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APRENDA A

Investir na Bolsa de Valores

Leandro Hirt Rassier


Sílvio Paulo Hilgert

2009
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

R228 Rassier, Leandro Hirt; Hilgert, Sílvio Paulo. / Aprenda


a Investir na Bolsa de Valores. / Leandro Hirt Rassier. Sílvio
Paulo Hilgert. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
172 p.

ISBN: 978-85-387-0799-8

1. Bolsa de Valores. 2. Especulação (finanças). 3. Investimentos.


I. Título. II. Hilgert, Sílvio Paulo.

CDD 332.6

Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: Jupiter Images / DPI Images

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Leandro Hirt Rassier

Mestre em Administração com ênfase em Contabilidade e Finanças pela


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Educação
Matemática e Administração Financeira. Bacharel em Engenharia Civil pela
UFRGS. Consultor Financeiro, agente autônomo de investimentos e professor
universitário em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Lute-
rana do Brasil (ULBRA) e Pontifícia Universidade Católica (PUC). Autor do livro:
Organize suas Finanças. Atualmente ministra cursos e palestras na área de mer-
cado de capitais e exerce a função de diretor acadêmico da XP Educação.

Sílvio Paulo Hilgert

Especialista em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade do Oeste


de Santa Catarina (Unoesc). Especialista em Mercado de Capitais pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Administração pela
Unoesc. Longa experiência no Mercado Financeiro e de Capitais, tendo atuado
no Banco Bamerindus, HSBC, Sicredi e XP Investimentos Corretora. Atualmente
atua como coordenador acadêmico, professor e palestrante da XP Educação.
Apresentação

Quando um brasileiro de classe média ouve falar em bolsa de valores, a


primeira imagem que vem a sua mente é a de cassino ou de casa de apostas.
A bolsa é vista por muita gente como “ciranda financeira”, um lugar onde os
milionários arriscam seu dinheiro de modo destemido e apostam em empresas
como se fossem cavalos. Também se imagina que investidores recebem dicas
de ações sussurradas como as barbadas do turfe. O resultado disso costuma ser,
segundo tal visão, uma espiral de perdas e ganhos. As perdas, em geral para o
cidadão comum e os ganhos, para aqueles que manipulam as cotações graças
ao acesso a informações privilegiadas. Essa imagem da bolsa portanto, nunca,
em toda a história do Brasil, esteve tão distante da realidade.

O espetacular boom do mercado de capitais no Brasil nos últimos anos está


revolucionando a maneira de pensar, principalmente dos empresários brasileiros.
Paira no ar a sensação de que negócios bem estruturados podem se viabilizar
dentro de uma cadeia financeira inédita no país. Essa sensação liberta um espírito
empreendedor e capitalista até há pouco tempo desconhecido para os brasileiros.
Trata-se de um esboço de Brasil novo, mais estável, globalizado e competitivo. Faz
parte de um modelo de nação mais livre e aberta, que oferece uma alternativa de
desenvolvimento viável se apoiado por um estado eficiente e justo.

As ações negociadas nas bolsas de valores nada mais são do que pe-
quenos “pedaços” do capital de uma empresa. Quem compra ações na bolsa o
faz com a expectativa de se tornar sócio da empresa e de obter um bom retor-
no, advindo da lucratividade e do crescimento da companhia. As empresas, ao
abrirem capital, buscam obter recursos para investir, seja contratando gente,
seja em equipamento ou inteligência. Em vez de pedir dinheiro emprestado a
bancos, mais empresas buscam captar dinheiro de novos sócios nas bolsas para
aperfeiçoarem seus produtos e serviços e, assim, obterem mais lucro. Esse lucro
é devolvido ao investidor pelos dividendos distribuídos e pela valorização das
ações, pois as empresas que lucram mais, valem mais.

Até então, o mercado de capitais não exercia seu papel de intermediar a


poupança e o investimento na economia. Com a estabilização, a privatização e
a abertura da economia a partir de 1994, o Brasil começou a atrair somas vultu-
osas de Investimento Estrangeiro Direto, ou seja, investimento em empresas ti-
picamente de propriedade ou controladas por empresas estrangeiras. Portanto,
até 2005 pouco capital estrangeiro veio para investir em empresas brasileiras,
ou seja, pouquíssimo dinheiro veio para a bolsa de valores.

Ao longo do tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar para


melhor. As leis das Sociedades Anônimas e da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) foram reformadas dando a CVM melhores condições de exercer seu papel
de proteção aos acionistas minoritários; os investidores institucionais começa-
ram a ter uma postura mais ativa na gestão das empresas, e a Bolsa de Valores
de São Paulo criou o Novo Mercado, uma listagem especial que identifica as
empresas que obedecem a critérios rigorosos de governança corporativa. Além
disso, a superação da crise de confiança de 2002, a retomada de um processo
de alta nas principais bolsas de valores do mundo, especialmente as emergen-
tes, assim como a queda nas taxas de juros domésticas, contribuíram para uma
extraordinária decolagem da nossa bolsa. Foi como um passe de mágica: plan-
tadas as sementes, assim que o tempo melhorou veio uma sensacional colheita.
Os números falam por si: os lançamentos de ações na bolsa atingiram 14 bilhões
de reais em 2005, 30 bilhões em 2006 e 70 bilhões em 2007! Esses números são
expressivos e como proporção do PIB começam a ser relevantes.

Dessa forma, a revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje


é resultado da modernização de nosso mercado de capitais e está sendo pro-
vocada pela bolsa de valores. Não há crescimento econômico sem crescimento
das empresas. Portanto, é a hora ideal para o cidadão comum abandonar as
ideias gastas sobre a bolsa e tentar entender como ela funciona e favorece o
crescimento da economia.

Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado


de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas
e instituições aplicarem suas poupanças.

Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de


recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando
a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas
bolsas de valores. E você, ao adquirir ações, passa a ser também sócio da em-
presa – um acionista.

Com uma movimentação diária em média superior a R$4 bilhões, em 2007,


e quase 500 empresas inscritas (listadas), a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo)
é o maior polo do mercado de venda e compra de ações da América Latina. Fun-
dada ainda no século 19, a Bovespa tem passado por inúmeras modificações ao
longo dos anos e, por causa das instabilidades econômicas históricas mundiais e
do Brasil, passou por várias oscilações. Esse vai-e-vem de capital especulativo, além
de assustar o pequeno investidor, sempre mexeu com várias outras áreas da eco-
nomia, por exemplo, as taxas de câmbio. Nos últimos anos, no entanto, o peque-
no investidor tem visto com bons olhos o mercado de ações. Isso fica claro com o
aumento do número de pessoas físicas investindo na Bovespa. Em 2007, cerca de
20% dos negociadores tinham o perfil de pequeno investidor. É um avanço pois em
1989 esse investidor representava apenas 3% do total de negociadores. Além disso,
muita gente tem investido indiretamente nas bolsas quando, por exemplo, coloca
seu dinheiro em determinado fundo de investimento oferecido pelos bancos de
varejo e corretoras ou contrata um plano de previdência privada.

De qualquer modo, se você já é um desses investidores ou se interessa


em ser, é importante conhecer um pouco mais sobre a Bovespa, seus serviços
e sua história.

Todo investidor deve buscar a otimização de quatro aspectos básicos em


um investimento: retorno, prazo, proteção e liquidez. Ao avaliá-lo, portanto, deve
estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre dire-
tamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nível de risco que está
disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade.

Obter resultados promissores em investimentos de renda variável, como


a bolsa de valores, requer a constante presença de três aspectos por conta do
investidor: conhecimento, estratégia e disciplina.
Importante

Este material tem conteúdo meramente informativo e não se caracteriza


como oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer
ação, ativo ou instrumento financeiro.

O investimento em ações é uma operação de risco, sendo que, nas opera-


ções com derivativos, pode haver perdas superiores ao valor investido e, nessa
condição, o investidor pode ser chamado a apontar recursos.

Além disso, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura,


daí porque os percentuais de valorização apresentados neste material não sig-
nificam o potencial futuro de valorização.
Sumário

Como funciona o mercado de ações................................. 15


O que é uma ação...................................................................................................................... 15
Governança corporativa.......................................................................................................... 20

Processos de abertura de capital (IPOs)


e remuneração dos acionistas.............................................. 31
Abertura de capital.................................................................................................................... 31
A importância do mercado de ações para o desenvolvimento
da economia e do Brasil........................................................................................................... 35
Formas de negociação de ações........................................................................................... 38
Remuneração dos acionistas................................................................................................. 42
Eventos sobre as ações............................................................................................................. 45
Direitos dos acionistas.............................................................................................................. 45

Participantes do mercado de capitais................................ 49


Comissão de Valores Mobiliários (CVM)............................................................................. 49
Corretoras...................................................................................................................................... 50
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).............................................. 51
Bolsa de valores.......................................................................................................................... 53

Formação de preços das ações,


home broker e risco................................................................... 63
Pregão da bolsa.......................................................................................................................... 63
Processo de negociação de ações . ..................................................................................... 64
Home broker ................................................................................................................................ 67
Controles do investidor . ......................................................................................................... 71
Custos operacionais ................................................................................................................. 75
Tributação .................................................................................................................................... 76
Índices de ações ........................................................................................................................ 79
Outros índices ............................................................................................................................ 81
Riscos ............................................................................................................................................. 83

Texto complementar................................................................ 85

Escolas de análise de investimentos.................................. 95


Escola fundamentalista............................................................................................................ 95
Escola técnica............................................................................................................................101

Texto complementar..............................................................114

Alternativas de investimento,
mercado de opções e mercados futuros (BM&F).........119
Coletivamente...........................................................................................................................119
Individualmente.......................................................................................................................122
Estratégias operacionais.......................................................137
Muitos não sabem o que fazem . ......................................................................................137
A importância da estratégia.................................................................................................138
Tendências..................................................................................................................................139
Indicador de médias móveis ..............................................................................................142

Aplicações com as médias móveis....................................151


Mercado a termo......................................................................................................................151
Aluguel de ações ....................................................................................................................153
Montagem e gerenciamento de carteira.........................................................................160

Referências.................................................................................165
Como funciona o mercado
de ações

O que é uma ação


Ações são títulos nominativos, negociáveis, que representam uma
fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o inves-
tidor se torna sócio da empresa, ou seja, de um negócio. Passa a correr o
risco dos lucros e prejuízos como qualquer empresário.

O autor.
Ação

Empresa

Quem compra uma ação na bolsa de valores está levando uma pe-
quena parte de uma empresa de terceiros e passa a ser chamado de
acionista minoritário. Ser sócio de uma empresa listada na bolsa de valo-
res traz algumas vantagens, por exemplo, enquanto a entrada ou saída
na sociedade de uma empresa limitada ou de capital fechado requer
um processo burocrático de alterações de contratos sociais, comprar ou
vender uma ação de uma empresa listada em bolsa é um ato feito ele-
tronicamente com poucos clicks. A liquidez do mercado acionário per-
mite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para
outro negócio mais atraente.
A forma mais segura de conseguir bons retornos investindo em ações
é comprar papéis de empresas bem geridas, que apresentem lucros sóli-
dos e crescentes, e não ter pressa de vendê-los. O investidor deve buscar
critérios de avaliação de empresas para analisar seus fundamentos e não
se preocupar com as oscilações de curto prazo das cotações das suas
ações (volatilidade). O risco no investimento em ações é justamente
vender por preços “injustos” seus papéis num momento de volatilidade,
o que é normal em um mercado que contém liquidez.

No longo prazo, os bons fundamentos das empresas devem preva-


lecer e a valorização acontecerá. Uma empresa com histórico de cres-
cimento contínuo terá sempre grande demanda por suas ações, fazen-
do com que elas sejam negociadas em grandes quantidades e a preços
crescentes. Identificá-las é o desafio do investidor.

Tipos de ações
Ações Ordinárias (ON) – é o tipo de ação que concede o direto
de voto nas assembleias da companhia ao seu detentor. No en-
tanto, na maioria das vezes ele não tem poder de veto. O direito
de voto ganha relevância nos casos em que há divergências entre
os acionistas controladores. Veja, por exemplo, o caso de uma em-
presa que tenha três sócios no controle e um deles discorda sobre
determinado assunto na assembleia. Esse sócio pode, dependen-
do da circunstância, vir a ter direito de veto ao se juntar a outros
minoritários detentores de ações ON.

O que torna as ações ordinárias ainda mais interessantes, contudo,


para o investidor é o tag along. A Lei das Sociedades Anônimas deter-
mina que todo acionista com ações ON tenha direito de participar do

16 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 17

prêmio de controle. Pela lei, esses acionistas possuem o direito de rece-


ber por suas ações no mínimo 80% do valor pago para o controlador em
caso de venda da empresa.

Em função da evolução do Novo Mercado, que é um segmento de


listagem de empresas negociadas no Bovespa e que se comprometem
voluntariamente a adotar práticas de governança corporativa, a maioria
das empresas que tem realizado a abertura de seu capital tem optado por
esse segmento. A principal exigência desse mercado é de que o capital
social da empresa seja composto somente por ações ordinárias ou ON.

Ações Preferenciais (PN) – as ações preferenciais nominativas


são aquelas que menos protegem o acionista minoritário, porque
não lhe dá o direito de votar em assembleia e ainda, em caso de
venda da empresa, a lei não lhe garante o direito de participar do
prêmio de controle. São ações típicas do mercado brasileiro. Não
há ações com essas características em mercados mais desenvolvi-
dos, como o americano, por exemplo.

No Brasil, no entanto, são as ações PN as que geralmente têm maior liqui-


dez, porque permitem a empresa emitir ações, sem precisar ter sócios com
direito a voto, não correndo assim, risco de perder o controle da empresa.

A nova Lei das Sociedades Anônimas limitou a emissão de ações PN.


Atualmente, ao constituir uma nova empresa, para cada ação ON, a empre-
sa pode emitir apenas uma ação PN. Antes essa relação era de duas ações
PN para uma ação ON. As empresas que já existiam antes da entrada em
vigor da nova lei podem continuar emitindo ações pela regra antiga.

Os acionistas preferencialistas, como são chamados os detentores


de ações PN, contudo, têm preferência no recebimento dos dividendos
pagos pela empresa quando ela tem lucro. A legislação estabelece divi-
dendo mínimo obrigatório para as ações PNs, e se a empresa não pagar
dividendos por três anos consecutivos, as PNs adquirem direito a voto.

Algumas empresas estão alterando seus estatutos com o objetivo de es-


tender às ações PN o tag along que é o direito de participar do prêmio de
controle pago ao acionista controlador da empresa quando da sua venda.
No Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negocia-
das no Bovespa  que se comprometem voluntariamente a adotar práticas de
governança corporativa, são admitidas apenas empresas com ações ON.

Códigos das ações


Ações Ordinárias (ON) – é representada pelo número “3” depois das
quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR3.

Ações Preferenciais (PN) – é representada pelo número “4” depois


das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR4.

Ações diferenciadas por classes


As companhias podem emitir diferentes classes de ações para os tipos
ON e PN. As classes geralmente recebem classificação A, B, C, ou alguma
outra letra. Cada classe corresponde a uma característica diferente, por
exemplo, valores diferenciados de dividendos. As características de cada
classe devem ser verificadas no estatuto da companhia.

Preferenciais classe A – é representada pelo número “5” depois


das quatro letras do código do ativo. Exemplo: USIM5.

18 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 19

Preferenciais classe B: é representada pelo número “6” depois


das quatro letras do código do ativo. Exemplo: ELET6.

Obs.: As ações diferenciadas por classe podem ir até a letra “Z”.

Exemplos de códigos de ações

Empresa Código Setor


Natura ON NATU3 Cosméticos
Petrobras PN PETR4 Petróleo
Gerdau PN GGBR4 Siderúrgico
Vale do Rio Doce PNA VALE5 Mineração
Eletrobras PNB ELET6 Elétrico
Perdigão ON PRGA3 Alimentos
BrasilTelecom PN BRTO4 Telecomunicações
Localiza ON RENT3 Aluguel Automóveis
Cyrela ON CYRE3 Imobiliário
ALL UN ALLL 11 Logística
Braskem PNA BRKM5 Petroquímico

Ações diferenciadas por níveis


blue chips ou de 1.ª linha – são ações de grande liquidez e procura
no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de em-
presas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente
reputação, cujos preços elevados refletem esses predicados;

de 2.ª linha – são ações um pouco menos líquidas, de empresas


de boa qualidade, mas de maior risco se comparadas com as blue
chips. Em geral são empresas de grande e médio porte, tradicionais
ou não; seus preços são mais baixos e costumam ser mais sensíveis
aos movimentos de mercado de baixa que aos de alta (isto é, so-
bem depois das blue chips e caem antes);

de 3.ª linha – são ações com pequena liquidez, em geral de com-


panhias de médio e pequeno portes – porém não necessariamen-
te de menor qualidade e maior risco relativamente às de 2.ª linha
– cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade.

de privatização – são ações de companhias colocadas no mer-


cado através de leilões do Programa Nacional de Desestatização
(PND). Algumas das companhias em processo de privatização
podem já ter suas ações negociadas em bolsas de valores, antes
mesmo daquele ser completado, tendendo a incrementar sua li-
quidez após a conclusão do mesmo.

Governança corporativa
Pode ser definida como o esforço contínuo em alinhar os objetivos da
administração das empresas aos interesses dos acionistas. Isso envolve
as práticas e os relacionamentos entre os acionistas/cotistas, o conselho
de administração, a diretoria, uma auditoria independente e até mesmo
um conselho fiscal.

A boa governança corporativa permite uma administração ainda


melhor e a monitoração da direção executiva da empresa. A empresa
que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota como
linhas mestras a transparência, a prestação de contas (accountability) e
a equidade.

20 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 21

Com a preocupação de incentivar o aumento do volume de negócios,


a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estabeleceu princípios de go-
vernança corporativa a serem seguidos pelas empresas, definindo níveis
diferenciados de transparência de informações e cláusulas de respeito
ao acionista minoritário. A adesão à iniciativa é voluntária e deve ser
assinada entre os administradores das companhias e a Bovespa. Foram
fixados dois níveis, proporcionais ao compromisso assumido.

Nível 1
As empresas do nível 1 comprometem-se a manter em circulação ao
menos 25% do capital total e, em caso de emissão de novas ações, usar
mecanismos de oferta pública que favoreçam a pulverização do capi-
tal. As informações contábeis devem ser divulgadas trimestralmente, de
forma consolidada, assim como eventuais acordos de acionistas. Há ainda
a necessidade de adoção de um calendário de eventos corporativos.

Nível 2
Para ser classificada no nível 2 da Bovespa, a empresa deve adotar
todas as obrigações previstas no nível 1, mais um conjunto ampliado
de princípios de governança corporativa. É uma espécie de “preparató-
rio” para o Novo Mercado. A empresa precisa estabelecer mandato de
um ano para o conselho de administração, publicar o balanço segundo
as regras do Generally Accepted Accounting Principles in the United States
(USGaap) e facultar o direito de voto aos acionistas preferencialistas em
questões como cisão, incorporação ou fusão, e também em contratos
entre empresas do mesmo grupo. Atuar no nível 2 implica ainda esten-
der os mesmos direitos dos controladores aos minoritários ordinaristas
(ou 70% desses direitos para os preferencialistas) em caso de troca de
controle da empresa. As empresas que integram o nível 2 devem assu-
mir perante o mercado que, em caso de fechamento de capital, se com-
prometem a fazer oferta pública de compra de todas as ações em circu-
lação pelo valor econômico.

Novo Mercado
A Bovespa criou, em 2001, o Novo Mercado. Trata-se de um segmento
de listagem, uma classificação composta por empresas que se compro-
metem, voluntariamente, a praticar uma boa governança corporativa e
uma política de disclosure (transparência de informações estratégicas e
financeiras), para além do que é exigido pela legislação. Com a novidade,
a bolsa busca atrair investidores, exigindo que as companhias tratem os
acionistas com mais respeito, resguardando seus direitos e oferecendo
uma gama maior de informações, cuja divulgação não é obrigatória por
lei. Para ingressar nesse ambiente diferenciado, as empresas precisam
cumprir uma série de regras. A principal delas é a proibição de emissão
de ações preferenciais (PN), ou seja, todo o capital deve ser dividido em
ações ordinárias (ON), que dão direito a voto.

