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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-


GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/UFPA,


PIBIC/UFPA CAMPI DO INTERIOR, PIBIC/UFPA EBTT, PIBIC-AF/UFPA, PIBIC/CNPq,
PIBIC-AF/CNPq, PIBITI/CNPq, PIBIC-EM, PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA - PIVIC, PRODOUTOR e PRODOUTOR/RENOVAÇÃO.

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO PARCIAL

Período: agosto/2019 a fevereiro/2020

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título do Projeto de Pesquisa: Material compósito de matriz polimérica reforçado por


fibras naturais.

Nome do Orientador: Roberto Tetsuo Fujiyama.

Titulação do Orientador: Professor Doutor.

Faculdade: Engenharia Mecânica.

Instituto/Núcleo: ITEC/Belém

Laboratório: Engenharia Mecânica

Título do Plano de Trabalho: Desenvolvimento de metodologia para fabricação de pás


de turbinas eólicas usando recursos naturais renováveis

Nome do Bolsista: ANTONIO SERGIO DA COSTA NEGRAO JUNIOR.

Tipo de Bolsa:

( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA CAMPI DO INTERIOR,
( ) PIBIC/UFPA EBTT
( ) PIBIC-AF/UFPA
( X ) PIBIC/CNPq
( ) PIBIC-AF/CNPq
( ) PIBITI/CNPq
( ) PIVIC
( ) PIBIC-EM
( ) PIBIC PRODOUTOR
( ) PIBIC PRODOUTOR/RENOVAÇÃO

1. Atividades realizadas:

As etapas listadas no plano original são:


1- Pesquisa para escolha das fibras naturais a ser usada na fabricação da pá
ecológica.
2- Levantamento de dados sobre as pás disponíveis no mercado metropolitano de
Belém.
3- Definir uma pá a ser usada como modelo preliminar.
4- Desenvolver a escolha da matriz polimérica a ser usada
5- Desenvolver a escolha da fibra natural a ser usada na fabricação da pá.
6- Desenvolver a fabricação do compósito a ser usado na produção da pá.

Todos os itens do plano de trabalho foram alcançados. É importante ressaltar,


que o grupo de pesquisa GPMAC, possui um extenso trabalho com a utilização de
matriz polimérica, sendo de relevância experimental a sua utilização neste trabalho.
Quanto à revisão bibliográfica, é um processo continuo realizado ao longo do plano de
trabalho.

2 Comparação entre o plano original e o executado:


Realizou-se pesquisa bibliográfica, a fim de conhecer o que já foi publicado e
obter mais informações a respeito dos assuntos abordados no plano de trabalho.
As etapas listadas no plano original são:
1- Pesquisa para escolha das fibras naturais a ser usada na fabricação da pá
ecológica.
2- Levantamento de dados sobre as pás disponíveis no mercado metropolitano de
Belém.
3- Definir uma pá a ser usada como modelo preliminar.
4- Desenvolver a escolha da matriz polimérica a ser usada
5- Desenvolver a escolha da fibra natural a ser usada na fabricação da pá.
6- Desenvolver a fabricação do compósito a ser usado na produção da pá.

Etapas executadas;
1- Pesquisa para escolha das fibras naturais a ser usada na fabricação da pá
ecológica.
2- Levantamento de dados sobre as pás disponíveis no mercado metropolitano de
Belém.
3- Definir uma pá a ser usada como modelo preliminar.
4- Desenvolver a escolha da matriz polimérica a ser usada
5- Desenvolver a escolha da fibra natural a ser usada na fabricação da pá.
6- Desenvolver a fabricação do compósito a ser usado na produção da pá.

3 Outras atividades:
Houve orientações provenientes do Grupo de Pesquisa em Materiais
Compósitos (GPMAC) em relação às atividades que seriam realizadas, bem como a
participação na execução de outros trabalhos do grupo em questão, de forma a se
habituar às técnicas já desenvolvidas.
Ademais, a presença no minicurso de fabricação de compósitos durante a
semana do ITEC, atividade que foi realizada no laboratório GPMAC.

