Você está na página 1de 21

Capítulo II - Orçamento Anual

“Master budget”
12696 - Controlo de Gestão
Ano letivo - 2017/2018

1 – Âmbito, conceito e objetivos do


orçamento anual

A) Âmbito
 Segundo J.C. Neves (2012) o ciclo de gestão é
composto por 4 fases:

 Planear;
 Organizar;
 Dirigir e
 Controlar.

1
O Ciclo de
Gestão 1
12
Definir os
Tomara as
Objectivos
medidas
11 2
corretivas
Comparar os Estabelecer
resultados com os programas
os padrões de ação

10 3
Medir os Determinar os
resultados Orçamentos
actuais

9 4

Formar Departamentalizar

8 Precisar
as
Comunicar relações
de
7 autoridade
6
Motivar Definir as
tarefas
3
@JCNeves

Na fase do planeamento destacam se alguns conceitos:

 Plano: Conjunto de disposições descritivas destinado a dar uma diretiva à ação


e à política económica (Dicionário Universal – Texto Editora).
 Plano de negócios (business plan) – parte descritiva e quantitativa
do desenvolvimento previsional dos negócios da empresa
 Plano de ação – descrição do plano, responsável pela execução e respetivo
prazo
 Programa – detalhe de um conjunto de planos de ação com a identificação
das fases de desenvolvimento, prazos e responsáveis pela sua execução
 Orçamento – programa ou plano de ação financeiramente quantificado
 Plano financeiro – integra á visão de evolução da empresa em três
demonstrações financeiras – Balanço previsional, Demonstração de resultados
previsional e Fluxos de caixa previsional

2
De um modo geral, orçamento e plano permitem fazer:

 Análise das necessidades de financiamento

 Escolha do financiamento

 Comunicação e negociação com os financiadores

 Identificação de áreas para melhoramento do desempenho

 Definição dos objetivos globais e por área de atividade

 Descentralização e participação no desenvolvimento da


empresa conforme estratégia delineada
5

O plano financeiro pressupõe a integração das


demonstrações financeiras previsionais

Fluxos de Caixa Previsionais Balanços Previsionais Resultados Previsionais

+ Proveitos – Custos
Capital
Próprio Operacionais
Activo
Resultados
+ Recebimentos – Pagamentos
Fixo Líquidos Financeiros
Passivo
Operacionais
m/l Prazo Extraordinários
Investimento =
Activo = Resultados Líquidos
Circulante
Passivo
Financiamento
Circulante
Disponibilidades
= Fluxo Líquido de Caixa +
6
@JCNeves

3
B) Conceito de orçamento

 O orçamento é a expressão quantitativa de um plano de ação

 É o resultado de uma simulação do emprego de recursos a partir


de objetivos gerais

 Em termos de gestão trata-se de atingir eficazmente os objetivos


tendo em conta os meios de que se pode dispor. Por isso mesmo:
Objetivos / Planos de ação / Orçamentos são inseparáveis

Ciclo orçamental e sua inversão

PLANOS
OBJECTIVOS FINANCEIROS
PLANOS DE ACÇÃO
(Orçamentos)

Definição Definição de
de objetivos planos de Demonstração
ação: de
resultados
- IDEIAS
(Quantificação) - MEIOS
- RECURSOS
Balanços

Tesouraria
e
Financeiro

MEIOS CAPACIDADE
CONSEQUÊNCIAS
8 POSSIVEIS FINANCEIRA

4
Orçamento Anual – o que é?
É um plano integrado e coordenado que expressa, em termos
financeiros, as atividades e os recursos de uma determinada
organização, para um determinado período, com a finalidade de
alcançar os objetivos fixados entre os diferentes níveis de gestão,
não perdendo de vista os objetivos estratégicos defendidos pela
gestão de topo.

De forma muito sintética diríamos que se trata de um


CONTRATO ORÇAMENTAL.

10
(Caiado,2008)

5
B) Objetivos do Orçamento Anual
Instrumento de planeamento
• Apoia nas tarefas de planeamento das atividades anuais e quando o orçamento é
bem feito serve para planear melhor em situações posteriores.

