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O material apresentado durante o curso “Brincar é coisa séria” busca não somente

apresentar uma abordagem do que já vem sendo feito no contexto das escolas (públicas), mas
chama a atenção para uma nova visão e uma forma de desconstruir conceitos e ideias antigas sobre
as propostas pedagógicas.
Trazendo a possibilidade de enriquecer os projetos educacionais e a produção cultural
destes decorrente por meio de uma visão mais abrangente, que aborde o ser humano e sua
multiplicidade de contextos, originados por aspectos sociais, culturais, econômicos, religiosos etc.
No embasamento desta abordagem, o conteúdo do curso apresenta ideias e concepções do
sociólogo e filósofo Edgar Morin (1998; 2000), cuja produção intelectual aprofunda-se na teoria
da complexidade, que é assim descrita por Nardi (2019, p. 18):
(...) em busca de uma teoria que considere os diferentes elementos que compõem a alta
complexidade na caracterização do ser humano, nos amparamos na teoria da
complexidade de Edgar Morin, cujos elementos proporcionam o balizamento teórico dos
conteúdos que estudaremos. Em sua obra Ciência com consciência, o autor em questão
nos convida a pensar sobre a complexidade, não como uma possibilidade de receita ou
resposta às nossas indagações, mas como um grande desafio e mecanismo de motivação
intrínseca para o pensar. Além disso, longe desta teoria produzir completude ao
conhecimento humano, ela se propõe a tratar da “incompletude do conhecimento
humano” (MORIN, 1998, p. 176).

A Teoria apresentada por Morin (1998, p. 176) busca apresentar o ser humanos como um
ser complexo, produto da multiplicidade de fatores a qual está exposto em seus contextos e também
à complexidade de sua própria formação como ser físico e psíquico. Ao pensarmos neste aspecto
sem considerar esta complexidade, acabamos por fragmentar esses fatores. Desta forma, conclui-
se que o pensamento complexo almeja expor que não há uma definição que complete o ser humano
e nem uma certeza final que já esteja definida. Para o filósofo, a porta do conhecimento nunca se
fecha, o copo nunca enche, pois caso pensasse assim, poderia ter a impressão de que havia chegado
ao fim de um conhecimento, o que para ele não deve acontecer.
No contexto histórico há uma dificuldade em se fazer uma fiel linha do tempo em que
possamos reconhecer a infância, pois nas mais diferentes culturas mundiais, muitas vezes este era
um personagem sem figuração, assim como a mulher. De acordo com Nardi (2019, p. 23), no
decorrer da história humana “a criança já foi alijada da análise histórica”. O autor cita também os
estudos de Mause apud Piedrahita (2001) e Áries (1986), cujos conteúdos culminam na análise do
personagem infantil no contexto histórico e chegam à conclusão de que as crianças eram expostas
a maldades e não eram vistas como seres passíveis de respeito e dignidade. Áries (1986, apud
NARDI, 2019, p.24), revela que:
(...) em seus elementos centrais de suas argumentações relativas à infância é considerado
uma “descoberta” dos tempos modernos, ou seja, antigamente a criança não tinha o
mesmo estatuto de ser humano tal qual um indivíduo adulto e, consequentemente, não era
respeitada em sua dignidade humana, o que a tornou vítima dos mais variados caprichos
e omissões.
Nardi (2019, p.26) apresenta em seu texto várias análises de Áries (1986), que buscou fazer
um recorte sobre a representatividade da criança ao longo dos séculos, relatando desde a exposição
delas ao infanticídio nos tempos romanos, passando pelas eras medievais, quando a formação de
uma família suplantou a prática do infanticídio, também fez uma análise da forma como as crianças
eram retratadas nas obras de arte e a sua desimportância no contexto da Idade Média, onde não
havia citações relacionadas às crianças mortas. O autor também observou que de acosto com as
representações em pinturas, as crianças foram aos poucos sendo retratadas com maior
fidedignidade. A partir do século 16, a criança das famílias de melhores condições, do sexo
masculino, tinha vestes específicas. Nesta época também o autor afirma que havia um vínculo
afetivo maior entre os adultos e as crianças. De acordo com Áries (1986, apud NARDI, 2019,
p.32):
(...) começa a emergir, nos mais variados textos, a ideia de que a criança é um ser especial,
frágil e que necessita de cuidados especiais. Por fim, consideramos necessário apresentar,
ainda que brevemente, dado as especificidades de nossos objetivos, outros elementos que
favoreceram o surgimento deste sentimento que nutrimos na atualidade para com as
crianças, e, dentre estes, o surgimento da escolarização. No princípio, a escolarização
somente era fornecida aos meninos da nobreza, no entanto, à medida que se ampliam a
concepção de cidadania, em países como a Inglaterra e França, meninas e crianças de
níveis sócio-econômico inferiores também passam a ter esse direito.

