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ASPECTOS RADIOGRÁFICOS DAS LESÕES DO COMPLEXO

DENTO-MAXILO-MANDIBULAR
LESÕES UNILOCULARES

1. Diagnóstico Diferencial:

Devemos estar alertas para não confundir imagens que se “parecem” com
lesões, principalmente as com aspecto semelhante a cistos.

1.1 Folículos pericoronários:

Não confundir o folículo radiolúcidodo 3ºM ou de outro dente com lesão


cística. Sempre devemos avaliar a idade do paciente e comparar ao lado
oposto. Quando tivermos dúvidas devemos observar o paciente por um tempo.
Quando for o germe dentário, aos poucos começamos a observar pequenas
áreas radiopacas dentro da área radiolúcida (calcificação inicial das cúspides).

1.2 Fóvea submandibular:

É outro aspecto anatômico que pode simular cistos devido à


depressão da mandíbula onde se aloja a glândula submandibular. A
imagem desta depressão é uma área radiolúcida na região dos
molares inferiores. Recomenda-se a comparação do lado oposto e
observar a presença da linha milohiodeia, essa área sempre está
abaixo da linhamilohioideia.

1.3 Depressão da parótida:

É rara, não é um cisto, pode ocorrer no meio do ramo da mandíbula ou próxima do


côndilo. Pode ser uni ou bilateral, mesmo assim devemos conferir o lado oposto. É
recomendado acompanhar o paciente durante um tempo de pelo menos um ano. Caso
o paciente fique muito preocupado e ansioso podemos solicitar uma ecografia uma
tomografia computadorizada ou tomografia de cone beam. Geralmente vamos
encontrar uma cavidade onde se encontra um lóbulo acessório da parótida.

1.4 Cavidade lingual da mandíbula ou Cisto ósseo solitário de STAFNE:

É uma cavidade que aloja um lóbulo da glândula submandibular, não é um cisto,


costuma aparecer na mandíbula abaixo da linha milohideia. Tem a mesma origem e
comportamento da depressão da parótida.A imagem se parece com um cisto pois é
radiolúcida e tem limites definidos, pode até apresentar linha radiopaca de contorno,
mas não cresce. Devemos acompanhar o paciente e esclarecer ao mesmo esta
variante anatômica. Para realizar um teste definitivo e tranquilizar o paciente, podemos
pedir uma ecografia, tomografia computadorizada ou uma tomografia de cone beam
onde vamos observar uma cavidade que tem comunicação com os tecidos moles e é
localizada próxima a glândula submandibular.
1.5Depressão medial sigmoide ou Depressão sigmoide da mandíbula:

É umadepressãono ramo da mandíbula, que fica na frente do processo


coronóide.Pode ocorrer uni ou bilateralmente, e apesar de ser uma área radiolúcida não
sofre modificação com o passar do tempo. Recomenda-se apenas o acompanhamento até
a confirmação do diagnóstico diferencial

2. LESÕES DO TIPO CÍSTICO

2.1 CISTOS PERIAPICAIS:

São áreas radiolúcidas com limites bem definidos, localizados no ápice de um dente, possuem
cápsula, na maior parte das vezes apresentam-se com linha radiopaca de contorno ao redor de todo o
cisto. Costumam ser arredondados ou ovalados, dependendo da sua localização. À
medida que a lesão vai crescendo ela perde a capacidade de formar a camada de
esclerose, quando maior a lesão mais rápido é o crescimento e o organismo não tem
mais tempo para formar a esclerose em reação à pressão cística.
Dependendo da localização pode ou não estar associada a mudanças de
posição dentária, alterações das estruturas anatômicas e produzir assimetrias faciais.
É importante lembrar que se extrairmos um dente e não removermos a lesão
cística, retirando sua pressão interna, ela irá manter-se e crescer de forma autônoma,
por isso sempre devemos curetar as lesões apicais após uma exodontia. Os cistos
residuais podem ocorrer por este motivo.

2.2 CICATRIZ APICAL:

Não devemos confundir cistos com cicatriz apical. Na maior parte das vezes é
uma área radiolúcida que não está conectada com o dente. Não tem o aspecto
característico da lesão cística. Geralmente é irregular na sua forma. Para obter o
diagnóstico diferencial é importante fazer bem a anamnese, e saber a história do
paciente, se houve ou não uma cirurgia ou grande lesão prévia no local.