Os conceitos da boa governança corporativa podem parecer um


tanto subjetivos, mas fazem a diferença ao longo dos anos. Entre eles,
a formação de conselhos de administração profissionalizados tem eli-
minado as estruturas de poder quase totalitário, antes comuns em em-
presas de controle familiar. Outro destaque é a abertura de informações
financeiras gerais, tanto do balanço como de operações controladas ou

22 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 23

coligadas. A governança reza que as empresas devem realizar reuniões


periódicas com analistas de investimentos e divulgar as operações com
ações de quem detenha mais de 5% do capital total.

A melhoria dos níveis de governança corporativa depende de uma


mudança de comportamento dos agentes do mercado, através de ins-
trumentos de autorregulação estabelecidos por entidades associativas
dos vários segmentos. As alterações legislativas recentes visam a incen-
tivar e induzir essa mudança de comportamento.

A iniciativa da Bovespa de criar o Novo Mercado e o índice de gover-


nança corporativa, níveis 1 e 2, foi um passo decisivo na direção desse
objetivo.

É importante, entretanto, estar atento a certas circunstâncias para


que não se criem distorções que venham a anular o objetivo maior de
estabelecer relações mais equitativas.

Para ingressar no Novo Mercado, é exigido que a companhia tenha ex-


clusivamente ações ordinárias e conceda a todos os acionistas a opção de
vender suas ações nas mesmas condições obtidas pelos controladores.

Já para ingressar no nível 2 da governança corporativa, a companhia


precisa atribuir idêntica opção aos detentores de ações ordinárias e
também aos detentores de ações preferenciais, só que, nesse caso, por
preço equivalente a 80% do preço pago aos controladores (tag along).

Pela ótica das empresas, aquelas que se enquadrarem às regras do


Novo Mercado deverão conseguir melhor precificação de suas ações, con-
seguindo com isso menores custos de captação. Isso deverá acontecer,
tendo em vista que os investidores estão dispostos a pagar um prêmio
para as empresas que adotam melhores práticas de governança corpora-
tiva e apresentam maior grau de transparência.

Pela ótica dos investidores, o Novo Mercado representa a oportunidade


de comprar um “produto ação” diferenciado. No Novo Mercado são nego-
ciadas apenas ações com direito a voto (ordinárias), o que permite ao in-
vestidor participar e acompanhar de perto a evolução da companhia. Além
disso, elevados padrões de governança corporativa e o maior grau de trans-
parência, associados à existência de uma câmara de arbitragem para a reso-
lução de conflitos, trazem maior segurança aos investidores.

Câmara de arbitragem é um órgão instituído pela Bovespa com o


objetivo de solucionar conflitos e controvérsias relacionados ao Regula-
mento de Listagem. As empresas do Novo Mercado e aquelas designa-
das como companhia nível 2 deverão, obrigatoriamente, aderir à câmara
de arbitragem.
A governança corporativa teve de ser desenvolvida e moldada nos termos de uma
empresa moderna, com participação de minoritários e funcionando de uma maneira
muito transparente. Tudo isso levou a empresa a aumentar seu nível de agilidade, de
eficiência, de modernidade e, sem dúvida, foi uma transformação muito benéfica
à empresa. A CCR foi a primeira empresa a aderir ao Novo Mercado, exatamente
pela percepção clara da importância do tratamento ao minoritário nessas novas
perspectivas do mercado acionário brasileiro. (EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR
RODOVIAS, 2009)

24 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 25

Texto
complementar

Ofertas de ações – 2 em 1
Mais simples e líquidas, as units conquistam as companhias
que desembarcam no nível 2 da Bovespa
(LACHINI, 2006)

O aumento das exigências dos investidores com relação à governan-


ça corporativa e à liquidez das ações está solidificando uma tendência
no mercado de capitais brasileiro: a existência de ações com os mesmos
direitos e a mesma negociabilidade na bolsa. Devido às peculiaridades
do nosso mercado, no entanto, isso não significa necessariamente que
todas as empresas passarão a emitir apenas ações ordinárias.

Mesmo as companhias que se listaram no nível 2, por meio da oferta


de papéis preferenciais, encontraram formas de concentrar a liquidez
em apenas um tipo de ação e de estender o direito mais valorizado pelos
investidores – o tag along de 100% – para todos os acionistas. A principal
delas foi a emissão de units, que podem ser traduzidas como certificados
de depósitos de ações ordinárias e preferenciais. As units estão se consa-
grando como instrumento preferido das companhias que lançam ações
no nível 2, e foram utilizadas em todas as ofertas públicas iniciais (IPOs)
feitas em 2006 nesse nível de governança corporativa – Vivax, Equatorial
Energia, Santos Brasil e Terna. Além dessas, também negociam units a
ALL e o Unibanco, primeiros a adotar o certificado.
Para compensar a não-listagem no Novo Mercado, as empresas costu-
mam estender para as ações preferenciais (portanto, para todas as units) o
tag along de 100%. No caso do Novo Mercado, só são admitidas ações or-
dinárias. Já no nível 2, são permitidas as ações preferenciais, que devem ter
tag along de 80%. As companhias que fazem IPOs nesse segmento, contu-
do, têm assegurado o tag along de 100% também para os preferencialistas.

Mas, por que algumas empresas optam por listar duas espécies de
ações no nível 2, e criam um recibo para representá-las, se dão o tag
along de 100% para os preferencialistas? Não seria mais simples partir
para a listagem direta no Novo Mercado, já que o direito mais importan-
te dado aos investidores é o mesmo? Vale lembrar que o direito a voto,
concedido a todos os acionistas no Novo Mercado e forte candidato a
responder a essa pergunta, também é conferido aos preferencialistas do
nível 2 em matérias como incorporação, cisão ou fusão.

De fato, a solução do Novo Mercado seria bem mais adequada. Mas as


empresas que optaram pelo nível 2 geralmente encontraram restrições legais
ou regulatórias que impediam uma eventual tomada de controle acionário
em bolsa de valores – situação a que a companhia está sujeita quando tem o
capital composto apenas por ordinárias e pulveriza suas ações.

Desde que o mercado de capitais brasileiro iniciou o forte movimento


de ofertas de ações, em 2004, até outubro de 2007, foram registrados 37
IPOs, sendo que apenas um deles – o do UOL – foi realizado no nível 2 sem
que houvesse um empecilho regulatório para a listagem no Novo Mer-
cado. Todas as outras que optaram pelo nível 2 encontraram restrições
legais, pois operam com concessões de serviços públicos. Elas estavam
impedidas de vender uma quantidade maior de ações ordinárias porque
isso poderia diluir o controle, o que é vedado no caso das concessões.

26 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 27

“O ideal é que exista apenas uma espécie de ações em negociação,


e que a oferta seja feita no Novo Mercado. Ele está mais forte do que
nunca”, diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. Hoje o Novo
Mercado é hegemônico quando se trata de IPOs. E os investidores só
costumam aceitar ofertas em outros segmentos se existir uma boa razão
para isso, além, é claro, do tag along integral para os preferencialistas.

Já a opção pelas units tem sido vista como algo natural para as em-
presas que listam seus papéis em outro segmento: “É muito difícil ter
duas classes de ações negociando com a mesma liquidez”, diz Olympio.
A tendência é simplificar a estrutura de capital e concentrar a liquidez
em uma única classe. “Na prática, não importa qual seja o instrumento
utilizado. O importante é que os direitos consagrados sejam conferidos”,
diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS.

Preferencial turbinada – “Os investidores têm aceito bem as units


porque estão mais preocupados com o tag along do que com a obtenção
de direitos políticos”, afirma um profissional de um banco de investimen-
tos. Para o executivo, se as ações preferenciais incluírem o tag along de
100%, os investidores estão dispostos a aceitá-las no lugar das ordinárias.
Afinal, eles sabem que terão o direito de voto em situações relevantes para
a companhia e, segundo o especialista, não têm tanto interesse assim em
exercer direitos relacionados à administração da companhia, como a pos-
sibilidade de trocar o seu corpo diretivo.

A Equatorial Energia (antiga Cemar), que realizou uma oferta de


ações em abril deste ano, foi uma das companhias que encontraram
restrições regulatórias para listar suas ações no Novo Mercado e acaba-
ram concentrando a liquidez nas units. Como já tinha ações ordinárias
e preferenciais, uma alternativa era fazer a troca e ficar apenas com as
primeiras. Mas essa não foi a opção adotada devido à possibilidade de
enfrentar problemas junto ao órgão regulador do setor, a Agência Na-
cional de Energia Elétrica (Aneel). O contrato de concessão estipula que
as concessionárias devem ter um controlador definido, que detenha
50% das ações com direito a voto mais uma ação.

“A migração para ações ordinárias seria um processo demorado e


complicado, mas consideramos que ir para o Novo Mercado é algo natu-
ral”, diz Leonardo Duarte Dias, Diretor de Relações com Investidores da
Equatorial Energia. A solução encontrada foi listar os papéis no nível 2,
com o tag along especial.

O UOL, que listou ações no nível 2 mesmo sem encontrar restrições


na regulamentação do seu setor, também estendeu o tag along de 100%
para as ações preferenciais. De acordo com o diretor de Relações com
Investidores da companhia, Paulo Narcélio, para listar os seus papéis no
Novo Mercado a empresa teria de mudar o acordo de acionistas com a
Portugal Telecom, que faz parte do grupo de controle. Narcélio consi-
dera que os investidores entenderam bem a operação, e que por isso
não aplicaram um desconto sobre o preço das ações na época do IPO.
No caso do UOL, a listagem de units não fazia sentido porque apenas as
ações preferenciais são negociadas em bolsa.

ONs e PNs? – A oferta de dois tipos de ações (ordinárias e preferen-


ciais) permite que seja alocada maior quantidade de papéis ao mercado
e, consequentemente, que sejam captados mais recursos sem acarretar a
perda de controle. Ou seja, permite a chamada alavancagem de controle.

28 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Como funciona o mercado de ações 29

Desde a reforma da Lei das S.A.s em 2001, as novas companhias aber-


tas devem ter pelo menos 50% do capital composto por ações ordinárias.
Neste formato, é possível obter o controle de uma empresa com 25% do
seu capital total (metade dos 50% das ações ordinárias), ofertando ao
mercado a totalidade de preferenciais e metade das ordinárias.

Caso uma empresa emita somente ações ordinárias, seria preciso 50%
(mais uma ação) para se ter o controle definido. Ou seja, caso o controla-
dor queira se manter neste posto, ele tem menos espaço para captação
se tiver o capital composto apenas por ordinárias. Por isso, diz-se que os
papéis preferenciais alavancam o controle.

A composição de cada unit depende da estrutura de capital da em-


presa. Nas companhias cujas ações preferenciais correspondem a 2/3 do
total, as units geralmente são formadas por quatro preferenciais e uma
ordinária. É esse o caso das units da ALL e da Santos Brasil. Naquelas cujo
capital é composto por metade de ações preferenciais e metade de or-
dinárias, as units são compostas por uma ordinária e duas preferenciais.
Nessa situação estão as units da Vivax, Equatorial Energia e Terna.

O detentor da unit possui os mesmos direitos assegurados por lei às


ações ordinárias e preferenciais comuns, ou seja, as primeiras têm direi-
to a voto e as segundas fazem jus ao recebimento prioritário de dividen-
dos. Tanto o direito de voto como o recebimento dos dividendos são
proporcionais à participação de cada papel na unit.
Processos de abertura de
capital (IPOs) e remuneração
dos acionistas

Abertura de capital
No cenário econômico atual, no qual predomina o uso intensivo de
tecnologia, a grande competição entre as empresas e a globalização, as
empresas não podem depender única e exclusivamente dos recursos
próprios para financiar sua expansão. Nesse sentido, uma alternativa
disponível para as empresas se capitalizarem é a abertura de capital. Me-
diante a subscrição de ações novas, as empresas se suprem de capital.

Abrir capital significa tornar-se uma companhia de capital aberto,


ou seja, estar autorizada pela CVM a realizar emissões públicas, como
debêntures, ações e bônus de subscrição. A empresa em fase de cresci-
mento necessita de recursos para financiar seus projetos de expansão.
Mesmo que o retorno oferecido pelo projeto seja superior ao custo de
um empréstimo, o risco do negócio recomenda que se faça um balan-
ceamento entre recursos de terceiros e recursos próprios. Estes são ob-
tidos pela emissão de novas ações que serão subscritas (compradas)
pelos atuais ou por novos acionistas.

Financiamento do crescimento
Parceria no risco do negócio
+
Parceria no lucro do negócio
Novos sócios
O processo de abertura de capital da empresa sempre é um processo trabalhoso,
desafiante e muito estimulante, porque ele exige uma série de adaptações e
mudanças a esse novo contexto de empresa de capital aberto. Para a empresa,
houve a necessidade de mobilizar toda a sua estrutura no sentido de atender a essas
necessidades do mercado. O mercado está muito sofisticado e tem uma capacidade
muito grande de analisar as empresas e de escolher aquelas que realmente merecem
o interesse dos investidores, e a empresa tem de corresponder a isso. Então, foi
necessário criar modificações na estrutura da empresa, no sentido de corresponder
mais às necessidades dos minoritários em termos de informações, de transparência,
de controles, e isso foi uma coisa que teve de ser feita sistematicamente. Além
disso, houve uma influência muito grande no sistema de governança da empresa.
(EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR, 2009)

Vantagens para a empresa


na abertura de capital
Ampliação da base de captação de recursos financeiros e de seu
potencial de crescimento.

Maior flexibilidade estratégica – liquidez patrimonial.

Imagem institucional – maior exposição ao mercado.

Reestruturação societária.

Gestão profissional.
Quais são as razões disso (abertura de capital)? Principalmente, no caso da Natura, é
uma visão de futuro, de pensar em como perenizar a empresa. A gente tem um sonho,
a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores
e que tem uma função social que transcende os interesses dos seus fundadores. Ela
passou a ser um instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura
de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa
cultura, desses valores que a têm trazido desse fundo de quintal até o momento
presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa
cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o
desenvolvimento social e ambientalmente responsável. (GUILHERME PEIRÃO LEAL,
NATURA, 2009)

32 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 33

Desvantagens para a empresa


na abertura de capital
Divulgação de informações.

Distribuição de dividendos a acionistas.

Influência de novos acionistas em decisões estratégicas.

Acréscimo nos custos administrativos, auditores, demonstrações


financeiras etc.

Etapas da abertura de capital


Análise preliminar sobre conveniência da abertura.

Escolha de auditoria independente.

Escolha de intermediário financeiro.

Estudos técnicos para a definição de preço e volume da operação.

Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais.

Contratos de coordenação e distribuição (underwriting).

Assembleia Geral Extraordinária deliberativa da operação e perío-


do de preferência.

Processo de obtenção de registros na CVM.

Processo de registro da empresa em bolsa(s) de valores.

Formação de pool de distribuição.


Pool de distribuição: conjunto de corretoras, distribuidoras, bancos
e demais agentes que participam do processo de comercialização das
ações numa abertura de capital, com o objetivo de distribuir de forma
pulverizada e satisfatória as ações disponíveis.
Eu acho que é muito importante a definição dos objetivos. Ao analisar a abertura de
capital, a empresa tem de avaliar exatamente quais são seus objetivos, porque isso
exige uma mudança de comportamento que tem seus custos e seus benefícios. A
abertura de capital não está vinculada ao fato de a empresa ser maior ou menor. Eu
diria que é essencialmente um debate de aonde a empresa quer chegar, que tipo de
empresa eu quero ter. (JORGE GERDAU JOHANNPETER, GERDAU, 2009)

Initial Public Offering – IPO


IPO é uma sigla de um termo do mercado acionário americano, Ini-
tial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial. É o primeiro lançamento de
ações de uma empresa ao público.

O que avaliar em IPOs


Identificar o setor da empresa e suas características:

o que e para quem vende;

como se compõem seus custos;

pontos fortes e fracos;

riscos e perspectivas de consolidação (fusões e aquisições).

Conferir a proporção da oferta:

Se oferta primária, os recursos vão para o caixa da empresa? Se


secundária, irão para os acionistas vendedores?

34 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 35

quanto maior a parte primária, mais fôlego de investimento


terá a empresa.

Verificar em que nível de governança corporativa será listada a


empresa:

quanto maior, melhor;

quem são os atuais sócios e administradores e qual o seu histó-


rico de transparência e relacionamento com o mercado?

Comparar os múltiplos da empresa:

analise a evolução das receitas, lucros, custos, ativos e passivos.

Ver se é um setor estreante ou pouco representado na Bovespa.

ou, ao contrário, se há muitas empresas listadas do mesmo se-


tor; quanto mais, provavelmente menor será a demanda.

A importância do mercado
de ações para o desenvolvimento
da economia e do Brasil
A revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da
modernização de nosso mercado de capitais, que está sendo provocado pela
bolsa de valores. Não há crescimento econômico, sem crescimento das em-
presas. O Brasil chegou à era do capitalismo com capital. Empresas com bons
projetos, mas sem capital próprio, vão à bolsa em busca de sócios. Em vez de
pedir dinheiro emprestado aos bancos, mais empresas buscam captar dinhei-
ro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e,
assim, obter mais lucro. Esse lucro é devolvido para o investidor pelos dividen-
dos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram
mais valem mais. Fecha-se assim um ciclo virtuoso, o ciclo do capitalismo.

Torna-se mais evidente a cada dia a contribuição positiva do mercado


de capitais e, especificamente, o destacado papel do mercado acionário
para o desenvolvimento econômico. Nas economias desenvolvidas os
mercados acionários, claramente, são alavancadores de emprego e cres-
cimento da economia real. De acordo com dados divulgados pelo Banco
Mundial, foi encontrado um alto grau de correlação entre os indicadores
dos mercados acionários e o crescimento econômico. A conclusão foi de
que o mercado acionário não apenas financiou o crescimento econô-
mico, mas proporcionou os meios para prognosticar as taxas futuras de
crescimento do capital, da produtividade e da renda per capita.

O mercado de ações incentiva não apenas a formação da poupança in-


terna, mas, particularmente, a geração de poupança de longo prazo. É ine-
gável a relação entre a formação de poupança com os processos de cresci-
mento autossustentado e a manutenção do desenvolvimento econômico.

Por sua vez, um mercado eficiente proporciona uma ampla gama de


alternativas de financiamento, isoladamente ou pela combinação entre
as diversas opções, reduzindo custos financeiros, o que contribui decisi-
vamente para a saúde financeira das empresas, com consequente valo-
rização do capital investido pelos acionistas.

Um mercado acionário desenvolvido, com bom volume, liquidez e ade-


quada regulamentação, facilita os negócios de mudança de controle/pro-
priedade e privatização, o que tem contribuído para o aumento da produti-
vidade econômica nos últimos anos, em nível global.

36 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 37

A demanda por informações e demonstrações financeiras de quali-


dade, e a transparência por parte do mercado acionário, é um fator que
estimula a cultura de investimentos por parte dos agentes econômicos.

O mercado acionário reflete a opinião dos principais agentes sobre


a conjuntura econômica doméstica e internacional e suas perspectivas,
constituindo-se também em importante formador de opinião. Final-
mente, cabe destacar o papel fundamental de um mercado de ações
eficiente e desenvolvido para atrair, maximizar e consolidar a presença e
permanência do capital externo.

Portanto, investimentos através do mercado acionário geram novos


empregos e a expansão do setor privado, possibilitando a reorienta-
ção dos recursos do setor público para as camadas e setores menos
favorecidos.
Nós entramos na Bolsa em 1978. Tínhamos, na ocasião, dois mil funcionários, e hoje
nós temos dez mil (cinco vezes mais); nós produzíamos três mil ônibus por ano,
e hoje nós produzimos 15 mil (cinco vezes mais). E isso tudo pressupôs que nós
teríamos recursos para isso, e realmente tivemos capitais graças à participação dos
acionistas da Bolsa. Mais do que isso, eu acho que o importante não foi só crescer
cinco vezes nesse período, que foram 25 anos; é que nós conseguimos passar por
todos os planos econômicos dos diversos governos que passaram por aí. (PAULO
BELLINI MARCOPOLO, 2009)

Ciclo virtuoso
Só com as bolsas funcionando de forma plena, o capitalismo pode
demonstrar sua força. Na bolsa, o dinheiro não tem partido político
nem preferência ideológica. Ele só quer gerar mais dinheiro. Premia na-
turalmente as empresas mais bem administradas, mais lucrativas, que
geram mais negócios e mais empregos. O mercado de ações é, por isso,
a melhor ferramenta já inventada para promover a distribuição de rique-
za; ele favorece tão-somente o mérito.

