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Etapa 1 – A pergunta de partida


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• O primeiro problema que se coloca ao


investigador é o de saber como deve começar
(bem) o seu trabalho.
• Essa dificuldade tem origem na preocupação
em fazê-lo bem, mas… uma investigação é algo
que se procura, com tempo, paciência e
recursos.
• Uma investigação científica obedece a um
método, a regras e etapas que devem ser
cumpridas.
• O investigador deve obrigar-se a escolher um
primeiro fio condutor, mas que pode ser
provisório → a pergunta de partida.
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A escolha do tema
• Numa investigação académica, o tema deve estar
claramente inserido na área do curso, demonstrando e
desenvolvendo os conhecimentos adquiridos ao longo do
mesmo.
• Por exemplo, num curso de GOES, ao definirmos o
nosso objeto de estudo, devemos sempre considerar
as 3 dimensões do nome:
1.Gestão,
2.Organizações,
3.Economia Social.
É no cruzamento entre estas 3 dimensões que o nosso
objeto de estudo deve ser construído.

• O investigador deve demonstrar domínio da literatura


(teoria) e das técnicas de recolha de informação.
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• O tema deve ser adequado, ponderando os


eventuais constrangimentos / dificuldades e os
recursos que o investigador tem à sua disposição:
- de tempo;
- de motivação pessoal / gosto pelo tema;
- de recursos humanos, materiais e financeiros;
- de acesso à literatura relevante e a outros dados;
- de conhecimento prévio sobre o tema, etc.

• O tema pode revelar um interesse particular do


investigador ou da instituição onde trabalha; essa
dimensão é valorizada, pois traduz um
questionamento sobre um problema concreto, a
que o investigador vai procurar dar resposta, com a
sua pesquisa.
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Passos para a escolha do tema


1. Encontrar uma área geral de interesse, dentro da Gestão de
Organizações de Economia Social (ex: Gestão Estratégica,
Comportamento Organizacional, Marketing, Comunicação, Inovação
social, Gestão da Qualidade, Direito, Recursos Humanos, Políticas
Sociais, Sustentabilidade, etc.)

2. Encontrar um tema mais específico dentro da área geral. Para isso,


deve-se refletir sobre questões, dúvidas, interesses que se teve ao longo
da formação, ou sobre problemas organizacionais concretos.

3. Pensar em que contexto gostaria de investigar este tema (uma IPSS,


Associação, Fundação, Cooperativa, ONG, etc.). Caso tenha contacto
próximo (de trabalho ou outro) com uma instituição, pode tentar saber
que tipo de pesquisa lhes poderia interessar, e que tipo de acesso
poderão dar à pesquisa.

Etapa seguinte: recolher, selecionar e organizar leituras sobre o tema


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Erros a evitar:
• Gula livresca ou estatística (querer ler muito, sem
critério)
• A passagem às hipóteses (não colocar hipóteses;
passar diretamente das leituras para a observação)
• A «ênfase que obscurece» (utilizar uma linguagem
pomposa)

Para começar bem, nada como cumprir a primeira


etapa do método: a PERGUNTA DE PARTIDA
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PERGUNTA DE PARTIDA
• A pergunta de partida é a pergunta que o
investigador coloca a si próprio no início da
investigação. É a questão que ele irá tentar
resolver, com a sua investigação.
• Para ter um fio condutor, um guia para o seu
trabalho, o investigador deve pensar o seu
projeto em torno de uma pergunta de partida,
através da qual tenta exprimir o mais exatamente
possível o que vai procurar saber, descobrir,
compreender melhor.
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A pergunta de partida - qualidades


• Deve ser precisa (não pode ser vaga, nem confusa, nem muito
abrangente)
• Deve ser concisa e unívoca (não deve ser longa, nem
Clareza desordenada; deve ter um só sentido)

• Deve ser realista (atender aos recursos disponíveis –


Exequi- tempo, conhecimento, dinheiro, materiais, pessoas)
bilidade

• Deve ser uma verdadeira pergunta (aberta e sem segundas intenções)


• Deve ser sobre a realidade existente e não sobre o futuro
Perti- • Deve ter a intenção de compreender, não de julgar. Pode ter uma
nência preocupação ética ou política, mas deve ser objetiva e imparcial.
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Pesquisa no Repositório do IPSantarém:


https://repositorio.ipsantarem.pt/handle/10400.15/2700
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Exemplos de perguntas de partida


