Introdução
A inconstitucionalidade implica a existência de um acto que pode ser praticado por acção,
produzindo uma norma contraria à Constituição, ou por omissão deixando de produzir uma
norma quando a obrigação de o fazer resulta da Constituição.
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1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
Compreender a fiscalização da constitucionalidade
1.1.2. Objectivo especifico
Ilustrar a lógica da fiscalização da constitucionalidade;
Descrever os principais modelos de fiscalização da constitucionalidade;
Concluir sobre a fiscalização da constitucionalidade no Direito Constitucional
Moçambicano.
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I. Fiscalização Da Constitucionalidade
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processo, aparecendo como um seu incidente, de entre outros incidentes processuais
possíveis;
Quanto à Forma: fiscalização por via de acção e fiscalização por via de exceção,
conforme a actividade de fiscalização seja o Objectivo do processo iniciado ou apareça
como pressuposto ou condição previa de intervenção final do tribunal, na sua qualidade
de exceção processual previamente solucionada, devendo neste caso ser decidido antes
da resolução da questão material;
Quanto ao modelo: fiscalização política e fiscalização jurisdicional, confirme o
órgão autor do controlo tenha uma ou outra natureza sendo ainda de sub -
diferenciar entre a fiscalização política comum e a fiscalização política
especializada e entre a fiscalização jurisdicional comum e a fiscalização
jurisdicional especializada;
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c) A fiscalização judicial concentrada da constitucionalidade é proveniente do Direito
Constitucional Austríaco, tendo sido consagrada na Constituição da Áustria de 1 de outubro
de 1920, em cuja elaboração teve um papel decisivo o grande juspublicista austríaco Hans
Kelsen, doutrinariamente defendendo este modelo, em 1931, no celebre opúsculo Wer sol der
Hüter des Verfassung sein?, veementemente contestando o pensamento de Carl Schmitt e
propugnando a entrega da fiscalização da constitucionalidade àquele órgão judicial.
Tal como o modelo americano, o modelo austríaco assenta na intervenção do poder judicial,
operando-se assim um controlo que é efectivado segundo os ditames próprios da jurisdição
como entidade dotada de um modo peculiar de agir, com as características inerentes à actuação
do poder jurisdicional.
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competências constitucionais, tendo sido essa a experiência liberal na Europa e tendo
sido também essa, noutros pressuposto, a experiência dos Estados socialistas;
A fiscalização política por um órgão especifico: é o caso do Direito Constitucional
Francês, tanto na IV republica com o Conselho Constitucional, aí se registando que o
poder de controlo da constitucionalidade se defere a um órgão especialmente compete
para o efeito, mas que não tem as características inerentes à judicatura.
e) Eis uma opção que hoje, com o aprofundamento do Estado de Direito na efectividade da
tutela jurisdicional do Direito Constitucional, em grande medida deixou de fazer sentido.
Não deixa ainda de ser verdade, como se tem assinalado na doutrina constitucional, a
progressiva a aproximação entre os modelos americanos e austríaco de fiscalização judicial da
constitucionalidade dos actos jurídicos – públicos, em grande medida por força da resposta a
dar a também comuns exigências do princípio do Estado de Direito no tocante à intervenção
do poder judicial.
Este é um assunto de que também se ocupa o Titulo XI da CRM, ainda que não autonomize,
nos seus preceitos, como se impunha fazer, um capitulo especificamente reservado ao regime
da fiscalização da constitucionalidade.
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Mas percebe-se logo que o texto constitucional moçambicano está longe de desconhecer o
fenómeno: pelo contrário, mostra-se muito atento à questão, dedicando-lhe relevantíssimas
orientações, o que confirma, também neste tópico, o desejo da efectividade de um Estado de
Direito.
Isto é possível afirmar levando em consideração tudo o que foi dito a respeito da natureza
judicial do Conselho Constitucional, o que tem sido confirmado pela pratica política, tendo
inclusivamente sido proposta no último projecto de revisão constitucional – que vicissitudes
vários não permitiram terminar – a mudança da sua designação de “Conselho Constitucional”
para “Tribunal Constitucional”.
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d) Do ponto de vista da proteção a ordem Constitucional, o que é também designado, na esteira
da respectiva expressão francesa, por “blocos da constitucionalidade”, a fiscalização da
constitucionalidade assume-se como total, pois que tudo o que alo se integra – os princípios
e as normas constitucionais – serve de parâmetro aferidor do respectivo juízo jurisdicional.