O contexto apresentado mostrou a evolução do conceito de criança e a importância que


esta figura tinha nas sociedades de acordo com o contexto histórico. Ademais, hoje ainda é possível
observarmos que as crianças estão expostas a vários contextos sociais, com resultados positivos e
negativos para a sua vida, saúde e segurança.
Em sua unidade 2 o curso traz as importantes contribuições apresentadas na Teoria de
aprendizagem social de Albert Bandura, Construtivismo de Jean Piaget, Teoria psicossocial de
Erik Erikson, Teoria do apego de John Bowlby e Mary Ainsworth e Sócio interacionismo de
Vygotsky.
Com relação à Teoria de Aprendizagem Social de Albert Bandura: A teoria é fruto do
estudo realizado nos anos de 1961, 1963 e 1965, e foi chamada de Bobo doll experiment. De acordo
com NARDI apud Bandura (1963) o autor da teoria inspirou-se na seguinte afirmação: “crianças
não fazem o que os adultos dizem a elas para fazer, mas antes o que elas vêem os adultos fazerem”
(REICHARD apud BANDURA, 1963, p. 49). Desta forma ele afirmava que as crianças
reproduziam os comportamentos dos adultos, ou seja, crianças expostas a condutas violentas
poderiam repetir tal comportamento.
O experimento possuía, ao todo, cerca de cinco fases e demonstrou ao final de suas
avaliações, que no grupo das crianças expostas a um comportamento agressivo, as reações
agressivas foram maiores do que as reações de crianças que não estiveram expostas ao
comportamento agressivo. Observou-se também que meninos tinham mais tendência a esse tipo
de comportamento e que tanto meninos quanto meninas comportavam-se com agressividade de
maneira mais recorrente com um modelo agressivo masculino. Os estudos de Bandura (1963)
comprovaram a possibilidade de crianças buscarem reproduzir comportamentos agressivos quando
assistem a adultos com tais comportamentos.
De acordo com Bandura (1963, apud NARDI, 2019, p.44):
(...) três efeitos advêm da observação de modelos: 1º efeito: refere-se à mudança de
comportamento do observador com base na observação destes modelos. 2º efeito: a
observação de modelos pode enfraquecer ou aumentar os comportamentos inibitórios
relativos a condutas agressivas. 3º efeito: a observação dos modelos pode fazer com que
o observador se considere “liberado” para realizar comportamentos que já havia
aprendido anteriormente.

Desta forma, compreendemos que as crianças observam o meio em que vivem e o


comportamento das pessoas com as quais convivem e destas observações, são colhidos elementos
que formarão o seu caráter.
CONSTRUTIVISMO DE JEAN PIAGET: Dada a complexidade de abordagens dos
estudos do psicólogo Jean Piaget (1896-1980), o curso abordou um recorte do autor, em que
relacionou a criança e o adulto, onde Piaget afirma que:
Comparando-se a criança ao adulto, ora se é surpreendido pela identidade de reações –
fala-se então de uma “pequena personalidade” para designar a criança que sabe o que
quer e age, como nós, em função de um interesse definido – ora se descobre um mundo
de diferenças – nas brincadeiras, por exemplo, ou no modo de raciocinar, dizendo-se
então que “a criança não é um pequeno adulto” As duas impressões são verdadeiras. Do
ponto de vista funcional, isto é, considerando as motivações gerais da conduta e do
pensamento, existem funções constantes e comuns a todas as idades... ao lado das funções
constantes, é preciso distinguir as estruturas variáveis, e é precisamente a análise dessas
estruturas progressivas ou formas sucessivas de equilíbrio que marca as diferenças ou
oposições de um nível da conduta para outro, desde os comportamentos elementares do
lactente até a adolescência.

