Luis da Cunha (1662- 1749). Enmérito estadista, iniciou D. Lufs da Cunha a sua carreira na magistratura, como desembar- gador da Relacio do Porto (1685) ¢ da Casa da Suplicacio (1688). Seu ingresso nas atividades diplomiticas ocorreu em 1695, quando nomeado envindo extraordinério em Londres, cargo que ocupou até 1712 e no qual se destacou por oca- das negociagdes decorrentes do envolvi- ‘mento de Portugal na questo da sucessiio espa- nhola, Representou, juntamente com 0 Conde de Tarouca, os interesses portugueses no Congresso de Utrecht, de que surtiram importantes resulta- dos no que se refere & questio dos limites na América, Suas posteriores misses diplométicas XII na Inglaterra, Espanta, Holanda © Franga cont buiram, sobremaneira, para a orientacé f tica exterior de D. Joo V (1) Suas prolongadas permanéncias em impor. tantes estados europeus permitiram-lhe, nio ote tante 0s afazeres diplomiticos, contacto com os 1meios cientificos © artisticos ¢ o levaram a part, ccipar das tentativas de renovago cultural Iusitans fomentadas pelos “estrangeirados” ¢ mesmo pola propria pessoa do rei (2). Como bem observou Jaime Cortesto soube D. Jodo V por ao seu ser- vigo “estrangeiros” “estrangeirados”. Com os primeiros procurou adquirir e difundir no reino a ‘cultura cientifica estrangeira ¢ as técnicas do seu tempo, como instrumento indispensével da ex- pansio ¢ da soberania politica nas provincias, ultramarinas € dos outros valeu-se em questées de defesa diplomitica, de administracdo e na so- lugio de problemas portugueses no aléi-mar (3). D. Luis da Cunha inclui-se, forgosamente, entre esses “estrangeirados” — assim qualificados pelo io da poli. (1) ALMEIDA, Luis Ferrand de, verbete “D. Lats Cunha", in Dieiondrio de Hiéria de Portugal, diiido pot Yet Serr, ‘Liveria Figuernhss, Porto, s/¢ vol. 2%, p. 770,774 @) Mem, p. 771 1G) CORTESAO, Inime, Alexandre de Gunde ¢ 0 Tra. lo de Madrid (1695-1735), Ministerio das Relogdes Estesionss = Insitto Rio Branco, Rio de Janeiro, 1952, Parte 1, Tomo 292,93, xIV ssangue ou pela educacio no estrangeiro — e suas ‘obras traduzem (4), juntamente com os eseritos de Alexandre de Gusmiio, © pensamento portu- guts de renovagio cultural, emergente do espitito cientifico modern e, em franca oposigio a0 ‘governo absoluto dirigido pela Companhia de Jesus, pelo Santo Offcio © pela influéncia es- trangeira, As diretrizes do mercantilismo © do despo- tismo esclarecido afloram, harmoniosamente, no “Testamento Politico”. Ai D. Luis da Cunha postula a necessidade do reforco do absolutismo ‘monarquico portugués excessivamente enfraqueci- do nos diltimos anos do reinado de D. Joao V e defends uma feicdo mais coerente com as con- ccepgdes em voga na Europa do século XVIII, bem ‘como solugées para os males que, a seu ver, afli- giam 0 reino. Portugal, segundo o diplomata, Sofrera quatro sangrias sucessivamente: 2 exces- siva integragio de pessoas na vida religiosa, 0 €xodo populacional para as Indias e para 0 Brasil, @ decorrente da acio inquisitorial e a originéria do desequilfbrio do comércio. Para cada uma elas procurou ele, mediante vaste experiéncia (As “Meméras do Par oe Ui Pactese dos Tatados de Paz Co Baden e Anven’y at “I (Azevedo Coutinho” ¢ 0 "Tes ‘do, se constisem as i politica ¢ visio esclarecida, uma so com os interesses portugueses, 4 ds propostas por D. Luts da come ig Marqués de Pombal nas suas tentativas gauss go do poder central © reorganizacio dy Ct aie 0 estady Dentre 0s escritos de D. Luts da © “Testamento Politico” © de maior re pelo corpo de idéias reformadoras eae sobretudo, por sugerir a nomeacio de Sebastian José de Carvalho © Melo, Marqués de Pombet, para