(retiradas de dissertações MGOES)
• Quais os principais riscos psicossociais dos
trabalhadores do setor social e em que medida
influenciam a sua produtividade?
• Qual o impacto da implementação do referencial
EQUASS na melhoria da qualidade de vida dos
clientes do Centro de Reabilitação X?
• Qual a influência da motivação no desempenho
individual dos colaboradores da IPSS Y?
• Qual o impacto social provocado pelo trabalho
desenvolvido pela Associação Z na comunidade?
• Qual o impacto que a capacitação provocou na
vida das pessoas em risco de exclusão social, no
concelho de Alpiarça?
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Desconstruindo perguntas de partida


(retirado de Quivy e van Campenhoudt)

• Qual o impacto das mudanças na organização do


espaço urbano sobre a vida dos habitantes?
▫ Erro: pergunta demasiado vaga – o que é a «vida
dos habitantes»? Há que especificar.

• Em que medida o aumento das perdas de emprego no


setor da construção civil explica a manutenção de
grandes projetos de trabalhos públicos, destinados não
só a manter este setor, mas também a diminuir os
riscos de conflitos sociais inerentes a esta situação?
▫ Erro: demasiado longa e desordenada
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Desconstruindo perguntas de partida


(Quivy e van Campenhoudt)

• Os empresários dos diferentes países da União Europeia


têm uma perceção idêntica da concorrência económica
dos Estados Unidos e do Japão?
▫ Erro: difícil exequibilidade em tempo, orçamento…

• A forma como o fisco está organizado no nosso país é


socialmente justa?
▫ Erro: pretende, não analisar o funcionamento dos
impostos, mas antes julgá-los no plano moral
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Desconstruindo perguntas de partida


(Quivy e van Campenhoudt)

• Será que os patrões exploram os trabalhadores?


▫ Erro: é uma «falsa pergunta», ou seja, é uma
afirmação disfarçada de pergunta
• Que mudanças afetarão a organização do ensino nos
próximos vinte anos?
▫ Erro: futurismo
• Os jovens são mais afetados pelo desemprego do que os
adultos?
▫ Erro: possibilidade de ter uma resposta puramente
descritiva (sim / não)
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Etapa 2 - Exploração
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Fontes de pesquisa
• Bibliotecas – obras científicas de referência
• Repositórios de instituições de ensino superior (ex:
http://repositorio.ipsantarem.pt)
• Bases de dados online (ex: B-ON, RCAAP, ambas acessíveis a
partir de:
https://siesgt.ipsantarem.pt/esgt/web_base.gera_pagina?p_pagin
a=1344685
• Revistas científicas online
• Páginas web de unidades / centros de investigação, onde são
apresentados os resumos dos projetos realizados e em curso
• Atas de congressos disciplinares, com resumos das
comunicações
• Teses de mestrado e doutoramento
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A exploração - Escolha e organização das leituras

• Princípios de orientação da escolha:


1) Começar pela pergunta de partida
2) Evitar sobrecargas (não é necessário ler tudo
sobre o assunto)
3) Procurar documentos que não sejam apenas
apresentação de dados, mas que tenham
elementos de análise e de interpretação
4) Escolher abordagens diversificadas do fenómeno
estudado
5) Para além das leituras, fazer uma reflexão
pessoal (ou troca de pontos de vista com colegas)
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Revisão da literatura para definir a


problemática
A revisão da literatura tem por objetivo encontrar
uma ou mais hipóteses gerais para a
investigação empírica

Envolve quatro partes:


• Descrição de teorias e trabalhos empíricos
(Estado da Arte)
• Avaliação dessas teorias e trabalhos
• Comparação dessas teorias e trabalhos
• Dedução das hipóteses
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Estratégias de leitura
• Retirar ideias principais de um texto
• Resumir sem deturpar a ideia original
• Construir grelhas de leitura

Pág. Citação ou resumo Observações

• Depois de preenchida a grelha, procurar construir um


resumo (fazendo referências, mas não abusando das
citações). Os resumos tornam mais fácil a comparação
entre textos/trabalhos.
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As entrevistas exploratórias
• Ajudam a definir a problemática de investigação

• Contribuem para descobrir os aspetos a ter em


conta e alargam ou retificam o campo de
investigação que resultou das leituras

• Trata-se de um «reconhecimento do terreno»


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Com quem?
• Pessoas do domínio da investigação (docentes,
investigadores), interlocutores privilegiados (que
têm um bom conhecimento do problema, por
lidarem com ele direta ou indiretamente), e o
público a quem o estudo diz respeito

Como?
• Ter um guião orientador, mas ser uma conversa
fluida e livre, espontânea
• Deixar os interlocutores falarem, não intervindo
• Dar «empurrões» à conversa, mas não se
implicando a si no conteúdo

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