Segundo Nardi (2019, p. 49) neste recorte é possível compreender o entendimento da


criança no desenvolvimento de sua moralidade. Ressalta-se o uso do método clínico utilizado por
Piaget, para chegar às conclusões de seus estudos. Este método consistia em entrevistas com as
crianças, onde elas eram apresentadas a perguntas e situações que deveriam resolver, em suas
respostas, elas poderiam expressar-se livremente e também eram convidadas a justificar suas
respostas. Baseado nos resultados de seus estudos, dentre as várias conclusões a que chegou Piaget,
Nardi (2019. p. 49) aborda duas especificamente, por serem interesse de estudo do curso:
Evolução da moralidade: Baseado em seus estudos, Pieget afirma que a criança possui
duas morais, uma ligada à coação, dado o respeito que tem pela figura adulta que lhe dita o que
fazer, seja pelo estabelecimento de padrões de autoridade ou laços de afetividade, e a cooperação,
que desenvolve-se paulatinamente e proporcionalmente ao amadurecimento da criança, onde ela
já consegue formar uma espécie de juízo de valor, ou responsabilidade subjetiva.
Realismo Moral: De acordo com Piaget (1997, apud NARDI, 2019, p.50):
(...) a criança faz uso do que chamou de “moral objetiva”, que consiste em aplicar
indistintamente e ao “pé da letra” a lei, não levando em conta a finalidade da lei, seus
atenuantes etc. Tal situação faz com que a criança não avalie as intenções de determinado
ato tal como nós adultos fazemos, já que ela analisa, sobretudo, o resultado da ação e,
quanto mais danos esta ação gerou, maior deve ser a punição aplicada ao infrator.
De acordo com estas afirmações, a criança não faz um julgamento considerando as
intenções daquele que executou a conduta moral e sim uma avaliação literal do cenário a ela
apresentado.
Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson: De acordo com Nardi (2019,
p.54), Erickson propôs 3 estágios:
Estágio I – confiança x desconfiança: 00 a 01 ano, é considerado o principal estágio, pois
nesse desenvolvem-se sentimentos de confiança e desconfiança, advindos da relação de
dependência da criança com seus pais.
Estágio II – autonomia x vergonha e dúvida: 02-03 anos – A criança busca maior
autonomia e desenvolve o autocontrole, controlando também as suas necessidades fisiológicas,
além de buscar também a independência com relação aos brinquedos e roupas favoritos.
Estágio III – iniciativa x culpa: 04-06 anos, nesta fase a criança passa a interagir mais
com o mundo por meio de jogos e brincadeiras, o que possibilita o convívio social, ocasionado
pelas brincadeiras em equipe. A criança busca ter iniciativa e autonomia ante a realização de
algumas tarefas e esta decisão pode trazer consequências ruins, pois ao ser reprimida por um erro
cometido, a criança alimentará um sentimento de culpa.
Teoria do Apego de John Bowlby e Mary Ainsworth: A teoria procura demonstrar que
a criança rege a estímulos afetivos de seus pais, e defende que esses estímulos são importantes
para a formação da criança. Segundo esta teoria, a criança que não dispôs do afeto e presença da
mão teria maior tendência a ser problemática e maior dificuldade de controlar seus impulsos. Após
vários estudos inde as crianças foram expostas a ambientes com e sem as suas mães, foram
observados vários comportamentos que culminaram na conclusão da pesquisa de que é muito
importante para a criança que receba amor e afeto de seus pais, tendo neles uma figura em que
possam confiar para poder explorar o mundo ao seu redor.
Sócio Interacionismo de Vygotsky: De acordo com NARDI (2019, p.65) Vygotsky é
essencial para fundamentar os estudos do curso, pois sua produção é voltada para a área de
fundamentos da educação e leva em consideração outros atores do desenvolvimento infantil, como
agentes mediadores de aprendizagem, sendo pais, professores etc. Nardi (2019, p 66) assim
descreve a importância e aplicabilidade do trabalho de Vygotsky:
(...), a cultura exerce uma determinância primordial no desenvolvimento do indivíduo.
Nós, enquanto seres humanos, somos a única espécie a criar cultura e, assim, qualquer
criança humana desenvolve-se em um contexto de determinada cultura. Em razão disso,
o desenvolvimento de aprendizagem da criança é afetada, em grande ou pequena escala,
pela cultura em que está inserida.Contudo, outro aspecto interessante que consideramos
oportuno lhe apresentar nesta breve introdução sobre a teoria de Vygotsky, é a concepção
de que o desenvolvimento da criança está fortemente vinculado à aprendizagem, ou seja,
quanto mais propícias as condições externas que são oferecidas à criança para sua
aprendizagem, maior estímulo ela terá para o seu desenvolvimento.