Como funciona o mercado de ações

O autor.
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A bolsa impulsiona as
empresas, gera poupan-
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ça para o investidor e
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Formas de negociação de ações


Com relação ao momento da negociação de ações, o mercado classi-
fica-se em mercado primário e mercado secundário.

Mercado primário
No mercado primário, se dá o lançamento de novas ações. Quem
vende as ações é a companhia, captando recursos para se financiar.

38 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 39

Ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários, dis-


poníveis aos poupadores, para o financiamento das empresas, por meio
da colocação (venda) inicial dos títulos emitidos. No mercado primário
as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos necessários para
a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamen-
to de ações, a implementação de projetos de investimentos e o conse-
quente incremento da riqueza nacional.

Mercado secundário
Não ocorre o lançamento de um novo ativo financeiro, mas a rene-
gociação de ativos financeiros já existentes. No mercado secundário são
estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos dos títulos
adquiridos no mercado primário. Os recursos provenientes das negocia-
ções realizadas nesse mercado não são transferidos para o financiamen-
to das empresas, sendo identificados como simples transferência entre
os investidores. A função essencial do mercado secundário é dar liquidez
ao mercado primário, viabilizando o lançamento de ativos financeiros.

A existência do mercado secundário é fundamental para o merca-


do primário, pois a demanda pelas ações recém-emitidas das empresas
seria menor se não houvesse a opção de vendê-las no futuro em um
mercado organizado. Em suma, no mercado primário, quem vende as
ações é a companhia, captando recursos para se financiar. No merca-
do secundário, o vendedor é o investidor que se desfaz das ações para
reaver o seu dinheiro.
Mercado primário e secundário

O autor.
Dividendos

Ações

Sócios iniciais

Recursos

Novos sócios

Portanto, o mercado primário compreende o lançamento de novas


ações no mercado, de origem da língua inglesa, o famoso IPO (Initial
Public Offering). A abertura de capital de uma empresa se caracteriza
pelo lançamento inicial de ações no mercado. Uma vez que as ações
já se encontram negociadas no mercado, chamamos este mercado de
mercado secundário. Este compreende mercados de balcão – organiza-
dos ou não – e bolsas de valores, e tem como função básica a de forne-
cer liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Operações como
a colocação inicial, junto ao público, de grande lote de ações detido por
um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exi-
gindo registro na CVM, porém apesar da semelhança com o mercado
primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não
para a companhia), determinando, portanto, uma distribuição no mer-
cado secundário. Podemos chamar essas operações de block trade.

40 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 41

As ofertas públicas, sejam no mercado primário ou secundário, re-


querem o registro na CVM e o cumprimento de um ritual de procedi-
mentos na elaboração de seu prospecto preliminar e, geralmente, são
conduzidas por bancos de investimento, que recebem uma comissão
pelos serviços proporcional ao valor da operação.

A abertura de capital não se restringe apenas às grandes empresas.


O financiamento por meio da emissão de ações, ou seja, do aumento do
capital próprio e admissão de novos sócios é uma fonte de recursos que
não possui limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis e rentá-
veis, os investidores terão interesse em financiá-los.

 A abertura de capital representa uma excepcional redução de risco


para a empresa. Também, diferentemente de empréstimos, não exigem
rendimento definido: o retorno dos investidores depende do desempe-
nho da empresa. Assim, uma companhia aberta é muita menos afetada
pela volatilidade econômica.

Captação de recursos financeiros para investimento – possibilita


crescimento via fusões e aquisições e reestruturação de passivos. Nas
empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital
confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito
e do capital próprio.

Imagem institucional e profissional – com um custo de capital


menor, o retorno de projetos que anteriormente poderia não ser atra-
tivo passa a superar o custo do financiamento, abrindo um leque muito
maior de oportunidades de investimento.
Remuneração dos acionistas

Dividendos
É a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acio-
nistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela
Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), deverá ser distribuído um dividen-
do de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinhei-
ro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa:
mensal, trimestral, semestral, anual etc., desde que conste no estatuto
da empresa o período determinado. A Assembleia Geral Ordinária (AGO)
é quem determina a parcela a ser distribuída como dividendo, de acordo
com os interesses da empresa, através da manifestação de seus acionis-
tas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de
ações emitidas pela empresa, de forma a garantir a proporcionalidade
da distribuição.

Algumas companhias têm lucros interessantes e/ou têm a política de


distribuir mais do que o mínimo exigido, como forma de atrair inves-
tidores. Os analistas ficam de olho nisso, e podem montar carteiras de
empresas que sejam boas pagadoras de dividendos. Esse é um dinheiro
que vai para a conta do investidor. É escolha dele reaplicar os dividen-
dos, comprando novas ações, ou sacar o dinheiro, dependendo da pe-
riodicidade com que a empresa deposite os dividendos. Dessa forma, o
investidor é remunerado pelo recebimento de dividendos e pela valori-
zação da ação.

42 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 43

Distribuição dos lucros


Uma parte do lucro é incorporado ao patrimônio da empresa.

O restante é distribuído em forma de dividendos.

O autor.
2007 2008 2009

Juros sobre Capital Próprio (JCP)


Remuneração sobre o capital investido na empresa paga ao acionis-
ta, substituindo total ou parcialmente o dividendo.

Para o acionista, a grande diferença é que ele tem que pagar 15% de
imposto de renda na fonte, de forma que sempre é preciso ficar atento
se o valor anunciado é o bruto (sem impostos) ou líquido (já descontan-
do os impostos).
Para a empresa, muitas vezes o uso de JCP é vantajoso do ponto de
vista fiscal. Desde sua criação, o pagamento de JCP permite que a empresa
remunere seus acionistas até o valor da Taxa Juros de Longo Prazo (TJLP),
com o valor sendo considerado como despesa financeira. Com isso, ele
reduz o lucro tributável, diminuindo o IR a ser pago pela empresa.

A TJLP é calculada trimestralmente tendo como base a meta da infla-


ção, fixada pelo CMN, mais um prêmio de risco. É a taxa de juros aplicada
aos financiamentos concedidos pelo BNDES.

A grande vantagem é que a empresa pagaria impostos maiores sobre


o lucro, na faixa de 25%, do que os acionistas, que pagam 15% sobre os
JCP. Assim, ela pode oferecer JCP, que mesmo após o pagamento de IR,
podem ser maiores do que seriam na forma de dividendos, em função
da diferença nas alíquotas de tributação.

Cálculo da rentabilidade retorno


do investimento
Preço atual Dividendos
da ação +
Retorno = recebidos –1 . 100
Preço inicial
da ação

R$46,51 + R$2,33
Retorno = –1 . 100
Bradesco R$37,80
04/06 a 10/07

Retorno = 29,21% de 04 de abril/06 a 10 de outubro/07

44 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas 45

Eventos sobre as ações

Desdobramento (split)
Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade de ações em circu-
lação, sem alterar o capital social da empresa, reduzindo o valor unitário
para aumentar a liquidez da ação no mercado.

Grupamento (inplit)
É o processo inverso ao split. É a redução da quantidade de ações
em circulação, sem alterar o capital social da empresa, elevando o valor
unitário da ação.

Direitos dos acionistas


Bonificação
Distribuição gratuita, aos acionistas, de novas ações decorrentes de
aumento de capital, por incorporação de reservas, lucros em suspenso
ou reavaliação do ativo. É um direito que não prescreve. As bonificações
serão sempre proporcionais às ações já possuídas.

A bonificação aos acionistas, em raros casos, pode ser realizada


também com o pagamento em dinheiro. Normalmente isso ocorre
quando há distribuição de reservas até então não incorporadas ao capi-
tal. Não confundir com dividendo.
Subscrição
Representa um direito dado aos acionistas para que eles adquiram novas
ações com preço e prazo predeterminados. A subscrição pode surgir como
um benefício aos acionistas caso o preço de subscrição seja inferior ao preço
de mercado, de forma que está sendo dada uma espécie de “desconto” para
os acionistas. A subscrição de novas ações será proporcional a quantidade
de ações já possuídas da referida companhia.

46 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado
de capitais

O autor.
GUARDA DAS AÇÕES

Comissão de Valores
Mobiliários (CVM)
O principal órgão regulador do mercado de ações é a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), autarquia subordinada ao Ministério da Fa-
zenda, conhecida como o “xerife” do mercado financeiro. Ela tem a in-
cumbência de normatizar, fiscalizar e punir irregularidades, tanto das
empresas abertas como dos agentes financeiros, corretoras, operadores
e auditores independentes. Criada em dezembro de 1976 pela Lei 6.385,
ela cuida de todos os títulos emitidos pelas empresas com vistas a captar
recursos destinados ao financiamento de suas atividades. Desde maio
de 2002, a CVM responde também pelos derivativos negociados sobre
outros ativos que não sejam considerados valores mobiliários, pelo mer-
cado de futuros e por toda a indústria de fundos.

Corretoras
As corretoras são instituições financeiras, credenciadas pelo Banco
Central e pela CVM, e fiscalizadas pela Bovespa. Sua principal função é
promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e ven-
dedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade
adequada através de operações realizadas em recinto próprio (pregão das
bolsas de valores). Dessa forma, as sociedades corretoras exercem o papel
de unificadoras do mercado, dando segurança ao sistema e liquidez aos
títulos transacionados. Suas principais atividades são as seguintes:

operar com exclusividade na bolsa de valores da qual é membro,


com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada;

comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de


terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de un-
derwriting); operar com a conta “Margem”, que é uma norma de nego-
ciação de ações que possibilita ao investidor obter, em uma sociedade
corretora, financiamento para compra dos títulos e/ou empréstimo
dos papéis para venda. Essas operações são feitas no mercado à vista
de bolsa. O custo e liquidação do financiamento, bem como a remu-
neração do empréstimo dos títulos e sua devolução, são pactuados
diretamente entre o investidor e a corretora;

administrar carteiras de valores e custodiar títulos e valores mobiliá-


rios; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimen-
tos; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento

50 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado de capitais 51

de cautelas, recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da


subscrição de títulos e valores mobiliários etc;

intermediar a compra e venda de moeda estrangeira nas ativida-


des de importação e exportação, bem como no mercado flutuan-
te de moeda estrangeira;

operar no mercado aberto (open market).

Open market – instrumento muito ágil de política monetária, utili-


zado pelo governo a fim de regular o fluxo monetário da economia e
influenciar os níveis de taxas de juros a curto prazo. Portanto, essas ope-
rações permitem um controle permanente da liquidez do sistema eco-
nômico. Na prática, sempre que houver necessidade de elevar a liquidez
e reduzir as taxas de juros, a autoridade monetária resgata títulos públi-
cos em poder dos agentes econômicos. De modo contrário, ao desejar
limitar a liquidez do mercado financeiro e elevar as taxas de juros no
curto prazo, a autoridade monetária emite e coloca em circulação novos
títulos da dívida pública.

Companhia Brasileira de Liquidação


e Custódia (CBLC)
Foi criada a partir de uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Va-
lores de São Paulo – BOVESPA, ocorrida em fevereiro de 1998.

O nascimento da CBLC representou uma resposta à necessidade do


mercado brasileiro de uma estrutura moderna e eficiente, que compre-
endesse atividades relacionadas à compensação, à liquidação, à custódia
e ao controle de risco para o mercado financeiro. A constituição da CBLC
representou o início de uma nova fase na história do mercado de capi-
tais brasileiro.

De um lado, a CBLC foi organizada de modo a permitir a participa-


ção de uma grande variedade de instituições fortes e tecnicamente es-
truturadas. De outro lado, a CBLC trabalhou no sentido de constituir-se
na empresa depositária central do mercado de ações no Brasil, objetivo
alcançado quando assumiu o controle da Câmara de Liquidação e Cus-
tódia – CLC em abril de 2000.

Atualmente, a CBLC é a responsável pela liquidação de operações de


todo o mercado brasileiro de ações.

Veja no quadro abaixo alguns números da CBLC:

A CBLC em números

(CBLC, 2009)
Volume médio liquidado diariamente 3,59 (R$ bilhões)
Média diária de operações realizadas 265.971
Média diária de títulos processados 10.902.508.781
Volume em custódia R$682.143.848.723,69
Quantidade de ativos em custódia 2.200.836.000.075
Data: Janeiro (dados referentes à liquidação de janeiro/2009).

A CBLC é uma sociedade anônima tendo como objetivo social a pres-


tação de serviços de compensação e liquidação física e financeira de ope-
rações realizadas nos mercados à vista e a prazo da Bovespa e de outros
mercados, bem como a operacionalização dos sistemas de custódia de
títulos e valores mobiliários em geral.

52 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado de capitais 53

Bolsa de valores
As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados.
No caso brasileiro, a Bovespa é a principal bolsa de valores, administran-
do os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses
mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos re-
gistrados em cada um deles.

As bolsas de valores são também os centros de negociação de valores


mobiliários, que utilizam sistemas eletrônicos de negociação para efetuar
compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são or-
ganizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e fiscaliza-
das pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes
de autorregulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam.
Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM.

A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um am-


biente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com
valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm
acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de
compra e venda desses valores.

As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas


companhias “listadas”. Para ter ações em bolsas, uma companhia deve
ser aberta ou pública, o que não significa que pertença ao governo, e
sim que o público em geral detém suas ações. A companhia deve, ainda,
atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei 6.404, de 15 de
dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma
série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas.
No passado, o Brasil chegou a ter nove bolsas de valores, mas atual-
mente as duas principais são a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A Bovespa é a maior bolsa de va-
lores da América Latina e uma das maiores do mundo. Nela são negocia-
das ações das companhias abertas e títulos privados de renda fixa, entre
outros valores mobiliários. A BM&F se destaca entre as maiores bolsas de
mercadorias e futuros do mundo e nela são negociados contratos deriva-
tivos agropecuários (commodities) e derivativos financeiros.

Funções das bolsas de valores


Os mercados de capitais são mais eficientes em países onde existem
bolsas de valores bem estruturadas, transparentes e líquidas. Para que elas
desempenhem suas funções, o ambiente de negócios do país tem que ser
livre e as regras claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneficiar todos
os indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de
companhias abertas. Veja, a seguir, quais são os benefícios gerados pelas
bolsas de valores para a economia e a sociedade como um todo.

Levantando capital para negócios – as bolsas de valores forne-


cem um excelente ambiente para as companhias levantarem ca-
pital para expansão de suas atividades através da venda de ações,
e outros valores mobiliários, ao público investidor.

Mobilizando poupanças em investimentos – quando as pesso-


as investem suas poupanças em ações de companhias abertas, isto
leva a uma alocação mais racional dos recursos da economia, porque
os recursos – que, de outra forma, poderiam ter sido utilizados no
consumo de bens e serviços ou mantidos em contas bancárias – são
mobilizados e redirecionados para promover atividades que geram

54 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado de capitais 55

novos negócios, beneficiando vários setores da economia, tais como:


agricultura, comércio e indústria, resultando num crescimento eco-
nômico mais forte e no aumento do nível de produtividade.

Facilitando o crescimento de companhias – para uma com-


panhia, as aquisições e/ou fusões de outras empresas são vistas
como oportunidades de expansão da linha de produtos, aumento
dos canais de distribuição, aumento de sua participação no mer-
cado etc. As bolsas servem como um canal que as companhias
utilizam para aumentar seus ativos e seu valor de mercado através
da oferta de compra de ações de uma companhia por outra com-
panhia. Essa é a forma mais simples e comum de uma companhia
crescer através das aquisições ou fusões. Quando feitas em bolsas,
as aquisições e fusões são mais transparentes e permitem uma
maior valorização da companhia, pois as informações são mais di-
vulgadas e há uma maior interação dos agentes envolvidos, tanto
compradores quanto vendedores.

Redistribuindo a renda – ao dar a oportunidade para uma grande


variedade de pessoas adquirir ações de companhias abertas e, con-
sequentemente, de torná-las sócias de negócios lucrativos, o mer-
cado de capitais ajuda a reduzir a desigualdade da distribuição da
renda de um país. Ambos os investidores – casuais e profissionais
– , através do aumento de preço das ações e da distribuição de di-
videndos, têm a oportunidade de compartilhar os lucros nos negó-
cios bem sucedidos feitos pelos administradores das companhias.

Aprimorando a governança corporativa – a demanda cada vez


maior de novos acionistas, as regras cada vez mais rígidas do go-
verno e das bolsas de valores têm levado as companhias a me-
lhorar cada vez mais seus padrões de administração e eficiência.
Consequentemente, é comum dizer que as companhias abertas
são mais bem administradas que as companhias fechadas (com-
panhias cujas ações não são negociadas publicamente e que ge-
ralmente pertencem aos fundadores, familiares ou herdeiros ou a
um grupo pequeno de investidores). Os princípios de governança
corporativa estão, cada vez mais, sendo aceitos e aprimorados.

Criando oportunidades de investimento para pequenos in-


vestidores – diferentemente de outros empreendimentos que
necessitam de grandes somas de capital, o investimento em ações
é aberto para quaisquer indivíduos, sejam eles grandes ou peque-
nos investidores. Um pequeno investidor pode adquirir a quanti-
dade de ações que está de acordo com sua capacidade financeira,
tornando-se sócio minoritário (mesmo tendo participação per-
centual ínfima no capital da companhia), sem que tenha que ficar
excluído do mercado de capitais apenas por ser pequeno. Dessa
forma, a bolsa de valores abre a possibilidade de uma fonte de
renda adicional para pequenos poupadores.

Atuando como termômetro da economia – na bolsa de valores,


os preços das ações oscilam dependendo amplamente das forças
do mercado e tendem a acompanhar o ritmo da economia, refle-
tindo seus momentos de retração, estabilidade ou crescimento.
Uma recessão, depressão ou crise financeira pode eventualmen-
te levar a uma queda (ou até mesmo uma quebra) do mercado.
Dessa forma, o movimento dos preços das ações das companhias
e, de forma ampla, os índices de ações são bons indicadores das
tendências da economia.

Ajudando no financiamento de projetos sociais – os governos


federal, estadual ou municipal podem contar com as bolsas de va-
lores ao emprestar dinheiro para a iniciativa privada para financiar

56 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado de capitais 57

grandes projetos de infraestrutura, tais como estradas, portos, sa-


neamento básico ou empreendimentos imobiliários para camadas
mais pobres da população. Geralmente, esses tipos de projetos ne-
cessitam de grande volume de recursos financeiros, que as empre-
sas ou investidores não teriam condições de levantar sozinhas sem
contar com a participação governamental. Os governos, para levan-
tarem recursos, utilizam-se da emissão de títulos públicos. Esses tí-
tulos podem ser negociados nas bolsas de valores. O levantamento
de recursos privados, por meio da emissão de títulos, elimina a ne-
cessidade (pelo menos no curto prazo) dos governos sobretaxarem
seus cidadãos e, dessa maneira, as bolsas de valores estão ajudando
indiretamente no financiamento do desenvolvimento.

Histórico da Bovespa
Em 1890, um grupo de agentes liderado por Emílio Rangel Pestana
inaugura a Bolsa Livre, que seria a semente da Bolsa de Valores de São
Paulo. A Bolsa Livre é fechada já em 1891, em decorrência da Política do
Encilhamento, mas em 1895 é fundada a Bolsa de Fundos Públicos de São
Paulo, dando continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro.

Nessa época, as negociações de títulos públicos e de ações de bancos


e de empresas eram registradas em enormes quadros-negros de pedra,
para que todos pudessem acompanhar. Devido a isso, esse período ini-
cial da história da bolsa ficou conhecido como “Idade da Pedra”.