uma das secretarias do reino. Escrito entre 0s anos de 1747 € 1749 e dirigido ao entio Prin. cipe do Brasil, D. José, herdeiro do trono portu auts, fot impresso, pela primeira vez, depois de sua divulgago em manuscrito no século XVII, 1 “Investigador Portuguez em Inglaterra”, Foi publicado em opisculo em 1820, € no ano se guinte, por iniclativa de Antonio Lourengo Ce- minha, no tomo I das “Obras Inédites”. Em 1943, mereceu nova publicegéo, nos “Cadernos da Seare Nove", com preficio e notes de Manuel Mex és (5), aqui utiizada para trazer & luz ‘0 importante testemunho da situagdo econbmica € social de Portugal do reinado de D. Joto V. lusio condiy Cunha fo TESTAMENTO POLITICO * que naturalmente se pods fanzr, nosso senhor, gloriove pai d= venha a falter, o que praza 2 Deus que mos seno depois de passados mi doce esperanga de que V. seus inclitos v6, para humilde ¢ reverente submisszo aos <2 para que lembrando-the que sou o ministro que 0 senhor rei D. Pedro, ber de V. A. no ano de 1700 tirou da Casa ds casio para o servir no Ministério Estrangtiro, ¢ que néle me conservou elrei nosso sechor até agora; e que, fundado nesta antiguidade, ¢ no zélo e cuidedo com que sempre procurei cumprir com a minha obrigacdo, pego na pens para tera bi rio de Ihe pedir algum prémio pelos ‘sos, mas somente para por na sus real presenge quais sio os meus sentimentos que 0 dito senhor muit a aS Vezes nig tiu, mas expressamente me aproveito dela ordenoa; ¢ nae a quando V, Felicidade que Ihe desejo, rédeas do : ove dos seus reinos ¢ di 1S, DAFA & em das con conquist dos seus figis. vassalos Se me servi de alguns exemptos tirados da historia, que faria targa e fastiding 4 sua leitur ei abreviar quanto me for possivel, mas das miximas que vi praticar em Inglaterra, em Holanda, ¢ Franga, ainda que nem n seguir pela diferenga dos climas, dos governos, dos interésses, dos tempos, ¢ pelos dliversos génios das Nagdes, io sin que procur das. se poss Em primeiro lugar, senhor, naquele temido, ural acidente, que nio espero ver, estou bem certo que V. A. nio mostrar logo ‘que em certas cousas quere tomar 0 contrarpé do govérno de ebrei seu pai, ¢ que, quando se vir fi ostrando que sio as di tomar diver A. infausto © sas resolugdes; para que mio pares a as emenda, antes as venera, Que V. A. conserva aL uma Mai to santa, com & a rain NOS senhora, @ mesmo respeito, ¢ fiel veneragie, 6 que até agora a tratou; efeito da adminivel ¢ ce 1H educagio, que @le Ihe dev. Que V. A. viver! 18 com a serenissima princesa do Brasil, sta_ama- pilissima e real consorte, na mais cordial sincera a que se passa desejar. mostrar suas altezas irmios © tos 19 ao tron Mio The diminuia em cous alguma o amor e earinho de fque corre pelas mesmas vias, Estas obrigagies m dover de homem; mas as de ins ae re, sem fender a8 VAs tngo sent, € qi ks, 8X dk essen so ses asin depots 0, 40. ost Debaixo distes supostos ji se ve que nto serei de opinido que V. A., a titulo de des ‘outras, muito fortes razdes. A prin nnas mos dos principes para que deseansem, seniio para trabalharem no bom govérno dos seus reinas;, trabalho que the seri muito suave, se repartir bem’ © alternativamente as suas horas, porque estou certo que Ihe sobejario as que bastem para as empregar nos divertimentos que convém a0 seu cardeter, entre os quais conto 0 da caga, nio por- que seja, como alguns dizem, a imagem da guerra, Porque nio ha armas que menos se Ihe paregam, pois nela se niio vé mais que muitos cavaleiros, © uma infinidade de cies, que correm atris dos rva de um primeiro ministeo por duas, entre Jira porque Deus io pas os eetros 19 Pobres animais que fogem, © nity se