Ainda, baseado o trabalho realizado por Vygotsky, em sua obra A Formação Social da
Mente (1998), Nardi (2019, p.66) afirma que subtraiu as seguintes conclusões, com relação ao
desenvolvimento infantil:
1) A criança é vista como um ser que busca ativamente o conhecimento; 2) A mente
humana é construída socialmente, ou seja, é por intermédio das nossas relações sociais,
com nossos amigos, família, sociedade etc., que se constrói a nossa mentalidade; 3) A
criança, desde o momento em que nasce, possui capacidade de memória, percepção
(exercitar os sentidos) e atenção; 4) A criança e o seu meio ambiente interagem juntos,
propiciando o desenvolvimento cognitivo mediante um modo culturalmente adaptativo;
5) O desenvolvimento advém do contato da criança com o seu meio ambiente.

Desta forma, o autor afirma a importância de atividade pedagógicas que incentivem a


cooperação, de modo que a criança possa desenvolver todo o seu potencial. Ainda assim é
necessária a interação de adultos para que os resultados sejam alcançados em sua totalidade, mas
de acordo com Vygotsky (1998, apud NARDI, 2019, p.69) deve-se conhecer a ZDP:
A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não
amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão,
mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser
chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos do
desenvolvimento”. O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento
mental retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o
desenvolvimento mental prospectivamente (VYGOTSKY, 1998, p. 113).

Para Nardi (2019, p.66) ZPD, podem ser entendidos como “aqueles comportamentos e
conhecimentos que estão prestes e emergir em detrimento de todos os outros que poderão vir a
surgir”. Seriam então brotos do desenvolvimento, sendo considerado o desenvolvimento real,
quando a criança consegue sozinha encontrar as respostas necessárias para a solução dos
problemas apresentados a ela.
Sobre o desenvolvimento potencial, Nardi (2019, p. 70), explica que se trata da capacidade
latente da criança de resolver um problema, mas que carece da intervenção de um adulto para
orientá-la a conseguir, por meio de “imitação dos atos e processos vistos, a troca de informações
e experiências que nutram a criança com elementos necessários para conhecer a tarefa proposta
etc.”
IMPORTÂNCIA DO BRINCAR: O brincar tem uma relevância tão grande que, nas palavras de
Nardi (2019) Apud Ginsburg (2007), ele afirma que "brincar é tão importante para favorecer o
desenvolvimento infantil que foi reconhecido pela Alta Comissária para os Direitos Humanos das
Nações Unidas" (GINSBURG, 2007, p. 182). Para Nardi (2019, p.80):
Brincar possibilita à criança usar a sua criatividade enquanto desenvolve a sua
imaginação, destreza, e forças física, cognitiva e emocional. Brincar é importante para o
desenvolvimento cerebral. É através do jogo que a criança ainda muito cedo engaja-se e
interage com o mundo ao seu redor. Brincar possibilita à criança criar e explorar o mundo
que eles podem controlar, vencendo seus medos enquanto pratica as regras do mundo
adulto [...] o brincar ajuda a criança a desenvolver novas competências que a levam a
desenvolver confiança e resiliência que irão necessitar para fazer face aos futuros
desafios. Jogos não dirigidos possibilitam à criança a aprender como trabalhar em grupo,
tomar parte, negociar, resolver conflitos e aprender habilidades de auto-defesa.

