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Tramitação Preferencial
BRASILINO SANTOS RAMOS
Desembargador Presidente
Telefone(s) : 3348-1100
Advogado(a)(s): 1.MARCELISE DE MIRANDA
PRESIDÊNCIA
Recorrido(a)(s): 1.EMPRESA BRASILEIRA DE
Decisão Monocrática
Decisão CORREIOS E TELEGRAFOS
Processo Nº ROT-0000766-14.2017.5.10.0015
Relator LUIZ HENRIQUE MARQUES DA
ROCHA Advogado(a)(s): 1.ANA CAROLINA SOARES
RECORRENTE RAIMUNDO REMIR RODRIGUES DE MESQUITA (DF - 25493)
SILVA
ADVOGADO ANNA CLARA GONTIJO
BALZACCHI(OAB: 58744/DF)
ADVOGADO RAQUEL DE CASTILHO(OAB:
29301/DF) Recurso de:RAIMUNDO REMIR RODRIGUES SILVA
ADVOGADO NOHARA DOS SANTOS PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
COELHO(OAB: 53108/DF)
ADVOGADO ELVISSON PEREIRA JACOBINA Tempestivo o recurso (publicação em 23/06/2020 - fls. VIA
JUNIOR(OAB: 49088/DF)
SISTEMA; recurso apresentado em 24/06/2020 - fls. via sistema).
ADVOGADO RAQUEL CRISTINA RIEGER(OAB:
15558/DF) Regular a representação processual (fls. 320).
ADVOGADO MARCELISE DE MIRANDA
AZEVEDO(OAB: 13811/DF) Dispensado o preparo (fls. 276).
RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
CORREIOS E TELEGRAFOS
ADVOGADO ANA CAROLINA SOARES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO/Atos
MESQUITA(OAB: 25493/DF)
Processuais/Nulidade/Negativa de Prestação Jurisdicional.
Intimado(s)/Citado(s): Alegação(ões):
- EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS - violação do(s) inciso IX do artigo 93 da Constituição Federal.
- RAIMUNDO REMIR RODRIGUES SILVA - violação da (o) artigo 832 da Consolidação das Leis do
JUSTIÇA DO TRABALHO Argumenta o recorrente que, embora instada por meio de embargos
Verifica-se que o egr. Colegiado, de forma fundamentada, apreciou MANUTENÇÃO DO VALOR ARBITRADO. No caso, o perito
o tema debatido no recurso ordinário e revolvido nos aclaratórios, concluiu haver nexo causal entre o acidente sofrido pelo autor e a
havendo pronunciamento expresso e específico a respeito, com lesão em sua perna esquerda, razão pela qual surge o dever de
Vale gizar que o julgador não está obrigado a responder a todas as arbitradomostra-semodesto, não se revelando capaz de
alegações das partes se já tiver exposto motivo suficiente para compensar os danos por ele suportados,uma vez que 'os
fundamentar a decisão, tampouco há obrigação de se ater aos transtornos e angústiasque envolvem uma cirurgia de tal magnitude
fundamentos indicados pelos litigantes e a responder um a um certamente são de grande proporção e, por certo, merecem a
todos os seus argumentos. Isso mesmo na vigência do atual CPC devida reparação', além de que se revela desproporcional em
2015. Nessa trilha, o exc. Supremo Tribunal Federal (AGAIRR relação à condição sócio econômica do ofensor e, por isso mesmo,
215.976-2/PE; Rel. Min. Maurício Corrêa; DJ de 2.10.1998, seção 1, incapaz de impedir a reincidência do comportamento lesivo.
pág. 008); o STJ (EDcl no MS 21.315-DF, Relatora Ministra Diva Entretanto, a pretensão recursal não se viabiliza, uma vez que, para
Malerbi Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região, Ac. 1ª se rever o patamar da reparação, seria necessário realizar-se nova
Seção. Julgado em 8/6/2016); bem como col. TST (AIRR-1001070- análise da adequação daquele valor à extensão dos danos, o que
86.2014.5.02.0382, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de implicaria inevitavelmente no reexame das provas, o que é defeso
Fontan Pereira, Ac. 3ª T., Data de Publicação: DEJT 28/10/2016). no atual estágio, ante o que expressa a Súmula nº 126 do TST.
Acrescente-se que 'Havendo tese explícita sobre a matéria, na Ademais, é oportuno salientar que a jurisprudência do col. TSTé no
decisão recorrida, desnecessário contenha nela referência expressa sentido deque a revisão do valor fixado nas instâncias ordinárias a
do dispositivo legal para ter-se como prequestionado este', título de reparação por dano moral apenas se autoriza para reprimir
Portanto, resta evidente que a pretensão do embargante, ao vertente, a quantia fixada, R$15.000,00 (quinze mil reais), aparenta,
manejar seus aclaratórios, foi o de revolver a matéria, provocar a como registra o v. acórdão, razoabilidade e proporcionalidade.
reapreciação das provas produzidas e a emissão de novas A tal modo, afastam-se as alegações deduzidas.
Nesse passo, reafirma-se que a prestação jurisdicional foi entregue, Procuradores/Sucumbência/Honorários Advocatícios.
na sua inteireza, ainda que contrária aos desígnios almejados pela Alegação(ões):
Decisão desfavorável não pode ser confundida com decisão A Turma indeferiu o pagamento de honorários advocatícios
Em tal cenário, não se evidencia mácula aos dispositivos ingressoem juízoocorreuantes da denominada 'reforma
- violação dos artigos1º, inciso III;5º, incisos V e X, e 6º, todos da ajuizamento da presente demanda ocorreu antes da entrada em
- violação do Código Civil, artigo 186. possibilidade de pagamento dos honorários advocatícios em caso
O egr. Colegiado manteve a sentença queconcluiu que a patologia de insucesso no pleito sob a análise do Poder Judiciário.
desenvolvida pela parte obreira equipara-se a acidente de trabalho De acordo como artigo 6º da Instrução Normativa nº 41/2018 da
e, ante os demais elementos configuradores, condenou o polo col. Corte Superior trabalhista, que dispõe acerca da aplicação das
patronal a pagar reparação por dano moral no importe R$15.000,00 normas processuais atinentes à Lei nº 13.467/2017, a nova redação
(quinzemil reais), nos seguintes termos: do artigo 791-A da CLT, e seus parágrafos, deve ser aplicada, tão
ACIDENTE DO TRABALHO. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. somente, aos processos iniciados após 11/11/2017.
No sentido da decisão turmária recorrida, os seguintes precedentes: possível sua aplicação aos processos que foram decididos nas
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA instâncias ordinárias sob o pálio da legislação anterior e sob a qual
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nos 13.015/2014, se analisa a existência de violação literal de dispositivo de lei
13.105/2015 E Nº 13.467/2017 - DESCABIMENTO. HONORÁRIOS federal. No mesmo sentido, é o art. 6º da Instrução Normativa nº41
ADVOCATÍCIOS. AÇÃO AJUIZADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI do c. TST, no sentido de que a condenação aos honorários
Nº 13.467/2017. O Pleno desta Corte, diante das alterações das sucumbenciais, nos moldes do art. 791-A da CLT, estará limitada às
normas processuais da Consolidação das Leis do Trabalho ações propostas após 11/11/2017. Verificada contrariedade ao
conferidas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, editou a entendimento consagrado na Súmula n.º 219, I, do TST.
Instrução Normativa nº 41/TST, que, em seu art. 6º, dispõe: 'Na Transcendência política reconhecida, recurso de revista de que se
Justiça do Trabalho, a condenação em honorários advocatícios conhece e a que se dá provimento. ' (RR-1031-55.2017.5.08.0117 ,
sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT, será Relatora Desembargadora Convocada: Cilene Ferreira Amaro
aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017 Santos, Data de Julgamento: 07/11/2018, 6ª Turma, Data de
subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1.
Súmulas nos 219 e 329 do TST'. Ajuizada a presente ação em JUSTIÇA GRATUITA. CONCESSÃO AO RECLAMANTE. Consta do
13.12.2016, correto o indeferimento dos honorários sucumbenciais. acórdão recorrido que a demanda foi ajuizada anteriormente ao
Agravo de instrumento conhecido e desprovido. ' (AIRR - 21792- advento da Lei nº 13.467/17, havendo pedido de concessão da
92.2016.5.04.0234 , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Justiça Gratuita desde a petição inicial, na qual o reclamante
Fontan Pereira, Data de Julgamento: 07/11/2018, 3ª Turma, Data de declara sua hipossuficiência econômica. A sentença, transcrita no
RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017. HONORÁRIOS atualmente desempregado. O TRT de origem destacou que o fato
ADVOCATÍCIOS. DEFERIMENTO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO de o reclamante ter auferido renda, por si só, não afasta a
PELA CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO. AÇÃO PROPOSTA presunção de hipossuficiência. Nesse contexto, restou mantido o
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita. O entendimento do
INAPLICABILIDADE. ARTIGO 6º DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Regional se harmoniza com a atual, iterativa e notória jurisprudência
41/2048 DO TST. TRANSCENDÊNCIA. O processamento do do TST, sedimentada na Súmula nº 463, I, do TST, a qual dispõe
recurso de revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a que, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa
causa ofereça transcendência com relação aos reflexos gerais de natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada
natureza econômica, política, social ou jurídica, a qual deve ser pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração
analisada de ofício e previamente pelo Relator (artigos 896-A, da com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015).
CLT, 246 e 247 do RITST). A decisão do eg. TRT que condena a 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. LEI Nº
reclamada ao pagamento de honorários advocatícios, a título de 13.467/17. Extrai-se do acórdão recorrido que a ação trabalhista foi
indenização pela contratação de advogado, contraria a Súmula 219, ajuizada antes do advento da Lei nº 13.467/17. Com efeito, a Corte
I, do c. TST, bem como a jurisprudência pacifica desta Corte de origem concluiu que o novo regramento atinente aos honorários
Superior e determina o reconhecimento de transcendência política advocatícios não se aplica às demandas ajuizadas antes da
da causa, nos termos do inciso II do §1º, do art. 896 da CLT. Até a vigência da norma jurídica. O Tribunal Superior do Trabalho,
edição da Lei 13.467/2017, o deferimento dos honorários visando conferir segurança jurídica e uniformidade na aplicação e
advocatícios na Justiça do Trabalho estava condicionado ao interpretação das normas processuais previstas na Lei nº 13.467/17,
preenchimento cumulativo dos requisitos previstos no art. 14 da Lei editou a Instrução Normativa nº 41 (resolução nº 221, de 21 de
5.584/70 e sintetizados na Súmula nº 219, I, desta Corte junho de 2018). Segundo o art. 6º da IN nº 41, na Justiça do
miserabilidade jurídica do empregado e assistência do trabalhador sucumbenciais, prevista no art. 791- A, e parágrafos, da CLT, será
pelo sindicato da categoria). A Lei 13.467/2017 possui aplicação aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017
imediata no que concerne às regras de natureza processual, (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente,
contudo, a alteração em relação ao princípio da sucumbência só subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das
tem aplicabilidade aos processos novos, uma vez que não é Súmulas nos 219 e 329 do TST. Nesse contexto, não há falar em
violação literal dos artigos 14 do CPC/15, 8º, § 3º, e 791-A da CLT. Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV).
Agravo de instrumento conhecido e não provido. ' (AIRR - 354- PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
33.2017.5.14.0416 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data Responsabilidade Civil do Empregador/Indenização por Dano Moral.
ACÓRDÃO PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. - violação da (o) artigo 950 do Código Civil;alínea 'a' do §1º do artigo
TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. MATÉRIA NOVA 20 da Lei nº 8213/1991;artigo 62 da Lei nº 8213/1991;artigo 818 da
NO ÂMBITO DESTA CORTE. Verifico que o recurso de revista Consolidação das Leis do Trabalho;inciso I do artigo 333 do Código
versa sobre o tema 'Honorários sucumbenciais. Aplicação da Lei nº de Processo Civil de 1973.
13.467/2017', sendo matéria nova no âmbito desta Corte. Nesse - divergência jurisprudencial: .
contexto, verifica-se a existência de transcendência jurídica apta à - violação dos artigos77,78, §§1º, 2º e 3º, 79 e 136, §§1º e 2º, do
AÇÃO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. O e. TRT Conforme visto em capítulo próprio do recurso de revista interposto
registrou que 'não é dado ao magistrado surpreender a parte no pelo obreiro, o egr. Colegiadoconsiderouconfigurado acidente de
momento da prolação da sentença, considerando que é no trabalho e, porque existentes os demais elementos que autorizam a
momento do ajuizamento da ação que a parte analisa os eventuais responsabilidade civil do empregador, condenou o polopatronal a
riscos processuais decorrentes do ajuizamento desta.', pelo que pagar reparação por dano moral.
concluiu pela exclusão da condenação ao pagamento de honorários Areclamada interpõe recurso de revista, deduzindo razões de
desta Corte dispõe que a condenação aos honorários Registre-se, de início, que o recurso de revista em exame está
sucumbenciais, na forma do artigo 791-A da CLT, estará limitada às submetido à Lei nº 13.015/2014, que dá nova redação ao artigo 896
ações propostas após 11/11/2017. Nesse sentido, não se vislumbra da CLT. Nesse contexto, a referida Lei acresceu a a esse
violação aos arts. 791-A, caput, §§ 3º e 4º, da CLT e 14, 1.046, do dispositivo, dentre outros, o § 1.º-A, que, em seus incisos I a III, e §
CPC. Agravo de instrumento não provido. ' (AIRR-AIRR - 1263- 8.º, determinam novas exigências de cunho formal para a
Julgamento: 10/10/2018, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT Referidos preceitos possuem a seguinte redação:
Assim, como a presente ação foi ajuizada em 19/6/2017 (id I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
635f07e), ou seja, antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, não há prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
falar em honorários advocatícios sucumbenciais, subsistindo as II - indicar, de forma explícita e fundamentada , contrariedade a
diretrizes do artigo 14 da Lei nº 5.584/70 e das Súmulas nºs 219 e dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
Saliente-se que os arestos transcritos no bojo do apelo se III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
submetem às diretrizes das Súmulas 23 e 296 do col. TST, por se fundamentos jurídicos da decisão recorrida , inclusive mediante
revelarem inespecíficos ao debate produzidos nestes autos. demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Em tal cenário, inviável o processamento do recurso de revista. Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade
CONCLUSÃO aponte.
Recurso de:EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E §8º. Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe
Tempestivo o recurso (publicação em 08/09/2020 - fls. ; recurso de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia
apresentado em 10/09/2020 - fls. ). eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou
Regular a representação processual (fls. 119/122). ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com
indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as REVISTA. DIFERENÇAS DE ADICIONAL NOTURNO. RECURSO
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AOS REQUISITOS DISPOSTOS
O presente apelo não preenche o requisito do inciso I. A omissão IMPUGNAÇÃO ANALÍTICA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO
quanto aos trechos do acórdão impugnado ou a mera transcrição, CIRCUNSTANCIAL DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não
de forma integral, no início do recurso e sem a indicação precisa do merece provimento o agravo que não desconstitui os fundamentos
trecho objeto da insurgência, bem como a evidente lacuna quanto à da decisão monocrática, pela qual foi denegado seguimento ao
demonstração analítica dos motivos pelos quais cada disposição agravo de instrumento em face da ausência de preenchimento dos
legal ou jurisprudência reiterada e ementada teria sido motivo de requisitos previstos no artigo 896, §§ 1º-A e 8º, da CLT. Verifica-se,
afronta pela decisão recorrida, revelam desconsideração às da análise das razões do recurso de revista, que a parte, de fato,
disposições legais acima declinadas. não cuidou em demonstrar, analiticamente, a ofensa aos
Além disso, a parte não procedeu ao cotejo analítico entre os dispositivos por ela indicados, como ordena o art. 896, § 1º-A, inciso
fundamentos do v. acórdão recorrido e a divergência jurisprudencial III, da CLT, tampouco procedeu à indicação circunstancial da
apontada. Com efeito, cingiu-se a transcrever arestos paradigmas, divergência jurisprudencial na forma ordenada no § 8º do
sem, contudo, expor as razões do pedido de reforma, nem apontar mencionado artigo, de forma que as exigências processuais
nenhum fundamento jurídico a respeito da questão, além de não contidas nos referidos dispositivos, na hipótese, assim como
esclarecer em que medida a d. decisão Colegiada teria divergido consignado na decisão agravada, não foram satisfeitas. (Ag-AIRR-
Ao assim proceder, a parte deixou de observar o disposto no art. Pimenta, 2ª Turma, DEJT 28/08/2020).
896, § 1.º-A, II, III, e § 8.º, da CLT, o que obsta o conhecimento do AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
Nesse sentido, é a iterativa e atual jurisprudência do col. TST: DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 896, § 1.º-A, DA CLT. A despeito
[[...] Recursos baseados em meros apontamentos de dispositivos das razões expostas pela agravante, deve ser mantida a decisão
tidos como violados ou na mera transcrição de arestos paradigmas, pela qual foi negado seguimento ao Agravo de Instrumento, pois
sem a indicação, ponto a ponto, do trecho da decisão recorrida que não observados os requisitos elencados no art. 896, § 1.º-A, da
a Parte entende ser ofensivo à ordem legal ou divergente de outro CLT. Dentre os pressupostos intrínsecos de admissibilidade do
julgado, de fato, não merecem seguimento. O propósito do art. 896, Recurso de Revista, acrescidos pela Lei n.º 13.015/2014, consta a
§ 1º-A, da CLT, é impor ao recorrente objetividade, de modo a exigência de que o recorrente faça o cotejo analítico entre o trecho
indicar assertivamente as teses adotadas pelo Tribunal Regional e da decisão recorrida que abarca a tese jurídica impugnada e as
por quais razões o acórdão estaria em desacordo normativo ou afrontas legais e/ou constitucionais ou dissenso de teses indicados
jurisprudencial. Este Colegiado tem interpretado a norma de acordo (art. 896, § 1.º-A, III, da CLT). Uma vez não observado o comando
com a sua finalidade, qual seja, a de tornar a análise dos recursos legal, o Recurso não deve ser admitido. Agravo conhecido e não
de competência deste Tribunal Superior mais objetiva, célere e provido. (Ag-AIRR - 11664-92.2015.5.01.0052 , Relator Ministro Luiz
precisa, eliminando a antiga prática de se interpor o recurso com José Dezena da Silva, 1ª Turma, DEJT 16/08/2019)
alegações genéricas e abstratas, sem o cotejo com a decisão AGRAVO DE INSTRUMENTO. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
proferida pela Corte a quo . Nesse sentido, incumbia ao recorrente INTERVALO DO ARTIGO 384 DA CLT. INOBSERVÂNCIA DO
indicar a parte específica dessa decisão em que se encontrava a ART. 896, § 1º-A, I E III, DA CLT. A parte recorrente não atende ao
tese jurídica combatida (art. 896, § 1.º-A, I), realizando o confronto requisito descrito no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, na medida em que
com os dispositivos legais apontados (art. 896, § 1.º-A, II e III) e/ou efetua apenas a transcrição integral da decisão recorrida, sem
com a divergência jurisprudencial (art. 896, § 8.º, da CLT). Não qualquer destaque dos trechos que consubstanciam o
merece prosperar, portanto, agravo de instrumento que visa a prequestionamento da tese que pretende debater; logo, trata-se de
destrancar recurso de revista que não preenche os pressupostos transcrição genérica que não atende ao aludido requisito. Do
formais de admissibilidade. (AIRR-1602-33.2016.5.10.0011, mesmo modo, não logrou atender à exigência contida no art. 896, §
Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT: 1º-A, III, da CLT. Isso porque não há nas razões recursais cotejo
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE decisão impugnada ofendeu especificamente a literalidade dos
dispositivos indicados . Agravo de instrumento de que se conhece e analítico, demonstrando os requisitos do art. 896 da CLT, com o fim
a que se nega provimento. (AIRR- 21233-71.2015.5.04.0008, maior de racionalizar e efetivar a jurisdição. Recurso de revista não
Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro conhecido.' (RR-2007-71.2013.5.05.0251, Relator Ministro: Aloysio
Santos, 6.ª Turma, DEJT 16/8/2019) Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 04/05/2015)
TEOR DO ACÓRDÃO REGIONAL DISSOCIADO DAS RAZÕES DE Remate-se que,consoante se verifica, não houve condenação em
REFORMA. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS compensação de ordem material. Sob esse viés, o apelo se
ELENCADOS NO ARTIGO 896, § 1.º-A, I E III, E § 8.º DA CLT. A submete à Súmula 297/TST.
de Revista, totalmente dissociada das razões de reforma, não Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
determinações do inciso I do § 1.º-A do artigo 896 da CLT, o fato é Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
III do referido dispositivo legal, desse modo não houve delimitação Decisão
Processo Nº ROT-0001572-98.2016.5.10.0010
da tese jurídica e, por conseguinte, a demonstração analítica do Relator DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO
dispositivo de lei supostamente ofendido e do fundamento jurídico RECORRENTE EMPRESA BRASILEIRA DE
SERVICOS HOSPITALARES -
adotado pelo Regional. O § 8.º, parte final, do art. 896, da CLT, é EBSERH
ADVOGADO BRUNO WURMBAUER JUNIOR(OAB:
claro ao dispor que o Recorrente deverá mencionar, 'em qualquer 13488/DF)
caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos RECORRENTE MARCUS VINICIUS OLIVEIRA DE
GENARO
confrontados'. Logo, não basta para que seja conhecido o Apelo por ADVOGADO SOLANGE SAMPAIO CLEMENTE
FRANCA(OAB: 16957/DF)
divergência jurisprudencial unicamente a transcrição do aresto,
ADVOGADO EDUARDO HENRIQUE DE OLIVEIRA
sendo necessário, repise-se, que a parte recorrente especifique o BRAGA(OAB: 44708/DF)
ADVOGADO RENATO RIBEIRO DE
cenário que iguale ou aproxime os casos analisados . Agravo de OLIVEIRA(OAB: 40672/DF)
Instrumento conhecido e não provido. (AIRR-831- ADVOGADO ERYKA FARIAS DE NEGRI(OAB:
13372/DF)
09.2016.5.08.0206, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, 4.ª ADVOGADO ALEXANDRE SIMOES
LINDOSO(OAB: 12067/DF)
Turma, DEJT 23/3/2018)
RECORRIDO EMPRESA BRASILEIRA DE
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI SERVICOS HOSPITALARES -
EBSERH
13015/2014. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ADVOGADO BRUNO WURMBAUER JUNIOR(OAB:
13488/DF)
PRESCRIÇÃO BIENAL. INDICAÇÃO DE VIOLAÇÃO A
RECORRIDO MARCUS VINICIUS OLIVEIRA DE
DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL E DE CONFLITO GENARO
ADVOGADO ALEXANDRE SIMOES
JURISPRUDENCIAL SEM DEFINIÇÃO DO TRECHO DA DECISÃO LINDOSO(OAB: 12067/DF)
RECORRIDA E SEM CONFRONTO ANALÍTICO. ADVOGADO EDUARDO HENRIQUE DE OLIVEIRA
BRAGA(OAB: 44708/DF)
IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. A recorrente se ADVOGADO ERYKA FARIAS DE NEGRI(OAB:
13372/DF)
descuidou de cumprir requisito essencial a viabilizar a apreciação
ADVOGADO RENATO RIBEIRO DE
do recurso de revista. A ausência de indicação do trecho da v. OLIVEIRA(OAB: 40672/DF)
ADVOGADO SOLANGE SAMPAIO CLEMENTE
decisão que consubstancia o prequestionamento da matéria e o FRANCA(OAB: 16957/DF)
confronto analítico entre a tese recorrida e a violação constitucional
Intimado(s)/Citado(s):
e mesmo o conflito jurisprudencial indicado inviabiliza o
- EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES -
conhecimento do recurso de revista, nos termos do §1º-A, I e III, do EBSERH
- MARCUS VINICIUS OLIVEIRA DE GENARO
art. 896 da CLT. Ressalte-se que a alteração legislativa contida na
2015).'
não ocorreu.
Inexigível opreparo.
Recurso de:MARCUS VINICIUS OLIVEIRA DE GENARO 1- Cuidam-se de embargos de declaração opostos pela Reclamada
Tempestivo o recurso (publicação em 25/08/2020 ; recurso recurso de revista. Aduz que há erro material e omissão de
apresentado em 01/09/2020 - fls. b28d504). apreciação da peça, até porque não existe o referido dispositivo na
Regular a representação processual (fls. 4df0410). CLT: incisos II e III do art. 896, § 1º-A, I, da CLT'.
recurso de revista. Aduz que há omissão na decisão, porquanto não § 1º Se houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de
há manifestação quanto ao 'pedido de letra 'b', não obstante o seu revista quanto a um ou mais temas, é ônus da parte interpor
enfrentamento deva ocorrer antes de ser apreciado o pedido de embargos de declaração para o órgão prolator da decisão
letra 'c'.' embargada supri-la (CPC, art. 1024, § 2º), sob pena de preclusão.
O artigo 1º, parágrafos 1º e 2º, da Instrução Normativa nº 14/2016 § 2º Incorre em nulidade a decisão regional que se abstiver de
do TST estabelece que: exercer controle de admissibilidade sobre qualquer tema objeto de
§ 1º Se houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de declaração (CF/88, art. 93, inciso IX e § 1º do art. 489 do CPC de
Conforme se depreende da referida instrução, apenas caberão especificamente às atribuições do cargo ocupado na Recorrente'
recurso de revista deixar de examinar tema objeto do apelo, o que Ainda que se admita a recusa reflexa de exame, os pontos citados
Malgrado os argumentos articulados pela recorrente, é cediço o princípio da ampla devolutividade (Súmula 393 do TST).
que o órgão julgador, para expressar o seu convencimento, não Não se reconhece a alegada violação do art. 5º, inc. LV, da Carta
precisa tecer considerações sobre todos os argumentos trazidos Política, pois, como se percebe, foi assegurado à recorrente o
pelas partes. É suficiente a fundamentação concisa acerca do contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
motivo que serviu de supedâneo para a solução da lide. inerentes. Com efeito, foram oportunizados todos os meios de
No particular, nego acolhimento aos embargos declaratórios. defesa admitidos na espécie, bem como o acesso ao duplo grau de
2- A Reclamada também alega que a decisão de admissibilidade supostamente não ter apreciado a controvérsia tal como gostaria a
incorreu em omissão ao deixar de examinar a alegação de parte em nada se confunde com o devido processo legal, que
supressão de instância que foi formulada no Recurso de Revista, claramente foi respeitado
que se refere às violações aos princípios do duplo grau de jurisdição Ademais, como se nota, restou assegurado às demandadas o
e do devido processo legal. Art.5º,II e 92,CF/88. contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
Razão assiste à embargante. inerentes. Foram oportunizados, ainda, todos os meios de defesa
'PRELIMINAR. NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO O fato de o Juízo supostamente não ter apreciado a controvérsia tal
A reclamada suscita nulidade por negativa de prestação legal, que claramente foi respeitado.
jurisdicional, pois o juízo sentenciante não apreciou questões Incólumes os dispositivos legais tidos por violados.
relevantes apresentadas nos embargos declaratórios. Alega a Em tal cenário, conheço dos embargos de declaração para sanar a
recorrente que 'o d. magistrado considerou que a hipótese dos omissão,e dar-lhes provimento, não concedendo efeito modificativo
Aduz que 'o d. Magistrado sentenciante não teve nem o trabalho de Ante o exposto,conheço dos embargos de declaração para sanar a
recortar as partes em que a r. sentença transcrita faz menção às omissão,e, no mérito, dar-lhe provimento, sem conceder efeito
Não referiu nada além 'da extensa prova documental juntada e aos Publique-se.
levaram o magistrado a considerar que os casos são análogos. Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
Ademais, foi apontado nos embargos opostos que seria impossível BRASILINO SANTOS RAMOS
Advogado(a)(s): DELIANA MACHADO violação à 21ª cláusula normativa da CCT, o que enseja a
2015).'
não ocorreu.
Desembargador do Trabalho
Decisão
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Processo Nº ROT-0001059-46.2019.5.10.0004
Relator RICARDO ALENCAR MACHADO
Tempestivo o recurso (publicação em 28/09/2020 - via sistema; RECORRENTE MARCONDES FERREIRA XAVIER
recurso apresentado em 05/10/2020 - ID. 7ee7acd). ADVOGADO GILPETRON DOURADO DE
MORAES(OAB: 15204/BA)
Regular a representação processual (ID. 025dfb7). RECORRENTE UNIÃO FEDERAL (AGU) - DF
Cuidam-se de embargos de declaração opostos pelo RECORRIDO MARCONDES FERREIRA XAVIER
ADVOGADO GILPETRON DOURADO DE
reclamantecontra o despacho de admissibilidade ID. 98da4a9 que MORAES(OAB: 15204/BA)
deu seguimento ao seu recurso de revista, sustentando a ocorrência RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (AGU) - DF
CUSTOS LEGIS Ministério Público do Trabalho
de omissões.
Intimado(s)/Citado(s):
FGTS. TRANSMUDAÇÃO DO REGIME CELETISTA PARA O
- MARCONDES FERREIRA XAVIER
ESTATUTÁRIO. INÍCIO DO VÍNCULO ANTERIOR A 5/10/1983.
VIGÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. REGIME JURÍDICO CELETISTA PARA O REGIME JURÍDICO
ESTABILIDADE DO ART. 19 DO ADCT APLICÁVEL APENAS A ESTATUTÁRIO POR MEIO DE LEI ESTADUAL. PEDIDO DE FGTS
REGIME CELETISTA PARA O REGIME ESTATUTÁRIO. LEI REGIME. Na linha do entendimento firmado pelo e. STF, no
8.112/90. No caso dos autos, o TRT rejeitou a preliminar de julgamento da ADI n° 1.150 RS, e do Pleno deste Tribunal Superior
incompetência da Justiça do Trabalho, por entender que a do Trabalho, proferido na Arguição de Inconstitucionalidade - ArgInc
conversão do regime jurídico celetista para estatutário não afeta os - 105100- 93.1996.5.04.0018, admite-se a transmudação do regime
contratos de trabalho dos reclamantes, os quais foram admitidos jurídico de empregados estabilizados, nos termos do art. 19, caput,
antes da promulgação da Constituição Federal de 1988 do ADCT, não havendo o óbice da ausência de concurso público. A
(respectivamente, em 23/5/1983 e 29/11/1985), sem a observância par disso, é incompetente a Justiça do Trabalho para julgar
do concurso público (art. 37, II, da CF). À vista disso, a Corte demanda em que pretende o pagamento do FGTS em relação ao
regional afastou a tese de extinção do contrato de trabalho dos período posterior a transmudação do seu regime jurídico. Recurso
reclamantes e, por conseguinte, considerou prejudicado o pedido de de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (RR-1190-
Eis a disposição do art. 19 do ADCT: 'Os servidores públicos civis T., Publicação: 13/03/2020)
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
administração direta, autárquica e das fundações públicas, em PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. COMPETÊNCIA
exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos MATERIAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ADMINISTRAÇÃO
cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma PÚBLICA DIRETA. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE.
regulada no art. 37 da Constituição, são considerados estáveis no INGRESSO MEDIANTE PROCESSO SELETIVO. SUBMISSÃO AO
93.1996.5.04.0018) é de que não há óbice para que o trabalhador PERÍODO REFERENTE AO REGIME CELETISTA. OJ 138 DA
contratado sem concurso público antes da vigência da Constituição SBDI-1/TST. O Pleno do STF referendou liminar concedida pelo
Federal de 1988, com estabilidade do art. 19 do ADCT , entre no Ministro Nelson Jobim no julgamento da Medida Cautelar na ADI
regime estatutário, não havendo nesse caso somente a investidura 3.395-6/DF, no sentido de que, mesmo após a EC nº 45/2004, a
em cargo público para o qual se exige concurso público. A contrario Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar
sensu , nos casos em que o empregado não é detentor da causas instauradas entre o Poder Público e o servidor que a ele
estabilidade do art. 19 do ADCT , não há falar em transmudação do seja vinculado por relação jurídico-administrativa. Contudo, a Lei
regime celetista para o estatutário, permanecendo com a Justiça do Federal nº 11.350/06, no seu art. 8°, dispôs que os 'Agentes
Trabalho a competência para processar e julgar demanda cuja Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias
controvérsia decorra da relação de trabalho. admitidos pelos gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional
No caso concreto, conforme se extrai do acórdão recorrido, um dos de Saúde - FUNASA, na forma do disposto no § 4º do art. 198 da
reclamantes (Josafá Marinho Monteiro) foi admitido há mais cinco Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela
anos da vigência da promulgação da Constituição Federal (em Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos
23/5/1983), logo trata-se de servidor estável, nos termos do art. 19 Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lei local dispuser de
do ADCT, não havendo óbice à transmudação do regime jurídico forma diversa'. Nesse sentido, esta Corte Superior firmou
celetista para o estatutário. À vista disso, emerge a incompetência jurisprudência de que a competência da Justiça do Trabalho, nos
da Justiça do Trabalho para processar e julgar a ação no período casos de transposição de regime jurídico, limita-se ao período em
estatutário (a partir de 1990), quando houve a mudança do regime que o empregado esteve regido pela CLT. (OJ 138 da SBDI-1/TST).
jurídico e a extinção do contrato anteriormente regido pela CLT [...] No caso concreto, o TRT registra que o Reclamante foi admitido em
(ARR-1205-86.2016.5.05.0342, Relatora Ministra Kátia Magalhães 1º.8.1994, após aprovação em processo seletivo, para o cargo de
Arruda, Ac.T., Publicação: 30/04/2020) agente comunitário de saúde, sendo, somente a partir da vigência
RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. COMPETÊNCIA DA da Lei Municipal nº 610/2012, enquadrado no regime jurídico
JUSTIÇA DO TRABALHO. CONTRATAÇÃO ANTERIOR À estatutário municipal. Nesse contexto, correta a decisão regional,
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. TRANSMUDAÇÃO DO que manteve a competência desta Justiça Especializada para julgar
a presente lide, no que se refere ao período abrangido pelo regime conhecido por violação do art. 114, I, da CF/88 e provido. (RR-
celetista. Incólume o art. 114, I, da Constituição Federal. Agravo de 164800-06.2012.5.21.0005, Relator Ministro Alexandre de Souza
instrumento desprovido. (AIRR - 1779-25.2015.5.22.0002, Relator Agra Belmonte, Ac. 3ª T., DEJT 24/06/2016).
Ministro Mauricio Godinho Delgado, Ac. 3ª T., DEJT 19/12/2016). Nesse contexto, não merece impulso o apelo, conforme
(...)COMPETÊNCIA RESIDUAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO. entendimento consubstanciado no artigo 896, §7º, da CLT e
PERÍODO CELETISTA. No caso, o Tribunal Regional manteve a Súmulas nºs 333/TST e 401/STF.
Especializada para apreciar a pretensão referente ao período Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
publicação da lei que instituiu o regime estatutário, conforme Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
Advogado(a)(s): Assinatura
LEANDRO ARTIAGA E VIEIRA
Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
(DF - 16733)
BRASILINO SANTOS RAMOS
RODRIGUES Decisão
Processo Nº ROT-0001344-74.2017.5.10.0015
Relator ELAINE MACHADO VASCONCELOS
Advogado(a)(s): FABIO DIAS GRANDIZOLI (DF RECORRENTE GILSON BORGES SOARES
ADVOGADO VICKI ARAUJO PASSOS
- 47111) ARDILES(OAB: 28547/DF)
RECORRENTE BRASIL BROKERS PARTICIPACOES
S.A.
ADVOGADO ANTONIO CHAVES ABDALLA(OAB:
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS 66493/MG)
Tempestivo o recurso (publicação em 18/09/2020 - fls. VIA ADVOGADO DENISE SILVA DIAS(OAB: 22437/GO)
RECORRIDO GILSON BORGES SOARES
SISTEMA; recurso apresentado em 30/09/2020 - fls. via sistema).
ADVOGADO VICKI ARAUJO PASSOS
Regular a representação processual ( id. 5cca19f). ARDILES(OAB: 28547/DF)
RECORRIDO BRASIL BROKERS PARTICIPACOES
Satisfeito o preparo (ids. fd5f008, f2d4256, o9cc055 e ea31a46). S.A.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS ADVOGADO ANTONIO CHAVES ABDALLA(OAB:
66493/MG)
Rescisão do Contrato de Trabalho/Justa Causa / Falta Grave. ADVOGADO DENISE SILVA DIAS(OAB: 22437/GO)
Alegação(ões):
Intimado(s)/Citado(s):
- violação dos ARTS.29, II, DO CTB; 482 DA CLT; 5º, LV E 93, IX,
- BRASIL BROKERS PARTICIPACOES S.A.
DA CF/88; - GILSON BORGES SOARES
- divergência jurisprudencial;
rescisão contratual exige prova robusta por parte da empregadora RECURSO DE REVISTA
que a alega, de acordo com o artigo 818, da CLT. Assim, quando a Tramitação Preferencial
prova dos autos revela que a justa causa foi decretada, pela
aplicada ao obreiro.
Recorrente(s): BRASIL BROKERS
Do contexto dos autos, exsurge claro que a questão notadamente
encontra-se inserida na seara fática. Nesse sentido, a decisão foi PARTICIPACOES S.A.e
CONCLUSÃO
analisada em plano abstrato, ou seja, de quemo reclamante busca A Egr. Turma negou provimento ao recurso da ré, mantendo a
obter a condenação.A legitimidade é constatada mediante as sentença que reconheceu a existência devínculo empregatício e da
alegações da exordial, enquanto a improcedência da pretensão, existênciadegrupo econômico e declarou a responsabilidade
como assinalado no julgado, é questão de mérito. solidária da recorrente. Eis a fundamentação do julgado:
Aconclusão do Colegiado está em conformidade com os julgados 'Diversamente do alegado pela reclamada, os depoimentos acima
do C. TST. Vejamos: transcritos atestam que o reclamante trabalhou na reclamada
'(...) ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. Segundo a Teoria da durante anos na atividade-fim da empresa, ou seja, na
Asserção, a legitimidade a que se refere o art. 267, VI, do CPC/73 comercialização de imóveis, auferindo comissões pelas vendas. O
(correspondente ao art. 485, VI, do NCPC), cuja ausência acarreta a laborista entrou como corretor de imóveis, vindo a galgar ao longo
extinção do feito sem resolução de mérito, por falta de condição da do período de trabalho as funções de gerente, comandando equipes
ação, é aferida levando-se em conta as argumentações veiculadas de corretores, e posteriormente de diretor, conforme se extrai dos
na petição inicial. Nesse diapasão, as rés legitimamente compõem o depoimentos da testemunha Gisele Lopes ao afirmar que 'o
polo da relação processual, porque indicadas pelo autor como reclamante trabalhava nessa loja, ao chegar lá o reclamante já
responsáveis pelo pagamento das diferenças de complementação trabalhava lá; o reclamante era gerente e depois diretor; ele
Aparecida, que trabalhou junto com o autor na função de corretora, O quadro fático delineado no acórdão, intangível no presente
ao declarar que 'o reclamante foi promovido a gerente, quando a momento processual, foi no sentido de que o conjunto fático
depoente era corretora, ele foi promovido a diretor e por sua vez, probatório demonstrou aexistência de vínculo contratual entre o
O laborista estava subordinado às diretivas da reclamada, pois A verificação das alegações recursais, na forma como posta pela
cumpria escalas de plantões e de trabalho. Recebia as listas de recorrente, exige o revolvimento de fatos e provas, o que é defeso
clientes, sendo que, após assumir a função de diretor, passou a ser no presente momento processual pela Súmula nº 126 do C. TST.
responsável pela elaboração das referidas escalas e pela Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios.
administrativas. É o que se extrai do depoimento da testemunha - violação do(s) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 818;Lei
Mariana Aparecida ao afirmar que o diretor era quem organizava o nº 13105/2015, artigo 373, inciso I.
plantão, tendo o reclamante feito isso como diretor e quando era A Egr.Turma fixou a remuneração do empregado em R$3.500,00
gerente, pois recebia a organização do plantão e a cumpria, sendo no primeiro mês, R$4.000,00 no segundo mês e R$7.000,00 até o
a lista de clientes para ligação fornecida pela ré. fim do pacto laboral. Eis os fundamentos do julgado:
No referente à pessoalidade e não eventualidade, a testemunha '...levando em conta os parâmetros definidos na presente lide e à
Mariana Aparecida afirmou que a ré exigia exclusividade do pessoal luz do depoimento da testemunha Mariana Aparecida, que
da área de vendas, inclusive o reclamante, sendo que nem ela nem inicialmente laborou com o reclamante na função de corretora e
o laborista podiam se fazer substituir e isso nunca aconteceu, pois auferia nessa função remuneração média de R$7.000,00, entendo
era necessária a presença física e constante tanto dela quanto do correta a fixação da média remuneratória de R$3.500,00 no primeiro
autor. Tal exclusividade também foi confirmada pela testemunha mês, R$4.000,00 no segundo mês e R$7.000,00 até o fim do pacto
Gisele Lopes ao afirmar que essa era exigida do reclamante e laboral, nos termos e datas definidos na sentença, a qual mantenho
outros profissionais da área comercial. por seus próprios fundamentos. Nego provimento a ambos os
contrato de parceria de corretagem firmado pelo reclamante com a A reclamada busca a reforma do julgado sob a tese de que o
empresa Tropical a atestar a autonomia obreira, até porque não patamar salarial do demandante nunca atingiu o valor fixado pelo
formaria grupo econômico com a Tropical, apesar de ser sócia da Colegiado, não havendo provas nos autos das comissões recebidas
exemplo do CNPJ da reclamada, do Quadro de Sócios e O acolhimento da tese patronal, contudo, encontra óbice na Súmula
Administradores e a Alteração do Contrato Social, bem como do n.º 126 do C. TST, uma vez que exige a reanálise das provas
próprio contrato de parceria, colacionados aos autos (ID1112408, produzidas nos autos.
a prova oral, é suficiente para se concluir, conforme bem Responsabilidade Solidária / Subsidiária/Grupo Econômico.
dos artigos 2º e 3º da CLT, razão pela qual impõe-se a manutenção Aeg. Turma reconheceua existência de grupo econômico,
da decisão que reconheceu o vínculo empregatício no período entre condenando a recorrente solidariamente às obrigações deferidas.
1º/06/2011 a 30/10/2015 e condenou a reclamada a anotar a CTPS Recorre areclamada aduzindo afronta aos dispositivos legais
obreira, bem como no pagamento das verbas rescisórias supracitados. Sustenta que 'não há nos autos e na decisão que se
nos autos, elementos a demonstrar o labor com a presença dos Ocorre, contudo, que a decisão se baseia no lastro probatório
elementos caracterizadores da relação laboral, na forma exigida na reunido nos autos, ao passo que os argumentos deduzidos em sede
circunstância obstada por inteligência da súmula 126/TST. Tempestivo o recurso (publicação em 31/08/2020 - via sistema;
Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista. Dispensado o preparo (ID. bb7b651).
seguinte excerto:
'(...)
JUSTIÇA DO TRABALHO 8.878/94, não havendo falar em omissão a respeito de tal normativo
Recorrido(a)(s): UNIÃO FEDERAL (AGU) - DF CF e Súmula 275, II, do TST, não havendo falar em omissão a
Nesse contexto, ao que se depreende da sumária leitura da decisão Observo, por oportuno, que o presente caso não se enquadra na
recorrida, efetivamente, a prestação jurisdicional foi entregue, na hipótese da Súmula 452 do TST.' (RO 0000832-20.2019.5.10.0016;
sua inteireza, ainda que contrária aos desígnios almejados pela Relatora: Desembargadora Cilene Ferreira Amaro Santos; Terceira
recorrente, estando a decisão satisfatoriamente fundamentada. Turma; Julgado em 20/05/2020). Recurso conhecido e desprovido.'
Vale gizar que o julgador não está obrigado a responder a todas as No recurso,a autora defende incidir na espécie a prescrição parcial,
alegações das partes se já tiver exposto motivo suficiente para de acordo com a jurisprudência do TST.
fundamentar a decisão, tampouco há obrigação de se ater aos Com efeito, a pretensão da reclamante está voltada à correção da
fundamentos indicados pelos litigantes e a responder um a um remuneração que lhe foi atribuída quando de seu reingresso nos
todos os seus argumentos. Isso mesmo na vigência do atual CPC quadros da Administração, motivo pelo qual deve ser observada a
2/PE; Rel. Min. Maurício Corrêa; DJ de 2.10.1998, seção 1, pág. Nesse sentido, os seguintes julgados do Col. TST:
008); o STJ (EDcl no MS 21.315-DF, Relatora Ministra Diva Malerbi RECURSO DE REVISTA. 1. PRESCRIÇÃO TOTAL. MARCO
Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região, Ac. 1ª Seção. INICIAL. LEI Nº 8.878/94. ANISTIA. READMISSÃO. OFENSA AO
Julgado em 8/6/2016); bem como col. TST (AIRR-1001070- ARTIGO 7º, XXIX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO
86.2014.5.02.0382, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de CONFIGURAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. Na hipótese, não há
Fontan Pereira, Ac. 3ª T., Data de Publicação: DEJT 28/10/2016). falar em prescrição, porquanto o reclamante foi readmitido na
Decisão desfavorável não pode ser confundida com decisão reclamada em 01.03.2004 e a reclamação trabalhista foi ajuizada
Em tal cenário, não se evidencia mácula ao dispositivo Corte Superior, o marco inicial da prescrição é a data da
constitucional invocado, observada a limitação imposta pela Súmula readmissão do empregado anistiado. Recurso de revista não
Nego, pois, seguimento ao apelo. Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento:
DIREITO CIVIL/Fatos Jurídicos/Prescrição e Decadência. 25/02/2015, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/03/2015)
- contrariedade à(ao) : item II da Súmula nº 275;Súmula nº o contrato do autor com a empresa está em curso, sendo certo que
294;Súmula nº 452 do Tribunal Superior do Trabalho. a readmissão ocorreu em 1º/4/2004 e a ação foi ajuizada em
- violação do(s) inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal. 17/10/2008. No caso do prazo prescricional relativo à anistia, a
- violação da (o) artigo 11 da Consolidação das Leis do Trabalho. jurisprudência desta C. Corte Superior é no sentido de que o marco
A Egr. Turma declarou a prescrição total do feito, sob os seguintes anistiado. Precedentes. Nesse contexto, não há prescrição a ser
'EMENTA: 'PRESCRIÇÃO. CORREÇÃO DO ação foi ajuizada há menos de cinco anos da readmissão. Recurso
FORMA DA LEI Nº 8.878/1994. PROGRESSÕES SALARIAIS Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de
RESPECTIVAS. AÇÃO AJUIZADA MAIS DE CINCO ANOS Julgamento: 04/02/2015, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
prescrição no curso do contrato de trabalho é de cinco anos e, (...) ANISTIA - LEI Nº 8.787/94 - PRESCRIÇÃO - MARCO INICIAL
tratando-se de pedido de reenquadramento de empregado anistiado Em acatamento à teoria da actio nata, a jurisprudência desta Corte
pela Lei nº 8.878/1994, conta-se do retorno do empregado ao firmou-se no sentido de que o marco inicial para contagem do prazo
serviço. Tendo a reclamante retornado ao serviço em 30/12/2009 e prescricional para a propositura de ação judicial em que se busca o
ajuizado a ação em 16/9/2019 o pleito de correção do reconhecimento de benefícios assegurados pela Lei nº 8.878/94 é o
enquadramento (reenquadramento) está totalmente prescrito. O reconhecimento formal da condição de anistiado pela Administração
pleito de progressões salariais decorre do deferimento do Pública. No caso, conforme se extrai do acórdão regional, tal fato se
reenquadramento. Como o pedido de reenquadramento está deu com a readmissão do Reclamante, em 8/1/2009. O Eg. TRT
registrou que a Reclamação trabalhista foi ajuizada em 24/4/2010; desprovido. ( AIRR - 1617-45.2010.5.09.0009 , Relator Ministro:
logo, não se verifica a alegada prescrição. (...) (RR - 664- Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 03/10/2012,
92.2010.5.04.0018 , Relator Desembargador Convocado: João 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/10/2012)
Pedro Silvestrin, Data de Julgamento: 04/02/2015, 8ª Turma, Data Conforme destacado no acórdão, os efeitos financeiros da
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. do empregado no seu trabalho. Assim, considerando que entre a
recorrente objetiva o seu reenquadramento funcional quando da sua reclamação trabalhista (16/09/2019) transcorreram mais de 5 anos,
readmissão ao emprego, considerando, em suas razões, que incide o disposto na Súmula 275, II, do C. TST.
deveria ter sido readmitido no mesmo nível funcional que ocupava O julgado, pois, está em conformidade com a jurisprudência do C.
no momento do término do contrato de trabalho inicial. Nos termos TST, resultando obstaculizado o processamento do recurso (artigo
da Súmula 275, item II do C. TST, a prescrição aplicável aos 896, § 7º, da CLT e Súmulas n.º 333 do C. TST e n.º 401 do Exc.
contado a partir da data do enquadramento do obreiro. Assim, Assim, considerandoque a presente ação foi ajuizada em2019,
considerando que a readmissão da reclamante ao emprego ocorreu mais de 5 anos após a readmissão, a decisão do Colegiado que
em 01/11/2005, data em que se deu a suposta lesão ao seu direito, declarou a prescrição total está em conformidade com a
nessa ocasião iniciou-se o prazo da prescrição, de modo que jurisprudência do C. TST, resultando obstaculizado o
poderia ter ajuizado a sua reclamação até 01/11/2010. Tendo a processamento do recurso (artigo 896, § 7º, da CLT e Súmulas n.º
presente demanda sido ajuizada em 09/09/2011, correto o Acórdão 333 do C. TST e n.º 401 do Exc. STF).
275, II, desta Corte . Óbice para processamento da revista na Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
Súmula 333 do TST art. 896, º§ 4º da CLT. (...) (AIRR - 2148- Publique-se.