2.3 CISTOS RESIDUAIS


São lesões císticas que “ficaram”, ou seja, não foram removidas após a exodontia e por serem
autônomas continuam a crescer. É muito comum encontrarmos cistos residuais em pacientes edêntulos,
que não sabiam da existência do cisto até o momento em que ele começa a produzir expansão das
corticais dos maxilares.

2.4 CISTO PERIODONTAL LATERAL:


É um cisto odontogênicoraro, não chega a 2% de todos os cistos limitados por epitélio nos
maxilares. Deve ser feito o diagnóstico diferencial com tumor odontogênicoceratocístico. Um teste que
ajuda no diagnóstico diferencial é o teste de vitalidade, pois o dente responde positivamente ao teste.
Etiologia: restos epiteliais da lâmina dentária ou das células do epitélio reduzido do esmalte, que
são estimulados pelo trauma, processo inflamatório, etc...Identificamos estecisto na maioria das vezes
pela sua localização, pois não está no ápice, está na lateral da raiz. Tem localização preferencial nas
regiões de canino e pré-molares inferiores, mas também pode ser encontrado em região de incisivos
laterais na maxila.
Tem preferência pelo sexo masculino e a faixa etária mais comum é a de mais de 30 anos.
Descoberto na maioria das vezes por acaso em exames radiográficos de rotina.

2.5 CISTO DO CANAL INCISIVO ou CISTO DO CANAL NASOPALATINO, CISTO FISSURAL:

Não é um cisto odontogênico, não se forma dos restos da lâmina dentária, mas sim dos restos
embrionários que ficam presentes nas suturas e ductos. Pode se localizar dentro do canal incisivo ou nas
suas extremidades, junto ao forame ou junto às aberturas nasais do canal. Muitas vezes este cisto não é
diagnosticado de forma precoce porque se apresenta como se o forame estivesse aumentado. Ele não
tem relação com os dentes (os dentes apresentam vitalidade). Pode afastar as raízes dos incisivos
centrais e expandir para vestibular ou palatino. Quando a expansão é por palatino o paciente se queixa de
dor quando mastiga e se observa aumento de volume na área. Alguns cistos
podem ter a imagem de uma pera invertida devido às raízes dos incisivos
apresentarem resistência ao deslocamento. Em outras vezes pode ter o
aspecto de um coração pela superposição da espinha nasal anterior.
Pode se desenvolver em qualquer etapa da vida, mas tem preferência
entre a quarta e sexta décadas de vida. Alguns trabalhos mostraram uma
predileção pelo sexo masculino.

2.6 CISTO NASOLABIAL:

Ocorre geralmente em tecidos moles, é outro cisto fissural, é geralmente assintomático e para fazer
o diagnóstico devemos retirar o líquido cístico e injetar contraste dentro do cisto. O contraste geralmente é
iodado e por isto fica radiopaco quando for radiografado. A região onde ele se localiza é na asa do nariz e
podemos observar a assimetria facial.
O sulco nasolabial desaparece e levanta a asa do nariz. Dentro da boca,o fundo de sulco apresenta
um aspecto azulado e com ponto de flutuação. Recomenda-se realizar punção,onde poderemos encontrar
líquido citrino. Quando a lesão é muito antiga e faz compressão na
região ela poderá vir a produzir erosão e depressão dos tecidos ósseos
ao redor, principalmente do assoalho da fossa nasal.
Tratamento: remoção do cisto e controle pós-operatório normal, pois
não há recidiva.

2.7 CISTO TRAUMÁTICO:


É um pseudocisto que costuma aparecer na mandíbula na região anterior corpo ou no ramo. É
muito comum em pacientes jovens, devido aos traumas que eles sofrem nesta faixa
etária. É assintomático e normalmente se descobre por acaso em exames de rotina.
A lesão é geralmente causada por um trauma que produz um
hematoma intraósseo e esse hematoma no momento que o processo de
reparo se instala, remove o tecido necrosado e o hematoma juntos. Ele
remove o tecido ósseo deixando uma cavidade oca, vazia com restos de
coágulos no interior. Se for feito o teste os dentesapresentam vitalidade. É
muito comum os pacientes procurarem um cirurgião para remover um cisto
que não regrediu após o tratamento endodôntico.O tratamento deve ser feito
para apressar a cura e provocar a neoformação óssea no local. Deve-se abrir
e limpar a região removendo os tecidos necróticos e estimular o tecido ósseo sadio através de uma
curetagem, o sangramento irá preencher a cavidade e o tecido ósseo irá se reorganizar.
Esta lesão apresenta aspecto patognomônico - contorna as raízes dos dentes como se fosse uma
luva, não desloca dentes e respeita estruturas como a base da mandíbula. Paraa confirmação do
diagnóstico devemos fazer uma aspiração. Normalmente só se encontra ar ou restos hemorrágicos e isto
confirma o diagnóstico.

