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Caso apenas uma das partes se comprometa a celebrar o contato no futuro, temos um
contrato-promessa unilateral. Por exemplo, A promete vender a B um computador. B
não promete comprar o computador a A, mas aceita a promessa formulada por A. A
fica obrigado a emitir a declaração de venda, necessária à celebração do contrato
prometido, mas B permanece livre de emitir ou não emitir a declaração de compra.
3. Tomemos um exemplo com vista a explicar o regime jurídico deste tipo de contratos
Assim, no que respeita à forma, e de acordo com o art. 410º/2, se a lei impuser um
documento escrito para a celebração do contrato prometido, como sucede no
contrato de compra e venda de bens imóveis (art. 875º CC), o contrato-promessa deve
constar de um documento assinado pelos promitentes.
Para além disso, uma vez que o contrato prometido consiste na celebração de um
contrato de compra e venda de uma fracção autónoma de um edifício, devemos ter
em atenção o art. 410º/3.
Com efeito, esta norma impõe o reconhecimento presencial das assinaturas dos
promitentes, assim como o certificado da licença de utilização (se o edifício já estiver
construído) ou de construção (se o edifíco ainda não estiver construído), quando o
contrato prometido seja oneroso e incida sobre a constituição de um direito real
sobre um edifício ou fracção autónoma deste. No nosso caso, o contrato prometido
relaciona-se com a constituição do direito de propriedade de B (como sabemos, o
direito real mais importante) sobre fracção autónoma de um edifício através de um
contrato de compra e venda (como sabemos, é um contrato oneroso).
3.3.1. A execução especifica, prevista no art. 830º CC, aplica-se quando haja simples
mora (atraso) e não incumprimento definitivo
Na execução específica, a parte não faltosa pede ao tribunal que profira uma decisão
destinada a produzir os efeitos da declaração negocial do promitente que não cumprui
o prometido, o que conduz a celebração do contrato prometido (neste caso, contrato
de compra e venda do apartamento).
Assim, se for A a não comparecer, B poderá pedir ao tribunal que emita uma sentença
que produza os efeitos da declaraçao de venda a que A se tinha obrigado através do
contrato-promessa.
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Quanto às normas do contrato de compra e venda que, devido à sua razão de ser se podem alargar ao contrato-
promessa, temos a norma que refere a transmissão da propriedade como efeito do contrato de compra e venda (art. 879º
CC). Na verdade, a sua aplicação pressupõe a existência de um contrato de compra e venda já realizado.
Já se for B quem não esteve presente, A poderá pedir ao tribunal que profira uma
sentença que produza os efeitos da declaração de compra a que B se havia obrigado
através do contrato-promessa.
Assim se dá a celebração do contrato prometido.
Neste caso, o promitente que não faltou ao prometido põe fim ao contrato e poderá
exigir o pagamento de uma indemnização.
Se não houver sinal, o promitente que não cumpriu a sua promessa, pode ver os
contrato resolvido pelo promitente cumpridor e, além disso, terá de lhe pagar uma
indemnização calculada segunda as regras gerais
BIBLIOGRAFIA:
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O sinal é uma coisa, normalmente uma quantia em dinheiro, entregue ao vendedor como prova da seriedade do
seu compromisso ou como garantia do cumprimento ou do pagamento da indemnização em caso de incumprimento.
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A cláusula penal consiste na fixação prévia do valor da indemnização por acordo entre as partes (art. 810º CC)
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No entanto,a parte do contrato-promessa interessada em obter a execução específica (a pessoa que não faltou
ao prometido) pode provar que a existência de sinal ou de cláusla penal não representa um acordo destinado a arredar a
execução específica.
CASAL, Fernando, CUNHA, Paulo Ferreira da, FALCÃO, José. OLIVEIRA, António Sarmento de,
Noções Gerais de Direito. Círculo de Letras, 2014 (com colaboração de José Diogo
Falcão).