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ANALISE DE FALHAS
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EM PECAS POLIMERICAS
´
Análise de Falha é uma investigação criteriosa e detalhada da razão
de uma peça falhar durante seu uso ou não. É um processo fundamental
para corrigir e prevenir falhas, permitindo assim, alcançar níveis mais
elevados de qualidade e confiabilidade. Como consequência, tem-se o
aumento da satisfação do cliente e a diminuição dos custos.
Uma análise de falha algumas vezes não se conclui apenas com os
resultados das técnicas analíticas, mas também com a discussão destes
resultados com as pessoas envolvidas no processo. Algumas vezes os
resultados das técnicas analíticas não evidenciam possíveis causas, mas
eliminam várias possibilidades dentro de um processo.
A área de análises em materiais evoluiu muito e novas técnicas
analíticas vêm sendo utilizadas para caracterização de materiais. Com
isso, a escolha do escopo de análises a ser utilizada na investigação é
definida com base no tempo disponível (urgência do trabalho), assim como
na disponibilidade orçamentária.
De forma geral, o trabalho de análise de falhas não é um processo
fácil e imediato, depende de inúmeros fatores, sendo fundamentais a
capacidade técnica e experiência de quem realiza o trabalho.
Os principais desafios de uma análise de falha estão
relacionados à escolha das técnicas adequadas para se Estrutura
obter resultados satisfatórios e conclusivos. Isso se deve Qual a estrutura necessária para
pelo fato de que as informações preliminares da falha atingir as propriedades desejadas?
normalmente estão relacionadas à uma situação
específica, à percepção de terceiros e à discussão limitada Como essa estrutura pode
sobre o material e processo (sigilo ou segredo) industrial. ser alcançada através do
processamento?
A escolha de uma ou mais técnicas de caracterização está
diretamente ligada ao nível de detalhe e tipo de resultado
que se espera ou se tenta alcançar. O principal objetivo da
Propriedade
utilização de diferentes técnicas de caracterização numa Quais propriedades são necessárias
análise de falha é correlacionar o tipo de estrutura que o para esta aplicação?
material apresenta, qual é a sua propriedade obtida e como
o processamento pode influenciar na obtenção de uma
determinada propriedade que depende de determinada Processamento
estrutura. Como a estrutura alcançada impacta a Aplicação
durabilidade, vida útil e etc, quando em
A relação ou interrelação Estrutura - Propriedade - serviço?
Processamento é o que se tenta montar com os resultados
das diferentes técnicas de análise na tentativa de descobrir
a causa raiz de uma falha.
Segundo a RAPRA (Rubber And Plastics Research Association), as falhas em peças
poliméricas pode ser dividas em 02 grupos: Causas Fenomenológicas e Causas Humanas.
Ruptura Estática
14%
Processamento
Outros
20%
21%
Ataque Químico
7%
Degradação Seleção do
Causas Térmica
4%
Causas Material
Abuso do 45%
Fenomenológicas Usuário Humanas
15%
ESCR
25% Fadiga
15%
Fluência/Relaxação Design
Ataque UV 8% 20%
6%
Abaixo estão algumas das principais técnicas utilizadas para a análise de falhas e que
iremos estudar neste e-book:
Cada diferente tipo de interação pode aparecer em diferentes regiões do espectro no infravermelho,
como pode ser observado no exemplo abaixo de uma molécula de CO2. Nele as deformações “C-O”
aparecem em 4 regiões distintas do espectro. Este fato é um complicador na interpretação de espectro de
mistura de materiais, uma vez que diferentes grupamentos químicos podem se sobrepor em diferentes regiões
de um espectro.
Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de
Fourier (FTIR)
0,34
0,30
0,26
0,24
calibração, para obtenção de pontos de composição
Absorbance
0,22
0,16
0,12
0,06
filme polimérico onde foram monitoradas as bandas de 0,04
0,02
Uma vez tendo a curva de calibração de misturas conhecidas, foi repetido todo o
processo de preparação para a amostra desconhecida. Com os resultados alcançados, os
valores foram interpolados na curva de calibração e obtido os teores de Copolímero e
Homopolímero de amostra desconhecida.
O método de ensaio consiste em aquecer ou arrefecer uma amostra à uma taxa controlada, sob ação de um gás de purga
específico com fluxo controlado e monitoramento contínuo, com dispositivo de detecção adequado, para observar a diferença de
entrada de calor entre o material de referência e um material de ensaio.