Tempestivo o recurso (publicação em 17/09/2020 - fls. ; recurso legislativa em torno na natureza jurídica do intervalo intrajornada -
Regular a representação processual (fls. 1348/1360). lei nova que a definiu como indenizatória. A regra geral na ordem
Satisfeito o preparo (fl(s). 1388, 1392/1410 e 1618/1627). constitucional vigente é a irretroatividade da lei, salvo se
Duração do Trabalho/Horas Extras. autoriza o juiz a decidir com base na jurisprudência, por analogia,
Duração do Trabalho/Intervalo Intrajornada. equidade e outros princípios e normas gerais do direito. Este é o
Duração do Trabalho/Horas Extras/Reflexos. amparo da Súmula 437 do TST, que definiu a natureza salarial do
- contrariedade à(ao) : item I da Súmula nº 338 do Tribunal Superior ordinário. Assim entendido, reforma-se a sentença para definir a
- violação do(s) inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal. 11/11/2017 (Súmula 437/TST), e indenizatória a partir desta data,
- violação da (o) inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil em face da nova redação do § 4º do artigo 71 da CLT, dada pela Lei
Trabalho;inciso I do artigo 818 da Consolidação das Leis do Areclamadainterpõerecurso de revista, ao argumento de que as
A egr. Turma manteve a sentença quecondenou areclamada dos registros de horários efetuados e comprovar a realização de
sobrejornada, encargo do qual não se desonerou.Aduz que Trata-se de proteção ao trabalho da mulher, recepcionada pela
opagamento relativo ao intervalo intrajornada deve incidir somente Constituição Federal (TST-IIN-RR-1540/2005-046-12-00.5).
sobre o período efetivamente não fruído, além de que se trata de De outra forma, a Lei 13.467/2017 modificou a natureza jurídica e a
parcela de natureza indenizatória. forma de cálculo do intervalo intrajornada previsto no art. 71, § 4º,
Conforme delimitação fática contida no v. acórdão, as provas da CLT e revogou o art. 384 do mesmo diploma legal, a CLT,
produzidas demonstraram a invalidade dos cartões de ponto fulminando as pretensões formuladas sob este último título após 11
declinada na inicial. Infere-se, ainda, que a egr. Turma, com fulcro No Direito do Trabalho, aplica-se a legislação vigente à época da
no contexto probatório dos autos, concluiu quea autora gozava de ocorrência dos fatos.
intervalo de apenas 30 minutos diários, não usufruindo de pausa A Lei 13.467/2017, por ser norma de efeito concreto, aplica-se de
aos domingos. Concluiu, ainda, pelo teor da prova oral produzida forma imediata e geral a todos os contratos vigentes a partir de 11
que houve labor aos domingos e feriados que não foram de novembro de 2017, consoante art. 6º da Lei de Introdução às
Desse modo, rever o entendimento manifestado pelo egr. Assim, não há fundamento para a reforma da sentença que
Colegiado, nos termos em que proposta a pretensão, implicaria, observou a aplicação da Lei 13.467/2017.
inevitavelmente, o revolvimento de fatos e provas, o que é defeso, Pretende a demandadaa exclusão da condenação. Alega,em
conforme entendimento preconizado pela Súmula nº 126 do col. suma,que o artigo 384 da CLT não foi recepcionado pela Carta
Acrescente-se quea tese de equívoco na distribuição do ônus isonômico de gêneros garantido pelo inciso I do artigo 5º da
probatório não se sustenta, uma vez que a egr. Turma observou as Constituição.
regras ditadas pelos artigos 818 da CLT e 373, I e II, do CPC, Registre-se que, de acordo com o artigo 896, § 1º-A, inciso II, da
aplicando-se a exata dicção da Súmula 338/TST. CLT, incluído pela Lei 13.015/2014, a parte que recorre deve
No que concerne, especificamente, às alegações de que é devida 'indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a
apenas a fração não usufruída do intervalo intrajornada e que o dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
adicionalrespectivo possui natureza indenizatória, seu Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional'.
acolhimentoconfrontaria o disposto nos itens I e III da Súmula n.º Na hipótese, a parte recorrente não observou o inciso, o que torna
Inviável, pois, o processamento do recurso de revista, a teor das Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios/Salário /
Alegação(ões):
Duração do Trabalho/Intervalo Intrajornada/Intervalo 15 Minutos - violação do(s) artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho;
concessão do intervalo previsto no artigo 384 da CLT, consignando Em prosseguimento, a egr. Turma manteve a d. decisão que deferiu
O TST, na sua composição Plena e nos autos do IIN-RR 1540/2005 a dois vírgula cinco vezes o valor das comissões pagas.Ov.
a norma do art. 384 da CLT não viola o princípio da isonomia e, O preposto da reclamada em depoimento não soube dizer se a
portanto, a Constituição da República. reclamante trabalhou no mesmo local que o paradigma Pedro
Preceitua o artigo 373 da CLT: 'A duração normal de trabalho da Henrique Barbosa Felix e esclareceu que não há diferença na forma
mulher será de oito horas diárias, exceto nos casos para os quais de trabalhar dos vendedores paradigmas e a reclamante, nesses
Nos termos do artigo 384 da CLT, em caso de prorrogação do 'Depoimento pessoal do preposto do(s) reclamado(s)(s): 'Não sabe
horário normal, a trabalhadora tem direito a 15 (quinze) minutos de se a reclamante trabalhou na mesma loja que o sr. Pedro Henrique
intervalo antes do período extraordinário de trabalho. Barbosa. O reclamante sempre recebeu comissões de 1%, o que
Logo, é inequívoca a identidade de funções da autora com os conhecimento do recurso de revista, é a que se verifica de forma
paradigmas indicados por ela. direta e literal, nos termos do art. 896, 'c', da Consolidação das Leis
trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma No caso, o posicionamento adotado no v. acórdão recorrido reflete a
localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, interpretação dada pelo egr. Colegiado aos preceitos legais que
nacionalidade ou idade'. regem a matéria. Nesse contexto, ofensa, ainda que fosse possível
Como os pressupostos do artigo 461 da CLT foram atendidos, é admiti-la, seria meramente reflexa, insuficiente, portanto, para
irrelevante que a circunstância do desnível salarial tenha origem em autorizar o trânsito regular do recurso de revista.
decisão judicial que beneficiou os paradigmas (item VI da Súmula 6 É indispensável, ademais, que se trate especificamente da matéria
do TST). discutida.
E, nos termos do item VIII da mencionada súmula, 'é do Portanto, não procede a invocação ao art. 5º, II, da Lei Maior,
empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou preceito genérico que não se relaciona especificamente com o tema
extintivo da equiparação salarial'. sobre o qual a parte recorrente manifesta seu inconformismo.
Esclareço que a reclamante e os paradigmas atuavam como Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios/Participação nos
Ressalto que a equiparação se evidencia desde o início do contrato - violação do(s) artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho;
na vigência da Lei anterior. Por essa razão a modificação inciso I do artigo 373 do Código de Processo Civil de 2015.
introduzida pela Lei 13.467/2017 no § 5º do art. 461 da CLT não Restou mantida a sentença quanto à condenação da reclamadaao
gera efeitos no presente caso, em face da incidência do princípio pagamento proporcional daParticipação nos Lucros e Resultados -
constitucional da irredutibilidade salarial (art. 7º, VI, da PLR relativaao ano de 2019, com a seguinte fundamentação
Assim, não tendo a reclamada se desvencilhado do ônus que lhe PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL.
competia, entendo que a autora faz jus à equiparação pretendida, Demonstrado pela reclamada o pagamento de PLR aos
com a percepção das diferenças salariais decorrentes do recálculo empregados e não comprovada a quitação da parcela, é devida a
Insurge-sea reclamada, sob a alegação, em síntese, de quenão Insistea reclamada na tese de quea reclamante não se
foram preenchidos os requisitos previstos no art. 461 da CLT. desincumbiu do ônus de provar o seu direito aorecebimento da
No entanto, a discussão da matéria brandida em sede de jurisdição parcela, conforme os termos dos artigos 818 da CLT e 373, inciso I,
fatos e provas, o que é defeso, a teor da Súmula nº 126/TST. De acordo com o artigo 896, § 1º-A, inciso II, da CLT, incluído pela
Inviável, pois,o processamento do apelo. Lei 13.015/2014, a parte que recorre deve 'indicar, de forma
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO/Honorários ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que
- violação do(s) inciso II do artigo 5º da Constituição Federal. inviável o processamento do recurso de revista.
Verbete 75/2019 do TRT 10, manteve a suspensão da exigibilidade Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
A reclamada argumenta que o deferimento da justiça gratuita não BRASILINO SANTOS RAMOS
Processo Nº ROT-0000620-39.2019.5.10.0811
Regular a representação processual (fls. 109).
Relator CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
RECORRENTE MUNICIPIO DE XAMBIOA Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV).
ADVOGADO RICARDO FRANCISCO RIBEIRO DE PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DEUS(OAB: 45463/GO)
RECORRIDO MARCOS DIVINO DOS SANTOS Responsabilidade Solidária / Subsidiária/Tomador de Serviços /
ALVES
Terceirização/Ente Público.
ADVOGADO FRANCISCO CHAGAS FERNANDES
ARAUJO(OAB: 6358/TO) Alegação(ões):
RECORRIDO LC DA LUZ CONSTRUCAO, LIMPEZA
E LOCACAO LTDA - ME - violação da (o)§1º do artigo 71 da Lei nº 8666/1991.
CUSTOS LEGIS Ministério Público do Trabalho - divergência jurisprudencial.
- MARCOS DIVINO DOS SANTOS ALVES segundo reclamado como responsável subsidiário pelo
- MUNICIPIO DE XAMBIOA adimplemento das verbas trabalhistas, inclusive multas e honorários
JUSTIÇA DO TRABALHO arts. 58, III e 67 da Lei 8.666/1993 impõe à Administração Pública o
dos serviços, nos exatos termos dos arts. 818, II, da CLT e 373, II,
RECURSO DE REVISTA
do CPC. Como se vê, não se trata de inversão de ônus de prova,
Interessado(a)(s): 1.Ministério Público do § 1.º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
fundamentos jurídicos da decisão recorrida , inclusive mediante proferida pela Corte a quo . Nesse sentido, incumbia ao recorrente
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição indicar a parte específica dessa decisão em que se encontrava a
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade tese jurídica combatida (art. 896, § 1.º-A, I), realizando o confronto
aponte. com os dispositivos legais apontados (art. 896, § 1.º-A, II e III) e/ou
§ 8º. Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe merece prosperar, portanto, agravo de instrumento que visa a
ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência destrancar recurso de revista que não preenche os pressupostos
de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT:
ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as REVISTA. DIFERENÇAS DE ADICIONAL NOTURNO. RECURSO
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AOS REQUISITOS DISPOSTOS
O apelo não preenche o requisito do inciso I. A omissão quanto aos IMPUGNAÇÃO ANALÍTICA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO
trechos do acórdão impugnado ou a mera transcrição, de forma CIRCUNSTANCIAL DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não
integral, no início do recurso e sem a indicação precisa do trecho merece provimento o agravo que não desconstitui os fundamentos
objeto da insurgência, bem como a evidente lacuna quanto à da decisão monocrática, pela qual foi denegado seguimento ao
demonstração analítica dos motivos pelos quais cada disposição agravo de instrumento em face da ausência de preenchimento dos
legal ou jurisprudência reiterada e ementada teria sido motivo de requisitos previstos no artigo 896, §§ 1º-A e 8º, da CLT. Verifica-se,
afronta pela decisão recorrida, revelam desconsideração às da análise das razões do recurso de revista, que a parte, de fato,
disposições legais acima declinadas. não cuidou em demonstrar, analiticamente, a ofensa aos
Além disso, a parte não procedeu ao cotejo analítico entre os dispositivos por ela indicados, como ordena o art. 896, § 1º-A, inciso
fundamentos do v. acórdão recorrido e a divergência jurisprudencial III, da CLT, tampouco procedeu à indicação circunstancial da
apontada. Com efeito, cingiu-se a transcrever arestos paradigmas, divergência jurisprudencial na forma ordenada no § 8º do
sem, contudo, expor as razões do pedido de reforma, nem apontar mencionado artigo, de forma que as exigências processuais
nenhum fundamento jurídico a respeito da questão, além de não contidas nos referidos dispositivos, na hipótese, assim como
esclarecer em que medida a d. decisão Colegiada teria divergido consignado na decisão agravada, não foram satisfeitas. (Ag-AIRR-
Ao assim proceder, a parte deixou de observar o disposto no art. Pimenta, 2ª Turma, DEJT 28/08/2020).
896, § 1.º-A, II, III, e § 8.º, da CLT, o que obsta o conhecimento do AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM
Nesse sentido, é a iterativa e atual jurisprudência do col. TST: DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 896, § 1.º-A, DA CLT. A despeito
[[...] Recursos baseados em meros apontamentos de dispositivos das razões expostas pela agravante, deve ser mantida a decisão
tidos como violados ou na mera transcrição de arestos paradigmas, pela qual foi negado seguimento ao Agravo de Instrumento, pois
sem a indicação, ponto a ponto, do trecho da decisão recorrida que não observados os requisitos elencados no art. 896, § 1.º-A, da
a Parte entende ser ofensivo à ordem legal ou divergente de outro CLT. Dentre os pressupostos intrínsecos de admissibilidade do
julgado, de fato, não merecem seguimento. O propósito do art. 896, Recurso de Revista, acrescidos pela Lei n.º 13.015/2014, consta a
§ 1º-A, da CLT, é impor ao recorrente objetividade, de modo a exigência de que o recorrente faça o cotejo analítico entre o trecho
indicar assertivamente as teses adotadas pelo Tribunal Regional e da decisão recorrida que abarca a tese jurídica impugnada e as
por quais razões o acórdão estaria em desacordo normativo ou afrontas legais e/ou constitucionais ou dissenso de teses indicados
jurisprudencial. Este Colegiado tem interpretado a norma de acordo (art. 896, § 1.º-A, III, da CLT). Uma vez não observado o comando
com a sua finalidade, qual seja, a de tornar a análise dos recursos legal, o Recurso não deve ser admitido. Agravo conhecido e não
de competência deste Tribunal Superior mais objetiva, célere e provido. (Ag-AIRR - 11664-92.2015.5.01.0052 , Relator Ministro Luiz
precisa, eliminando a antiga prática de se interpor o recurso com José Dezena da Silva, 1ª Turma, DEJT 16/08/2019)
alegações genéricas e abstratas, sem o cotejo com a decisão AGRAVO DE INSTRUMENTO. EQUIPARAÇÃO SALARIAL.
ART. 896, § 1º-A, I E III, DA CLT. A parte recorrente não atende ao descuidou de cumprir requisito essencial a viabilizar a apreciação
requisito descrito no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, na medida em que do recurso de revista. A ausência de indicação do trecho da v.
efetua apenas a transcrição integral da decisão recorrida, sem decisão que consubstancia o prequestionamento da matéria e o
qualquer destaque dos trechos que consubstanciam o confronto analítico entre a tese recorrida e a violação constitucional
prequestionamento da tese que pretende debater; logo, trata-se de e mesmo o conflito jurisprudencial indicado inviabiliza o
transcrição genérica que não atende ao aludido requisito. Do conhecimento do recurso de revista, nos termos do §1º-A, I e III, do
mesmo modo, não logrou atender à exigência contida no art. 896, § art. 896 da CLT. Ressalte-se que a alteração legislativa contida na
1º-A, III, da CLT. Isso porque não há nas razões recursais cotejo norma traduz a obrigação das partes levar ao Tribunal Superior a
analítico por meio do qual o recorrente tenha demonstrado que a matéria recursal de modo a viabilizar o reconhecimento da tese
decisão impugnada ofendeu especificamente a literalidade dos jurídica que se pretende colocar em debate, com o devido confronto
dispositivos indicados . Agravo de instrumento de que se conhece e analítico, demonstrando os requisitos do art. 896 da CLT, com o fim
a que se nega provimento. (AIRR- 21233-71.2015.5.04.0008, maior de racionalizar e efetivar a jurisdição. Recurso de revista não
Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro conhecido.' (RR-2007-71.2013.5.05.0251, Relator Ministro: Aloysio
Santos, 6.ª Turma, DEJT 16/8/2019) Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 04/05/2015)
REFORMA. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
de Revista, totalmente dissociada das razões de reforma, não Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
confrontados'. Logo, não basta para que seja conhecido o Apelo por Intimado(s)/Citado(s):
divergência jurisprudencial unicamente a transcrição do aresto, - AUSENI DOS SANTOS SILVA TEIXEIRA
Tempestivo o recurso (publicação em 08/09/2020 - via sistema; '1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Demonstrada a culpa da
recurso apresentado em 14/09/2020 - ID. 2c5e799). Administração Pública nos termos da Súmula 331/TST, item V, pela
Regular a representação processual (nos termos da Súmula nº falta de adequada fiscalização, é cabível a responsabilidade
Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV). devidas nesta ação.'
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO/Atos subsidiária imposta, mediante as alegações alhures destacadas,
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 331, item V do colendo Tribunal pagamento das verbas deferidasà partereclamante, pois esta não
- contrariedade à(s) Súmula(s) vinculante(s) nº 10 do excelso do contrato de terceirização, encargo que lhe pertencia. Sustenta,
Supremo Tribunal Federal. outrossim, não evidenciada sua conduta culposa na fiscalização das
- violação do(s) Lei nº 8666/1993, artigo 71, §1º. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 760.931/DF,
A União insurge-se contra a aplicação da Súmula 331, IV, do Col. com repercussão geral, decidiu que o ônus de provar a ausência de
TST, sob a alegação de que não foi observada a cláusula da fiscalização da execução do contrato com a empresa prestadora é
reserva de plenário, prevista no art. 97 da Constituição da do empregado. Todavia, tal entendimento não modifica a conclusão
República, bem como na Súmula Vinculante nº 10 do Exc. Supremo alcançada pela Turma, pois a condenação imposta está
Tribunal Federal. fundamentada na prova de que o ente público incorreu em culpa 'in
No entanto, conforme ressaltado na decisão recorrida, o vigilando ', legitimando a imputação da responsabilidade subsidiária.
reconhecimento da responsabilidade subsidiária do tomador de Em tal cenário, o acórdão está em perfeita harmonia com a
serviços não implica a declaração de inconstitucionalidade do art. jurisprudência cristalizada na Súmula nº 331, V, do TST.
71 da Lei nº 8.666/93, mas apenas a definição do real alcance da De outra parte, decidida a matéria com arrimo no contexto fático-
norma inscrita no citado dispositivo com base na interpretação probatório produzido nos autos, o processamento do recurso de
De toda sorte, cumpre registrar que o Col. TST, em sua composição revolvimento de fatos e provas, o que é defeso (Súmula nº126/TST).
plena, decide pela edição de suas Súmulas e Orientações A propósito, nesse sentido, transcrevo os seguintes precedentes do
'AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE subsidiariamente pelas dívidas trabalhistas das empresas
REVISTA. ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. prestadoras, quando forem negligentes em relação ao dever de
CARACTERIZAÇÃO DE CULPA IN VIGILANDO. INCIDÊNCIA DA fiscalizar o cumprimento das obrigações contratuais e legais da
SÚMULA 331, V, DO TST. Do quadro fático registrado no acórdão contratada. Na presente demanda, o Tribunal Regional, soberano
recorrido extrai-se que a condenação decorre da culpa do tomador na análise do conjunto probatório, registrou que o ente público não
dos serviços. Com efeito, o TRT destacou que: 'Na seqüência, o se desincumbiu do ônus de comprovar a correta fiscalização do
que deve ser aferido é se houve culpa ' in vigilando' do Estado do cumprimento do contrato com a empresa prestadora. Assim, ao
RN, ora recorrente, quanto à fiscalização da reclamada SALUTE, no atribuir-lhe a responsabilidade subsidiária, decidiu em plena sintonia
que se refere ao adimplemento das obrigações trabalhistas geradas com o verbete acima mencionado. Acrescente-se que não se
durante o período de vigência do contrato mantido entre os verifica desrespeito à tese de repercussão geral, firmada no
litisconsortes passivos. Neste ponto, o recorrente afirma que ' o ente julgamento do RE-760931, pelo Supremo Tribunal Federal, tendo
público, no decorrer da execução do contrato administrativo, não em vista que não houve, no caso, a transferência automática da
tem a obrigação legal de fiscalizar se a empresa contratada honra responsabilidade decorrente do inadimplemento da obrigação pelo
os demais contratos, firmados com outras pessoas, físicas ou empregador. Ficou evidenciada a culpa in vigilando do ente público.
jurídicas, ainda mais quando detêm natureza privada' e que o único Tal conclusão se baseia apenas nas informações disponibilizadas
objeto de fiscalização era a prestação de serviços (ID. 2be5609 - no sítio daquela Corte na internet, pois a decisão ainda aguarda a
pág. 10). Noutras palavras, o litisconsorte admite que não redação do acórdão e a respectiva publicação no órgão oficial.
fiscalizava as empresas contratadas no que diz respeito ao Agravo de instrumento a que se nega provimento.' (AIRR - 10054-
cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias e tenta 69.2013.5.01.0049, Data de Julgamento: 30/08/2017, Relator
justificar-se, daí porque assume a sua culpa in vigilando'. Registre- Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de
se, por oportuno, que a recente decisão do STF no RE nº 760.931, Publicação: DEJT 08/09/2017)
com repercussão geral, que atribuiu o ônus da prova da ausência 'AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
de fiscalização ao trabalhador, em nada altera a conclusão destes PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1.
autos, uma vez que a condenação subsidiária da entidade pública TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. ENTIDADES ESTATAIS.
está amparada na prova de que incorreu em culpa in vigilando, ante ENTENDIMENTO FIXADO PELO STF NA ADC Nº 16-DF. SÚMULA
a ausência de fiscalização dos direitos trabalhistas dos empregados 331, V/TST. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. NECESSIDADE
admissibilidade do recurso de revista, pois a decisão recorrida CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DA LEI 8.666/93
encontra-se em consonância com o item V da Súmula 331 do TST. EXPLICITADA NO ACÓRDÃO REGIONAL. Registre-se que o
Assim, tendo em vista que a parte não trouxe, nas razões de Supremo Tribunal Federal, ao decidir a ADC nº 16-DF, reverteu a
agravo, nenhum argumento capaz de infirmar a decisão denegatória interpretação sedimentada há duas décadas na jurisprudência
do agravo de instrumento, há que ser mantida a decisão. Agravo trabalhista no sentido de que as entidades estatais - a exemplo das
conhecido e desprovido.' (Ag-AIRR - 672-08.2013.5.21.0013, Data demais pessoas físicas e jurídicas - eram firmemente responsáveis
de Julgamento: 13/09/2017, Relator Ministro: Alexandre de Souza por verbas contratuais e legais trabalhistas dos trabalhadores
Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/09/2017) terceirizados na área estatal, caso houvesse o inadimplemento por
'AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM parte do empregador terceirizante (Súmula 331, antigo item IV,
FACE DE DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI TST). Para o STF, é necessária a efetiva presença de culpa in
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO DE (STF, ADC nº 16-DF). Observados tais parâmetros, é preciso
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA. A contratação de perceber, no caso concreto, se o ente público agiu com culpa para a
empresa prestadora de serviços, por meio de regular licitação, não ocorrência do inadimplemento dos débitos trabalhistas. Se não
basta para excluir a responsabilidade do ente público. Nos termos resultar claramente evidenciada a ação ou omissão, direta ou
do item V da Súmula nº 331 do TST, editado à luz da decisão indireta, na modalidade culposa, do agente público em detrimento
proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADC nº 16/DF, em se do contrato administrativo para a prestação de serviços
tratando de terceirização de serviços, os entes integrantes da terceirizados, não há como identificar a responsabilidade da
Administração Pública em relação às obrigações trabalhistas da PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO CARACTERIZADA. I - Para
prestadora de serviços, à luz do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993. equacionar a controvérsia em torno da existência ou inexistência de
Insista-se que essa é a linha do entendimento atual do Supremo responsabilidade subsidiária da Administração Pública pelas
Tribunal Federal na ADC nº 16-DF. Em observância a esse obrigações trabalhistas não honradas pela empresa prestadora de
entendimento da Corte Máxima, o TST alinhou-se à tese de que a serviço é imprescindível trazer a lume a decisão proferida pelo STF
responsabilidade subsidiária dos entes integrantes da na ADC 16/2007. II - Nela, apesar de ter sido reconhecida a
Administração Pública direta e indireta não decorre de mero constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei 8.666/93, os eminentes
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela Ministros daquela Corte permitiram-se alertar os tribunais do
empresa regularmente contratada, mas apenas quando trabalho para não generalizar as hipóteses de responsabilização
comprovada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações subsidiária da Administração Pública. III - Na ocasião, traçaram
da Lei 8.666, de 21.6.1993, especialmente na fiscalização do inclusive regra de conduta a ser observada pelos tribunais do
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de trabalho, de se proceder, com mais rigor, à investigação se a
serviço como empregadora (artigos 58 e 67, Lei 8.666/93) - novo inadimplência da empresa contratada por meio de licitação pública
texto da Súmula 331, V, do TST. Nesse quadro, a mera culpa in teve como causa principal a falha ou a falta de fiscalização pelo
eligendo não autoriza, por si só, deduzir a responsabilidade do órgão público contratante. IV - A partir dessa quase admoestação
Poder Público pelos débitos inadimplidos pela empregadora, da Suprema Corte, o Tribunal Superior do Trabalho houve por bem
segundo o STF. A propósito, para a Corte Máxima, tendo sido a transferir a redação do item IV da Súmula 331 para o item V desse
terceirização resultado de processo licitatório, não há que se falar precedente, dando-lhe redação que refletisse o posicionamento dos
em culpa in eligendo. Também não há que se falar, em tais casos Ministros do STF. V - Compulsando o verbete, percebe-se, sem
jurisprudência advinda da Corte Máxima. Porém, naturalmente, se Administração Pública tem por pressuposto a comprovação da sua
houver clara, inquestionável culpa da entidade estatal tomadora de conduta culposa ao se demitir do dever de fiscalizar o cumprimento
serviços quanto à fiscalização da conduta da empresa terceirizada das obrigações trabalhistas da empresa prestadora de serviços. VI -
relativamente ao cumprimento de suas obrigações trabalhistas, Em outras palavras, impõe-se extrair da decisão do Regional
incidirá a responsabilidade subsidiária, por força de outros preceitos elementos de prova de que a Administração Pública observou ou
legais, além do art. 71, caput e § 1º, da Lei de Licitações. Havendo não o dever de fiscalização dos direitos trabalhistas devidos aos
manifesta ou demonstrada culpa in vigilando, incidem preceitos empregados da empresa prestadora de serviços, uma vez que o
responsabilizatórios concorrentes, tais como os artigos 58, III, 67, seu chamamento à responsabilização subsidiária repousa na sua
caput e §1º, da Lei 8.666/93 e os artigos 186 e 927, do Código Civil. responsabilidade subjetiva e não objetiva. VII - Mediante exame do
Nesse contexto, o STF, ao julgar com repercussão geral o RE nº acórdão recorrido, verifica-se que o Colegiado de origem fora
760.931, confirmou a tese já explicitada na anterior ADC nº 16-DF, incisivo e minudente ao extrair do contexto factual a
no sentido de que a responsabilidade da Administração Pública não responsabilidade subsidiária do agravante. VIII - O acórdão
pode ser automática, cabendo a sua condenação apenas se houver recorrido, com riqueza de detalhes probatórios em torno da culpa in
prova inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na vigilando do agravante, por ter se demitido do dever de fiscalizar o
fiscalização dos contratos, bem como atribuiu o ônus de provar o cumprimento das obrigações trabalhistas da empresa prestadora de
descumprimento desse dever legal ao trabalhador. Assim, em que serviços, premissa, aliás, insuscetível de modificação no TST, a teor
pese a decisão do RE nº 760.931 atribua ao trabalhador o ônus da Súmula 126, guarda absoluta sintonia com entendimento contido
processual, no caso dos autos, enfatize-se que houve a conduta na Reclamação nº 23151/DF - Distrito Federal, em que fora Relator
omissiva do Estado Recorrente no tocante ao pagamento das o Ministro Luiz Fux, cuja decisão foi publicada no DJe de 3/3/2016.
faturas do contrato de prestação de serviços, sendo condição mais IX - Sobrevém, assim, a certeza de o Regional ter-se valido do
grave que a simples ausência do dever de fiscalização pelo ente princípio da persuasão racional do artigo 131 do CPC de 73, no qual
público, o que autoriza sua responsabilização subsidiária. Agravo de se acha subentendido o princípio da despersonalização da prova
instrumento desprovido.' (AIRR - 1443-14.2015.5.06.0019, Data de oral, consagrado, a propósito, no artigo 371 do CPC de 2015, para
Julgamento: 09/08/2017, Relator Ministro: Mauricio Godinho extrair a culpa in vigilando do agravante, nos termos da ADC
Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/08/2017) 16/2010. X - Desse modo, cai por terra a arguição de infringência
'RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DA ADMINISTRAÇÃO aos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC de 73, pois o Regional não
dirimira a controvérsia pelo critério do ônus subjetivo da prova. XI - OJBSDI-1 nº 382/TST, inviável o processamento da revista, nos
Por outro lado, não se vislumbra ofensa literal e direta ao artigo 71, termos da Súmula nº 333 e da OJSBDI-1 nº 336, ambas do colendo
erigida em requisito negativo de admissibilidade do recurso revista. Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
guardam similitude factual com a decisão recorrida, mas, sobretudo, Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
por estarem superados no caso concreto. XIII - Com isso, avulta a BRASILINO SANTOS RAMOS
Alegação(ões): Intimado(s)/Citado(s):
- violação do(s) artigo 5º, caput;artigo 5º, inciso II;artigo 5º, inciso - FLEX SERVICOS GERAIS LTDA - ME
Federal.
Tempestivo o recurso (publicação em 08/09/2020 - via sistema; acórdão foi assim ementado:
recurso apresentado em 14/09/2020 - ID. 2c5e799). '1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. Demonstrada a culpa da
Regular a representação processual (nos termos da Súmula nº Administração Pública nos termos da Súmula 331/TST, item V, pela
Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV). subsidiária do tomador dos serviços pelas obrigações trabalhistas
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO/Atos Insurge-sea União contra a decisão pertinente à responsabilidade
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 331, item V do colendo Tribunal que não pode ser responsabilizada subsidiariamente pelo
Superior do Trabalho. pagamento das verbas deferidasà partereclamante, pois esta não
- contrariedade à(s) Súmula(s) vinculante(s) nº 10 do excelso se desincumbiu do ônus de comprovar a ausência de fiscalização
Supremo Tribunal Federal. do contrato de terceirização, encargo que lhe pertencia. Sustenta,
- violação do(s) artigo 97, da Constituição Federal. outrossim, não evidenciada sua conduta culposa na fiscalização das
- violação do(s) Lei nº 8666/1993, artigo 71, §1º. obrigações da prestadora de serviços.
A União insurge-se contra a aplicação da Súmula 331, IV, do Col. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 760.931/DF,
TST, sob a alegação de que não foi observada a cláusula da com repercussão geral, decidiu que o ônus de provar a ausência de
reserva de plenário, prevista no art. 97 da Constituição da fiscalização da execução do contrato com a empresa prestadora é
República, bem como na Súmula Vinculante nº 10 do Exc. Supremo do empregado. Todavia, tal entendimento não modifica a conclusão
No entanto, conforme ressaltado na decisão recorrida, o fundamentada na prova de que o ente público incorreu em culpa 'in
reconhecimento da responsabilidade subsidiária do tomador de vigilando ', legitimando a imputação da responsabilidade subsidiária.
serviços não implica a declaração de inconstitucionalidade do art. Em tal cenário, o acórdão está em perfeita harmonia com a
71 da Lei nº 8.666/93, mas apenas a definição do real alcance da jurisprudência cristalizada na Súmula nº 331, V, do TST.
norma inscrita no citado dispositivo com base na interpretação De outra parte, decidida a matéria com arrimo no contexto fático-
De toda sorte, cumpre registrar que o Col. TST, em sua composição revista fica obstado, na medida em que seria necessário o
plena, decide pela edição de suas Súmulas e Orientações revolvimento de fatos e provas, o que é defeso (Súmula nº126/TST).
Jurisprudenciais, motivo pelo qual encontra-se atendida a exigência A propósito, nesse sentido, transcrevo os seguintes precedentes do
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO/Processo e SÚMULA 331, V, DO TST. Do quadro fático registrado no acórdão
Alegação(ões): dos serviços. Com efeito, o TRT destacou que: 'Na seqüência, o
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 331, item V do colendo Tribunal que deve ser aferido é se houve culpa ' in vigilando' do Estado do
- violação do(s) artigo 5º, inciso II;artigo 5º, inciso LIV;artigo 5º, que se refere ao adimplemento das obrigações trabalhistas geradas
inciso LV;artigo 5º, inciso XXXV;artigo 37;artigo 37, §6º;artigo 102, durante o período de vigência do contrato mantido entre os
§2º, da Constituição Federal. litisconsortes passivos. Neste ponto, o recorrente afirma que ' o ente
- violação do(s) Lei nº 8666/93, artigo 71, §1º;Consolidação das Leis público, no decorrer da execução do contrato administrativo, não
do Trabalho, artigo 818;artigo 373, inciso I e II. tem a obrigação legal de fiscalizar se a empresa contratada honra
A eg. Turma manteve a decisão que reconheceu a responsabilidade jurídicas, ainda mais quando detêm natureza privada' e que o único
subsidiária do ente público, nos termos da Súmula nº 331 do TST. O objeto de fiscalização era a prestação de serviços (ID. 2be5609 -
pág. 10). Noutras palavras, o litisconsorte admite que não redação do acórdão e a respectiva publicação no órgão oficial.
fiscalizava as empresas contratadas no que diz respeito ao Agravo de instrumento a que se nega provimento.' (AIRR - 10054-
cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias e tenta 69.2013.5.01.0049, Data de Julgamento: 30/08/2017, Relator
justificar-se, daí porque assume a sua culpa in vigilando'. Registre- Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, 7ª Turma, Data de
se, por oportuno, que a recente decisão do STF no RE nº 760.931, Publicação: DEJT 08/09/2017)
com repercussão geral, que atribuiu o ônus da prova da ausência 'AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
de fiscalização ao trabalhador, em nada altera a conclusão destes PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. 1.
autos, uma vez que a condenação subsidiária da entidade pública TERCEIRIZAÇÃO TRABALHISTA. ENTIDADES ESTATAIS.
está amparada na prova de que incorreu em culpa in vigilando, ante ENTENDIMENTO FIXADO PELO STF NA ADC Nº 16-DF. SÚMULA
a ausência de fiscalização dos direitos trabalhistas dos empregados 331, V/TST. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. NECESSIDADE
admissibilidade do recurso de revista, pois a decisão recorrida CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DA LEI 8.666/93
encontra-se em consonância com o item V da Súmula 331 do TST. EXPLICITADA NO ACÓRDÃO REGIONAL. Registre-se que o
Assim, tendo em vista que a parte não trouxe, nas razões de Supremo Tribunal Federal, ao decidir a ADC nº 16-DF, reverteu a
agravo, nenhum argumento capaz de infirmar a decisão denegatória interpretação sedimentada há duas décadas na jurisprudência
do agravo de instrumento, há que ser mantida a decisão. Agravo trabalhista no sentido de que as entidades estatais - a exemplo das
conhecido e desprovido.' (Ag-AIRR - 672-08.2013.5.21.0013, Data demais pessoas físicas e jurídicas - eram firmemente responsáveis
de Julgamento: 13/09/2017, Relator Ministro: Alexandre de Souza por verbas contratuais e legais trabalhistas dos trabalhadores
Agra Belmonte, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 15/09/2017) terceirizados na área estatal, caso houvesse o inadimplemento por
'AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM parte do empregador terceirizante (Súmula 331, antigo item IV,
FACE DE DECISÃO PUBLICADA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI TST). Para o STF, é necessária a efetiva presença de culpa in
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. CONTRATO DE (STF, ADC nº 16-DF). Observados tais parâmetros, é preciso
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ÔNUS DA PROVA. A contratação de perceber, no caso concreto, se o ente público agiu com culpa para a
empresa prestadora de serviços, por meio de regular licitação, não ocorrência do inadimplemento dos débitos trabalhistas. Se não
basta para excluir a responsabilidade do ente público. Nos termos resultar claramente evidenciada a ação ou omissão, direta ou
do item V da Súmula nº 331 do TST, editado à luz da decisão indireta, na modalidade culposa, do agente público em detrimento
proferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADC nº 16/DF, em se do contrato administrativo para a prestação de serviços
tratando de terceirização de serviços, os entes integrantes da terceirizados, não há como identificar a responsabilidade da
Administração Pública direta e indireta responderão Administração Pública em relação às obrigações trabalhistas da
subsidiariamente pelas dívidas trabalhistas das empresas prestadora de serviços, à luz do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993.
prestadoras, quando forem negligentes em relação ao dever de Insista-se que essa é a linha do entendimento atual do Supremo
fiscalizar o cumprimento das obrigações contratuais e legais da Tribunal Federal na ADC nº 16-DF. Em observância a esse
contratada. Na presente demanda, o Tribunal Regional, soberano entendimento da Corte Máxima, o TST alinhou-se à tese de que a
na análise do conjunto probatório, registrou que o ente público não responsabilidade subsidiária dos entes integrantes da
se desincumbiu do ônus de comprovar a correta fiscalização do Administração Pública direta e indireta não decorre de mero
cumprimento do contrato com a empresa prestadora. Assim, ao inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
atribuir-lhe a responsabilidade subsidiária, decidiu em plena sintonia empresa regularmente contratada, mas apenas quando
com o verbete acima mencionado. Acrescente-se que não se comprovada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações
verifica desrespeito à tese de repercussão geral, firmada no da Lei 8.666, de 21.6.1993, especialmente na fiscalização do
julgamento do RE-760931, pelo Supremo Tribunal Federal, tendo cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
em vista que não houve, no caso, a transferência automática da serviço como empregadora (artigos 58 e 67, Lei 8.666/93) - novo
responsabilidade decorrente do inadimplemento da obrigação pelo texto da Súmula 331, V, do TST. Nesse quadro, a mera culpa in
empregador. Ficou evidenciada a culpa in vigilando do ente público. eligendo não autoriza, por si só, deduzir a responsabilidade do
Tal conclusão se baseia apenas nas informações disponibilizadas Poder Público pelos débitos inadimplidos pela empregadora,
no sítio daquela Corte na internet, pois a decisão ainda aguarda a segundo o STF. A propósito, para a Corte Máxima, tendo sido a
terceirização resultado de processo licitatório, não há que se falar precedente, dando-lhe redação que refletisse o posicionamento dos
em culpa in eligendo. Também não há que se falar, em tais casos Ministros do STF. V - Compulsando o verbete, percebe-se, sem
jurisprudência advinda da Corte Máxima. Porém, naturalmente, se Administração Pública tem por pressuposto a comprovação da sua
houver clara, inquestionável culpa da entidade estatal tomadora de conduta culposa ao se demitir do dever de fiscalizar o cumprimento
serviços quanto à fiscalização da conduta da empresa terceirizada das obrigações trabalhistas da empresa prestadora de serviços. VI -
relativamente ao cumprimento de suas obrigações trabalhistas, Em outras palavras, impõe-se extrair da decisão do Regional
incidirá a responsabilidade subsidiária, por força de outros preceitos elementos de prova de que a Administração Pública observou ou
legais, além do art. 71, caput e § 1º, da Lei de Licitações. Havendo não o dever de fiscalização dos direitos trabalhistas devidos aos
manifesta ou demonstrada culpa in vigilando, incidem preceitos empregados da empresa prestadora de serviços, uma vez que o
responsabilizatórios concorrentes, tais como os artigos 58, III, 67, seu chamamento à responsabilização subsidiária repousa na sua
caput e §1º, da Lei 8.666/93 e os artigos 186 e 927, do Código Civil. responsabilidade subjetiva e não objetiva. VII - Mediante exame do
Nesse contexto, o STF, ao julgar com repercussão geral o RE nº acórdão recorrido, verifica-se que o Colegiado de origem fora
760.931, confirmou a tese já explicitada na anterior ADC nº 16-DF, incisivo e minudente ao extrair do contexto factual a
no sentido de que a responsabilidade da Administração Pública não responsabilidade subsidiária do agravante. VIII - O acórdão
pode ser automática, cabendo a sua condenação apenas se houver recorrido, com riqueza de detalhes probatórios em torno da culpa in
prova inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na vigilando do agravante, por ter se demitido do dever de fiscalizar o
fiscalização dos contratos, bem como atribuiu o ônus de provar o cumprimento das obrigações trabalhistas da empresa prestadora de
descumprimento desse dever legal ao trabalhador. Assim, em que serviços, premissa, aliás, insuscetível de modificação no TST, a teor
pese a decisão do RE nº 760.931 atribua ao trabalhador o ônus da Súmula 126, guarda absoluta sintonia com entendimento contido
processual, no caso dos autos, enfatize-se que houve a conduta na Reclamação nº 23151/DF - Distrito Federal, em que fora Relator
omissiva do Estado Recorrente no tocante ao pagamento das o Ministro Luiz Fux, cuja decisão foi publicada no DJe de 3/3/2016.
faturas do contrato de prestação de serviços, sendo condição mais IX - Sobrevém, assim, a certeza de o Regional ter-se valido do
grave que a simples ausência do dever de fiscalização pelo ente princípio da persuasão racional do artigo 131 do CPC de 73, no qual
público, o que autoriza sua responsabilização subsidiária. Agravo de se acha subentendido o princípio da despersonalização da prova
instrumento desprovido.' (AIRR - 1443-14.2015.5.06.0019, Data de oral, consagrado, a propósito, no artigo 371 do CPC de 2015, para
Julgamento: 09/08/2017, Relator Ministro: Mauricio Godinho extrair a culpa in vigilando do agravante, nos termos da ADC
Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/08/2017) 16/2010. X - Desse modo, cai por terra a arguição de infringência
'RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DA ADMINISTRAÇÃO aos artigos 818 da CLT e 333, I, do CPC de 73, pois o Regional não
PÚBLICA. CULPA IN VIGILANDO CARACTERIZADA. I - Para dirimira a controvérsia pelo critério do ônus subjetivo da prova. XI -
equacionar a controvérsia em torno da existência ou inexistência de Por outro lado, não se vislumbra ofensa literal e direta ao artigo 71,
responsabilidade subsidiária da Administração Pública pelas § 1º, da Lei 8.666/93, pois a decisão impugnada encontra-se, ao fim
obrigações trabalhistas não honradas pela empresa prestadora de e ao cabo, em consonância com a Súmula 331, item V, do TST,
serviço é imprescindível trazer a lume a decisão proferida pelo STF erigida em requisito negativo de admissibilidade do recurso revista.
na ADC 16/2007. II - Nela, apesar de ter sido reconhecida a XII - A divergência jurisprudencial, a seu turno, não se credencia à
constitucionalidade do artigo 71, § 1º, da Lei 8.666/93, os eminentes cognição do TST, não só por se reportar a arestos que não
Ministros daquela Corte permitiram-se alertar os tribunais do guardam similitude factual com a decisão recorrida, mas, sobretudo,
trabalho para não generalizar as hipóteses de responsabilização por estarem superados no caso concreto. XIII - Com isso, avulta a
subsidiária da Administração Pública. III - Na ocasião, traçaram convicção de que o recurso de revista efetivamente não lograva
inclusive regra de conduta a ser observada pelos tribunais do processamento, quer à guisa de violação legal ou constitucional,
trabalho, de se proceder, com mais rigor, à investigação se a quer por dissenso pretoriano, na esteira do artigo 896, § 7º, da CLT
inadimplência da empresa contratada por meio de licitação pública e da Súmula nº 333/TST. XIV - Agravo de instrumento a que se
teve como causa principal a falha ou a falta de fiscalização pelo nega provimento.' (AIRR - 10235-65.2014.5.03.0086, Data de
órgão público contratante. IV - A partir dessa quase admoestação Julgamento: 19/04/2017, Relator Ministro: Antonio José de Barros
da Suprema Corte, o Tribunal Superior do Trabalho houve por bem Levenhagen, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/04/2017)
transferir a redação do item IV da Súmula 331 para o item V desse A tal modo, inviável a prossecução do feito, nos termosdas
Súmulas nºs 126, 297e 333 do TST e do artigo 896, § 7º, da CLT. Assessor
Processo Nº ROT-0000620-39.2019.5.10.0811
Responsabilidade Solidária / Subsidiária/Tomador de Serviços / Relator CILENE FERREIRA AMARO SANTOS
Terceirização/Ente Público/Abrangência da Condenação. RECORRENTE MUNICIPIO DE XAMBIOA
ADVOGADO RICARDO FRANCISCO RIBEIRO DE
Alegação(ões): DEUS(OAB: 45463/GO)
- violação do(s) artigo 5º, caput;artigo 5º, inciso II;artigo 5º, inciso RECORRIDO MARCOS DIVINO DOS SANTOS
ALVES
LV;artigo 5º, inciso XLVI;artigo 37;artigo 100, da Constituição ADVOGADO FRANCISCO CHAGAS FERNANDES
ARAUJO(OAB: 6358/TO)
Federal.
RECORRIDO LC DA LUZ CONSTRUCAO, LIMPEZA
- violação do(s) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 613, E LOCACAO LTDA - ME
CUSTOS LEGIS Ministério Público do Trabalho
inciso VIII.
Alegação(ões):
Especial, do TST, nº 7.
- violação do(s) artigo 5º, caput;artigo 5º, inciso II;artigo 5º, inciso
- divergência jurisprudencial.
Publique-se.
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
- violação da (o)§1º do artigo 71 da Lei nº 8666/1991. ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência
No particular, a egr. Turma manteve a r. sentença quecondenou o de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia
segundo reclamado como responsável subsidiário pelo eletrônica, em que houver sido publicada a decisão divergente, ou
adimplemento das verbas trabalhistas, inclusive multas e honorários ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com
arts. 58, III e 67 da Lei 8.666/1993 impõe à Administração Pública o O apelo não preenche o requisito do inciso I. A omissão quanto aos
dever de fiscalizar a execução do contrato, logo, o ônus de trechos do acórdão impugnado ou a mera transcrição, de forma
comprovar que efetivamente cumpriu essa obrigação é da tomadora integral, no início do recurso e sem a indicação precisa do trecho
dos serviços, nos exatos termos dos arts. 818, II, da CLT e 373, II, objeto da insurgência, bem como a evidente lacuna quanto à
do CPC. Como se vê, não se trata de inversão de ônus de prova, demonstração analítica dos motivos pelos quais cada disposição
mas de atribuir à Administração Pública o ônus de comprovar os legal ou jurisprudência reiterada e ementada teria sido motivo de
fatos impeditivos e extintivos do direito pleiteado pela parte autora. afronta pela decisão recorrida, revelam desconsideração às
A recorrente, em seu recurso de revista,deduzque 'sea contratante disposições legais acima declinadas.
é pessoa jurídica de direito público e contrata empresa mediante Além disso, a parte não procedeu ao cotejo analítico entre os
processo licitatório, em estrita observância ao artigo 37, XXI da fundamentos do v. acórdão recorrido e a divergência jurisprudencial
Constituição Federal e legislação pertinente (contratação de obras, apontada. Com efeito, cingiu-se a transcrever arestos paradigmas,
serviços, compras e alienações) não há razão para a sem, contudo, expor as razões do pedido de reforma, nem apontar
responsabilização subsidiária da Administração Pública, mormente nenhum fundamento jurídico a respeito da questão, além de não
se os serviços contratados constituírem partes integrantes da sua esclarecer em que medida a d. decisão Colegiada teria divergido
fé, fez os pagamentos dos direitos rescisórios dos trabalhadores de Ao assim proceder, a parte deixou de observar o disposto no art.
acordo com as informações e TRCT's enviados pela empresa, 896, § 1.º-A, II, III, e § 8.º, da CLT, o que obsta o conhecimento do
Registre-se que o recurso de revista em exame está submetido à Nesse sentido, é a iterativa e atual jurisprudência do col. TST:
Lei nº 13.015/2014, que dá nova redação ao artigo 896 da CLT. [[...] Recursos baseados em meros apontamentos de dispositivos
Nesse contexto, a referida Lei acresceu a a esse dispositivo, dentre tidos como violados ou na mera transcrição de arestos paradigmas,
outros, o § 1.º-A, que, em seus incisos I a III, e § 8.º, determinam sem a indicação, ponto a ponto, do trecho da decisão recorrida que
novas exigências de cunho formal para a interposição do recurso de a Parte entende ser ofensivo à ordem legal ou divergente de outro
Referidos preceitos possuem a seguinte redação: § 1º-A, da CLT, é impor ao recorrente objetividade, de modo a
§ 1.º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: indicar assertivamente as teses adotadas pelo Tribunal Regional e
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o por quais razões o acórdão estaria em desacordo normativo ou
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; jurisprudencial. Este Colegiado tem interpretado a norma de acordo
II - indicar, de forma explícita e fundamentada , contrariedade a com a sua finalidade, qual seja, a de tornar a análise dos recursos
dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal de competência deste Tribunal Superior mais objetiva, célere e
Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; precisa, eliminando a antiga prática de se interpor o recurso com
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os alegações genéricas e abstratas, sem o cotejo com a decisão
fundamentos jurídicos da decisão recorrida , inclusive mediante proferida pela Corte a quo . Nesse sentido, incumbia ao recorrente
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição indicar a parte específica dessa decisão em que se encontrava a
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade tese jurídica combatida (art. 896, § 1.º-A, I), realizando o confronto
aponte. com os dispositivos legais apontados (art. 896, § 1.º-A, II e III) e/ou
merece prosperar, portanto, agravo de instrumento que visa a prequestionamento da tese que pretende debater; logo, trata-se de
destrancar recurso de revista que não preenche os pressupostos transcrição genérica que não atende ao aludido requisito. Do
formais de admissibilidade. (AIRR-1602-33.2016.5.10.0011, mesmo modo, não logrou atender à exigência contida no art. 896, §
Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT: 1º-A, III, da CLT. Isso porque não há nas razões recursais cotejo
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE decisão impugnada ofendeu especificamente a literalidade dos
REVISTA. DIFERENÇAS DE ADICIONAL NOTURNO. RECURSO dispositivos indicados . Agravo de instrumento de que se conhece e
DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AOS REQUISITOS DISPOSTOS a que se nega provimento. (AIRR- 21233-71.2015.5.04.0008,
NO ARTIGO 896, §§ 1º-A, INCISO III, E 8º, DA CLT. AUSÊNCIA DE Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro
merece provimento o agravo que não desconstitui os fundamentos RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. INDICAÇÃO DO INTEIRO
da decisão monocrática, pela qual foi denegado seguimento ao TEOR DO ACÓRDÃO REGIONAL DISSOCIADO DAS RAZÕES DE
agravo de instrumento em face da ausência de preenchimento dos REFORMA. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS
requisitos previstos no artigo 896, §§ 1º-A e 8º, da CLT. Verifica-se, ELENCADOS NO ARTIGO 896, § 1.º-A, I E III, E § 8.º DA CLT. A
da análise das razões do recurso de revista, que a parte, de fato, indicação do inteiro teor do acórdão regional no início do Recurso
não cuidou em demonstrar, analiticamente, a ofensa aos de Revista, totalmente dissociada das razões de reforma, não
dispositivos por ela indicados, como ordena o art. 896, § 1º-A, inciso atende às determinações da Lei n.º 13.015/2014 . Apesar de
III, da CLT, tampouco procedeu à indicação circunstancial da parecer, num primeiro momento, que foram cumpridas as
divergência jurisprudencial na forma ordenada no § 8º do determinações do inciso I do § 1.º-A do artigo 896 da CLT, o fato é
mencionado artigo, de forma que as exigências processuais que o Recorrente não só não demonstra o prequestionamento da
contidas nos referidos dispositivos, na hipótese, assim como controvérsia como também não obedece à determinação do inciso
consignado na decisão agravada, não foram satisfeitas. (Ag-AIRR- III do referido dispositivo legal, desse modo não houve delimitação
11346-55.2017.5.15.0083, Relator Ministro Jose Roberto Freire da tese jurídica e, por conseguinte, a demonstração analítica do
Pimenta, 2ª Turma, DEJT 28/08/2020). dispositivo de lei supostamente ofendido e do fundamento jurídico
AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM adotado pelo Regional. O § 8.º, parte final, do art. 896, da CLT, é
RECURSO DE REVISTA. NÃO OBSERVÂNCIA DO REQUISITO claro ao dispor que o Recorrente deverá mencionar, 'em qualquer
DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 896, § 1.º-A, DA CLT. A despeito caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
das razões expostas pela agravante, deve ser mantida a decisão confrontados'. Logo, não basta para que seja conhecido o Apelo por
pela qual foi negado seguimento ao Agravo de Instrumento, pois divergência jurisprudencial unicamente a transcrição do aresto,
não observados os requisitos elencados no art. 896, § 1.º-A, da sendo necessário, repise-se, que a parte recorrente especifique o
CLT. Dentre os pressupostos intrínsecos de admissibilidade do cenário que iguale ou aproxime os casos analisados . Agravo de
Recurso de Revista, acrescidos pela Lei n.º 13.015/2014, consta a Instrumento conhecido e não provido. (AIRR-831-
exigência de que o recorrente faça o cotejo analítico entre o trecho 09.2016.5.08.0206, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, 4.ª
da decisão recorrida que abarca a tese jurídica impugnada e as Turma, DEJT 23/3/2018)
afrontas legais e/ou constitucionais ou dissenso de teses indicados 'RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI
(art. 896, § 1.º-A, III, da CLT). Uma vez não observado o comando 13015/2014. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
legal, o Recurso não deve ser admitido. Agravo conhecido e não PRESCRIÇÃO BIENAL. INDICAÇÃO DE VIOLAÇÃO A
José Dezena da Silva, 1ª Turma, DEJT 16/08/2019) JURISPRUDENCIAL SEM DEFINIÇÃO DO TRECHO DA DECISÃO
ART. 896, § 1º-A, I E III, DA CLT. A parte recorrente não atende ao descuidou de cumprir requisito essencial a viabilizar a apreciação
requisito descrito no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, na medida em que do recurso de revista. A ausência de indicação do trecho da v.
efetua apenas a transcrição integral da decisão recorrida, sem decisão que consubstancia o prequestionamento da matéria e o
qualquer destaque dos trechos que consubstanciam o confronto analítico entre a tese recorrida e a violação constitucional
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Brasília-DF, 13 de Outubro de 2020.