A bolsa se desenvolve e, em 1934, se instala no Palácio do Café. No


ano seguinte, ganha o nome de Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.
As negociações nesse período eram feitas em um enorme balcão
central em torno do qual se reuniam os corretores. Os negócios eram
realizados em ordem alfabética: o diretor do pregão anunciava o nome
de cada empresa e a negociação tinha um tempo determinado para
acontecer.

Na década de 1960, com as reformas sofridas pelo sistema financeiro


nacional, a bolsa passa a assumir a característica institucional, deixando
de ser subordinada ao Secretário da Fazenda do Estado, com autono-
mia administrativa, financeira e patrimonial. Em 1967, passa a se chamar
Bolsa de Valores de São Paulo.

Também em 1967, o cargo de corretor oficial deixa de existir e são


formadas as sociedades corretoras, constituídas por ex-corretores ofi-
ciais e por corretores autorizados pelo Banco Central. É nesse momento
que surge a figura do operador de pregão, pessoas que realizavam os
negócios, sob as ordens das sociedades corretoras, por meio de gritos e
gestuais que se tornariam a marca da bolsa de valores.

Na década de 1970, os boletos que eram utilizados para realizar as


negociações são substituídos por cartões perfurados e os negócios
passam a ser registrados de forma eletrônica.

Em 1972, A Bovespa é a primeira bolsa brasileira a implementar o


pregão automatizado, com a disseminação de informações on-line e em
real-time, através de uma ampla rede de terminais de computador.

No fim da década de 1970, a Bovespa é ainda pioneira na introdução


de operações com opções sobre ações no Brasil.

58 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Participantes do mercado de capitais 59

Em 1990, são iniciadas as negociações através do Sistema de Nego-


ciação Eletrônica Computer Assisted Trading System (CATS), que operava
simultaneamente com o sistema tradicional de pregão viva voz. Atual-
mente, a Bovespa realiza negócios apenas no sistema eletrônico.

Em 1997, é implantado um novo sistema de negociação eletrônica


em substituição ao CATS, o Mega Bolsa. Além de utilizar uma plataforma
tecnológica altamente avançada, o Mega Bolsa amplia o volume de pro-
cessamento de informações.

No fim da década de 1990, são lançados o Home Broker, que permite


que o investidor, por meio do site das corretoras, transmita sua ordem de
compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação da bolsa; e o
After-Market, outra inovação da Bovespa, pioneira em termos mundiais,
que oferece a sessão noturna de negociação eletrônica. Ambos os meios
facilitam a participação do pequeno e médio investidor no mercado.

No ano 2000, é realizada a integração das bolsas de valores brasilei-


ras, que uniu as bolsas de valores de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Mi-
nas-Espírito Santo-Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe-
-Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba. Em 2005, é incorporada a Bolsa
do Paraná e em 2006, a Bolsa Regional, concluindo a integração.

A Bovespa passa, então, a concentrar toda a negociação de ações do


Brasil. As bolsas regionais mantêm, por sua vez, as atividades de desen-
volvimento do mercado e de prestação de serviços às praças locais.

Em 2006, a Bovespa implanta uma nova infraestrutura de Tecnolo-


gia da Informação, desenvolvida em parceria com HP, Intel e Microsoft.
A solução propiciou, entre outros benefícios, redução de custos de ma-
nutenção, retorno de investimento e uma maior flexibilidade de adap-
tação ao aumento de volume de transações no mercado de capitais.

Em 28 de agosto de 2007, em uma reestruturação societária, a Bovespa


deixou de ser uma instituição sem fins lucrativos e se tornou uma socie-
dade por ações (S/A). Nessa reestruturação societária foi criada a Bovespa
Holding, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São
Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de
balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
(CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia.

Atualmente, a Bovespa é o único centro de negociação de ações do


Brasil e o maior da América Latina. Hoje, as negociações realizadas na
Bovespa são feitas exclusivamente por meio de seu sistema eletrônico,
o que proporciona maior agilidade e segurança nas transações. A Bo-
vespa é dotada de uma base tecnológica comparável à dos mercados
mais desenvolvidos do mundo e o Brasil, por sua vez, é hoje um centro
de excelência em infraestrutura do mercado financeiro e de capitais,
tornando-se referência mundial.

A Bolsa de Valores de São Paulo mantém ainda um papel de desta-


que perante os mercados internacionais, atuando na World Federation
of Exchanges (WFE), na Federação Ibero-americana de Bolsas (FIAB) e na
International Organization of Securities Commission (IOSCO).

60 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações,
home broker e risco

Pregão da bolsa
O pregão viva-voz era a forma tradicional de negociação, na qual os
operadores de pregão recebiam as ordens das mesas de operação das
corretoras e as ofertavam em uma sala de negociações dentro da Boves-
pa. Fechado o negócio, era preenchido um boleto informando as espe-
cificações desse negócio. A fim de aumentar a transparência e o aperfei-
çoamento do trabalho, o pregão viva-voz foi extinto em 2005.

Atualmente, o pregão é eletrônico. As ordens são colocadas pelos


operadores de mesa nas corretoras através de terminais conectados
com a bolsa, ou ainda pelos sistemas de home broker das corretoras, que
canalizam as ordens provenientes da internet. Todas essas ordens são
encaminhadas a um servidor central que se encarrega de fechar os ne-
gócios e informá-los às corretoras.

Horários de negociação
Pregão regular: das 10h às 17h

After-market: das 17h45 às 19h

* Horário de verão

Pregão regular: das 11h às 18h

After-market: das 18h45 às 19h30


After-market
É uma sessão noturna de negociação de ações, após o horário regu-
lar do pregão e de forma eletrônica. Além de atender os profissionais
do mercado, esse mecanismo também é interessante para os pequenos
e médios investidores, pois permite o envio de ordens após o horário
regular e seu fechamento de forma on-line. A totalidade de ordens en-
viadas tem um limite de R$100.000,00 por investidor e os preços das
ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima
positiva ou negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do
pregão diurno.

Processo de negociação de ações

Como enviar uma ordem


Enviar uma ordem é o ato mediante o qual o cliente determina a uma
corretora que essa compre ou venda ativos ou direitos em seu nome, nas
condições especificadas. Devem ser informados: o ativo a ser compra-
do ou vendido, a quantidade, o preço para execução da referida ordem
bem como seu prazo de validade.

A realização do negócio no mercado requer a intermediação de uma


sociedade corretora que esteja credenciada a executar as ordens de seus
clientes no pregão.

64 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 65

Livro de ofertas
Um livro de ofertas é um recurso que ilustra todas as ofertas de com-
pra e de venda para um determinado ativo, em um dado momento.

O preço da ação é formado pelos investidores do mercado que,


dando ordens de compra ou venda de ações às corretoras das quais são
clientes, estabelecem o fluxo de oferta e procura de cada papel, fazendo
com que se estabeleça o preço justo. A oferta ou procura por determi-
nada ação influencia o processo de valorização ou desvalorização desta.
Essa movimentação pode ser influenciada por notícias sobre o mercado,
divulgação do balanço da empresa (com dados favoráveis ou desfavo-
ráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças tecnológicas e
muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa emissora
da ação. A figura a seguir contém o livro de ofertas de ações preferen-
ciais do Banco Bradesco.

O autor.
Mercado integral e mercado fracionário
No mercado à vista negociam-se ações em lotes-padrão e lotes
fracionários.

Mercado integral – toda empresa tem suas ações negociadas em


lotes-padrão que podem ser 10, 100 ou 1 000 ações. O mais co-
mum é a negociação em lotes de 100 ações.

O autor.
Mercado fracionário – se você não tiver como comprar um lote
integral, comprará uma fração de lote integral, na qual não existe
quantidade mínima de ações.
O autor.

66 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 67

O mercado fracionário funciona de maneira independente do mercado


integral. Isso significa que cada mercado tem cotações e liquidez próprios.
As diferenças de cotação são devidas ao mercado fracionário ter forças
de oferta e procura das ações ligeiramente diferentes das do mercado in-
tegral. Isso significa que as cotações do mercado fracionário via de regra
variam como no mercado integral, mas não há correspondência exata
entre elas. Em geral, as ofertas de venda no mercado fracionário são li-
geiramente mais altas que as do mercado integral. E as ofertas de compra
são mais baixas. Em outras palavras, no mercado fracionário o spread (di-
ferença entre as melhores ofertas de compra e venda) é maior. Por possuir
menor volume de negociação, a liquidez no mercado fracionário também
é menor. Ou seja, é mais “fácil” comprar/vender ações no mercado integral
do que no mercado fracionário. Isso não chega a ser problema para inves-
tidores de médio/longo prazo e/ou que operam com blue chips.

Home broker
Para permitir que mais pessoas possam participar do mercado acionário
e, ao mesmo tempo, tornar ainda mais ágil e simples a atividade de compra e
venda de ações, foi criado mais um canal de relacionamento entre os investi-
dores e o mercado. De forma semelhante aos serviços de home banking, ofe-
recidos pela rede bancária, os home brokers das corretoras estão interligados
ao sistema de negociação da Bovespa e permitem que o investidor envie,
automaticamente, através da internet, ordens de compra e venda de ações.
Algumas vezes, o home broker pode ser um software que a corretora instala
no computador do cliente. Mas a maioria das corretoras tem a solução dispo-
nível na internet. O cliente entra no próprio site da corretora, acessa o home
broker, escolhe suas ações e dá a ordem. O sistema da corretora recebe o
pedido e executa a operação na Bovespa.
Além da praticidade e rapidez nas negociações, o home broker ofere-
ce outras vantagens:

acompanhamento de carteira de ações;

acesso às cotações, às notícias, aos relatórios e às análises;

envio de ordens imediatas, ou programadas;

recebimento da confirmação de ordens executadas.

A seguir uma das telas do home broker XP Investimentos Corretora,


mostrando cotações de ativos/ações e seus detalhes:

O autor.
1

3 2

68 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 69

O autor.
2

3
1
Exemplo de gráfico acessado via home broker:

O autor.

70 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 71

Controles do investidor
Nota de corretagem

O autor.
Aviso de Negociação de Ações – ANA

O autor.

72 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 73

Extrato CBLC – Posição de Custódia

O autor.
O autor.

74 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 75

Custos operacionais

Custos de transação
Sobre as operações realizadas no mercado à vista, incidem a taxa de
corretagem pela intermediação dos negócios realizados pela corretora
em nome do cliente. O valor cobrado incide sobre o movimento finan-
ceiro total (compras + vendas) realizado no mesmo dia pelo cliente em
uma mesma corretora. Cada corretora pode aplicar um modelo próprio
de cobrança de corretagem. A Bovespa sugere uma tabela padrão, per-
centual, a ser praticada pelas corretoras.

(Bovespa)
Tabela Bovespa
Início da faixa (R$) Término da faixa (R$) % + Fixo (R$)
- 135,05 0,00% 2,70
135,06 498,61 2,00% -
498,62 1.514,68 1,50% 2,49
1.514,69 3.029,37 1,00% 10,06
3.029,38 acima 0,50% 25,21

Além dessas taxas, há os emolumentos (pequena porção taxativa


cobrada sobre as movimentações financeiras, tanto na compra como
na venda dos ativos), pagos à Bovespa, que representam uma porcen-
tagem de 0,025% do volume financeiro em operações day-trade (ope-
rações onde a compra e a venda, de um mesmo ativo, é realizada no
mesmo pregão, ou seja, num único dia) e 0,035% em operações nor-
mais. Também incide uma taxa mensal fixa e única para todos os clien-
tes, independente do tamanho de suas posições em custódia, no valor
de R$ 9,86, cobrada pela CBLC.
Tributação
O Imposto de Renda (IR), que será tributado sobre ativos de renda
variável, quais sejam, aqueles cuja remuneração ou retorno de capi-
tal não pode ser dimensionado no momento da aplicação. São eles as
ações, quotas ou quinhões de capital, o ouro, ativo financeiro, e os con-
tratos negociados nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas.

Base de cálculo
O ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor
de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média
ponderada dos custos unitários (art. 23, IN 25/01).

Os ganhos líquidos sujeitam-se à alíquota de 20% no caso de opera-


ções day-trade e de 15% nas demais.

São isentos do Imposto de Renda, os ganhos líquidos auferidos por


pessoa física em operações efetuadas com ações, no mercado à vista de
bolsas de valores, e em operações com ouro ativo financeiro, cujo valor
das alienações em cada mês, seja igual ou inferior a R$20.000,00, para o
conjunto de ações e para o ouro ativo financeiro respectivamente.

Além das operações day-trade, que permanecerão tributadas na


fonte, nos termos da legislação em vigor, a venda de ações no mercado
à vista de bolsa de valores também passou a sofrer, a partir de 01 de ja-
neiro de 2005, a incidência de Imposto de Renda na fonte, a alíquota de
0,005%, que incidirá sobre o valor de cada alienação.

76 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 77

Esse imposto, cuja retenção e recolhimento será de obrigatoriedade


da instituição intermediadora das operações, poderá ser deduzido do
imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês ou nos meses subse-
quentes, compensado na declaração de ajuste anual se, após a dedução
anterior, houver saldo de imposto retido, ou compensado com o impos-
to devido sobre o ganho de capital na alienação de ações. Haverá isen-
ção do recolhimento do Imposto de Renda na fonte sobre essas novas
incidências, caso o valor do imposto, somando-se todas as operações
realizadas no mês, seja igual ou inferior a R$1,00.

Compensações de perdas
Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os
ganhos líquidos, as perdas incorridas nas operações do mercado à vista,
de opções, futuros e a termo, poderão ser compensadas com os ganhos
líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em
outras operações realizadas em qualquer uma dessas mesmas modali-
dades citadas, exceto no caso de perdas em operações de day-trade, que
somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações da
mesma espécie (art. 30, IN 25/01).

Retenção e recolhimento
Os ganhos líquidos são apurados em períodos mensais e pagos até
o último dia útil do mês subsequente ao da apuração, através de DARF
específico, de código 6015 (art. 23, IN 25/01).

Essas apurações devem ser realizadas para cada ativo isoladamente, e


as respectivas memórias de cálculo devem ser conservadas por um prazo
mínimo de 5 anos, porém o recolhimento poderá ser feito por um único
DARF. A responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do Impos-
to de Renda incidente sobre os ganhos líquidos é do contribuinte.

Exemplo de cálculo do IR
Um investidor pessoa física se cadastrou em uma corretora e efetuou
as seguintes operações: comprou X ações da PETR4 por R$20.000,00 pa-
gando R$125,21 de corretagem. Meses depois vendeu X ações da PETR4
por R$21.500,00 pagando R$132,71 de corretagem.

Temos a seguinte apuração fiscal:

R$21.500,00 (Venda) – R$20.000,00 (Compra) = R$1.500,00 (Lucro


Bruto)

R$1.500,00 – R$125,21 (Corret. C.) – R$132,71 (Corret. V.) =

Ganho líquido = R$1.242,08

IR devido = (R$1242,08 . 15%) = R$186,31

78 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 79

Cálculo do IR

O autor.
Sim É day-trade? Não

É mercado à Sim
vista?

Não
As vendas
no mês
Não Sim
somam
$20.000 ou
Sim Houve Houve Sim menos
lucro? lucro?

Não Não
Sim Houve Houve Sim
lucro? lucro?

Não Não
Imposto do mês: Imposto do mês:
20% sobre o lucro 15% sobre o lucro

Abata dos lucros Abata dos lucros


com day-trade não day-trade
do mês atual ou do mês atual
dos meses ou dos meses
Imposto do mês:
subsequentes subsequentes
0% sobre o lucro

Índices de ações
Os índices de ações servem como ponto de referência (benchmark)
para medir determinado mercado. Cumprem basicamente três objeti-
vos: demonstram a variação de preços do mercado, oferecem um pa-
râmetro para a avaliação da performance dos portfólios e podem servir
ainda como instrumentos de negociação no mercado futuro. A movi-
mentação do mercado de ações é medida por uma variedade de índices.
Esses baseiam-se numa carteira virtual de papéis, escolhidos de acordo
com critérios preestabelecidos, como volume de negócios, tamanho da
empresa, setor da economia etc.

O principal índice do mercado brasileiro de ações é o Ibovespa, Índice


da Bolsa de Valores de São Paulo. É o valor atual de uma carteira teórica
de ações a partir de uma aplicação hipotética. A carteira do Ibovespa
teve início em 1968, com valor definido em 100 pontos. Desde então, o
aumento ou redução desse número traduz a tendência geral dos preços
das ações negociadas na bolsa. O índice Bovespa é o mais importante
indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações
brasileiro. Sua relevância advém do fato de retratar o comportamento
dos principais papéis negociados na Bovespa e também de sua tradi-
ção, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não
sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968.
A carteira é composta pelos papéis que alcançam 80% de participação
acumulada em número de negócios e volume financeiro nos 12 meses
anteriores, tendo presença em pelo menos 80% das sessões de pregão
desse período. Nenhuma ação pode pertencer ao índice se sua negocia-
ção for inferior a 0,1% do volume total de negócios. Reavaliações quadri-
mestrais (com base nos 12 meses anteriores) servem para atribuir novos
pesos de ponderação às diferentes ações que compõem a carteira do
Ibovespa. O critério para escolha dessas ações baseia-se sobretudo em
sua participação no volume de negócios.

80 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 81

TCSL4

O autor.
ELET6
NATU3
BTOW3 Outras
TCSL4 CESP6
ELET6 AMBV4
NATU3 PETRA4
BTOW3
CESP6
AMBV4

CYRE3
TAMM4
BRAP4
CSAN3
VALES

GOLL4
CMIG4
NETC4
TNLP4
BBAS3 BBDC4
ALLL11
USIM5
ITSA4
CSNA3 UBBR11 GGBR4 ITAU4
PETR3 VALES

Outros índices
IBX100: índice Brasil. Calculado pela Bovespa, mede o desempenho
das 100 ações mais negociadas, ponderadas pelo seu valor de mercado
(número de ações disponíveis multiplicado pelo valor da ação).

IEE: Índice das empresas de Energia Elétrica. Também calculado pela


Bovespa. Mede o comportamento das ações das principais empresas de
energia elétrica.
FGV100: calculado pela Fundação Getúlio Vargas, avalia o desempenho
das 100 empresas privadas não financeiras mais capitalizadas na Bovespa.

Dow Jones – EUA: é um dos índices mais antigos e mais utilizados pelo
mercado em todo o mundo. Ele é composto por 30 ações – as mais impor-
tantes e mais representativas de cada setor da economia americana. Essas
ações representam cerca de um quinto de todas as ações negociadas nos
EUA, e cerca de um quarto das negociadas na bolsa de valores de New York,
a NYSE. Alguns exemplos de empresas que fazem parte do índice: Coca-
-Cola, Walt Disney, General Motors, Intel, McDonald’s, IBM e Microsoft.

S&P 500 – EUA: o S&P 500 Index é formado pelas principais empre-
sas norte-americanas, de acordo com: valor de mercado, representa-
tividade no setor em que atuam e liquidez das ações. O peso de cada
companhia no índice está relacionado ao seu valor total de mercado.
Atualmente, cerca de 75% das empresas que fazem parte do índice são
do setor industrial, 8% do setor de serviços, 15% do setor financeiro e
2% do setor de transportes. É um índice muito importante, largamente
utilizado nos mercados norte-americano e internacional.

Nasdaq – EUA: o índice representa todos os ativos, norte-america-


nos e estrangeiros, listados na National Association of Securities Dealers
Automated Quotation System (Nasdaq). O índice da Nasdaq é ponderado
pelo valor de mercado das empresas. Esse valor é calculado multiplican-
do-se o preço de fechamento pelo número total de ações da empresa.
Desse modo, cada ativo afeta o índice apenas na proporção de seu valor
de mercado. O índice da Nasdaq é composto, atualmente, por cerca
de mais de 4 000 companhias. Devido à sua abrangência, esse índice é
muito acompanhado pelo mercado financeiro.

82 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 83

Riscos
A parcela inesperada do retorno, resultante de surpresas, representa
o verdadeiro risco de qualquer investimento. Sempre que se recebe exa-
tamente o que se espera, o investimento será perfeitamente previsível e,
por definição, será livre de risco. Em outras palavras, o risco de se possuir
um ativo decorre de surpresas e eventos inesperados.