Assim como o FTIR, é uma das análises mais utilizadas em análises de falhas de peças poliméricas. Isso se deve ao fato de
ser uma técnica versátil por analisar materiais sólidos e líquidos, com fácil preparação de amostras e rápida obtenção dos
resultados.
É possível observar na figura que existem dois tipos de eventos térmicos: com e
sem variação de entalpia. Os com variação de entalpia são os picos II, III e IV. Neles é
possível obter informações como fusão do material (Tm), cristalização (Tc),
polimerização, cura e oxidação. Já no evento sem variação da entalpia (I), é possível
obter a temperatura de transição vítrea do material (Tg).
- exotérmico →
Além das informações citadas, é possível obter também: calor de fusão e
de reação, capacidade calorífica (Cp), estabilidade térmica e oxidativa, grau de
Fluxo de calor
reticulação, cinética de reação e de cristalização, entalpia de fusão, degradação
termomecânica e térmica, reações químicas, ação do intemperismo, dentre outros.
Temperatura
´
Calorimetria Exploratoria Diferencial (DSC)
Exemplos de aplicacao
s
~
Identificação de Misturas ou Contaminação: Nas duas curvas anteriores é possível observar que os picos aparecem tanto
no primeiro quanto no segundo aquecimento, evidenciando assim a contaminação. A partir das temperaturas de fusão obtidas pode-
se inferir que os materiais envolvidos são Polipropileno e Polietileno de Alta Densidade.
Já na curva abaixo, em vermelho está o 1° aquecimento de uma amostra de borracha de Estireno Butadieno (SBR). Nela é
possível observar um evento endotérmico com pico de 86,78 ºC. Todavia, a borracha de Estireno Butadieno (SBR) não sofre o
processo de fusão, registrando assim uma contaminação de, provavelmente, algum tipo de óleo na borracha.
´
Calorimetria Exploratoria Diferencial (DSC)
Exemplos de aplicacao
s
~
Problemas de Selagem em Filmes: Filmes poliméricos de diferentes lotes e fornecedores apresentavam problemas no
momento de selagem (fechamento). Foram então realizadas análises de DSC e os resultados podem ser observados a seguir:
A1 A3
A2 Amostra de Referência
´
Calorimetria Exploratoria Diferencial (DSC)
Exemplos de aplicacao
s
~
Problemas de Selagem em Filmes: Como observado na tabela abaixo, a amostra de referência apresenta 03 temperaturas
de fusão, revelando a diferença entre as amostras, que pode ser de uma diferença de material entre elas. Além disso, é possível
observar diferenças de cristalinidade (observado pela diferença de entalpia), que também é um fator importante no processo de
selagem.
O processo de selagem acontece entre dois filmes aplicando-se temperatura e pressão durante segundos para causar uma
fusão localizada, permitindo, assim, a união deles. Logo, quanto maior a cristalinidade, maior a temperatura e/ou o tempo necessário
para que o processo de selagem ocorra. Se estas condições não forem alteradas quando se altera o material, ou quando se tem
materiais com cristalinidades diferentes, ocorrerão falhas na selagem.
´
Calorimetria Exploratoria Diferencial (DSC)
Exemplos de aplicacao
s
~
Falha em Peça Automotiva: Devido ao fato de que as análises de DSC não evidenciaram diferenças que pudessem apontar
uma causa para falha das peças, também foram realizadas análises de OIT para verificar a estabilidade térmica quanto a oxidação
das amostras. Os resultados podem ser observados abaixo.
Essa técnica permite conhecer os efeitos que o aquecimento pode ocasionar no material, permitindo estabelecer a faixa de
temperatura em que elas adquirem composição química fixa, definida e constante, a temperatura em que começam a decompor e
acompanhar o andamento de reações de desidratação (perda de umidade), oxidação, combustão, decomposição, etc.
Os ganhos de massa podem ocorrer devido à, por exemplo, oxidações em que são formados óxidos não-voláteis. Já a perda,
devido à volatilização da umidade, de aditivos, oligômeros, dentre outros.
Assim como na análise térmica de DSC alguns fatores podem influenciar os resultados da análise e numa análise de falha os
mesmos devem ser observados e respeitados para amostras comparativas.