3. LESÕES ASSOCIADAS A COROA DE UM DENTE

3.1 CISTO INFLAMATÓRIO PARADENTÁRIO:

Geralmente associado a 3º molar inferior, mas pode ocorrer também no primeiro e segundo
molares.Este cisto ocorre a partir da inflamação dos restos de um folículo
pericoronário de um dente parcialmente erupcionado. Os restos do epitélio
reduzido do esmalte estimulados por processo inflamatório semelhante a
uma pericoronarite. Difere do cisto dentígero na histopatologia: no cisto
dentígero o folículo expande de forma primária sem necessidade do
estímulo inflamatório.
O aspecto radiográfico é de uma área radiolúcida ao lado do dente,
não envolve toda a coroa. A maior frequência deste cisto é na mandíbula e
quando está próximo ao canal mandibular pode fazer compressão nervosa e
produzir dor e parestesia. Pode estar associado a pericoronarites, produzir dor aguda e edema e trismo. O
tratamento é a remoção do dente e da lesão.

3.2CISTO DENTÍGERO:
É um cisto que está associado a dentes retidos que permanecem com seu folículo
pericoronário o cisto começa exatamente na junção amelo-cementária. Por este motivo
também é chamado de cisto folicular. É o segundo cisto odontogênico mais comum.
O folículo pericoronáriose altera e começa a produzir líquido. Este aumento vai mudando
a posição do dente no sentido contrário ao crescimento do cisto. Podem ser estimulados
por processos apicais de dentes decíduos, quando se desenvolvem em dentes
permanentes ainda não erupcionados.
Podem deslocar dentes para bem longe de sua posição original, e
expandir bastante quando não detectados precocemente. Nestes
casos o paciente começa a apresentar assimetria facial.
Não é raro os cistos dentígeros associados com odontomas. Quando estão
muito próximos a raízes de outros dentes pode ocorrer reabsorção radicular.
Podem ocorrer em qualquer faixa etária e têm preferência pela região de
terceiros molares na mandíbula, e na região de caninos na maxila.
Tratamento: remoção do dente e do cisto. Não tem história de recidiva.

3.3 CERATOCISTOODONTOGÊNICO:
Forma ceratina em vez de líquido. Geralmente se desenvolve a partir de um folículo de um dente que não
se forma. Pode ser a partir de um dente normal ou de um supranumerário e há uma nítida predileção pelo
sexo masculino.Não tem uma faixa etária preferencial, ocorre geralmente entre os 10 e os 40 anos de
idade. Por ser quase sempre assintomático não é descoberto precocemente. A
mandíbula é afetada em 60 a 80% dos casos e há acentuada tendência para
envolver a região posterior e o ramo da mandíbula. Em 25 a 40 % dos casos
apresenta um dente incluso no interior.
O aspecto radiográfico é radiolúcido, geralmente unilocular, com limites bem
definidos e pode ter linha radiopaca de contorno. Costuma ocupar o espaço
medular do osso do corpo ou do ramo da mandíbula antes de expandir as
corticais. Este é um dos aspectos que pode ajudar no diagnóstico diferencial. Pois
ele é muito confundido com ameloblastomas. Por este motivo ao ver uma lesão
que sobe o ramo ou ocupa o corpo da mandíbula sem expandir, devemos pensar
em ceratocistoodontogênico.