Tempestivo o recurso (publicação em 31/08/2020 - fls. ; recurso
BRASILINO SANTOS RAMOS
apresentado em 23/09/2020 - fls. ).
Desembargador do Trabalho
Regular a representação processual (fls. 109).
Brasília-DF, 13 de outubro de 2020.
Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
CESAR DA SILVA AGUIAR
Responsabilidade Solidária / Subsidiária/Tomador de Serviços /
Assessor
Terceirização/Ente Público.
Notificação
Alegação(ões):
dos serviços, nos exatos termos dos arts. 818, II, da CLT e 373, II,
se os serviços contratados constituírem partes integrantes da sua esclarecer em que medida a d. decisão Colegiada teria divergido
fé, fez os pagamentos dos direitos rescisórios dos trabalhadores de Ao assim proceder, a parte deixou de observar o disposto no art.
acordo com as informações e TRCT's enviados pela empresa, 896, § 1.º-A, II, III, e § 8.º, da CLT, o que obsta o conhecimento do
Registre-se que o recurso de revista em exame está submetido à Nesse sentido, é a iterativa e atual jurisprudência do col. TST:
Lei nº 13.015/2014, que dá nova redação ao artigo 896 da CLT. [[...] Recursos baseados em meros apontamentos de dispositivos
Nesse contexto, a referida Lei acresceu a a esse dispositivo, dentre tidos como violados ou na mera transcrição de arestos paradigmas,
outros, o § 1.º-A, que, em seus incisos I a III, e § 8.º, determinam sem a indicação, ponto a ponto, do trecho da decisão recorrida que
novas exigências de cunho formal para a interposição do recurso de a Parte entende ser ofensivo à ordem legal ou divergente de outro
Referidos preceitos possuem a seguinte redação: § 1º-A, da CLT, é impor ao recorrente objetividade, de modo a
§ 1.º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: indicar assertivamente as teses adotadas pelo Tribunal Regional e
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o por quais razões o acórdão estaria em desacordo normativo ou
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; jurisprudencial. Este Colegiado tem interpretado a norma de acordo
II - indicar, de forma explícita e fundamentada , contrariedade a com a sua finalidade, qual seja, a de tornar a análise dos recursos
dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal de competência deste Tribunal Superior mais objetiva, célere e
Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; precisa, eliminando a antiga prática de se interpor o recurso com
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os alegações genéricas e abstratas, sem o cotejo com a decisão
fundamentos jurídicos da decisão recorrida , inclusive mediante proferida pela Corte a quo . Nesse sentido, incumbia ao recorrente
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição indicar a parte específica dessa decisão em que se encontrava a
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade tese jurídica combatida (art. 896, § 1.º-A, I), realizando o confronto
aponte. com os dispositivos legais apontados (art. 896, § 1.º-A, II e III) e/ou
§ 8º. Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe merece prosperar, portanto, agravo de instrumento que visa a
ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência destrancar recurso de revista que não preenche os pressupostos
de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, 2ª Turma, DEJT:
ainda pela reprodução de julgado disponível na internet, com AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as REVISTA. DIFERENÇAS DE ADICIONAL NOTURNO. RECURSO
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AOS REQUISITOS DISPOSTOS
O apelo não preenche o requisito do inciso I. A omissão quanto aos IMPUGNAÇÃO ANALÍTICA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO
trechos do acórdão impugnado ou a mera transcrição, de forma CIRCUNSTANCIAL DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não
integral, no início do recurso e sem a indicação precisa do trecho merece provimento o agravo que não desconstitui os fundamentos
objeto da insurgência, bem como a evidente lacuna quanto à da decisão monocrática, pela qual foi denegado seguimento ao
demonstração analítica dos motivos pelos quais cada disposição agravo de instrumento em face da ausência de preenchimento dos
legal ou jurisprudência reiterada e ementada teria sido motivo de requisitos previstos no artigo 896, §§ 1º-A e 8º, da CLT. Verifica-se,
afronta pela decisão recorrida, revelam desconsideração às da análise das razões do recurso de revista, que a parte, de fato,
disposições legais acima declinadas. não cuidou em demonstrar, analiticamente, a ofensa aos
Além disso, a parte não procedeu ao cotejo analítico entre os dispositivos por ela indicados, como ordena o art. 896, § 1º-A, inciso
fundamentos do v. acórdão recorrido e a divergência jurisprudencial III, da CLT, tampouco procedeu à indicação circunstancial da
apontada. Com efeito, cingiu-se a transcrever arestos paradigmas, divergência jurisprudencial na forma ordenada no § 8º do
sem, contudo, expor as razões do pedido de reforma, nem apontar mencionado artigo, de forma que as exigências processuais
nenhum fundamento jurídico a respeito da questão, além de não contidas nos referidos dispositivos, na hipótese, assim como
consignado na decisão agravada, não foram satisfeitas. (Ag-AIRR- III do referido dispositivo legal, desse modo não houve delimitação
11346-55.2017.5.15.0083, Relator Ministro Jose Roberto Freire da tese jurídica e, por conseguinte, a demonstração analítica do
Pimenta, 2ª Turma, DEJT 28/08/2020). dispositivo de lei supostamente ofendido e do fundamento jurídico
AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM adotado pelo Regional. O § 8.º, parte final, do art. 896, da CLT, é
RECURSO DE REVISTA. NÃO OBSERVÂNCIA DO REQUISITO claro ao dispor que o Recorrente deverá mencionar, 'em qualquer
DE ADMISSIBILIDADE DO ART. 896, § 1.º-A, DA CLT. A despeito caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
das razões expostas pela agravante, deve ser mantida a decisão confrontados'. Logo, não basta para que seja conhecido o Apelo por
pela qual foi negado seguimento ao Agravo de Instrumento, pois divergência jurisprudencial unicamente a transcrição do aresto,
não observados os requisitos elencados no art. 896, § 1.º-A, da sendo necessário, repise-se, que a parte recorrente especifique o
CLT. Dentre os pressupostos intrínsecos de admissibilidade do cenário que iguale ou aproxime os casos analisados . Agravo de
Recurso de Revista, acrescidos pela Lei n.º 13.015/2014, consta a Instrumento conhecido e não provido. (AIRR-831-
exigência de que o recorrente faça o cotejo analítico entre o trecho 09.2016.5.08.0206, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, 4.ª
da decisão recorrida que abarca a tese jurídica impugnada e as Turma, DEJT 23/3/2018)
afrontas legais e/ou constitucionais ou dissenso de teses indicados 'RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI
(art. 896, § 1.º-A, III, da CLT). Uma vez não observado o comando 13015/2014. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
legal, o Recurso não deve ser admitido. Agravo conhecido e não PRESCRIÇÃO BIENAL. INDICAÇÃO DE VIOLAÇÃO A
José Dezena da Silva, 1ª Turma, DEJT 16/08/2019) JURISPRUDENCIAL SEM DEFINIÇÃO DO TRECHO DA DECISÃO
ART. 896, § 1º-A, I E III, DA CLT. A parte recorrente não atende ao descuidou de cumprir requisito essencial a viabilizar a apreciação
requisito descrito no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, na medida em que do recurso de revista. A ausência de indicação do trecho da v.
efetua apenas a transcrição integral da decisão recorrida, sem decisão que consubstancia o prequestionamento da matéria e o
qualquer destaque dos trechos que consubstanciam o confronto analítico entre a tese recorrida e a violação constitucional
prequestionamento da tese que pretende debater; logo, trata-se de e mesmo o conflito jurisprudencial indicado inviabiliza o
transcrição genérica que não atende ao aludido requisito. Do conhecimento do recurso de revista, nos termos do §1º-A, I e III, do
mesmo modo, não logrou atender à exigência contida no art. 896, § art. 896 da CLT. Ressalte-se que a alteração legislativa contida na
1º-A, III, da CLT. Isso porque não há nas razões recursais cotejo norma traduz a obrigação das partes levar ao Tribunal Superior a
analítico por meio do qual o recorrente tenha demonstrado que a matéria recursal de modo a viabilizar o reconhecimento da tese
decisão impugnada ofendeu especificamente a literalidade dos jurídica que se pretende colocar em debate, com o devido confronto
dispositivos indicados . Agravo de instrumento de que se conhece e analítico, demonstrando os requisitos do art. 896 da CLT, com o fim
a que se nega provimento. (AIRR- 21233-71.2015.5.04.0008, maior de racionalizar e efetivar a jurisdição. Recurso de revista não
Relatora Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro conhecido.' (RR-2007-71.2013.5.05.0251, Relator Ministro: Aloysio
Santos, 6.ª Turma, DEJT 16/8/2019) Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 04/05/2015)
REFORMA. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.
parecer, num primeiro momento, que foram cumpridas as BRASILINO SANTOS RAMOS
Portaria
Art. 1º Designar a Juíza do Trabalho Titular NAIANA CARAPEBA
PORTARIA DA CORREGEDORIA Nº 65/2020, NERY DE OLIVEIRA e a Juíza do Trabalho Substituta FRANCISCA
DE 14 DE OUTUBRO DE 2020 BRENNA VIEIRA NEPOMUCENO para atuarem como Gestoras da
O CORREGEDOR REGIONAL DA JUSTIÇA DO TRABALHO DA Execução Trabalhista no âmbito doTribunal Regional do Trabalho
DÉCIMA REGIÃO, no exercício de suas atribuições legais e da 10.ª Região, na condição de titular e suplente, respectivamente.
regimentais, Parágrafo único. As funções em referência serão exercidas sem
considerando as férias da Juíza Titular da 2ª Vara do Trabalho de prejuízo das atribuições relativas ao exercício dos cargos.
Taguatinga/DF em período parcialmente concomitante com
afastamento do respectivo Juiz Auxiliar; Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação,
considerando a indisponibilidade de Juiz sem vinculação para o ficando revogada a Portaria da Presidência nº 13, de 10 de junho de
período pertinente e 2019.
considerando não ser razoável a vacância de Juízo,
publicação regular, ciente o magistrado designado. O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, na 3ª
DESEMBARGADOR ALEXANDRE NERY DE OLIVEIRA Sessão Plenária Extraordinária Administrativa, realizada no dia 13
CONSIDERANDO a orientação no sentido de que cada Tribunal do Trabalho, Procuradora GENY HELENA FERNANDES
Regional deva normatizar o modo de retorno gradual ao trabalho BARROSO MARQUES; ausentes os Desembargadores ELAINE
presencial, conforme Ofício-Circular CSJT.GP.SG-26/2020, de 14 MACHADO VASCONCELOS, em licença médica, e PEDRO LUÍS
de julho de 2020, encaminhado pela Exma. Sra. Ministra Maria VICENTIN FOLTRAN e CILENE FERREIRA AMARO SANTOS,
CONSIDERANDO o relatório do Grupo de Trabalho instituído pela junho de 2020, que define critérios gerais para a retomada gradual
Portaria da Presidência nº 12/2020, de 17 de abril de 2020, para dos serviços presenciais no âmbito do Poder Judiciário, observadas
elaboração de estudos para o retorno do trabalho presencial no as ações necessárias à prevenção de contágio pelo coronavírus
covid-19, apresentado nos autos do Processo SEI-0003514- CONSIDERANDO a orientação no sentido de que cada Tribunal
DECIDIU, por unanimidade, com ressalvas do Desembargador presencial, conforme Ofício-Circular CSJT.GP.SG-26/2020, de 14
Ricardo Alencar Machado, apreciando o contido no PA-SEI de julho de 2020, encaminhado pela Exma. Sra. Ministra Maria
0008733-12.2020.5.10.8000 - MA 109/2020, aprovar a indicação da Cristina Irigoyen Peduzzi, Presidente do Conselho Superior da
etapa inicial da retomada gradual dos trabalhos presenciais na CONSIDERANDO o relatório do Grupo de Trabalho instituído pela
Vara do Trabalho de Dianópolis/TO, na forma proposta pela Portaria da Presidência nº 12/2020, de 17 de abril de 2020, para
Administração, baixando a Resolução Administrativa n.º 37/2020 – elaboração de estudos para o retorno do trabalho presencial no
"Art. 1.º Fica autorizado o início das Atividades da Primeira Etapa covid-19, apresentado nos autos do Processo SEI-0003514-
partir do dia 19 de outubro de 2020, nos termos da Resolução DECIDIU, por unanimidade, com ressalvas do Desembargador
Art. 2.º Fica vedado o atendimento presencial ao público em geral, 0008863-02.2020.5.10.8000 - MA 113/2020, aprovar a indicação da
nos termos do art. 9.º Inciso IV, da RA 34/2020. data de 19 de outubro de 2020 (segunda-feira) como marco da
Art. 3.º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação." etapa inicial da retomada gradual dos trabalhos presenciais no Foro
Brasília, 13 de outubro de 2020. (DATA DA APROVAÇÃO). Trabalhista de Palmas/TO, na forma proposta pela Administração,
BRASILINO SANTOS RAMOS "Art. 1.º Fica autorizado o início das Atividades da Primeira Etapa
Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região do Trabalho Presencial no Foro Trabalhista de Palmas/TO a partir
O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, na 3ª Art. 2.º Fica vedado o atendimento presencial ao público em geral,
Sessão Plenária Extraordinária Administrativa, realizada no dia 13 nos termos do art. 9.º Inciso IV, da RA 34/2020.
de outubro de 2020, às 15h30min, na forma telepresencial, sob a Art. 3.º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação."
Presidência do Desembargador BRASILINO SANTOS RAMOS, Brasília, 13 de outubro de 2020. (DATA DA APROVAÇÃO).
OLIVEIRA – Vice-Presidente, JOÃO AMÍLCAR PAVAN, FLÁVIA Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região
mesmo em período de férias, MARIA REGINA MACHADO O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, na 3ª
GUIMARÃES, RIBAMAR LIMA JÚNIOR, JOSÉ LEONE Sessão Plenária Extraordinária Administrativa, realizada no dia 13
CORDEIRO LEITE, DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO, ELKE de outubro de 2020, às 15h30min, na forma telepresencial, sob a
DORIS JUST, GRIJALBO FERNANDES COUTINHO e JOÃO LUIS Presidência do Desembargador BRASILINO SANTOS RAMOS,
SIMÕES FALCÃO, MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON, Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região
GUIMARÃES, RIBAMAR LIMA JÚNIOR, JOSÉ LEONE O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Décima Região, na 3ª
CORDEIRO LEITE, DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO, ELKE Sessão Plenária Extraordinária Administrativa, realizada no dia 13
DORIS JUST, GRIJALBO FERNANDES COUTINHO e JOÃO LUIS de outubro de 2020, às 15h30min, na forma telepresencial, sob a
ROCHA SAMPAIO; e a representante da d. Procuradoria Regional Presidência do Desembargador BRASILINO SANTOS RAMOS,
BARROSO MARQUES; ausentes os Desembargadores ELAINE OLIVEIRA – Vice-Presidente, JOÃO AMÍLCAR PAVAN, FLÁVIA
MACHADO VASCONCELOS, em licença médica, e PEDRO LUÍS SIMÕES FALCÃO, MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON,
VICENTIN FOLTRAN e CILENE FERREIRA AMARO SANTOS, RICARDO ALENCAR MACHADO, ANDRÉ R. P. V. DAMASCENO,
CONSIDERANDO o contido na Resolução CNJ-322/2020, de 1º de GUIMARÃES, RIBAMAR LIMA JÚNIOR, JOSÉ LEONE
junho de 2020, que define critérios gerais para a retomada gradual CORDEIRO LEITE, DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO, ELKE
dos serviços presenciais no âmbito do Poder Judiciário, observadas DORIS JUST, GRIJALBO FERNANDES COUTINHO e JOÃO LUIS
as ações necessárias à prevenção de contágio pelo coronavírus ROCHA SAMPAIO; e a representante da d. Procuradoria Regional
CONSIDERANDO a orientação no sentido de que cada Tribunal BARROSO MARQUES; ausentes os Desembargadores ELAINE
Regional deva normatizar o modo de retorno gradual ao trabalho MACHADO VASCONCELOS, em licença médica, e PEDRO LUÍS
presencial, conforme Ofício-Circular CSJT.GP.SG-26/2020, de 14 VICENTIN FOLTRAN e CILENE FERREIRA AMARO SANTOS,
de julho de 2020, encaminhado pela Exma. Sra. Ministra Maria ambos em período de férias,
Cristina Irigoyen Peduzzi, Presidente do Conselho Superior da CONSIDERANDO o contido na Resolução CNJ-322/2020, de 1º de
Justiça do Trabalho; e junho de 2020, que define critérios gerais para a retomada gradual
CONSIDERANDO o relatório do Grupo de Trabalho instituído pela dos serviços presenciais no âmbito do Poder Judiciário, observadas
Portaria da Presidência nº 12/2020, de 17 de abril de 2020, para as ações necessárias à prevenção de contágio pelo coronavírus
âmbito do Tribunal, após a quarentena em razão da pandemia da CONSIDERANDO a orientação no sentido de que cada Tribunal
covid-19, apresentado nos autos do Processo SEI-0003514- Regional deva normatizar o modo de retorno gradual ao trabalho
DECIDIU, por unanimidade, com ressalvas do Desembargador de julho de 2020, encaminhado pela Exma. Sra. Ministra Maria
Ricardo Alencar Machado, apreciando o contido no PA-SEI Cristina Irigoyen Peduzzi, Presidente do Conselho Superior da
data de 19 de outubro de 2020 (segunda-feira) como marco da CONSIDERANDO o relatório do Grupo de Trabalho instituído pela
etapa inicial da retomada gradual dos trabalhos presenciais no Foro Portaria da Presidência nº 12/2020, de 17 de abril de 2020, para
Trabalhista de Araguaína/TO, na forma proposta pela elaboração de estudos para o retorno do trabalho presencial no
Administração, baixando a Resolução Administrativa n.º 39/2020 âmbito do Tribunal, após a quarentena em razão da pandemia da
"Art. 1.º Fica autorizado o início das Atividades da Primeira Etapa 18.2020.5.10.8000,
do Trabalho Presencial no Foro Trabalhista de Araguaína/TO a DECIDIU, por unanimidade, com ressalvas do Desembargador
partir do dia 19 de outubro de 2020, nos termos da Resolução Ricardo Alencar Machado, apreciando o contido no PA-SEI -
Art. 2.º Fica vedado o atendimento presencial ao público em geral, data de 19 de outubro de 2020 (segunda-feira) como marco da
nos termos do art. 9.º Inciso IV, da RA 34/2020. etapa inicial da retomada gradual dos trabalhos presenciais na
Art. 3.º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação." Vara do Trabalho de Gurupi/TO, na forma proposta pela
Administração, baixando a Resolução Administrativa n.º 40/2020 – âmbito do Tribunal, após a quarentena em razão da pandemia da
"Art. 1.º Fica autorizado o início das Atividades da Primeira Etapa 18.2020.5.10.8000,
do Trabalho Presencial na Vara do Trabalho de Gurupi/TO, a partir DECIDIU, por unanimidade, com ressalvas do Desembargador
do dia 19 de outubro de 2020, nos termos da Resolução Ricardo Alencar Machado, apreciando o contido no PA-SEI
Art. 2.º Fica vedado o atendimento presencial ao público em geral, data de 26 de outubro de 2020 (segunda-feira) como marco da
nos termos do art. 9.º Inciso IV, da RA 34/2020. etapa inicial da retomada gradual dos trabalhos presenciais nas
Art. 3.º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação." unidades do Distrito Federal, na forma proposta pela
Brasília, 13 de outubro de 2020. (DATA DA APROVAÇÃO). Administração, baixando a Resolução Administrativa n.º 41/2020 –
Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região "Art. 1.º Fica autorizado o início das Atividades da Primeira Etapa
Resolução Administrativa Nº 41/2020 outubro de 2020, nos termos da Resolução Administrativa n.º
Sessão Plenária Extraordinária Administrativa, realizada no dia 13 Art. 2.º Fica vedado o atendimento presencial ao público em geral,
de outubro de 2020, às 15h30min, na forma telepresencial, sob a nos termos do art. 9.º Inciso IV, da RA 34/2020.
Presidência do Desembargador BRASILINO SANTOS RAMOS, Art. 3.º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação."
SIMÕES FALCÃO, MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON, Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região
CORDEIRO LEITE, DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO, ELKE SECRETARIA DA 2ª SEÇÃO ESPECIALIZADA
DORIS JUST, GRIJALBO FERNANDES COUTINHO e JOÃO LUIS Ata
ROCHA SAMPAIO; e a representante da d. Procuradoria Regional Ata de Julgamento
do Trabalho, Procuradora GENY HELENA FERNANDES A 2.ª Seção EspecializadaAta da 2.ª Seção Especializada do
BARROSO MARQUES; ausentes os Desembargadores ELAINE egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 10.ª Região, na 13.ª
MACHADO VASCONCELOS, em licença médica, e PEDRO LUÍS Sessão Ordinária de Julgamentos, realizada em 22 de setembro de
VICENTIN FOLTRAN e CILENE FERREIRA AMARO SANTOS, 2020, às 14h, na forma da PORTARIA CONJUNTA N.º 2/2020, sob
CONSIDERANDO o contido na Resolução CNJ-322/2020, de 1º de com a participação dos Desembargadores ALEXANDRE NERY DE
junho de 2020, que define critérios gerais para a retomada gradual OLIVEIRA – Vice-Presidente, MÁRIO MACEDO FERNANDES
dos serviços presenciais no âmbito do Poder Judiciário, observadas CARON, RICARDO ALENCAR MACHADO, RIBAMAR LIMA
as ações necessárias à prevenção de contágio pelo coronavírus JÚNIOR, JOSÉ LEONE CORDEIRO LEITE, DORIVAL BORGES
CONSIDERANDO a orientação no sentido de que cada Tribunal Convocado DENILSON BANDEIRA COÊLHO; e a representante da
Regional deva normatizar o modo de retorno gradual ao trabalho Procuradoria Regional do Trabalho, Procuradora-Chefe VALESCA
de julho de 2020, encaminhado pela Exma. Sra. Ministra Maria SIMÕES FALCÃO, afastada de suas funções judicantes (Certidão
Cristina Irigoyen Peduzzi, Presidente do Conselho Superior da do Tribunal Pleno n.º 3/2020) e PEDRO LUÍS VICENTIN
CONSIDERANDO o relatório do Grupo de Trabalho instituído pela Secretariou a Sessão a senhora Rosimar Costa Palhano.
elaboração de estudos para o retorno do trabalho presencial no magistrados, o representante do Ministério Público do Trabalho, os
advogados, os servidores da Casa e demais presentes e declarou Judicial (EJUD-10). Não é necessária inscrição prévia. A EJUD10
aberta a Sessão. está com inscrições abertas até 23 de setembro para o curso a
Submetidas à apreciação, a Ata da 12.ª Sessão Ordinária distância “Lógica informal e argumentação jurídica”.Link para
Telepresencial, realizada em 8/9/2020, foi aprovada por inscrições disponível no portal da Escola Judicial. Sobre os
unanimidade, nos termos do art. 132, inciso II, do Regimento assuntos relevantes ao Tribunal ocorridos na semana, destacou: O
Interno e seguiu-se à publicação. ato de plantar, por si só, é bastante emblemático, porque diz muito
O Desembargador Presidente fez os seguintes registros: Felicitou sobre esperança no futuro. E foi exatamente esse sentimento que
os aniversariantes: (24/9) Juiz Marcos Alberto dos Reis,?(27/9) motivou o plantio de mudas de ipês e flamboyants na avenida
Juízes Aposentados Carlos Alberto Oliveira Senna?e Alexandre principal na qual está situada a Vara do Trabalho de Dianópolis, no
Isaac Borges,?(28/9) Desembargadora Cilene Ferreira Amaro Tocantins, na inauguração das novas instalações, em 2018.
Santos? e os Juízes Ricardo Machado Lourenço Filho?e Renato Naquela ocasião, a Justiça do Trabalho novamente “plantava” a
Vieira de Faria?. Sobre as comemorações da semana o sua missão de levar paz social à comunidade da região. Dois anos
Desembargador Presidente fez breves comentários sobre (21/9) Dia depois, o ipê amarelo surpreendeu magistrados e servidores com
Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, Dia da Árvore e Dia sua primeira florada, modesta, mas repleta de significado,
Internacional da Paz; (23/9) Dia Internacional das Línguas de Sinais principalmente, neste Dia da Árvore (21/9) em que Cerrado e
e Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Pantanal – importantes e ricos biomas brasileiros – vivenciam
Mulheres e Crianças; (26/9) Dia Nacional dos Surdos. Destacou os queimadas históricas. Criada em 2002 com a finalidade precípua
eventos: A EJUD10 promove nesta segunda-feira (21/9), às 17h30, de promover o pleno exercício dos direitos da pessoa com
pelo canal do YouTube, a live “Planejamento da retomada gradual deficiência na Décima Região, a Comissão Inclusão 10 é
das atividades presenciais do TRT10”. O evento contará com a responsável por propor, desde então, políticas de acessibilidade
presença do desembargador Brasilino Santos Ramos, presidente para eliminação de barreiras atitudinais, psicológicas, físicas e de
do Tribunal, e do desembargador Alexandre Nery de Oliveira, vice- comunicação. No Dia Nacional da Luta de Pessoa com Deficiência,
presidente e corregedor, que farão uma breve exposição da o grupo lembra algumas das mais recentes ações voltadas para
Portaria Conjunta n.º 5/2020, que regula os protocolos de essa temática e ainda anuncia alguns planos de iniciativas futuras.
segurança a saúde para a retomada gradual dos trabalhos Com muito pesar destacou suas condolências sobre os
presenciais no regional. A LIVE ficará disponível no Canal da falecimentos da senhora Eliete Coutinho dos Santos, mãe do
EDJUD10 no Youtube. A Semana da Memória na Justiça do servidor Márcio José Coutinho dos Santos, ocorrido no último dia
Trabalho será realizada nos dias 21 a 25 de setembro. O evento 16/9 e do servidor aposentado Antônio Gomes de Souza, ocorrido
anual está previsto no calendário do TST e tem o objetivo de no último dia 18/9, além do Senhor Arnaldo Souza Passos, pai da
lembrar acontecimentos marcantes ligados ao mundo do trabalho e servidora Graciela Maria Souza Passos Gonzaga, lotada na Vara
do direito. Em 2020, por conta da pandemia, a data será celebrada do Trabalho de Guaraí (TO), ocorrido na dia 21/9.
por meio de dois eventos: um seminário telepresencial e uma O DesembargadorPresidente, os demais Desembargadores e a
exposição virtual. Os links da programação e de inscrição estão representante do Ministério Público registraram suas impressões
disponíveis na Intranet. A programação tem início na sexta-feira pessoais e homenagens bem como aderiram aos registros
(25/9), das 17h às 18h30, com a Palestra Magna “Prevenção ao anteriormente feitos. ?
Nayara da Silva Figueiredo. Haverá, também, uma sessão de Relator: Desembargador MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON
perguntas aberta ao público. Na última segunda-feira do mês (28), Agravante/Impetrante: MARIA DO AMPARO FARIAS VAZ
o Painel “É preciso agir - diálogos e reflexões sobre a Covid-19 e a Advogados: MEILLIANE PINHEIRO VILAR LIMA, SARAH CECILIA
Saúde Mental no trabalho”, será realizado das 16h às 17h30. Os RAULINO COLY E OUTROS
palestrantes são Gustavo Carvalho de Oliveira, médico psiquiatra Agravada/Terceira Interessada: EMPRESA BRASILEIRA DE
Moreira Sampaio, neuropsicóloga do Instituto de Medicina e Autoridade Coatora: JUÍZO DA 15ª VARA DO TRABALHO DE
transmitidas em tempo real, pelo canal do YouTube da Escola A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o
nos termos do voto do Desembargador Relator. Sustentação oral: Relator: Desembargador MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON
Meilliane Vilar, OAB/DF 29614, pelo Agravante/Impetrante. Impetrante: EDUARDO BATISTA AMARAL
Relator: Juiz DENILSON BANDEIRA COELHO Advogado: DARLAN ALVES FERREIRA HONORIO
TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA - ME,EMPRESA relatório, admitir o mandado segurança e denegar a ordem, nos
BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES - EBSERH, JONAS termos do voto do Desembargador Relator. Custas no importe de
DA SILVA NASCIMENTO, SEBASTIANA ALINE FERREIRA DE R$20,00, calculadas sobre o valor dado à causa de R$1.000, a
A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, provar o Relator: Desembargador MÁRIO MACEDO FERNANDES CARON
relatório. Por maioria, admitir o "Writ" e, no mérito, também por Impetrante: ABILITY TECNOLOGIA E SERVICOS S/A
maioria, conceder a segurança para determinar que seja procedida Advogado: RODRIGO DE SOUZA ROSSANEZI
a reserva de crédito referente aos valores depositados pela Terceiro Interessado: SINDICATO DOS TRABALHADORES EM
posteriormente transferidos para os autos nº 0000948- Autoridade Coatora: JUÍZO DA 21ª VARA DO TRABALHO DE
perseguido na execução relativa ao autor EDILSON CACIANO DA A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o
COSTA (R$ 16.411,42), ressaltando que os valores retidos sejam relatório, admitir o mandado segurança e denegar a ordem, nos
depositados em conta judicial vinculado na ExProvAS 0000324- termos do voto do Desembargador Relator. Custas no importe de
17.2019.5.10.0811. Tudo nos termos do voto do Relator, com R$20,00, calculadas sobre o valor dado à causa de R$1.000, a
à causa, estando isenta na forma da lei. Dar ciência desta decisão 6) MSCiv 0000250-34.2020.5.10.0000
Relator: Desembargador ALEXANDRE NERY DE OLIVEIRA Terceiro Interessado: BARU RESTAURANTE LTDA - EPP
Impetrante: JOSÉ LUÍS SEVERINO DE ARAÚJO Autoridade Coatora: JUÍZO DA 15ª VARA DO TRABALHO DE
Terceiro Interessado: COMPANHIA DO METROPOLITANO DO pauta o processo a pedido do Juiz Convocado Relator.
da segurança postulada, nos termos do voto do Desembargador Advogado: GILBERTO AMADO DA SILVA.
RODRIGUES.
Advogados: ANA CAROLINE FARIAS GOMES E FABIO SILVA sociais e econômicos, sem assim descrever qualquer linha no
FERRAZ DOS PASSOS. sentido de medida obstativa a demissão coletiva, como no caso.
Autoridade Coatora: JUÍZO DA 3.ª VARA DO TRABALHO DE Igualmente não cabe invocar mera recomendação da OIT que, pelo
A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o em norma de eficácia plena, por dependente de medida própria
relatório, conhecer do agravo interno e, no mérito, negar-lhe pelo Estado-membro a observar a recomendação havida na
provimento, nos termos do voto do Relator. conformação de norma legal, enquanto isso não havendo
8) AG-MSCiv 0000441-79.2020.5.10.0000 como questão de ordem estatal. Não bastasse isso, sequer há em
Relator: Desembargador GRIJALBO FERNANDES COUTINHO recomendação da OIT disposição pertinente à interpretação
Agravante/Terceira Interessada: CHURRASCARIA FOGO DE alcançada pelo eminente Relator, com a devida vênia.
Advogado: MAURÍCIO DE SOUSA PESSOA econômicos, à luz da Constituição, não permite vislumbrar a
Agravada/Impetrante: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO interpretação havida para alcançar o efeito de estabilidade coletiva
Autoridade Coatora: JUÍZO DA 5.ª VARA DO TRABALHO DE de trabalhadores, sequer sob o manto de necessária intervenção
Apregoado o processo, declararam-se suspeitos os trabalhista ou sequer em norma coletiva pertinente à categoria
A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o de segurança, não emerge o direito líquido e certo exigido para a
relatório, conhecer do Agravo Interno e, no mérito, por maioria, dar- concessão da ordem obstativa pretendida pelo Ministério Público,
lhe provimento, nos termos do voto divergente do Desembargador emergindo razão ao agravo interno interposto pelo litisconsorte
Alexandre Nery de Oliveira, a saber: necessário, a empresa alcançada pela segurança deferida
"Com a devida vênia, para a segurança pretendida há que se liminarmente pelo Relator.
configurar manifesta afronta à legalidade para viabilizar o requisito Dou provimento ao agravo interno para cassar a liminar antes
Conquanto se possa considerar a gravidade de demissões em Vencidos o Desembargador Relator e o Desembargador Mário
massa, não há preceito legal a exigir participação sindical ou do Macedo Fernandes Caron.
Ministério Público, nem ainda situação de desqualificar as Sustentação oral: 1) Dr. Otávio Brito Lopes, OAB/SP 4893, pela
rescisões contratuais para restabelecer os vínculos rompidos, como Agravante/Terceira Interessada. 2) Dra. Valesca Moraes do Monte,
se houvesse estabilidade dos empregados assim demitidos. pelo Ministério Público do Trabalho.
da CLT que estabelece que “As dispensas imotivadas individuais, 9) MSCIV 0000466-92.2020.5.10.0000
plúrimas ou coletivas equiparam-se para todos os fins, não Relator: Desembargador GRIJALBO FERNANDES COUTINHO
havendo necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou Impetrante: FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM
de celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho EMPRESAS DE CORREIOS E TELÉGRAFOS E SIMILARES –
preceito legal referido, o que não se vislumbra. Terceiro Interessado: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E
invocação do Pacto de Costa Rica como inibidor à medida adotada, Autoridade Coatora: JUÍZO DA 11.ª VARA DO TRABALHO DE
recomendação aos Estados aderentes, sem estipular, por si A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o
própria, medida efetiva descrita que iniba a situação descrita no relatório, admitir o mandado de segurança e, no mérito, por
caso concreto, limitando-se a provocar os Estados aderentes à maioria, denegar a segurança pretendida para cassar a liminar
estipulação de medidas progressivas para a efetivação de direitos deferida nesta ação mandamental, nos termos do voto divergente
do Juiz Convocado Denilson Bandeira Coêlho, que redigirá o Advogados: TARSO GONÇALVES VIEIRA
Souza Neto, com ressalvas, e Mário Macedo Fernandes Caron. Advogados: CLARISSA PACHECO RAMOS E POLYANA
BRASÍLIA-DF.
Relator: Desembargador GRIJALBO FERNANDES COUTINHO Alexandre Nery de Oliveira.A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por
A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o Impetrante: EDSON SOARES DE SOUZA
relatório. Por maioria, não admitir o mandado de segurança nos Advogado: EDSON SOARES DE SOUZA
termos da divergência do Desembargador Alexandre Nery de Terceiro Interessado: JOAQUIM DAS GRAÇAS DE OLIVERIA
Oliveira, que redigirá o Acórdão. Vencidos o Desembargador Autoridade Coatora: JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE
Relator: Desembargador DORIVAL BORGES DE SOUZA NETO ordem pretendida, nos termos da fundamentação. Custas ao
Impetrante: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL impetrante os benefícios da justiça gratuita. Custas de R$176,43
Terceiro Interessado: MARLUCE DOS SANTOS ARAÚJO E UNIÃO (cento e setenta e seis reais e quarenta e três centavos) pelo
FEDERAL (AGU) - DF impetrante, fixadas com base no valor indicado na inicial, de cujo
Autoridade Coatora: JUÍZO DA 7.ª VARA DO TRABALHO DE recolhimento está isento. Intime-se o impetrante. Após o trânsito em
requerida, tornando definitiva a decisão liminar proferida nesta ação Relator: Juiz DENILSON BANDEIRA COELHO
para suspender a decisão de antecipação de tutela proferida na Impetrante: JÚLIO CÉSAR SOARES NICÉSIO
ação de alvará judicial 0000469-26.2020.5.10.000, com o Advogado: VICKI ARAÚJO PASSOS ARDILES
cancelamento do alvará expedido. Publicar este julgado para Terceiro Interessado: COMPANHIA DO METROPOLITANO DO
Trabalho, tudo nos termos do voto do Desembargador Relator. Autoridade Coatora: JUÍZO DA 16.ª VARA DO TRABALHO DE
todos os demais Desembargadores, sendo as do Desembargador A 2ª Seção Especializada DECIDIU, por unanimidade, aprovar o
Mário Macedo Fernandes Caron, de fundamentação. Custas relatório, admitir o "Writ" e, no mérito, conceder a segurança para
processuais pela União no valor de R$20,00, calculadas sobre determinar a revogação da decisão de fls. 22, no que determinou a
R$1.000,00, valor atribuído à causa, dispensado o pagamento, na "expedição de precatório, com o consequente envio dos autos à
LTDA. PA0017908
Advogados: BRUNO CRISTIAN SANTOS DE ABREU RECORRIDO: JOAO CLAUDIO SILVA DOS SANTOS
Embargada/Agravada/Terceira Interessada: SUMAIA ALVES ADVOGADO: ROBSON DA PENHA ALVES - OAB: DF0034647
Autoridade Coatora: JUÍZO DA 14.ª VARA DO TRABALHO DE ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA - DF
Brasília-DF, 13 de outubro de 2020. (Data da aprovação). 1. REVELIA. CONFISSÃO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS
BRASILINO SANTOS RAMOS por aplicação da revelia e confissão é relativa, isto é, admite prova
Desembargador Presidente do TRT da 10ª Região em contrário, desde que precedentemente coligida aos autos. À
Intimado(s)/Citado(s):
- JOAO CLAUDIO SILVA DOS SANTOS Dispensado, na forma do art. 852-I, da CLT.
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
II - V O T O
1ªTURMA/2020
1- ADMISSIBILIDADE
COUTINHO 2- MÉRITO
RECORRENTE: ROSILENE CARVALHO DA FONSECA - ME 2.1- RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. REVELIA.
CONFISSÃO FICTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS Ora, a confissão ficta, decorrente da revelia patronal, eleva a tese
FATOS ALEGADOS NA INICIAL. CONTRATO DE EXPERIÊNCIA. obreira ao patamar de verdade processual, sendo certo que os
PRORROGAÇÃO. VERBAS CONTRATUAIS E RESCISÓRIAS elementos acostados não elidem as alegações exordiais, ao
A instância de origem decretou a revelia e a confissão ficta da contrário, trazem uma dubiedade ainda maior à tese reclamada
reclamada, reconhecendo a rescisão antecipada do contrato de quanto à correção do contrato entabulado, o que reforça, isto sim, a
pleito e condenando a reclamada,por via de consequência, ao Dessa forma, inexistindo provas nos autos que contenham
pagamento de saldo de salário, indenização por rescisão elementos que atuem como limitadores da confissão patronal,
antecipada, verbas rescisórias, horas extraordinárias e honorários prevalece a condenação fixada na origem.
Inconformada, a recorrente sustenta que houve equívoco na Ante o exposto, mantenho a r. sentença, por seus próprios e
avaliação probatória realizada na origem. Busca a relativização dos jurídicos fundamentos, além daqueles ora aduzidos.
todos os salários devidos foram regularmente quitados, não Ante o exposto, conheço do recurso da reclamada e no mérito, nego
havendo pagamento "por fora" e, da mesma forma, verbas -lhe provimento, nos termos da fundamentação precedente.
Pois bem.
Saliento que a presunção de veracidade dos fatos alegados na Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Décima
inicial, por aplicação da revelia e confissão é relativa, isto é, admite Região, em dispensar o relatório, conhecer do recurso da
prova em contrário, desde que precedentemente coligida aos autos. reclamada e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto
À míngua de elementos que possam infirmar tal presunção, do Desembargador Relator. Ementa aprovada.
prevalecem os efeitos daquelas cominações, Julgamento ocorrido por unanimidade de votos, com a participação
Os pedidos formulados na exordial exigiriam a prova, pela dos Desembargadores Dorival Borges (Presidente), Grijalbo
reclamada, dos fatos alegados em defesa. Coutinho e do Juiz convocado Paulo Henrique Blair. Ausentes,
A reclamada embasa todas as suas questões na regularidade do médica, a Desembargadora Elaine Vasconcelos e, em gozo de
Observando atenciosamente as cópias dos contratos acostados Denilson Coêlho. Pelo MPT a Dra. Soraya Tabet Souto Maior
pela própria reclamada, verificamos uma série de inconsistências. A (Procuradora Regional do Trabalho).
cópia do contrato de experiência acostado ao ID. fe3c34d - Pág. 2, Sessão telepresencial de 13 de outubro de 2020 (data do
reclamante ao ID. cee08c3 - Pág. 2, o que revela uma cópia em GRIJALBO FERNANDES COUTINHO
classificação de um contrato por prazo indeterminado realizado com Brasília-DF, 14 de outubro de 2020.
o reclamante.
Direito do Trabalho.
Dispensado, na forma do artigo 852-I, c/c 895, § 1º, IV, ambos da Analisarei a questão posta no presente recurso, portanto, sob os
Argüiu a reclamante, em suas contrarrazões, preliminar de não- 760931, com repercussão geral, e pelo TST, com a sua Súmula nº
À análise dos autos, observa-se que a recorrente (BB 2.1.1- ALEGAÇÕES DA INICIAL E DA DEFESA EM RELAÇÃO À
TECNOLOGIA E SERVICOS S.A) foi condenada subsidiariamente RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA PRETENDIDA. DA PROVA
pelo pagamento da multa do art. 477 da CLT e multa convencional DA PRESTAÇÃO LABORAL PARA O PODER PÚBLICO POR
Nesse contexto, sendo certo que a pretensão de responsabilidade A reclamante alegou ter sido admitida em 21/12/2015, pela primeira
subsidiária postulada na exordial foi deferida na decisão atacada, a reclamada, para exercer a função de assistente de liderança, em
recorrente possui interesse recursal, no tocante a tal pleito, prol da segunda reclamada (BB TECNOLOGIA E SERVICOS S.A),
ensejando o conhecimento do recurso. pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta, tendo
Ante o exposto, preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos sido dispensada imotivadamente em 06/11/2019. Postulou o
2.1- TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. adimplemento das parcelas deferidas ao final da tramitação do
RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO presente feito, bem como a condenação de ambas as reclamadas
O debate nuclear do presente litígio devidamente judicializado diz ao pagamento das verbas discriminadas no rol dos pedidos.
respeito à terceirização de mão de obra promovida pelo poder Dirimindo a controvérsia, o Juízo de origem decretou a
público, a sua responsabilidade (objetiva, subjetiva ou nenhuma) e o responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, conforme
respectivo grau de tal responsabilidade no ato do pagamento fundamentos de ID. 60b8ac3 - Pág. 4.
decorrente de eventual condenação trabalhista (solidário ou Em seu recurso, a segunda reclamada insiste no afastamento da
relacionados. Não é difícil notar que a reclamante, com a petição inicial e com a
Ao contrário de votos anteriores sobre a matéria, por mim proferidos prova documental, ante a revelia da primeira reclamada,
aqui na 1ª Turma do TRT 10, entre novembro de 2014 e início de demonstrou ter laborado para a primeira reclamada em prol da
outubro de 2017, não mais farei, a partir de agora, uma abordagem segunda reclamada, nas condições antes relatadas.
geral sobre a terceirização, do ponto de vista histórico, econômico, Destaco que a tese de existência de contratos de prestação de
social e jurídico. serviços entre pessoas jurídicas não tem o condão de afastar a
Deixarei para fazê-lo em outra oportunidade, quando houver responsabilização subsidiária da segunda reclamada, mas, ao
necessidade de avaliar o conteúdo das novas normas legais contrário, reforça a tese de que o ente público se beneficiou da
reguladoras da terceirização nas relações de trabalho (Leis força de trabalho da reclamante via empresa interposta, não sendo
13.429/2017 e 13.467/2017), as quais precisam ser interpretadas possível afastar as responsabilidades inerentes às relações
jurídicas das quais participou. no mínimo a culpa in vigilando (má fiscalização das obrigações
Logo, irrefutável a prova da condição de tomadora de serviços da contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, o ente do Estado a
segunda reclamada, ente integrante da Administração Pública. responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador
de trabalho mantido entre a parte reclamante e a primeira Impende ressaltar que o § 6.º do artigo 37, da Constituição Federal
reclamada (empresa prestadora), impõe-se analisar a matéria estabelece a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de
relativa à responsabilidade subsidiária do ente integrante da direito público, ao prescrever que estas, assim como as de direito
Administração Pública indireta, aqui reivindicada, consigne-se, sob privado prestadoras de serviços públicos, "responderão pelos danos
o ângulo da interpretação contida no teor da Súmula n.º 331, do que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
Colendo Tribunal Superior do Trabalho. assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo e culpa".
2.1.2- RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO PODER PÚBLICO No particular, nota-se que o texto constitucional opta por expressa
TERCEIRIZADOS. ANÁLISE DA QUESTÃO SOB O ÂNGULO relações jurídicas com terceiros, sejam elas voluntárias ou
FEDERAL - ADC Nº 16 E RE-760931, COM REPERCUSSÃO Razões de natureza social ainda mais relevantes justificam o zelo e
A Súmula n.º 331, do TST, interpretando a Constituição da (econômicos, sociais e culturais) das mulheres e dos homens que
República, a legislação ordinária vigente e observando os lhes prestam serviços em condições precárias de trabalho, por força
precedentes judiciais do próprio tribunal, anuncia não ser possível a da gestão empresarial embasada na terceirização.
terceirização na atividade-fim, no âmbito da Administração Pública. É bastante comum o desaparecimento das prestadoras de serviços,
Para as terceirizações consideradas lícitas, segundo compreensão assim como a constatação relativa à inexistência de bens dessas
da súmula em debate, haveria tão somente a responsabilidade pessoas jurídicas, suficientes para garantir o pagamento das verbas
independentemente de culpa, assim entendido pelo TST, ao menos O poder público não pode simplesmente cruzar os braços,
até o ano de 2010. desrespeitando o trabalhador que lhe presta ou prestou serviços.
O professor e magistrado Maurício Godinho Delgado, ao abordar o Não é para cumprir tão lamentável missão que existe o Estado. Se
tema da responsabilidade de entidades estatais em casos de vingasse a tese suscitada nas defesas apresentadas perante a
terceirização de mão de obra, antes da decisão proferida pelo STF Justiça do Trabalho, pela Administração Pública, os milhões de
nos autos da ADC n.º 16, declarava que: homens e mulheres empregados das empresas terceirizantes
"A entidade estatal que pratique terceirização com empresa substancial dos direitos do trabalho, durante a vigência e no ato das
inidônea (isto é, empresa que se torne inadimplente com relação a rescisões dos seus pactos laborais, restando caracterizado, por via
direitos trabalhistas) comete culpa in eligendo (má escolha do de consequência, o evidente desrespeito aos princípios
contratante) ou, no mínimo, culpa in vigilando (má fiscalização das fundamentais da República da dignidade da pessoa humana e do
obrigações contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, a valor social do trabalho (CRFB, artigo 1º, III e IV).
responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador O respeito à dignidade humana não deve ter como referência a
terceirizante no período de efetiva terceirização (inciso IV do posição privilegiada dos cidadãos na pirâmide social marcadamente
Enunciado 331, TST) (...) Ora, a entidade estatal que pratique injusta da estratificada sociedade brasileira. Ao contrário, no campo
terceirização com empresa inidônea (isto é, empresa que se torne das relações de trabalho, quanto mais humilde for o trabalhador,
inadimplente com relação a direitos trabalhistas) comete culpa in maior zelo o Estado deve ter com seus direitos, em nome da justiça
eligendo (má escolha do contratante) mesmo que tenha firmado a social e da manutenção do único meio de subsistência da imensa
seleção por meio de processo licitatório. Ainda que não se admita maioria da população brasileira.
essa primeira dimensão da culpa, incide, no caso, outra dimensão, É forçoso concluir que uma interpretação meramente literal,
descontextualizada e não sistemática do artigo 71, da Lei n.º Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Entre elas estão as
8.666/1993, na prática, sem nenhuma hesitação, resultaria na RCLs 7517 e 8150. Ambas estavam na pauta de hoje e tiveram
abominável chancela do Estado ao calote oficial aos empregados suspenso seu julgamento no último dia 11, na expectativa de
de empresas terceirizantes, leitura essa, evidentemente, em julgamento da ADC 16. Juntamente com elas, foram julgadas
descompasso com os princípios da responsabilidade objetiva das procedentes todas as Reclamações com a mesma causa de
pessoas jurídicas de direito público (artigo 37, §6º, da CRFB), da pedir.Por interessar a todos os órgãos públicos, não só federais
dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (artigo como também estaduais e municipais, os governos da maioria dos
1º, incisos III e IV). estados e de muitos municípios, sobretudo de grandes capitais,
Ao julgar Ação Direta de Constitucionalidade ajuizada pelo então assim como a União, pediram para aderir como amici curiae
governador do Distrito Federal2, o Supremo Tribunal Federal, em (amigos da corte) nesta ADC.
constitucional o artigo 71, da Lei n.º 8.666/93. A notícia publicada Na ação, o governo do DF alegou que o dispositivo legal em
em sua página na rede mundial de computadores, no dia 24 de questão "tem sofrido ampla retaliação por parte de órgãos do Poder
novembro de 2010, foi a seguinte: Judiciário, em especial o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que
"TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem artigo 71, parágrafo 1º da Lei Federal nº 8.666/1993". Observou,
de responsabilidade subsidiária, decide STF nesse sentido, que a Súmula 331 do TST prevê justamente o
Por votação majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal oposto da norma do artigo 71 e seu parágrafo 1º.
declarou, nesta quarta-feira (24), a constitucionalidade do artigo 71, A ADC foi ajuizada em março de 2007 e, em maio daquele ano, o
parágrafo 1º, da Lei 8.666, de 1993, a chamada Lei de Licitações. O relator, ministro Cezar Peluso, negou pedido de liminar, por
dispositivo prevê que a inadimplência de contratado pelo Poder entender que a matéria era complexa demais para ser decidida
Público em relação a encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não individualmente. Posta em julgamento em setembro de 2008, o
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu ministro Menezes Direito (falecido) pediu vista dos autos, quando o
pagamento, nem pode onerar o objeto do contrato ou restringir a relator não havia conhecido da ação, e o ministro Marco Aurélio
regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o dela havia conhecido, para que fosse julgada no mérito.