Instrumento de comunicação e de motivação


•Motiva os gestores de topo para definir, adequadamente, os objetivos básicos da
sua organização de forma quantificada.
•Quando o orçamento atende a bases realistas, tendo o apoio dos trabalhadores e
dos gestores de nível operacional poderá constituir um estímulo ao alcance dos
objetivos fixados e a serem, consequentemente, recompensados.
•Pode levar a um desafio constante dos responsáveis de uma organização a
desenvolverem as suas capacidades com vista a uma melhoria contínua dos
processos da sua organização.
•Um nível adequado de motivação mobiliza a participação dos trabalhadores de
diferentes níveis da organização a olhar para a organização como um todo.

11

Objetivos do Orçamento Anual

Instrumento de Avaliação
• Proporciona uma base contínua de avaliação dos resultados reais obtidos através do
apuramento e análise dos desvios facilitando a adoção de medidas corretivas adequadas
para eliminar as causas desses desvios (e não um mero instrumento de vigilância).
• À avaliação deve estar inerente um sistema de incentivos salariais.

Instrumento de coordenação
• Ajuda a coordenar o planeamento e o controlo aos vários níveis da gestão.
• As técnicas utilizadas na elaboração dos orçamentos possibilitam uma melhor aplicação
dos recursos disponíveis (humanos, materiais e de capital).

Instrumento de descentralização
• Propicia a definição de uma estrutura organizacional (o mais adequada possível)
explicitando a responsabilidade e o grau de autoridade de cada elemento da organização.

12

6
2 – Etapas do processo de planeamento orçamental

13
(Hugues et al, 2002)

14

7
Ciclo de orçamentação

Objetivos anuais por centro


de responsabilidade
Balanço e Demonstração de resultados

Vendas mensais CICLO DE Mapa de tesouraria mensal


ORÇAMENTAÇÃO
Plafond 0
Produção mensal bancário

Existências de produtos
acabados

Aquisições mensais de Existências de matérias- Despesas marketing,


matéria-prima primas gerais e administrativas
15

Sequência Orçamental

Importante trabalho de coordenação, que vai determinar as relações


entre departamentos na elaboração do orçamento, e a coerência das
decisões.

Por onde começar um orçamento?

Depende dos objetivos globais:


Vendas
Produção
Abastecimento
... 16

8
3 – A elaboração do orçamento anual: os diversos
programas e orçamentos
•A elaboração de um orçamento para um determinado ano ocorre geralmente
no ano anterior.

•A responsabilidade pelo seu desenvolvimento é dos dirigentes das várias


áreas funcionais da empresa sob coordenação da administração.

•O processo inicia se com um pedido de estimativas a todas as unidades


administrativas.

•Geralmente o ponto de partida de todo o processo é a previsão de vendas.

17

Movimentos operacionais
Sequência Orçamental Movimentos Financeiros
Demonstrações Financeiras

Orçamento de
Programa de Programa de Orçamento de
CIPV Orçamento de
Compras Vendas Vendas
Tesouraria

Programa de
Orçamento de Orçamento de
Produção Orçamento
Mão-de-Obra Produção
Financeiro
Programa de
Stocks MP
Programa das Orçamento das Orçamento de Outros
Secções Secções Custos e Proveitos

Orçamento de Programa de
Compras Stocks PA Demonstração de
Resultados
Previsional
Orçamento do Orçamento de
Custo das Compras
Compras (revisto)
Orçamento de Orçamento de Balanço
Stocks MP Stocks PA Previsional

18

9
(Caiado, 2008)

19

4 – Vantagens do orçamento anual

 Disciplinar comportamentos com a introdução de rotinas


sistematizadas, estimula o uso de previsões e o
cumprimento dos prazos;

 Estimular o espirito de equipa;

 Contribuir para uma melhor definição das


responsabilidades, e para a decentralização das
mesmas

20

10
5 – Dificuldades

21

Dificuldades (cont.)