3.3.1 SÍNDROME GORLIN GOLTZ ou SÍNDROME DOS CARCINOMAS NEVÓIDES BASOCELULARES:

É uma síndrome autossômica dominante com expressividade variada. Caracterizado por uma série
de alterações: múltiplos carcinomas basocelulares na pele (podem ser centenas), múltiplos ceratocistos na
maxila e mandíbula (75% dos casos), se tiver um paciente que apresente mais de 2
ceratocistosodontogênicosem lugares diferentes devemos investigar
esta síndrome.Estes tumores podem aparecer antes da faixa etária
mais frequente.
Apresenta também alterações nas vértebras (espinha bífida)
cifoescoliose; costelas bífidas; metacarpos diminuídos; calcificações
intracranianas, bossas têmporo-parietal e frontal (aumento da
circunferência craniana); hipertelorismo e prognatismo mandibular.
3.4 AMELOBLASTOMA UNICÍSTICO:
O ameloblastoma é um tumor odontogênico que pode apresentar mais do que um aspecto
radiográfico.
Aspecto unicístico, pode ser confundido com um ceratocistoodontogênico ou com cistos dentígeros.
Há relatos na literatura que os ameloblastomasunicísticos podem ser originados de um cisto dentígero por
alteração no seu comportamento histológico.
É um tumor bastante agressivo apesar de ser benigno,
pode sofrer malignização, (em 2% dos casos), erecidivar se não
for removido com margem de segurança.
Tem preferência pelo sexo masculino, e a faixa etária mais
frequente é da terceira década em diante, mas pode aparecer
mais raramente em pacientes jovens.Tem preferência pela região
de terceiros molares na mandíbula seguida da região de pré-
molares. É mais raro aparecer na maxila.
Pode apresentar-se desde o início com expansão de
corticais e reabsorções radiculares. Se houver o envolvimento de
germes dentários é comum seu deslocamento.

3.5 CISTO EPITELIAL CALCIFICANTE / CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE:

É mais comum na região de canino superior, pode ser confundido com cisto dentígero porque
também está relacionado com a coroa de um dente. Chamado de Cisto de Gorlin,
tem o aspecto de cisto dentígero mas com o passar do tempo começa a mostrar
pequenas calcificações no seu interior.
Apresenta quatro subtipos histológicos diferentes de acordo com os tipos de
tecidos presentes: epitélio odontogênico, células fantasma ou tecidos duros.
Pode expandir cortical e ser associado àodontomas complexos.
Não tem preferência por idade, mas há muitos relatos desta lesão na
infância e adolescência. O aspecto radiográfico é geralmente unilocular, mas pode
apresentar-se também multilocular.
O tratamento recomendado é curetagem e acompanhamento do paciente,
pois há relatos de algumas recidivas.

4. LESÕES TUMORAIS
4.1 TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE:

Tem o aspecto parecido com o do cisto dentígero na maioria dos casos, mas à
medida que aumenta de tamanho a área radiolúcidanão se restringe
exclusivamente à coroa, mas envolve todo o dente. O cisto dentigero sempre fica
restrito a coroa. É assintomático e ao crescer pode expandir corticais.
Pode ser radiolúcido na maior parte das vezes e é descoberto por causa de um
dente que não erupciona. Tem preferência pela região anterior da maxila (maior
incidência), e na mandíbula, geralmente região de canino. Aparece mais no sexo
feminino e nas faixas etárias entre 10 a 19 anos de idade. É relativamente raro. O aspecto radiolúcido
pode se modificar com o tempo e começam a aparecer pequenas calcificações no interior da lesão, com a
aparência de “ flocos de neve”.
Pode ser chamado de adenoameloblastoma e já foi muito confundido com este tumor, muitos autores
sugeriram ser uma variante do ameloblastoma, mas é uma entidade patológica distinta.
Tratamento: remoção do tumor e por vezes, do dente relacionado a ele.
4.2 ODONTOMA COMPOSTO

É um dos tumoresodontogênicos mais comuns, sua prevalência é maior do que todos os tumores
odontogênicos somados. São considerados anomalias de desenvolvimento (hamartomas) e
não verdadeiras neoplasias. São formados a partir do folículo pericoronário de um dente
não erupcionado e por este motivo geralmente são descobertos
nas duas primeiras décadas de vida.
Podem ser divididos em dois tipos:
COMPOSTO - quando evidenciamos dentículos no interior,
estruturas semelhantes a dentes, com todos os componentes
dentários: esmalte,cemento, dentina e tecido pulpar. Os
dentículos são pequenos e de forma alterada, anômalos.
Os odontomas são envolvidos em uma cápsula e isto
confere o aspecto de uma linha radiolúcida ao redor dos dentículos. São mais frequentes na região
anterior da maxila.