É verdade que por vezes o leitor se depara com formulação mais restritivas:
“... os tribunais não podem aplicar leis ou princípios”: mas os tribunais poderiam aplicar
regulamentos ou convenções internacionais inconstitucionais?
“...apreciar e declarar a inconstitucionalidade e a ilegalidade dos Actos normativos dos
órgãos do Estado”: mas estaria o Conselho Constitucional impedido de declarar a
incompatibilidade de outros actos jurídico-públicos ou de quaisquer outras fontes de
Direito – como os costumes – que fossem inconstitucionais?
A resposta é obviamente negativa e estas são meras flutuações literárias e terminológicas que
não obliteram a globalidade da força do princípio da constitucionalidade, do qual se retira a
invalidação dos actos inconstitucionais e que, pelo contrário, deveriam ser conformes à
Constituição.
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Todos eles têm em comum o facto de integrarem os tribunais como órgão de soberania, nas
suas diversas ramificações, sendo independente e imparciais, de acordo com o estatuto de
inamovibilidade e de irresponsabilidade dos respectivos titulares, os magistrados judiciais.
Na medida em que estas estruturas exercem uma competências jurisdicional delegada pela
CRM, implicitamente lhes é conferida a competências de fiscalização da constitucionalidade,
havendo ainda um outros argumento funcional, que reside na circunstancia de, a não ser assim,
a fiscalização jamais poderia ser exercida porque aqueles tribunais produzem decisões
insuscetíveis de recurso, dessa forma se impossibilitando que os tribunais estaduais, a intervir
depois, pudessem algum vez efectuar um exame de constitucionalidade.
g) Com uma importância mais teórica do que pratica, está a discussão de saber se a fiscalização
da constitucionalidade, além dos tribunais, pode ainda ser posta em pratica por outros órgãos
de soberania ou, em geral, pelos órgãos que exercem uma função política de controlo.
A resposta reside não tanto na possibilita de a actuação dos diversos órgãos de controlo se fazer
à luz de uma preocupação pela defesa da constitucionalidade ou legalidade em geral, quanto
na capacidade para se agir em conformidade, invalidando os actos inconstitucionais.
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a) Definido o enquadramento geral do sistema moçambicano de fiscalização da
constitucionalidade, observe-se os traços principais que informam o Direito Constitucional
processual de Moçambique, que também servirá de pórtico ao estudo especifico dos tipos de
fiscalização da constitucionalidade que o mesmo comporta.
Os princípios processuais;
As fases processuais; e
A natureza do processo constitucional.
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pedido que também actua como definidor do objecto processual, que assim fica
delimitado nos exactos termos do pedido de apreciação apresentado;
O Princípio do contraditório: a fiscalização da constitucionalidade que é exercida
submete-se sempre à audição das partes em juízo, nos processos de fiscalização abstrata
ou concreta, assim se defendendo a preocupação de ouvir os diversos pontos de vista
presentes;
O Princípio da fundamentação: as decisões tomadas no âmbito do processo
constitucional são necessariamente fundamentadas, como em geral qualquer decisão
judicial, mas havendo uma preocupação especifica com a fundamentação das decisões
tomadas nesta sede, ainda que as decisões de inconstitucionalidade possam invocar
fundamentos diversos daqueles que foram referidos nos pedidos de fiscalização.
Em grande medida por aplicação subsidiaria do Direito Processual Civil, que corresponde à
matriz comum de qualquer processo judicial, não fugindo o processo constitucional a essa
orientação, as respectivas faces processuais são as seguintes, tomando por referência a
intervenção do Conselho Constitucional:
Os interesses visados pelos processos judiciais em geral, assim como pelos processos
constitucionais em especial, podem ser de duas índoles contrapostas:
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Interesses públicos, ligados à defesa da constitucionalidade objectiva, na medida em
que por seu intermédio se preserva um modo geral de ver a organização política do
Estado e da sociedade, plasmado na Ordem Constitucional, que é de todos;
Interesses privados, relacionados com a proteção de posições individuais, ainda que
mediatizadas pela proteção constitucional geral, na certeza de que também ao nível do
Direito Constitucional se protegem direitos individuais.