Registro de Imóveis. Segundo o presidente do STF, isso "não Hoje, a matéria foi trazida de volta a Plenário pela ministra Cármen
impedirá o TST de reconhecer a responsabilidade, com base nos Lúcia Antunes Rocha, uma vez que o sucessor do ministro Direito, o
fatos de cada causa". "O STF não pode impedir o TST de, à base ministro Dias Toffoli, estava impedido de participar de seu
de outras normas, dependendo das causas, reconhecer a julgamento, pois atuou neste processo quando ainda era advogado
Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem reconhecido Na retomada do julgamento, nesta quarta-feira, o presidente do STF
é que a omissão culposa da administração em relação à e relator da matéria, ministro Cezar Peluso, justificou o seu voto
fiscalização - se a empresa contratada é ou não idônea, se paga ou pelo arquivamento da matéria. Segundo ele, não havia controvérsia
não encargos sociais - gera responsabilidade da União. a ser julgada, uma vez que o TST, ao editar o Enunciado 331, não
A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de declarou a inconstitucionalidade do artigo 71, parágrafo 1º, da Lei
Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia divergiu do ministro Cezar
do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do Peluso quanto à controvérsia. Sob o ponto de vista dela, esta
mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a existia, sim, porquanto o enunciado do TST ensejou uma série de
Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos decisões nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e, diante
trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de delas e de decisões do próprio TST, uma série de ações, sobretudo
provimento a uma série de Reclamações (RCLs) ajuizadas na O ministro Marco Aurélio observou que o TST sedimentou seu
Suprema Corte contra decisões do TST e de Tribunais Regionais do entendimento com base no artigo 2º da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), que define o que é empregador, e no artigo 37, de cada litígio que lhe é submetido cuidando do tema, avaliar a
parágrafo 6º da Constituição Federal (CF), que responsabiliza as presença ou não do elemento culpa in vigilando, como fator de
pessoas de direito público por danos causados por seus agentes a condenação ou absolvição do tomador de serviços integrante do
Ao decidir, a maioria dos ministros se pronunciou pela do Supremo, modificar parcialmente o conteúdo da Súmula n.º 331,
constitucionalidade do artigo 71 e seu parágrafo único, e houve do TST, o fazendo da seguinte forma:
e terá de investigar com mais rigor se a inadimplência tem como "Súmula nº 331 do TST
causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo órgão público CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE
O ministro Ayres Britto endossou parcialmente a decisão do Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
Plenário. Ele lembrou que só há três formas constitucionais de I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal,
contratar pessoal: por concurso, por nomeação para cargo em formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços,
comissão e por contratação por tempo determinado, para suprir salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
Assim, segundo ele, a terceirização, embora amplamente praticada, interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da
não tem previsão constitucional. Por isso, no entender dele, nessa Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da
contratado, o poder público tem de responsabilizar-se por elas".3 III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de
A decisão proferida pelo STF, na ADC n.º 16, recebeu a ementa a conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados
"EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução relação processual e conste também do título executivo judicial.
Consequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93. indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições
Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no
constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993,
vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações
federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela contratuais e legais da prestadora de serviço como
Da leitura do inteiro teor daquele acórdão, percebe-se, com empresa regularmente contratada.
meridiana clareza, que o Supremo Tribunal Federal, embora tenha VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange
reconhecido a constitucionalidade do artigo 71, §1º, da Lei n.º todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período
por parte das empresas prestadoras de serviços as quais colocam Embora represente evidente retrocesso social para os trabalhadores
trabalhadores terceirizados desenvolvendo as suas atividades em terceirizados, a decisão proferida nos autos da ADC n.º 16, pelo
prol de entidades e órgãos do Estado. STF, a ponto de determinar explícita mudança parcial do conteúdo
Adotando a teoria da responsabilidade subjetiva da Administração da Súmula nº 331, do TST, jamais pode significar o fim da proteção
Pública, o STF declarou que cabe à Justiça do Trabalho, no exame aos direitos e créditos trabalhistas dos milhares de empregados
formais das empresas prestadoras de serviços no âmbito do poder Militar, além de Tribunal de Contas da União, Conselho Nacional de
Bem sabemos e conhecemos quão dura é a realidade deste grupo Trabalho, Presidência da República, Câmara dos Deputados,
de trabalhadores, cercados de péssimas condições de labor, Senado Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho e
incluindo salários baixíssimos, jornadas intensas e extenuantes, Emprego, Ministério da Previdência Social, Ministério da Fazenda e
altos índices de acidentes e discriminação, entre outras ofensas aos Ministério das Relações Exteriores.
seus direitos fundamentais, violações essas notadas com maior Na hipótese de ser afastada a responsabilidade da Administração
visibilidade a partir do momento em que a empregadora formal Pública pelo inadimplemento trabalhista junto ao pessoal que lhe
desaparece sem pagar salários, FGTS e verbas rescisórias, algo prestou serviços por intermédio de empresa terceirizante, na linha
bastante corriqueiro, assim visto nos corredores da Justiça do de raciocínio antes desenvolvida, registre-se, estaremos
Trabalho quando da realização de audiências na primeira instância. proclamando em alto e bom som que os direitos humanos de
É certo, ainda, que a retumbante evidência se faz presente até natureza econômica e social não se aplicam aos trabalhadores
mesmo em vários casos envolvendo o próprio Supremo Tribunal terceirizados do poder público.
Federal, na qualidade de tomador de serviços (UNIÃO). Diversos A outra face da mesma moeda será a institucionalização do calote
empregados terceirizados lotados no STF, via empresa pelo Poder Judiciário, pois tão comum tem sido o descumprimento
terceirizante, já demandaram ou ainda demandam perante a Justiça de obrigações trabalhistas por parte das prestadoras de serviços,
do Trabalho de Brasília-DF, buscando receber salários retidos e assim como o notório insucesso até mesmo no sentido de encontrá-
outros direitos não cumpridos por empresas prestadoras de serviços las com a finalidade de comparecimento à Justiça do Trabalho para
as quais desapareceram da noite para o dia, depois da perda do a tentativa conciliatória ou apresentação de defesa, muito menos
contrato mantido com a União. são localizados os seus sócios para o pagamento das dívidas
Isso ocorre porque talvez seja impossível domar o efeito devastador trabalhistas.
de direitos humanos contido em qualquer terceirização de mão de Ninguém paga a conta ou débito para com os trabalhadores
obra, que existe primordialmente para reduzir os custos com o terceirizados do serviço público? O poder público deve fingir que o
trabalho, em qualquer lugar do mundo, mediante flexibilização, problema não lhe diz respeito? O Poder Judiciário deve ignorar a
precarização e violação de direitos materiais e imateriais realidade dos contratos de prestação de serviços em nome de uma
assegurados pelo ordenamento jurídico. teoria do Direito Administrativo inequivocamente falida para dar
Não é novidade para qualquer pessoa que lida com a terceirização, conta dos graves problemas gerados pela terceirização? O direito é
direta ou indiretamente, incluindo os operadores do mundo jurídico tão insensível a ponto de não captar a dureza da vida das mulheres
laboral, os seus desatinos no serviço público e as agruras sofridas e dos homens terceirizados no âmbito da Administração Pública? O
pelos trabalhadores terceirizados, desde a prática da retenção de direito não pode interagir com a sociologia para encontrar, pelo
salários ao não pagamento de auxílio-alimentação, vale-transporte, método da interdisciplinariedade, no ramo das ciências sociais
horas extras, férias, 13º salário e verbas rescisórias. Quando se dotadas de maior investigação das origens de nossas mazelas,
encontra presente o contexto fático antes delineado, desparecem as soluções justas para os terceirizados? Afinal, os trabalhadores
prestadoras de serviços e os seus sócios, sendo que o êxito da terceirizados são ou não portadores de direitos humanos, ou seja, a
execução trabalhista contra as referidas empresas é praticamente Constituição da República e o Estado Democrático de Direito valem
É provável que não exista um órgão sequer, nos três poderes da terceirizado no poder público?
República, que não tenha se defrontado com esse grave problema As respostas a esses salutares questionamentos não podem conter
social decorrente da terceirização, com humildes trabalhadores evasivas, muito menos consagrar um obtuso padrão
desesperados pela ausência do recebimento de salários e verbas administrativista contrário à Constituição da República e aos
rescisórias, alcançados indistintamente, pois, trabalhadoras e Direitos Humanos dos trabalhadores terceirizados.
trabalhadores terceirizados de tribunais como Supremo Tribunal Ora, o Direito Administrativo como expressão da vontade exclusiva
Federal, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Regional do do Estado foi revolucionário no contexto histórico de seu
Trabalho da 10ª Região, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e nascimento, porque material e politicamente concebido em oposição
Territórios, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Superior ao poder corrompido da monarquia do Ancien Régime, oferecendo
Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal a nova disciplina, por intermédio de leis editadas pelo Parlamento,
no pós-revolução francesa e durante mais de um século a partir do trabalhadores do poder público tratamento próprio da época da
grandioso evento, elementos eficazes para limitar o exercício do inauguração da República, emprestando ao princípio da legalidade
poder dos governantes na esfera da gestão da coisa pública antes estrita do liberalismo, por exemplo, uma cega obediência sem levar
apropriada, sem nenhum pudor, por parte do soberano. em consideração os seus contrapostos. Não é para cumprir tão
Logo, o Direito Administrativo voltado para proteger apenas o lamentável missão que existe o Estado Constitucional. Ele foi
Estado é um dos traços das nações remodeladas que emergiram fundado, teoricamente, dentre outras razões, para não tolerar o
das revoluções burguesas ocorridas entre os séculos XVIII e XIX, intolerável, para dar aos cidadãos dignidade e igual respeito, para
assim como a respectiva estrutura jurídica formatada no sentido de cumprir e fazer cumprir os princípios constitucionais.
assegurar o exercício das liberdades individuais clássicas pela nova Na verdade, persegue-se, com a teoria da irresponsabilidade do
classe detentora do poder político e os limites impostos aos juízes tomador de serviços, o reconhecimento de que o interesse público é
no que se refere à tarefa de interpretar textos legais editados pelo sempre aquele decorrente da vontade estatal, diante da equivocada
Parlamento revolucionário francês (o juiz boca da lei), conforme construção jurídica fomentadora da incompatibilidade total entre
arquitetura da Constituição jacobina de 1793 (o juiz é proibido de dois segmentos cujas raízes estão fincadas na principiologia
interpretar a lei) e do Código Civil napoleônico de 1803. constitucional do Estado democrático de direito, além de relegar o
Essa concepção de arraigada defesa do Estado em detrimento de caráter público de ambos - Direito do Trabalho e Direito
interesses diversos paroquiais e particulares marcou a doutrina Administrativo. O referido posicionamento origina não apenas
brasileira durante décadas a partir da Proclamação da República no desarmonia na esfera de espaço público comum ao Direito
final do século XIX, considerando que era preciso, naquela época, Administrativo e ao Direito do Trabalho, como também reduz a
formar uma cultura apta a promover valores relegados por eficácia prática da primeira disciplina naquilo que lhe continua
governantes, embora até hoje persistam, no âmbito da sendo peculiar na era da modernidade avançada.
Administração Pública, práticas capazes de envergonhar os Sem enfrentar idênticos embaraços, os mais aquinhoados, do ponto
revolucionários franceses de 1789, normalmente implementadas à de vista econômico e político, quando são afetados por medidas
margem do sistema normativo. capazes de comprometer o exercício de algum direito seu, via de
O problema é que a ideia de supremacia absoluta do Estado por regra, logo conseguem encontrar soluções, precárias ou não, vindas
intermédio de antigos postulados do Direito Administrativo revela-se da esfera do próprio Estado, ente este demasiadamente seletivo em
incompatível com o tempo presente, o tempo do Estado suas ações, registre-se, na hora de conceder, na hora de punir, na
Para coibir as malversações nas diversas esferas do poder público, se apresente como sinônimo de uma falsa neutralidade ideológica.
no entanto, a velha tônica do Direito Administrativo anunciada por Aos terceirizados, por outro lado, a resposta do Estado é a dureza
princípios constitucionais encontra-se em plena flor da idade, jovem da lei em sua interpretação mais antissocial possível, contrária
e entusiasmada em defesa da coisa de todos. O seu vigor inclusive aos postulados constitucionais que anunciam a existência
rejuvenescido pela vitamina da contemporânea modernidade não de um Estado Democrático de Direito comprometido com os Direitos
mais comporta porém o caráter rude e intolerante antes enaltecido, Humanos das trabalhadoras e dos trabalhadores.
ao reduzir particulares e servidores com os quais mantém algum Tem-se assim, portanto, que a compreensão jurídica acerca do
tipo de vínculo a vergonhoso patamar de inferioridade, resultado do julgamento proferido nos autos da ADC n.º 16 jamais
considerando-os figuras eventualmente detentoras de direitos a pode ignorar as balizas constitucionais preservadoras da dignidade
partir da vontade única e autocrática do Estado. da pessoa humana, do valor social do trabalho e da dura realidade
O Estado é fundamental para a implementação de uma série de dessa gente humilde terceirizada à disposição do poder público
princípios e garantias próprias da vida digna em todas as suas para fazê-lo funcionar, indo, por exemplo, da limpeza de banheiros
dimensões, mas está longe de ser o senhor absoluto para limitar ou de prédios públicos à elaboração de matérias jornalísticas para
mitigar direitos humanos. entidades e órgãos diversos, entre outras centenas de atividades
Ademais, estabelecer a prevalência absoluta dos interesses do humanas vitais para o conjunto da sociedade brasileira.
Estado pode redundar, na atualidade, em ofensa a princípios Quanto à Declaração de Constitucionalidade do § 1º do Art. 71 da
fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do Lei n.º 8.666/93, pelo Supremo Tribunal Federal, reitere-se, consta
trabalho (CRFB, artigo 1º, incisos III e IV). É inadmissível, sob a da própria decisão que a constitucionalidade do enunciado legal não
suposta defesa intransigente do bem público, dispensar a afasta a possibilidade de imputação de responsabilidade à
Administração Pública por culpa in vigilando, conforme bem vedar de forma absoluta qualquer atribuição de responsabilidade ao
apontado em artigo publicado sobre a matéria ora debatida, da Poder Público, tal como a interpretação literal proposta pela Ministra
autoria dos juslaboralistas mineiros Márcio Túlio Viana, Gabriela Cármen Lúcia 57, tratou de balizar o limite dessa declaração de
Neves Delgado e Hélder Santos Amorim, como veremos adiante: constitucionalidade numa clara hermenêutica de ponderação, que
"No julgamento da ação declaratória de constitucionalidade (ADC) para impedir a imputação ao Poder Público de responsabilidade
nº 16 ajuizada pelo governo do Distrito Federal, o Supremo Tribunal automática pelo cumprimento das obrigações trabalhistas
Federal (STF) pronunciou a constitucionalidade do § 1º do art. 71 da inadimplidas - eis que esta responsabilidade trabalhista é exclusiva
Lei nº 8.666/93, vedando à Justiça do Trabalho a aplicação de da empresa contratada, empregadora -, mas, por outro lado,
responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma reconhecendo que a isenção de responsabilidade proposta pela
automática, pelo só fato do inadimplemento dos direitos trabalhistas, norma está condicionada por outras normas que impõem à
tal como se extraía da literalidade do inciso IV da Súmula nº 331 do Administração Pública o dever de bem licitar e de fiscalizar de forma
Nesse julgamento, vencido o Ministro Ayres Britto que considera o § adimplemento dos direitos dos trabalhadores terceirizados". 6
terceirização de serviços, o pronunciamento de constitucionalidade Traz-se à tona agora precedente do Colendo TST na mesma
do dispositivo foi tomado do voto da maioria, sob duas noções direção, senão vejamos:
Primeiro, entendeu-se que o verbete do inciso IV da Súmula nº 331 TRABALHISTA - ENTIDADES ESTATAIS - RESPONSABILIDADE
do Tribunal Superior do Trabalho, ao atribuir responsabilidade EM CASO DE CULPA - IN VIGILANDO - NO QUE TANGE AO
subsidiária ao ente público tomador dos serviços pelo só fato do CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E
inadimplemento destes direitos, rejeita aplicação e efetividade ao PREVIDENCIÁRIA POR PARTE DA EMPRESA TERCEIRIZANTE
disposto no § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, sem declarar sua CONTRATADA - COMPATIBILIDADE COM O ART. 71 DA LEI DE
inconstitucionalidade, o que violaria de forma transversa a reserva LICITAÇÕES - INCIDÊNCIA DOS ARTS. 159 DO CCB/1916, 186 E
de plenário prevista no art. 97 da Constituição, afrontando a Súmula 927, - CAPUT -, DO CCB/2002.A mera inadimplência da empresa
No segundo momento, apreciando a constitucionalidade do ao trabalhador terceirizado não transfere a responsabilidade por tais
dispositivo, os Ministros concluíram que a norma do § 1º do art. 71 verbas para a entidade estatal tomadora de serviços, a teor do
da Lei nº 8.666/93 não fere a Constituição e deve ser observada disposto no art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações),cuja
pela Justiça do Trabalho, o que impede a aplicação de constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federa na
responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma ADC nº 16-DF. Entretanto, a inadimplência da obrigação
automática, pela só constatação de inadimplemento dos direitos fiscalizatória da entidade estatal tomadora de serviços no tocante ao
laborais pela empresa contratada. preciso cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias
No mesmo passo concluíram que a constitucionalidade do da empresa prestadora de serviços gera sua responsabilidade
enunciado legal não afasta, no entanto, a possibilidade de sua subsidiária, em face de sua culpa in vigilando, a teor da regra
interpretação sistemática com outros dispositivos legais e responsabilizatória incidente sobre qualquer pessoa física ou
constitucionais que impõem à Administração Pública contratante o jurídica que, por ato ou omissão culposos, cause prejuízos a alguém
dever de licitar e fiscalizar de forma eficaz a execução do contrato, (art. 186, Código Civil). Evidenciando-se essa culpa in vigilando nos
inclusive quanto ao adimplemento de direitos trabalhistas, de forma autos, incide a responsabilidade subjetiva prevista no art. 159 do
que, constatada no caso concreto a violação desse dever CCB/1916, arts.186 e 927, caput, do CCB/2002, observados os
fiscalizatório, continua plenamente possível a imputação de respectivos períodos de vigência. Registre-se que, nos estritos
responsabilidade subsidiária à Administração Pública por culpa in limites do recurso de revista (art.896, CLT), não é viável reexaminar
Em suas manifestações, no curso do julgamento, o Ministro Relator ente estatal (Súmula 126/TST). Sendo assim, não há como
Cezar Peluso, refutando os viéses interpretativos que pretendiam assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo
de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da consideravam como centrais" (ROBERTS, John. The Modern Firm:
decisão denegatória, que ora subsiste por seus próprios Organizational Design for Performance and Growth.Oxford: Oxford
Em síntese, na hipótese de observância, sem tréguas, da decisão qualquer intuito fraudulento, consubstanciando estratégia, garantida
proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC - Ação pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de
Direta de Constitucionalidade n.º 16, no sentido de que há configuração das empresas, incorporada à Administração Pública
necessidade de demonstração da presença do elemento culpa in por imperativo de eficiência (art. 37, caput, CRFB), para fazer frente
vigilando da tomadora de serviços, para assim responsabilizar a às exigências dos consumidores e cidadãos em geral, justamente
Administração Pública, alguns outros aspectos precisam ser porque a perda de eficiência representa ameaça à sobrevivência da
avaliados, especialmente quanto à responsabilidade civil e ao ônus empresa e ao emprego dos trabalhadores.
Depois do julgamento proferido em 2010 nos autos da ADC n.º 16, o Economica (new series), Vol. 4, Issue 16, p. 386-405, 1937. O
Supremo Tribunal Federal voltou a emitir pronunciamento plenário a objetivo de uma organização empresarial é o de reproduzir a
respeito da responsabilidade da Administração Pública, na distribuição de fatores sob competição atomística dentro da firma,
qualidade de tomadora de serviços terceirizados. apenas fazendo sentido a produção de um bem ou serviço
O novo veículo foi o RE-760931, com repercussão geral, com internamente em sua estrutura quando os custos disso não
julgamento ocorrido em 30/03/2017 e 26/04/2017, com acórdão ultrapassarem os custos de obtenção perante terceiros no mercado,
publicado no dia 12/09/2017, cuja ementa é transcrita a seguir: estes denominados "custos de transação", método segundo o qual
DE CONTROVÉRSIA COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO 4. A Teoria da Administração qualifica a terceirização (outsourcing)
CONSTITUCIONAL. DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO como modelo organizacional de desintegração vertical, destinado ao
NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E alcance de ganhos de performance por meio da transferência para
V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI outros do fornecimento de bens e serviços anteriormente providos
Nº8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL pela própria firma, a fim de que esta se concentre somente
PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E naquelas atividades em que pode gerar o maior valor, adotando a
ATENDIMENTO DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO função de "arquiteto vertical" ou "organizador da cadeia de valor".
INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO. aprimoramento de tarefas pelo aprendizado especializado; (ii)
RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR. economias de escala e de escopo; (iii) redução da complexidade
PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo e atribuição,
PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE facilitando a provisão de incentivos mais fortes a empregados; (v)
PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES. precificação mais precisa de custos e maior transparência; (vi)
1. A dicotomia entre "atividade-fim" e "atividade-meio" é imprecisa, estímulo à competição de fornecedores externos; (vii) maior
artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada facilidade de adaptação a necessidades de modificações
pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior estruturais; (viii) eliminação de problemas de possíveis excessos de
eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou produção; (ix) maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre
serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução dos
ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação custos iniciais de entrada no mercado, facilitando o surgimento de
constante do objeto social das empresas para atender a novos concorrentes; (xi) superação de eventuais limitações de
necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas acesso a tecnologias ou matérias-primas; (xii) menor alavancagem
empresas do mundo. É que a doutrina no campo econômico é operacional, diminuindo a exposição da companhia a riscos e
uníssona no sentido de que as "Firmas mudaram o escopo de suas oscilações de balanço, pela redução de seus custos fixos; (xiii)
atividades, tipicamente reconcentrando em seus negócios principais maior flexibilidade para adaptação ao mercado; (xiii) não
e terceirizando muitas das atividades que previamente comprometimento de recursos que poderiam ser utilizados em
um setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação a Como se percebe da parte da ementa que interessa para a solução
diferentes requerimentos de administração, know-how e estrutura, do caso concreto ("O inadimplemento dos encargos trabalhistas
para setores e atividades distintas. dos empregados do contratado não transfere automaticamente
6. A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
37, caput, da Constituição), deve empregar as soluções de mercado pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
adequadas à prestação de serviços de excelência à população com termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"), o inadimplemento por
os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela parte da empresa prestadora de serviços, por si só, é insuficiente
teoria e pela prática internacional, que a terceirização não importa para atrair a responsabilidade do poder público como tomador de
7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência Desse modo e sem discutir agora os demais tópicos da ementa do
do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, não STF, quase todos amparados em compreensões do mercado e de
transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu seus autores, especialmente quanto à afirmação de que a
pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime terceirização não implica em precarização do trabalho, algo que não
porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de se sustenta frente às inúmeras pesquisas científicas capazes de
não responsabilização com referência a encargos trabalhistas. revelar a tragédia causada pelo modo de fragmentação produtiva, o
8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já certo é que o resultado do julgamento proferido em 2017 no RE
reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e 760931, com Repercussão Geral, está em conformidade com o
vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal decidido também pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC
Pleno, julgado em 24/11/2010. n.º 16, no ano de 2010, como não poderia ser diferente, diante da
9. Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na parte natureza da Reclamação apresentada em Recurso Extraordinário.
admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos E cabe dizer, ainda, que da leitura da ementa do RE 760 931-DF,
semelhantes: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos percebe-se que os seus 07(sete) primeiros tópicos tratam da
empregados do contratado não transfere automaticamente ao terceirização como mecanismo do processo produtivo gerador de
Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu suposta vantagem para o conjunto da sociedade e para a
pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos Administração Pública, tudo com base em literatura especializada
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93". de cunho administrativo-empresarial, sem relação direta com o tema
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do deliberação das respectivas teses ali expostas por parte dos
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência ministros, quando se examina a totalidade do acórdão publicado em
julgamento e das notas taquigráficas, em conhecer em parte do Somente as proposições 8(oito) e 9(nove) da ementa foram, de fato,
recurso extraordinário e, na parte conhecida, a ele dar provimento, aprovadas como teses pelo STF. As demais são opiniões e não
vencidos os Ministros Rosa Weber (Relatora), Edson Fachin, teses explicitamente referendadas, o que se conclui pelos debates e
Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Redator pelas conclusões finais lançadas no acórdão.
para o acórdão o Ministro Luiz Fux. Em assentada posterior, em Para o Supremo Tribunal Federal, reitere-se, segundo entendimento
26/04/2017, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro majoritário contido na ADC n.º 16 e no RE-760931, com
LUIZ FUX, que redigirá o acórdão, vencido, em parte, o Ministro Repercussão Geral, a responsabilidade dos entes públicos, quanto
Marco Aurélio, fixou a seguinte tese de repercussão geral: "O ao pagamento de verbas devidas aos trabalhadores terceirizados
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do que lhes prestaram serviços, é subjetiva, exigindo, assim, a
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público presença do elemento culpa, quanto ao inadimplemento por parte
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº Em outras palavras, sempre que a fiscalização a ser exercida pela
8.666/93". Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. tomadora de serviços do poder público, em relação ao contrato de
Brasília, 30 de março de 2017.LUIZ FUX - REDATOR PARA O prestação de serviços(contrato administrativo), se revelar ausente,
tomadora de serviços integrante da Administração Pública, no que Lewandoswski, Luiz Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, que
concerne ao pagamento das parcelas devidas aos trabalhadores. compreendiam estar ausente qualquer ofensa, na decisão do TST,
É de se avaliar, mais uma vez, a existência ou não de alguma ao contido na ADC n.º 16.
novidade com a decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal Os votos e debates travados e registrados em 355 (trezentos e
no RE 760931, cuja decisão foi publicada no dia 12 de setembro de cinquenta e cinco) páginas que resultaram no acórdão respectivo
2017, dotada de repercussão geral. (RE 760931-DF), segundo texto disponível na página eletrônica do
Para tanto, impõe-se destacar que as únicas teses aprovadas no STF, reafirmaram a tese de que a responsabilidade pelo
RE 760931 possuem o conteúdo a seguir destacado: adimplemento das verbas trabalhistas devidas aos empregados
"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados tomadora de serviços, jamais é automática. Tal responsabilidade é
do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público subjetiva e depende sempre da prova da culpa in vigilando do poder
contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em público, quanto à fiscalização do contrato administrativo de
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da prestação de serviços celebrado com empresa terceirizante.
"Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já voto esse dotado de elevada percuciência humanística, social,
reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e histórica e jurídica, tudo a revelar do que se trata verdadeiramente a
vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal terceirização, bem como os seus males e os seus encantos
Pleno, julgado em 24/11/2010". evocados pelos velhos ou novos liberais amantes dos ricos
Nota-se, assim, que a tese primeira antes transcrita, é uma sistema da maximização de lucros a qualquer custo.
reiteração do decidido nos autos da ADC n.º 16, que proclamou o O parecer do Ministério Público Federal também refuta a
"EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária. impossível e da "prova diabólica para o empregado", conforme
dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, '"Constitucional, direito administrativo e do trabalho. Tema 246
Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art., 71, § administração pública por encargos trabalhistas gerados pelo
1º, da Lei federal nº 8.666/93. Constitucionalidade reconhecida inadimplemento de empresa prestadora de serviço. ADC 16/DF.
dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada, Decisão vinculante. Constitucionalidade do § 1º do art. 71 da
nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a Lei 8.666/1993. Possibilidade de responsabiliza- ção subsidiária
norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de do Poder Público por omissão fiscalizatória do cumprimento
junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995." das obrigações trabalhistas em contratos de obras e serviços.
Por outro lado, inegavelmente, o Supremo Tribunal Federal, no RE de constitucionalidade. Fiscalização eficiente do adimplemento
760931-DF, reconheceu que o Tribunal Superior do Trabalho, de obrigações trabalhistas - dever jurídico do Poder Público
embora tenha feito referência ao julgado na ADC n.º 16, o violou, ao contratante. Preservação da higidez contratual. Função
decretar a responsabilidade subsidiária do poder público, naquele socioambiental do contrato administrativo - execução
caso concreto, sem a prova da culpa in vigilando da Administração conforme os interesses sociais e ambientais protegidos pela
Assim votaram os ministros Luiz Fux (redator designado), Marco Responsabilização do estado por ato ilícito. Princípio do
Aurélio, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Dias Toffolli, e Alexandre de Estado de Direito. Responsabilidade estatal por ato omissivo
Moraes. Vencidos, quanto ao resultado final, os ministros Rosa danoso a direito de terceiro. Teoria da falha do serviço.
Weber (relatora originária do RE), Celso de Melo, Ricardo Responsabilidade objetiva. Constituição, art. 37, § 6º.
Precedentes. Hipótese de responsabilidade subjetiva - Luiz Roberto Barroso de prova da fiscalização do contrato pelo
presunção relativa de culpa da administração. Demonstração método estatístico da amostragem fora expressamente rejeitada.
da omissão fiscalizatória do ente público. Prova impossível E não se mostra apropriado concluir, a partir da interpretação do
para o trabalhador demandante - teoria da "prova diabólica". acórdão do STF aqui comentado, que a exigência de prova
1. Confirmação da tese firmada na ADC 16/DF, segundo a qual, contundente da culpa in vigilando do poder público, conforme assim
o § 1º do art. 71 da Lei 8.666/1993 veda a transferência ressaltado por diversos ministros em seus votos (RE 760931-DF),
automática de responsabilidade ao Poder Público contratante significa na prática atribuir este ônus processual exclusivamente ao
de obras e serviços, pelo fato do inadimplemento das trabalhador, no sentido de demonstrar ele, seja qual for a hipótese,
obrigações trabalhistas da empresa contratada. No entanto, a negligência ou a falha na fiscalização por parte da tomadora de
administração pública, pelo pagamento dos respectivos Assim o é também porque o próprio redator designado, ministro Luiz
encargos, em face de sua omissão ou deficiência fiscalizatória Fux, mesmo entendendo que o ônus da prova é do trabalhador,
danosa à satisfação dos direitos sociais dos trabalhadores logo em seguida discorre sobre as regras processuais de
obras e serviços exigir e fiscalizar o cumprimento dos direitos Existem fatos constitutivos, sem nenhuma dúvida, mas os
trabalhistas, pela entidade contratada. Interpretação impeditivos, modificativos e extintivos de direito não desapareceram
sistemática e teleológica dos arts. 27, inciso IV; 29, incisos IV e do cenário jurídico da terceirização, muito menos pode se aventar a
V; 44, § 3º; 54, § 1º; 55, incisos VII e XIII; 58, inciso III; 65, § 6º; insólita hipótese de que nenhum deles jamais será deduzido pelos
66, 67; 78, incisos VII e VIII, e 87, da Lei 8.666/1993. No âmbito órgãos e entidades integrantes da Administração Pública, em suas
da administração federal, incidem os arts. 19, 19-A, § 3º; 28, 31, defesas judiciais em oposição ao decreto de responsabilidade
Ministério do Planejamento. 3. A fiscalização contratual tem por Se ainda restasse alguma dúvida em torno da ausência de
fim imediato promover a higidez do contrato, mas também visa deliberação do STF sobre o ônus da prova da culpa in vigilando do
a preservar a função socioambiental do contrato administrativo poder público como tomador de serviços terceirizados, uma das
(Lei8.666/1993, art. 3º), que vincula sua execução à proteção de manifestações do ministro Dias Toffoli naqueles autos a dissipa por
particular, dos direitos sociais fundamentais (Constituição, art. Dias Toffoli, registre-se, compõe o grupo de seis ministros que
4.A definição da natureza e a configuração da responsabilidade consignou o seguinte, quando a referida sessão judicial se
estatal por omissão danosa ao direito do trabalhador encaminhava para o seu término:
do art. 71 da Lei de Licitações. Fundada a responsabilidade Senhora Presidente, eu acompanho a tese formulada e a
civil na omissão fiscalizatória do Poder Público, resta afastada preocupação do Ministro Luís Roberto Barroso quanto à
a hipótese de transferência automática de responsabilidade". necessidade de obiter dictum. Eu penso que nós temos os
(Trecho do Parecer do Ministério Público Federal nos autos do RE obiter dicta, porque vários de nós, sejam os vencidos, sejam os
760931, transcrito do voto da Relatora originária da matéria, vencedores, quanto à parte dispositiva, em muito da
Houve intensa discussão, por parte dos ministros do STF, quanto à reclamante provar que a Administração falhou, ou à
distribuição do ônus da prova, no RE 760931-DF, mas nenhuma Administração provar que ela diligenciou na fiscalização do
tese a esse respeito restara ali assentada, muito embora se possa contrato? Eu concordo que, para a fixação da tese, procurei, a
extrair, a partir dos debates, que a prova da culpa in vigilando da partir, inicialmente, da proposta da Ministra Rosa, depois
Administração Pública, nos autos de cada feito, precisa ser adendada pelo Ministro Barroso e pelo Ministro Fux durante
contundente e irrefutável. Tanto é assim que a proposta do ministro todo julgamento, procurei construir uma tese, mas ela
realmente ficou extremamente complexa e concordo que, contrato de prestação de serviços mantido com a empresa
quanto mais minimalista, melhor a solução. Mas as questões terceirizante, apto, por outra vertente complementar, a provocar
estão colocadas em obiter dicta e nos fundamentos dos votos. prejuízo aos trabalhadores, nos moldes dos artigos 186, e 927,
Eu mesmo acompanhei o Ministro Redator para o acórdão - caput, do Código Civil Brasileiro, aplicáveis ao Direito do Trabalho
agora Relator para o acórdão -, o Ministro Luiz Fux, divergindo por força do conteúdo do artigo 8º, da CLT.
da Ministra Relatora original, Ministra Rosa Weber, mas Em outros termos, quaisquer danos causados pelo poder público,
entendendo que é muito difícil ao reclamante fazer a prova de pela prática de conduta ilícita, devem ser por ele reparados
que a fiscalização do agente público não se operou, e que essa mediante a justa compensação monetária.
prova é uma prova da qual cabe à Administração Pública se Os artigos 58, inciso I, e 67, da Lei de Licitações e Contratos
desincumbir caso ela seja colocada no polo passivo da (8.666/1993), impõem ao poder público, na condição de ente
reclamação trabalhista, porque, muitas vezes, esse dado, o contratante pela regência deste diploma legal, o dever de realizar
A transcrição de fração do voto ministro Toffoli apenas serve para de representante específico da Administração, que "anotará em
revelar que um dos julgadores responsáveis pela definição da tese registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução
vencedora, sobre o ônus da prova, parece ter compreensão distinta, do contrato, determinando o que for necessário à regularização das
por exemplo, daquelas manifestadas com maior ênfase por outros faltas ou defeitos observados".
ministros igualmente vencedores (tese), como foram os casos dos Não se trata de mero detalhe a ser relegado o ato de fiscalizar o
Compreendeu-se, contudo, no prosseguimento, que não era o caso serviços senão evidente obrigação fundada na defesa da res
de deliberação ou fixação de tese, pelo Supremo Tribunal Federal, publica e dos direitos sociais dos trabalhadores ligados à
no concernente ao ônus da prova da culpa in vigilando da Administração Pública por intermédio da terceirização de mão de
Administração Pública, quando atua ela na qualidade de tomadora obra, cabendo ao poder público, por conseguinte, respeitar os
de serviços terceirizados. comandos legais aos quais encontra-se vinculado, por força da
A partir dos parâmetros delineados pelo Supremo Tribunal Federal observância do princípio da legalidade consagrado no artigo 37, da
(ADC n.º 16 e RE 760931), com total ressalva de entendimento do Constituição da República, como uma das mais significativas
relator, o caso concreto será apreciado, para decretar ou não a expressões do Estado Democrático de Direito.
responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços integrante da Sob a ótica da responsabilidade subjetiva reconhecida pelo STF no
Administração Pública, considerando inclusive que a julgamento da ADC 16, no ano de 2010, e do RE 760931-DF, em
responsabilidade solidária do poder público, segundo compreensão 2017, surgindo qualquer discussão relativa à presença ou não da
do próprio STF naqueles autos, é limitada às obrigações de caráter culpa in vigilando, em primeiro lugar, destaque-se, cabe verificar se
previdenciário, nos termos da lei correspondente. a Administração Pública cumpriu efetivamente com o seu dever de
SERVIÇOS INTEGRANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. E a quem compete fazer tal prova em juízo?
NORMAS LEGAIS E REGULAMENTARES. DEVER DE Evidentemente, à tomadora de serviços como única responsável
VIGILÂNCIA E FISCALIZAÇÃO. PROVA DOS AUTOS pela vigilância do contrato, guarda dos documentos e de outros
Com a ressalva de entendimento pessoal antes anotada, passa-se registros inerentes às medidas eventualmente adotadas para
à avaliação da matéria fática trazida ao exame do Regional para preservar a integridade do pacto administrativo firmado com
verificação da presença ou não da culpa concreta (e não apenas empresa terceirizante, especialmente quanto aos direitos sociais
presumida) da tomadora de serviços, bem como o respectivo dos trabalhadores que ali desenvolvem ou desenvolveram as suas
A eventual decretação da responsabilidade da Administração maioria das vezes, tornar letra morta o princípio da legalidade,
Pública, na qualidade de tomadora de serviços, decorre da esvaziando-se, por conseguinte, o conjunto das disposições legais
demonstração do ato ilícito por ela praticado no desenvolvimento do as quais obrigam o poder público contratante a realizar intensa
fiscalização e rigoroso acompanhamento da execução do contrato pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
de prestação de serviços. Importaria, sem sombra de dúvida, na b) a garantia, qualquer que seja a modalidade escolhida,
absolvição trabalhista prematura da tomadora de serviços, uma vez assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº
que o empregado não reúne condições materiais para produzir tal 6, de 23 de dezembro de 2013)
prova, ao contrário da reclamada, detentora da melhor aptidão para 1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato;
a prova a que se encontra obrigada a formalizar diariamente, (Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de
o inadimplemento trabalhista da empresa prestadora de serviços. 2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa
Ademais, à tomadora de serviços incumbe provar o atendimento ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela
aos comandos prescritos nos artigos 58 e 67 da Lei n.º 8.666/1993, Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015)
concernentes à fiscalização do respectivo pacto, inclusive segundo 3. multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à
o que dispõe o artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho. contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
Sob a ótica do Processo Civil, no velho (art. 333,II) e no novo código dezembro de 2013)
(373, II), cuida-se de hipótese de inversão do ônus da prova (fato 4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza,
Administração Pública editou atos normativos visando, em tese, Não há, nos autos, prova no sentido de revelar que a tomadora
assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias devidos tenha cumprido o disposto no art. 19, XIX, da Instrução
aos empregados das empresas terceirizantes prestadoras de Normativa do MPOG, muito menos realizado a efetiva
serviços ao poder público, tal o descalabro verificado nas últimas fiscalização do contrato, como estabelece o art. 19 e seguintes,
Para tanto, editou, inicialmente, a Instrução Normativa n.º 02/2008, Planejamento, conforme rol de medidas a seguir transcritas de
prestadoras de serviços e à fiscalização dos contratos de trabalho. "Art. 34 A execução dos contratos deverá ser acompanhada e
Depois, no ano seguinte, também o MPOG, cuidou de editar outro fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam
regramento a respeito da matéria, por intermédio da Instrução a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso:
Normativa n.º 3, de 15 de outubro de 2009. Em tal ato regulamentar, I - os resultados alcançados em relação ao contratado, com a
registre-se, estão contidas inúmeras obrigações impostas à verificação dos prazos de execução e da qualidade demandada(...)
tomadora de serviços integrante da Administração Pública, incluindo V - o cumprimento das demais obrigações decorrentes do
"(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos das ocorrências verificadas, adotando as providências necessárias
moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a ao fiel cumprimento das cláusulas contratuais, conforme o disposto
execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência nos §§ 1º e 2º do art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993.
contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados § 4º O descumprimento total ou parcial das responsabilidades
ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução assumidas pela contratada, sobretudo quanto às obrigações e
a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez) administrativas, previstas no instrumento convocatório e na
dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão legislação vigente, podendo culminar em rescisão contratual,
contratante, contado da assinatura do contrato, comprovante de conforme disposto nos artigos 77 e 87 da Lei nº 8.666, de 1993.
prestação de garantia, podendo optar por caução em dinheiro ou § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
que, nos casos de contratação de serviços continuados de trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de entidade contratante; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23
a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá 3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer
apresentar a seguinte documentação: (Redação dada pela mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia
Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) de recibos de depósitos bancários; (Incluído pela Instrução
1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
função, horário do posto de trabalho, números da carteira de 4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada
(CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho,
serviços, quando for o caso; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer
empregados admitidos e dos responsáveis técnicos pela execução 5. comprovantes de realização de eventuais cursos de treinamento
dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; (Incluído
contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação
que prestarão os serviços; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, dos serviços, no prazo definido no contrato: (Redação dada pela
b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos 1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados
serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível
seguintes documentos, quando não for possível a verificação da pelo sindicato da categoria; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6,
- SICAF: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de 2. guias de recolhimento da contribuição previdenciária e do FGTS,
1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; (Incluído pela Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) 3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas
2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e (Incluído
União; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
3. certidões que comprovem a regularidade perante as Fazendas (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos d) comprovante da aplicação do FATES - Fundo Assistência
seguintes documentos: (Redação dada pela Instrução Normativa nº Técnica Educacional e Social;
critério da Administração contratante; (Incluído pela Instrução g) eventuais obrigações decorrentes da legislação que rege as
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da III - No caso de sociedades diversas, tais como as Organizações
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Sociais Civis de Interesse Público - OSCIP's e as Organizações
Sociais, será exigida a comprovação de atendimento a eventuais deverá reter a garantia prestada e os valores das faturas
obrigações decorrentes da legislação que rege as respectivas correspondentes a 1 (um) mês de serviços, podendo utilizá-los para
§ 6o Sempre que houver admissão de novos empregados pela efetuar os pagamentos em até 2 (dois) meses do encerramento da
contratada, os documentos elencados na alínea "a" do inciso I do § vigência contratual, conforme previsto no instrumento convocatório
5o deverão ser apresentados. (Incluído pela Instrução Normativa nº e nos incisos IV e V do art. 19-A desta Instrução Normativa.
IIIdo § 5o poderão ser apresentados em original ou por qualquer Efetivamente, as recorrentes, pessoas jurídicas integrantes da
processo de cópia autenticada por cartório competente ou por Administração Pública, deixaram de cumprir a fiscalização de que
servidor da Administração. (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, trata a Lei n.º 8.666/1993, também objeto de especificação em ato
§ 8o A Administração deverá analisar a documentação solicitada na para a falta de garantia do contrato, o acompanhamento dos
alínea "d" do inciso I do § 5o no prazo de 30 (trinta) dias após o contratos de trabalho e a retenção proporcional de valores
recebimento dos documentos, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias, suficientes para garantir o pagamento de salários e demais verbas
§ 9o Em caso de indício de irregularidade no recolhimento das por intermédio do Acórdão 1214/2013, recomenda à Administração
contribuições previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de a realização de rigorosa fiscalização, pelo poder público contratante,
serviços com dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar quanto às condições e garantias oferecidas pela empresa
ao Ministério da Previdência Social e à Receita Federal do Brasil - prestadora de serviços para assinatura do respectivo contrato, bem
RFB. (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de como o acompanhamento de sua execução, de modo a evitar
contribuição para o FGTS, os fiscais ou gestores de contratos de Transcreve-se, assim, parte daquela decisão do TCU:
ao Ministério do Trabalho e Emprego. (Incluído pela Instrução "1. A CONTRATADA deverá apresentar à Administração da
Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) CONTRATANTE, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado
Art. 34-A. O descumprimento das obrigações trabalhistas ou a não da data da assinatura do contrato, comprovante de prestação de
manutenção das condições de habilitação pelo contratado poderá garantia correspondente ao percentual de 5% (cinco por cento) do
dar ensejo à rescisão contratual, sem prejuízo das demais sanções. valor anual atualizado do contrato, podendo essa optar por caução
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro em dinheiro, títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança
de 2013) bancária.
Parágrafo único. A Administração poderá conceder um prazo para 2. A garantia assegurará, qualquer que seja a modalidade
que a contratada regularize suas obrigações trabalhistas ou suas escolhida, o pagamento de:
condições de habilitação, sob pena de rescisão contratual, quando a) prejuízo advindo do não cumprimento do objeto do contrato e do
não identificar má-fé ou a incapacidade da empresa de corrigir a não adimplemento das demais obrigações nele previstas;
Art. 35. Quando da rescisão contratual, o fiscal deve verificar o culpa ou dolo durante a execução do contrato;
pagamento pela contratada das verbas rescisórias ou a c) as multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à
atividade de prestação de serviços, sem que ocorra a interrupção do d) obrigações trabalhistas, fiscais e previdenciárias de qualquer
contrato de trabalho. (Redação dada pela Instrução Normativa nº 3, natureza, não honradas pela contratada.
de 16 de outubro de 2009)Parágrafo único. Até que a contratada 3. Não serão aceitas garantias em cujos temos não constem
comprove o disposto no caput, o órgão ou entidade contratante expressamente os eventos indicados nas alíneas a a d do item 2
4. A garantia em dinheiro deverá ser efetuada na Caixa Econômica licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei nº
10.3 não serão aceitas garantias que incluam outras isenções de apresentar extrato de FGTS dos empregados;
responsabilidade que não as previstas neste item. e) solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS;
II.d - Controle de encargos previdenciários f) orientar os fiscais dos contratos que solicitem, por amostragem,
a) fixar em contrato que a contratada está obrigada a viabilizar o aos empregados terceirizados extratos da conta do FGTS e os
acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha entregue à Administração com o objetivo de verificar se os
própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita Federal do depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que todos
Brasil, com o objetivo de verificar se suas contribuições os empregados tenham seus extratos avaliados ao final de um ano -
previdenciárias foram recolhidas; sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais
b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos de uma vez, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da
extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização g) comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade no
c) fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha em II.f - Outros documentos
sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da II.g - Conta vinculada(...)
Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos
sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária elevada e do em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:
impedimento para licitar e contratar com a União, nos termos do art. 9.1 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da
d) reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada, nos seguintes aspectos à IN/MP 2/2008:
termos do art. 31, da Lei 8.212/91; 9.1.1 que os pagamentos às contratadas sejam condicionados,
e) exigir certidão negativa de débitos para com a previdência - CND, exclusivamente, à apresentação da documentação prevista na Lei
f) orientar os fiscais dos contratos que solicitem, por amostragem, 9.1.2 prever nos contratos, de forma expressa, que a administração
aos empregados terceirizados que verifiquem se essas está autorizada a realizar os pagamentos de salários diretamente
contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes. O aos empregados, bem como das contribuições previdenciárias e do
objetivo é que todos os empregados tenham seus extratos FGTS, quando estes não forem honrados pelas empresas;
avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise 9.1.3 que os valores retidos cautelarmente sejam depositados junto
não possa ser realizada mais de uma vez, garantindo assim o à Justiça do Trabalho, com o objetivo de serem utilizados
"efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle; exclusivamente no pagamento de salários e das demais verbas
g) comunicar ao Ministério da Previdência Social e à Receita trabalhistas, bem como das contribuições sociais e FGTS, quando
Federal do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das não for possível a realização desses pagamentos pela própria
II.e - Controle do recolhimento do FGTS pertinente, tais como folha de pagamento, rescisões dos contratos e
emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para 9.1.4 fazer constar dos contratos cláusula de garantia que assegure
b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos 9.1.4.1 prejuízos advindos do não cumprimento do contrato;
os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de 9.1.4.2 multas punitivas aplicadas pela fiscalização à contratada;
extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização; 9.1.4.3 prejuízos diretos causados à contratante decorrentes de
c) fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha em c9.1.4.4 obrigações previdenciárias e trabalhistas não honradas
sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, que pela contratada.
poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo da 9.1.5 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela
administração com o objetivo de verificar o recolhimento das da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento para licitar e
contribuições previdenciárias, observar os aspectos abaixo: contratar com a União, nos termos do art. 7
9.1.5.1 fixar em contrato que a contratada está obrigada a viabilizar 9.1.6.4 fixar em contrato que a contratada deve, sempre que
o acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha solicitado, apresentar extrato de FGTS dos empregados;
própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita do Brasil, 9.1.6.5 solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS;
com o objetivo de verificar se as suas contribuições previdenciárias 9.1.6.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por
9.1.5.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer FGTS e os entregue à Administração com o objetivo de verificar se
todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção os depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que
de extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final
fiscalização; de um ano - sem que isso signifique que a análise não possa ser
9.1.5.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizada como falha realizada mais de uma vez em um mesmo empregado, garantindo
em sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da assim o "efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle;
Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença, 9.1.6.7 comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade
sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento no recolhimento do FGTS dos trabalhadores terceirizados.
para licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei 9.1.7 somente sejam exigidos documentos comprobatórios da
9.1.5.4 reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada, alimentação, por amostragem e a critério da administração;
nos termos do art. 31, da Lei 8.212/93; 9.1.8 seja fixado em contrato como falta grave, caracterizada como
9.1.5.5 exigir certidão negativa de débitos para com a previdência - falha em sua execução, o não pagamento do salário, do vale-
CND, caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf; transporte e do auxílio alimentação no dia fixado, que poderá dar
9.1.5.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por ensejo à rescisão do contrato, sem prejuízo da aplicação de sanção
essas contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes. 9.1.9 a fiscalização dos contratos, no que se refere ao cumprimento
O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos das obrigações trabalhistas, deve ser realizada com base em
avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise critérios estatísticos, levando-se em consideração falhas que
não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas
empregado, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da eventuais no pagamento de alguma vantagem a um determinado
do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das contribuições Indubitavelmente, a tomadora de serviços, no caso concreto,
9.1.6 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela União contidas no acórdão n.º 1.214/2013, tanto em relação à
Administração com o objetivo de verificar o recolhimento do Fundo ausência de garantia do contrato, quanto na fiscalização dos
de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, observe os aspectos contratos de trabalho dos empregados da prestadora de serviços,
9.1.6.1 fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a No âmbito do Poder Judiciário, a título de exemplo, destaque-se, o
emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para CNJ - Conselho Nacional de Justiça, editou a Resolução n.º
9.1.6.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer terceirizados, estabelecendo procedimentos voltados para
todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias aos
fiscalização;
9.1.6.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha "Dispõe as provisões de encargos trabalhistas a serem pagos pelos
em sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, Tribunais às empresas contratadas para prestar serviços de forma
que poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo contínua no âmbito do Poder Judiciário.