mas orque Ete divertimento serves menos. de ale aque faz 0 mm ‘a que vai do. mts seria abolir as confiseagies fo senhor rei D, Joao TV pai OW para a coroa, a que ja 0s nia dado principio & imi {que eonfisea os bens dos culpados pa ‘ous herdeiros, com tanto que no guna parte déles, © neste sentido a de Vener restitufrem fiquom com costimava dizer 0 dito senhor que que 1 os juleus, mas no arruinar as sua tavam 0 coméreio do seu reino; © assim x fills inocentes os bens «os pais 1 una lastimosa curiosidade que: bem eas- caulpados, « se rer examtinar duas coisas, & primeira axas de comércio que se perderam, depois Imitin em Portus 4 corvit das que 0 senor rei D, Joao 1 a Ang elas tem recebido © se achard que das primei 6 infinito © que a coroa niio tem utilizado €¢ alguna, antes © senhor rei D, Joo TV, querende de algum dinheito do fiseo, uum vinté go; segunda o provei 1. Contuxlo O teve a tem cadet corte de Roma um breve de excomunhiio conte © dito senhior, se prossegusse em querer abollt ponieu que néle no hav 8 Ingui 86 Eu nao o afir as eonfiseagOes. 10, porque 0 ni wns tal € n vor publica, ¢ que éle se Tera Fesanigdo de Evora, quando se soube que 6 dito ve morvera. Mas 0 que sei de certo wjuisidores de que S. M sudos aos herdeiros queixando-se 08 : fizesse restituir os bens confi ados, @le thes pregum 2” ¢ respondendo-lhe que para a coroa ita conde Ge thes replicara com raga: *Pois eu desconfises.” De que conclue que senda o modo das ditas confise oe faz sair de Portugal tantas familias com ws efeitos, que vio meter nos fundos pablicos de Inglaterra © Holanda, etc., senmesse que, s are os seus bens a sei a sua patria, antes nela continu: 1 dinheiro, igo descobriu no Rio dos judeus, © se thes confise ros de consi « fillwos, Enfim, depois que a In ; le ordenasse que os ditos nao, Kissem confiscados, vendo 0 se fazia ao com Outro preju vem nile prejuizo que nportante pénero, 41 set que os estrangeiros, em Wasi todo oO no: c ic A Paria tok sso comércio © tem em Portugal WAS casas, Me mandam tds as sas eomis~ 8 bes, ou outros estrangeir0s, nfo querendo di. fhe a algum portugués, porque o teem por judeu, fe temem que, sendo preso pela Inquisigio, Ihe confsquem 0s efeitos que tiver nas suas maos; porque ainda que pelos seus tratados fe Ihes devam restituir, nfo Thes convém ter uma Jarga demanda com 0 fisco. ou cristio-novo, O sexto ¢ iiltimo meio para se extinguir em Portugal o nome de cristdo-novo, seria darem aos judeus a liberdade de sua eligi ‘como se pratica entre todas as nages da Europa, sem embargo de serem 120 cristios com a nossa Tiberdade, digo, que de duas maneiras se The pode acordar, dando-lhe dois guitos, um em Lisboa, outro no Pérto, da mesma maneira que o teem fem Roma, com a obrigacio de trazer um chapéu amarelo, para serem conhecidos, de que resultaria que todos os cristios-novos, que verdadeiramente fosccit judeus, ou 0 poriam ou entrariam nos gui- tos, sem ser necessirio que se Ihe falasse em per- dio geral, nem a Ingui prem dor algum eristio-novo; pois é certo que nao serd juden oculto, 0 que o puder ser declarado; mas quando assim sucedesse, 0 juizo secular o casti- ‘gasse com pena de morte, como também o deve ria ser todo aquéle que injuriasse alguma pessot chamando-the cristio-novo, ¢ para que éste nome totalmente se perdesse e se extinguisse, conviria iverem ni 88 ce todos aquéles que so infamados som due ss ave We terceiros avés houvessem feito alguma fi ita os acts da fé, pudessem entrar nos car Bos ar epiblica, pois é bem extraordinario que se atanga também 0 de cristio-novo, antes com im- fiedade se diga que basta uma pinga déste des- fo sangue para corromper 0 de