D e 2001 –
São Paulo: Brasiliense, 2006.
Primeiramente no livro faz-se necessário saber a diferença básica entre Ideologia e Ideário. O
ideário é o conjunto sistemático e encadeado de idéias e a ideologia é um ideário histórico,
político, cultural e social manipulado por um sistema, que camufla a realidade para manter a
exploração econômica.
Entra em discussão a história do Termo Ideologia. Sua invenção no inicio do século XIX,
quando Ideologia significava a gêneses das idéias "tratando-as como fenômenos naturais que
exprimem a relação do corpo humano, enquanto organismo vivo, com o meio ambiente. Elabora
um teor ia sobre as faculdades sensíveis, responsáveis pela for mação de todo o nosso ideias:
querer (vontade), julgar (razão), sentir (percepção) e recordar (memória)”.
Outro significado da palavra vem com Napoleão Bonaparte que, traído por seus companheiros
políticos (inventores do primeiro significa), impõe a palavra o que se entende dela hoje, um
ideário que oculta à realidade.
Outros grandes homens também deram m vários significados a palavra ideologia, tais como
Marx, que a firmava a declaração de Bonaparte e concluía "o ideólogo é aquele que inverte as
relações entre as idéias e o real". Auguste Comte dá a palavra dois significados. Em uma delas,
recorda seu primeiro significado, a atividade filosófica - científica que estuda a formação das
idéias, como propõe seus inventores. Em outra, julga-a como um ideário ou vários de uma de
ter minada época. Sendo um positivista, as idéia s de Comte auxiliaram e m muito a burguesia
em sua defesa, como diz seu lema, "Saber par a prever, prever para prover”.
Émile Durkheim afirma que ideologia é um fenômeno natural e como tal, deve ser estudado
minuciosa e excludente mente. Como se sabe, Durkheim tinha a intenção de fazer da Sociologia
uma ciência. Seu pensamento sobre Ideologia afirma que, para se adquirir conhecimento de uma
de terminada realidade deve - se explorar suas raízes de forma externa ou, melhor dizendo,
imparcialmente, para que se garanta assim a objetividade, uma vez que o cientista estará neutro,
podendo assim tratar relações sociais como coisa s diretamente observáveis para o sociólogo. O
que não for estudado desta forma, sem as devidas precauções para tornar- se imparciais, é
Ideologia.
Nesta primeira parte do capítulo enfoca-se a obra de Mar x A Ideologia Alemã, onde o mesmo
faz suas críticas aos filósofos posteriores a Hegel. Esta primeira discussão engloba uma
afirmação de Marx que a firma que, para se conhece r a ideologia da sociedade alemã, é
necessário sair da Alemanha, e forma r suas opiniões a cerca da mesma de fora dela. E conclui
que, conhece-se apenas uma ciência, a ciência da historia e, tendo esta base par a analise,
discute-se a sua visão sob re estudar a historia, numa visão Hegeliana, apontando pontos
importantes das características de sua filosofia, tos is co mo, ser uma filosofia que trabalha a
compreensão da origem e o sentido da realidade co mo Cultura e, assim, ser essa uma
manifestação do Espírito. Aborda também a visão Hegeliana do que é História, afirmando que
"não pensa na história com a sucessão de fatos dispersos que ser iam unificados pela
consciência do historiador, m as, sim, pensa a historia com o processo contraditório unificado
em si mesmo e por s i mesmo, plenamente compreensível e racional. Por isso Hegel afirma que
o real é racional e o racional é real.”
Essa é apenas uma breve parte do verdadeiro conceito hegeliano sobre a história. É citado ainda
o conceito de reflexão (volta em si) e, por reflexo, a reflexão da consciência e do conhecimento
do Espírito. Diz- se que somente a consciência tem esse dom, de dar a volta em si, conhecendo
como consciência e, por excelência, conhece r- se co mo Espírito, co mo gerador, reprodutor,
movimentador e extintor de idéias. Tem- se a inda uma definição de alienação. Como a ciência
da historia trabalha o conceito de alienação. Do exterior (a sociedade, o s produtos do trabalho,
etc.) e do interior (a consciência, as idéias, o Espírito). Todos esses conceitos apresentados são
expostos para chegar a Dialética hegeliana e da historia como processo temporal, constituído de
divisões e negações. Hegel afirma que "as obras do Espírito (a Cultura), embora apareçam com
os fatos e coisas, são idéias, pois um espírito não produz coisas nem é coisa, mas produz idéias e
é idéia”.
Percebe-se que o conceito de ideologia foi sendo alterado ao longo da história, vivenciado por
diferentes sociedades em distintos períodos, entretanto o enfoque maior é dado ao seu
significado que se relaciona com o processo pelo qual as idéias da classe dominante tornam-se
universais, legitimando a dominação e a exploração dos detentores do capital, e o saber
tecnológico e científico na ideologia da competência, sobre as classes menos favorecidas e
dependentes. No entanto, embora a ideologia esconda a realidade, não tira o poder que os
homens possuem de mudar a ordem social e econômica vigentes, para isso, precisam reconhecer
a força que possuem e a união necessária para tal. Por fim, é evidente a percepção que as
ideologias não possuem histórias, são fabricadas, com o intuito único de difundir ideais
dominantes e torná-los gerais.