Também as publicações nacionais trazem em seus escopos a importância do brincar, como


as considerações que contemplam o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que
nos informa da importância das brincadeiras como fundamentais para o desenvolvimento infantil,
tanto de seu intelecto, quanto de suas aptidões social, físico-motoras e etc.
BRINCADEIRA COMO INSTRUMENTO DE APROPRIAÇÃO DA REALIDADE: Um
dos aspectos mais importantes das brincadeiras é, de acordo com Nardi (2019, p. 81) a porta que
se abre do mundo infantil para a realidade, pois acontece no campo da imaginação infantil e muitas
vezes traz elementos da realidade, por meio da imitação.
DESENVOLVIMENTO FÍSICO PROPORCIONADO PELA BRINCADEIRA: Para Nardi
(2019, p.82), o segundo aspecto que faz das brincadeiras algo tão importante é o desenvolvimento
físico das crianças, segundo o autor:
À medida que a criança brinca, ela está constantemente melhorando suas capacidades
físicas, perceptivas e motoras e, além disso, cria, para si mesma, uma série de desafios
físicos. Você já reparou que as crianças realizam várias vezes a mesma atividade, dia após
dia? Procure observar quando a criança joga bola ou anda de bicicleta todos os dias,
quando está fazendo uso do seu tempo livre. Por intermédio destas atividades, a criança
realiza uma série de atividades físicas que lhe permitem aprimorar suas capacidades e
habilidades corporais.

Por meio das brincadeiras, as crianças desenvolvem:


Flexibilidade, força, velocidade e resistência, que são capacidades que são desenvolvidas
na infância, por meio das brincadeiras, dentro de seu processo de amadurecimento corporal.
Durante as brincadeiras, as crianças também desenvolvem as capacidades perceptivas, ou
seja, audição, visão etc.
COMO ALGUMAS TEORIAS ABORDAM A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR:
Função catártica segundo a psicanálise: Nardi (2019, p.88) aborta autores como Harris (2004),
Sigmund Freud, Anna Freud e Erik Erikson para “(...)reforçar a importância do brincar enquanto
elemento importante para o desenvolvimento emocional (...)”. Depreende-se de seu texto que, no
contexto das brincadeiras, estas oferecem para as crianças a função catártica, ou seja, funcionam
como um exaustor, ou seja, um aliviador de situações, inda ao brincar elas descarregam essas
emoções.
Função cognitiva e social de Jean Piaget: Pesquisador defende o jogo como essencial
para o desenvolvimento cognitivo. Nardi (2019, p.89) apud Piaget, afirma que “(...) o jogo
contribui para o desenvolvimento intelectual através do processo de "acomodação" e
"assimilação". Também por meio das brincadeiras, as crianças exercitam a aprendizagem das
regras, o que contribui para a compreensão de outras regras em determinados momentos e
contextos sociais da vida de uma criança.
Função transicional em Vygotsky: Ao brincar, a criança desenvolve um relacionamento
com o brinquedo, e rompe os limites do que é real e imaginário, dando significados aos objetos de
acordo com suas experiências, com as ideias e representações de seu vasto imaginário.
ELEMENTOS BÁSICOS PARA A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS LÚDICOS
ESFERAS DO JOGO: Erikson (1971, apud NARDI, 2019, p.100), cita uma uma análise
das condutas específicas que a criança exerce ao brincar:
Jogo autocósmico: Neste jogo não há um objeto como um brinquedo, a sim uma situação
em que a criança aprendeu e compreendeu como um jogo, como o choro forçado penas para fazer
com que sua mãe apareça, pois ele já aprendeu que desta forma, é possível brincar.
Microsfera do jogo: Nardi (2019, p.100) explica que: “Este termo refere-se à esfera de
objetos e brinquedos com os quais a criança pode executar atividades”.
Macrosfera do jogo: Já em seu estágio de amadurecimento, a criança começa a
compartilhar o seu brincar com o outro, demonstrando evolução social.
TIPOS DE BRINCADEIRAS: Existem os mais variados tipos e brincadeiras de jogos, os quais
estimulam e analisam e estimulam as capacidades e habilidades das crianças. Dada esta variedade,
de acordo com Nardi (2019, p.101), existem “(...)determinadas categorias que foram criadas tendo
como elementos os materiais e as “ferramentas” utilizadas para o brincar, as quais poderão se
manifestar em vários tipos de brincadeiras”.
Brincadeira silenciosa: Trata-se das brincadeiras em que as crianças pouco falam, representando
internamente em seus pensamentos as questões e significações de suas brincadeiras. Brincadeira
criativa: Uso da imaginação, não necessariamente a criança brincará com um brinquedo ou objeto,
formando o cenário de sua brincadeira em sua imaginação. Pode ser também considerada
brincadeiras que envolvam a criatividade artística, como pinturas colagens etc. Brincadeiras
ativas: Podem ser brincadeiras ao ar livre ou não, envolvem movimentos e bastante atividades.
Brincadeiras cooperativas: São as brincadeiras coletivas, de equipes, que envolvem outras
crianças. Brincadeiras manipulativas: Nas palavras de Nardi (2019, p. 102) “São as brincadeiras
em que, costumeiramente, fazemos uso das mãos, músculos e olhos para a sua realização. Elas
ajudam a desenvolver a coordenação motora, além de outras habilidades”; Brincadeiras
dramáticas: São as brincadeiras que envolvem uma encenação, uma imitação de situações e
personagens cotidiano ou não, reais ou não.
MOTRICIDADE DA CRIANÇA: Com relação à motricidade, as crianças possuem um padrão
de desenvolvimento que foi assim citado por Nardi (2019, p.104):
Criança de um ano de idade: Com um ano de idade, a criança: 1) Manipula sem
dificuldade algum brinquedo; 2) Ajuda os responsáveis em algumas atividades do dia-a-
dia, tais como no ato de vestir-se, movimentando-se de modo a facilitar a ação; 3) Agacha
com ou sem ajuda; 4) Começa a se pôr de pé sem ajuda de suporte externo. Criança com
dois anos de idade: Já com dois anos de idade, a criança: 1) Salta com os membros
inferiores juntos. 2) Reconhece os sons do meio ambiente. 3)Nomeia partes de seu corpo.
4) Caminha para trás e para os lados. 5) Consegue correr com certa estabilidade. 6)
Mantém o equilíbrio em um pé. 7)Consegue deslocar-se em planos inclinados. 8) Sobe e
desce escadas sozinha. 9) Consegue movimentar-se em um triciclo (velotrol). 10 Lança
um objeto por cima da cabeça. 11) Identifica pequeno e grande, alto e baixo, dentro e
fora. 12) Inicia a sua preferência manual. 13) Consegue erigir estruturas com blocos de
construção.