todo 0 corpo te no possa alimpar aquela né gragad cristio, ¢ que Goa. Ajuntarci ao referido que todo o judeu ou judia, que casasse com cristio-velho, ou reputado por tal, ¢ vice-versa, seriam no juizo secular con- Genados & morte, 0 que nio aconteceria, porque a lei dos judeus The defende a comunicacéo com eristio-velho ou gentio, como éles nos chamio por desprézo, assim como nds por desprézo thes chamamos judeus. E falando eu em Amsterdio com um dos rabinos ou doutores da lei, sobre 0 castigo que a sua nago depois de tantos séculos padecia, desprezada em toda a parte, sem patria, sem rei e sem templo onde sacrificar conforme a sua Iei, me respondeu que enquanto os judeus se arrependessem de se haver misturado com os cristdos e se niio abstivessem da sua comunicagio, jamais veriam o fim da sua desgraca; e jamais 0 seu Messas, nfo Deus, mas grande Capitio, os Tiss lvrar da espécie de catveiro em que prese te vivem, restituindo-os & terra da. promis- so, que Deus ‘fo, aue Deus Ihes dra e por seus grandes pecados so ‘A resposta por uma parte me f&2 rir, © por saatimarane da sua cegucira ¢ incredulidade: vi, em Londres, que um judew resga- 1a grossa soma de dinheiro, um escrito inha dado a um in. contud eu tou, por u de casamento, que sua filha ilés, querendo fazerse cristi, TE niio hi divida que em tas as partes, onde 0s judeus teem liber- dade de conse mais se casam com cris tos; ¢ isto mesmo sucederia em Portugal se a tivessem: mas nem por isso ereio que os judeus, te estabelecidos em Inglaterra e Holanda, se iriam domiciliar no reino, mas ndo ha divida {que li mandariam os seus parentes ter casas de comércio. Eu me achei em Amsterdio nas bodas de umm dos filhos do bario de Sasso, © sua mai, a quem eu por derisio chamava a rainha Ester, me preguntou em quanto avaliava os cabedais dos convidados que ali estavam, que seriam até qua renta ¢ dizendo que o ignorava, me respondcu: sm pode V. Ex contar sobre quarenta milhdes de florins, que nenhum ial fariam a Portugal, © Vi estivessem.” “Nem & Inquisiglo, se ela 0s agar rasse”, Ihe respondi eu, ¢ estes senhores, porque todos eram nascidos, ou descendentes de portu- ‘gucses; pois 6 de saber que os judeus portugueses, ‘espanhdis © italianos, vivem separadamente dos judeus alemais © com diferentes. sinagogas, de sorte quc os primeiros teem tanto horror em Se ‘apresentarem com os segundos, como com os cris 7) «os juigarem descendent a H fio todos grandes ye sob 7 de Jerusalém, que saitt ceanalha risuririos © ladroes. ‘Tornando pois ao meu asst «primeira e principal uildade, ave terfannos 08 Si permissfo, seria de se abotir © injurioso nome Gperistaondvo, A segunda, que é t6da espiritual, fio haveriam tantos sacrilegos, quantos, sendo no Coragio judeus, freqilentam os santos saeramen- para no serem descobertos. A terecira, que grin que a Inquisigai jueceria, antes Ihe me- ninar 0 into, j& disse que que terfamos da tos, & mais do meu caso, @ dé a Portugal, nao 0 entra teria mais sangue nas veias, sem conta que jf tinka e sem prejudicar 0 Estado, porque cesta gente, na esperanga de se restituir a terra que chamam sua, nao compra nem ben de raiz, fazendo girar os seus cabedais para déles tirarem maiores interésses, e assim os empr 10 em tudo que pudessem tirar florescer 0 seu com cio. ,, A caust, senhor, do sew grande abatimento, Tar AF passido is mos dos estrangeiros, além the SObreditas ni sei por qual deve comegar pa Procurar algum remédio, Contudo salta aos olhos & que Porty ‘en géneros para se eatram de for a que logo tem frutos, Permutarem com os que nos ‘0 86 quanto & quantidade © bém quanto a quan ade ¢ 91 variedade, E para prova do que digo