4 Resultados preliminares
4.1 Resina Poliéster
A resina poliéster pertence à família dos polímeros formados a partir da
reação de ácidos orgânicos dicarboxílicos e glicóis, os quais formam as
moléculas de cadeias longas lineares. Esse tipo de resina é fornecido no estado
líquido e, após catalisadas, dá-se início a uma reação exotérmica que caracteriza
o processo de cura da resina e ao término desse processo, a resina se encontrará
em um estado sólido e rígido, destacando as propriedades termofixas do
polímero que a constitui, como a capacidade de ser infusível (LEVY NETO;
PARDINI, 2006).
As principais resinas poliéster são as ortoftálicas, as tereftálicas, as
isoftálicas e as bisfenólicas (TAKAHASHI, 2011), classificadas na Tabela 1.
Tabela 1 – Principais resinas poliéster
PRINCIPAIS RESINAS COMENTÁRIOS
Ortoftálica Resina mais comum de menor custo para
usos básicos não nobres.
Tereftálica Possui resistência física pouco superior a
ortoftálica, porém baixa resistência a UV.
Isotfálica Melhores características mecânicas,
químicas e térmicas que as anteriores.
Bisfenólica Possui melhores características químicas e
térmicas.
Fonte: TAKAHASHI, 2011.

4.2 Reforço de fibras naturais


Os reforços contribuem para a resistência mecânica do material e podem
ser encontrados como materiais particulados, lamelares, ou na forma de fibras
(contínuas ou descontínuas) (NETO, 2006).
As fibras naturais podem ser classificadas em vegetais, animais e
minerais. Todas as fibras vegetais têm celulose em sua composição, enquanto
fibras de origem animal consistem basicamente de proteínas (LEÃO, 2008).
Há grandes vantagens no uso de fibras lignocelulósicas, tais como a
baixa massa específica; maciez e abrasividade reduzida, recicláveis, não
toxicidade e biodegradabilidade; baixo custo e baixo consumo de energia na
produção, baixa condutividade térmica, bom isolamento térmico e acústico
(SATYANARAYANA, ET AL 2007).

4.2.1 Juta
A Juta (corchorus capsularis) é uma fibra têxtil vegetal que provem da família
das "tiliáceas". É uma erva lenhos, alcança uma altura de 3 a 4 metros e o seu
talo tem uma grossura de aproximadamente 20 mm, crescendo em climas
úmidos e tropicais. A época de semear varia, segundo a natureza e o clima. A
fibra útil é contida entre a casca e o talo interno e a extração é feita pelo
processo da maceração. As árvores cortadas rente ao solo por meio de foices são
limpas das folhas, postas em feixes dentro da água corrente ou parada. (LIMA, J.
F. et al, 2004).
A fibra de juta tem como seu principal componente é a celulose, sob a forma de
linho-celulose, tendo boa afinidade para corantes diretos e para corantes básicos.
É muito higroscópica, regulando a umidade em 12%, o que a torna a matéria
prima ideal para a sacaria, evitando tanto o ressecamento quanto a fermentação
do produto acondicionado. (DA SILVA, 2014).

4.3 Confecção da Placa de fibra de juta

4.3.1. Materiais e métodos


4.3.1.1. Materiais
Utilizou-se resina poliéster tereftálica insaturada e peróxido de MEK para iniciar
o processo de cura da resina. Esses elementos são mostrados na Figura 2.

Figura 2 – (a) Resina poliéster, (c) Peróxido de MEK.

a) c)

Fibra de juta foi usada como reforço, obtidas no comércio de Belém sem
tratamento químico, na forma de tecido.

4.3.1.2. Métodos

4.3.1.2.1. Corte e tratamento das fibras

Foi revestida uma placa de madeira com filme poliéster e posteriormente foi
marcada com piloto uma área de 30x28 cm, local em que foi posicionada a fibra de juta
durante a produção da placa. O tecido foi cortado com a mesma medida, como mostra
na figura 3.
Figura 3 – a) Placa de madeira, b) Tecido de fibra de juta posicionado.

a) b)

4.3.1.2.2 – Confecção da Placa de compósito


Foi utilizada uma balança e um recipiente para fazer a mistura de 192g de resina
poliéster e acrescentado 1% de peroxido de MEK catalisador, que corresponde a 1,92g,
foi feita a mistura e logo após a resina pronta foi distribuída a primeira camada na placa.

