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Resumo do artigo “Werner, Jørgensen e o Papel

da Intuição na Evolução do Conhecimento Químico”

No final do século XIX e ínicio do século XX, surgiu uma discussão envolvendo Alfred
Werner e Sophus Mads Jørgensen (ambos químicos nascidos no século XIX) sobre a
estrutura dos compostos de coordenação, que serviu como elemento para mostrar a
importância da visão intuitiva no avanço da ciência.
Quando falamos sobre a forma de aprendizagem, podemos dizer que Jørgensen e
Werner eram figuras opostas. Enquanto o primeiro foi um cientista metódico,
cauteloso e conservador, o segundo foi um cientista impulsivo, impetuoso, que usava
de um modo mais livre sua intuição.
Jørgensen é considerado um dos cientistas fundadores da Química de Coordenação,
devido à enorme contribuição que seus experimentos forneceram para essa aréa da
Química. Ele adaptou e expandiu a teoria da cadeia de Blomstrand, que por 25 anos
foi utilizada como ferramenta para estudar o comportamento dos compostos
moleculares. Apesar de toda sua importância, ele acabou sendo “esquecido” quando
Werner surgiu com uma nova teoria para explicar a estrutura dos compostos.
O trabalho de Werner com sua nova teoria foi escrito em praticamente 18 horas
seguidas, no qual ele propôs a existência de um arranjo octaédrico para átomos com
número de coordenação 6, e quadrado planar para complexos de platina com
número de coordenação 4. Esse trabalho fez com que ele ganhasse o prêmio Nobel
de Química em 1913 (suas ideias foram lançadas em um artigo em 1893, ou seja,
levou quase 21 anos para que suas ideias fossem aceitas definitivamente), o qual
talvez jamais tivesse sido elaborado sem as contribuições experimentais de
Jørgensen durante os anos anteriores.
Apesar de toda a determinação de Jørgensen, ele acabou caindo no esquecimento
por ter se mantido preso apenas à evidências experimentais. Se em algum momento
ele pensou em ideias semelhantes às que Werner teve, ele suprimiu qualquer desejo
de analisá-las de uma forma mais aprofundada por não conseguir trocar a certeza de
um experimento pela dúvida de uma nova teoria.
O que pode ser levado em consideração diante desta discussão, é que os fatos (a
parte experimental) na ciência só podem nos levar até certos limites, a partir daí o
que nos leva adiante é seguir a própria intuição, é se lançar em busca de novas
verdades, não se manter restrito apenas ao caminho lógico. Foi isso que fez Werner ir
tão além, junto com sua perseverança durante muitos anos para conseguir
comprovar experimentalmente que sua teoria estava correta e silenciar os críticos
que foram contra suas ideias.

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