22

11
Instrumentos de Pilotagem

A1. Instrumentos Previsionais

Orçamento
Análise Planeamento Planeamento
estratégica estratégico operacional

23 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

CUIDADOS A TER NA CONSTRUÇÃO DOS VÁRIOS


ORÇAMENTOS

24 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

12
I) O ORÇAMENTO de VENDAS

 Numa 1ª fase recolher informação sobre:


 Vendas dos últimos anos;
 Registo de encomendas em carteira;
 Perspectivas de compras pelos clientes.

25 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

O ORÇAMENTO de VENDAS

 2ª fase - Tratamento da informação, no sentido de estabelecer:


Tendência de longo prazo (ex.: o consumo de eletricidade aumenta
em todos os países);
 Flutuação de curto prazo (ex.: crise energética de 1973 provocou
recessão no mercado automóvel);
 Movimentos sazonais (ex.: as vendas aumentam no mês de
Dezembro).

26 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

13
O ORÇAMENTO de VENDAS

 3ª fase - Previsão ou Prognóstico:


Recolha de informações e opiniões:
 Estatísticas de mercado e empresa;
 Relatórios de vendedores;
 Sondagens de mercado, etc.

Delinear programa de acção com objectivos viáveis a atingir.

27 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

O ORÇAMENTO de VENDAS

4ª Fase:
 Programa de vendas – com quantidades.
 Como se processa a metodologia da sua elaboração:
• Reunião prévia com a Administração e responsáveis pelo
Controlo de Gestão nas várias áreas para definir:

28 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

14
O ORÇAMENTO de VENDAS

 Número de trabalhadores a admitir ou a dispensar;


 Aumento da massa salarial em virtude de renegociação ou
acordo coletivo de trabalho;
 Investimentos a efetuar no período;
 Política de stocks de mercadorias, produtos acabados e
matérias primas e outros;
Política de recebimentos e pagamentos;
 Etc.

29 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

O ORÇAMENTO de VENDAS

 Os preços de venda devem ser já líquidos de descontos comerciais.

 Os descontos financeiros devem ser evidenciados no Orçamento de


Tesouraria.

 É elaborado com base na faturação e será decomposto nos períodos


em que efetuado o controlo: mês, trimestre, semestre, etc.

30 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

15
Exemplo:

31 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

II) O ORÇAMENTO DOS GASTOS COMERCIAIS VARIÁVEIS

Gastos Comerciais – relativos à função comercial, ou seja,


destinam-se à venda e entrega dos produtos aos clientes.

Os gastos comerciais podem ser variáveis, fixos ou semivariáveis.

32 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

16
III) O ORÇAMENTO DAS EXISTÊNCIAS DE PRODUTOS ACABADOS

A produção têm como objectivo satisfazer a procura – pedidos da secção


comercial – e ainda a manutenção do nível de stocks num determinado valor
de segurança para evitar rupturas.

Desde que se conheça o orçamento de vendas, pode elaborar-se de imediato.

Existência inicial + Produção – Vendas = Existência Final

33 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

Exemplo:

(em Quantidades)
Unidade J F N D ANO
Produtos Física
Madeira
Ei m2 500,000 966,927 5.169,271 5.636,198 500,000
Compras. 4.535,677 4.535,677 4.535,677 4.535,677 54.428,125
Consum. 4.068,750 4.068,750 4.068,750 4.068,750 48.825,000
Ef 966,927 1.433,854 5.636,198 6.103,125 6.103,125
Tinta
Ei litros 2.500,000 2.400,694 1.506,944 1.407,639 2.500,000
Compras. 1.209,028 1.209,028 1.209,028 1.209,028 14.508,333
Consum. 1.308,333 1.308,333 1.308,333 1.308,333 15.700,000
Ef 2.400,694 2.301,389 1.407,639 1.308,333 1.308,333
Forro
Ei unid 1.500,000 1.425,347 753,472 678,819 1.500,000
Compras. 1.133,681 1.133,681 1.133,681 1.133,681 13.604,167
Consum. 1.208,333 1.208,333 1.208,333 1.208,333 14.500,000
Ef 1.425,347 1.350,694 678,819 604,167 604,167

34 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

17
IV) O ORÇAMENTO DOS GASTOS DE PRODUÇÃO

O orçamento de gastos de produção depende das existências e das


vendas de produtos acabados previstos para o período em causa.