Ações são considerados investimentos de risco, porque não existe


forma de garantir que seu capital renderá 5%, 10% ou 20% no mês, pois
trata-se de renda variável.

Por serem de risco, são também os investimentos capazes de gerar gran-


des rendimentos, principalmente no longo prazo. É preciso então reduzir esse
risco ao máximo. Não é possível eliminar o risco do mercado, sendo necessário
gerenciá-lo. Uma das formas de minimização do risco é pela diversificação.

Risco sistemático
É aquele que influencia um grande número de ações, em grau maior
ou menor. Também é chamado de risco de mercado, uma vez que são
riscos sistemáticos, com a mesma amplitude e não diversificáveis.

Risco não sistemático


Um risco não sistemático é o que afeta uma única ação ou um grupo pe-
queno de ações. São riscos diversificáveis. Os riscos de uma carteira podem,
em princípio, ser muito diferentes dos riscos dos ativos que a compõem.
Uma parte do risco associado a ativos individuais pode ser eliminada
através da formação de carteiras. O processo de distribuição de investi-
mento por vários ativos, formando uma carteira, é denominado diversi-
ficação. O princípio da diversificação diz que a distribuição de aplicações
por muitos ativos eliminará parte do risco, o que é chamado de risco diver-
sificável. É a parte que pode ser eliminada por meio da diversificação.

No eixo vertical da figura a seguir, é medido o risco e, no eixo horizon-


tal, está o número de ações incluídas na carteira. Note que os benefícios
da adição de títulos, em termos de redução de risco, caem à medida
que o número de ações aumenta. Com 8 ações, a maior parte do efeito
já aconteceu e, quando se chega a 30 ações, não há praticamente qual-
quer benefício adicional a ser obtido.

A redução do risco do negócio através da diversificação

O autor.
Risco diversificável
Risco

Risco de mercado ou risco não diversificável

0 10 20 30 40 50

Número de ativos na carteira

84 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 85

Existe, porém, um nível mínimo de risco que não pode ser eliminado
simplesmente pelo processo de diversificação. Esse nível mínimo é de-
nominado risco não diversificável. Em conjunto, esses dois pontos repre-
sentam uma outra lição importante que se extrai da história do mercado
de capitais: a diversificação reduz o risco, mas somente até certo ponto,
ou seja, parte do risco é diversificável, e outra parte não é.

N.º de setores Eliminação de risco


2 46%
4 72%
8 91%
16 93%
32 96%
64 97%
500 99%

Texto
complementar
After-market: o que é?
 (IGF, 2007)

O after-market foi criado pela Bovespa em 1999. Nesta sessão são


permitidas apenas operações no mercado à vista e somente de ações
que tenham sido negociadas em horário regular.

Seu funcionamento, normalmente, acontece das 17h30 às 17h45, fase


de pré-abertura, na qual é permitido o cancelamento das ofertas registra-
das no período regular, e das 17h45 às 19h ocorre a fase de negociação.
No horário de verão, esse período é retardado, com os horários passando
a ser, respectivamente, de 18h30 às 18h45 e das 18h45 às 19h30. No en-
tanto, para o pregão noturno, existem algumas outras restrições operacio-
nais em relação ao pregão regular, tais como:

limite de R$100 mil por investidor em ordens via home broker;

preço das ofertas não poderão exceder a variação máxima de 2%


em relação ao preço de fechamento do pregão regular, tanto ne-
gativamente quanto positivamente;

quantidade máxima de negociação por ativo objeto/negócio, que


atende a critérios como um percentual da média diária registrada
nos últimos 30 pregões.

É importante frisar que as ordens remanescentes do pregão regular,


ou seja, não canceladas, poderão ser executadas na sessão noturna, su-
jeitando-se aos limites de negociação. Além disso, a data de liquidação
dos negócios segue a mesma do pregão principal. As variações de preços
do pregão seguinte serão calculadas com base nos últimos negócios da
sessão regular, sendo que os índices da Bovespa não são calculados (e
nem difundidos) no horário do after-market.

Esse sistema, apesar de existir há alguns anos, ainda é pouco conhe-


cido pelo público em geral e negocia bem menos que no pregão regu-
lar, registrando volume, em média, de R$15 a R$20 milhões por sessão.
Entretanto, é válido como mais uma iniciativa, objetivando facilitar e
tornar viável a desejada participação do pequeno e médio investidor
no mercado.

86 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 87

Portanto, o pregão terminou e você não conseguiu comprar (ou


vender) aquela ação que desejava? Fique tranquilo, você ainda tem uma
oportunidade de executar sua ordem! Para isso há o after-market.

Funcionamento dos leilões da Bovespa


(BOVESPA, 2009)

[...]

Denomina-se apregoação por leilão aquela realizada com destaque


das demais, mencionando-se, obrigatoriamente, o ativo, o lote e o preço.
As apregoações por leilão poderão ser realizadas sob duas formas: por
leilão comum ou por leilão especial.

Leilão eletrônico
Resumo do enquadramento de operações para procedimentos
especiais.

A – Em relação à quantidade

Em relação à média negociada nos últimos 30 pregões:

Com lote entre 5 e 10 vezes a média negociada Leilão com prazo de 5 minutos
Com lote acima de 10 vezes a média negociada Leilão com prazo de 1 hora

[...]
B – Em relação ao capital social das empresas

Com lote entre 0,5% e 0,99% das ações ordinárias Leilão com prazo de 5 minutos
Com lote entre 1% e 2,99% das ações ordinárias Leilão com prazo de 1 hora
Com lote entre 3% e 6% das ações ordinárias Leilão com prazo de 24 horas
Com lote acima de 6% das ações ordinárias Leilão com prazo de 48 horas
Com lote entre 1% e 2,99 das ações preferenciais Leilão com prazo de 15 minutos
Com lote entre 3% e 4,99% das ações preferenciais Leilão com prazo de 1 hora
Com lote entre 5% e 20% das ações preferenciais Leilão com prazo de 24 horas
Com lote acima de 20% das ações preferenciais Leilão com prazo de 48 horas

[...]

C – Em relação à cotação

Com oscilação positiva ou negativa de 3% a 9,99% Leilão com prazo de 5 minutos


sobre o último preço, para os papéis que fazem parte
de carteira de índices da Bovespa.
Com oscilação positiva ou negativa a partir de 10% Leilão com prazo de 15 minutos
sobre o último preço, para os papéis que fazem parte
de carteira de índices da Bovespa.
Demais papéis com oscilação positiva ou negativa Leilão com prazo de 5 minutos
de 10% a 19,99% sobre o último preço.
Demais papéis com oscilação positiva ou negativa Leilão com prazo de 15 minutos
de 20% a 49,99% sobre o último preço.
Demais papéis com oscilação positiva de 50% a Leilão com prazo de 30 minutos
99,99% sobre o último preço.
Demais papéis com oscilação superior a 100% sobre Leilão com prazo de 1 hora
o último preço.
Demais papéis com oscilação negativa superior a Leilão com prazo de 1 hora
50% sobre o último preço.

Exclusivamente para papéis que não fazem parte da carteira de índi-


ces da Bovespa e que tiverem o preço de fechamento igual ou superior

88 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 89

a R$100,00, o limite para oscilação de preço entre negócios, positiva ou


negativa, passa a ser de 3% sobre o último preço.

D – Em relação à negociabilidade

Ação não negociada nos últimos 5 pregões. Leilão com prazo de 15 minutos
Ação estreando na Bovespa. Leilão com prazo de 15 minutos

[...]

E – Casos especiais de leilão


a) Quando ocorrer a divulgação de fato relevante ou notícia sobre
algum provento para um ativo negociado, a Bovespa poderá co-
locar a respectiva negociação do ativo em leilão pelo prazo a ser
determinado pelo diretor de pregão, a fim de preservar a boa con-
tinuidade dos preços;

b) Negócios fechados por encerramento de um leilão em que uma


ou mais sociedades corretoras foram prejudicadas por problemas
técnicos, devidamente comprovados por área específica da Bo-
vespa;

c) Nos casos em que uma ou mais sociedades corretoras comunica-


rem problemas técnicos antes do encerramento de um leilão, o
horário de encerramento será retirado e, após resolvido o proble-
ma, caso o horário de encerramento original tenha sido ultrapas-
sado, será marcado novo horário com prazo de 5 minutos.

[...]
Regras do fixing1
Critérios de formação de preço
Primeiro critério – o preço atribuído ao leilão será aquele ao qual
a maior quantidade de ações for negociada.

Segundo critério – havendo empate na quantidade negociada en-


tre dois ou mais preços, selecionam-se dois preços: o de menor de-
sequilíbrio na venda e o de menor desequilíbrio na compra. O preço
atribuído ao leilão poderá ser igual ou estar entre um desses preços
sendo escolhido o preço mais próximo do último negócio ou, caso
o papel não tenha sido negociado no dia, o preço escolhido para o
leilão será aquele mais próximo do preço de fechamento.

Terceiro critério – havendo empate nos dois critérios acima, o pre-


ço selecionado na abertura do leilão fará parte de uma escala de
preços, incluindo ou não os preços limites, conforme a quantida-
de em desequilíbrio.

[...]

Características

As características de um fixing no sistema eletrônico de negociação são:

não existência de rateio para ofertas ao mesmo preço;

sistema trabalha com uma escala de preços e não unicamente com


um preço para definir o preço do leilão, estabelecendo desta forma
o preço do mesmo o mais próximo do último preço do ativo;
1
Regras do fixing: termo em inglês utilizado no mercado de capitais brasileiro para designar o estabelecimento e fixação dos preços
nos leilões dos ativos no pregão da Bovespa.

90 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 91

ofertas que estejam com preço de compra maior ou igual ao pre-


ço teórico e ofertas com preço de venda menor ou igual ao preço
teórico não podem ser canceladas e nem terem suas quantidades
diminuídas, sendo aceita somente alteração para melhorar essas
ofertas (melhorar o preço ou aumentar a quantidade);

ofertas de compra com preço maior que o preço teórico e ofertas


de venda com preço menor que o preço teórico serão atendidas
em sua totalidade;

ofertas de compra e venda com preços iguais ao preço teórico po-


derão ser atendidas totalmente, parcialmente ou não serem aten-
didas de acordo com a situação do leilão;

não será permitido registro de ofertas com quantidade aparente2.


As ofertas que já estavam registradas com quantidade aparente
antes do início do leilão participam do mesmo seguindo as regras
do leilão no que diz respeito à prioridade em sua quantidade di-
vulgada, porém, caso precisem ser alteradas, a quantidade total
terá que ser revelada ao mercado; e

ofertas registradas com a validade EOC (Execute ou Cancele) se-


rão canceladas no momento do encerramento do leilão para a
quantidade existente.

Prorrogação
Farão com que o leilão seja prorrogado no sistema eletrônico de
negociação:
2
Quantidade aparente: na colocação de ordens de compra e/ou venda nos leilões da Bovespa essas ordens podem participar dos
mesmos, no entanto, ficam parcialmente ocultas no book de negociações. Por exemplo: numa compra de 10 000 ações de determi-
nada empresa, o comprador pode colocar esta ordem aparecendo no book de negociações de 1 000 em 1 000, até completar toda
compra. Portanto, ele aparece no book comprando apenas 1 000 ações e sempre que esta ordem for executada, automaticamente
entra outra ordem de compra no mesmo preço e quantidade daquela já executada.
alteração no preço teórico;

alteração na quantidade teórica;

registro de uma nova oferta que altera a quantidade atendida de


uma oferta registrada anteriormente; e

alteração no saldo não atendido.

Critério Tempo de prorrogação


1.ª prorrogação: ocorrendo alteração em um dos qua- Prorroga por mais um minuto.
tro critérios nos últimos dois minutos (inclusive).
2.ª prorrogação: ocorrendo alteração em um dos qua- Prorroga por mais um minuto.
tro critérios nos últimos 30 segundos (inclusive).
3.ª prorrogação: ocorrendo alteração em um dos qua- Prorroga por mais um minuto.
tro critérios nos últimos 15 segundos (inclusive).

Após a terceira prorrogação, o tempo para que o leilão seja prorroga-


do, bem como o tempo de prorrogação, não se alterarão e se repetirão
indefinidamente.

(!) Exclusivamente para o período de call de fechamento do sistema ele-


trônico de negociação, caso o primeiro critério seja atendido, isto é, houver
alteração em um dos 4 (quatro) critérios nos últimos 2 (dois) minutos (inclu-
sive), o tempo de prorrogação do leilão será de 5 (cinco) minutos.

[...]

92 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Formação de preços das ações, home broker e risco 93

Call de abertura
Denomina-se call de abertura o período compreendido nos minutos
que antecedem a abertura das negociações na Bovespa. O call tem por
objetivo fazer com que a abertura desses papéis se processe de forma
transparente, sendo suas regras as mesmas adotadas para o fixing no
sistema eletrônico de negociação.

Call de fechamento
Denomina-se call de fechamento o período compreendido nos mi-
nutos finais de negociação e utilizado para determinados ativos. O call
tem por objetivo fazer com que o fechamento desses ativos seja proces-
sado de forma transparente, utilizando-se as mesmas regras adotadas
para o fixing no sistema eletrônico de negociação.

O call de fechamento será adotado para os papéis pertencentes às


carteiras teóricas dos índices calculados pela Bovespa e para as séries de
opções de maior liquidez, conforme divulgadas pela Bovespa.

A critério do diretor de pregão, o call de fechamento poderá ser rea-


lizado para algum outro ativo em um determinado pregão, ou ainda ter
aumentado o seu prazo de duração.
Escolas de análise
de investimentos
A análise de investimento para operações em mercados de bolsas
pode ser agrupada em correntes de pensamento que seguem duas “es-
colas” distintas, a saber: a Escola fundamentalista e a Escola técnica.

Escola fundamentalista
A análise dos fundamentos de uma companhia é a ferramenta usada
pelos analistas para determinar o potencial de desempenho de uma
ação. Para determinar o “preço justo” de um ativo, os analistas realizam
a projeção das diversas variáveis do ambiente macroeconômico e seto-
rial que afetam a companhia. Por exemplo, se uma petroquímica paga a
matéria-prima em dólar e não consegue repassar a variação da moeda
para seus preços, certamente terá problemas no faturamento.

O fundamento teórico dessa escola repousa na tese de que existe


uma correlação lógica entre o valor intrínseco de uma ação e seu preço
de mercado. O valor intrínseco para a Escola fundamentalista é represen-
tado pela avaliação do patrimônio da empresa, seu desempenho e sua
posição no respectivo setor de atuação, pela intensidade da concorrência
e pela existência de produtos e serviços alternativos, pelo grau de atua-
lização tecnológica do empreendimento, pelo nível de intervenção esta-
tal na área de atuação (controle de preços, proteção tributária, subsídios
etc.), por seu programa de investimentos, por sua política de distribuição
de lucros e pelo cálculo do valor presente dos lucros futuros estimados.
De acordo com a visão fundamentalista, quando o valor intrínseco
do ativo se situa acima do preço de mercado este indica compra; ao con-
trário, quando o preço de mercado for superior ao valor intrínseco indica
conveniência de venda.

Etapas de avaliação de uma ação


pela análise fundamentalista
perspectivas para o comportamento das principais variáveis ma-
croeconômicas – juros, câmbio e inflação;

perspectivas para o setor e para a empresa objeto de análise –


preços dos produtos e dos principais insumos, quantidades pro-
duzidas e vendidas nos mercados interno e externo;

projeção de resultados e das principais contas do balanço patri-


monial em cada trimestre civil.

Pontos críticos na elaboração da projeção


Riscos macroeconômicos:

taxa de inflação;

taxa de juro;

taxa de câmbio;

preço do petróleo;

recessão mundial;

crescimento mundial.

96 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 97

Riscos microeconômicos:

concorrências interna e externa;

surgimento de produtos substitutos;

custos e oferta de insumos nos mercados interno e externo;

regulamentação ambiental;

mudanças na tributação;

venda do controle acionário e/ou mudanças na gestão da companhia.

Métodos de análise de empresas

Método de avaliação por múltiplos

A análise por “múltiplos ou quantitativa” leva em conta o desempe-


nho da ação no mercado como parâmetro de comparação com os resul-
tados esperados da empresa. Pode basear-se em diversas variáveis.

Retorno sobre o patrimônio líquido: compara o lucro que a empre-


sa está gerando com o capital próprio. Procura avaliar se a empresa
está gerando uma boa rentabilidade para os recursos dos acionistas.

Lucro líquido
Retorno sobre o patrimônio líquido =
Patrimônio líquido

Lucro por ação: indica qual foi o lucro líquido gerado para cada
ação. Quanto maior, melhor.
Lucro por ação = Lucro líquido
Quantidade de ações emitidas

Dividend yield: revela a percentagem do preço da ação que vol-


tou ao acionista sob a forma de dividendos, no último balanço.
Quanto maior melhor.

Dividend yield = Dividendos


Preço da ação

Preço/Lucro (P/L): mostra em quanto tempo (anos) haverá o re-


torno do capital investido. Compara a empresa com o passado e
com outras do mesmo setor. Quanto menor o índice, mais barata
está a ação em relação ao seu lucro.

Preço/Lucro (P/L) = Preço


Lucro anual por ação

Considerações:

os múltiplos nunca devem ser analisados isoladamente;

além dos indicadores, devem integrar a análise de estudos estra-


tégicos sobre o futuro da companhia seus concorrentes e o mer-
cado consumidor;

é uma boa ferramenta de análise do passado e do presente, mas


não do futuro.

98 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 99

Método do Fluxo de Caixa


Descontado (FCD)

A análise do fluxo de caixa descontado, no sistema fundamentalista,


determina o valor real de uma ação por meio do cálculo do valor presen-
te da futura geração de caixa esperada pela companhia. Em geral, os ana-
listas fazem uma projeção de dez anos e, em seguida, estimam esse caixa
futuro em valor presente. Diversos modelos de fluxo de caixa podem ser
utilizados na análise, como o fluxo de caixa livre para a firma.

Para projetar dez anos de fluxo de caixa, os analistas estudam os fun-


damentos da companhia e do mercado, como taxas de juros, câmbio,
projeção de crescimento das vendas do setor e da economia como um
todo, por meio do Produto Interno Bruto (PIB). O cálculo deve utilizar
uma taxa de desconto referente ao custo de capital empregado pelos
credores e acionistas. São contas complexas e subjetivas, baseadas
em teorias de finanças. Dependem não só do domínio da técnica, mas
também da experiência do analista e da qualidade das informações ofe-
recidas pela empresa.

Considerando que as empresas não possuam prazo de vida determi-


nado, dado o princípio da continuidade, o cálculo de seu valor é basea-
do na estimativa de fluxos infinitos. Dessa forma, o valor em um instante
de tempo (“t”) é o somatório dos valores presentes dos fluxos futuros,
descontados por uma taxa que representa a taxa de retorno requerida.

O cálculo para avaliação por Valor Presente dos Fluxos de Caixa (VPFC)
é definido pela seguinte fórmula:
t–n
FCt
VPFC =
t–1 (1 + r)t

Onde:

VPFC = Valor Presente dos Fluxos de Caixa


n = vida útil do ativo
r = taxa de desconto
FCt = Fluxo de Caixa no período t

É importante definir: taxa de crescimento da receita operacional, taxa


de desconto do fluxo de caixa (taxa exigida pelo investidor), horizonte de
análise, perpetuidade e valor residual.

Critério de decisão
É a comparação do preço obtido com a cotação atual da ação, onde:

Valor justo da ação = Valor da empresa


Quantidade de ações

100 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 101

Escola técnica

O autor.
A análise técnica é o estudo da dinâmica do mercado através dos
sinais que o próprio mercado emite. O analista técnico acredita que
todos os fatores que podem influenciar no preço de um determinado
produto são descontados pelo mercado no processo contínuo de ne-
gociação que determina esse preço. O analista técnico diz que, mesmo
que alguém tenha conhecimento de todos os fatores fundamentais que
afetam o preço de uma mercadoria, tais como clima, greves, decisões
políticas, fatores de demanda, ele ainda assim não terá todos os dados
necessários para compreender a formação dos preços, porque não são
esses dados em si que os afetam, mas sim a maneira pela qual os partici-
pantes do mercado reagem a ele.
Histórico da análise técnica
Charles Dow e Edward Jones fundaram a “Dow Jones & Company”,
editando um informe financeiro com a finalidade de divulgar cotações e
notícias econômicas do mercado bursátil de Nova York em 1882.