Figura 4 – (a) Processo de pesagem da resina, (b) Primeira camada de resina.

a) b)
Figura 5 – (a) Distribuição de resina, (b) Molde preparado para receber o tecido,
(c) Tecido posicionado no molde.

a) b) c)

Foi utilizada uma espátula de plástico para espalhar a resina na superfície como mostra
a figura 5 – (a). Na figura 5 – (b) mostra a placa com resina já espalhada e na figura 5 –
(c) mostra o tecido posicionado sobre a resina, pronto para receber a próxima
distribuição.

Figura 6 – a) Fibra sendo impregnada com resina, b) Tecido impregnado em fase final.

a) b)
Após o processo de impregnar com resina, que consiste em fazer que a resina entre em
contato com todo o tecido, a placa passou por um processo de prensa manual durante 24
h para facilitar na homogeneização da resina em toda a sua região.

Figura 10 – Placa de compósito em processo de cura em estufa.

4.3. Preparo dos tecidos para a pá


4.3.1 Materiais e métodos
4.3.1.1 Materiais
Pá utilizada no projeto foi a 653 − 618 NACA, escolhida pelo fato de sua
disponibilidade e a mesma já ter sido objeto de estudo no Grupo de Pesquisa em
Material Compósito, para a realização de dissertação de mestrado.

Figura 7 – (a) Molde parte 1, (b) Molde parte 2, (c) Pá fabricada em impressora
3D
a) b) c)

Figura 8 – (a) Tecido de fibra de juta, (b) Perfil da pá, parte 1 em papel Kraft, (c) Perfil
da pá, parte 2 em papel Kraft.

a) b) c)
Figura 9 – Gabaritos em papel Kraft usados no corte do tecido de juta.

Na figura 9, temos uma apresentação do gabarito em folha de papel Kraft, que foi usado
e o tecido já finalizado após o processo de corte, foi utilizada uma margem de segurança
de 2cm de largura em todo o contorno do gabarito.

4.4 Resultados Preliminares finais


Após a finalização de todo o processo de produção do compósito, foi
observado de forma superficial a qualidade da placa, como mostra a figura 11.
Concluindo assim que a mesma possui as características necessárias, como boa
homogeneidade entre a resina e a fibra, um bom tempo de cura, boa conformabilidade e
firmeza ao tato.

Figura 11 – Placa reforçada com fibra de juta finalizada


É observado que o tecido não entrou em desordem após a finalização da produção da
placa, assegurando assim todas as características de resistência do material, futuramente
não ocasionando problemas desnecessários aos processos posteriores, como mostra a
figura 12.

Figura 12 – Ordem dos tecidos na placa após cura.

Após o tecido de juta, já cortado, para a produção do protótipo da pá na próxima fase do


projeto. O tecido apresentou boas características em relação ao corte com o gabarito
utilizado, assumindo uma geometria semelhante e assim se adequando ao nível de
qualidade desejada, como mostra a figura 13.
Figura 13 – Tecido de juta cortado no perfil do molde da pá.

5. Atividades desenvolvidas nos próximos meses:

5.1. Avaliar comportamento mecânico em tração do compósito fabricado


- Será feita a avaliação do compósito fabricado na fase preliminar com base na norma
ASTM D3039, assim preparando os corpos de prova para serem submetidos a ensaios
mecânicos.

5.2. Desenvolver o modelo da pá a ser fabricada


- Conforme os resultados obtidos na fase preliminar do projeto, definiremos usando
critérios de disponibilidade, usabilidade e custo/benefício, se usaremos o modelo
preliminar ou não. Caso não seja utilizado o modelo preliminar, retornaremos à fase de
pesquisa, em livros, artigos e sites em busca de um modelo que atenda nossas
exigências e necessidades.