Considerando a necessidade da Administração Pública, na prática Tribunais ou Conselhos e a empresa vencedora do certame será
de atos administrativos, nos termos do disposto no art. 14 do precedida dos seguintes atos:
Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, observar os I - solicitação pelo Tribunal ou Conselho contratante, mediante
princípios da racionalidade e da economicidade; ofício, de abertura de conta corrente vinculada - bloqueada para
Considerando a responsabilidade subsidiária dos Tribunais, no caso movimentação -, no nome da empresa, conforme disposto no art. 1º
de inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa desta Resolução (ANEXOS III, IV, V, VI, VIII e IX);
contratada para prestar serviços terceirizados, de forma contínua, II - assinatura, pela empresa a ser contratada, no ato da
mediante locação de mão-de-obra, conforme a jurisprudência dos regularização da conta corrente vinculada - bloqueada para
Considerando que os valores referentes às provisões de encargos que permita ao Tribunal ou Conselho ter acesso aos saldos e
trabalhistas são pagos mensalmente à empresa, a título de reserva, extratos, e que vincule a movimentação dos valores depositados à
para utilização nas situações previstas em lei; sua autorização. (ANEXO VII)
Art. 1º Determinar que as provisões de encargos trabalhistas movimentação - serão remunerados pelo índice da poupança ou
relativas a férias, 13º salário e multa do FGTS por dispensa sem outro definido no acordo de cooperação, sempre escolhido o de
empresas contratadas para prestar serviços de forma contínua, Art. 8º Os valores referentes às provisões de encargos trabalhistas
sejam glosadas do valor mensal do contrato e depositadas mencionados no art. 4º, depositados na conta corrente vinculada -
exclusivamente em banco público oficial. bloqueada para movimentação - deixarão de compor o valor do
Parágrafo único. Os depósitos de que trata o caput deste artigo pagamento mensal à empresa.
devem ser efetivados em conta corrente vinculada - bloqueada para Art. 9º No âmbito dos Tribunais ou Conselhos, o setor de controle
movimentação - aberta em nome da empresa, unicamente para interno ou setor financeiro é competente para definir, inicialmente,
essa finalidade e com movimentação somente por ordem do os percentuais a serem aplicados para os descontos e depósitos,
Art. 2º A solicitação de abertura e a autorização para movimentar a conferir a aplicação sobre as folhas de salário mensais das
conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação - serão empresas e realizar as demais verificações pertinentes.
providenciadas pelo setor de administração do respectivo Tribunal Art. 10. Os editais referentes às contratações de empresas para
Art. 3º Os depósitos de que trata o art. 1º desta Resolução serão deverão conter expressamente o disposto no art. 8º desta
efetuados, com o acréscimo do Lucro proposto pela contratada. Resolução, bem como a obrigatoriedade de observância de todos
dos valores das seguintes provisões previstas para o período de Art. 11. A empresa contratada poderá solicitar autorização do
II - Férias e Abono de Férias; dos empregados que prestam os serviços contratados pelo Tribunal
III - Impacto sobre férias e 13º salário; ou Conselho, ocorridas durante a vigência do contrato.
Parágrafo único. Os valores provisionados para o atendimento bloqueada para movimentação - a empresa deverá apresentar à
deste artigo serão obtidos pela aplicação de percentuais e valores unidade de controle interno ou setor financeiro os documentos
Art. 5º Os Tribunais ou Conselhos deverão firmar acordo de § 2º Os Tribunais ou Conselhos, por meio dos setores competentes,
cooperação com banco público oficial, que terá efeito subsidiário à expedirão, após a confirmação da ocorrência da indenização
presente Resolução, determinando os termos para a abertura da trabalhista e a conferência dos cálculos pela unidade de auditoria, a
conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação. (ANEXO autorização de que trata o caput deste artigo, que será
encaminhada à instituição financeira oficial no prazo máximo de de realizar a retenção dos valores destinados a suportar o
cinco dias úteis, a contar da data da apresentação dos documentos pagamento das verbas devidas aos empregados das prestadoras
comprobatórios pela empresa. de serviços, ação a qual restou solenemente ignorada quanto à
prazo máximo de três dias, o comprovante de quitação das Neste caso, portanto, encontram-se preenchidos os requisitos para
indenizações trabalhistas, contados da data do pagamento ou da a decretação da responsabilidade subsidiária das duas últimas
Art. 12. O saldo total da conta corrente vinculada - bloqueada para cometimento de ato ilegal por parte da Administração Pública (CCB,
movimentação - será liberado à empresa, no momento do artigos 186 e 927, caput; CLT, artigo 8º), tudo em consonância com
encerramento do contrato, na presença do sindicato da categoria o resultado dos julgamentos proferidos nos autos da ADC n.º 16 e
correspondente aos serviços contratados, ocorrendo ou não o do RE 760931, pelo STF, bem como em atenção à nova redação da
Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação". A culpa da segunda reclamada, pela inadimplência patronal, está
Como se percebe, os órgãos de fiscalização conhecem a realidade Sinteticamente, havendo, nos autos, demonstração de que além da
da terceirização realizada pelo poder público brasileiro, cujo péssima escolha no ato da contratação, a tomadora de serviços foi
descumprimento da legislação trabalhista por parte de empresas omissa ou negligente no seu dever de fiscalização junto à empresa
sem lastro econômico ou financeiro, pois incumbidas apenas de terceirizante, a ponto de direitos básicos dos trabalhadores terem
vender ou intermediar mão de obra, é a regra geral, bem como a sido sistematicamente desrespeitados durante e após o término do
sistemática lesão a direitos obreiros próprios do ato da rescisão pacto laboral (rescisão contratual), sem nenhuma ação ou reação
Lamentavelmente, os normativos existentes e as recomendações extremamente moderado, ou seja, para dizer o mínimo, a culpa in
editadas por órgãos públicos diversos têm sido insuficientes para vigilando.
contratações celebradas entre a Administração Pública e as 2.1.4- ANÁLISE DO CASO CONCRETO - AGORA A PARTIR DA
empresas terceirizantes, muito provavelmente, consigne-se, porque EXISTÊNCIA OU NÃO DA PROVA CONTUNDENTE NOS AUTOS
dignidade humana laboral, com o respeito aos direitos previstos na COMO TOMADORA DE SERVIÇOS
Constituição da República e na CLT- Consolidação das Leis do Para além da ausência de demonstração da fiscalização efetiva do
Trabalho. A terceirização existe, em primeiro lugar, para diminuir os contrato administrativo, como vimos na análise do tópico anterior a
custos com o trabalho. E depois, não menos relevante, para este, há, de fato, prova contundente da culpa in vigilando da
fragmentar a classe trabalhadora, do ponto de vista de sua tomadora de serviços pelo inadimplemento de verbas devidas à
organização social e política. parte reclamante, parcelas as quais deveriam ter sido
Pois bem. Aqui, de igual modo, a parte demandante deixou de pagas/depositadas no curso e quando da rescisão contratual.
receber parcelas durante o curso do pacto laboral, bem como parte Observemos, então.
das verbas básicas no ato da rescisão contratual, não tendo a A empresa prestadora de serviços deixou de honrar com obrigações
tomadora de serviços adotado qualquer medida concreta para evitar básicas do contrato de trabalho mantido com a parte obreira, a
a lesão consumada, seja no que se refere à fiscalização rigorosa do ponto de deixar de cumprir obrigações de fazer tais como baixa da
contrato de prestação de serviços quando de sua vigência, seja no CTPS, entrega das guias para percepção do seguro-desemprego e
tocante à reserva mensal de valores para assegurar o pagamento levantamento do FGTS. Além disso, deixou de pagar parcelas tais
de verbas rescisórias à parte obreira, ainda no século XXI a parte como multa de 40% do FGTS, multa estabelecida no §8° do art. 477
frágil dessa relação triangular formada à margem do ordenamento do Texto Celetista e multa convencional, segundo os termos da
jurídico (CRFB, CLT, Pactos e Convenções Internacionais), sentença condenatória ora examinada em grau de recurso.
conforme explicitado antes no presente voto. Não raro, o poder público contratante de trabalho terceirizado
Além da ausência de qualquer fiscalização, no regular exercício do sequer traz aos autos qualquer documento apto a demonstrar
poder de vigilância adequado, a tomadora de serviços não cuidou indício de fiscalização, preferindo, pois, apostar na tese frágil da
ausência de responsabilidade pelo pagamento das verbas devidas à Tal como especificado nas normas e determinações expressamente
parte autora, decorrentes do contrato de prestação de serviços com transcritas no tópico anterior do presente voto, a tomadora de
a empresa terceirizante que cumpriu o roteiro tradicional. serviços não fez a retenção que deveria realizar para assegurar o
A fiscalização insuficiente por parte da tomadora de serviços (culpa pagamento das verbas decorrentes do período do pacto laboral em
in vigilando) é, na imensa maioria dos casos, flagrante, que a parte reclamante prestou serviços na condição de
quitação de várias parcelas inadimplidas no curso e término do Em outras palavras, a negligência da tomadora de serviços é
Não é demais lembrar que a empregadora deixou de registrar o Não fosse suficiente, a recorrente sequer juntou documentos
contrato de trabalho, além de não pagar as diversas verbas devidas capazes de demonstrar que fiscalizou adequadamente o
Ora, não se trata da presunção de culpa. A Administração Pública, A recorrente nada fez para assegurar o pagamento das verbas
na qualidade de tomadora de serviços, segundo prova dos autos, efetivamente devidas ao recorrido, nem mesmo efetuou a retenção
não fiscalizou a regularidade do cumprimento das obrigações no mensal de valores capaz de suportar a dívida reconhecida
curso do pacto laboral. Por via de consequência, descumpriu o judicialmente, como estabelecido em normas internas da
disposto nos artigos 58 e 67, da Lei n.º 8.666/1993, quanto ao dever Administração Pública Federal.
de fiscalização rigorosa do contrato administrativo, mês a mês, dia a Para além da flagrante conduta omissiva, negligente, configuradora,
De igual modo, a omissão do poder público contratante de trabalho regularidade do cumprimento das obrigações durante o pacto
terceirizado, no caso concreto, ignorou a Instrução Normativa n.º 3, laboral, a tomadora de serviços, integrante da Administração
de 15 de outubro de 2009, do MPOG (Art. 34 A execução dos Pública, não cuidou de exigir, da empresa terceirizante, a garantia
contratos deverá ser acompanhada e fiscalizada por meio de de execução do contrato previsto no art. 56, da Lei de Licitações, e
instrumentos de controle, que compreendam a mensuração dos reiterada em normas internas do MPOG, conforme a seguir
continuadas com dedicação exclusiva dos trabalhadores da "(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos
contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a
comprovações:(...) 1. extrato da conta do INSS e do FGTS de execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência
qualquer empregado, a critério da Administração contratante; contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados
(Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução
2013), ao não ter adotado a mais remota providência para obrigar a Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013).
empresa terceirizante a regularizar o FGTS da parte reclamante e a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez)
de tantos outros empregados vinculados ao mesmo contrato de dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão
Conforme transcrição realizada no item 3.2.3 deste voto, há tantas prestação de garantia, podendo optar por caução em dinheiro ou
outras normas internas editadas pelo próprio poder público, exigindo títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo
a fiscalização, por parte da tomadora de serviços, quanto à que, nos casos de contratação de serviços continuados de
regularidade dos depósitos mensais do FGTS nas contas dos dedicação exclusiva de mão de obra, o valor da garantia deverá
empregados, incluindo deliberação do órgão de controle de contas corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído
federais, o TCU - Tribunal de Contas da União. pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
Reitere-se: a tomadora de serviços, integrante da Administração b) a garantia, qualquer que seja a modalidade escolhida,
Pública, sequer constatou as irregularidades que ensejaram a assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº
de 40% do FGTS e das obrigações de fazer (baixa na CTPS) tudo a 1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato;
atestar que a fiscalização ou vigilância do contrato não passava de (Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de
2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa parcelas básicas do liame laboral, encontra-se configurada a sua
ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela culpa in vigilando, apta, portanto, a atrair a responsabilidade
Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015) subjetiva admitida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal
3. multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à Superior do Trabalho. A culpa in vigilando resta reforçado quando,
contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de além de não cumprir as suas obrigações inerentes à fiscalização, o
dezembro de 2013) poder público contratante nada faz para evitar a inadimplência em
4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza, relação às verbas devidas durante o curso do pacto e na rescisão
não adimplidas pela contratada, quando couber". contratual, seja pela ausência da retenção de valor mensal para
A conduta omissiva e negligente da tomadora de serviços, no contrato administrativo, a ser renovada anualmente, tudo nos
tocante à ausência de fiscalização do contrato administrativo e à termos da lei e das normas regulamentares instituídas pela própria
exigência de garantia de execução, é por demais evidente nos Administração Pública, além das determinações emitidas pelo órgão
autos, a ponto de configurar a sua culpa in vigilando, de forma de controle de contas na mesma direção (TCU).
contundente e irrefutável, pelo inadimplemento de todas as verbas a Assim sendo, mantenho a sentença que declarou a
que foi responsabilizada de forma subsidiária pelo Juízo da responsabilidade subsidiária da segunda reclamada pelas
instância primeira da causa. obrigações trabalhistas definidas nos julgados, salvo quanto
A segunda reclamada não empreendeu medidas eficazes para às obrigações de fazer próprias do empregador.
Se assim tivesse agido, poderia ter evitado o dano causado à parte 2.1.5- CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO
autora, fato devidamente reconhecido pela sentença recorrida. A condenação impostas às recorrentes (responsabilidade
A prova dos autos atesta a culpa in vigilando da tomadora de subsidiária) não decorre da declaração de inconstitucionalidade do
serviços. artigo 71, §1º, da Lei n.º 8.666/1993, senão de sua observância em
A fiscalização insuficiente por parte da segunda reclamada (culpa in conformidade com a interpretação conferida à referida norma pelo
vigilando) é flagrante, considerando inclusive a ausência de Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC n.º 16, e do RE
Se tivesse cumprido as suas obrigações legais e contratuais, a plenária para emitir decisão sobre matéria jamais deliberada pela
qualidade de tomadora de trabalho terceirizado, não é automática. A partir do enfrentamento jurídico realizado, considera-se, pois, que
Havendo inadimplência quanto ao pagamento de parcelas houve prequestionamento das normas constitucionais indicadas na
trabalhistas diversas ou verbas rescisórias, por parte da prestadora defesa e no recurso da tomadora de serviços, sem ofensa alguma a
subsidiária, quando restar demonstrada nos autos, de maneira Ainda assim, precisa ser registrado que a decisão judicial
categórica e irrefutável, a sua culpa in vigilando, no tocante à condenatória do poder público contratante de trabalho terceirizado,
ausência de fiscalização (conduta omissiva ou negligente) do em caráter subsidiário, por culpa in vigilando, observa o conteúdo
contrato administrativo celebrado com empresa terceirizante. das decisões do STF sobre a matéria (ADC n.º 16 e RE 760931),
Sinteticamente, revelando a prova dos autos, de forma contundente sem qualquer ofensa a dispositivo constitucional ou legal, incluindo
e irrefutável, que a tomadora de serviços concorreu diretamente os artigos 5º, II, XLV, XLVI, 22, XXVII, 37, XXI, 37, §6º, 97, 102, §2º,
para a inadimplência trabalhista, ao ser omissa e negligente quanto da CRFB, e ao art. 71, da Lei nº 8.666/1993, bem como à Súmula
à fiscalização do contrato mantido com a empresa terceirizante, a Vinculante n.º 10, do STF.
durante o seu desenvolvimento, incluindo a falta de pagamento de 2.2. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ALTERAÇÕES
PROMOVIDAS PELA LEI N.º 13.467/2017 Ademais, o estado de hipossuficiência não deve ser medido pelo
No apelo, o BB TECNOLOGIA impugna a concessão dos benefícios simples valor do salário, mas pela potencialidade de eventual
da justiça gratuita à autora. pagamento das despesas processuais, somado aos gastos
Cabe assinalar que trata-se de reclamação trabalhista ajuizada sentido, o informativo nº 151, do TST:
Quanto à gratuidade da justiça, assim dispõe o art. 790, §§ 3º e 4º Justiça gratuita. Declaração de pobreza. Presunção relativa de
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos recebido quantia vultosa (R$ 1.358.507,65) decorrente de verbas
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a rescisórias e de indenização oriunda de adesão a plano de
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive demissão voluntária não é suficiente para elidir a presunção de
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário veracidade da declaração de pobreza por ele firmada. Sob esse
igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos fundamento, a SBDI-I, maioria, conheceu dos embargos por
benefícios do Regime Geral de Previdência Social. contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, e, no
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a sentença que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas deferira os benefícios da justiça gratuita. Vencidos os Ministros João
Depreende-se do novo texto legal (§§ 3º e 4º do Art. 790 da CLT) Hugo Carlos Scheuermann, 2.2.2017. Informativo TST nº 151.
por cento do limite do RGPS, há presunção de serem beneficiários Não se olvide que as benesses da Justiça Gratuita têm previsão
da Justiça gratuita e, de outro lado, para aqueles cujo salário constitucional, segundo o qual "o Estado prestará assistência
ultrapassa tal teto, resta mantida a possibilidade de comprovação jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
da hipossuficiência, podendo esta ser firmada por mera declaração, recursos" (CF, art. 5º, LXXIV), medida que concretiza o direito de
nos termos da Lei n.º 7.115/1983, que confere à simples declaração acesso à Justiça.
presunção de veracidade, para fins de comprovação do estado de Seguindo esse norte, o Código de Processo Civil de 2015 disciplina,
Eis a regra específica em sua literalidade: tanto a inclusão de isenção do pagamento de custas judiciais, como
"Art. . 1º - A declaração destinada a fazer prova de vida, possibilidade de comprovação da hipossuficiência por simples
residência, pobreza, dependência econômica, homonímia ou declaração, cabendo à parte contrária o ônus de demonstrar que o
bons antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado requerente não preenche os requisitos para o deferimento do
ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se instituto (CPC, art. 99, §3º c/c CLT, art. 769).
Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins ordinário no tratamento do beneficiário de tal Gratuidade que litiga
de prova em processo penal. na Justiça Comum frente àquele litigante na Justiça do Trabalho.
Art. . 2º - Se comprovadamente falsa a declaração, sujeitar-se-á o Ora, o Direito do Trabalho teve origem na necessidade de proteção
declarante às sanções civis, administrativas e criminais previstas na ao empregado hipossuficiente, sendo esse princípio o próprio esteio
Art. . 3º - A declaração mencionará expressamente a Tornou-se necessário, portanto, trilhar uma interpretação
responsabilidade do declarante. constitucionalmente adequada dos novos preceitos trazidos pela Lei
Art. . 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. n.º 13.467/2017, com um olhar atento a todo o ordenamento
Portanto, não havendo nada a infirmar a veracidade da declaração Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Décima
de hipossuficiência expendida pelo autor, inexistem elementos Região, à vista do contido na certidão de julgamento, em dispensar
concretos para o indeferimento, à parte autora, da gratuidade da o relatório, conhecer do recurso ordinário da segunda reclamada e,
justiça, que, em sua acepção mais ampla, resta assegurada pelo no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do
inc. LXXIV do art. 5.° da Constituição da República "aos que Desembargador Relator. Ementa aprovada.
comprovem insuficiência de recursos" e tem suas raízes fincadas na Julgamento ocorrido por unanimidade de votos, com a participação
Assim sendo, nego provimento. Coutinho e do Juiz convocado Paulo Henrique Blair. Ausentes,
Pelo exposto, conheço do recurso ordinário da segunda reclamada Denilson Coêlho. Pelo MPT a Dra. Soraya Tabet Souto Maior
e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação. (Procuradora Regional do Trabalho), que opinou pelo
1DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7. Sessão telepresencial de 13 de outubro de 2020 (data do
em 20.05.2015.
3TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem GRIJALBO FERNANDES COUTINHO
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=
20.05.2015
de 2017.
1ªTURMA/2020
1- ADMISSIBILIDADE
COUTINHO 2- MÉRITO
ADVOGADO: KETHLENE VANZELER DAWIDOVICZ - OAB: CONFISSÃO FICTA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS
RECORRIDO: JOAO CLAUDIO SILVA DOS SANTOS PRORROGAÇÃO. VERBAS CONTRATUAIS E RESCISÓRIAS
ADVOGADO: ROBSON DA PENHA ALVES - OAB: DF0034647 A instância de origem decretou a revelia e a confissão ficta da
CLASSE ORIGINÁRIA: AÇÃO TRABALHISTA - Rito reclamada, reconhecendo a rescisão antecipada do contrato de
ORIGEM: 10ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA - DF pleito e condenando a reclamada,por via de consequência, ao
(JUIZ ALCIR KENUPP CUNHA) - pagamento de saldo de salário, indenização por rescisão
sucumbenciais.
1. REVELIA. CONFISSÃO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS todos os salários devidos foram regularmente quitados, não
FATOS. A presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial, havendo pagamento "por fora" e, da mesma forma, verbas
por aplicação da revelia e confissão é relativa, isto é, admite prova rescisórias a quitar.
míngua de elementos concretos que possam infirmar tal presunção, Inicialmente, registro que a reclamada, devidamente notificada, não
prevalecem os efeitos daquelas cominações, impondo-se, dessa compareceu à audiência inaugural. Nesse cenário, a ela foram
forma, a manutenção da sentença que condenou a reclamada ao aplicadas a revelia e confissão quanto à matéria fática, em
pagamento de saldo de salário, indenização por rescisão escorreita decisão, presumindo-se, assim, verdadeiros os fatos
da reclamada conhecido e desprovido. Saliento que a presunção de veracidade dos fatos alegados na
contrato de experiência.
reclamante ao ID. cee08c3 - Pág. 2, o que revela uma cópia em GRIJALBO FERNANDES COUTINHO
classificação de um contrato por prazo indeterminado realizado com Brasília-DF, 14 de outubro de 2020.
o reclamante.
Ora, a confissão ficta, decorrente da revelia patronal, eleva a tese MARIA APARECIDA FONSECA MATOS
III - CONCLUSÃO
CLASSE ORIGINÁRIA: Ação Trabalhista - Rito Sumaríssimo inexistem elementos concretos para o indeferimento, à parte autora,
(JUIZ: FRANCISCO LUCIANO DE AZEVEDO FROTA)- da gratuidade da justiça, que, em sua acepção mais ampla, resta
16 E DO RE 760931-DF, COM REPERCUSSÃO GERAL. Segundo Dispensado, na forma do artigo 852-I, c/c 895, § 1º, IV, ambos da
culpa in vigilando, no tocante à ausência de fiscalização (conduta Argüiu a reclamante, em suas contrarrazões, preliminar de não-
omissiva ou negligente) do contrato administrativo celebrado com conhecimento do apelo por ausência de interesse recursal (ID.
PODER PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO. PROVA DOS AUTOS. À análise dos autos, observa-se que a recorrente (BB
Revelando a prova dos autos, de forma contundente e irrefutável, TECNOLOGIA E SERVICOS S.A) foi condenada subsidiariamente
que a tomadora de serviços concorreu diretamente para a pelo pagamento da multa do art. 477 da CLT e multa convencional
inadimplência trabalhista, ao ser omissa e negligente quanto à (ID. 60b8ac3 - Pág. 3).
fiscalização do contrato mantido com a empresa terceirizante, a Nesse contexto, sendo certo que a pretensão de responsabilidade
ponto de não ter sequer coibido as irregularidades evidentes subsidiária postulada na exordial foi deferida na decisão atacada, a
durante o seu desenvolvimento, incluindo a falta de pagamento de recorrente possui interesse recursal, no tocante a tal pleito,
parcelas básicas do liame laboral, encontra-se configurada a sua ensejando o conhecimento do recurso.
culpa in vigilando, apta, portanto, a atrair a responsabilidade Ante o exposto, preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos
subjetiva admitida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela segunda
relação às verbas rescisórias, seja pela ausência da retenção de 2.1- TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
valor mensal para esse fim, seja pela falta de exigência da garantia RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO
de execução do contrato administrativo, a ser renovada anualmente, O debate nuclear do presente litígio devidamente judicializado diz
tudo nos termos da lei e das normas regulamentares instituídas pela respeito à terceirização de mão de obra promovida pelo poder
própria Administração Pública, além das determinações emitidas na público, a sua responsabilidade (objetiva, subjetiva ou nenhuma) e o
mesma direção pelo órgão de controle de contas (TCU).2. respectivo grau de tal responsabilidade no ato do pagamento
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. Independentemente dos decorrente de eventual condenação trabalhista (solidário ou
possível a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita com base As questões serão analisadas nos tópicos temáticos a seguir
da declaração de hipossuficiência expendida pela parte reclamante, Ao contrário de votos anteriores sobre a matéria, por mim proferidos
aqui na 1ª Turma do TRT 10, entre novembro de 2014 e início de demonstrou ter laborado para a primeira reclamada em prol da
outubro de 2017, não mais farei, a partir de agora, uma abordagem segunda reclamada, nas condições antes relatadas.
geral sobre a terceirização, do ponto de vista histórico, econômico, Destaco que a tese de existência de contratos de prestação de
social e jurídico. serviços entre pessoas jurídicas não tem o condão de afastar a
Deixarei para fazê-lo em outra oportunidade, quando houver responsabilização subsidiária da segunda reclamada, mas, ao
necessidade de avaliar o conteúdo das novas normas legais contrário, reforça a tese de que o ente público se beneficiou da
reguladoras da terceirização nas relações de trabalho (Leis força de trabalho da reclamante via empresa interposta, não sendo
13.429/2017 e 13.467/2017), as quais precisam ser interpretadas possível afastar as responsabilidades inerentes às relações
tendo em conta a Constituição da República e os seus princípios jurídicas das quais participou.
fundantes, o Direito Internacional do Trabalho e a principiologia do Logo, irrefutável a prova da condição de tomadora de serviços da
Analisarei a questão posta no presente recurso, portanto, sob os Verificada a inegável qualidade de tomadora de serviços da
estreitos limites conferidos pelo Supremo Tribunal Federal e pelo segunda reclamada, durante todo o período de vigência do contrato
Tribunal Superior do Trabalho, muitas vezes com ressalva de de trabalho mantido entre a parte reclamante e a primeira
entendimento pessoal em sentido contrário à interpretação dada à reclamada (empresa prestadora), impõe-se analisar a matéria
Em outras palavras, cinge-se a discussão presente ao tema da Administração Pública indireta, aqui reivindicada, consigne-se, sob
responsabilidade subsidiária do poder público, com a aplicação dos o ângulo da interpretação contida no teor da Súmula n.º 331, do
entendimentos manifestados pelo Supremo na ADC nº 16 e no RE- Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
2.1.1- ALEGAÇÕES DA INICIAL E DA DEFESA EM RELAÇÃO À TERCEIRIZADOS. ANÁLISE DA QUESTÃO SOB O ÂNGULO
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA PRETENDIDA. DA PROVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO SUPREMO TRIBUNAL
DA PRESTAÇÃO LABORAL PARA O PODER PÚBLICO POR FEDERAL - ADC Nº 16 E RE-760931, COM REPERCUSSÃO
A reclamante alegou ter sido admitida em 21/12/2015, pela primeira COMPREENSÃO DO STF
reclamada, para exercer a função de assistente de liderança, em A Súmula n.º 331, do TST, interpretando a Constituição da
prol da segunda reclamada (BB TECNOLOGIA E SERVICOS S.A), República, a legislação ordinária vigente e observando os
pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta, tendo precedentes judiciais do próprio tribunal, anuncia não ser possível a
sido dispensada imotivadamente em 06/11/2019. Postulou o terceirização na atividade-fim, no âmbito da Administração Pública.
Invocando o conteúdo da Súmula nº 331, do Tribunal Superior do da súmula em debate, haveria tão somente a responsabilidade
Trabalho, a parte autora requereu a decretação da responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, incluindo o poder público,
subsidiária da segunda reclamada (BB TECNOLOGIA) pelo independentemente de culpa, assim entendido pelo TST, ao menos
presente feito, bem como a condenação de ambas as reclamadas O professor e magistrado Maurício Godinho Delgado, ao abordar o
ao pagamento das verbas discriminadas no rol dos pedidos. tema da responsabilidade de entidades estatais em casos de
Dirimindo a controvérsia, o Juízo de origem decretou a terceirização de mão de obra, antes da decisão proferida pelo STF
responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, conforme nos autos da ADC n.º 16, declarava que:
Em seu recurso, a segunda reclamada insiste no afastamento da "A entidade estatal que pratique terceirização com empresa
responsabilidade subsidiária. inidônea (isto é, empresa que se torne inadimplente com relação a
Não é difícil notar que a reclamante, com a petição inicial e com a contratante) ou, no mínimo, culpa in vigilando (má fiscalização das
prova documental, ante a revelia da primeira reclamada, obrigações contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, a
responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador O respeito à dignidade humana não deve ter como referência a
terceirizante no período de efetiva terceirização (inciso IV do posição privilegiada dos cidadãos na pirâmide social marcadamente
Enunciado 331, TST) (...) Ora, a entidade estatal que pratique injusta da estratificada sociedade brasileira. Ao contrário, no campo
terceirização com empresa inidônea (isto é, empresa que se torne das relações de trabalho, quanto mais humilde for o trabalhador,
inadimplente com relação a direitos trabalhistas) comete culpa in maior zelo o Estado deve ter com seus direitos, em nome da justiça
eligendo (má escolha do contratante) mesmo que tenha firmado a social e da manutenção do único meio de subsistência da imensa
seleção por meio de processo licitatório. Ainda que não se admita maioria da população brasileira.
essa primeira dimensão da culpa, incide, no caso, outra dimensão, É forçoso concluir que uma interpretação meramente literal,
no mínimo a culpa in vigilando (má fiscalização das obrigações descontextualizada e não sistemática do artigo 71, da Lei n.º
contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, o ente do Estado a 8.666/1993, na prática, sem nenhuma hesitação, resultaria na
responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador abominável chancela do Estado ao calote oficial aos empregados
Impende ressaltar que o § 6.º do artigo 37, da Constituição Federal pessoas jurídicas de direito público (artigo 37, §6º, da CRFB), da
estabelece a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (artigo
direito público, ao prescrever que estas, assim como as de direito 1º, incisos III e IV).
privado prestadoras de serviços públicos, "responderão pelos danos Ao julgar Ação Direta de Constitucionalidade ajuizada pelo então
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, governador do Distrito Federal2, o Supremo Tribunal Federal, em
assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos sessão plenária realizada no dia 24 de novembro de 2010, declarou
de dolo e culpa". constitucional o artigo 71, da Lei n.º 8.666/93. A notícia publicada
No particular, nota-se que o texto constitucional opta por expressa em sua página na rede mundial de computadores, no dia 24 de
rejeição à teoria da irresponsabilidade do poder público em suas novembro de 2010, foi a seguinte:
involuntárias. "TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem
Razões de natureza social ainda mais relevantes justificam o zelo e de responsabilidade subsidiária, decide STF
a responsabilidade que as entidades e os órgãos da Administração Por votação majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal
Pública devem guardar em relação aos direitos humanos declarou, nesta quarta-feira (24), a constitucionalidade do artigo 71,
(econômicos, sociais e culturais) das mulheres e dos homens que parágrafo 1º, da Lei 8.666, de 1993, a chamada Lei de Licitações. O
lhes prestam serviços em condições precárias de trabalho, por força dispositivo prevê que a inadimplência de contratado pelo Poder
da gestão empresarial embasada na terceirização. Público em relação a encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
É bastante comum o desaparecimento das prestadoras de serviços, transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
assim como a constatação relativa à inexistência de bens dessas pagamento, nem pode onerar o objeto do contrato ou restringir a
pessoas jurídicas, suficientes para garantir o pagamento das verbas regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
devidas aos empregados. Registro de Imóveis. Segundo o presidente do STF, isso "não
O poder público não pode simplesmente cruzar os braços, impedirá o TST de reconhecer a responsabilidade, com base nos
desrespeitando o trabalhador que lhe presta ou prestou serviços. fatos de cada causa". "O STF não pode impedir o TST de, à base
Não é para cumprir tão lamentável missão que existe o Estado. Se de outras normas, dependendo das causas, reconhecer a
vingasse a tese suscitada nas defesas apresentadas perante a responsabilidade do poder público", observou o presidente do
Justiça do Trabalho, pela Administração Pública, os milhões de Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem reconhecido
homens e mulheres empregados das empresas terceirizantes é que a omissão culposa da administração em relação à
seriam declarados como indivíduos não detentores de parte fiscalização - se a empresa contratada é ou não idônea, se paga ou
substancial dos direitos do trabalho, durante a vigência e no ato das não encargos sociais - gera responsabilidade da União.
rescisões dos seus pactos laborais, restando caracterizado, por via A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de
de consequência, o evidente desrespeito aos princípios Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do Distrito
fundamentais da República da dignidade da pessoa humana e do Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior
valor social do trabalho (CRFB, artigo 1º, III e IV). do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do
mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a existia, sim, porquanto o enunciado do TST ensejou uma série de
Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos decisões nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e, diante
trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de delas e de decisões do próprio TST, uma série de ações, sobretudo
provimento a uma série de Reclamações (RCLs) ajuizadas na O ministro Marco Aurélio observou que o TST sedimentou seu
Suprema Corte contra decisões do TST e de Tribunais Regionais do entendimento com base no artigo 2º da Consolidação das Leis do
Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Entre elas estão as Trabalho (CLT), que define o que é empregador, e no artigo 37,
RCLs 7517 e 8150. Ambas estavam na pauta de hoje e tiveram parágrafo 6º da Constituição Federal (CF), que responsabiliza as
suspenso seu julgamento no último dia 11, na expectativa de pessoas de direito público por danos causados por seus agentes a
pedir.Por interessar a todos os órgãos públicos, não só federais Ao decidir, a maioria dos ministros se pronunciou pela
como também estaduais e municipais, os governos da maioria dos constitucionalidade do artigo 71 e seu parágrafo único, e houve
estados e de muitos municípios, sobretudo de grandes capitais, consenso no sentido de que o TST não poderá generalizar os casos
assim como a União, pediram para aderir como amici curiae e terá de investigar com mais rigor se a inadimplência tem como
(amigos da corte) nesta ADC. causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo órgão público
Alegações contratante.
Na ação, o governo do DF alegou que o dispositivo legal em O ministro Ayres Britto endossou parcialmente a decisão do
questão "tem sofrido ampla retaliação por parte de órgãos do Poder Plenário. Ele lembrou que só há três formas constitucionais de
Judiciário, em especial o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que contratar pessoal: por concurso, por nomeação para cargo em
diuturnamente nega vigência ao comando normativo expresso no comissão e por contratação por tempo determinado, para suprir
nesse sentido, que a Súmula 331 do TST prevê justamente o Assim, segundo ele, a terceirização, embora amplamente praticada,
oposto da norma do artigo 71 e seu parágrafo 1º. não tem previsão constitucional. Por isso, no entender dele, nessa
A ADC foi ajuizada em março de 2007 e, em maio daquele ano, o modalidade, havendo inadimplência de obrigações trabalhistas do
relator, ministro Cezar Peluso, negou pedido de liminar, por contratado, o poder público tem de responsabilizar-se por elas".3
individualmente. Posta em julgamento em setembro de 2008, o A decisão proferida pelo STF, na ADC n.º 16, recebeu a ementa a
ministro Menezes Direito (falecido) pediu vista dos autos, quando o seguir transcrita:
dela havia conhecido, para que fosse julgada no mérito. "EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária.
Hoje, a matéria foi trazida de volta a Plenário pela ministra Cármen Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do
Lúcia Antunes Rocha, uma vez que o sucessor do ministro Direito, o outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus
ministro Dias Toffoli, estava impedido de participar de seu encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução
julgamento, pois atuou neste processo quando ainda era advogado do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica.
geral da União. Consequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93.
Na retomada do julgamento, nesta quarta-feira, o presidente do STF Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de
e relator da matéria, ministro Cezar Peluso, justificou o seu voto constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto
pelo arquivamento da matéria. Segundo ele, não havia controvérsia vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei
a ser julgada, uma vez que o TST, ao editar o Enunciado 331, não federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela
declarou a inconstitucionalidade do artigo 71, parágrafo 1º, da Lei Lei nº 9.032, de 1995." 4
8.666.
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia divergiu do ministro Cezar Da leitura do inteiro teor daquele acórdão, percebe-se, com
Peluso quanto à controvérsia. Sob o ponto de vista dela, esta meridiana clareza, que o Supremo Tribunal Federal, embora tenha
reconhecido a constitucionalidade do artigo 71, §1º, da Lei n.º todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período
por parte das empresas prestadoras de serviços as quais colocam Embora represente evidente retrocesso social para os trabalhadores
trabalhadores terceirizados desenvolvendo as suas atividades em terceirizados, a decisão proferida nos autos da ADC n.º 16, pelo
prol de entidades e órgãos do Estado. STF, a ponto de determinar explícita mudança parcial do conteúdo
Adotando a teoria da responsabilidade subjetiva da Administração da Súmula nº 331, do TST, jamais pode significar o fim da proteção
Pública, o STF declarou que cabe à Justiça do Trabalho, no exame aos direitos e créditos trabalhistas dos milhares de empregados
de cada litígio que lhe é submetido cuidando do tema, avaliar a formais das empresas prestadoras de serviços no âmbito do poder
condenação ou absolvição do tomador de serviços integrante do Bem sabemos e conhecemos quão dura é a realidade deste grupo
Coube ao Tribunal Superior do Trabalho, a partir daquela decisão incluindo salários baixíssimos, jornadas intensas e extenuantes,
do Supremo, modificar parcialmente o conteúdo da Súmula n.º 331, altos índices de acidentes e discriminação, entre outras ofensas aos
do TST, o fazendo da seguinte forma: seus direitos fundamentais, violações essas notadas com maior
"Súmula nº 331 do TST desaparece sem pagar salários, FGTS e verbas rescisórias, algo
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE bastante corriqueiro, assim visto nos corredores da Justiça do
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Trabalho quando da realização de audiências na primeira instância.
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 É certo, ainda, que a retumbante evidência se faz presente até
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, mesmo em vários casos envolvendo o próprio Supremo Tribunal
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, Federal, na qualidade de tomador de serviços (UNIÃO). Diversos
salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). empregados terceirizados lotados no STF, via empresa
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa terceirizante, já demandaram ou ainda demandam perante a Justiça
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da do Trabalho de Brasília-DF, buscando receber salários retidos e
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da outros direitos não cumpridos por empresas prestadoras de serviços
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de contrato mantido com a União.
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de Isso ocorre porque talvez seja impossível domar o efeito devastador
conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados de direitos humanos contido em qualquer terceirização de mão de
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a obra, que existe primordialmente para reduzir os custos com o
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do precarização e violação de direitos materiais e imateriais
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos assegurados pelo ordenamento jurídico.
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da Não é novidade para qualquer pessoa que lida com a terceirização,
relação processual e conste também do título executivo judicial. direta ou indiretamente, incluindo os operadores do mundo jurídico
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e laboral, os seus desatinos no serviço público e as agruras sofridas
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições pelos trabalhadores terceirizados, desde a prática da retenção de
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no salários ao não pagamento de auxílio-alimentação, vale-transporte,
cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, horas extras, férias, 13º salário e verbas rescisórias. Quando se
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações encontra presente o contexto fático antes delineado, desparecem as
contratuais e legais da prestadora de serviço como prestadoras de serviços e os seus sócios, sendo que o êxito da
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero execução trabalhista contra as referidas empresas é praticamente
empresa regularmente contratada. É provável que não exista um órgão sequer, nos três poderes da
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange República, que não tenha se defrontado com esse grave problema
social decorrente da terceirização, com humildes trabalhadores evasivas, muito menos consagrar um obtuso padrão
desesperados pela ausência do recebimento de salários e verbas administrativista contrário à Constituição da República e aos
rescisórias, alcançados indistintamente, pois, trabalhadoras e Direitos Humanos dos trabalhadores terceirizados.
trabalhadores terceirizados de tribunais como Supremo Tribunal Ora, o Direito Administrativo como expressão da vontade exclusiva
Federal, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Regional do do Estado foi revolucionário no contexto histórico de seu
Trabalho da 10ª Região, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e nascimento, porque material e politicamente concebido em oposição
Territórios, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Superior ao poder corrompido da monarquia do Ancien Régime, oferecendo
Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal a nova disciplina, por intermédio de leis editadas pelo Parlamento,
Militar, além de Tribunal de Contas da União, Conselho Nacional de no pós-revolução francesa e durante mais de um século a partir do
Justiça, Procuradora-Geral da República, Procuradoria-Geral do grandioso evento, elementos eficazes para limitar o exercício do
Trabalho, Presidência da República, Câmara dos Deputados, poder dos governantes na esfera da gestão da coisa pública antes
Senado Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho e apropriada, sem nenhum pudor, por parte do soberano.
Emprego, Ministério da Previdência Social, Ministério da Fazenda e Logo, o Direito Administrativo voltado para proteger apenas o
Ministério das Relações Exteriores. Estado é um dos traços das nações remodeladas que emergiram
Na hipótese de ser afastada a responsabilidade da Administração das revoluções burguesas ocorridas entre os séculos XVIII e XIX,
Pública pelo inadimplemento trabalhista junto ao pessoal que lhe assim como a respectiva estrutura jurídica formatada no sentido de
prestou serviços por intermédio de empresa terceirizante, na linha assegurar o exercício das liberdades individuais clássicas pela nova
de raciocínio antes desenvolvida, registre-se, estaremos classe detentora do poder político e os limites impostos aos juízes
proclamando em alto e bom som que os direitos humanos de no que se refere à tarefa de interpretar textos legais editados pelo
natureza econômica e social não se aplicam aos trabalhadores Parlamento revolucionário francês (o juiz boca da lei), conforme
A outra face da mesma moeda será a institucionalização do calote interpretar a lei) e do Código Civil napoleônico de 1803.
pelo Poder Judiciário, pois tão comum tem sido o descumprimento Essa concepção de arraigada defesa do Estado em detrimento de
de obrigações trabalhistas por parte das prestadoras de serviços, interesses diversos paroquiais e particulares marcou a doutrina
assim como o notório insucesso até mesmo no sentido de encontrá- brasileira durante décadas a partir da Proclamação da República no
las com a finalidade de comparecimento à Justiça do Trabalho para final do século XIX, considerando que era preciso, naquela época,
a tentativa conciliatória ou apresentação de defesa, muito menos formar uma cultura apta a promover valores relegados por
são localizados os seus sócios para o pagamento das dívidas governantes, embora até hoje persistam, no âmbito da
Ninguém paga a conta ou débito para com os trabalhadores revolucionários franceses de 1789, normalmente implementadas à
terceirizados do serviço público? O poder público deve fingir que o margem do sistema normativo.
problema não lhe diz respeito? O Poder Judiciário deve ignorar a O problema é que a ideia de supremacia absoluta do Estado por
realidade dos contratos de prestação de serviços em nome de uma intermédio de antigos postulados do Direito Administrativo revela-se
teoria do Direito Administrativo inequivocamente falida para dar incompatível com o tempo presente, o tempo do Estado
conta dos graves problemas gerados pela terceirização? O direito é Democrático de Direito.
tão insensível a ponto de não captar a dureza da vida das mulheres Para coibir as malversações nas diversas esferas do poder público,
e dos homens terceirizados no âmbito da Administração Pública? O no entanto, a velha tônica do Direito Administrativo anunciada por
direito não pode interagir com a sociologia para encontrar, pelo princípios constitucionais encontra-se em plena flor da idade, jovem
método da interdisciplinariedade, no ramo das ciências sociais e entusiasmada em defesa da coisa de todos. O seu vigor
dotadas de maior investigação das origens de nossas mazelas, rejuvenescido pela vitamina da contemporânea modernidade não
soluções justas para os terceirizados? Afinal, os trabalhadores mais comporta porém o caráter rude e intolerante antes enaltecido,
terceirizados são ou não portadores de direitos humanos, ou seja, a ao reduzir particulares e servidores com os quais mantém algum
Constituição da República e o Estado Democrático de Direito valem tipo de vínculo a vergonhoso patamar de inferioridade,
ou não para a massa de seres humanos submetidos ao trabalho considerando-os figuras eventualmente detentoras de direitos a
As respostas a esses salutares questionamentos não podem conter O Estado é fundamental para a implementação de uma série de
princípios e garantias próprias da vida digna em todas as suas para fazê-lo funcionar, indo, por exemplo, da limpeza de banheiros
dimensões, mas está longe de ser o senhor absoluto para limitar ou de prédios públicos à elaboração de matérias jornalísticas para
mitigar direitos humanos. entidades e órgãos diversos, entre outras centenas de atividades
Ademais, estabelecer a prevalência absoluta dos interesses do humanas vitais para o conjunto da sociedade brasileira.
Estado pode redundar, na atualidade, em ofensa a princípios Quanto à Declaração de Constitucionalidade do § 1º do Art. 71 da
fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do Lei n.º 8.666/93, pelo Supremo Tribunal Federal, reitere-se, consta
trabalho (CRFB, artigo 1º, incisos III e IV). É inadmissível, sob a da própria decisão que a constitucionalidade do enunciado legal não
suposta defesa intransigente do bem público, dispensar a afasta a possibilidade de imputação de responsabilidade à
trabalhadores do poder público tratamento próprio da época da Administração Pública por culpa in vigilando, conforme bem
inauguração da República, emprestando ao princípio da legalidade apontado em artigo publicado sobre a matéria ora debatida, da
estrita do liberalismo, por exemplo, uma cega obediência sem levar autoria dos juslaboralistas mineiros Márcio Túlio Viana, Gabriela
em consideração os seus contrapostos. Não é para cumprir tão Neves Delgado e Hélder Santos Amorim, como veremos adiante:
fundado, teoricamente, dentre outras razões, para não tolerar o "No julgamento da ação declaratória de constitucionalidade (ADC)
intolerável, para dar aos cidadãos dignidade e igual respeito, para nº 16 ajuizada pelo governo do Distrito Federal, o Supremo Tribunal
cumprir e fazer cumprir os princípios constitucionais. Federal (STF) pronunciou a constitucionalidade do § 1º do art. 71 da
Na verdade, persegue-se, com a teoria da irresponsabilidade do Lei nº 8.666/93, vedando à Justiça do Trabalho a aplicação de
tomador de serviços, o reconhecimento de que o interesse público é responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma
sempre aquele decorrente da vontade estatal, diante da equivocada automática, pelo só fato do inadimplemento dos direitos trabalhistas,
construção jurídica fomentadora da incompatibilidade total entre tal como se extraía da literalidade do inciso IV da Súmula nº 331 do
dois segmentos cujas raízes estão fincadas na principiologia TST, acima transcrito.
constitucional do Estado democrático de direito, além de relegar o Nesse julgamento, vencido o Ministro Ayres Britto que considera o §
caráter público de ambos - Direito do Trabalho e Direito 1º do art. 71 da Lei de Licitações inconstitucional em relação à
Administrativo. O referido posicionamento origina não apenas terceirização de serviços, o pronunciamento de constitucionalidade
desarmonia na esfera de espaço público comum ao Direito do dispositivo foi tomado do voto da maioria, sob duas noções
Administrativo e ao Direito do Trabalho, como também reduz a claramente retratadas nas falas do Ministro Cezar Peluso, relator da
eficácia prática da primeira disciplina naquilo que lhe continua ADC 55.
sendo peculiar na era da modernidade avançada. Primeiro, entendeu-se que o verbete do inciso IV da Súmula nº 331
Sem enfrentar idênticos embaraços, os mais aquinhoados, do ponto do Tribunal Superior do Trabalho, ao atribuir responsabilidade
de vista econômico e político, quando são afetados por medidas subsidiária ao ente público tomador dos serviços pelo só fato do
capazes de comprometer o exercício de algum direito seu, via de inadimplemento destes direitos, rejeita aplicação e efetividade ao
regra, logo conseguem encontrar soluções, precárias ou não, vindas disposto no § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, sem declarar sua
da esfera do próprio Estado, ente este demasiadamente seletivo em inconstitucionalidade, o que violaria de forma transversa a reserva
suas ações, registre-se, na hora de conceder, na hora de punir, na de plenário prevista no art. 97 da Constituição, afrontando a Súmula
se apresente como sinônimo de uma falsa neutralidade ideológica. No segundo momento, apreciando a constitucionalidade do
Aos terceirizados, por outro lado, a resposta do Estado é a dureza dispositivo, os Ministros concluíram que a norma do § 1º do art. 71
da lei em sua interpretação mais antissocial possível, contrária da Lei nº 8.666/93 não fere a Constituição e deve ser observada
inclusive aos postulados constitucionais que anunciam a existência pela Justiça do Trabalho, o que impede a aplicação de
de um Estado Democrático de Direito comprometido com os Direitos responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma
Humanos das trabalhadoras e dos trabalhadores. automática, pela só constatação de inadimplemento dos direitos
Tem-se assim, portanto, que a compreensão jurídica acerca do laborais pela empresa contratada.
resultado do julgamento proferido nos autos da ADC n.º 16 jamais No mesmo passo concluíram que a constitucionalidade do
pode ignorar as balizas constitucionais preservadoras da dignidade enunciado legal não afasta, no entanto, a possibilidade de sua
da pessoa humana, do valor social do trabalho e da dura realidade interpretação sistemática com outros dispositivos legais e
dessa gente humilde terceirizada à disposição do poder público constitucionais que impõem à Administração Pública contratante o
dever de licitar e fiscalizar de forma eficaz a execução do contrato, (art. 186, Código Civil). Evidenciando-se essa culpa in vigilando nos
inclusive quanto ao adimplemento de direitos trabalhistas, de forma autos, incide a responsabilidade subjetiva prevista no art. 159 do
que, constatada no caso concreto a violação desse dever CCB/1916, arts.186 e 927, caput, do CCB/2002, observados os
fiscalizatório, continua plenamente possível a imputação de respectivos períodos de vigência. Registre-se que, nos estritos
responsabilidade subsidiária à Administração Pública por culpa in limites do recurso de revista (art.896, CLT), não é viável reexaminar
Em suas manifestações, no curso do julgamento, o Ministro Relator ente estatal (Súmula 126/TST). Sendo assim, não há como
Cezar Peluso, refutando os viéses interpretativos que pretendiam assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo
vedar de forma absoluta qualquer atribuição de responsabilidade ao de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da
Poder Público, tal como a interpretação literal proposta pela Ministra decisão denegatória, que ora subsiste por seus próprios
Cármen Lúcia 57, tratou de balizar o limite dessa declaração de fundamentos. Agravo desprovido".7
privilegia a noção expressa no § 1º do art. 71 da Lei de Licitações, Em síntese, na hipótese de observância, sem tréguas, da decisão
para impedir a imputação ao Poder Público de responsabilidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC - Ação
automática pelo cumprimento das obrigações trabalhistas Direta de Constitucionalidade n.º 16, no sentido de que há
inadimplidas - eis que esta responsabilidade trabalhista é exclusiva necessidade de demonstração da presença do elemento culpa in
da empresa contratada, empregadora -, mas, por outro lado, vigilando da tomadora de serviços, para assim responsabilizar a
reconhecendo que a isenção de responsabilidade proposta pela Administração Pública, alguns outros aspectos precisam ser
norma está condicionada por outras normas que impõem à avaliados, especialmente quanto à responsabilidade civil e ao ônus
eficiente o contrato administrativo, inclusive quanto ao Depois do julgamento proferido em 2010 nos autos da ADC n.º 16, o
adimplemento dos direitos dos trabalhadores terceirizados". 6 Supremo Tribunal Federal voltou a emitir pronunciamento plenário a
Traz-se à tona agora precedente do Colendo TST na mesma qualidade de tomadora de serviços terceirizados.
direção, senão vejamos: O novo veículo foi o RE-760931, com repercussão geral, com
"EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TERCEIRIZAÇÃO publicado no dia 12/09/2017, cuja ementa é transcrita a seguir:
CONTRATADA - COMPATIBILIDADE COM O ART. 71 DA LEI DE NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E
LICITAÇÕES - INCIDÊNCIA DOS ARTS. 159 DO CCB/1916, 186 E V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI
927, - CAPUT -, DO CCB/2002.A mera inadimplência da empresa Nº8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL
terceirizante quanto às verbas trabalhistas e previdenciárias devidas PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E
ao trabalhador terceirizado não transfere a responsabilidade por tais ATENDIMENTO DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO
verbas para a entidade estatal tomadora de serviços, a teor do CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO.
disposto no art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações),cuja INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO.
constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federa na RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR.