Charles Dow, a quem é creditada a invenção dos índices do mercado


de ações, em artigos escritos para Wall Street Journal, no qual era o editor
chefe, definiu os conceitos básicos do que viria a se tornar uma teoria.
Após sua morte, em 1902, seu sucessor no editorial do jornal, William P.
Hamilton, continuou escrevendo, nos 27 anos seguintes, novos edito-
riais e dando forma àquilo que hoje é mundialmente conhecido como a
“Teoria de Dow”, que embasa a análise técnica.

Teoria de Dow
Estudiosos do mercado utilizaram as ideias de Dow e desenvolveram
os princípios da Teoria de Dow.

Destacam-se quatro princípios da Teoria de Dow:

todos os fatores externos já estão embutidos no último preço da ação;

os preços se movimentam em tendência;

o futuro repete o passado;

o volume deve confirmar a tendência.

Os estudos de Dow provocaram um grande interesse nos participantes


do mercado, mostrando que o ambiente não precisava ser considerado

102 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 103

como jogo de azar ou baseado apenas na análise fundamentalista. Com


a Teoria de Dow, foi possível encontrar meios de diminuir as incertezas e,
consequentemente, floresceram ramificações da análise técnica.

Com o advento da tecnologia da informação, o desenvolvimento da


análise técnica ganhou força e hoje há centenas de processos que co-
laboram para a criação de indicadores que permitem aos investidores
desenvolverem técnicas avançadas para maximizar os rendimentos.

Tipos de gráficos
Os mais utilizados são o gráfico de linhas, de barras e o de velas (can-
dles ou candlestick).

O gráfico de linhas é produzido conectando-se os vários preços de


fechamento ao longo do tempo. Esse gráfico não permite a visualização
dos preços de abertura, máximo e mínimo.

O autor.
IBOVESPA (36.885.00.37.521.00.36.841.00.37.381.00.+494.000)
O mais popular pela sua praticidade e facilidade de elaboração é o
gráfico de barras. É construído por barras que ligam o preço máximo ao
preço mínimo em que foi negociado o ativo durante o pregão, tendo-
-se um pequeno traço horizontal à direita assinalando o preço de fecha-
mento. Utiliza-se também um traço horizontal à esquerda para assinalar
o preço de abertura.

O autor.
IBOVESPA (39.885.00.37.521.00.36.841.00.37.381.00+494.000)

A técnica de análise gráfica denominada candelabro japonês, ou can-


dlestick, surgiu no início do século XVIII, criada por Munehisa Homma,
filho de uma próspera família de comerciantes de arroz, na cidade por-
tuária de Sakata. O candlestick é uma forma válida de análise técnica e
deve ser tratado como tal.

Muito parecida com a barra da análise gráfica convencional, a barra


do candlestick contém as mesmas informações da barra clássica. Também
incorpora um preço de abertura, um preço de fechamento, a máxima e a
mínima. Entretanto, sua construção é diferente. Aqui toda ênfase é dada

104 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 105

aos preços de abertura e fechamento, à batalha entre os investidores


que fazem a abertura e os que fazem o fechamento.

O autor.
IBOVESPA (39.885.00.37.521.00.36.841.00.37.831.00.+494.000)

Candlesticks
Máximo Máximo

Abertura Fechamento

Fechamento Abertura

Mínimo Mínimo
O investidor que quiser ser um vencedor em mercados de ações
tem que aprender a captar as mensagens desses sinais através dos grá-
ficos. Os gráficos são importantes armas para que se possa ler a lingua-
gem dos preços. Essa técnica chegou ao Ocidente no início da década
de 1980 e hoje rivaliza com o gráfico de barras na preferência dos analistas
técnicos.

Tempos gráficos
Em um gráfico, temos 2 eixos.

O eixo do y (ordenadas) calibrado com os preços.

O eixo do x (abscissas) calibrado com o tempo.

O autor.

No eixo do x, o tempo poderá variar entre mensal, semanal, diário e


intraday. No intraday podemos calibrar o tempo em horas ou minutos,
de acordo com a perspectiva gráfica do investidor.

106 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 107

Comparando tempos gráficos


Como citado anteriormente, os gráficos podem variar quanto à pe-
riodicidade, podendo ser intraday (1, 5, 15, 20, 40 e 60 min), diário, se-
manal, mensal, trimestral. Nesse sentido, cada candle representa um
período, ou seja, no gráfico diário, cada candle representa um dia, no
semanal, cada candle representa uma semana, e assim sucessivamente.
O exemplo abaixo ilustra o comportamento de uma ação durante uma
semana, analisada pelo gráfico diário e pelo gráfico semanal. É evidente
que quanto menor o tempo gráfico, mais detalhado será o comporta-
mento da ação.

Gráficos diário X semanal

O autor.

5 candle`s de 1 dia !!! 1 candle de 1 semana !!!


Os tempos gráficos analisados refletem o perfil de cada investidor
associado ao risco considerado. O objetivo do investidor é conseguir
adequar seus objetivos operacionais com o tempo gráfico considerado,
lembrando que o mesmo pode montar carteiras de longo, curto ou cur-
tíssimo prazos (especulação).

Uso do stop
Stop significa parar. Na análise gráfica, significa um nível de preço que,
quando alcançado, revela que a estratégia operacional utilizada pelo
investidor na operação de compra ou venda está saindo do previsto e
deve ser interrompida. O objeto de seu uso, em um primeiro momento,
é resguardar seu capital, com uma pequena perda para que possa voltar
ao mercado em um outro momento que julgue mais adequado.

Em um segundo momento, se sua operação inicial estiver evoluin-


do favoravelmente, sua função passa a ser a de proteger uma parte dos
lucros auferidos até aquele momento.

Grande parte dos investidores entra em operações sem o stop defi-


nido, ocasionando perdas consideráveis em virtude da falta de atitude
perante o mercado, ou seja, quando o investidor se depara com uma
queda muito forte dos preços de seus ativos, ele fica inerte, ou como se
diz no mercado, “congelado” diante da situação, e muito tempo terá que
se passar até que ele tenha o seu capital investido de volta.

Em teoria, parece fácil adotar a postura de colocar um stop e cumpri-


-lo; na prática, não é tão fácil assim. Reluta-se em reconhecer quando se
erra, principalmente porque, quando isso acontece, já se está perdendo

108 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 109

algum dinheiro e fica sempre a esperança de que o mercado possa reto-


mar a direção da operação e recuperar o dinheiro que se está perdendo
naquele momento.

Tipos de stop

Existem vários tipos de ordem stop. Os mais comuns são:

Ordem stop limitada ou stop loss

O investidor especifica a quantidade e o preço para venda. Assim que


o preço do ativo atingir o valor especificado, a ordem é enviada. Quando
se usa esse tipo de ordem, se deve informar dois valores:

Valor de disparo – quando a cotação atingir esse valor, sua or-


dem será lançada à bolsa. O valor de disparo deve ser um pouco
maior do que o valor exato para venda.

Valor da venda – é o valor desejado para a venda das ações. Esse


valor deve ser um pouco menor que o valor do disparo, para que a
ordem seja executada imediatamente, passando à frente das ou-
tras ordens do livro de ofertas.

Ordem stop again

O investidor especifica a quantidade e o preço para venda num pata-


mar superior, imaginando uma alta do papel. Assim que a cotação atin-
gir o valor predeterminado, a ordem de venda será disparada, garantin-
do o lucro.
Ordem stop loss e stop again simultâneas

O investidor especifica a quantidade e o preço para venda, tanto


numa situação de queda, como numa possível alta do papel. Dessa
forma, delimita o espaço livre para oscilação dos preços, protegendo-se,
caso o mercado caia, e garantindo o lucro, caso suba.

Normalmente os investidores se deparam com a questão: Qual então


a melhor escola? É evidente que um analista técnico vai responder que
é a análise técnica e um fundamentalista, que é esta última. Ambas têm
virtudes e deficiências e ambas nos parecem necessárias. O que não nos
parece necessário é ter que escolher entre uma ou outra. Por que não
usar ambas?

Geralmente, a análise fundamentalista é voltada para investimentos


de prazos mais longos e a análise técnica para prazos mais curtos. Por
que então não usar a análise fundamentalista para selecionar as melho-
res empresas (ou pelo menos separar as “boas” empresas) e então usar
a análise técnica para encontrar o melhor momento para comprar ou
vender papéis dessas empresas? Esta nos parece a melhor abordagem.

Suporte e resistência
Os suportes e resistências representam as barreiras psicológicas de
preços, formadas pela força dos compradores e vendedores. As negocia-
ções envolvem uma disputa parecida com aquela brincadeira do “cabo
de guerra”, onde quem tem mais força ganha. Sofrem influência das
forças de procura e de oferta, que tendem a se equilibrar.

110 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 111

A barreira fornecida pelos compradores empurra os preços para


cima, esboçando uma Linha de Tendência de Alta (LTA), após conseguir
quebrar as resistências oferecidas pelos vendedores. Em contrapartida,
os vendedores lutam contra esta força, e quando conseguem vender
fazem o preço cair, ilustrando uma Linha de Tendência de Baixa (LTB),
demonstrando que foi quebrado o suporte dos compradores.

A trégua dessa luta entre compradores e vendedores é representada


através de movimentos laterais, onde os níveis de suporte e resistência
ocorrem simultaneamente. E, posteriormente, compradores e vendedo-
res estão prontos para iniciar nova luta.

É importante saber que quanto mais lutas forem travadas entre com-
pradores e vendedores para tentar quebrar os suportes ou resistências
e estes não se romperem, mais confiável é a barreira de preço imposta.
Portanto, a luta entre compradores e vendedores gera novos suportes e
resistências.

Quando os suportes são rompidos, ocorre uma vitória dos vendedo-


res, no inverso as resistências são rompidas, sabemos que os vencedores
foram os compradores. Após uma quebra de suportes ou resistências
acontecem movimentos acelerados nos preços, devido ao movimento
que o vencedor provoca no gráfico.

A partir desse conhecimento, observando-se os movimentos de com-


pradores e vendedores, pode-se fazer operações lucrativas comprando
no suporte e vendendo posições na resistência. Torna-se necessário, de
qualquer forma, estabelecer mecanismos de proteção do capital com a
utilização do stop loss, caso o ativo não respeite esse nível de preços.
Suporte

É o nível abaixo da cotação atual, sendo que naquele mesmo valor


num momento anterior os preços do ativo tiveram dificuldades em su-
perá-lo, quando encontravam-se ainda abaixo ou tiveram dificuldade de
rompê-lo para baixo quando já estavam acima. Nesse nível de preço, os
compradores comparecem fazendo com que a procura supere a oferta e
os preços travam e tendem a subir.

Resistência

É o nível acima da cotação atual, sendo que a oferta tem como finali-
dade impedir o aumento dos preços, superando a procura.

Como definir a importância dos suportes


e resistências?
Tempo – quanto mais tempo o preço da ação ficar próximo de um
suporte/resistência, maior a sua importância.

Volume – quanto maior o volume perto de um suporte/resistên-


cia, maior a sua importância.

Amplitude – quanto maior a amplitude (distância) entre os su-


portes e resistências, menor a sua importância.

112 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 113

Como avaliar as quebras?


Verificar a importância do nível quebrado (suporte/resistência) e
o volume que acompanha essa quebra.

Após uma quebra é necessário estabelecer novo nível de suporte/


resistência.

*Regra mais importante = INVERSÃO:

Quebra de um suporte = esse suporte passa a ser uma resistência

Quebra de uma resistência = essa resistência passa a ser um suporte

O autor.
Ponto de venda

Resistência 2

Ponto de compra

Resistência 1
Suporte 2

Suporte 1
Antiga resistência trabalhan-
do como suporte (Princípio
de inversão)
Ponto de compra
Texto
complementar

Conheça alguns dos termos mais usados


pelos analistas
do mercado de capitais 
Na hora de acompanhar os relatórios de analistas fundamentalistas
sobre empresas listadas em bolsas, muita gente ainda mostra dúvidas
em relação a alguns dos termos usados. Isso ocorre com grande frequ-
ência, já que não existe um padrão único adotado pelos analistas.

Além disso, considerando a importante participação dos investidores


estrangeiros no mercado brasileiro, muitos relatórios trazem termos em
inglês, muitos dos quais não têm uma tradução direta para o português.

Análise relativa ou absoluta


A primeira distinção que deve ser feita é checar se a análise se refere
ao comportamento absoluto ou relativo do ativo. Algumas recomenda-
ções de COMPRA, por exemplo, são absolutas, ou seja, o analista espera
que o preço da ação irá subir em relação à cotação atual, com possibili-
dade de gerar ganhos ao investidor.

Por outro lado, alguns analistas utilizam uma metodologia diferente. Por
exemplo, a classificação OUTPERFORM indica que a cotação do ativo em

114 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Escolas de análise de investimentos 115

questão, na opinião do analista, deve superar algum índice de referên-


cia, por exemplo, o Ibovespa ou mesmo um índice setorial.

A melhor forma de identificar qual o critério adotado é, de posse do re-


latório, checar as últimas páginas da análise, que, para a maioria das ins-
tituições que atuam neste mercado, traz uma descrição mais detalhada
da metodologia e dos critérios adotados.

Alguns termos em português


Os termos mais usados pela maioria dos analistas que publicam seus
relatórios em português são os tradicionais COMPRA, MANUTENÇÃO
e VENDA. No entanto, é comum também a utilização de termos como
NEUTRA ou MANTER para ativos nos quais os analistas esperam um de-
sempenho em linha nos próximos meses.

Alguns analistas também usam a expressão ATRAENTE, muitas vezes


dentro de um conceito intermediário entre MANUTENÇÃO e COMPRA.
Já o termo FORTE COMPRA aparece em alguns relatórios, em geral indi-
cando os papéis “preferidos” pelos analistas ou com potencial de valori-
zação significativo.

Outra expressão usada por muitos analistas é RESTRITO, que indica que
o banco ou corretora não está divulgando sua recomendação sobre o
ativo. Isso geralmente ocorre quando a instituição está trabalhando em
algum projeto de finanças corporativas com a empresa, de forma que
não seria ético a instituição revelar sua recomendação, pois pode estar
de posse de informações confidenciais.
Expressões em inglês
Se alguns investidores encontram dificuldades em entender as reco-
mendações em português, o problema se agrava quando os relatórios
usam termos em inglês. No entanto, assim como em português, boa
parte dos relatórios em inglês usa as expressões BUY, HOLD e SELL, refe-
rindo-se, respectivamente, à COMPRA, à MANUTENÇÃO e à VENDA.

Outra forma bastante utilizada, principalmente quando a análise é re-


lativa a um índice de mercado ou setor, é a classificação que considera
OUTPERFORM (previsão de desempenho acima do índice de referência),
NEUTRAL ou PEER PERFORM (em linha) e UNDERPERFORM (expectativa
de desempenho inferior ao indicador em questão).

Utilizando uma metodologia similar, bastante aplicada a carteiras reco-


mendadas, muitos analistas usam termos como OVERWEIGHT, NEUTRAL
ou UNDERWEIGHT, indicando que o investidor deve aumentar sua expo-
sição, mantê-la inalterada ou reduzi-la, respectivamente.

Dentre os termos usados encontram-se também REDUCE, que geral-


mente equivale à VENDA, e também FULLY VALUED, muitas vezes usado
entre MANUTENÇÃO e VENDA.

Por fim, uma expressão muito usada, tanto em relatórios de instituições


brasileiras como estrangeiras, é TOP PICK. Ela equivale, de certa forma,
ao FORTE COMPRA, indicando uma ação na qual o analista mostra uma
preferência, geralmente fazendo parte de uma carteira recomendada.

116 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento,
mercado de opções e mercados
futuros (BM&F)

O investidor pode participar do mercado, basicamente, de duas


formas: coletivamente ou individualmente.

Coletivamente
Os interessados adquirem cotas de fundos de investimento ou clubes
de investimento em ações.

Fundos de investimento
Concentra capitais de vários investidores para aplicação em uma car-
teira diversificada de títulos, valores mobiliários, instrumentos financei-
ros, derivativos ou commodities negociadas em bolsas de mercadorias
e futuros. Fundos não têm limitação de número de cotistas e aceitam
aplicações de pessoas jurídicas.

Exemplo de fundo de investimento

Vamos conhecer agora um fundo de investimentos existente no mercado.

Obs.: omitimos o nome do fundo e seu gestor pois serão utilizados


apenas como modelo didático.
Um Fundo de Investimento em Ações (FIA), gerido por . . . , tem como
objetivo superar o retorno do Ibovespa, sem necessariamente acompa-
nhá-lo, proporcionando rentabilidade de longo prazo aos cotistas.

Política de investimento – a gestão do fundo não procura fazer


market timing, mas investir em empresas escolhidas após profundo tra-
balho de análise fundamentalista desenvolvida internamente por seus
profissionais. O conceito é utilizar a bolsa de valores como um instru-
mento para adquirir participação nas empresas destacadas. A gestão do
fundo procura oportunidades de criação de valor para os cotistas, com
horizonte de investimento de longo prazo e sem o uso de instrumentos
de alavancagem ou derivativos.

Além da análise quantitativa dos índices financeiros das empresas, os


gestores do fundo utilizam o método do fluxo de caixa descontado para
precificar as ações. Também são avaliados os aspectos qualitativos das
empresas, entre os quais se destacam:

análise do setor, suas barreiras de entrada e potencial de crescimento;

poder de barganha da empresa com fornecedores e clientes;

alinhamento de interesses entre controladores e minoritários;

remuneração dos executivos e alinhamento de seus interesses


com os sócios da empresa;

governança corporativa;

viabilidade e risco dos projetos de expansão da empresa;

risco de influência política ou de órgãos regulatórios;

importância dada pela empresa à disciplina financeira.

120 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 121

Clubes de investimento
Também concentram capitais de vários investidores para aplicação
em uma carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, dentro de
regras específicas estabelecidas pela CVM e pela Bovespa. Ainda que
seja uma pessoa jurídica, aparece nas estatísticas da bolsa como negó-
cio de pessoas físicas.

Do ponto de vista prático, não há diferença entre investir num fundo


ou num clube. Nos dois casos, o investidor estará juntando seus recur-
sos aos de outros investidores e delegando a um gestor autorizado pela
CVM a escolha da sua carteira de ações.

Diferenças entre fundos de investimento e O autor.

clubes de investimento
Diferenças
Fundo Clube
Aceita aplicadores de pessoas jurídica e física. São exclusivos para pessoa física.
Não há limita máximo de cotistas. Mínimo de 3 cotistas e máximo 150 cotistas.
Há obrigatoriedade de patrimônio mínimo. Não há obrigatoriedade de patrimônio
mínimo.
Há limite mínimo de aplicação. Não há limite mínimo de aplicação.
Obrigatoriedade de publicação de balanços. Não há obrigatoriedade de publicação de
balanços.
Não pode ser administrado pelos próprios Pode ser administrado pelos próprios só-
sócios e sim por empresas habilitadas. cios ou por corretoras.

Individualmente
O investimento é feito direto pelo investidor através de uma correto-
ra onde esteja cadastrado. O investidor, dessa forma, é responsável pela
seleção da carteira de ações e pelo timing de compra e venda. Dados os
riscos envolvidos neste investimento, aos iniciantes é recomendado o
profundo entendimento do mercado antes de qualquer operação.

O autor.
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Mercado à vista
Uma operação à vista é a compra ou venda de uma determina-
da quantidade de ações a um preço estabelecido em pregão. Assim,

122 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 123

quando há a realização de um negócio, ao comprador cabe dispender


o valor financeiro envolvido na operação e ao vendedor a entrega dos
títulos-objeto da transação, nos prazos estabelecidos pela bolsa de va-
lores. Se a negociação se dá num dia D, tem-se.

Liquidação física: em D + 2, a corretora do vendedor entrega as


ações.