nfo falarei series de desiguakdade do comérco que te se Bem Castle, em prejulzo de Portugal, por. I de todos 6 bem sabia, estando 20 pé du fia, mas junto a Fista de frutose géneros, que Pcangstos tirio de Portugal: = coiros em eoosto, pau do Brasil, laranas,limdes, azite, su Shagre, leo de cupafa, salsa parilha, marfim, tis, améndoas, fig, passas, peixe salgado, pre. sunt, aeite de baci, vinhos de Portugal e du Madeira, subi de todas as casas, melaco, aciea, tabaco do Brasil, casquinhs, eravo do Maranhio, sebo, cacau,bainilha © pau para tintas, Ede reparar que os franceses sempre foram aumentando os dircitos de entrada dos ditos fru- tos e mercadorias desde 0 ano de 1664, sem que uuséssemos da represilia, como seria justo, Jevan- tundo-Ihes também a proporgio os direitos da en- trada dos que metem em Portugal, 0 que Shes se- ria mais sensfvel, porque sio em muito maior quantidade e melhor qualidade, a saber: Em pri ‘meiro lugar, de Paris, mandam uma droga a que chaanam moda, que vai por tda a Europa, € con- forme diz 9 marechal de Vauban ou Bavan, na sua décima real, é dos melhores ramos de comét cio da Franga, Mandam-nos mais, de Paris, esto- fos de li € barbilhos das fabricas de Paris, lavas de castor € de meio castor, ¢ outras, bastantes R 5, boldrés sos e bonus Je oye. todas sortes, pérolass sine de cobre, dourados € Sinai, spans 2 Pore, dourados e prateados e-em or etaruga, volantes com Ouro & Pray ouro © de Mrqdas as cores, eastigas de eobre Pra sad de ee outas as coisas dest tes its ge do homen ede mule, mt a trs, patina de vari sores, ‘al e pedras falsas © outras muitas coisa ero, véstias bordadas em ouro © prita, 2 sida e bordadas, fitas de ouro © pratt is, ¢ alguns panos de linho para prata, met camisas. De Lio se manda toda a sorte de primay ras, nobrezas, estofos de ouro ¢ prata, fio de ouro, © prata, giles de ouro prata, abotoaduras do mesmo, boldriés de stda, meias de séda, fitas de Ouro prata, Javradas € fisas, De Rutio, lengos Ale algodio, varias sortes de estofos dos mesmos, eon Pata vestidos, Gguas ardentes (ainda que sejam pr ‘cham proibides), eouros de vitela, ealgGes e lu- van Ge cumeira e camurea, vinagre de cidra, ca 4 de tartaruga, de corno e deulos, De Chantel Vilas sortes de estofos de Amiens, barrepanas, co inho, riscados © lisos. melbes, estamenhas ¢ 93 sends le tie barbiho. De Thiers inte sorte de quinquilharia, De Morlaix ¢ Nan- fen bretanhas, esguides, papel pardo © velas de febo, Da Flandres francesa, cambraias Tisas ¢ Ia radas, alguns guardanapos, tonlhas © rendas de linha, De Dieppe tam Tinka, eaixas e estojos de marfim © osso, utes sorte de das de Os ingléses tirio de Portugal, vinhos em grande quantidade, azcite mode dda Bafa, pau do Brasil, laranjas, limées, romis, figos, passas, améndoas, bengalas do Brasil, cas- {quinha da Tiha da Madeira, vinho da mesma itha, tabaco do Brasil em roto. ‘Mandam para Portugal panos, estamenha, roguetes, sarjas, sempiternas, bactas, meias de séda e de laia, chapéus, couros preparados, carnes salgadas, manteiga, roupa de Silésia, estanho, cor- tic, trigo, centeio, eevada, farinha, gesso, carvio, fivelas, machados, enxadas, ferramentas diversas, alfnetes, agulhas © outras mais coisas. Os holandeses tirio de Portugal quisi o mes: mo que os ingléses, a saber: agticar em grande quantidade, tabaco do Brasil, azeite ¢ vinho bas- tantemente, cominhos, lis, pan do Brasil, couros do Brasit ¢ da Bafa, bengalas, laranjas, limoes, roms, figos, passas, améndoas, easquinha da iba da Madeira e muito sal de Setibal. 