ADC nº 16-DF. Entretanto, a inadimplência da obrigação PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO
fiscalizatória da entidade estatal tomadora de serviços no tocante ao PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE
preciso cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES.
da empresa prestadora de serviços gera sua responsabilidade 1. A dicotomia entre "atividade-fim" e "atividade-meio" é imprecisa,
subsidiária, em face de sua culpa in vigilando, a teor da regra artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada
responsabilizatória incidente sobre qualquer pessoa física ou pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior
jurídica que, por ato ou omissão culposos, cause prejuízos a alguém eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou
serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução dos
ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação custos iniciais de entrada no mercado, facilitando o surgimento de
constante do objeto social das empresas para atender a novos concorrentes; (xi) superação de eventuais limitações de
necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas acesso a tecnologias ou matérias-primas; (xii) menor alavancagem
empresas do mundo. É que a doutrina no campo econômico é operacional, diminuindo a exposição da companhia a riscos e
uníssona no sentido de que as "Firmas mudaram o escopo de suas oscilações de balanço, pela redução de seus custos fixos; (xiii)
atividades, tipicamente reconcentrando em seus negócios principais maior flexibilidade para adaptação ao mercado; (xiii) não
e terceirizando muitas das atividades que previamente comprometimento de recursos que poderiam ser utilizados em
consideravam como centrais" (ROBERTS, John. The Modern Firm: setores estratégicos; (xiv) diminuição da possibilidade de falhas de
Organizational Design for Performance and Growth.Oxford: Oxford um setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação a
2. A cisão de atividades entre pessoas jurídicas distintas não revela para setores e atividades distintas.
qualquer intuito fraudulento, consubstanciando estratégia, garantida 6. A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art.
pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de 37, caput, da Constituição), deve empregar as soluções de mercado
configuração das empresas, incorporada à Administração Pública adequadas à prestação de serviços de excelência à população com
por imperativo de eficiência (art. 37, caput, CRFB), para fazer frente os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela
às exigências dos consumidores e cidadãos em geral, justamente teoria e pela prática internacional, que a terceirização não importa
porque a perda de eficiência representa ameaça à sobrevivência da precarização às condições dos trabalhadores.
empresa e ao emprego dos trabalhadores. 7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência
3. Histórico científico: Ronald H. Coase, "The Nature of The Firm", do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, não
Economica (new series), Vol. 4, Issue 16, p. 386-405, 1937. O transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
objetivo de uma organização empresarial é o de reproduzir a pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime
distribuição de fatores sob competição atomística dentro da firma, porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de
apenas fazendo sentido a produção de um bem ou serviço não responsabilização com referência a encargos trabalhistas.
internamente em sua estrutura quando os custos disso não 8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já
ultrapassarem os custos de obtenção perante terceiros no mercado, reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e
estes denominados "custos de transação", método segundo o qual vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal
4. A Teoria da Administração qualifica a terceirização (outsourcing) admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos
como modelo organizacional de desintegração vertical, destinado ao semelhantes: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
alcance de ganhos de performance por meio da transferência para empregados do contratado não transfere automaticamente ao
outros do fornecimento de bens e serviços anteriormente providos Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
pela própria firma, a fim de que esta se concentre somente pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
naquelas atividades em que pode gerar o maior valor, adotando a termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93".
5. A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i) Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
aprimoramento de tarefas pelo aprendizado especializado; (ii) Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência
economias de escala e de escopo; (iii) redução da complexidade da Senhora Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de
organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo e atribuição, julgamento e das notas taquigráficas, em conhecer em parte do
facilitando a provisão de incentivos mais fortes a empregados; (v) recurso extraordinário e, na parte conhecida, a ele dar provimento,
precificação mais precisa de custos e maior transparência; (vi) vencidos os Ministros Rosa Weber (Relatora), Edson Fachin,
estímulo à competição de fornecedores externos; (vii) maior Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Redator
facilidade de adaptação a necessidades de modificações para o acórdão o Ministro Luiz Fux. Em assentada posterior, em
estruturais; (viii) eliminação de problemas de possíveis excessos de 26/04/2017, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro
produção; (ix) maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre LUIZ FUX, que redigirá o acórdão, vencido, em parte, o Ministro
Marco Aurélio, fixou a seguinte tese de repercussão geral: "O ao pagamento de verbas devidas aos trabalhadores terceirizados
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do que lhes prestaram serviços, é subjetiva, exigindo, assim, a
contratado não transfere automaticamente ao Poder Público presença do elemento culpa, quanto ao inadimplemento por parte
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº Em outras palavras, sempre que a fiscalização a ser exercida pela
8.666/93". Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. tomadora de serviços do poder público, em relação ao contrato de
Brasília, 30 de março de 2017.LUIZ FUX - REDATOR PARA O prestação de serviços(contrato administrativo), se revelar ausente,
Como se percebe da parte da ementa que interessa para a solução concerne ao pagamento das parcelas devidas aos trabalhadores.
do caso concreto ("O inadimplemento dos encargos trabalhistas É de se avaliar, mais uma vez, a existência ou não de alguma
dos empregados do contratado não transfere automaticamente novidade com a decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal
ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu no RE 760931, cuja decisão foi publicada no dia 12 de setembro de
pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos 2017, dotada de repercussão geral.
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"), o inadimplemento por Para tanto, impõe-se destacar que as únicas teses aprovadas no
parte da empresa prestadora de serviços, por si só, é insuficiente RE 760931 possuem o conteúdo a seguir destacado:
Desse modo e sem discutir agora os demais tópicos da ementa do do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
STF, quase todos amparados em compreensões do mercado e de contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em
seus autores, especialmente quanto à afirmação de que a caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da
terceirização não implica em precarização do trabalho, algo que não Lei nº 8.666/93".
revelar a tragédia causada pelo modo de fragmentação produtiva, o "Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já
certo é que o resultado do julgamento proferido em 2017 no RE reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e
760931, com Repercussão Geral, está em conformidade com o vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal
decidido também pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC Pleno, julgado em 24/11/2010".
n.º 16, no ano de 2010, como não poderia ser diferente, diante da
natureza da Reclamação apresentada em Recurso Extraordinário. Nota-se, assim, que a tese primeira antes transcrita, é uma
E cabe dizer, ainda, que da leitura da ementa do RE 760 931-DF, reiteração do decidido nos autos da ADC n.º 16, que proclamou o
suposta vantagem para o conjunto da sociedade e para a "EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária.
Administração Pública, tudo com base em literatura especializada Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial
de cunho administrativo-empresarial, sem relação direta com o tema do outro contraente. Transferência consequente e automática
da responsabilidade subsidiária do poder público e sem qualquer dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais,
deliberação das respectivas teses ali expostas por parte dos resultantes da execução do contrato, à administração.
ministros, quando se examina a totalidade do acórdão publicado em Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art., 71, §
Somente as proposições 8(oito) e 9(nove) da ementa foram, de fato, dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada,
aprovadas como teses pelo STF. As demais são opiniões e não nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a
teses explicitamente referendadas, o que se conclui pelos debates e norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de
pelas conclusões finais lançadas no acórdão. junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995."
majoritário contido na ADC n.º 16 e no RE-760931, com Por outro lado, inegavelmente, o Supremo Tribunal Federal, no RE
Repercussão Geral, a responsabilidade dos entes públicos, quanto 760931-DF, reconheceu que o Tribunal Superior do Trabalho,
embora tenha feito referência ao julgado na ADC n.º 16, o violou, ao contratante. Preservação da higidez contratual. Função
decretar a responsabilidade subsidiária do poder público, naquele socioambiental do contrato administrativo - execução
caso concreto, sem a prova da culpa in vigilando da Administração conforme os interesses sociais e ambientais protegidos pela
Assim votaram os ministros Luiz Fux (redator designado), Marco Responsabilização do estado por ato ilícito. Princípio do
Aurélio, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Dias Toffolli, e Alexandre de Estado de Direito. Responsabilidade estatal por ato omissivo
Moraes. Vencidos, quanto ao resultado final, os ministros Rosa danoso a direito de terceiro. Teoria da falha do serviço.
Weber (relatora originária do RE), Celso de Melo, Ricardo Responsabilidade objetiva. Constituição, art. 37, § 6º.
Lewandoswski, Luiz Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, que Precedentes. Hipótese de responsabilidade subjetiva -
compreendiam estar ausente qualquer ofensa, na decisão do TST, presunção relativa de culpa da administração. Demonstração
ao contido na ADC n.º 16. da omissão fiscalizatória do ente público. Prova impossível
Os votos e debates travados e registrados em 355 (trezentos e para o trabalhador demandante - teoria da "prova diabólica".
cinquenta e cinco) páginas que resultaram no acórdão respectivo 1. Confirmação da tese firmada na ADC 16/DF, segundo a qual,
(RE 760931-DF), segundo texto disponível na página eletrônica do o § 1º do art. 71 da Lei 8.666/1993 veda a transferência
STF, reafirmaram a tese de que a responsabilidade pelo automática de responsabilidade ao Poder Público contratante
adimplemento das verbas trabalhistas devidas aos empregados de obras e serviços, pelo fato do inadimplemento das
terceirizados no âmbito da Administração Pública, por parte da obrigações trabalhistas da empresa contratada. No entanto,
tomadora de serviços, jamais é automática. Tal responsabilidade é isso não obsta a responsabilização civil subsidiária da
subjetiva e depende sempre da prova da culpa in vigilando do poder administração pública, pelo pagamento dos respectivos
público, quanto à fiscalização do contrato administrativo de encargos, em face de sua omissão ou deficiência fiscalizatória
prestação de serviços celebrado com empresa terceirizante. danosa à satisfação dos direitos sociais dos trabalhadores
elaborado pela relatora originária da matéria, ministra Rosa Weber, 2. Constitui dever jurídico do Poder Público contratante de
voto esse dotado de elevada percuciência humanística, social, obras e serviços exigir e fiscalizar o cumprimento dos direitos
histórica e jurídica, tudo a revelar do que se trata verdadeiramente a trabalhistas, pela entidade contratada. Interpretação
terceirização, bem como os seus males e os seus encantos sistemática e teleológica dos arts. 27, inciso IV; 29, incisos IV e
evocados pelos velhos ou novos liberais amantes dos ricos V; 44, § 3º; 54, § 1º; 55, incisos VII e XIII; 58, inciso III; 65, § 6º;
opulentos e indiferentes ao reino da miséria obreira produzida pelo 66, 67; 78, incisos VII e VIII, e 87, da Lei 8.666/1993. No âmbito
sistema da maximização de lucros a qualquer custo. da administração federal, incidem os arts. 19, 19-A, § 3º; 28, 31,
O parecer do Ministério Público Federal também refuta a §§1º e 3º; 34, § 4º; 34-A; 35, § 5º e Anexo IV da IN 2/2008 do
possibilidade de reconhecimento da irresponsabilidade absoluta do Ministério do Planejamento. 3. A fiscalização contratual tem por
poder público, além de discorrer sobre o ônus da prova, da prova fim imediato promover a higidez do contrato, mas também visa
impossível e da "prova diabólica para o empregado", conforme a preservar a função socioambiental do contrato administrativo
trecho a seguir destacado: (Lei8.666/1993, art. 3º), que vincula sua execução à proteção de
'"Constitucional, direito administrativo e do trabalho. Tema 246 particular, dos direitos sociais fundamentais (Constituição, art.
administração pública por encargos trabalhistas gerados pelo 4.A definição da natureza e a configuração da responsabilidade
inadimplemento de empresa prestadora de serviço. ADC 16/DF. estatal por omissão danosa ao direito do trabalhador
Decisão vinculante. Constitucionalidade do § 1º do art. 71 da terceirizado, nos casos concretos, constitui matéria que
Lei 8.666/1993. Possibilidade de responsabiliza- ção subsidiária extrapola os lindes do controle de constitucionalidade do § 1º
do Poder Público por omissão fiscalizatória do cumprimento do art. 71 da Lei de Licitações. Fundada a responsabilidade
das obrigações trabalhistas em contratos de obras e serviços. civil na omissão fiscalizatória do Poder Público, resta afastada
Confirmação da tese jurídica firmada em controle concentrado a hipótese de transferência automática de responsabilidade".
de constitucionalidade. Fiscalização eficiente do adimplemento (Trecho do Parecer do Ministério Público Federal nos autos do RE
de obrigações trabalhistas - dever jurídico do Poder Público 760931, transcrito do voto da Relatora originária da matéria,
Houve intensa discussão, por parte dos ministros do STF, quanto à reclamante provar que a Administração falhou, ou à
distribuição do ônus da prova, no RE 760931-DF, mas nenhuma Administração provar que ela diligenciou na fiscalização do
tese a esse respeito restara ali assentada, muito embora se possa contrato? Eu concordo que, para a fixação da tese, procurei, a
extrair, a partir dos debates, que a prova da culpa in vigilando da partir, inicialmente, da proposta da Ministra Rosa, depois
Administração Pública, nos autos de cada feito, precisa ser adendada pelo Ministro Barroso e pelo Ministro Fux durante
contundente e irrefutável. Tanto é assim que a proposta do ministro todo julgamento, procurei construir uma tese, mas ela
Luiz Roberto Barroso de prova da fiscalização do contrato pelo realmente ficou extremamente complexa e concordo que,
método estatístico da amostragem fora expressamente rejeitada. quanto mais minimalista, melhor a solução. Mas as questões
E não se mostra apropriado concluir, a partir da interpretação do estão colocadas em obiter dicta e nos fundamentos dos votos.
acórdão do STF aqui comentado, que a exigência de prova Eu mesmo acompanhei o Ministro Redator para o acórdão -
contundente da culpa in vigilando do poder público, conforme assim agora Relator para o acórdão -, o Ministro Luiz Fux, divergindo
ressaltado por diversos ministros em seus votos (RE 760931-DF), da Ministra Relatora original, Ministra Rosa Weber, mas
significa na prática atribuir este ônus processual exclusivamente ao entendendo que é muito difícil ao reclamante fazer a prova de
trabalhador, no sentido de demonstrar ele, seja qual for a hipótese, que a fiscalização do agente público não se operou, e que essa
a negligência ou a falha na fiscalização por parte da tomadora de prova é uma prova da qual cabe à Administração Pública se
Assim o é também porque o próprio redator designado, ministro Luiz reclamação trabalhista, porque, muitas vezes, esse dado, o
Fux, mesmo entendendo que o ônus da prova é do trabalhador, reclamante não tem".
distribuição do ônus probandi, segundo sistemática do Processo A transcrição de fração do voto ministro Toffoli apenas serve para
Existem fatos constitutivos, sem nenhuma dúvida, mas os vencedora, sobre o ônus da prova, parece ter compreensão distinta,
impeditivos, modificativos e extintivos de direito não desapareceram por exemplo, daquelas manifestadas com maior ênfase por outros
do cenário jurídico da terceirização, muito menos pode se aventar a ministros igualmente vencedores (tese), como foram os casos dos
insólita hipótese de que nenhum deles jamais será deduzido pelos ministros Marco Aurélio e Luiz Fux.
órgãos e entidades integrantes da Administração Pública, em suas Compreendeu-se, contudo, no prosseguimento, que não era o caso
defesas judiciais em oposição ao decreto de responsabilidade de deliberação ou fixação de tese, pelo Supremo Tribunal Federal,
Se ainda restasse alguma dúvida em torno da ausência de Administração Pública, quando atua ela na qualidade de tomadora
poder público como tomador de serviços terceirizados, uma das A partir dos parâmetros delineados pelo Supremo Tribunal Federal
manifestações do ministro Dias Toffoli naqueles autos a dissipa por (ADC n.º 16 e RE 760931), com total ressalva de entendimento do
Dias Toffoli, registre-se, compõe o grupo de seis ministros que responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços integrante da
sedimentou a tese vencedora. Sobre o ônus da prova, contudo, ele Administração Pública, considerando inclusive que a
consignou o seguinte, quando a referida sessão judicial se responsabilidade solidária do poder público, segundo compreensão
encaminhava para o seu término: do próprio STF naqueles autos, é limitada às obrigações de caráter
preocupação do Ministro Luís Roberto Barroso quanto à SERVIÇOS INTEGRANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
necessidade de obiter dictum. Eu penso que nós temos os NORMAS LEGAIS E REGULAMENTARES. DEVER DE
obiter dicta, porque vários de nós, sejam os vencidos, sejam os VIGILÂNCIA E FISCALIZAÇÃO. PROVA DOS AUTOS
vencedores, quanto à parte dispositiva, em muito da Com a ressalva de entendimento pessoal antes anotada, passa-se
à avaliação da matéria fática trazida ao exame do Regional para preservar a integridade do pacto administrativo firmado com
verificação da presença ou não da culpa concreta (e não apenas empresa terceirizante, especialmente quanto aos direitos sociais
presumida) da tomadora de serviços, bem como o respectivo dos trabalhadores que ali desenvolvem ou desenvolveram as suas
A eventual decretação da responsabilidade da Administração maioria das vezes, tornar letra morta o princípio da legalidade,
Pública, na qualidade de tomadora de serviços, decorre da esvaziando-se, por conseguinte, o conjunto das disposições legais
demonstração do ato ilícito por ela praticado no desenvolvimento do as quais obrigam o poder público contratante a realizar intensa
contrato de prestação de serviços mantido com a empresa fiscalização e rigoroso acompanhamento da execução do contrato
terceirizante, apto, por outra vertente complementar, a provocar de prestação de serviços. Importaria, sem sombra de dúvida, na
prejuízo aos trabalhadores, nos moldes dos artigos 186, e 927, absolvição trabalhista prematura da tomadora de serviços, uma vez
caput, do Código Civil Brasileiro, aplicáveis ao Direito do Trabalho que o empregado não reúne condições materiais para produzir tal
por força do conteúdo do artigo 8º, da CLT. prova, ao contrário da reclamada, detentora da melhor aptidão para
Em outros termos, quaisquer danos causados pelo poder público, a prova a que se encontra obrigada a formalizar diariamente,
pela prática de conduta ilícita, devem ser por ele reparados mostrando em juízo, por exemplo, as ações adotadas para impedir
Os artigos 58, inciso I, e 67, da Lei de Licitações e Contratos Ademais, à tomadora de serviços incumbe provar o atendimento
(8.666/1993), impõem ao poder público, na condição de ente aos comandos prescritos nos artigos 58 e 67 da Lei n.º 8.666/1993,
contratante pela regência deste diploma legal, o dever de realizar concernentes à fiscalização do respectivo pacto, inclusive segundo
rigorosa fiscalização quanto à execução e ao acompanhamento do o que dispõe o artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho.
contrato de prestação de serviços, inclusive mediante a designação Sob a ótica do Processo Civil, no velho (art. 333,II) e no novo código
de representante específico da Administração, que "anotará em (373, II), cuida-se de hipótese de inversão do ônus da prova (fato
registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução impeditivo de direito pleiteado).
do contrato, determinando o que for necessário à regularização das Para além ou em complemento a tais aspectos legais, a própria
faltas ou defeitos observados". Administração Pública editou atos normativos visando, em tese,
Não se trata de mero detalhe a ser relegado o ato de fiscalizar o assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias devidos
acompanhamento e a execução do contrato de prestação de aos empregados das empresas terceirizantes prestadoras de
serviços senão evidente obrigação fundada na defesa da res serviços ao poder público, tal o descalabro verificado nas últimas
Administração Pública por intermédio da terceirização de mão de Para tanto, editou, inicialmente, a Instrução Normativa n.º 02/2008,
obra, cabendo ao poder público, por conseguinte, respeitar os do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
comandos legais aos quais encontra-se vinculado, por força da contendo inúmeras diretrizes relativas à contratação de empresas
observância do princípio da legalidade consagrado no artigo 37, da prestadoras de serviços e à fiscalização dos contratos de trabalho.
Constituição da República, como uma das mais significativas Depois, no ano seguinte, também o MPOG, cuidou de editar outro
expressões do Estado Democrático de Direito. regramento a respeito da matéria, por intermédio da Instrução
Sob a ótica da responsabilidade subjetiva reconhecida pelo STF no Normativa n.º 3, de 15 de outubro de 2009. Em tal ato regulamentar,
julgamento da ADC 16, no ano de 2010, e do RE 760931-DF, em registre-se, estão contidas inúmeras obrigações impostas à
2017, surgindo qualquer discussão relativa à presença ou não da tomadora de serviços integrante da Administração Pública, incluindo
culpa in vigilando, em primeiro lugar, destaque-se, cabe verificar se a exigência do seguro garantia, em seu art. 19, senão vejamos:
vigilância em relação ao contrato de prestação de serviços objeto da "(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos
controvérsia judicializada. moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a
E a quem compete fazer tal prova em juízo? execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência
Evidentemente, à tomadora de serviços como única responsável contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados
pela vigilância do contrato, guarda dos documentos e de outros ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução
a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez) administrativas, previstas no instrumento convocatório e na
dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão legislação vigente, podendo culminar em rescisão contratual,
contratante, contado da assinatura do contrato, comprovante de conforme disposto nos artigos 77 e 87 da Lei nº 8.666, de 1993.
prestação de garantia, podendo optar por caução em dinheiro ou § 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e
títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos
que, nos casos de contratação de serviços continuados de trabalhadores da contratada, exigir-se-á, dentre outras, as seguintes
corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do
pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) Trabalho - CLT: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de
assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá
1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato; Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou
2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela (CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos
Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015) serviços, quando for o caso; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6,
contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza, dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
não adimplidas pela contratada, quando couber". contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
dezembro de 2013)
Não há, nos autos, prova no sentido de revelar que a tomadora 3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada
tenha cumprido o disposto no art. 19, XIX, da Instrução que prestarão os serviços; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6,
fiscalização do contrato, como estabelece o art. 19 e seguintes, b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
da Instrução Normativa n.º 03/2009, do Ministério do serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
Planejamento, conforme rol de medidas a seguir transcritas de seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam 1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; (Incluído pela
a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso: Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
I - os resultados alcançados em relação ao contratado, com a 2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da
verificação dos prazos de execução e da qualidade demandada(...) União; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro
§ 3º O representante da Administração deverá promover o registro Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado;
das ocorrências verificadas, adotando as providências necessárias (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
nos §§ 1º e 2º do art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993. 4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e (Incluído pela
assumidas pela contratada, sobretudo quanto às obrigações e 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; (Incluído pela
encargos sociais e trabalhistas, ensejará a aplicação de sanções Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos d) comprovante da aplicação do FATES - Fundo Assistência
seguintes documentos: (Redação dada pela Instrução Normativa nº Técnica Educacional e Social;
critério da Administração contratante; (Incluído pela Instrução g) eventuais obrigações decorrentes da legislação que rege as
2. cópia da folha de pagamento analítica de qualquer mês da III - No caso de sociedades diversas, tais como as Organizações
prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou Sociais Civis de Interesse Público - OSCIP's e as Organizações
entidade contratante; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 Sociais, será exigida a comprovação de atendimento a eventuais
mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia § 6o Sempre que houver admissão de novos empregados pela
de recibos de depósitos bancários; (Incluído pela Instrução contratada, os documentos elencados na alínea "a" do inciso I do §
Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) 5o deverão ser apresentados. (Incluído pela Instrução Normativa nº
transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada § 7o Os documentos necessários à comprovação do cumprimento
por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho, das obrigações sociais trabalhistas elencados nos incisos I , II e
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer IIIdo § 5o poderão ser apresentados em original ou por qualquer
empregado; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de processo de cópia autenticada por cartório competente ou por
e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; (Incluído § 8o A Administração deverá analisar a documentação solicitada na
pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) alínea "d" do inciso I do § 5o no prazo de 30 (trinta) dias após o
d) entrega da documentação abaixo relacionada, quando da recebimento dos documentos, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias,
extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação justificadamente. (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
dos serviços, no prazo definido no contrato: (Redação dada pela dezembro de 2013)
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados contribuições previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível serviços com dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar
pelo sindicato da categoria; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, ao Ministério da Previdência Social e à Receita Federal do Brasil -
referentes às rescisões contratuais; (Incluído pela Instrução § 10. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento da
3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas serviços com dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar
individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e (Incluído ao Ministério do Trabalho e Emprego. (Incluído pela Instrução
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados. Art. 34-A. O descumprimento das obrigações trabalhistas ou a não
(Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de manutenção das condições de habilitação pelo contratado poderá
2013) dar ensejo à rescisão contratual, sem prejuízo das demais sanções.
à parcela de responsabilidade do cooperado; Parágrafo único. A Administração poderá conceder um prazo para
b) recolhimento da contribuição previdenciária em relação à parcela que a contratada regularize suas obrigações trabalhistas ou suas
c) comprovante de distribuição de sobras e produção; não identificar má-fé ou a incapacidade da empresa de corrigir a
Art. 35. Quando da rescisão contratual, o fiscal deve verificar o culpa ou dolo durante a execução do contrato;
pagamento pela contratada das verbas rescisórias ou a c) as multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à
atividade de prestação de serviços, sem que ocorra a interrupção do d) obrigações trabalhistas, fiscais e previdenciárias de qualquer
contrato de trabalho. (Redação dada pela Instrução Normativa nº 3, natureza, não honradas pela contratada.
de 16 de outubro de 2009)Parágrafo único. Até que a contratada 3. Não serão aceitas garantias em cujos temos não constem
comprove o disposto no caput, o órgão ou entidade contratante expressamente os eventos indicados nas alíneas a a d do item 2
correspondentes a 1 (um) mês de serviços, podendo utilizá-los para 4. A garantia em dinheiro deverá ser efetuada na Caixa Econômica
o pagamento direto aos trabalhadores no caso de a empresa não Federal, com correção monetária, em favor do Tribunal de Contas
vigência contratual, conforme previsto no instrumento convocatório 10.3 não serão aceitas garantias que incluam outras isenções de
e nos incisos IV e V do art. 19-A desta Instrução Normativa. responsabilidade que não as previstas neste item.
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro II.d - Controle de encargos previdenciários
Efetivamente, as recorrentes, pessoas jurídicas integrantes da própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita Federal do
Administração Pública, deixaram de cumprir a fiscalização de que Brasil, com o objetivo de verificar se suas contribuições
trata a Lei n.º 8.666/1993, também objeto de especificação em ato previdenciárias foram recolhidas;
do MPOG (Instrução Normativa 03/2009), com especial destaque b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos
para a falta de garantia do contrato, o acompanhamento dos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de
contratos de trabalho e a retenção proporcional de valores extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização
De forma ainda mais contundente, o Tribunal de Contas da União, sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da
por intermédio do Acórdão 1214/2013, recomenda à Administração Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença,
a realização de rigorosa fiscalização, pelo poder público contratante, sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária elevada e do
quanto às condições e garantias oferecidas pela empresa impedimento para licitar e contratar com a União, nos termos do art.
prestadora de serviços para assinatura do respectivo contrato, bem 7º, da Lei nº 10.520/2002.
como o acompanhamento de sua execução, de modo a evitar d) reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada, nos
qualquer prejuízo financeiro ao erário, isto previsto desde o termos do art. 31, da Lei 8.212/91;
respectivo edital de licitação. e) exigir certidão negativa de débitos para com a previdência - CND,
Transcreve-se, assim, parte daquela decisão do TCU: caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf;
"1. A CONTRATADA deverá apresentar à Administração da aos empregados terceirizados que verifiquem se essas
CONTRATANTE, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes. O
da data da assinatura do contrato, comprovante de prestação de objetivo é que todos os empregados tenham seus extratos
garantia correspondente ao percentual de 5% (cinco por cento) do avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise
valor anual atualizado do contrato, podendo essa optar por caução não possa ser realizada mais de uma vez, garantindo assim o
em dinheiro, títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança "efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle;
2. A garantia assegurará, qualquer que seja a modalidade Federal do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das
a) prejuízo advindo do não cumprimento do objeto do contrato e do II.e - Controle do recolhimento do FGTS
não adimplemento das demais obrigações nele previstas; a) fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a
emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para 9.1.4 fazer constar dos contratos cláusula de garantia que assegure
b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos 9.1.4.1 prejuízos advindos do não cumprimento do contrato;
os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de 9.1.4.2 multas punitivas aplicadas pela fiscalização à contratada;
extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização; 9.1.4.3 prejuízos diretos causados à contratante decorrentes de
c) fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha em c9.1.4.4 obrigações previdenciárias e trabalhistas não honradas
sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, que pela contratada.
poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo da 9.1.5 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela
aplicação de sanção pecuniária elevada e do impedimento para administração com o objetivo de verificar o recolhimento das
licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei nº contribuições previdenciárias, observar os aspectos abaixo:
d) fixar em contrato que a contratada deve, sempre que solicitado, o acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha
apresentar extrato de FGTS dos empregados; própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita do Brasil,
e) solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS; com o objetivo de verificar se as suas contribuições previdenciárias
f) orientar os fiscais dos contratos que solicitem, por amostragem, foram recolhidas;
aos empregados terceirizados extratos da conta do FGTS e os 9.1.5.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer
entregue à Administração com o objetivo de verificar se os todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção
depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que todos de extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais 9.1.5.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizada como falha
de uma vez, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da em sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da
expectativa do controle; Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença,
g) comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade no sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento
recolhimento do FGTS dos trabalhadores terceirizados. para licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei
II.g - Conta vinculada(...) 9.1.5.4 reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos nos termos do art. 31, da Lei 8.212/93;
em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1.5.5 exigir certidão negativa de débitos para com a previdência -
9.1 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da CND, caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf;
Informação do Ministério do Planejamento que incorpore os 9.1.5.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por
seguintes aspectos à IN/MP 2/2008: amostragem, aos empregados terceirizados que verifiquem se
9.1.1 que os pagamentos às contratadas sejam condicionados, essas contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes.
exclusivamente, à apresentação da documentação prevista na Lei O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos
8.666/93; avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise
9.1.2 prever nos contratos, de forma expressa, que a administração não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
está autorizada a realizar os pagamentos de salários diretamente empregado, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da
FGTS, quando estes não forem honrados pelas empresas; 9.1.5.7 comunicar ao Ministério da Previdência Social e à Receita
9.1.3 que os valores retidos cautelarmente sejam depositados junto do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das contribuições
exclusivamente no pagamento de salários e das demais verbas 9.1.6 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela
trabalhistas, bem como das contribuições sociais e FGTS, quando Administração com o objetivo de verificar o recolhimento do Fundo
não for possível a realização desses pagamentos pela própria de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, observe os aspectos
pertinente, tais como folha de pagamento, rescisões dos contratos e 9.1.6.1 fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a
guias de recolhimento; emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para
9.1.6.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer terceirizados, estabelecendo procedimentos voltados para
todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias aos
fiscalização;
9.1.6.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha "Dispõe as provisões de encargos trabalhistas a serem pagos pelos
em sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, Tribunais às empresas contratadas para prestar serviços de forma
que poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo contínua no âmbito do Poder Judiciário.
da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento para licitar e O Presidente do Conselho Nacional de Justiça, no uso de suas
9.1.6.4 fixar em contrato que a contratada deve, sempre que Considerando a necessidade da Administração Pública, na prática
solicitado, apresentar extrato de FGTS dos empregados; de atos administrativos, nos termos do disposto no art. 14 do
9.1.6.5 solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS; Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, observar os
9.1.6.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por princípios da racionalidade e da economicidade;
amostragem, aos empregados terceirizados extratos da conta do Considerando a responsabilidade subsidiária dos Tribunais, no caso
FGTS e os entregue à Administração com o objetivo de verificar se de inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa
os depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que contratada para prestar serviços terceirizados, de forma contínua,
todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final mediante locação de mão-de-obra, conforme a jurisprudência dos
de um ano - sem que isso signifique que a análise não possa ser Tribunais trabalhistas;
realizada mais de uma vez em um mesmo empregado, garantindo Considerando que os valores referentes às provisões de encargos
assim o "efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle; trabalhistas são pagos mensalmente à empresa, a título de reserva,
9.1.6.7 comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade para utilização nas situações previstas em lei;
9.1.7 somente sejam exigidos documentos comprobatórios da Art. 1º Determinar que as provisões de encargos trabalhistas
realização do pagamento de salários, vale-transporte e auxílio relativas a férias, 13º salário e multa do FGTS por dispensa sem
alimentação, por amostragem e a critério da administração; justa causa, a serem pagas pelos Tribunais e Conselhos às
9.1.8 seja fixado em contrato como falta grave, caracterizada como empresas contratadas para prestar serviços de forma contínua,
falha em sua execução, o não pagamento do salário, do vale- sejam glosadas do valor mensal do contrato e depositadas
transporte e do auxílio alimentação no dia fixado, que poderá dar exclusivamente em banco público oficial.
ensejo à rescisão do contrato, sem prejuízo da aplicação de sanção Parágrafo único. Os depósitos de que trata o caput deste artigo
pecuniária e da declaração de impedimento p devem ser efetivados em conta corrente vinculada - bloqueada para
9.1.9 a fiscalização dos contratos, no que se refere ao cumprimento movimentação - aberta em nome da empresa, unicamente para
das obrigações trabalhistas, deve ser realizada com base em essa finalidade e com movimentação somente por ordem do
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas Art. 2º A solicitação de abertura e a autorização para movimentar a
eventuais no pagamento de alguma vantagem a um determinado conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação - serão
ou Conselho.
Indubitavelmente, a tomadora de serviços, no caso concreto, Art. 3º Os depósitos de que trata o art. 1º desta Resolução serão
também ignorou as recomendações do TCU - Tribunal de Contas da efetuados, com o acréscimo do Lucro proposto pela contratada.
União contidas no acórdão n.º 1.214/2013, tanto em relação à Art. 4º O montante do depósito vinculado será igual ao somatório
ausência de garantia do contrato, quanto na fiscalização dos dos valores das seguintes provisões previstas para o período de
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, editou a Resolução n.º III - Impacto sobre férias e 13º salário;
Parágrafo único. Os valores provisionados para o atendimento bloqueada para movimentação - a empresa deverá apresentar à
deste artigo serão obtidos pela aplicação de percentuais e valores unidade de controle interno ou setor financeiro os documentos
Art. 5º Os Tribunais ou Conselhos deverão firmar acordo de § 2º Os Tribunais ou Conselhos, por meio dos setores competentes,
cooperação com banco público oficial, que terá efeito subsidiário à expedirão, após a confirmação da ocorrência da indenização
presente Resolução, determinando os termos para a abertura da trabalhista e a conferência dos cálculos pela unidade de auditoria, a
conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação. (ANEXO autorização de que trata o caput deste artigo, que será
Art. 6º A assinatura do contrato de prestação de serviços entre os cinco dias úteis, a contar da data da apresentação dos documentos
I - solicitação pelo Tribunal ou Conselho contratante, mediante prazo máximo de três dias, o comprovante de quitação das
ofício, de abertura de conta corrente vinculada - bloqueada para indenizações trabalhistas, contados da data do pagamento ou da
desta Resolução (ANEXOS III, IV, V, VI, VIII e IX); Art. 12. O saldo total da conta corrente vinculada - bloqueada para
II - assinatura, pela empresa a ser contratada, no ato da movimentação - será liberado à empresa, no momento do
regularização da conta corrente vinculada - bloqueada para encerramento do contrato, na presença do sindicato da categoria
movimentação, de termo específico da instituição financeira oficial correspondente aos serviços contratados, ocorrendo ou não o
que permita ao Tribunal ou Conselho ter acesso aos saldos e desligamento dos empregados.
extratos, e que vincule a movimentação dos valores depositados à Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação".
Art. 7º Os saldos da conta vinculada - bloqueada para Como se percebe, os órgãos de fiscalização conhecem a realidade
movimentação - serão remunerados pelo índice da poupança ou da terceirização realizada pelo poder público brasileiro, cujo
outro definido no acordo de cooperação, sempre escolhido o de descumprimento da legislação trabalhista por parte de empresas
Art. 8º Os valores referentes às provisões de encargos trabalhistas vender ou intermediar mão de obra, é a regra geral, bem como a
mencionados no art. 4º, depositados na conta corrente vinculada - sistemática lesão a direitos obreiros próprios do ato da rescisão
Art. 9º No âmbito dos Tribunais ou Conselhos, o setor de controle editadas por órgãos públicos diversos têm sido insuficientes para
interno ou setor financeiro é competente para definir, inicialmente, alterar o quadro de irregularidades trabalhistas verificadas nas
os percentuais a serem aplicados para os descontos e depósitos, contratações celebradas entre a Administração Pública e as
cabendo ao setor de execução orçamentária ou ao setor financeiro empresas terceirizantes, muito provavelmente, consigne-se, porque
conferir a aplicação sobre as folhas de salário mensais das a lógica ou a gênese da terceirização é incompatível com a
empresas e realizar as demais verificações pertinentes. dignidade humana laboral, com o respeito aos direitos previstos na
Art. 10. Os editais referentes às contratações de empresas para Constituição da República e na CLT- Consolidação das Leis do
prestação de serviços contínuos aos Tribunais ou Conselhos, Trabalho. A terceirização existe, em primeiro lugar, para diminuir os
deverão conter expressamente o disposto no art. 8º desta custos com o trabalho. E depois, não menos relevante, para
Resolução, bem como a obrigatoriedade de observância de todos fragmentar a classe trabalhadora, do ponto de vista de sua
Art. 11. A empresa contratada poderá solicitar autorização do Pois bem. Aqui, de igual modo, a parte demandante deixou de
Tribunal ou Conselho para resgatar os valores, referentes às receber parcelas durante o curso do pacto laboral, bem como parte
despesas com o pagamento de eventuais indenizações trabalhistas das verbas básicas no ato da rescisão contratual, não tendo a
dos empregados que prestam os serviços contratados pelo Tribunal tomadora de serviços adotado qualquer medida concreta para evitar
ou Conselho, ocorridas durante a vigência do contrato. a lesão consumada, seja no que se refere à fiscalização rigorosa do
contrato de prestação de serviços quando de sua vigência, seja no CTPS, entrega das guias para percepção do seguro-desemprego e
tocante à reserva mensal de valores para assegurar o pagamento levantamento do FGTS. Além disso, deixou de pagar parcelas tais
de verbas rescisórias à parte obreira, ainda no século XXI a parte como multa de 40% do FGTS, multa estabelecida no §8° do art. 477
frágil dessa relação triangular formada à margem do ordenamento do Texto Celetista e multa convencional, segundo os termos da
jurídico (CRFB, CLT, Pactos e Convenções Internacionais), sentença condenatória ora examinada em grau de recurso.
conforme explicitado antes no presente voto. Não raro, o poder público contratante de trabalho terceirizado
Além da ausência de qualquer fiscalização, no regular exercício do sequer traz aos autos qualquer documento apto a demonstrar
poder de vigilância adequado, a tomadora de serviços não cuidou indício de fiscalização, preferindo, pois, apostar na tese frágil da
de realizar a retenção dos valores destinados a suportar o ausência de responsabilidade pelo pagamento das verbas devidas à
pagamento das verbas devidas aos empregados das prestadoras parte autora, decorrentes do contrato de prestação de serviços com
de serviços, ação a qual restou solenemente ignorada quanto à a empresa terceirizante que cumpriu o roteiro tradicional.
Neste caso, portanto, encontram-se preenchidos os requisitos para in vigilando) é, na imensa maioria dos casos, flagrante,
a decretação da responsabilidade subsidiária das duas últimas considerando inclusive a ausência de retenção das faturas para a
reclamadas com base na teoria da reparação do dano pelo quitação de várias parcelas inadimplidas no curso e término do
cometimento de ato ilegal por parte da Administração Pública (CCB, pacto laboral.
artigos 186 e 927, caput; CLT, artigo 8º), tudo em consonância com Não é demais lembrar que a empregadora deixou de registrar o
o resultado dos julgamentos proferidos nos autos da ADC n.º 16 e contrato de trabalho, além de não pagar as diversas verbas devidas
Súmula n.º 331, do TST. Ora, não se trata da presunção de culpa. A Administração Pública,
A culpa da segunda reclamada, pela inadimplência patronal, está na qualidade de tomadora de serviços, segundo prova dos autos,
suficientemente provada, conforme elementos antes expostos. não fiscalizou a regularidade do cumprimento das obrigações no
Sinteticamente, havendo, nos autos, demonstração de que além da curso do pacto laboral. Por via de consequência, descumpriu o
péssima escolha no ato da contratação, a tomadora de serviços foi disposto nos artigos 58 e 67, da Lei n.º 8.666/1993, quanto ao dever
omissa ou negligente no seu dever de fiscalização junto à empresa de fiscalização rigorosa do contrato administrativo, mês a mês, dia a
sido sistematicamente desrespeitados durante e após o término do De igual modo, a omissão do poder público contratante de trabalho
pacto laboral (rescisão contratual), sem nenhuma ação ou reação terceirizado, no caso concreto, ignorou a Instrução Normativa n.º 3,
por parte da tomadora, configura-se, sob ponto de vista de 15 de outubro de 2009, do MPOG (Art. 34 A execução dos
extremamente moderado, ou seja, para dizer o mínimo, a culpa in contratos deverá ser acompanhada e fiscalizada por meio de
2.1.4- ANÁLISE DO CASO CONCRETO - AGORA A PARTIR DA cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais nas contratações
EXISTÊNCIA OU NÃO DA PROVA CONTUNDENTE NOS AUTOS continuadas com dedicação exclusiva dos trabalhadores da
Para além da ausência de demonstração da fiscalização efetiva do qualquer empregado, a critério da Administração contratante;
contrato administrativo, como vimos na análise do tópico anterior a (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
este, há, de fato, prova contundente da culpa in vigilando da 2013), ao não ter adotado a mais remota providência para obrigar a
tomadora de serviços pelo inadimplemento de verbas devidas à empresa terceirizante a regularizar o FGTS da parte reclamante e
parte reclamante, parcelas as quais deveriam ter sido de tantos outros empregados vinculados ao mesmo contrato de
Observemos, então. Conforme transcrição realizada no item 3.2.3 deste voto, há tantas
A empresa prestadora de serviços deixou de honrar com obrigações outras normas internas editadas pelo próprio poder público, exigindo
básicas do contrato de trabalho mantido com a parte obreira, a a fiscalização, por parte da tomadora de serviços, quanto à
ponto de deixar de cumprir obrigações de fazer tais como baixa da regularidade dos depósitos mensais do FGTS nas contas dos
empregados, incluindo deliberação do órgão de controle de contas corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído
federais, o TCU - Tribunal de Contas da União. pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
Reitere-se: a tomadora de serviços, integrante da Administração b) a garantia, qualquer que seja a modalidade escolhida,
Pública, sequer constatou as irregularidades que ensejaram a assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº
de 40% do FGTS e das obrigações de fazer (baixa na CTPS) tudo a 1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato;
atestar que a fiscalização ou vigilância do contrato não passava de (Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de
Tal como especificado nas normas e determinações expressamente 2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa
transcritas no tópico anterior do presente voto, a tomadora de ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela
serviços não fez a retenção que deveria realizar para assegurar o Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015)
pagamento das verbas decorrentes do período do pacto laboral em 3. multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à
que a parte reclamante prestou serviços na condição de contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
Em outras palavras, a negligência da tomadora de serviços é 4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza,
evidente, no período do contrato de terceirização. não adimplidas pela contratada, quando couber".
capazes de demonstrar que fiscalizou adequadamente o A conduta omissiva e negligente da tomadora de serviços, no
cumprimento das obrigações trabalhistas pela primeira reclamada. tocante à ausência de fiscalização do contrato administrativo e à
A recorrente nada fez para assegurar o pagamento das verbas exigência de garantia de execução, é por demais evidente nos
efetivamente devidas ao recorrido, nem mesmo efetuou a retenção autos, a ponto de configurar a sua culpa in vigilando, de forma
mensal de valores capaz de suportar a dívida reconhecida contundente e irrefutável, pelo inadimplemento de todas as verbas a
judicialmente, como estabelecido em normas internas da que foi responsabilizada de forma subsidiária pelo Juízo da
Para além da flagrante conduta omissiva, negligente, configuradora, A segunda reclamada não empreendeu medidas eficazes para
de forma contundente e irrefutável, da culpa in vigilando pela garantir à parte reclamante a efetividade de todos os seus direitos
regularidade do cumprimento das obrigações durante o pacto sociais, todos decorrentes do contrato de trabalho.
laboral, a tomadora de serviços, integrante da Administração Se assim tivesse agido, poderia ter evitado o dano causado à parte
Pública, não cuidou de exigir, da empresa terceirizante, a garantia autora, fato devidamente reconhecido pela sentença recorrida.
de execução do contrato previsto no art. 56, da Lei de Licitações, e A prova dos autos atesta a culpa in vigilando da tomadora de
"(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos retenção de faturas em valor suficiente para quitar todas as verbas
moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a deferidas na origem.
execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência Se tivesse cumprido as suas obrigações legais e contratuais, a
contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados tomadora, em tese, poderia ter evitado a inadimplência em relação
ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução às verbas antes descritas.
a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez) responsabilidade subsidiária da Administração Pública, na
dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão qualidade de tomadora de trabalho terceirizado, não é automática.
contratante, contado da assinatura do contrato, comprovante de Havendo inadimplência quanto ao pagamento de parcelas
prestação de garantia, podendo optar por caução em dinheiro ou trabalhistas diversas ou verbas rescisórias, por parte da prestadora
títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo de serviços, o poder público somente responde, de forma
que, nos casos de contratação de serviços continuados de subsidiária, quando restar demonstrada nos autos, de maneira
dedicação exclusiva de mão de obra, o valor da garantia deverá categórica e irrefutável, a sua culpa in vigilando, no tocante à
ausência de fiscalização (conduta omissiva ou negligente) do em caráter subsidiário, por culpa in vigilando, observa o conteúdo
contrato administrativo celebrado com empresa terceirizante. das decisões do STF sobre a matéria (ADC n.º 16 e RE 760931),
Sinteticamente, revelando a prova dos autos, de forma contundente sem qualquer ofensa a dispositivo constitucional ou legal, incluindo
e irrefutável, que a tomadora de serviços concorreu diretamente os artigos 5º, II, XLV, XLVI, 22, XXVII, 37, XXI, 37, §6º, 97, 102, §2º,
para a inadimplência trabalhista, ao ser omissa e negligente quanto da CRFB, e ao art. 71, da Lei nº 8.666/1993, bem como à Súmula
à fiscalização do contrato mantido com a empresa terceirizante, a Vinculante n.º 10, do STF.
durante o seu desenvolvimento, incluindo a falta de pagamento de 2.2. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. ALTERAÇÕES
parcelas básicas do liame laboral, encontra-se configurada a sua PROMOVIDAS PELA LEI N.º 13.467/2017
culpa in vigilando, apta, portanto, a atrair a responsabilidade No apelo, o BB TECNOLOGIA impugna a concessão dos benefícios
subjetiva admitida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal da justiça gratuita à autora.
além de não cumprir as suas obrigações inerentes à fiscalização, o Cabe assinalar que trata-se de reclamação trabalhista ajuizada
poder público contratante nada faz para evitar a inadimplência em após a vigência da Lei nº 13.467/2017.
relação às verbas devidas durante o curso do pacto e na rescisão Quanto à gratuidade da justiça, assim dispõe o art. 790, §§ 3º e 4º
contrato administrativo, a ser renovada anualmente, tudo nos Art. 790 [...]
termos da lei e das normas regulamentares instituídas pela própria § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
Administração Pública, além das determinações emitidas pelo órgão tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
de controle de contas na mesma direção (TCU). requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
Assim sendo, mantenho a sentença que declarou a quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
responsabilidade subsidiária da segunda reclamada pelas igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
obrigações trabalhistas definidas nos julgados, salvo quanto benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
às obrigações de fazer próprias do empregador. § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
do processo.
A condenação impostas às recorrentes (responsabilidade Depreende-se do novo texto legal (§§ 3º e 4º do Art. 790 da CLT)
subsidiária) não decorre da declaração de inconstitucionalidade do que, para aqueles que percebem salário igual ou inferior a quarenta
artigo 71, §1º, da Lei n.º 8.666/1993, senão de sua observância em por cento do limite do RGPS, há presunção de serem beneficiários
conformidade com a interpretação conferida à referida norma pelo da Justiça gratuita e, de outro lado, para aqueles cujo salário
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC n.º 16, e do RE ultrapassa tal teto, resta mantida a possibilidade de comprovação
Não há se falar em pronunciamento do Tribunal em sua composição nos termos da Lei n.º 7.115/1983, que confere à simples declaração
plenária para emitir decisão sobre matéria jamais deliberada pela presunção de veracidade, para fins de comprovação do estado de
Turma. pobreza.