Liquidação financeira: em D + 3, a corretora do comprador paga o


valor e recebe as ações.

Em caso de não liquidação:

D + 3 e D + 4: entregas com atraso (paga multa).

D + 5: a bolsa autoriza corretora do comprador recomprar a ação.

D + 5 a D + 7: prazo para a corretora do comprador recomprar as


ações em pregão; valor debitado à corretora do vendedor.

D + 8: prazo final para a corretora compradora confirmar a execu-


ção de recompra.

D + 9: se a recompra não se realizar, reverter a operação.

Importante: caso haja diferenças de preços, estas serão debitadas à


corretora do vendedor.

Mercado de opções
Opções são contratos negociados nas bolsas de valores, que con-
cedem a seu titular o direito de negociar algo em data futura por um
preço predeterminado. A opção de compra (call) garante ao seu titular
o direito de comprar um ativo (ação-base) em data futura por um preço
predeterminado. A opção de venda (put) garante ao seu titular o direito
de vender um ativo em data futura por um preço predeterminado. Ação-
-base é o ativo da qual a opção é derivada.

Vamos ilustrar o conceito com um exemplo simples. Quando você


compra uma apólice de seguro de seu carro, a seguradora vende um
seguro que valerá por determinado prazo e cobra um prêmio de seguro.
Esse prêmio é fixado pela seguradora tomando-se em conta o valor do
ativo-objeto (no caso, seu carro). Quanto mais alto o preço do seu carro,
mais alta será a indenização exigida por você (comprador) e consequen-
temente o valor do prêmio pago. O prêmio também será mais alto quanto
maior for o risco de furto ou acidente e quanto mais longo for o período
de cobertura de riscos (1 mês, 1 ano, 2 anos). Ou seja, a compra de uma
apólice de seguro se assemelha à compra de uma opção de venda de um
derivativo. O valor pago pelo seguro corresponde ao preço pago pelo se-
gurado para ter esta “opção de venda”, que, no caso das opções também
é chamado de prêmio que o comprador paga para ter um direito de
vender um determinado ativo a um preço no futuro. Portanto, a apólice
de seguro é uma forma de derivativo porque seu preço depende do valor
do objeto segurado e das outras variáveis (risco de furto, acidente etc.) e
caso o veículo segurado tenha um sinistro, o detentor da apólice tem o
direito de acionar a seguradora e receber o valor segurado.

É difícil afirmar há quanto tempo existem derivativos. Apesar de ser


um termo relativamente novo, existem evidências de que desde meados
do século XIX a famosa Bolsa de Mercadorias de Chicago (EUA) já nego-
ciava contratos futuros de produtos agrícolas. Contrato futuro é uma das
classes de derivativos. Além deles, existem os swaps (troca, em inglês),
opções e contratos a termo, que são uma variação dos futuros.

124 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 125

Vencimento das opções

As opções, ao contrário das ações, têm um prazo para negociação. O


prazo final para negociação é conhecido como data de vencimento ou
data de exercício. Essa data corresponde ao prazo final para exercício da
opção. Após essa data, as opções não exercidas perdem o seu valor.

Exercício de opções

O exercício da opção é dado no momento em que o investidor opta por


negociar a ação sobre a qual possui uma opção, pelo preço especificado.
Os exercícios acontecem mensalmente, na terceira segunda-feira do mês.

Preço de exercício e prêmio

O preço especificado no contrato, que corresponde ao valor a ser


pago pelo ativo caso a opção seja exercida, é conhecido como preço de
exercício. O valor pelo qual a opção é negociada (a cotação da opção) é
chamado de prêmio.

Comprador e lançador

Há duas pontas em cada contrato de opção. Numa delas o investidor


assume a posição comprada, ou seja, compra a opção; na outra está o lan-
çador, que assume a posição vendida (isto é, vende ou lança a opção).

O investidor que compra a opção de compra garante o direito de


comprar o ativo até determinada data por certo preço, enquanto o lan-
çador (vendedor) de uma opção de compra recebe o dinheiro do prêmio,
mas se compromete a vender a quantidade específica de um ativo até
determinada data pelo preço estabelecido.

Na prática, o comprador da opção de compra toma o risco, já que se


o valor da opção não superar o preço do ativo-base na data do venci-
mento da opção, esta perde o seu valor. O lançador, por sua vez, toma
uma posição defensiva, ou seja, garante a venda do ativo a determinado
preço, e lucra o valor do prêmio da opção caso o preço da ação-base
apresente queda.

Códigos de negociação
de opções de compra

Tabela do código alfabético para o mês de vencimento

Mês de vencimento Opção de compra


Janeiro A
Fevereiro B
Março C
Abril D
Maio E
Junho F
Julho G
Agosto H
Setembro I
Outubro J
Novembro K
Dezembro L

126 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 127

Exemplo de opção

VALEJ42 – Série da opção

VALE – Código da empresa

“J“ – Letra que indica o mês de vencimento da opção

“42” – Preço de exercício (strike)

Risco do titular (comprador) da opção de compra – o risco do titu-


lar de uma opção está limitado ao valor pago pelas opções (o prêmio).
No entanto, é necessário que o investidor esteja consciente de que ele
poderá perder até a totalidade de seu investimento se o comportamen-
to do preço à vista, após a aquisição das opções e até o seu vencimento,
não for favorável à sua posição (as opções são válidas apenas por deter-
minado período, ao final do qual expiram).

No caso das opções de compra, se o titular permanecer de posse da


opção até o vencimento e, nessa data, o preço à vista da ação estiver
abaixo do preço de exercício, ele não a exercerá (não seria vantajoso
comprar as ações por um preço maior do que o do mercado), nem tam-
pouco conseguirá transferi-la para outro investidor. No jargão do merca-
do, a opção terá “virado pó” e o investidor terá perdido integralmente a
quantia que gastou para adquiri-la.
Exemplo

Compra de uma opção de compra

Ponto de equilíbrio

Área de ganho

Área de perda

R$45,00

Risco na venda a descoberto (lançamento) de opções de compra –


o lançamento de opções de compra a descoberto, ou seja, o recebimento
de uma quantia em dinheiro (o prêmio) para assumir o compromisso de
vender ações, que o investidor não possui, é uma estratégia que envolve
um elevado grau de risco.

O titular dessa opção (o investidor que pagou o prêmio para o lançador


assumir o compromisso) somente vai exercê-la se isso for interessante para
ele, ou seja, se o preço à vista do papel for superior ao preço de exercício
da opção. Para o lançador, isso significa que ele será obrigado a adquirir as
ações no mercado à vista para entregá-las pelo preço de exercício.

A partir do momento em que a diferença entre o preço à vista e o de


exercício for maior que o prêmio recebido, o lançador estará incorrendo em
prejuízo, o qual aumentará de acordo com a valorização da cotação à vista.

128 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 129

Outro aspecto a ser considerado nessa estratégia é que, durante toda


a vigência de sua posição, o lançador descoberto estará obrigado a de-
positar garantias para cobrir os prejuízos potenciais da operação, cujo
valor é calculado diariamente.

A venda de ações a descoberto, ou seja, sem posição em custódia,


não é permitida através do sistema home broker.

Estratégia de financiamento com opções –


venda de opções de compra coberta

Diz-se que uma opção é coberta quando o lançador deposita,


em garantia, a totalidade das ações-objeto a que se refere a opção
lançada. O objetivo básico do lançamento é obter um retorno maior do
que aquele que seria seguido com a simples posse ou venda imediata
das ações. Coberto o lançamento, o aplicador reclassifica o seu nível de
risco, deslocando o seu ponto teórico de venda para um valor igual ao
preço à vista da ação-objeto, menos o prêmio recebido.

Com o mercado em baixa, o lançador coberto se protege até o ponto


em que o preço à vista da ação-objeto for igual ao preço que ele pagou
por ela, menos o valor do prêmio recebido. Somente a partir desse ponto
é que incorrerá em prejuízo.

Mercado futuro
É o mercado no qual são negociados contratos que estipulam que
as partes tenham o compromisso de comprar ou vender, numa data
futura, um determinado ativo que pode ser mercadorias (commodities),
moedas ou instrumentos financeiros, por um valor que é fixado no mo-
mento da negociação. Como os contratos são padronizados, existe a
intercambialidade de posições, ou seja, o compromisso assumido com
uma contraparte poderá ser encerrado com qualquer outra contraparte,
sem a imposição de vínculo bilateral. A principal bolsa de negociação de
contratos futuros no Brasil é a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

O que é commodity?

Bem primário em estado bruto, produzido em escala mundial e


com características físicas homogêneas (café, açúcar, soja, algo-
dão etc.) cujo preço é determinado pela oferta e procura inter-
nacional.

Mercadoria de importância internacional, com pequeno grau


de beneficiamento ou industrialização (carne, ouro etc).

Qualquer bem, direito, obrigação ou indicador sobre o qual ba-


seia-se um contrato futuro.

Ajuste diário

Num contrato futuro, ambas as partes têm a obrigação de honrar o


negócio, por isso não há prêmio a ser pago ou recebido. O que existe é
a exigência de um depósito de margem inicial de ambas as partes a fim
de evitar o risco do não cumprimento do acordo. Se, ao final do dia, a
operação estiver tendo prejuízo, a BM&F exigirá uma margem adicional.
No caso da estratégia fechar o dia em território positivo, o resultado do
ajuste diário será creditado. Através desse mecanismo, tanto a conta do

130 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 131

comprador quanto a do vendedor do contrato serão ajustadas diaria-


mente (creditada ou debitada).

Hedger
É uma estratégia de proteção financeira usada para minimizar um
investimento de risco durante um determinado período. Um hedge per-
feito é aquele que elimina a possibilidade de perdas futuras. O inves-
tidor, neste caso é um hedger. A operação de hedge nunca visa lucros
mas exclusivamente a busca de proteção financeira contra oscilações
desfavoráveis dos ativos no mercado.

Especulador

É aquele que compra ou vende um determinado ativo com o único


objetivo de fazer lucro, aceitando o risco que o hedger tenta evitar. Jus-
tamente por isso, ele é o agente que dá liquidez aos mercados e os torna
mais eficientes devido à sua atuação nos preços.

Um contrato futuro é, portanto, um acordo de intenções no qual as


partes envolvidas se comprometem a comprar ou vender determinado
ativo para liquidação física ou financeira, em data futura, mas a um preço
estabelecido hoje.

Para entender melhor como funciona na prática, imagine que a pessoa


“A” compre em janeiro de 2009 um contrato futuro de soja, com venci-
mento em julho de 2009 ao preço de R$40,00 por saca. Imagine que em
julho, data da liquidação do contrato, a soja esteja sendo negociada no
mercado à vista por R$50,00/saca. Neste caso, o comprador pode optar
por receber a mercadoria e vender as sacas de soja no mercado pelo preço
de R$50,00 ou receber R$10,00 por saca, que é a diferença entre o preço
que ele comprou e o preço no mercado no dia do vencimento.

No nosso exemplo, houve valorização do ativo, mas poderia ter ocor-


rido uma desvalorização e daí, uma correção para baixo.

Para evitar que sejam realizados os acertos financeiros apenas no


vencimento, as bolsas introduziram os ajustes diários, que servem para
quem compra e quem vende receber diariamente créditos ou débitos
referentes às diferenças dos preços.

Além disso, para minimizar risco de inadimplência por conta das os-
cilações entre preços pré-acordados e os praticados no mercado à vista,
existe um sistema de margens de garantia que, no Brasil, é feito pela
câmara de compensação da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

Mini-índice Bovespa
Mini-índice é um contrato futuro negociado na BM&F, formulado
para o pequeno investidor. Esse contrato negocia o índice futuro do Ibo-
vespa, sendo que um contrato equivale a pontuação do mesmo.

As negociações seguem os parâmetros abaixo:

Cada ponto equivale a R$0,20; portanto a cada 1 000 pontos uma


variação de R$200,00.

O lote mínimo de operação é de 1 contrato.

Ajustes são diários.

132 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 133

Margem de garantia fixa (ações, dinheiro ou CDB).

Corretagem: cobrado por operação podendo variar no day-trade.

Vencimento nos meses pares – na quarta-feira mais próxima do dia 15.

Mês de vencimento
G – fevereiro
J – abril
M – junho
Q – agosto
V – outubro
Z – dezembro

Exemplo:

Compra de 10 contratos de mini-índice a 57 060 pontos.

Estratégia altista: a operação será vencedora se o índice ficar aci-


ma de 57 060 pontos.

Resultado da operação:

CENÁRIO A: Mercado vai a 57 500 pontos

Compra a 57 060 e venda a 57 500.

Saldo positivo de 440 pontos. Assim:

10 . R$0,20 . (440) =

R$880,00 de lucro.
CENÁRIO B: Mercado desce a 56 600 pontos

Compra a 57 060 e venda a 56 600.

Saldo negativo de 460 pontos. Assim:

10 . R$0,20 . (460) =

R$920,00 de prejuízo.

Índice Futuro Bovespa


Índice Futuro Bovespa são contratos negociados na BM&F que pos-
suem precificação baseada no valor do Ibovespa, de acordo com os pa-
râmetros abaixo;

cada ponto equivale a R$1,00;

mínimo de 10 contratos;

ajustes diários;

margem de garantia 15%;

corretagem: 0,25% .

Você que é investidor pessoa física, antes de começar a “tentar”


ganhar dinheiro no mercado futuro é bom relembrar que não há garan-
tia de lucro e que as boas performances passadas de alguns mercados

134 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Alternativas de investimento, mercado de opções e mercados futuros (BM&F) 135

não garantem ganhos futuros. Além disso, as operações neste mercado


são normalmente muito arriscadas, pois embutem elevado risco para
quem quer especular com os preços de alguns ativos. Por outro lado,
esses contratos são muito utilizados como forma de proteção (hedge)
nos mercados financeiros.
Estratégias operacionais

As emoções fazem parte dos mercados de risco e podem aumentar


ou diminuir, tanto quanto o investidor permita. Lidar dessa forma com o
dinheiro gera uma inversão muito rápida de sentimentos e pensamen-
tos, muito acima do nível a que estamos biologicamente acostumados a
aceitar como normal. Controlar o lado emocional é uma das tarefas mais
difíceis e, talvez, um dos principais motivos pelo qual perde-se dinhei-
ro nesse mercado. Muitos investidores convivem com fortes emoções e
passam por essas sensações até que desenvolvam suas próprias regras e
estratégias de investimento. A disciplina e boa estratégia são as melho-
res armas para enfrentar essa volatilidade nos seus sentidos.

Muitos não sabem o que fazem


Tanto a TV, quanto as revistas, sites, jornais, analistas, corretoras, entre
outros, apresentam apenas ideias do que é mais provável que aconteça fu-
turamente com o mercado. Essas ideias vão se misturando e formando uma
nuvem que envolve o investidor indeciso, não levando-o a lugar algum.
Dessa forma, os mesmos começam a achar, tentam adivinhar, baseiam-se
em sentimentos, seguem amigos, buscam dicas e adoram previsões.

O efeito paralisante é uma das piores sensações a que pode-se ex-


perimentar. Ocorre quando o investidor, já dentro de uma posição, tem
a razão bloqueada pela emoção e não consegue tomar uma atitude
consciente para proteger seu capital. Pode acontecer tanto durante uma
queda, como numa alta.

Os motivos que levam a isso são sempre os mesmos:

não utilizar o stop de proteção;

não estar seguro do motivo da compra;

não ter em mente o prazo para essa aplicação, ou seja, curto, mé-
dio ou longo;

não olhar o mercado de forma ampla, tomando decisões precipi-


tadas;

estar aplicando uma parte muito grande do seu capital;

estar investindo com um grau de risco alto;

não ter um plano de ação, ou seja, não saber exatamente quando


sair do mercado e qual é o objetivo a ser buscado;

deixar que suas emoções se envolvam na operação.

A importância da estratégia
Ganhar dinheiro no mercado de ações é algo fantástico! Os primei-
ros ganhos, então, são melhores ainda! A sensação é de independência
total, entre muitas outras. É algo como se estivéssemos descoberto o
mapa da mina. Logo se questiona: Por que não iniciei antes?

O investidor empolgado arrisca-se mais do que deve, abre mão dos


dispositivos de segurança, como o stop, e parte para o ataque. Até que,

138 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 139

então, tem seu primeiro prejuízo, relativamente modesto, mas, lá está


ele, acontecendo de verdade.

Um pequeno prejuízo gera a esperança de que, com uma tacada


maior, poderá ser recuperado todo o capital. Então, o prejuízo se repete
e entra a “emoção negativa” por ter perdido duas vezes seguidas. Nova-
mente, aumenta a posição, por acreditar que agora “tem que dar certo”.
E lá se vão alguns milhares de reais. Daí a importância de se ter uma boa
estratégia. Uma boa estratégia precisa: eliminar a percepção do dia a
dia, permitir a compra e venda de ativos pelos motivos certos e ser uma
rastreadora de tendências.

Tendências
Os investidores tentam lucrar com mudanças nos preços: comprando
na baixa e vendendo na alta, vendendo a descoberto na alta e cobrindo na
baixa. Olhando rapidamente alguns gráficos, é possível notar que os merca-
dos definem tendências.

Um dos objetivos da análise técnica é identificar as tendências nos


seus primeiros estágios, para recomendar operações que se beneficiem
desses movimentos. Há um corolário à premissa de que os preços se
movem em tendências: uma tendência em curso tem maiores possibili-
dades de continuar do que de reverter, exatamente como enuncia o Prin-
cípio da Inércia, estabelecido por Isaac Newton. Pode-se também dizer
que uma tendência continuará na mesma direção até que reverta. Parece
uma coisa óbvia, mas a tarefa da análise técnica é identificar a existência
de uma tendência e perceber os sinais de sua reversão. Uma tendência se
manifesta quando os preços continuam subindo ou descendo ao longo
do tempo. Nas tendências de alta, cada subida do mercado atinge um
ponto mais alto do que o anterior e cada declínio para em ponto mais
alto que o precedente. Nas tendências de baixa, cada declínio cai para
um ponto mais baixo do que o anterior e cada subida cessa em nível mais
baixo do que o precedente.

Uma tendência, dependendo da direção, pode ser de alta, de baixa


ou lateral (indefinida).

Portanto, por definição, uma sequência de fundos e topos mais


baixos que os antecedentes forma uma tendência de baixa. Por analo-
gia, uma sequência de topos e fundos mais altos que os antecedentes
define uma tendência de alta, conforme mostrado nas figuras.

Tendência de Baixa
CSNA3 63

O autor.
SID NACIONAL ON (61.6900, 62.0000, 59.9000, 60.2000, -1.38000) 62
61
60
59
58
57
56
55
54
53
Topos descendentes 52
51
50
49
48
47
46
45
44
43
42
41
40
39
38
37
36
Fundos descendentes 35
34

1 28 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 23 30 6 13 20 27 4 11 1
Março Abril Maio Junho Julho

140 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 141

O autor.
Tendência de Alta
BRKM5
BRASKEM PNA (14.6400, 14.7300, 14.2400, 14.5800, +0.22000 16.5
16.0

Topos ascendentes 15.5


15.0
14.5
14.0
13.5
13.0
12.5
12.0
11.5
11.0
10.5
Fundos ascendentes 10.0
9.5
17 24 31 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 23
Agosto Setembro Outubro

Quando em tendência, os indicadores caminham em uma direção


definida, podendo ser duradouros ou não. Em uma abordagem mais
objetiva, pode-se notar que em prazos maiores os preços de um ativo
sobem ou caem com certo padrão. Os preços de um ativo não ficam
sempre nos mesmos níveis. Portanto, é preciso monitorar os preços.

O autor.
Por que monitorar preços?

Se os preços começam a subir é por que o coletivo está comprando.

Se os preços começam a cair é por que o coletivo está vendendo.

Conclusão: é preciso encontrar um modelo que elimine a percepção


do dia a dia, determine pontos de compra e pontos de venda, permita
monitorar preços e detectar tendências.

Indicador de médias móveis


A média móvel é um dos rastreadores mais versáteis, sendo amplamen-
te utilizado, dentre os analistas técnicos. Existem diversos tipos de médias
como aritmética (ou simples), exponencial, ponderada, Welles Wilder etc.
Contudo, o foco será em apenas duas: a aritmética e a exponencial.