Contudo, são também inegáveis as vantagens que lhe podem ser reconhecidas: as vantagens de
se evitar a entrada em vigor na Ordem jurídica de grosseiras inconstitucionalidades, para além
da maior importância que certas questões jurídico – constitucionais adquirem precisamente por
estarem ligadas a um mais imediato debate político, tal sendo ainda penhor de uma decisão
jurisdicional feita rapidamente, não ficando, pelo contrário, esquecida nos sempre muito
preenchidos escaparates do poder judicial...
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b) Foi, pois, avisada a decisão de o Direito Constitucional Moçambicano consagrar a fiscalização
preventiva da constitucionalidade, de acordo com este regime:
Quanto ao parâmetro: fiscalização só da constitucionalidade das leis em geral e dos
referendos;
Quanto à sua verificação: fiscalização sem facultativa, sob requerimento da entidade
competente, a não ser o caso da fiscalização preventiva dos referendos;
Quanto ao seu objecto: fiscalização de actos jurídico – públicos, com diversas
naturezas e autorias.
O momento azado para que este controlo se possa exercer é o da ponderação, por parte do
Presidente da República, da sua promulgação, não o devendo fazer antes de pedir aquela
fiscalização, no caso de suspeitas de inconstitucionalidade.
d) A intervenção do Conselho Constitucional, na decisão que este órgão venha a tomar na base
de critérios de constitucionalidade, oscila entre uma decisão positiva – aceitando a existência
de normas inconstitucionais - e uma decisão negativa – não encontrando nas normas cuja
apreciação for requerida qualquer vicio de inconstitucionalidade.
Mas densas vêm a ser as consequências de o Conselho Constitucional ter concluído pela
existência, no diploma legislativo, de normas inconstitucionais. Esta é uma decisão que abre as
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portas a várias subfaces que se conexionam nessa sequência, devendo dissociar-se entre os
efeitos imediatos e os efeitos mediatos.
Ainda que o juízo de constitucionalidade apareça com autonomia relativamente ao modo como
a situação da vida se vai decidir, suscitando-se um incidente processual apenas com esse
objectivo, a sua apreciação inevitavelmente que surge no contexto da respectiva aplicação às
situações da vida em causa.
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Os sujeitos julgados: quem está incumbido de proceder ao juízo verificativo da
constitucionalidade;
O objecto processual: a norma e a interpretação da norma que se pretende submeter ao
juízo de constitucionalidade;
A marcha processual: a tramitação processual que a fiscalização concreta exige;
Os efeitos das decisões: as consequências que se abatem sobre a decisão que determinou
um juízo positivo ou negativo de constitucionalidade a respeito de uma norma.
Não é assim possível afirmar um único momento processual para se aquilatar da produção da
competência para averiguar da constitucionalidade dos actos jurídico – públicos, havendo estes
dois momentos:
Num primeiro momento, a fiscalização concreta pode ser realizada pelos tribunais
em geral, ex officio ou a pedido das partes, em qualquer etapa do percurso
processual, incluindo a última instância de decisão jurisdicional, podendo ainda,
dentro da jurisdição geral, haver recursos de decisões de constitucionalidade
concreta;
Num momento ulterior, a fiscalização concreta é exclusivamente efectuada pelo
Conselho Constitucional, a título de recursos da decisão de outro tribunal, recurso
que é obrigatório e direto nos casos de ter havido a não aplicação de normas por
inconstitucionalidade.
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independência da sua aplicação a situações ou litígios concretos, ainda que isso
concomitantemente possa suceder, embora tal se apresente irrelevante para a revolução do
respectivo processo judicial.
Contudo, importa aqui fazer a concatenação deste conceito de norma com outras referências
constitucionais não coincidentes.
É de crer que, mesmo não havendo entre elas uma absoluta correspondência, nenhuma
dificuldade subsiste quanto à virtualidade de o princípio da constitucionalidade poder ser
totalmente operativo em termos de fiscalização processual da constitucionalidade.
O Presidente da República;
O Presidente da Assembleia da República;
Um terço, pelo menos, dos Deputados à Assembleia da República;
O Primeiro – Ministro;
O Procurador – Geral da República;
O Provedor de Justiça;
Dois mil cidadãos.
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2. Conclusão
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3. Bibliografia
https://pt.slideshare.net/HelderMiguel/a-fiscalizao-da-constitucionalidade
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Índice
1. Introdução ....................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos.................................................................................................................... 2
2. Conclusão...................................................................................................................... 17
3. Bibliografia ................................................................................................................... 18
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