aprender a suportar picadas." Algumas religiões, especialmente as orientais, e também as Ordens Iniciáticas, dão muito valor a exercícios visando ampliar e a fazer nascer certas capacidades individuais. Por outro lado, o Hermetismo não se liga ao treinamento dos discípulos nesse sentido, e existe há uma razão para isso, a qual procuraremos esclarecer nessa palestra.
A Doutrina Hermética, pela condição de
serunista, e mais ainda por ter como base oPrincípio Mental – Universo Mental –, se distancia muito de todos os outros sistemas em muitos sentidos, especialmente no tocante à importância de exercícios no sentido de liberação espiritual. Certos exercícios, com certeza, auxiliam muito a pessoa se equilibrar na vida, ter mais saúde, mais equilíbrio emocional, ter menos ansiedade e angústia, portanto condições próprias do Mundo Imanente, porém que não leva o ser a sair O conhecimento deve servir de meio para a concientização; ele em si, não é a conscientização... dele, ou seja, auxiliar a agir em um estado ilusório.
Isso para o Hermetismo fica em segundo plano, primeiramente ele
deve aprender o como sair da condição de mundo ilusório, como deixar de ser um prisioneiro da imanência. Por isso o Hermetismo não propõe muitos exercícios, como o fazem outras doutrinas, a não ser aqueles que dizem respeito à captação e administração da energia.
Em conseqüência de a Purificação ser apenas decorrente da
observância de códigos, e códigos serem necessários apenas para manutenção da ordem e respeito a algumas leis naturais, mas que diretamente nada auxilia na libertação das cadeias da vida no Mundo Imanente, e não mais que isso, então oHermetismo pode até incentivar a purificação como uma fórmula visando à preservação da ordem, mas não propriamente como algo que influa na libertação dos seres que vivem presos nas agruras do viver num mundo de ilusão – Imanência.
A meta principal do Hermetismo visa à libertação dos seres
condicionados ao existir no Mundo Imanente, ao viver num plano que é apenas um artifício da mente, uma ilusão, mas que ele crê ser verdadeiro. O objetivo do Hermetismo é libertar o ser do mundo da ilusão, da ilusão do viver no dia a dia, e não de estabelecer condições de uma vida mais amena, diminuir reencarnações, etc. Isso é importante, mas o objetivo maior é a libertação da pessoa da prisão em que vive no Mundo de Maya, e para isso exercícios místicos pouco falem. Por exemplo, que valor desenvolver dons como a telepatia, como ela contribui para o ser voltar ao Ser? Comumente a quase totalidade das religiões procura desenvolver seus programas doutrinários considerando o mundo como uma realidade, o que não acontece com os altos níveis de ensinamentos do Hermetismo que mostra como o mundo habitual é um artifício da Mente, ou seja, uma ilusão. Essa é a razão que leva os estudos da VOH a dar pouca ênfase às condições da Imanência, preocupando-se mais em fazer o discípulo chegar à certeza do que o Primeiro Principio Hermético e por meio dele voltar à Unicidade.
A Purificação, e mesmo Cientificação, não são tão importantes
quanto faz parecer a quase totalidade das religiões. Esta apenas pode ajudar a pessoa a entender que o mundo é uma ilusão e assim ela querer se libertar dele, mas nenhuma dessas duas condições pode ser considerada libertadora. A Purificaçãochega a ser irrelevante, e mesmo a Cientificação tem importância muito relativa, vale até onde ela facilitar o ser a voltar à origem.
Nenhuma forma de purificação liberta e nem mesmo
a cientificação o faz. O valor da cientificação é maior do que o da purificação, porque enquanto esta apenas promove uma acomodação – descanso do peregrino – na trilha da libertação, a aquela faz o ser entender sua própria natureza e o que o espírito precisa fazer para um dia se tornar um ser liberto. Na verdade a cientificação vai bem mais alto do que a purificação, pois leva o ser ao conhecimento da verdade e isso pode se tornar uma forma de libertação. O próprio Jesus disse: “Conhece a verdade e ela te libertará”. Entenda que é através do conhecimento da verdade que a pessoa pode mais facilmente chegar à libertação.
A libertação depende principalmente daquele nível de Deus
– Energia. ACientificação leva o ser a se inteirar do papel fundamental da energia em todos os processos cósmicos, bem como no da libertação. Ela auxilia a pessoa a seguir o rumo em busca do objetivo principal, a libertação do “cativeiro” da Imanência.