4 me grossas de jal meias 2 ae a ae — camelotes, Sarjasy Mas da mesma ape! Metem wns de Harlem, hiolandas | manteiga, queij®s P wadas, aduclas, 1 ommingeiros, tabadas, aduclss, TA nS ag, chum, POO Tarlo, finho aleaneve, est0PA, ‘de Moscévia, tintu- is coisas. ¢ de frutos tros, ncorass ccobre, estanho, odio, couros pés, aleatrio, ras outras ™ Plo que toca a0 que sai de Portugal pare as nagdes do norte, e estas metem em POrtugsly rrp vale a pena de entrar nesta individuagio, por- fue 0 que elas tram & muito pouco, e © que me tem & por mios dos holandeses, como fica visto ra sobredita lista, © so estes os que fazem 0 maior ganho pelas comissées que Ihes mandam. A respeito do que os italianos tiram de Por- tugal, nio estou cabalmente instruido, s6 sei que 5 foi maior a quantidade dos tabacos e agticar que sacavam, e que navegavam para Portugal muitos eludes, damascos de Génova € outros géneros de Sédas, muito papel ¢ vidros, A vist i céteuy Rt Pols do referido se pode fazer um Pouicos efeitos que temos para permu- tar com it mos page, CaTIMBEOS € que 0 excess0 Iho deve- sepeaset com dinheiro, © que mais le saber se se mandar fazer um b: facilmente alanco de le constr 0 que sai © 0 ave tar de dizer que 0s i mngeitos pagam, hii alfindega, porque far; mas no. posso de os de entrada, que 05 est “abuso, porque sAbre néles favorccidos ajestade, os que teem se acordam com um grande Conforme as ordens de S. ha alfindega as suas fazend oe ofieiais para thas avaliarem em menos de me- nue, © que fenko por confissio dos mesmos mer- nem Portugal, de que semelhantes deseami- rendassem 0s direitos: de le a fazenda reat tiraria a mesma, ou fagem, que tirou de arrendar os direitos de t6das as alfandegas do Brasil; poupando também a despesa que faz com is, que de ordinirio sio uns autorizados adres, ¢ escusaria um provedor da alfandega, podendo-se assinar nos rendimentos dela uma eer- ta pensio ao possuidor déste offcio, como acima digo do correio-mor, de sorte que estes arrenda dores seriam como fermiciros gerais de Franga, que poderiam como éles avangar ao governo as somas de que necessitasse, Tucrando tantos Por conto, conforme as condigées do ajuste que com les fazem. que se t6das as alfindegas de Portu; 0s oficia i éias a do 80° Estas siio as minhas idéias a respelto ©? redito; al seria examinar quais $42 bredito; mas a principal seria exam ae Je poderiamos tas fazendas estrangeiras, que poderia 96 por totalmente instes, quaés poderiamos més mes fos fabricar para d3les mio necesstarmos, © quais poderiamos navegar nos nossos navios,tirando-« Em diteitura dos lugares, aonde vio busci-las os hholandeses, para as mandarem a Portugal. Comegando pois pela primeira droga, que Franga nos manda, que & a moda, j 0 senhor rei D, Pedro a quis inutiizat, mandando por um todélo em eas de todos os alfaiates, com pena tio sei de quantos eruzados ao que de outra mar neira cortasse alguns vestidos, a-fim-de que a va Fiedade da moda se nfio multiplicasse, e proibiu 16 uso dos galdes ¢ estofos de prata e ouro, excepto fs que se despachassem na casa da India, para amimar 0 seu comércio; © quanto aos seus lanili- ios, estes esto defendidos, © s6 se deveria ter grande cuidado, em que os seus panos na. altfin- ddega se no despachassem, como se féssem das fibricas de Holanda ¢ de Inglaterra, Algiiém poderd dizer que 0 luxo faz 0 lustre © magnificéncia da eOrte, € que por esta razio clrei de Franca esta tao longe de 0 proibir, que © Provoca, para o que concorrem dus cosas: a %, que tanto mais a nobreza se empobrece, ta aa Gpendendo ds sus pages purser, tae © a 2%, porque a Franga tem em si mesma © que concorre para o fausto; ¢ assim tudo o ue néle se dispende, nela circula sem sair fora

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