A partir do enfrentamento jurídico realizado, considera-se, pois, que residência, pobreza, dependência econômica, homonímia ou
houve prequestionamento das normas constitucionais indicadas na bons antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado
defesa e no recurso da tomadora de serviços, sem ofensa alguma a ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se
Ainda assim, precisa ser registrado que a decisão judicial Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins
Art. . 2º - Se comprovadamente falsa a declaração, sujeitar-se-á o Ora, o Direito do Trabalho teve origem na necessidade de proteção
declarante às sanções civis, administrativas e criminais previstas na ao empregado hipossuficiente, sendo esse princípio o próprio esteio
Art. . 3º - A declaração mencionará expressamente a Tornou-se necessário, portanto, trilhar uma interpretação
responsabilidade do declarante. constitucionalmente adequada dos novos preceitos trazidos pela Lei
Art. . 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. n.º 13.467/2017, com um olhar atento a todo o ordenamento
Ademais, o estado de hipossuficiência não deve ser medido pelo reforma, segue plenamente possível a concessão dos
simples valor do salário, mas pela potencialidade de eventual benefícios da Justiça Gratuita com base na simples declaração.
pagamento das despesas processuais, somado aos gastos No caso, a reclamante juntou declaração de hipossuficiência (ID.
sentido, o informativo nº 151, do TST: Portanto, não havendo nada a infirmar a veracidade da declaração
Justiça gratuita. Declaração de pobreza. Presunção relativa de concretos para o indeferimento, à parte autora, da gratuidade da
veracidade não elidida pelo fato de o reclamante ter recebido justiça, que, em sua acepção mais ampla, resta assegurada pelo
verbas rescisórias e de indenização em decorrência de adesão inc. LXXIV do art. 5.° da Constituição da República "aos que
a plano de demissão voluntária. O fato de o reclamante ter comprovem insuficiência de recursos" e tem suas raízes fincadas na
recebido quantia vultosa (R$ 1.358.507,65) decorrente de verbas garantia de acesso à Justiça.
veracidade da declaração de pobreza por ele firmada. Sob esse III- CONCLUSÃO
contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, e, no Pelo exposto, conheço do recurso ordinário da segunda reclamada
mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a sentença que e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação.
Belmonte. TST-ERR-11237-87.2014.5.18.0010, SBDI-I, rel. Min. 1DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7.
Hugo Carlos Scheuermann, 2.2.2017. Informativo TST nº 151. ed. São Paulo: LTR, 2008, p. 448, 449 e 459.
Não se olvide que as benesses da Justiça Gratuita têm previsão Constitucionalidade nº 16. Disponível em www.stf.jus.br . Acesso
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 3TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem
recursos" (CF, art. 5º, LXXIV), medida que concretiza o direito de de responsabilidade subsidiária, decide STF. Disponível em
Seguindo esse norte, o Código de Processo Civil de 2015 disciplina, 166785 . Acesso em 20.05.2015.
em seu art. 98, § 1º, a gratuidade de justiça, deixando expressa 4BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADC-Ação Direta de
tanto a inclusão de isenção do pagamento de custas judiciais, como Constitucionalidade nº 16. Disponível em www.stf.jus.br .
possibilidade de comprovação da hipossuficiência por simples 5BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 331. Resolução
declaração, cabendo à parte contrária o ônus de demonstrar que o n. 174, de 2011. DEJT, 27, 30 e 31 maio 2011
requerente não preenche os requisitos para o deferimento do 6VIANA, Marcio Túlio; DELGADO, Gabriela Neves; AMORIM,
instituto (CPC, art. 99, §3º c/c CLT, art. 769). Helder Santos. Terceirização: Aspectos Gerais. A Última Decisão do
O que se depreende disso é a disparidade causada pelo legislador STF e a Súmula 331 do TST. Novos Enfoques(*). Editora Magister -
ordinário no tratamento do beneficiário de tal Gratuidade que litiga Porto Alegre - RS. Publicado em: 15 fev. 2011. Disponível em: ).
na Justiça Comum frente àquele litigante na Justiça do Trabalho. Acesso em: 03 jun. 2011.
20.05.2015 Intimado(s)/Citado(s):
8Brasil. STF, RE 760931, com Repercussão Geral. Redator - MAISA PIO ALVES DE OLIVEIRA
JUSTIÇA DO TRABALHO
ACÓRDÃO
TRT 0000034-64.2020.5.10.0003 RORSum - ACÓRDÃO 1ªTURMA
Por tais fundamentos, ACORDAM os Desembargadores da Egrégia
Desembargador Relator
EMENTA
culpa in vigilando, no tocante à ausência de fiscalização (conduta Argüiu a reclamante, em suas contrarrazões, preliminar de não-
omissiva ou negligente) do contrato administrativo celebrado com conhecimento do apelo por ausência de interesse recursal (ID.
PODER PÚBLICO. CULPA IN VIGILANDO. PROVA DOS AUTOS. À análise dos autos, observa-se que a recorrente (BB
Revelando a prova dos autos, de forma contundente e irrefutável, TECNOLOGIA E SERVICOS S.A) foi condenada subsidiariamente
que a tomadora de serviços concorreu diretamente para a pelo pagamento da multa do art. 477 da CLT e multa convencional
inadimplência trabalhista, ao ser omissa e negligente quanto à (ID. 60b8ac3 - Pág. 3).
fiscalização do contrato mantido com a empresa terceirizante, a Nesse contexto, sendo certo que a pretensão de responsabilidade
ponto de não ter sequer coibido as irregularidades evidentes subsidiária postulada na exordial foi deferida na decisão atacada, a
durante o seu desenvolvimento, incluindo a falta de pagamento de recorrente possui interesse recursal, no tocante a tal pleito,
parcelas básicas do liame laboral, encontra-se configurada a sua ensejando o conhecimento do recurso.
culpa in vigilando, apta, portanto, a atrair a responsabilidade Ante o exposto, preenchidos os pressupostos objetivos e subjetivos
subjetiva admitida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal de admissibilidade, conheço do recurso interposto pela segunda
relação às verbas rescisórias, seja pela ausência da retenção de 2.1- TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
valor mensal para esse fim, seja pela falta de exigência da garantia RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO
de execução do contrato administrativo, a ser renovada anualmente, O debate nuclear do presente litígio devidamente judicializado diz
tudo nos termos da lei e das normas regulamentares instituídas pela respeito à terceirização de mão de obra promovida pelo poder
própria Administração Pública, além das determinações emitidas na público, a sua responsabilidade (objetiva, subjetiva ou nenhuma) e o
mesma direção pelo órgão de controle de contas (TCU).2. respectivo grau de tal responsabilidade no ato do pagamento
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. Independentemente dos decorrente de eventual condenação trabalhista (solidário ou
possível a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita com base As questões serão analisadas nos tópicos temáticos a seguir
da declaração de hipossuficiência expendida pela parte reclamante, Ao contrário de votos anteriores sobre a matéria, por mim proferidos
inexistem elementos concretos para o indeferimento, à parte autora, aqui na 1ª Turma do TRT 10, entre novembro de 2014 e início de
da gratuidade da justiça, que, em sua acepção mais ampla, resta outubro de 2017, não mais farei, a partir de agora, uma abordagem
assegurada pelo inc. LXXIV do art. 5.° da Constituição da República geral sobre a terceirização, do ponto de vista histórico, econômico,
"aos que comprovem insuficiência de recursos" e tem suas raízes social e jurídico.
fincadas na garantia de acesso à Justiça. 3. Recurso ordinário da Deixarei para fazê-lo em outra oportunidade, quando houver
segunda reclamada conhecido e desprovido. necessidade de avaliar o conteúdo das novas normas legais
Direito do Trabalho.
Dispensado, na forma do artigo 852-I, c/c 895, § 1º, IV, ambos da Analisarei a questão posta no presente recurso, portanto, sob os
responsabilidade subsidiária do poder público, com a aplicação dos o ângulo da interpretação contida no teor da Súmula n.º 331, do
entendimentos manifestados pelo Supremo na ADC nº 16 e no RE- Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
2.1.1- ALEGAÇÕES DA INICIAL E DA DEFESA EM RELAÇÃO À TERCEIRIZADOS. ANÁLISE DA QUESTÃO SOB O ÂNGULO
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA PRETENDIDA. DA PROVA DAS DECISÕES PROFERIDAS PELO SUPREMO TRIBUNAL
DA PRESTAÇÃO LABORAL PARA O PODER PÚBLICO POR FEDERAL - ADC Nº 16 E RE-760931, COM REPERCUSSÃO
A reclamante alegou ter sido admitida em 21/12/2015, pela primeira COMPREENSÃO DO STF
reclamada, para exercer a função de assistente de liderança, em A Súmula n.º 331, do TST, interpretando a Constituição da
prol da segunda reclamada (BB TECNOLOGIA E SERVICOS S.A), República, a legislação ordinária vigente e observando os
pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta, tendo precedentes judiciais do próprio tribunal, anuncia não ser possível a
sido dispensada imotivadamente em 06/11/2019. Postulou o terceirização na atividade-fim, no âmbito da Administração Pública.
Invocando o conteúdo da Súmula nº 331, do Tribunal Superior do da súmula em debate, haveria tão somente a responsabilidade
Trabalho, a parte autora requereu a decretação da responsabilidade subsidiária do tomador de serviços, incluindo o poder público,
subsidiária da segunda reclamada (BB TECNOLOGIA) pelo independentemente de culpa, assim entendido pelo TST, ao menos
presente feito, bem como a condenação de ambas as reclamadas O professor e magistrado Maurício Godinho Delgado, ao abordar o
ao pagamento das verbas discriminadas no rol dos pedidos. tema da responsabilidade de entidades estatais em casos de
Dirimindo a controvérsia, o Juízo de origem decretou a terceirização de mão de obra, antes da decisão proferida pelo STF
responsabilidade subsidiária da segunda reclamada, conforme nos autos da ADC n.º 16, declarava que:
Em seu recurso, a segunda reclamada insiste no afastamento da "A entidade estatal que pratique terceirização com empresa
responsabilidade subsidiária. inidônea (isto é, empresa que se torne inadimplente com relação a
Não é difícil notar que a reclamante, com a petição inicial e com a contratante) ou, no mínimo, culpa in vigilando (má fiscalização das
prova documental, ante a revelia da primeira reclamada, obrigações contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, a
demonstrou ter laborado para a primeira reclamada em prol da responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador
segunda reclamada, nas condições antes relatadas. terceirizante no período de efetiva terceirização (inciso IV do
Destaco que a tese de existência de contratos de prestação de Enunciado 331, TST) (...) Ora, a entidade estatal que pratique
serviços entre pessoas jurídicas não tem o condão de afastar a terceirização com empresa inidônea (isto é, empresa que se torne
responsabilização subsidiária da segunda reclamada, mas, ao inadimplente com relação a direitos trabalhistas) comete culpa in
contrário, reforça a tese de que o ente público se beneficiou da eligendo (má escolha do contratante) mesmo que tenha firmado a
força de trabalho da reclamante via empresa interposta, não sendo seleção por meio de processo licitatório. Ainda que não se admita
possível afastar as responsabilidades inerentes às relações essa primeira dimensão da culpa, incide, no caso, outra dimensão,
jurídicas das quais participou. no mínimo a culpa in vigilando (má fiscalização das obrigações
Logo, irrefutável a prova da condição de tomadora de serviços da contratuais e seus efeitos). Passa, desse modo, o ente do Estado a
segunda reclamada, ente integrante da Administração Pública. responder pelas verbas trabalhistas devidas pelo empregador
de trabalho mantido entre a parte reclamante e a primeira Impende ressaltar que o § 6.º do artigo 37, da Constituição Federal
reclamada (empresa prestadora), impõe-se analisar a matéria estabelece a responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de
relativa à responsabilidade subsidiária do ente integrante da direito público, ao prescrever que estas, assim como as de direito
Administração Pública indireta, aqui reivindicada, consigne-se, sob privado prestadoras de serviços públicos, "responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, governador do Distrito Federal2, o Supremo Tribunal Federal, em
assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos sessão plenária realizada no dia 24 de novembro de 2010, declarou
de dolo e culpa". constitucional o artigo 71, da Lei n.º 8.666/93. A notícia publicada
No particular, nota-se que o texto constitucional opta por expressa em sua página na rede mundial de computadores, no dia 24 de
rejeição à teoria da irresponsabilidade do poder público em suas novembro de 2010, foi a seguinte:
involuntárias. "TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem
Razões de natureza social ainda mais relevantes justificam o zelo e de responsabilidade subsidiária, decide STF
a responsabilidade que as entidades e os órgãos da Administração Por votação majoritária, o Plenário do Supremo Tribunal Federal
Pública devem guardar em relação aos direitos humanos declarou, nesta quarta-feira (24), a constitucionalidade do artigo 71,
(econômicos, sociais e culturais) das mulheres e dos homens que parágrafo 1º, da Lei 8.666, de 1993, a chamada Lei de Licitações. O
lhes prestam serviços em condições precárias de trabalho, por força dispositivo prevê que a inadimplência de contratado pelo Poder
da gestão empresarial embasada na terceirização. Público em relação a encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
É bastante comum o desaparecimento das prestadoras de serviços, transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
assim como a constatação relativa à inexistência de bens dessas pagamento, nem pode onerar o objeto do contrato ou restringir a
pessoas jurídicas, suficientes para garantir o pagamento das verbas regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
devidas aos empregados. Registro de Imóveis. Segundo o presidente do STF, isso "não
O poder público não pode simplesmente cruzar os braços, impedirá o TST de reconhecer a responsabilidade, com base nos
desrespeitando o trabalhador que lhe presta ou prestou serviços. fatos de cada causa". "O STF não pode impedir o TST de, à base
Não é para cumprir tão lamentável missão que existe o Estado. Se de outras normas, dependendo das causas, reconhecer a
vingasse a tese suscitada nas defesas apresentadas perante a responsabilidade do poder público", observou o presidente do
Justiça do Trabalho, pela Administração Pública, os milhões de Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem reconhecido
homens e mulheres empregados das empresas terceirizantes é que a omissão culposa da administração em relação à
seriam declarados como indivíduos não detentores de parte fiscalização - se a empresa contratada é ou não idônea, se paga ou
substancial dos direitos do trabalho, durante a vigência e no ato das não encargos sociais - gera responsabilidade da União.
rescisões dos seus pactos laborais, restando caracterizado, por via A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de
de consequência, o evidente desrespeito aos princípios Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do Distrito
fundamentais da República da dignidade da pessoa humana e do Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior
valor social do trabalho (CRFB, artigo 1º, III e IV). do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do
O respeito à dignidade humana não deve ter como referência a mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a
posição privilegiada dos cidadãos na pirâmide social marcadamente Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos
injusta da estratificada sociedade brasileira. Ao contrário, no campo trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de
das relações de trabalho, quanto mais humilde for o trabalhador, terceiro especializado.
maior zelo o Estado deve ter com seus direitos, em nome da justiça Reclamações
social e da manutenção do único meio de subsistência da imensa Em vista do entendimento fixado na ADC 16, o Plenário deu
É forçoso concluir que uma interpretação meramente literal, Suprema Corte contra decisões do TST e de Tribunais Regionais do
descontextualizada e não sistemática do artigo 71, da Lei n.º Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Entre elas estão as
8.666/1993, na prática, sem nenhuma hesitação, resultaria na RCLs 7517 e 8150. Ambas estavam na pauta de hoje e tiveram
abominável chancela do Estado ao calote oficial aos empregados suspenso seu julgamento no último dia 11, na expectativa de
de empresas terceirizantes, leitura essa, evidentemente, em julgamento da ADC 16. Juntamente com elas, foram julgadas
descompasso com os princípios da responsabilidade objetiva das procedentes todas as Reclamações com a mesma causa de
pessoas jurídicas de direito público (artigo 37, §6º, da CRFB), da pedir.Por interessar a todos os órgãos públicos, não só federais
dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho (artigo como também estaduais e municipais, os governos da maioria dos
1º, incisos III e IV). estados e de muitos municípios, sobretudo de grandes capitais,
Ao julgar Ação Direta de Constitucionalidade ajuizada pelo então assim como a União, pediram para aderir como amici curiae
(amigos da corte) nesta ADC. causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo órgão público
Alegações contratante.
Na ação, o governo do DF alegou que o dispositivo legal em O ministro Ayres Britto endossou parcialmente a decisão do
questão "tem sofrido ampla retaliação por parte de órgãos do Poder Plenário. Ele lembrou que só há três formas constitucionais de
Judiciário, em especial o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que contratar pessoal: por concurso, por nomeação para cargo em
diuturnamente nega vigência ao comando normativo expresso no comissão e por contratação por tempo determinado, para suprir
nesse sentido, que a Súmula 331 do TST prevê justamente o Assim, segundo ele, a terceirização, embora amplamente praticada,
oposto da norma do artigo 71 e seu parágrafo 1º. não tem previsão constitucional. Por isso, no entender dele, nessa
A ADC foi ajuizada em março de 2007 e, em maio daquele ano, o modalidade, havendo inadimplência de obrigações trabalhistas do
relator, ministro Cezar Peluso, negou pedido de liminar, por contratado, o poder público tem de responsabilizar-se por elas".3
individualmente. Posta em julgamento em setembro de 2008, o A decisão proferida pelo STF, na ADC n.º 16, recebeu a ementa a
ministro Menezes Direito (falecido) pediu vista dos autos, quando o seguir transcrita:
dela havia conhecido, para que fosse julgada no mérito. "EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária.
Hoje, a matéria foi trazida de volta a Plenário pela ministra Cármen Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial do
Lúcia Antunes Rocha, uma vez que o sucessor do ministro Direito, o outro contraente. Transferência consequente e automática dos seus
ministro Dias Toffoli, estava impedido de participar de seu encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, resultantes da execução
julgamento, pois atuou neste processo quando ainda era advogado do contrato, à administração. Impossibilidade jurídica.
geral da União. Consequência proibida pelo art., 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666/93.
Na retomada do julgamento, nesta quarta-feira, o presidente do STF Constitucionalidade reconhecida dessa norma. Ação direta de
e relator da matéria, ministro Cezar Peluso, justificou o seu voto constitucionalidade julgada, nesse sentido, procedente. Voto
pelo arquivamento da matéria. Segundo ele, não havia controvérsia vencido. É constitucional a norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei
a ser julgada, uma vez que o TST, ao editar o Enunciado 331, não federal nº 8.666, de 26 de junho de 1993, com a redação dada pela
declarou a inconstitucionalidade do artigo 71, parágrafo 1º, da Lei Lei nº 9.032, de 1995." 4
8.666.
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia divergiu do ministro Cezar Da leitura do inteiro teor daquele acórdão, percebe-se, com
Peluso quanto à controvérsia. Sob o ponto de vista dela, esta meridiana clareza, que o Supremo Tribunal Federal, embora tenha
existia, sim, porquanto o enunciado do TST ensejou uma série de reconhecido a constitucionalidade do artigo 71, §1º, da Lei n.º
decisões nos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e, diante 8.666/1993, não isentou, contudo, a Administração Pública de
delas e de decisões do próprio TST, uma série de ações, sobretudo qualquer responsabilidade, em caso de inadimplemento trabalhista
Reclamações (RCLs), junto ao Supremo. Assim, ela se pronunciou por parte das empresas prestadoras de serviços as quais colocam
pelo conhecimento e pelo pronunciamento da Suprema Corte no trabalhadores terceirizados desenvolvendo as suas atividades em
O ministro Marco Aurélio observou que o TST sedimentou seu Adotando a teoria da responsabilidade subjetiva da Administração
entendimento com base no artigo 2º da Consolidação das Leis do Pública, o STF declarou que cabe à Justiça do Trabalho, no exame
Trabalho (CLT), que define o que é empregador, e no artigo 37, de cada litígio que lhe é submetido cuidando do tema, avaliar a
parágrafo 6º da Constituição Federal (CF), que responsabiliza as presença ou não do elemento culpa in vigilando, como fator de
pessoas de direito público por danos causados por seus agentes a condenação ou absolvição do tomador de serviços integrante do
Ao decidir, a maioria dos ministros se pronunciou pela do Supremo, modificar parcialmente o conteúdo da Súmula n.º 331,
constitucionalidade do artigo 71 e seu parágrafo único, e houve do TST, o fazendo da seguinte forma:
e terá de investigar com mais rigor se a inadimplência tem como "Súmula nº 331 do TST
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE bastante corriqueiro, assim visto nos corredores da Justiça do
(nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Trabalho quando da realização de audiências na primeira instância.
Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 É certo, ainda, que a retumbante evidência se faz presente até
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, mesmo em vários casos envolvendo o próprio Supremo Tribunal
formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, Federal, na qualidade de tomador de serviços (UNIÃO). Diversos
salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). empregados terceirizados lotados no STF, via empresa
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa terceirizante, já demandaram ou ainda demandam perante a Justiça
interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da do Trabalho de Brasília-DF, buscando receber salários retidos e
Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da outros direitos não cumpridos por empresas prestadoras de serviços
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de contrato mantido com a União.
serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de Isso ocorre porque talvez seja impossível domar o efeito devastador
conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados de direitos humanos contido em qualquer terceirização de mão de
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a obra, que existe primordialmente para reduzir os custos com o
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do precarização e violação de direitos materiais e imateriais
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos assegurados pelo ordenamento jurídico.
serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da Não é novidade para qualquer pessoa que lida com a terceirização,
relação processual e conste também do título executivo judicial. direta ou indiretamente, incluindo os operadores do mundo jurídico
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e laboral, os seus desatinos no serviço público e as agruras sofridas
indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições pelos trabalhadores terceirizados, desde a prática da retenção de
do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no salários ao não pagamento de auxílio-alimentação, vale-transporte,
cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, horas extras, férias, 13º salário e verbas rescisórias. Quando se
especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações encontra presente o contexto fático antes delineado, desparecem as
contratuais e legais da prestadora de serviço como prestadoras de serviços e os seus sócios, sendo que o êxito da
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero execução trabalhista contra as referidas empresas é praticamente
empresa regularmente contratada. É provável que não exista um órgão sequer, nos três poderes da
VI - A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange República, que não tenha se defrontado com esse grave problema
todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período social decorrente da terceirização, com humildes trabalhadores
Embora represente evidente retrocesso social para os trabalhadores trabalhadores terceirizados de tribunais como Supremo Tribunal
terceirizados, a decisão proferida nos autos da ADC n.º 16, pelo Federal, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Regional do
STF, a ponto de determinar explícita mudança parcial do conteúdo Trabalho da 10ª Região, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
da Súmula nº 331, do TST, jamais pode significar o fim da proteção Territórios, Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Superior
aos direitos e créditos trabalhistas dos milhares de empregados Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal
formais das empresas prestadoras de serviços no âmbito do poder Militar, além de Tribunal de Contas da União, Conselho Nacional de
Bem sabemos e conhecemos quão dura é a realidade deste grupo Trabalho, Presidência da República, Câmara dos Deputados,
de trabalhadores, cercados de péssimas condições de labor, Senado Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho e
incluindo salários baixíssimos, jornadas intensas e extenuantes, Emprego, Ministério da Previdência Social, Ministério da Fazenda e
altos índices de acidentes e discriminação, entre outras ofensas aos Ministério das Relações Exteriores.
seus direitos fundamentais, violações essas notadas com maior Na hipótese de ser afastada a responsabilidade da Administração
visibilidade a partir do momento em que a empregadora formal Pública pelo inadimplemento trabalhista junto ao pessoal que lhe
desaparece sem pagar salários, FGTS e verbas rescisórias, algo prestou serviços por intermédio de empresa terceirizante, na linha
de raciocínio antes desenvolvida, registre-se, estaremos classe detentora do poder político e os limites impostos aos juízes
proclamando em alto e bom som que os direitos humanos de no que se refere à tarefa de interpretar textos legais editados pelo
natureza econômica e social não se aplicam aos trabalhadores Parlamento revolucionário francês (o juiz boca da lei), conforme
A outra face da mesma moeda será a institucionalização do calote interpretar a lei) e do Código Civil napoleônico de 1803.
pelo Poder Judiciário, pois tão comum tem sido o descumprimento Essa concepção de arraigada defesa do Estado em detrimento de
de obrigações trabalhistas por parte das prestadoras de serviços, interesses diversos paroquiais e particulares marcou a doutrina
assim como o notório insucesso até mesmo no sentido de encontrá- brasileira durante décadas a partir da Proclamação da República no
las com a finalidade de comparecimento à Justiça do Trabalho para final do século XIX, considerando que era preciso, naquela época,
a tentativa conciliatória ou apresentação de defesa, muito menos formar uma cultura apta a promover valores relegados por
são localizados os seus sócios para o pagamento das dívidas governantes, embora até hoje persistam, no âmbito da
Ninguém paga a conta ou débito para com os trabalhadores revolucionários franceses de 1789, normalmente implementadas à
terceirizados do serviço público? O poder público deve fingir que o margem do sistema normativo.
problema não lhe diz respeito? O Poder Judiciário deve ignorar a O problema é que a ideia de supremacia absoluta do Estado por
realidade dos contratos de prestação de serviços em nome de uma intermédio de antigos postulados do Direito Administrativo revela-se
teoria do Direito Administrativo inequivocamente falida para dar incompatível com o tempo presente, o tempo do Estado
conta dos graves problemas gerados pela terceirização? O direito é Democrático de Direito.
tão insensível a ponto de não captar a dureza da vida das mulheres Para coibir as malversações nas diversas esferas do poder público,
e dos homens terceirizados no âmbito da Administração Pública? O no entanto, a velha tônica do Direito Administrativo anunciada por
direito não pode interagir com a sociologia para encontrar, pelo princípios constitucionais encontra-se em plena flor da idade, jovem
método da interdisciplinariedade, no ramo das ciências sociais e entusiasmada em defesa da coisa de todos. O seu vigor
dotadas de maior investigação das origens de nossas mazelas, rejuvenescido pela vitamina da contemporânea modernidade não
soluções justas para os terceirizados? Afinal, os trabalhadores mais comporta porém o caráter rude e intolerante antes enaltecido,
terceirizados são ou não portadores de direitos humanos, ou seja, a ao reduzir particulares e servidores com os quais mantém algum
Constituição da República e o Estado Democrático de Direito valem tipo de vínculo a vergonhoso patamar de inferioridade,
ou não para a massa de seres humanos submetidos ao trabalho considerando-os figuras eventualmente detentoras de direitos a
As respostas a esses salutares questionamentos não podem conter O Estado é fundamental para a implementação de uma série de
evasivas, muito menos consagrar um obtuso padrão princípios e garantias próprias da vida digna em todas as suas
administrativista contrário à Constituição da República e aos dimensões, mas está longe de ser o senhor absoluto para limitar ou
Ora, o Direito Administrativo como expressão da vontade exclusiva Ademais, estabelecer a prevalência absoluta dos interesses do
do Estado foi revolucionário no contexto histórico de seu Estado pode redundar, na atualidade, em ofensa a princípios
nascimento, porque material e politicamente concebido em oposição fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do
ao poder corrompido da monarquia do Ancien Régime, oferecendo trabalho (CRFB, artigo 1º, incisos III e IV). É inadmissível, sob a
a nova disciplina, por intermédio de leis editadas pelo Parlamento, suposta defesa intransigente do bem público, dispensar a
no pós-revolução francesa e durante mais de um século a partir do trabalhadores do poder público tratamento próprio da época da
grandioso evento, elementos eficazes para limitar o exercício do inauguração da República, emprestando ao princípio da legalidade
poder dos governantes na esfera da gestão da coisa pública antes estrita do liberalismo, por exemplo, uma cega obediência sem levar
apropriada, sem nenhum pudor, por parte do soberano. em consideração os seus contrapostos. Não é para cumprir tão
Logo, o Direito Administrativo voltado para proteger apenas o lamentável missão que existe o Estado Constitucional. Ele foi
Estado é um dos traços das nações remodeladas que emergiram fundado, teoricamente, dentre outras razões, para não tolerar o
das revoluções burguesas ocorridas entre os séculos XVIII e XIX, intolerável, para dar aos cidadãos dignidade e igual respeito, para
assim como a respectiva estrutura jurídica formatada no sentido de cumprir e fazer cumprir os princípios constitucionais.
assegurar o exercício das liberdades individuais clássicas pela nova Na verdade, persegue-se, com a teoria da irresponsabilidade do
tomador de serviços, o reconhecimento de que o interesse público é responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma
sempre aquele decorrente da vontade estatal, diante da equivocada automática, pelo só fato do inadimplemento dos direitos trabalhistas,
construção jurídica fomentadora da incompatibilidade total entre tal como se extraía da literalidade do inciso IV da Súmula nº 331 do
dois segmentos cujas raízes estão fincadas na principiologia TST, acima transcrito.
constitucional do Estado democrático de direito, além de relegar o Nesse julgamento, vencido o Ministro Ayres Britto que considera o §
caráter público de ambos - Direito do Trabalho e Direito 1º do art. 71 da Lei de Licitações inconstitucional em relação à
Administrativo. O referido posicionamento origina não apenas terceirização de serviços, o pronunciamento de constitucionalidade
desarmonia na esfera de espaço público comum ao Direito do dispositivo foi tomado do voto da maioria, sob duas noções
Administrativo e ao Direito do Trabalho, como também reduz a claramente retratadas nas falas do Ministro Cezar Peluso, relator da
eficácia prática da primeira disciplina naquilo que lhe continua ADC 55.
sendo peculiar na era da modernidade avançada. Primeiro, entendeu-se que o verbete do inciso IV da Súmula nº 331
Sem enfrentar idênticos embaraços, os mais aquinhoados, do ponto do Tribunal Superior do Trabalho, ao atribuir responsabilidade
de vista econômico e político, quando são afetados por medidas subsidiária ao ente público tomador dos serviços pelo só fato do
capazes de comprometer o exercício de algum direito seu, via de inadimplemento destes direitos, rejeita aplicação e efetividade ao
regra, logo conseguem encontrar soluções, precárias ou não, vindas disposto no § 1º do art. 71 da Lei nº 8.666/93, sem declarar sua
da esfera do próprio Estado, ente este demasiadamente seletivo em inconstitucionalidade, o que violaria de forma transversa a reserva
suas ações, registre-se, na hora de conceder, na hora de punir, na de plenário prevista no art. 97 da Constituição, afrontando a Súmula
se apresente como sinônimo de uma falsa neutralidade ideológica. No segundo momento, apreciando a constitucionalidade do
Aos terceirizados, por outro lado, a resposta do Estado é a dureza dispositivo, os Ministros concluíram que a norma do § 1º do art. 71
da lei em sua interpretação mais antissocial possível, contrária da Lei nº 8.666/93 não fere a Constituição e deve ser observada
inclusive aos postulados constitucionais que anunciam a existência pela Justiça do Trabalho, o que impede a aplicação de
de um Estado Democrático de Direito comprometido com os Direitos responsabilidade subsidiária à Administração Pública de forma
Humanos das trabalhadoras e dos trabalhadores. automática, pela só constatação de inadimplemento dos direitos
Tem-se assim, portanto, que a compreensão jurídica acerca do laborais pela empresa contratada.
resultado do julgamento proferido nos autos da ADC n.º 16 jamais No mesmo passo concluíram que a constitucionalidade do
pode ignorar as balizas constitucionais preservadoras da dignidade enunciado legal não afasta, no entanto, a possibilidade de sua
da pessoa humana, do valor social do trabalho e da dura realidade interpretação sistemática com outros dispositivos legais e
dessa gente humilde terceirizada à disposição do poder público constitucionais que impõem à Administração Pública contratante o
para fazê-lo funcionar, indo, por exemplo, da limpeza de banheiros dever de licitar e fiscalizar de forma eficaz a execução do contrato,
de prédios públicos à elaboração de matérias jornalísticas para inclusive quanto ao adimplemento de direitos trabalhistas, de forma
entidades e órgãos diversos, entre outras centenas de atividades que, constatada no caso concreto a violação desse dever
humanas vitais para o conjunto da sociedade brasileira. fiscalizatório, continua plenamente possível a imputação de
Quanto à Declaração de Constitucionalidade do § 1º do Art. 71 da responsabilidade subsidiária à Administração Pública por culpa in
Lei n.º 8.666/93, pelo Supremo Tribunal Federal, reitere-se, consta eligendo ou in vigilando.
da própria decisão que a constitucionalidade do enunciado legal não Em suas manifestações, no curso do julgamento, o Ministro Relator
afasta a possibilidade de imputação de responsabilidade à Cezar Peluso, refutando os viéses interpretativos que pretendiam
Administração Pública por culpa in vigilando, conforme bem vedar de forma absoluta qualquer atribuição de responsabilidade ao
apontado em artigo publicado sobre a matéria ora debatida, da Poder Público, tal como a interpretação literal proposta pela Ministra
autoria dos juslaboralistas mineiros Márcio Túlio Viana, Gabriela Cármen Lúcia 57, tratou de balizar o limite dessa declaração de
Neves Delgado e Hélder Santos Amorim, como veremos adiante: constitucionalidade numa clara hermenêutica de ponderação, que
"No julgamento da ação declaratória de constitucionalidade (ADC) para impedir a imputação ao Poder Público de responsabilidade
nº 16 ajuizada pelo governo do Distrito Federal, o Supremo Tribunal automática pelo cumprimento das obrigações trabalhistas
Federal (STF) pronunciou a constitucionalidade do § 1º do art. 71 da inadimplidas - eis que esta responsabilidade trabalhista é exclusiva
Lei nº 8.666/93, vedando à Justiça do Trabalho a aplicação de da empresa contratada, empregadora -, mas, por outro lado,
reconhecendo que a isenção de responsabilidade proposta pela Administração Pública, alguns outros aspectos precisam ser
norma está condicionada por outras normas que impõem à avaliados, especialmente quanto à responsabilidade civil e ao ônus
eficiente o contrato administrativo, inclusive quanto ao Depois do julgamento proferido em 2010 nos autos da ADC n.º 16, o
adimplemento dos direitos dos trabalhadores terceirizados". 6 Supremo Tribunal Federal voltou a emitir pronunciamento plenário a
Traz-se à tona agora precedente do Colendo TST na mesma qualidade de tomadora de serviços terceirizados.
direção, senão vejamos: O novo veículo foi o RE-760931, com repercussão geral, com
"EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TERCEIRIZAÇÃO publicado no dia 12/09/2017, cuja ementa é transcrita a seguir:
CONTRATADA - COMPATIBILIDADE COM O ART. 71 DA LEI DE NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E
LICITAÇÕES - INCIDÊNCIA DOS ARTS. 159 DO CCB/1916, 186 E V, DO TST. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI
927, - CAPUT -, DO CCB/2002.A mera inadimplência da empresa Nº8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL
terceirizante quanto às verbas trabalhistas e previdenciárias devidas PARA A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E
ao trabalhador terceirizado não transfere a responsabilidade por tais ATENDIMENTO DAS DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO
verbas para a entidade estatal tomadora de serviços, a teor do CIENTÍFICO. LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO.
disposto no art. 71 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações),cuja INEXISTÊNCIA DE PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO.
constitucionalidade foi declarada pelo Supremo Tribunal Federa na RESPEITO ÀS ESCOLHAS LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR.
ADC nº 16-DF. Entretanto, a inadimplência da obrigação PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS VINCULANTES. RECURSO
fiscalizatória da entidade estatal tomadora de serviços no tocante ao PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE
preciso cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias PARA APLICAÇÃO EM CASOS SEMELHANTES.
da empresa prestadora de serviços gera sua responsabilidade 1. A dicotomia entre "atividade-fim" e "atividade-meio" é imprecisa,
subsidiária, em face de sua culpa in vigilando, a teor da regra artificial e ignora a dinâmica da economia moderna, caracterizada
responsabilizatória incidente sobre qualquer pessoa física ou pela especialização e divisão de tarefas com vistas à maior
jurídica que, por ato ou omissão culposos, cause prejuízos a alguém eficiência possível, de modo que frequentemente o produto ou
(art. 186, Código Civil). Evidenciando-se essa culpa in vigilando nos serviço final comercializado por uma entidade comercial é fabricado
autos, incide a responsabilidade subjetiva prevista no art. 159 do ou prestado por agente distinto, sendo também comum a mutação
CCB/1916, arts.186 e 927, caput, do CCB/2002, observados os constante do objeto social das empresas para atender a
respectivos períodos de vigência. Registre-se que, nos estritos necessidades da sociedade, como revelam as mais valiosas
limites do recurso de revista (art.896, CLT), não é viável reexaminar empresas do mundo. É que a doutrina no campo econômico é
-se a provados autos a respeito da efetiva conduta fiscalizatória do uníssona no sentido de que as "Firmas mudaram o escopo de suas
ente estatal (Súmula 126/TST). Sendo assim, não há como atividades, tipicamente reconcentrando em seus negócios principais
assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo e terceirizando muitas das atividades que previamente
de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da consideravam como centrais" (ROBERTS, John. The Modern Firm:
decisão denegatória, que ora subsiste por seus próprios Organizational Design for Performance and Growth.Oxford: Oxford
Em síntese, na hipótese de observância, sem tréguas, da decisão qualquer intuito fraudulento, consubstanciando estratégia, garantida
proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC - Ação pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira, de
Direta de Constitucionalidade n.º 16, no sentido de que há configuração das empresas, incorporada à Administração Pública
necessidade de demonstração da presença do elemento culpa in por imperativo de eficiência (art. 37, caput, CRFB), para fazer frente
vigilando da tomadora de serviços, para assim responsabilizar a às exigências dos consumidores e cidadãos em geral, justamente
porque a perda de eficiência representa ameaça à sobrevivência da precarização às condições dos trabalhadores.
empresa e ao emprego dos trabalhadores. 7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência
3. Histórico científico: Ronald H. Coase, "The Nature of The Firm", do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, não
Economica (new series), Vol. 4, Issue 16, p. 386-405, 1937. O transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
objetivo de uma organização empresarial é o de reproduzir a pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime
distribuição de fatores sob competição atomística dentro da firma, porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de
apenas fazendo sentido a produção de um bem ou serviço não responsabilização com referência a encargos trabalhistas.
internamente em sua estrutura quando os custos disso não 8. Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já
ultrapassarem os custos de obtenção perante terceiros no mercado, reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e
estes denominados "custos de transação", método segundo o qual vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal
4. A Teoria da Administração qualifica a terceirização (outsourcing) admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos
como modelo organizacional de desintegração vertical, destinado ao semelhantes: "O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
alcance de ganhos de performance por meio da transferência para empregados do contratado não transfere automaticamente ao
outros do fornecimento de bens e serviços anteriormente providos Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
pela própria firma, a fim de que esta se concentre somente pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
naquelas atividades em que pode gerar o maior valor, adotando a termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93".
5. A terceirização apresenta os seguintes benefícios: (i) Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
aprimoramento de tarefas pelo aprendizado especializado; (ii) Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência
economias de escala e de escopo; (iii) redução da complexidade da Senhora Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de
organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo e atribuição, julgamento e das notas taquigráficas, em conhecer em parte do
facilitando a provisão de incentivos mais fortes a empregados; (v) recurso extraordinário e, na parte conhecida, a ele dar provimento,
precificação mais precisa de custos e maior transparência; (vi) vencidos os Ministros Rosa Weber (Relatora), Edson Fachin,
estímulo à competição de fornecedores externos; (vii) maior Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Redator
facilidade de adaptação a necessidades de modificações para o acórdão o Ministro Luiz Fux. Em assentada posterior, em
estruturais; (viii) eliminação de problemas de possíveis excessos de 26/04/2017, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Ministro
produção; (ix) maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre LUIZ FUX, que redigirá o acórdão, vencido, em parte, o Ministro
departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução dos Marco Aurélio, fixou a seguinte tese de repercussão geral: "O
custos iniciais de entrada no mercado, facilitando o surgimento de inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
novos concorrentes; (xi) superação de eventuais limitações de contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
acesso a tecnologias ou matérias-primas; (xii) menor alavancagem contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em
operacional, diminuindo a exposição da companhia a riscos e caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº
oscilações de balanço, pela redução de seus custos fixos; (xiii) 8.666/93". Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello.
maior flexibilidade para adaptação ao mercado; (xiii) não Brasília, 30 de março de 2017.LUIZ FUX - REDATOR PARA O
comprometimento de recursos que poderiam ser utilizados em ACÓRDÃO Documento assinado digitalmente".8
um setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação a Como se percebe da parte da ementa que interessa para a solução
diferentes requerimentos de administração, know-how e estrutura, do caso concreto ("O inadimplemento dos encargos trabalhistas
para setores e atividades distintas. dos empregados do contratado não transfere automaticamente
6. A Administração Pública, pautada pelo dever de eficiência (art. ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu
37, caput, da Constituição), deve empregar as soluções de mercado pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
adequadas à prestação de serviços de excelência à população com termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93"), o inadimplemento por
os recursos disponíveis, mormente quando demonstrado, pela parte da empresa prestadora de serviços, por si só, é insuficiente
teoria e pela prática internacional, que a terceirização não importa para atrair a responsabilidade do poder público como tomador de
Desse modo e sem discutir agora os demais tópicos da ementa do do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público
STF, quase todos amparados em compreensões do mercado e de contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em
seus autores, especialmente quanto à afirmação de que a caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da
terceirização não implica em precarização do trabalho, algo que não Lei nº 8.666/93".
revelar a tragédia causada pelo modo de fragmentação produtiva, o "Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 já
certo é que o resultado do julgamento proferido em 2017 no RE reconhecida por esta Corte em caráter erga omnes e
760931, com Repercussão Geral, está em conformidade com o vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal
decidido também pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADC Pleno, julgado em 24/11/2010".
n.º 16, no ano de 2010, como não poderia ser diferente, diante da
natureza da Reclamação apresentada em Recurso Extraordinário. Nota-se, assim, que a tese primeira antes transcrita, é uma
E cabe dizer, ainda, que da leitura da ementa do RE 760 931-DF, reiteração do decidido nos autos da ADC n.º 16, que proclamou o
suposta vantagem para o conjunto da sociedade e para a "EMENTA. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL. Subsidiária.
Administração Pública, tudo com base em literatura especializada Contrato com a administração pública. Inadimplência negocial
de cunho administrativo-empresarial, sem relação direta com o tema do outro contraente. Transferência consequente e automática
da responsabilidade subsidiária do poder público e sem qualquer dos seus encargos trabalhistas, fiscais e comerciais,
deliberação das respectivas teses ali expostas por parte dos resultantes da execução do contrato, à administração.
ministros, quando se examina a totalidade do acórdão publicado em Impossibilidade jurídica. Consequência proibida pelo art., 71, §
Somente as proposições 8(oito) e 9(nove) da ementa foram, de fato, dessa norma. Ação direta de constitucionalidade julgada,
aprovadas como teses pelo STF. As demais são opiniões e não nesse sentido, procedente. Voto vencido. É constitucional a
teses explicitamente referendadas, o que se conclui pelos debates e norma inscrita no art. 71, § 1º, da Lei federal nº 8.666, de 26 de
pelas conclusões finais lançadas no acórdão. junho de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995."
majoritário contido na ADC n.º 16 e no RE-760931, com Por outro lado, inegavelmente, o Supremo Tribunal Federal, no RE
Repercussão Geral, a responsabilidade dos entes públicos, quanto 760931-DF, reconheceu que o Tribunal Superior do Trabalho,
ao pagamento de verbas devidas aos trabalhadores terceirizados embora tenha feito referência ao julgado na ADC n.º 16, o violou, ao
que lhes prestaram serviços, é subjetiva, exigindo, assim, a decretar a responsabilidade subsidiária do poder público, naquele
presença do elemento culpa, quanto ao inadimplemento por parte caso concreto, sem a prova da culpa in vigilando da Administração
Em outras palavras, sempre que a fiscalização a ser exercida pela Assim votaram os ministros Luiz Fux (redator designado), Marco
tomadora de serviços do poder público, em relação ao contrato de Aurélio, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Dias Toffolli, e Alexandre de
prestação de serviços(contrato administrativo), se revelar ausente, Moraes. Vencidos, quanto ao resultado final, os ministros Rosa
precária ou ineficiente, haverá a responsabilidade trabalhista da Weber (relatora originária do RE), Celso de Melo, Ricardo
tomadora de serviços integrante da Administração Pública, no que Lewandoswski, Luiz Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, que
concerne ao pagamento das parcelas devidas aos trabalhadores. compreendiam estar ausente qualquer ofensa, na decisão do TST,
É de se avaliar, mais uma vez, a existência ou não de alguma ao contido na ADC n.º 16.
novidade com a decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal Os votos e debates travados e registrados em 355 (trezentos e
no RE 760931, cuja decisão foi publicada no dia 12 de setembro de cinquenta e cinco) páginas que resultaram no acórdão respectivo
2017, dotada de repercussão geral. (RE 760931-DF), segundo texto disponível na página eletrônica do
Para tanto, impõe-se destacar que as únicas teses aprovadas no STF, reafirmaram a tese de que a responsabilidade pelo
RE 760931 possuem o conteúdo a seguir destacado: adimplemento das verbas trabalhistas devidas aos empregados
tomadora de serviços, jamais é automática. Tal responsabilidade é isso não obsta a responsabilização civil subsidiária da
subjetiva e depende sempre da prova da culpa in vigilando do poder administração pública, pelo pagamento dos respectivos
público, quanto à fiscalização do contrato administrativo de encargos, em face de sua omissão ou deficiência fiscalizatória
prestação de serviços celebrado com empresa terceirizante. danosa à satisfação dos direitos sociais dos trabalhadores
elaborado pela relatora originária da matéria, ministra Rosa Weber, 2. Constitui dever jurídico do Poder Público contratante de
voto esse dotado de elevada percuciência humanística, social, obras e serviços exigir e fiscalizar o cumprimento dos direitos
histórica e jurídica, tudo a revelar do que se trata verdadeiramente a trabalhistas, pela entidade contratada. Interpretação
terceirização, bem como os seus males e os seus encantos sistemática e teleológica dos arts. 27, inciso IV; 29, incisos IV e
evocados pelos velhos ou novos liberais amantes dos ricos V; 44, § 3º; 54, § 1º; 55, incisos VII e XIII; 58, inciso III; 65, § 6º;
opulentos e indiferentes ao reino da miséria obreira produzida pelo 66, 67; 78, incisos VII e VIII, e 87, da Lei 8.666/1993. No âmbito
sistema da maximização de lucros a qualquer custo. da administração federal, incidem os arts. 19, 19-A, § 3º; 28, 31,
O parecer do Ministério Público Federal também refuta a §§1º e 3º; 34, § 4º; 34-A; 35, § 5º e Anexo IV da IN 2/2008 do
possibilidade de reconhecimento da irresponsabilidade absoluta do Ministério do Planejamento. 3. A fiscalização contratual tem por
poder público, além de discorrer sobre o ônus da prova, da prova fim imediato promover a higidez do contrato, mas também visa
impossível e da "prova diabólica para o empregado", conforme a preservar a função socioambiental do contrato administrativo
trecho a seguir destacado: (Lei8.666/1993, art. 3º), que vincula sua execução à proteção de
'"Constitucional, direito administrativo e do trabalho. Tema 246 particular, dos direitos sociais fundamentais (Constituição, art.
administração pública por encargos trabalhistas gerados pelo 4.A definição da natureza e a configuração da responsabilidade
inadimplemento de empresa prestadora de serviço. ADC 16/DF. estatal por omissão danosa ao direito do trabalhador
Decisão vinculante. Constitucionalidade do § 1º do art. 71 da terceirizado, nos casos concretos, constitui matéria que
Lei 8.666/1993. Possibilidade de responsabiliza- ção subsidiária extrapola os lindes do controle de constitucionalidade do § 1º
do Poder Público por omissão fiscalizatória do cumprimento do art. 71 da Lei de Licitações. Fundada a responsabilidade
das obrigações trabalhistas em contratos de obras e serviços. civil na omissão fiscalizatória do Poder Público, resta afastada
Confirmação da tese jurídica firmada em controle concentrado a hipótese de transferência automática de responsabilidade".
de constitucionalidade. Fiscalização eficiente do adimplemento (Trecho do Parecer do Ministério Público Federal nos autos do RE
de obrigações trabalhistas - dever jurídico do Poder Público 760931, transcrito do voto da Relatora originária da matéria,
conforme os interesses sociais e ambientais protegidos pela Houve intensa discussão, por parte dos ministros do STF, quanto à
Constituição. Omissão ou deficiência fiscalizatória. distribuição do ônus da prova, no RE 760931-DF, mas nenhuma
Responsabilização do estado por ato ilícito. Princípio do tese a esse respeito restara ali assentada, muito embora se possa
Estado de Direito. Responsabilidade estatal por ato omissivo extrair, a partir dos debates, que a prova da culpa in vigilando da
danoso a direito de terceiro. Teoria da falha do serviço. Administração Pública, nos autos de cada feito, precisa ser
Responsabilidade objetiva. Constituição, art. 37, § 6º. contundente e irrefutável. Tanto é assim que a proposta do ministro
Precedentes. Hipótese de responsabilidade subjetiva - Luiz Roberto Barroso de prova da fiscalização do contrato pelo
presunção relativa de culpa da administração. Demonstração método estatístico da amostragem fora expressamente rejeitada.
da omissão fiscalizatória do ente público. Prova impossível E não se mostra apropriado concluir, a partir da interpretação do
para o trabalhador demandante - teoria da "prova diabólica". acórdão do STF aqui comentado, que a exigência de prova
1. Confirmação da tese firmada na ADC 16/DF, segundo a qual, contundente da culpa in vigilando do poder público, conforme assim
o § 1º do art. 71 da Lei 8.666/1993 veda a transferência ressaltado por diversos ministros em seus votos (RE 760931-DF),
automática de responsabilidade ao Poder Público contratante significa na prática atribuir este ônus processual exclusivamente ao
de obras e serviços, pelo fato do inadimplemento das trabalhador, no sentido de demonstrar ele, seja qual for a hipótese,
obrigações trabalhistas da empresa contratada. No entanto, a negligência ou a falha na fiscalização por parte da tomadora de
Assim o é também porque o próprio redator designado, ministro Luiz reclamação trabalhista, porque, muitas vezes, esse dado, o
Fux, mesmo entendendo que o ônus da prova é do trabalhador, reclamante não tem".
distribuição do ônus probandi, segundo sistemática do Processo A transcrição de fração do voto ministro Toffoli apenas serve para
Existem fatos constitutivos, sem nenhuma dúvida, mas os vencedora, sobre o ônus da prova, parece ter compreensão distinta,
impeditivos, modificativos e extintivos de direito não desapareceram por exemplo, daquelas manifestadas com maior ênfase por outros
do cenário jurídico da terceirização, muito menos pode se aventar a ministros igualmente vencedores (tese), como foram os casos dos
insólita hipótese de que nenhum deles jamais será deduzido pelos ministros Marco Aurélio e Luiz Fux.