Treinamentos diversos, entre os quais a prática da Ioga, auxilia,
mas não são fundamentais na libertação do ser. São deveras úteis em diversos sentidos no tocante ao desenvolvimento espiritual, mas existem muitos outros meios que são mais efetivos. Tudo se resume à energia, muitas práticas auxiliam no administrá-la, mas, com bem menos esforço, se pode chegar a idênticos resultados. Uma prática meditativa, por exemplo, pode fazer a pessoa se sentir em comunhão com o Superior, vivenciar estados mentais maviosos, mas tão logo o exercício cessa a pessoa volta ao plano vivencial comum, sem que tenha ocorrido qualquer aumento da energia pessoal, sem incremento de conhecimento sobre a natureza do mundo e a sua própria, e, em termos de energia ficar sujeito até, em certas ocasiões a diminuí-la em decorrência do desgaste inerente ao processo. E mesmo quando o método promove incremento de energia, de nada serve isso se a pessoa não souber como usá-la, e especialmente como não a perdes.
Mais do que o uso de exercícios místicos a conduta de vida e o
método de agir são mais primordiais. Exercícios místicos, sem dúvidas são importantes na administração e captação da energia, mas estão distante de muitas práticas de vida, como o saber se alimentar, e bem especialmente como conduzir seus processos mentais.
Tudo no universo é movido por energia, e a libertação não fica de
fora. Sem energia o ser não tem como sair da ilusão em que vive, não tem meios para a libertação, por isso, no tocante à libertação espiritual a VOH, em primeiro plano, dá ênfase a ensinamentos sobre a natureza do ser e do universo, e em especial de como adquirir energia – ter o Máximo de poder pessoal possível – e não a perder inutilmente. Põe em primeiro plano ensinamentos que permitem o aprendizado em torno da captação e administração da energia e não aqueles que apenas geram estados sensoriais – criadores de sidis.
Havendo bastante energia as qualidades potenciais do campo
místico se manifestam espontaneamente. Há pessoas que desde criança demonstram poderes – Os Sete Poderes do Mago – sem que para isso haja praticado exercícios místicos. A fonte abastecedora de energia deles não depende de exercícios e treinamentos especiais, mas sim de um dom adquirido pelo método de vida muitas vezes em outras encarnações.
É melhor que o tempo desprendido para desenvolvimento de
estados mentais incomuns seja usado na aquisição de conhecimentos do como adquirir, e administrar a energia, do que para a obtenção de capacidades psíquicas. Não vale muito ter muito treinamento místico e não ter energia para a efetivação dos processos conquistados. A Ioga propõe uma série de exercícios que visam captação de Prana – energia sutil – e nesse caso está em uníssono com o Hermetismo. Contudo, mesmo assim o Hermetismo não usa exercício de Ioga e de muitos outros sistemas porque sabe que muito mais fácil é captar energia independentemente de exercícios. Noventa por cento da energia que a pessoa capta ela é dispersa inutilmente. Não adianta a pessoa saber captar e não saber administrar.
Muitas doutrinas primam em exercícios de captação de energia,
mas nem ao menos citam a existência de muitos meios de perda; nem mesmo falam da existência de predadores de energia que vivem vampirizando as pessoas. Para os vampiros é até muito bom que a pessoa pratique exercícios de captação, pois assim ela fica mais rica naquilo que eles desejam (engordar a criação para servir de alimento).
O estudo da Quarta Câmara Hermética é direcionado ao estudo da
energia, com ênfase especial para a aquisição, distribuição, perdas, etc. Muitos discípulos cobram dos instrutores a falta de exercícios no estudo do Hermetismo e a resposta é que embora sejam importantes para a pessoa viver melhor dentro do mundo imanente, contudo nenhum exercício é capaz de libertar o ser, pois não existe possibilidade de libertação sem que haja energia suficiente.
Um exercício místico pode fazer a pessoa “viajar” mentalmente por
outros planos incomuns, mas não possibilita deslocamentos físicos e nem o exercício de ações neles. Pelos exercícios místicos pode ocorrer viagem, mas se não houver suficiente energia ela apenas será de nível mental, mas não de nível mais profundo, como aqueles que se consegue através de sonhos lúcidos. Por meio de práticas místicas a pessoa pode despertar. Os Sete Dons do Mago (Vidência, Premonição, Telepatia, Telecinesia, Teleplastia, Astromância e Anástase), mas nada será efetivado se não houver energia suficiente para a ativação do processo, especialmente da Anástase, capacidade de sair do corpo físico e agir fora dele. Exercícios podem facilitar essas capacidade, mas apenas em nível de percepção e não a nível físico.
De tudo, o mais importante que existe é a pessoa ter capacidade
de criar suas realidades, embora isso somente seja conferido a quem tiver um grande poder pessoal, um manancial imenso de energia. Para isso, mais do que exercícios meditativos, por exemplo, valem aquelas práticas do Nagualismo em geral – métodos dos feiticeiros – e conduta administrativa da proposta pelo Hermetismo de nível superior.