5.3. Fabricação do protótipo da pá


- Após o preparo de todos os materiais e realizadas todas as análises necessárias para a
produção do modelo, utilizaremos um molde da pá que utilizamos na fase preliminar, já
disponível para a produção do protótipo. Caso ocorra a mudança do modelo,
retornaremos a fase de pesquisa, em livros, artigos e sites em busca da produção de um
molde que atenda nossas exigências e necessidades.

5.4. Avaliação da pá fabricada quanto ao controle de qualidade visual


- Reunião com todos os membros do projeto para uma avaliação da qualidade visual da
pá fabricada.
- Mudanças caso seja necessário no acabamento da pá.

5.5. Escrita do relatório final


O relatório final será elaborado abrangendo as informações até aqui obtidas, acrescidas
das atividades desenvolvidas nos próximos meses.

6. Dificuldades:
A disponibilidade da resina poliéster se torna um empecilho, pois na região
metropolitana de Belém, e demais áreas, existem poucos fornecedores do material
apropriado para o uso nas condições necessárias.

7. Referências bibliográficas:

GOMES, I. S. Desenvolvimento de Material Compósito Polimérico Reforçado por


Fibras Longas , Alinhadas e Unidirecionais, Provenientes da Folha Primaria da
Palmeira do Ubuçú. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Mecânica). Faculdade de Engenharia Mecânica. Instituto de Tecnologia. Universidade
Federal do Pará. Belém, 2017. 68f.

SOUZA, J. S. H. Caracterização Mecânica em Tração de Compósitos de Poliéster e


Reforço Hibrido de Tecido de Fibras de Juta/Mantas de Fibra de Vidro. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica). Faculdade de
Engenharia Mecânica. Instituto de Tecnologia. Universidade Federal do Pará. Belém,
2018. 50f.

COSTA, D. S., Estudo da influência de resíduos gerados pela indústria de


mineração nas propriedades de compósitos de matriz poliéster reforçados com
fibras naturais. 2016. 229 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Recursos Naturais),
Universidade Federal do Pará, Belém, 2016.

FERRANTE, M., Seleção de Materiais. Universidade Federal de São Carlos.


São Carlos: Editora UFSCar, 2ª ed., 2002.

SARAIVA, M. P., Laminado de madeira reforçado com fibras naturais.


2013. 72 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica, Área de Concentração
Materiais e Processos de Fabricação), Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.

CANEVAROLO, S. V., Ciência dos polímeros. São Paulo: Artliber Editora


LTda, 2002

TAKAHASHI, R., Desenvolvimento de material compósito de matriz


polimérica reforçada a partir de pré-pregs de fibras naturais de curauá e de sisal.
Monografia (grau de Engenheiro Mecânico), Universidade Federal do Pará, p. 17-19,
2011.

SATYANARAYANA, K. G.; GUIMARÃES, J. L.; WYPYCH, F.; Studies on


lignocellulosic fibers of Brazil. Part I: Source, production, morphology, properties
and applications. Composites: Part A, v. 38, p. 1694-1709, 2007.

LEÃO, M. A., Fibras de licuri: um reforço alternativo de compósitos


poliméricos. 2008. 109 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica),
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.

LEVY NETO, F.; PARDINI, L. C., Compósitos estruturais: ciência e


tecnologia. São Paulo: Edgar Blucher, 2006.

PAULA, P. G., Formulação e caracterização de compósitos com fibras


vegetais e matriz termoplástica. 2022. 102 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia e
Ciência dos Materiais), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
Campo dos Goytacazes, 2011.

Portal PUC, educação, Disponível em< http://www.maxwell.vrac.puc-


5271/5271_3.PDF> Acesso em 18 de fevereiro de 2015.
PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o
desenvolvimento das atividades do aluno.

DATA: / 02 / 2020

Roberto Tetsuo Fujiyama


_____________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR

Antonio Sergio da Costa Negrão Junior


____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO

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