Medidores de Nível Automotivo apresentando defeito durante uso: Neste estudo de caso, foram analisadas diferentes
amostras de peças que são utilizadas para realizar medição de níveis de líquido e que apresentavam problema de marcação com o
passar do tempo. Dentre outras análises, foram realizadas análises de TG. O material especificado para as amostras trata-se de um tipo
de Borracha expandida. Os resultados das análises de TG podem ser observados a seguir:
Amostra 01
Amostra 02
Amostra 03
Amostra 04
Amostra 05
´
Analise ´
Termogravimetrica (TGA)
Exemplos de aplicacao
s
~
Medidores de Nível Automotivo apresentando defeito durante uso: Como pode ser observado na figura e tabela, os
resultados das análises apresentam diferenças significativas entre as amostras tanto em relação às perdas de massa em uma faixa de
temperatura próximas como ao resíduo estável à 800°C. Nas curvas sobrepostas é nítido os deslocamentos das curvas para diferentes
temperaturas. Este fato pode estar ligado ao consumo dos aditivos ao longo do tempo pelas amostras, uma vez que são amostras de
carros com diferentes quilometragens rodadas. Também é interessante notar a primeira perda de massa das amostras que se inicia em
temperatura ambiente. Certamente esta perda está relacionada a resíduo de combustível presentes nas amostras.
Resíduo em Processo de Desbobinamento de Filme: Uma grande quantidade de resíduo estava ficando impregnado sobre os
rolos desbobinadores, fazendo com que a linha de produção tivesse que parar para limpeza dos rolos. Foram realizadas diferentes
análises em três amostras, sendo elas o resíduo, a amostra problema e uma amostra boa. O material especificado para as amostras
problema e boa tratava-se de Polietileno. Os resultados das análises de TG podem ser observados a seguir:
A técnica se baseia na irradiação de feixe de elétrons sobre a amostra. Como resultado da interação do feixe de elétrons com
a superfície da amostra, uma série de radiações é emitida. Dentre elas os elétrons secundários, elétrons retroespalhados, raio-X
característico, fótons e etc. Os sinais de maior interesse para a técnica são provenientes dos elétrons secundários e dos
retroespalhados. Os elétrons secundários possibilitam a obtenção de imagens da morfologia e topografia da superfície da amostra em
3D e em alta resolução, já os elétrons retroespalhados são mais indicados para estudos da variação de composição.
Um reservatório apresentava rachaduras durante o uso, que ia se agravando até o vazamento do líquido armazenado. Nas
micrografias é possível observar as linhas de propagação de falha denominadas marcas de praia, assim como o ponto inicial de
propagação. Estas características indicam que a falha ocorreu por Concentração de Tensão e Fadiga oriundas do processamento.
A forma mais conveniente e completa de definir reometria é como a ciência que estuda
a deformação e o fluxo da matéria. Trata-se de um conjunto de técnicas para estudo do
comportamento reológico do material, sendo também uma medida indireta de peso molecular
do material. Logo, em uma comparação entre amostras dos mesmos materiais que passaram
por um mesmo processo, pode ser detectada a degradação do material em função da
variação da viscosidade das amostras.
Vale ressaltar que fatores como peso molecular ou massa molar de polímeros,
temperatura, velocidade do ensaio, cristalinidade, ligações cruzadas e plastificantes afetam
diretamente a medição do ensaio de reometria.
Reometria Capilar
Exemplos de aplicacao
~
Análise de Degradação: Uma aplicação possível da análise de reometria capilar é a análise comparativa entre peças e
matéria-prima polimérica. Neste exemplo foi estudada uma peça moldada em PA 6,6 com fibra de vidro e sua respectiva matéria-prima
a fim de verificar se houve degradação após o processamento. O ensaio foi realizado à 280ºC.
Falha em Peças Moldadas por Injeção: Neste exemplo foram estudadas quatro peças moldadas por injeção, sendo três
falhadas e uma boa, a fim de verificar uma diferença na viscosidade das amostras, o que justificaria a falha por degradação ou que
foram utilizados diferentes materiais.
Peças moldadas por injeção estavam falhando em campo. Foram realizadas análises comparativas entre uma amostra boa e uma
falhada, com o intuito de verificar se o material das amostra era o mesmo da especificação. Além disso, buscava-se verificar haviam
diferenças significativas entre o material das duas amostras que pudessem apontar causa - ou causas - da falha da amostra de campo.
1. FTIR
2. DSC
3. TG
4. MEV
1. FTIR
Os resultados das análises de FTIR não apontaram grandes diferenças entre as amostras e indicaram que o material é uma
Poliamida.
100
95
90
85
80
75
70
65
%Transmittance
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000
Wavenumbers (cm-1)
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
2. DSC
Os resultados de DSC evidenciaram diferenças entre as amostras. O material base da amostra boa é Poliamida 6 enquanto a
amostra falhada em campo apresenta uma mistura de Poliamida 6 e Poliamida 6,6.