órgãos e entidades integrantes da Administração Pública, em suas Compreendeu-se, contudo, no prosseguimento, que não era o caso
defesas judiciais em oposição ao decreto de responsabilidade de deliberação ou fixação de tese, pelo Supremo Tribunal Federal,
Se ainda restasse alguma dúvida em torno da ausência de Administração Pública, quando atua ela na qualidade de tomadora
poder público como tomador de serviços terceirizados, uma das A partir dos parâmetros delineados pelo Supremo Tribunal Federal
manifestações do ministro Dias Toffoli naqueles autos a dissipa por (ADC n.º 16 e RE 760931), com total ressalva de entendimento do
Dias Toffoli, registre-se, compõe o grupo de seis ministros que responsabilidade subsidiária da tomadora de serviços integrante da
sedimentou a tese vencedora. Sobre o ônus da prova, contudo, ele Administração Pública, considerando inclusive que a
consignou o seguinte, quando a referida sessão judicial se responsabilidade solidária do poder público, segundo compreensão
encaminhava para o seu término: do próprio STF naqueles autos, é limitada às obrigações de caráter
preocupação do Ministro Luís Roberto Barroso quanto à SERVIÇOS INTEGRANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
necessidade de obiter dictum. Eu penso que nós temos os NORMAS LEGAIS E REGULAMENTARES. DEVER DE
obiter dicta, porque vários de nós, sejam os vencidos, sejam os VIGILÂNCIA E FISCALIZAÇÃO. PROVA DOS AUTOS
vencedores, quanto à parte dispositiva, em muito da Com a ressalva de entendimento pessoal antes anotada, passa-se
fundamentação, colocaram-se de acordo. E uma das questões à avaliação da matéria fática trazida ao exame do Regional para
relevantes é: a quem cabe o ônus da prova? Cabe ao verificação da presença ou não da culpa concreta (e não apenas
reclamante provar que a Administração falhou, ou à presumida) da tomadora de serviços, bem como o respectivo
Administração provar que ela diligenciou na fiscalização do enquadramento jurídico a ser emprestado à decisão do presente
partir, inicialmente, da proposta da Ministra Rosa, depois A eventual decretação da responsabilidade da Administração
adendada pelo Ministro Barroso e pelo Ministro Fux durante Pública, na qualidade de tomadora de serviços, decorre da
todo julgamento, procurei construir uma tese, mas ela demonstração do ato ilícito por ela praticado no desenvolvimento do
realmente ficou extremamente complexa e concordo que, contrato de prestação de serviços mantido com a empresa
quanto mais minimalista, melhor a solução. Mas as questões terceirizante, apto, por outra vertente complementar, a provocar
estão colocadas em obiter dicta e nos fundamentos dos votos. prejuízo aos trabalhadores, nos moldes dos artigos 186, e 927,
Eu mesmo acompanhei o Ministro Redator para o acórdão - caput, do Código Civil Brasileiro, aplicáveis ao Direito do Trabalho
agora Relator para o acórdão -, o Ministro Luiz Fux, divergindo por força do conteúdo do artigo 8º, da CLT.
da Ministra Relatora original, Ministra Rosa Weber, mas Em outros termos, quaisquer danos causados pelo poder público,
entendendo que é muito difícil ao reclamante fazer a prova de pela prática de conduta ilícita, devem ser por ele reparados
que a fiscalização do agente público não se operou, e que essa mediante a justa compensação monetária.
prova é uma prova da qual cabe à Administração Pública se Os artigos 58, inciso I, e 67, da Lei de Licitações e Contratos
(8.666/1993), impõem ao poder público, na condição de ente aos comandos prescritos nos artigos 58 e 67 da Lei n.º 8.666/1993,
contratante pela regência deste diploma legal, o dever de realizar concernentes à fiscalização do respectivo pacto, inclusive segundo
rigorosa fiscalização quanto à execução e ao acompanhamento do o que dispõe o artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho.
contrato de prestação de serviços, inclusive mediante a designação Sob a ótica do Processo Civil, no velho (art. 333,II) e no novo código
de representante específico da Administração, que "anotará em (373, II), cuida-se de hipótese de inversão do ônus da prova (fato
registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução impeditivo de direito pleiteado).
do contrato, determinando o que for necessário à regularização das Para além ou em complemento a tais aspectos legais, a própria
faltas ou defeitos observados". Administração Pública editou atos normativos visando, em tese,
Não se trata de mero detalhe a ser relegado o ato de fiscalizar o assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias devidos
acompanhamento e a execução do contrato de prestação de aos empregados das empresas terceirizantes prestadoras de
serviços senão evidente obrigação fundada na defesa da res serviços ao poder público, tal o descalabro verificado nas últimas
Administração Pública por intermédio da terceirização de mão de Para tanto, editou, inicialmente, a Instrução Normativa n.º 02/2008,
obra, cabendo ao poder público, por conseguinte, respeitar os do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG),
comandos legais aos quais encontra-se vinculado, por força da contendo inúmeras diretrizes relativas à contratação de empresas
observância do princípio da legalidade consagrado no artigo 37, da prestadoras de serviços e à fiscalização dos contratos de trabalho.
Constituição da República, como uma das mais significativas Depois, no ano seguinte, também o MPOG, cuidou de editar outro
expressões do Estado Democrático de Direito. regramento a respeito da matéria, por intermédio da Instrução
Sob a ótica da responsabilidade subjetiva reconhecida pelo STF no Normativa n.º 3, de 15 de outubro de 2009. Em tal ato regulamentar,
julgamento da ADC 16, no ano de 2010, e do RE 760931-DF, em registre-se, estão contidas inúmeras obrigações impostas à
2017, surgindo qualquer discussão relativa à presença ou não da tomadora de serviços integrante da Administração Pública, incluindo
culpa in vigilando, em primeiro lugar, destaque-se, cabe verificar se a exigência do seguro garantia, em seu art. 19, senão vejamos:
vigilância em relação ao contrato de prestação de serviços objeto da "(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos
controvérsia judicializada. moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a
E a quem compete fazer tal prova em juízo? execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência
Evidentemente, à tomadora de serviços como única responsável contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados
pela vigilância do contrato, guarda dos documentos e de outros ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução
preservar a integridade do pacto administrativo firmado com a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez)
empresa terceirizante, especialmente quanto aos direitos sociais dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão
dos trabalhadores que ali desenvolvem ou desenvolveram as suas contratante, contado da assinatura do contrato, comprovante de
Atribuir ao empregado este ônus significaria, na prática, na imensa títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo
maioria das vezes, tornar letra morta o princípio da legalidade, que, nos casos de contratação de serviços continuados de
esvaziando-se, por conseguinte, o conjunto das disposições legais dedicação exclusiva de mão de obra, o valor da garantia deverá
as quais obrigam o poder público contratante a realizar intensa corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído
fiscalização e rigoroso acompanhamento da execução do contrato pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
de prestação de serviços. Importaria, sem sombra de dúvida, na b) a garantia, qualquer que seja a modalidade escolhida,
absolvição trabalhista prematura da tomadora de serviços, uma vez assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº
que o empregado não reúne condições materiais para produzir tal 6, de 23 de dezembro de 2013)
prova, ao contrário da reclamada, detentora da melhor aptidão para 1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato;
a prova a que se encontra obrigada a formalizar diariamente, (Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de
o inadimplemento trabalhista da empresa prestadora de serviços. 2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa
Ademais, à tomadora de serviços incumbe provar o atendimento ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela
Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015) serviços, quando for o caso; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6,
contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de 2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos
4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza, dos serviços, quando for o caso, devidamente assinada pela
não adimplidas pela contratada, quando couber". contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
dezembro de 2013)
Não há, nos autos, prova no sentido de revelar que a tomadora 3. exames médicos admissionais dos empregados da contratada
tenha cumprido o disposto no art. 19, XIX, da Instrução que prestarão os serviços; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6,
fiscalização do contrato, como estabelece o art. 19 e seguintes, b) entrega até o dia trinta do mês seguinte ao da prestação dos
da Instrução Normativa n.º 03/2009, do Ministério do serviços ao setor responsável pela fiscalização do contrato dos
Planejamento, conforme rol de medidas a seguir transcritas de seguintes documentos, quando não for possível a verificação da
fiscalizada por meio de instrumentos de controle, que compreendam 1. prova de regularidade relativa à Seguridade Social; (Incluído pela
a mensuração dos seguintes aspectos, quando for o caso: Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
I - os resultados alcançados em relação ao contratado, com a 2. certidão conjunta relativa aos tributos federais e à Dívida Ativa da
verificação dos prazos de execução e da qualidade demandada(...) União; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro
§ 3º O representante da Administração deverá promover o registro Estadual, Distrital e Municipal do domicílio ou sede do contratado;
das ocorrências verificadas, adotando as providências necessárias (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
nos §§ 1º e 2º do art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993. 4. Certidão de Regularidade do FGTS - CRF; e (Incluído pela
assumidas pela contratada, sobretudo quanto às obrigações e 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas - CNDT; (Incluído pela
encargos sociais e trabalhistas, ensejará a aplicação de sanções Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
administrativas, previstas no instrumento convocatório e na c) entrega, quando solicitado pela Administração, de quaisquer dos
legislação vigente, podendo culminar em rescisão contratual, seguintes documentos: (Redação dada pela Instrução Normativa nº
§ 5º Na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas e 1. extrato da conta do INSS e do FGTS de qualquer empregado, a
sociais nas contratações continuadas com dedicação exclusiva dos critério da Administração contratante; (Incluído pela Instrução
I - no caso de empresas regidas pela Consolidação das Leis do prestação dos serviços, em que conste como tomador o órgão ou
Trabalho - CLT: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de entidade contratante; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23
a) no primeiro mês da prestação dos serviços, a contratada deverá 3. cópia dos contracheques dos empregados relativos a qualquer
apresentar a seguinte documentação: (Redação dada pela mês da prestação dos serviços ou, ainda, quando necessário, cópia
Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) de recibos de depósitos bancários; (Incluído pela Instrução
1. relação dos empregados, contendo nome completo, cargo ou Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)
função, horário do posto de trabalho, números da carteira de 4. comprovantes de entrega de benefícios suplementares (vale-
identidade (RG) e da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas transporte, vale alimentação, entre outros), a que estiver obrigada
(CPF), com indicação dos responsáveis técnicos pela execução dos por força de lei ou de convenção ou acordo coletivo de trabalho,
relativos a qualquer mês da prestação dos serviços e de qualquer IIIdo § 5o poderão ser apresentados em original ou por qualquer
empregado; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de processo de cópia autenticada por cartório competente ou por
e reciclagem que forem exigidos por lei ou pelo contrato; (Incluído § 8o A Administração deverá analisar a documentação solicitada na
pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) alínea "d" do inciso I do § 5o no prazo de 30 (trinta) dias após o
d) entrega da documentação abaixo relacionada, quando da recebimento dos documentos, prorrogáveis por mais 30 (trinta) dias,
extinção ou rescisão do contrato, após o último mês de prestação justificadamente. (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de
dos serviços, no prazo definido no contrato: (Redação dada pela dezembro de 2013)
1. termos de rescisão dos contratos de trabalho dos empregados contribuições previdenciárias, os fiscais ou gestores de contratos de
prestadores de serviço, devidamente homologados, quando exigível serviços com dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar
pelo sindicato da categoria; (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, ao Ministério da Previdência Social e à Receita Federal do Brasil -
referentes às rescisões contratuais; (Incluído pela Instrução § 10. Em caso de indício de irregularidade no recolhimento da
3. extratos dos depósitos efetuados nas contas vinculadas serviços com dedicação exclusiva de mão de obra deverão oficiar
individuais do FGTS de cada empregado dispensado; e (Incluído ao Ministério do Trabalho e Emprego. (Incluído pela Instrução
4. exames médicos demissionais dos empregados dispensados. Art. 34-A. O descumprimento das obrigações trabalhistas ou a não
(Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de manutenção das condições de habilitação pelo contratado poderá
2013) dar ensejo à rescisão contratual, sem prejuízo das demais sanções.
à parcela de responsabilidade do cooperado; Parágrafo único. A Administração poderá conceder um prazo para
b) recolhimento da contribuição previdenciária em relação à parcela que a contratada regularize suas obrigações trabalhistas ou suas
c) comprovante de distribuição de sobras e produção; não identificar má-fé ou a incapacidade da empresa de corrigir a
Técnica Educacional e Social; Art. 35. Quando da rescisão contratual, o fiscal deve verificar o
f) comprovação de criação do fundo para pagamento do 13º salário pagamento pela contratada das verbas rescisórias ou a
g) eventuais obrigações decorrentes da legislação que rege as atividade de prestação de serviços, sem que ocorra a interrupção do
III - No caso de sociedades diversas, tais como as Organizações de 16 de outubro de 2009)Parágrafo único. Até que a contratada
Sociais Civis de Interesse Público - OSCIP's e as Organizações comprove o disposto no caput, o órgão ou entidade contratante
Sociais, será exigida a comprovação de atendimento a eventuais deverá reter a garantia prestada e os valores das faturas
obrigações decorrentes da legislação que rege as respectivas correspondentes a 1 (um) mês de serviços, podendo utilizá-los para
§ 6o Sempre que houver admissão de novos empregados pela efetuar os pagamentos em até 2 (dois) meses do encerramento da
contratada, os documentos elencados na alínea "a" do inciso I do § vigência contratual, conforme previsto no instrumento convocatório
5o deverão ser apresentados. (Incluído pela Instrução Normativa nº e nos incisos IV e V do art. 19-A desta Instrução Normativa.
Efetivamente, as recorrentes, pessoas jurídicas integrantes da própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita Federal do
Administração Pública, deixaram de cumprir a fiscalização de que Brasil, com o objetivo de verificar se suas contribuições
trata a Lei n.º 8.666/1993, também objeto de especificação em ato previdenciárias foram recolhidas;
do MPOG (Instrução Normativa 03/2009), com especial destaque b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos
para a falta de garantia do contrato, o acompanhamento dos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção de
contratos de trabalho e a retenção proporcional de valores extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização
De forma ainda mais contundente, o Tribunal de Contas da União, sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da
por intermédio do Acórdão 1214/2013, recomenda à Administração Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença,
a realização de rigorosa fiscalização, pelo poder público contratante, sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária elevada e do
quanto às condições e garantias oferecidas pela empresa impedimento para licitar e contratar com a União, nos termos do art.
prestadora de serviços para assinatura do respectivo contrato, bem 7º, da Lei nº 10.520/2002.
como o acompanhamento de sua execução, de modo a evitar d) reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada, nos
qualquer prejuízo financeiro ao erário, isto previsto desde o termos do art. 31, da Lei 8.212/91;
respectivo edital de licitação. e) exigir certidão negativa de débitos para com a previdência - CND,
Transcreve-se, assim, parte daquela decisão do TCU: caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf;
"1. A CONTRATADA deverá apresentar à Administração da aos empregados terceirizados que verifiquem se essas
CONTRATANTE, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes. O
da data da assinatura do contrato, comprovante de prestação de objetivo é que todos os empregados tenham seus extratos
garantia correspondente ao percentual de 5% (cinco por cento) do avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise
valor anual atualizado do contrato, podendo essa optar por caução não possa ser realizada mais de uma vez, garantindo assim o
em dinheiro, títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança "efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle;
2. A garantia assegurará, qualquer que seja a modalidade Federal do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das
a) prejuízo advindo do não cumprimento do objeto do contrato e do II.e - Controle do recolhimento do FGTS
não adimplemento das demais obrigações nele previstas; a) fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a
b) prejuízos causados à administração ou a terceiro, decorrentes de emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para
c) as multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à b) fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer todos
d) obrigações trabalhistas, fiscais e previdenciárias de qualquer extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela fiscalização;
natureza, não honradas pela contratada. c) fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha em
3. Não serão aceitas garantias em cujos temos não constem sua execução, o não recolhimento do FGTS dos empregados, que
expressamente os eventos indicados nas alíneas a a d do item 2 poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo da
4. A garantia em dinheiro deverá ser efetuada na Caixa Econômica licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei nº
10.3 não serão aceitas garantias que incluam outras isenções de apresentar extrato de FGTS dos empregados;
responsabilidade que não as previstas neste item. e) solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS;
II.d - Controle de encargos previdenciários f) orientar os fiscais dos contratos que solicitem, por amostragem,
a) fixar em contrato que a contratada está obrigada a viabilizar o aos empregados terceirizados extratos da conta do FGTS e os
acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha entregue à Administração com o objetivo de verificar se os
depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que todos de extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela
sem que isso signifique que a análise não possa ser realizada mais 9.1.5.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizada como falha
de uma vez, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da em sua execução, o não recolhimento das contribuições sociais da
expectativa do controle; Previdência Social, que poderá dar ensejo à rescisão da avença,
g) comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade no sem prejuízo da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento
recolhimento do FGTS dos trabalhadores terceirizados. para licitar e contratar com a União, nos termos do art. 7º da Lei
II.g - Conta vinculada(...) 9.1.5.4 reter 11% sobre o valor da fatura de serviços da contratada,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos nos termos do art. 31, da Lei 8.212/93;
em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1.5.5 exigir certidão negativa de débitos para com a previdência -
9.1 recomendar à Secretaria de Logística e Tecnologia da CND, caso esse documento não esteja regularizado junto ao Sicaf;
Informação do Ministério do Planejamento que incorpore os 9.1.5.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por
seguintes aspectos à IN/MP 2/2008: amostragem, aos empregados terceirizados que verifiquem se
9.1.1 que os pagamentos às contratadas sejam condicionados, essas contribuições estão ou não sendo recolhidas em seus nomes.
exclusivamente, à apresentação da documentação prevista na Lei O objetivo é que todos os empregados tenham tido seus extratos
8.666/93; avaliados ao final de um ano - sem que isso signifique que a análise
9.1.2 prever nos contratos, de forma expressa, que a administração não possa ser realizada mais de uma vez para um mesmo
está autorizada a realizar os pagamentos de salários diretamente empregado, garantindo assim o "efeito surpresa" e o benefício da
FGTS, quando estes não forem honrados pelas empresas; 9.1.5.7 comunicar ao Ministério da Previdência Social e à Receita
9.1.3 que os valores retidos cautelarmente sejam depositados junto do Brasil qualquer irregularidade no recolhimento das contribuições
exclusivamente no pagamento de salários e das demais verbas 9.1.6 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela
trabalhistas, bem como das contribuições sociais e FGTS, quando Administração com o objetivo de verificar o recolhimento do Fundo
não for possível a realização desses pagamentos pela própria de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, observe os aspectos
pertinente, tais como folha de pagamento, rescisões dos contratos e 9.1.6.1 fixar em contrato que a contratada é obrigada a viabilizar a
guias de recolhimento; emissão do cartão cidadão pela Caixa Econômica Federal para
9.1.4 fazer constar dos contratos cláusula de garantia que assegure todos os empregados;
o pagamento de: 9.1.6.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer
9.1.4.1 prejuízos advindos do não cumprimento do contrato; todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção
9.1.4.2 multas punitivas aplicadas pela fiscalização à contratada; de extratos de recolhimentos sempre que solicitado pela
c9.1.4.4 obrigações previdenciárias e trabalhistas não honradas 9.1.6.3 fixar em contrato como falta grave, caracterizado como falha
9.1.5 quanto à fiscalização dos contratos a ser realizada pela que poderá dar ensejo à rescisão unilateral da avença, sem prejuízo
administração com o objetivo de verificar o recolhimento das da aplicação de sanção pecuniária e do impedimento para licitar e
contribuições previdenciárias, observar os aspectos abaixo: contratar com a União, nos termos do art. 7
9.1.5.1 fixar em contrato que a contratada está obrigada a viabilizar 9.1.6.4 fixar em contrato que a contratada deve, sempre que
o acesso de seus empregados, via internet, por meio de senha solicitado, apresentar extrato de FGTS dos empregados;
própria, aos sistemas da Previdência Social e da Receita do Brasil, 9.1.6.5 solicitar, mensalmente, Certidão de Regularidade do FGTS;
com o objetivo de verificar se as suas contribuições previdenciárias 9.1.6.6 prever que os fiscais dos contratos solicitem, por
9.1.5.2 fixar em contrato que a contratada está obrigada a oferecer FGTS e os entregue à Administração com o objetivo de verificar se
todos os meios necessários aos seus empregados para a obtenção os depósitos foram realizados pela contratada. O objetivo é que
todos os empregados tenham tido seus extratos avaliados ao final mediante locação de mão-de-obra, conforme a jurisprudência dos
de um ano - sem que isso signifique que a análise não possa ser Tribunais trabalhistas;
realizada mais de uma vez em um mesmo empregado, garantindo Considerando que os valores referentes às provisões de encargos
assim o "efeito surpresa" e o benefício da expectativa do controle; trabalhistas são pagos mensalmente à empresa, a título de reserva,
9.1.6.7 comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer irregularidade para utilização nas situações previstas em lei;
9.1.7 somente sejam exigidos documentos comprobatórios da Art. 1º Determinar que as provisões de encargos trabalhistas
realização do pagamento de salários, vale-transporte e auxílio relativas a férias, 13º salário e multa do FGTS por dispensa sem
alimentação, por amostragem e a critério da administração; justa causa, a serem pagas pelos Tribunais e Conselhos às
9.1.8 seja fixado em contrato como falta grave, caracterizada como empresas contratadas para prestar serviços de forma contínua,
falha em sua execução, o não pagamento do salário, do vale- sejam glosadas do valor mensal do contrato e depositadas
transporte e do auxílio alimentação no dia fixado, que poderá dar exclusivamente em banco público oficial.
ensejo à rescisão do contrato, sem prejuízo da aplicação de sanção Parágrafo único. Os depósitos de que trata o caput deste artigo
pecuniária e da declaração de impedimento p devem ser efetivados em conta corrente vinculada - bloqueada para
9.1.9 a fiscalização dos contratos, no que se refere ao cumprimento movimentação - aberta em nome da empresa, unicamente para
das obrigações trabalhistas, deve ser realizada com base em essa finalidade e com movimentação somente por ordem do
impactem o contrato como um todo e não apenas erros e falhas Art. 2º A solicitação de abertura e a autorização para movimentar a
eventuais no pagamento de alguma vantagem a um determinado conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação - serão
ou Conselho.
Indubitavelmente, a tomadora de serviços, no caso concreto, Art. 3º Os depósitos de que trata o art. 1º desta Resolução serão
também ignorou as recomendações do TCU - Tribunal de Contas da efetuados, com o acréscimo do Lucro proposto pela contratada.
União contidas no acórdão n.º 1.214/2013, tanto em relação à Art. 4º O montante do depósito vinculado será igual ao somatório
ausência de garantia do contrato, quanto na fiscalização dos dos valores das seguintes provisões previstas para o período de
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, editou a Resolução n.º III - Impacto sobre férias e 13º salário;
terceirizados, estabelecendo procedimentos voltados para Parágrafo único. Os valores provisionados para o atendimento
assegurar o pagamento de salários e verbas rescisórias aos deste artigo serão obtidos pela aplicação de percentuais e valores
"Dispõe as provisões de encargos trabalhistas a serem pagos pelos cooperação com banco público oficial, que terá efeito subsidiário à
Tribunais às empresas contratadas para prestar serviços de forma presente Resolução, determinando os termos para a abertura da
contínua no âmbito do Poder Judiciário. conta corrente vinculada - bloqueada para movimentação. (ANEXO
Considerando a necessidade da Administração Pública, na prática Tribunais ou Conselhos e a empresa vencedora do certame será
de atos administrativos, nos termos do disposto no art. 14 do precedida dos seguintes atos:
Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, observar os I - solicitação pelo Tribunal ou Conselho contratante, mediante
princípios da racionalidade e da economicidade; ofício, de abertura de conta corrente vinculada - bloqueada para
Considerando a responsabilidade subsidiária dos Tribunais, no caso movimentação -, no nome da empresa, conforme disposto no art. 1º
de inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa desta Resolução (ANEXOS III, IV, V, VI, VIII e IX);
contratada para prestar serviços terceirizados, de forma contínua, II - assinatura, pela empresa a ser contratada, no ato da
regularização da conta corrente vinculada - bloqueada para encerramento do contrato, na presença do sindicato da categoria
movimentação, de termo específico da instituição financeira oficial correspondente aos serviços contratados, ocorrendo ou não o
que permita ao Tribunal ou Conselho ter acesso aos saldos e desligamento dos empregados.
extratos, e que vincule a movimentação dos valores depositados à Art. 13. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação".
Art. 7º Os saldos da conta vinculada - bloqueada para Como se percebe, os órgãos de fiscalização conhecem a realidade
movimentação - serão remunerados pelo índice da poupança ou da terceirização realizada pelo poder público brasileiro, cujo
outro definido no acordo de cooperação, sempre escolhido o de descumprimento da legislação trabalhista por parte de empresas
Art. 8º Os valores referentes às provisões de encargos trabalhistas vender ou intermediar mão de obra, é a regra geral, bem como a
mencionados no art. 4º, depositados na conta corrente vinculada - sistemática lesão a direitos obreiros próprios do ato da rescisão
Art. 9º No âmbito dos Tribunais ou Conselhos, o setor de controle editadas por órgãos públicos diversos têm sido insuficientes para
interno ou setor financeiro é competente para definir, inicialmente, alterar o quadro de irregularidades trabalhistas verificadas nas
os percentuais a serem aplicados para os descontos e depósitos, contratações celebradas entre a Administração Pública e as
cabendo ao setor de execução orçamentária ou ao setor financeiro empresas terceirizantes, muito provavelmente, consigne-se, porque
conferir a aplicação sobre as folhas de salário mensais das a lógica ou a gênese da terceirização é incompatível com a
empresas e realizar as demais verificações pertinentes. dignidade humana laboral, com o respeito aos direitos previstos na
Art. 10. Os editais referentes às contratações de empresas para Constituição da República e na CLT- Consolidação das Leis do
prestação de serviços contínuos aos Tribunais ou Conselhos, Trabalho. A terceirização existe, em primeiro lugar, para diminuir os
deverão conter expressamente o disposto no art. 8º desta custos com o trabalho. E depois, não menos relevante, para
Resolução, bem como a obrigatoriedade de observância de todos fragmentar a classe trabalhadora, do ponto de vista de sua
Art. 11. A empresa contratada poderá solicitar autorização do Pois bem. Aqui, de igual modo, a parte demandante deixou de
Tribunal ou Conselho para resgatar os valores, referentes às receber parcelas durante o curso do pacto laboral, bem como parte
despesas com o pagamento de eventuais indenizações trabalhistas das verbas básicas no ato da rescisão contratual, não tendo a
dos empregados que prestam os serviços contratados pelo Tribunal tomadora de serviços adotado qualquer medida concreta para evitar
ou Conselho, ocorridas durante a vigência do contrato. a lesão consumada, seja no que se refere à fiscalização rigorosa do
§ 1º Para a liberação dos recursos da conta corrente vinculada - contrato de prestação de serviços quando de sua vigência, seja no
bloqueada para movimentação - a empresa deverá apresentar à tocante à reserva mensal de valores para assegurar o pagamento
unidade de controle interno ou setor financeiro os documentos de verbas rescisórias à parte obreira, ainda no século XXI a parte
comprobatórios da ocorrência de indenizações trabalhistas. frágil dessa relação triangular formada à margem do ordenamento
§ 2º Os Tribunais ou Conselhos, por meio dos setores competentes, jurídico (CRFB, CLT, Pactos e Convenções Internacionais),
expedirão, após a confirmação da ocorrência da indenização conforme explicitado antes no presente voto.
trabalhista e a conferência dos cálculos pela unidade de auditoria, a Além da ausência de qualquer fiscalização, no regular exercício do
autorização de que trata o caput deste artigo, que será poder de vigilância adequado, a tomadora de serviços não cuidou
encaminhada à instituição financeira oficial no prazo máximo de de realizar a retenção dos valores destinados a suportar o
cinco dias úteis, a contar da data da apresentação dos documentos pagamento das verbas devidas aos empregados das prestadoras
comprobatórios pela empresa. de serviços, ação a qual restou solenemente ignorada quanto à
prazo máximo de três dias, o comprovante de quitação das Neste caso, portanto, encontram-se preenchidos os requisitos para
indenizações trabalhistas, contados da data do pagamento ou da a decretação da responsabilidade subsidiária das duas últimas
Art. 12. O saldo total da conta corrente vinculada - bloqueada para cometimento de ato ilegal por parte da Administração Pública (CCB,
movimentação - será liberado à empresa, no momento do artigos 186 e 927, caput; CLT, artigo 8º), tudo em consonância com
o resultado dos julgamentos proferidos nos autos da ADC n.º 16 e contrato de trabalho, além de não pagar as diversas verbas devidas
Súmula n.º 331, do TST. Ora, não se trata da presunção de culpa. A Administração Pública,
A culpa da segunda reclamada, pela inadimplência patronal, está na qualidade de tomadora de serviços, segundo prova dos autos,
suficientemente provada, conforme elementos antes expostos. não fiscalizou a regularidade do cumprimento das obrigações no
Sinteticamente, havendo, nos autos, demonstração de que além da curso do pacto laboral. Por via de consequência, descumpriu o
péssima escolha no ato da contratação, a tomadora de serviços foi disposto nos artigos 58 e 67, da Lei n.º 8.666/1993, quanto ao dever
omissa ou negligente no seu dever de fiscalização junto à empresa de fiscalização rigorosa do contrato administrativo, mês a mês, dia a
sido sistematicamente desrespeitados durante e após o término do De igual modo, a omissão do poder público contratante de trabalho
pacto laboral (rescisão contratual), sem nenhuma ação ou reação terceirizado, no caso concreto, ignorou a Instrução Normativa n.º 3,
por parte da tomadora, configura-se, sob ponto de vista de 15 de outubro de 2009, do MPOG (Art. 34 A execução dos
extremamente moderado, ou seja, para dizer o mínimo, a culpa in contratos deverá ser acompanhada e fiscalizada por meio de
2.1.4- ANÁLISE DO CASO CONCRETO - AGORA A PARTIR DA cumprimento das obrigações trabalhistas e sociais nas contratações
EXISTÊNCIA OU NÃO DA PROVA CONTUNDENTE NOS AUTOS continuadas com dedicação exclusiva dos trabalhadores da
Para além da ausência de demonstração da fiscalização efetiva do qualquer empregado, a critério da Administração contratante;
contrato administrativo, como vimos na análise do tópico anterior a (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
este, há, de fato, prova contundente da culpa in vigilando da 2013), ao não ter adotado a mais remota providência para obrigar a
tomadora de serviços pelo inadimplemento de verbas devidas à empresa terceirizante a regularizar o FGTS da parte reclamante e
parte reclamante, parcelas as quais deveriam ter sido de tantos outros empregados vinculados ao mesmo contrato de
Observemos, então. Conforme transcrição realizada no item 3.2.3 deste voto, há tantas
A empresa prestadora de serviços deixou de honrar com obrigações outras normas internas editadas pelo próprio poder público, exigindo
básicas do contrato de trabalho mantido com a parte obreira, a a fiscalização, por parte da tomadora de serviços, quanto à
ponto de deixar de cumprir obrigações de fazer tais como baixa da regularidade dos depósitos mensais do FGTS nas contas dos
CTPS, entrega das guias para percepção do seguro-desemprego e empregados, incluindo deliberação do órgão de controle de contas
levantamento do FGTS. Além disso, deixou de pagar parcelas tais federais, o TCU - Tribunal de Contas da União.
como multa de 40% do FGTS, multa estabelecida no §8° do art. 477 Reitere-se: a tomadora de serviços, integrante da Administração
do Texto Celetista e multa convencional, segundo os termos da Pública, sequer constatou as irregularidades que ensejaram a
sentença condenatória ora examinada em grau de recurso. presente condenação, relativas à ausência de pagamento da multa
Não raro, o poder público contratante de trabalho terceirizado de 40% do FGTS e das obrigações de fazer (baixa na CTPS) tudo a
sequer traz aos autos qualquer documento apto a demonstrar atestar que a fiscalização ou vigilância do contrato não passava de
ausência de responsabilidade pelo pagamento das verbas devidas à Tal como especificado nas normas e determinações expressamente
parte autora, decorrentes do contrato de prestação de serviços com transcritas no tópico anterior do presente voto, a tomadora de
a empresa terceirizante que cumpriu o roteiro tradicional. serviços não fez a retenção que deveria realizar para assegurar o
A fiscalização insuficiente por parte da tomadora de serviços (culpa pagamento das verbas decorrentes do período do pacto laboral em
in vigilando) é, na imensa maioria dos casos, flagrante, que a parte reclamante prestou serviços na condição de
quitação de várias parcelas inadimplidas no curso e término do Em outras palavras, a negligência da tomadora de serviços é
Não é demais lembrar que a empregadora deixou de registrar o Não fosse suficiente, a recorrente sequer juntou documentos
capazes de demonstrar que fiscalizou adequadamente o A conduta omissiva e negligente da tomadora de serviços, no
cumprimento das obrigações trabalhistas pela primeira reclamada. tocante à ausência de fiscalização do contrato administrativo e à
A recorrente nada fez para assegurar o pagamento das verbas exigência de garantia de execução, é por demais evidente nos
efetivamente devidas ao recorrido, nem mesmo efetuou a retenção autos, a ponto de configurar a sua culpa in vigilando, de forma
mensal de valores capaz de suportar a dívida reconhecida contundente e irrefutável, pelo inadimplemento de todas as verbas a
judicialmente, como estabelecido em normas internas da que foi responsabilizada de forma subsidiária pelo Juízo da
Para além da flagrante conduta omissiva, negligente, configuradora, A segunda reclamada não empreendeu medidas eficazes para
de forma contundente e irrefutável, da culpa in vigilando pela garantir à parte reclamante a efetividade de todos os seus direitos
regularidade do cumprimento das obrigações durante o pacto sociais, todos decorrentes do contrato de trabalho.
laboral, a tomadora de serviços, integrante da Administração Se assim tivesse agido, poderia ter evitado o dano causado à parte
Pública, não cuidou de exigir, da empresa terceirizante, a garantia autora, fato devidamente reconhecido pela sentença recorrida.
de execução do contrato previsto no art. 56, da Lei de Licitações, e A prova dos autos atesta a culpa in vigilando da tomadora de
"(...) XIX - exigência de garantia de execução do contrato, nos retenção de faturas em valor suficiente para quitar todas as verbas
moldes do art. 56 da Lei no 8.666, de 1993, com validade durante a deferidas na origem.
execução do contrato e 3 (três) meses após o término da vigência Se tivesse cumprido as suas obrigações legais e contratuais, a
contratual, devendo ser renovada a cada prorrogação, observados tomadora, em tese, poderia ter evitado a inadimplência em relação
ainda os seguintes requisitos: (Redação dada pela Instrução às verbas antes descritas.
a) a contratada deverá apresentar, no prazo máximo de 10 (dez) responsabilidade subsidiária da Administração Pública, na
dias úteis, prorrogáveis por igual período, a critério do órgão qualidade de tomadora de trabalho terceirizado, não é automática.
contratante, contado da assinatura do contrato, comprovante de Havendo inadimplência quanto ao pagamento de parcelas
prestação de garantia, podendo optar por caução em dinheiro ou trabalhistas diversas ou verbas rescisórias, por parte da prestadora
títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária, sendo de serviços, o poder público somente responde, de forma
que, nos casos de contratação de serviços continuados de subsidiária, quando restar demonstrada nos autos, de maneira
dedicação exclusiva de mão de obra, o valor da garantia deverá categórica e irrefutável, a sua culpa in vigilando, no tocante à
corresponder a cinco por cento do valor total do contrato; (Incluído ausência de fiscalização (conduta omissiva ou negligente) do
pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013) contrato administrativo celebrado com empresa terceirizante.
b) a garantia, qualquer que seja a modalidade escolhida, Sinteticamente, revelando a prova dos autos, de forma contundente
assegurará o pagamento de: (Incluído pela Instrução Normativa nº e irrefutável, que a tomadora de serviços concorreu diretamente
1. prejuízos advindos do não cumprimento do objeto do contrato; à fiscalização do contrato mantido com a empresa terceirizante, a
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de ponto de não ter sequer coibido as irregularidades evidentes
2. prejuízos diretos causados à Administração decorrentes de culpa parcelas básicas do liame laboral, encontra-se configurada a sua
ou dolo durante a execução do contrato; (Redação dada pela culpa in vigilando, apta, portanto, a atrair a responsabilidade
Instrução Normativa nº 4, de 19 de março de 2015) subjetiva admitida pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal
3. multas moratórias e punitivas aplicadas pela Administração à Superior do Trabalho. A culpa in vigilando resta reforçado quando,
contratada; e (Incluído pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de além de não cumprir as suas obrigações inerentes à fiscalização, o
dezembro de 2013) poder público contratante nada faz para evitar a inadimplência em
4. obrigações trabalhistas e previdenciárias de qualquer natureza, relação às verbas devidas durante o curso do pacto e na rescisão
não adimplidas pela contratada, quando couber". contratual, seja pela ausência da retenção de valor mensal para
contrato administrativo, a ser renovada anualmente, tudo nos Art. 790 [...]
termos da lei e das normas regulamentares instituídas pela própria § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
Administração Pública, além das determinações emitidas pelo órgão tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
de controle de contas na mesma direção (TCU). requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
Assim sendo, mantenho a sentença que declarou a quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário
responsabilidade subsidiária da segunda reclamada pelas igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
obrigações trabalhistas definidas nos julgados, salvo quanto benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
às obrigações de fazer próprias do empregador. § 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
do processo.
A condenação impostas às recorrentes (responsabilidade Depreende-se do novo texto legal (§§ 3º e 4º do Art. 790 da CLT)
subsidiária) não decorre da declaração de inconstitucionalidade do que, para aqueles que percebem salário igual ou inferior a quarenta
artigo 71, §1º, da Lei n.º 8.666/1993, senão de sua observância em por cento do limite do RGPS, há presunção de serem beneficiários
conformidade com a interpretação conferida à referida norma pelo da Justiça gratuita e, de outro lado, para aqueles cujo salário
Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADC n.º 16, e do RE ultrapassa tal teto, resta mantida a possibilidade de comprovação
Não há se falar em pronunciamento do Tribunal em sua composição nos termos da Lei n.º 7.115/1983, que confere à simples declaração
plenária para emitir decisão sobre matéria jamais deliberada pela presunção de veracidade, para fins de comprovação do estado de
Turma. pobreza.
A partir do enfrentamento jurídico realizado, considera-se, pois, que residência, pobreza, dependência econômica, homonímia ou
houve prequestionamento das normas constitucionais indicadas na bons antecedentes, quando firmada pelo próprio interessado
defesa e no recurso da tomadora de serviços, sem ofensa alguma a ou por procurador bastante, e sob as penas da Lei, presume-se
Ainda assim, precisa ser registrado que a decisão judicial Parágrafo único - O dispositivo neste artigo não se aplica para fins
em caráter subsidiário, por culpa in vigilando, observa o conteúdo Art. . 2º - Se comprovadamente falsa a declaração, sujeitar-se-á o
das decisões do STF sobre a matéria (ADC n.º 16 e RE 760931), declarante às sanções civis, administrativas e criminais previstas na
os artigos 5º, II, XLV, XLVI, 22, XXVII, 37, XXI, 37, §6º, 97, 102, §2º, Art. . 3º - A declaração mencionará expressamente a
da CRFB, e ao art. 71, da Lei nº 8.666/1993, bem como à Súmula responsabilidade do declarante.
Vinculante n.º 10, do STF. Art. . 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
PROMOVIDAS PELA LEI N.º 13.467/2017 Ademais, o estado de hipossuficiência não deve ser medido pelo
No apelo, o BB TECNOLOGIA impugna a concessão dos benefícios simples valor do salário, mas pela potencialidade de eventual
da justiça gratuita à autora. pagamento das despesas processuais, somado aos gastos
Cabe assinalar que trata-se de reclamação trabalhista ajuizada sentido, o informativo nº 151, do TST:
Quanto à gratuidade da justiça, assim dispõe o art. 790, §§ 3º e 4º Justiça gratuita. Declaração de pobreza. Presunção relativa de
a plano de demissão voluntária. O fato de o reclamante ter comprovem insuficiência de recursos" e tem suas raízes fincadas na
recebido quantia vultosa (R$ 1.358.507,65) decorrente de verbas garantia de acesso à Justiça.
veracidade da declaração de pobreza por ele firmada. Sob esse III- CONCLUSÃO
contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, e, no Pelo exposto, conheço do recurso ordinário da segunda reclamada
mérito, deu-lhes provimento para restabelecer a sentença que e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação.
Belmonte. TST-ERR-11237-87.2014.5.18.0010, SBDI-I, rel. Min. 1DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7.
Hugo Carlos Scheuermann, 2.2.2017. Informativo TST nº 151. ed. São Paulo: LTR, 2008, p. 448, 449 e 459.
Não se olvide que as benesses da Justiça Gratuita têm previsão Constitucionalidade nº 16. Disponível em www.stf.jus.br . Acesso
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 3TST deve analisar caso a caso ações contra União que tratem
recursos" (CF, art. 5º, LXXIV), medida que concretiza o direito de de responsabilidade subsidiária, decide STF. Disponível em
Seguindo esse norte, o Código de Processo Civil de 2015 disciplina, 166785 . Acesso em 20.05.2015.
em seu art. 98, § 1º, a gratuidade de justiça, deixando expressa 4BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADC-Ação Direta de
tanto a inclusão de isenção do pagamento de custas judiciais, como Constitucionalidade nº 16. Disponível em www.stf.jus.br .
possibilidade de comprovação da hipossuficiência por simples 5BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 331. Resolução
declaração, cabendo à parte contrária o ônus de demonstrar que o n. 174, de 2011. DEJT, 27, 30 e 31 maio 2011
requerente não preenche os requisitos para o deferimento do 6VIANA, Marcio Túlio; DELGADO, Gabriela Neves; AMORIM,
instituto (CPC, art. 99, §3º c/c CLT, art. 769). Helder Santos. Terceirização: Aspectos Gerais. A Última Decisão do
O que se depreende disso é a disparidade causada pelo legislador STF e a Súmula 331 do TST. Novos Enfoques(*). Editora Magister -
ordinário no tratamento do beneficiário de tal Gratuidade que litiga Porto Alegre - RS. Publicado em: 15 fev. 2011. Disponível em: ).
na Justiça Comum frente àquele litigante na Justiça do Trabalho. Acesso em: 03 jun. 2011.
Ora, o Direito do Trabalho teve origem na necessidade de proteção 7BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Ag-AIRR-84240-
ao empregado hipossuficiente, sendo esse princípio o próprio esteio 16.2005.5.15.0094, Min. Mauricio Godinho Delgado, TST 6ª Turma,
constitucionalmente adequada dos novos preceitos trazidos pela Lei 8Brasil. STF, RE 760931, com Repercussão Geral. Redator
n.º 13.467/2017, com um olhar atento a todo o ordenamento Designado Ministro Luiz Fux. Acórdão publicado em 12 de setembro
Portanto, não havendo nada a infirmar a veracidade da declaração Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Décima
de hipossuficiência expendida pelo autor, inexistem elementos Região, à vista do contido na certidão de julgamento, em dispensar
concretos para o indeferimento, à parte autora, da gratuidade da o relatório, conhecer do recurso ordinário da segunda reclamada e,
justiça, que, em sua acepção mais ampla, resta assegurada pelo no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do
inc. LXXIV do art. 5.° da Constituição da República "aos que Desembargador Relator. Ementa aprovada.
Coutinho e do Juiz convocado Paulo Henrique Blair. Ausentes, RECORRIDO: BK BRASIL OPERACAO E ASSESSORIA A
médica, a Desembargadora Elaine Vasconcelos e, em gozo de ADVOGADO: ADRIANO LORENTE FABRETTI - OAB: SP0164414
Denilson Coêlho. Pelo MPT a Dra. Soraya Tabet Souto Maior ORIGEM: 4ª VARA DE BRASÍLIA/DF (JUIZA PATRICIA BIRCHAL
prosseguimento do recurso.
julgamento). EMENTA
RELATÓRIO
Servidor de Secretaria
VOTO
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
1. ADMISSIBILIDADE
2. MÉRITO
RELATOR: JUIZ CONVOCADO DENILSON BANDEIRA COÊLHO HORAS EXTRAS. INTERVALO INTRAJORNADA.
termos:
RECORRENTE: ROMULO ESMERALDO TORRES DE OLIVEIRA
dispensado imotivadamente em 09/01/2018. Alegou que foi máxima dentro de cada loja era o gerente; que em caso raros o
contratado para cumprir jornada de quarenta e quatro horas depoente solicitou mercadoria quando faltava algum produto; que só
semanais, sem a devida contraprestação do labor extraordinário. entrava em câmara fria para fazer auditoria; que não fazia escala de
Alegou que laborava das 8h às 22h30, de segunda a sexta-feira e, trabalho dos gerentes; que tinha conhecimento do salários dos
aos sábados, das 8h às 15h, sempre com 30 minutos de intervalo funcionários; que trabalhava de 7:30 até 22/23 horas no fechamento
para descanso, além de 2h de labor aos domingos e feriados em das lojas; que 7:30 recebia painel, que 8 horas fazia uma
razão das teleconferências realizadas, perfazendo, assim, jornada conferência com os gerentes, que 9 horas fazia outra conferência
superior a quarenta e quatro horas semanais. Assim, requereu o com o gerente regional e passava a visitar as lojas até às 19 horas,
pagamento das horas extras 24 horas extras por semana, com mas continuava trabalhando, recebendo o WhatsApp até às 23
adicional de 50% e 8 horas extras por semana com adicional de horas; o que come um sanduíche na loja gastando 20 minutos no
100% e o pagamento da indenização parcial de 30 minutos de almoço e 20 minutos no jantar; que ninguém fiscalizavam o
intervalo intrajornada não gozado com os reflexos respectivos. horário do depoente(...) ".
A reclamada defendeu o enquadramento do autor na exceção do No caso dos autos, o exercício do cargo de gestão restou sinalizado
artigo 62, II, da CLT, por ter exercido, durante todo o contrato de na confissão obreira, no sentido de que tinha poderes de passar
trabalho, cargo de gestão, com percepção de remuneração superior ordens aos demais gerentes da reclamada para que fossem
a 40% em relação aos seus subordinados. aplicados aos demais empregado, bem como confessou a
O Juízo de origem indeferiu o pedido do autor de pagamento de inexistência de controle de sua jornada pela reclamada. Além disso,
horas extras e reflexos por entender enquadrado o reclamante na destaco que os incisos I e II do artigo 62 da CLT não são
exceção contida no inciso II, do artigo 62 da CLT. cumulativos, de modo que, o enquadramento das atividades do
Contra esta decisão se insurge o reclamante. Alega que a prova autor em cargo de gestão, por si só, já são suficientes para a
oral colhida comprova a jornada declinada na exordial. Diz que não exclusão das horas extras, independentemente se poderia haver ou
comprovado pela reclamada a exceção prevista no artigo 62, II, da não o efetivo controle da jornada.
CLT. Pontua que havia controle de jornada via GPS e que os O depoimento testemunhal foi prestado da seguinte forma:
documentos acostados aos autos comprovam o labor em domingos Primeira testemunha do reclamante: LÉIA SANTANA DE MORAES,
Pois bem. O cumprimento de jornada de trabalho além do horário Gerente administrativa, residente e domiciliado(a) na Av. Lucena
previsto em lei revela situação excepcional ao contrato de trabalho, Roriz, Quadra 225, Lote 20, Casa 03 - Jardim Ingá - Luziânia - GO.
da mesma forma a ausência de gozo do intervalo intrajornada e, por Advertida e compromissada. Depoimento: "que trabalhou na
isso, ditos pleitos demandam comprovação robusta por parte do reclamada de agosto de 2014 a junho de 2018; que trabalhou junto
trabalhador, visto revelar-se em fato constitutivo do direito por ele com o reclamante do final de 2016 até o final de 2017; que nessa
postulado, nos termos do art. 818 da CLT. Ocorre que, no caso, a época a depoente era assistente administrativa e ficava lá na loja do
reclamada alega fato impeditivo de tal direito, visto que pede a Pátio Brasil; que o reclamante seguia uma agenda comparecendo
aplicação da regra do art. 62, II, da CLT, o que atrai para si o ônus em cada loja um dia na semana; que tinha dia que o reclamante
probatório. ficava o dia inteiro na loja da depoente e outras vezes por 2/3 horas;
Os poderes de gestão a que alude o art. 62, II, da CLT comportam a que o reclamante o tempo todo estava em contato com a loja por
ideia de que o empregado tem do empregador mandato (ainda que telefone ou WhatsApp; que horário da depoente encerrava às 16
tácito) para administrar, autorização para admitir, demitir, advertir e horas, mas sabe que o reclamante mandava mensagens nos
aplicar sanções aos demais empregados, tem subordinados e não grupos até tarde da noite; que assim que o reclamante entrou
tem controle da jornada. É uma pessoa que representa o assumiu 11 lojas, pois estava sem o outro coordenador, que depois
empregador e tem padrão salarial diferenciado e elevado em ele ficou com 6 lojas não sabendo a depoente precisar data; que
relação aos demais. Enfim, os poderes de gestão referidos no tinham que mandar o horário de fechamento da loja no grupo de
dispositivo legal são aqueles mediante os quais o empregado WhatsApp; que o reclamante tinha que dar o OK dele; que no
funciona como verdadeiro alter ego do empregador. sistema o reclamante continuou como coordenador, mas ele parou
Em depoimento pessoal, assim afirmou o reclamante (fls. 266): de ir por um período, pois entrou outra pessoa em setembro de
"(...) que o depoente passava as ordens para os gerentes que 2017, mais ou menos; que o reclamante também mandava
repassavam para os demais empregados; que autoridade mensagem de WhatsApp aos sábados e domingos; que não se
recorda da data certinha de quando viu o reclamante pela última vez impossível ou impraticável a submissão do empregado ao regime
Pelo depoimento transcrito, máxime das declarações do próprio A primeira delas (inciso I), leva em conta o desenvolvimento de
reclamante, assim como o Juízo de origem, concluo que o autor atividades fora das instalações da empresa, havendo
estava enquadrado na função de gestão, nos termos previstos no incompatibilidade com a fixação e controle da jornada laboral.
artigo 62, II, da CLT, já que confessada a subordinação dos demais Já o inciso II, que a reclamada cogita aplicação ao presente caso,
gerentes e empregados ao reclamante, que obedeciam as ordens refere-se à relevância da função desenvolvida, grau de confiança,
emanada pelo autor, determinando, inclusive os horários de padrão salarial e amplo poder de gestão em nome da empresa.
fechamento das lojas, sendo o demandante a autoridade máxima de Portanto, em razão da excepcionalidade, o enquadramento do
cada umas das lojas coordenadas por ele.