A produção pode ser desenvolvida de modo contínuo ou sazonal.

35 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

O ORÇAMENTO DOS GASTOS DE PRODUÇÃO

Pode envolver gastos de pesquisa operacional, onde se procuram apurar


lotes económicos.
Além de gastos directos, abrange ainda:
 Gastos Administrativos de Produção (inclui gastos de Gabinetes Técnicos
e de Preparação de trabalho (gastos de lançamento das séries de fabrico);
 Gastos de arranque de máquinas;
 Gastos de paragem e armazenagem.

36 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

18
Exemplo (mapa dos custos de produção):

Cadeiras 14.500 Unid Mesas 8.000 Unid


Unidade Custo Cons. Cons. Custo Cons. Cons. Custo TOTAL
Descrição Física Unitário Unitário Total Total Unitário Total Total

1 . Matérias-Primas
Madeira m2 5,829188 1,05 15225 88334,79 4,2 33600 195.860,70 € 284.195,49 €
Tinta litros 5,329188 0,20 2900 13381,68 1,6 12800 68.213,60 € 81.595,28 €

Forro unid. 5,500000 1,00 14500 79750,00 0 0 - € 79.750,00 €


Diversos € 2,00 € 29000,00 2,63 € 21.040,00 € 50.040,00 €
210466,461 285.114,30 € 495.580,76 €

2 . Custos de Transf.
Corte da Madeira Hm 60,1344 0,14 2030 122072,8245 0,150 1200 72.161,28 € 194.234,10 €
Montagem Hm 26,4208 0,3 4350 114930,4281 0,400 3200 84.546,52 € 199.476,95 €
Pintura Hm 21,6152 0,16 2320 50147,30306 0,200 1600 34.584,35 € 84.731,65 €
287150,5557 191.292,14 € 478.442,70 €

3 . Mater. Primas +
Custos de Transf.
Total 497.617,02 € 476.406,44 € 974.023,46 €
Unitário 34,3184 € 59,5508 €

37 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

O ORÇAMENTO DOS GASTOS DE TRANSFORMAÇÃO

O Orçamento de Gastos de Produção consome unidades de obra das


secções principais que por sua vez utilizam secções auxiliares:

Gastos Diretos

Produção Atividade Gastos Diretos


(Quantidades) (Secções
Principais)

Atividade
(Secções
Auxiliares)
38 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

19
Exemplo (mapa dos custos das secções):
Corte da Madeira: Hm Montagem: Hm Pintura: Hm

Natureza de Custos Cons. Consumo Cons. Consumo Cons. Consumo Cons. Consumo Cons. Consumo Cons. Consumo
Unit. Total Unit. Total Unit. Total Unit. Total Unit. Total Unit. Total

1. Custos Variáveis

1.1 Directos

Energia electrica

Água

Outras mat.Subsid.

Materiais diversos

Diluente

2. Custos Fixos

2.1 Directos

Ordenados e sal.

Enc. Sociais

Amort. Equipam.

Amort. Edificio.

Seguro de incênd.

2.2 Reembolsos

Serviços gerais

2. Custo Global

Total

Unid. de obra

39 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

V) O ORÇAMENTO DAS COMPRAS E DAS MATÉRIAS PRIMAS

Em consequência das quantidades a consumir


constantes do Orçamento de Custos de Produção e dos
consumos de matérias subsidiárias e de materiais
diversos das secções industriais e não industriais, o
Departamento de Compras dispõe de informação para a
elaboração da estimativa de compras.

40 Controlo de Gestão - 3º Ano - MC Alves

20
Fluxo de preparação dos orçamentos

41

21

Você também pode gostar