Amostra 1 Amostra 2
3. TGA
Os resultados da análise de TG evidenciam diferenças entre as amostras, sendo observado uma % de perda de massa maior
entre 320°C e 550°C para amostra falhada em campo. Esta diferença de resultado também pode ser observada no resíduo à 800°C,
onde a amostra boa apresenta em torno de 30% e a amostra falhada em torno de 23%.O resíduo à 800°C é relativo ao teor de material
inorgânico presente na composição das amostras, indicando assim uma diferença de composição entre as mesmas.
Resíduo
Faixa de Perda de
Amostra Estável à
Temperatura Massa (%)
800°C
50 – 250 1,41
Amostra 1 30,47
Amostra 1
Amostra 2 320 – 550 65,47
50 – 250 2,11
Amostra 2 23,80
320 - 550 71,63
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
4. MEV
Foi realizada uma fratura criogênica para a análise de MEV na amostra boa. Os resultados indicaram que o material inorgânico é
fibra de vidro e evidenciou um grande poro/vazio na região de falha da amostra falhada em campo. Seguem as imagens:
Amostra boa/referência
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
4. MEV
Amostra boa/referência
% em Massa
Elemento
A B
C 45,11 77,43
O 27,20 21,60
Na 0,45 --
Mg 0,93 --
Al 3,28 --
Si 14,06 0,97
Ca 8,96 --
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
4. MEV
Amostra ruim/falhada
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
4. MEV
Amostra ruim/falhada
% em Massa
Elemento
E F
C 46,65 59,93
N -- 17,18
O 8,80 18,71
Mg 0,50 --
Al 1,51 --
Si 5,95 --
Ca 3,51 --
Fe 2,74 --
Zn 30,35 --
Quebra em campo de Peça de PA + FV Moldada por Injeção
Conclusão
Os resultados das análises indicam diferenças significativas entre as amostras, sendo elas:
1) Com os resultados de FTIR e DSC é possível afirmar que a amostra boa/referência apresenta como material base Poliamida 6
enquanto a amostra falhada em campo uma mistura de Poliamida 6 com Poliamida 6,6.
2) Com os resultados das análises TG e MEV é possível afirmar que a amostra boa apresenta em torno de 30% de fibra de vidro
na sua composição enquanto a amostra falhada em torno de 23% de fibra de vidro.
3) Os resultados de MEV evidenciam uma grande porosidade na região de falha da amostra falhada em campo.
Estas diferenças observadas indicam que causas para falha podem estar relacionadas aos seguintes fatores:
B) A causa da falha pode estar relacionada à diferença de composição de material das amostras onde um menor teor de fibra
de vidro pode prejudicar o desempenho mecânico.
C) A porosidade observada na amostra falhada contribuiu para falha da amostra. A porosidade observada pode estar
relacionada ao acúmulo de gases no processo de moldagem das peças. Estes gases podem ser originados de uma possível
degradação do material, o que não foi observado nos resultados das outras análises, ou excesso de umidade no material processado.
Comparação de Diferentes Lotes de Matéria-prima
Amostra 1
AFK170658
10000 Amostra 2
AFK170659
amostras.
10 100 1000 10000
Taxa de Cisalhamento Aparente (1/s)
As análises de reometria capilar indicaram uma variação significativa de
Taxa de Viscosidade Aparente (Pa*s)
viscosidade, principalmente em baixas taxas de cisalhamento, conforme pode ser Cisalhamento
Aparente (1/s) Amostra 1 Amostra 2
verificado ao lado. Isto indica que, apesar de teoricamente serem do mesmo
10 10764 16524
material, as amostras apresentam comportamento reológico distintos que estão 50 3343 3488
ligados ou a uma diferença de distribuição de peso molecular entre as amostras 100 2075 1967
200 1229 1154
ou a um conjunto de aditivação diferentes. De qualquer maneira os resultados de
500 537 545
reometria indicam que as matérias primas não são exatamente as mesmas, não
1000 317 327
apresentam uma uniformidade, e consequentemente, os produtos gerados delas 2000 207 2018
apresentarão desempenho mecânico diferentes. 5000 125 132
7000 101 111
10000 87 78
Comparação de Diferentes Lotes de Matéria-prima
Complementando as análises de reometria foi realizada a análise de GC-MS em duas amostras. Os resultados indicam um
conjunto de aditivos em intensidade significativamente diferentes.
Amostra 1
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 2
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