A Média Móvel Aritmética (MMA) representa o valor médio, normal-


mente dos preços de fechamento, em um período de tempo.

MMA = PF1+PF2+ . . . PFn


N

MMA: Média Móvel Aritmética de N dias.

PFN: Preço de Fechamento do dia N.

Exemplo:

MMA = 21,25 + 21,30 + . . . 21,15


MMA = 21,23
40

142 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 143

Na fórmula acima, PF representa os diferentes preços, enquanto que


N é a janela de tempo sobre a qual se constrói a média. O parâmetro N é
muito importante quando trabalhamos com médias móveis na análise
gráfica, pois é a variável ajustada para obter melhores resultados. Modi-
ficando seu valor, a média irá responder mais ou menos rapidamente às
variações de preços.

A palavra móvel está presente pelo fato de que quando uma co-
tação entra no cálculo outra cotação sai. Por exemplo, quando se usa
uma média de 20 barras e surge uma nova cotação a mais antiga dessas
20 cotações é excluída do cálculo, enquanto que a mais recente entra.
Assim, a média ”movimenta-se” através do gráfico.

O autor.

Uma média móvel suaviza as flutuações nos preços e apresenta clara-


mente a tendência subjacente. Apresenta resultados muito positivos em
mercados com tendências definidas. Um sinal de compra é dado quando
o preço do fechamento cruza a média móvel de baixo para cima, deven-
do a posição comprada ser mantida enquanto os preços se mantiverem
acima da média móvel. O contrário é válido para a venda. Para uma con-
firmação adicional do sinal de compra ou de venda, é comum que se
espere até que a média móvel comece a se movimentar na direção em
que ocorreu o cruzamento.

O uso de uma média de curto prazo faz com que os preços de fecha-
mento sejam acompanhados de perto, ocorrendo dessa forma vários
cruzamentos. Esse maior número de cruzamentos pode ser positivo ou
negativo para o investidor já que, se por um lado a defasagem com que
o sinal é dado é diminuída sensivelmente, por outro lado, serão gera-
das um maior número de operações (maior corretagem) e um maior
número de sinais falsos devido a movimentos de curtíssimo prazo em
sentido contrário ao da tendência (correções técnicas). A grande proeza
está então, na determinação do número de dias para que uma média
móvel seja suficientemente sensível para que os sinais não sejam muito
defasados, mas suficientemente insensível a ponto das correções técni-
cas não tirarem o investidor do mercado.

A seguir tem-se a fórmula da Média Móvel Exponencial (MME). O


preço representa o fechamento do dia de hoje e MME ontem é o valor
anterior da média móvel exponencial e K é uma variável dependente do
período N como pode ser visto.

MME = preço . K + MMEontem . (1-k)

Onde: K = 2
N+1

144 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 145

Exemplo:

K= 2 K = 0,0488 MME=24,00 . K+24,96 . (1-K)


40 + 1
MME=24,00 . 0,0488 + 24,96 . 0,9512
MME= 1,1712 + 23,7420
MME= 24,91

Ao contrário da média simples, na exponencial os dados mais novos


possuem uma importância superior. Além disso, os valores mais anti-
gos não são diretamente descartados quando passam a constar fora da
janela de cálculo. Eles mantêm uma participação no valor da média ex-
ponencial que vai ficando cada vez menor com o tempo.

Seja qual for o tipo de média que se utilize, o que realmente importa
é a direção de sua inclinação. Quando sobe, indica otimismo do mer-
cado, com uma possível alta. Quando ela desce, o inverso é verdadeiro.
O único detalhe a se observar é: se o mercado está mais altista do que
antes, os preços sobem acima da média móvel e, quando está mais bai-
xista do que antes, os preços caem abaixo da média móvel.

Estratégias com médias móveis


Como observado anteriormente, as duas médias têm características
distintas, sendo uma melhor para um período e a outra melhor para o
outro, portanto, utiliza-se a combinação das duas, uma média mais longa
e menos sensível às pequenas correções para definir a tendência; e uma
mais curta, para caracterizar melhor o comportamento do mercado.
Na prática, o investidor irá comprar um determinado ativo quando
a Média Móvel Exponencial (MME) cruzar para cima a Média Móvel
Aritmética (MMA). Esse cruzamento pode nos indicar o início de uma
tendência, que pode se confirmar ou não. Se a expectativa de alta não se
confirmar, é importante ter um plano B, o stop. O investidor inteligente
deve especular, mas nunca torcer.

O autor.
O cruzamento de médias móveis, quando os preços de curto prazo
estiverem acima de uma média histórica, revela que existem investido-
res dispostos a pagar mais do que o mercado até então dava como justo.
A compra neste ponto é interessante, pois pode iniciar ali uma grande
alta.

Da mesma forma, o investidor pode tomar decisões de venda de


ativos, ou stop de compra, quando a média exponencial cruzar para
baixo a média aritmética. Vender nesse cruzamento é uma possível saída
do mercado antes de uma tendência de queda.

146 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 147

Ponto de compra
Sempre que a média exponencial cruzar a média aritmética para cima.

O autor.
Ponto de venda
Sempre que a média exponencial cruzar a média aritmética para baixo.

O autor.
Por que acreditar nas médias móveis
Porque no longo prazo o mercado segue tendências.

Porque é possível verificar se as pessoas estão comprando mais


ou vendendo mais.

Porque sempre compra-se uma boa relação risco retorno.

Quando a tendência não se confirma se reduz as perdas.

Quando a tendência se confirma há possibilidade de altos ganhos.

Porque não se faz previsões!

Importante: os pontos de compra e venda não garantem certeza de


nada. Apenas indicam a tomada de decisão.

Perfil do investidor
Através da utilização das médias móveis adequamos a estratégia do
investidor ao seu perfil.

Veja no quadro abaixo que os diferentes perfis exigem a utilização de


diferentes tempos gráficos bem como stops.

148 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Estratégias operacionais 149

Gráficos Perfil O que busca Stop médio MM Número de STOP’s


20’ agressivo ganho curto prazo 3% 250/9 XXXXXXXXXXXXXXX
40’ agressivo – moderado ganho curto prazo 4% 250/9 XXXXXXXXXX
60’ moderado ganho médio prazo 6% 250/9 XXXXXX

Diário conservador diário ganho longo prazo 9% 40/9 XXXX


Semanal conservador semanal ganho longo prazo 11% 40/9 XX
Mensal conservador mensal ganho longo prazo 14% 40/9 x

Obs.: 1 – Nenhuma posição deverá ultrapassar 25% do capital do cliente


2 – Os sinais de Stop deverão ser respeitados
3 – O perfil do cliente deverá ser respeitado em função do tempo gráfico

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos para uso exclusivo do destinatário, não podendo
ser reproduzido ou distribuído por este a qualquer pessoa sem expressa autorização da XP Investi-
mentos. Este relatório é distribuído somente com o objetivo de prover informações e não representa,
em nenhuma hipótese, uma oferta de compra e venda ou solicitação de compra e venda de qualquer
instrumento financeiro. As informações contidas neste relatório foram elaboradas a partir de acom-
panhamento de um sistema de médias móveis e são consideradas confiáveis na data na qual este
relatório foi publicado. Entretando, as informações aqui contidas não representam, por parte da XP
Investimentos, garantia de exatidão das informações prestadas ou julgamento sobre a qualidade das
mesmas e não devem ser consideradas como tal.
Aplicações com
as médias móveis

Mercado a termo
Mercado a termo é a compra ou venda de uma determinada quan-
tidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determi-
nado, a contar da data de sua realização em pregão, resultando em um
contrato entre as partes. Todas as ações negociáveis na Bovespa podem
ser objetos de um contrato a termo.

O preço a termo de uma ação resulta da adição, ao valor cotado no


mercado à vista, de uma parcela correspondente aos juros, que são fixa-
dos livremente em mercado, em função do prazo do contrato. A transa-
ção a termo requer um depósito de garantia na Companhia Brasileira de
Liquidação e Custódia (CBLC). O agente de compensação e a corretora,
responsáveis pela operação a termo, poderão solicitar de seus clientes o
depósito de garantias adicionais àquelas exigidas pela CBLC. Essa garan-
tia é prestada em forma de margem. Essa margem pode ser em dinheiro
ou em títulos que constem da relação específica publicada periodica-
mente pela bolsa de valores.

A CBLC avalia a volatilidade e a liquidez das ações e as condições


gerais das empresas emissoras, classificando os papéis em diferentes in-
tervalos de margem. Como regra geral, os papéis com maior liquidez e
menor volatilidade enquadram-se nos menores intervalos de margem.
Sempre que ocorrer redução no valor de garantia do contrato, decorren-
te de oscilação na cotação dos títulos depositados como margem e/ou
dos títulos-objeto da negociação, será necessário o reforço da garantia
inicial. Os direitos e proventos distribuídos às ações-objeto do contrato
a termo pertencem ao comprador. As principais vantagens desse tipo
de operação consistem em permitir ao investidor proteger preços de
compra, diversificar riscos, obter recursos e alavancar seus ganhos.

O termo é uma operação de financiamento: o vendido no termo se


assegura de uma renda sobre a compra que financiou, e o comprado no
termo garante a lucratividade do vendido com o depósito da margem.
As taxas de financiamento acompanham, normalmente, as demais taxas
do mercado financeiro. Os financiadores sentem-se atraídos pelo termo
em face da possibilidade da liquidação antecipada, caso em que terão
um ganho marginal potencialmente elevado; os financiados, em casos
de alta ou baixa pronunciada, se interessarão em antecipar a liquidação,
para reciclar seu capital ou parar de perder na ponta de baixa.

A liquidação de uma operação a termo, no vencimento do contrato


ou antecipadamente, se assim o comprador o desejar, implica a entrega
dos títulos pelo vendedor e o pagamento do preço estipulado no con-
trato pelo comprador. A venda do papel comprado a termo só poderá
ser feita em d+4 (quatro dias úteis após a contratação do termo) devido
à necessidade de se esperar a liquidação da compra do termo. A rolagem
de um contrato a termo deverá ser feita 3 dias antes da data de venci-
mento do mesmo. Essa liquidação é realizada na CBLC sob sua garantia,
fiscalização e controle, o que assegura o cumprimento dos compromis-
sos, de acordo com o que as partes envolvidas estipularam em pregão.

152 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Aplicações com as médias móveis 153

O autor.
Aluguel de ações
Assim como quando se aluga uma casa ou um automóvel, também no
mercado acionário existe a possibilidade de utilizar temporariamente a pro-
priedade de outros. Para quem está de posse das ações e não pretende vender
no curto prazo, isso pode representar uma fonte adicional de receitas.

A operação é simples: através de uma corretora pode-se oferecer o


aluguel de ações que estão em poder do investidor. Do outro lado estão
investidores que já assumiram posição vendida nessas ações e precisam
dos papéis. Para tal, estão dispostos a pagar um preço.
O tomador é aquele que demanda um empréstimo de ações que não
lhe pertence. O doador é aquele que é proprietário das ações que estão
sendo alugadas.

O tomador do aluguel estará com o ativo disponível em sua carteira, du-


rante o período de vigência do contrato. Analogamente, o doador fica com
o ativo indisponível e não pode vendê-lo durante o período do aluguel.

Rentabilidade adicional
Alugar ações pode ser uma excelente oportunidade para alavan-
car ganhos de investidores com perspectivas de longo prazo. Afinal de
contas, se o dono das ações (doador) não pretende vendê-las no curto
prazo, essas ações podem ser alugadas, gerando uma fonte adicional de
receitas. A operação pode ser comparada, por exemplo, com o aluguel
de um apartamento.

Ao alugar um apartamento de sua propriedade, o locatário fecha um


contrato por tempo determinado e por um valor definido. Quando o
período de aluguel, no qual o locatário não pode negociar a proprie-
dade, se encerra, o proprietário recebe o imóvel de volta. Caso queira
vender após o fim do contrato, estará sujeito às condições de mercado.
O mesmo ocorre no aluguel de ações. Se o papel subir ou pagar proven-
tos no período, é o proprietário, ou doador, que recebe esses benefícios,
obviamente correndo o risco no caso das ações caírem.

154 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Aplicações com as médias móveis 155

Riscos e garantias
Embora o dono das ações continue correndo o risco de qualquer va-
riação do papel, a operação de aluguel em si tem risco muito baixo. A
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) age como regula-
dora da operação, exigindo garantia para quem toma as ações empres-
tadas. Para esses investidores, os tomadores, a CBLC exige uma garan-
tia que, em geral, fica em torno de 100% do valor do aluguel mais um
intervalo de margem determinado pela própria reguladora, que deve
estar disponível quando a operação é fechada. Assim, como no mercado
futuro, as margens são ajustadas diariamente, de forma a proporcionar a
garantia adequada. A margem varia de acordo com fatores de risco, em
geral ficando entre 5% e 20%.

A garantia não precisa necessariamente ser em dinheiro. A CBLC aceita


também outros ativos financeiros, entre os quais títulos públicos federais,
ouro, ativo financeiro, ações que compõem o Ibovespa, títulos privados,
títulos da dívida externa, cartas de fiança bancária e seguros de crédito.

Remuneração e custos
O custo do aluguel, equivalente a uma taxa de juro cobrada pelo perí-
odo, varia de acordo com o mercado. Embora patamares em torno de 4%
a 6% ao ano sejam comuns, níveis abaixo ou acima podem ser registrados,
dependendo do equilíbrio entre oferta e demanda, ou seja, entre ações
disponíveis para aluguel e ações demandadas para aluguel. Essa taxa é
expressa em base anual e calculada pró-rata de acordo com o período de-
finido, que pode variar, a partir de um dia. Vale lembrar que o prazo mais
comum é de 30 dias, com o pagamento dos juros ocorrendo no primeiro
dia útil após o encerramento do contrato.

As corretoras, que fazem a intermediação entre os clientes e a CBLC,


muitas vezes cobram taxas no aluguel de ações. Embora não exista uma pa-
dronização entre as corretoras, níveis próximos a 0,5% do valor total do alu-
guel são comuns. A CBLC cobra uma taxa de registro de 0,25% do tomador.

Modalidades e valores
Existem dois tipos de operação de aluguel. A primeira é a reversível,
onde o tomador pode encerrar a operação a partir da data de reversão
estipulada no contrato. A segunda modalidade é a não reversível, onde o
tomador fica obrigado a manter a posição até o final do contrato.

Não existem valores máximos ou mínimos, embora a maioria das cor-


retoras evite trabalhar com operações abaixo de R$10 mil ou R$15 mil,
em função dos custos operacionais envolvidos. Deve ser realizada uma
consulta com a corretora.

Para essas operações, que são sempre realizadas através da mesa da


corretora, é necessário, além de ter as ações em carteira pelo período do
aluguel, ter também um contrato de aluguel de ações em dia.

156 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Aplicações com as médias móveis 157

Vantagens para quem toma


emprestado (tomador)
Quem toma emprestado, após fazer o depósito de garantias na CBLC,
obtém títulos que facilitam a montagem de várias estratégias operacio-
nais, tais como: tomar uma ação emprestada e vendê-la à vista, utilizan-
do os recursos recebidos para comprar uma outra ação que julgue estar
abaixo do preço justo; usar a ação emprestada para liquidar uma opera-
ção de venda à vista, garantia de operações em mercados de liquidação
futura, cobertura no lançamento de opções de compra.

Banco de Títulos BTC


O Banco de Títulos CBLC – BTC é um serviço por meio do qual in-
vestidores disponibilizam títulos para empréstimos e os interessados os
tomam mediante aporte de garantias. A CBLC atua como contraparte
no processo e garante as operações. O acesso ao serviço se dá por meio
de um sistema eletrônico, e o tomador paga uma taxa ao doador, acres-
cida do emolumento da CBLC. A taxa é livremente pactuada entre as
partes. Todos os proventos declarados pelo emissor do título pertencem
ao proprietário original.

A quem se destina
Detentores de carteiras de investimento em geral podem atuar
doando papéis, inclusive fundos de pensão e fundos de investimento.
Investidores, pessoas físicas e jurídicas, inclusive instituições finan-
ceiras, podem tomar papéis emprestados, existindo apenas restrições
legais para alguns segmentos de investidores institucionais.

Como funciona o serviço


A operação de empréstimo, em si, consiste na transferência de títulos
da carteira do investidor para satisfazer necessidades temporárias de um
tomador, que precisa de títulos para suporte de sua atividade de trading
ou para fazer frente à falta de papéis na liquidação de operações de venda
já realizadas.

Qualquer Agente de Custódia da CBLC – isto é, instituições que detêm


contas principais de custódia – pode disponibilizar papéis, sejam da car-
teira própria ou de clientes que tenham autorizado expressamente o
empréstimo. Já os tomadores atuam por meio de sociedades corretoras,
sob a responsabilidade de um agente de compensação.

O sistema eletrônico de acesso ao BTC está disponível no portal <www.


cblc.com.br>. Nele, os tomadores e doadores consultam as ofertas disponí-
veis e registram as operações de empréstimo de títulos correspondentes às
ofertas que atendam às suas necessidades. São também aceitos contratos
de empréstimo previamente formalizados entre doadores e tomadores.

O tomador deve depositar margem de garantia na CBLC por meio


do respectivo agente de compensação. O valor da margem é igual ao
valor atualizado dos títulos, acrescido de um percentual definido pelo

158 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Aplicações com as médias móveis 159

BTC. Esse percentual é fixado considerando-se a liquidez e a volatilidade


dos títulos objeto do empréstimo. O valor das margens é acompanhado
diariamente e recomposto, se necessário, na forma e nos prazos estabe-
lecidos pela CBLC.

Os títulos somente são liberados após o tomador ter depositado


as garantias necessárias na CBLC e o BTC ter autorizado a operação. As
taxas e custos são debitados ao tomador e creditados ao doador no
primeiro dia útil após o encerramento da operação de empréstimo. O
custo do tomador inclui a taxa de registro e a taxa de emolumento da
CBLC. O doador recebe a taxa do empréstimo deduzida do Imposto de
Renda aplicável. A base de cálculo dos custos e emolumentos é obtida
pela multiplicação da quantidade de títulos emprestados pela cotação
média de mercado verificada no dia útil imediatamente anterior à data
de registro da operação de empréstimo. As taxas são expressas em bases
anuais, com capitalização composta por dias úteis.

O autor.
Montagem e gerenciamento de carteira
Os determinantes na rentabilidade da administração de uma car-
teira de ações são a capacidade de trading (habilidade para comprar e
vender), market timing (antecipar os movimentos do mercado) e stock
picking (seleção das ações com maior potencial de apreciação).

O quadro a seguir, mostra um exemplo de acompanhamento e diver-


sificação de carteira com base na estratégia das médias móveis.

O autor.

160 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Aplicações com as médias móveis 161

O quadro mostra exemplo onde realizamos nove compras sendo


que seis delas obtiveram êxito e resultados favoráveis ao investidor
e outras três operações não foram bem sucedidas, indicando menor
risco com a utilização da referida estratégia.

Tomada de decisão
Há grandes diferenças entre investidor disciplinado e investidor in-
disciplinado. O primeiro segue estratégia, tem uma visão objetiva do
mercado e opera buscando retorno de acordo com seus objetivos. Já o
segundo baseia suas decisões em impulsos e intuição.

Portanto, depois das informações obtidas, cabe ao investidor planejar


e verificar de quanto dispõe; que nível de motivação pessoal terá para
assumir um determinado risco; determinar o momento e a estratégia
que irá adotar. Enfim, estar seguro para tomar a decisão e ingressar seus
investimentos em ações.

A seguir um exemplo de composição de uma carteira para um cliente


com perfil médio conservador.
Montando uma carteira

Médio conservador

O autor.
Curto prazo Médio prazo Longo prazo
• 20 minutos Especulação 60 minutos Diário

• 40 minutos

• 60 minutos

• Diário
IND FUT
• Semanal

DOL FUT

BGI FUT

SOJ FUT

OPA´S

20 MIN

Qto. invisto?

10% 50% 40%

162 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


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168 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores


Referências 169

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Anotações

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