EXERCÍCIO DE REGRAS E LIMITES: De acordo com Nardi (2019, p.111), devem


ser criadas regras claras e simples, que possam adequar-se, conforme a brincadeira mude de
contexto. Ele explica que é normal o conflito na brincadeira, devendo o educador focar na
oportunidade de ensinar ou reforçar condutas sociais à criança, buscando sempre: “Encorajar a
apresentação de alternativas e soluções, Agir de forma imediata e demonstrar autocontrole e
Elogiar publicamente e criticar de forma privada”.
Para Nardi (2019, p.111), existem problemas comuns e que precisam ser evitados nas brincadeiras,
que decorrem de ideia de que as crianças já sabem brincar, portanto, seria desnecessário ou difícil
explicar-lhes como será a brincadeira. Assim leciona Nardi sobre a melhor abordagem diante de
tais problemas:
1) Proporcione à criança a chance de liderar;
2) Faça uso de elogios e apreço;
3) Seja flexível quanto ao tempo e os tipos de brincadeiras;
4) Não dê atenção para “maus comportamentos” e erros de pequeno valor;
5) Faça uso de demonstrações de afeto;
6) Faça uso de brincadeiras com perfis variados;
7) Gerencie o término da atividade;
8) Crie um ambiente rico e variado.
O curso apresentou os vários aspectos que devem ser observados e levados em consideração
quando se fala em brincar. Inicialmente abordando as visões e entendimentos de estudiosos e
pensadores que estudaram a psique infantil dentro dos mais variados contextos, para compreender
as reações e resultados das ações e situações a que as crianças estão cotidianamente expostas e que
findam por formar o seu intelecto e orientam a sua interação social.
Também foi abordada a importância do brincar para a construção física e psíquica de adultos
saudáveis e responsáveis, revelando que existe uma grande janela de conhecimento no brincar, que
pode ser potencializada por pais e educadores, em benefício de uma infância feliz e saudável.

Referências:
NARDI, E. R. Brincar é coisa séria. Batatais. 2019.

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