4.3 ODONTOMA COMPLEXO


É um tumor que em vez da formação de dentículos tem a formação de uma massa densa e
intensamente radiopacaonde estão misturados todos os tecidos
dentários, mas sem aspecto organizado de um dente.
Tambémapresenta cápsula que aparece como linha ou faixa
radiolúcida. Tem preferência pela mandíbula e pela região de 3ºM. Por
desenvolver-se nesta região, geralmente levam algum tempo para
serem descobertos ou isto ocorre quando são solicitados exames de
rotina.
Quando os odontomas são bem pequenos em seu estágio inicial,
podem ser apenas radiolúcidos e ser confundidos com lesões císticas.
O tratamento é remoção completa, muitas vezes o dente retido
necessita ser removido também.

4.4 CEMENTOBLASTOMA BENIGNO / CEMENTOMA VERDADEIRO:

O cementoblastoma benigno é uma das quatro lesões


cementificantes tumorais que a Organização Mundial da
Saúde classifica. As outras são o fibroma cementificante, o
cementomagigantiforme familiar, e a displasia óssea florida.
Tumor que tem origem no cemento radicular ou de
células presentes no periodonto. Normalmente está aderido
ao dente e cresce progressivamenteexpandindo as corticais.
As localizações mais comuns são as regiões de primeiro
molar inferiore de pré-molares, é raro na maxila. Tem
preferência pela raça negra, mas afeta ambos os sexos e a
faixa etária é bem ampla, a média é de vinte e seis anos.
Tem cápsulae esta pode ser visualizada como linha radiolúcida ao redor da lesão. Pode produzir
dor por compressão de raízes nervosas ou do canal mandibular, outra alteração possível é a parestesia da
região afetada.Os dentes envolvidos geralmente apresentam vitalidade pulpar.
O centro da lesão é radiopaco, no entanto, na fase inicial pode apresentar áreas radiolúcidas e
radiopacas irregulares, que vão aumentando a radiopacidade à medida que a lesão vai se maturando.
Pode ser confundico com um osteossarcoma em estágios mais avançados.
Por estar aderida a raiz do dente promove reabsorção radicular, por isso ao se remover a lesão o
dente também é removido.
4.5 FIBROMA AMELOBLÁSTICO:

Tumor que ocorre em pacientes jovens, geralmente antes dos 15 anos de idade. Seu aspecto
radiográfico é muito parecido com o do ameloblastoma, pode ser unicístico (estágio inicial) ou irregular e
multilocular. Apresentam uma forte reação de osso ao redor de toda lesão. E geralmente não apresentam
recidiva. Podem estar associado com outras lesões, como os odontomas e nestes casos são chamados de
fibrodontomaamelobástico.
São mais frequentes na mandíbula, mas podem ocorrer também na maxila. Em ambas, as
localizações preferenciais são na região posterior. Podem ser
associados com dentes impactados. Deslocam dentes e
também podem impedir a erupção de dentes permanentes.
Quando descoberto em estágios iniciais podem parecer cistos
dentígeros.Não costumam reabsorver raízes de dentes
envolvidos na lesão, o que difere do ameloblastoma.
O tratamento deve ser a enucleação da lesão.

Fibro-odontomaameloblástico

4.7 TUMOR ODONTOGENICO EPITELIAL


CALCIFICANTE:

É conhecido também pelo nome de Tumor de PINDBORG. Há autores que afirmam que sua
origem é do órgão do esmalte e outros autores do epitélio reduzido do esmalte. É extremamente
agressivo e expansivo, inicia-se radiolúcido, pois forma tecido amiloide, que aos poucos vai se
calcificando.
Pode estar associado a outras lesões ou no seu início parecer com outras patologias como por
exemplo: cisto dentígero, odontomas e o tumor ameloblástico.
A média de idade de incidência é de 40 anos, mas
pode ocorrer em qualquer faixa etária. Não tem predileção
por sexo. Há relatos deste tumor na literatura, em que ele
ocorre nos tecidos moles gengivais.
Tem maior frequência na mandíbula que na maxila.
As regiões de molares e pré-molares são as mais afetadas.
Na maior parte das vezes começa como se fosse um
cisto dentígero, mas vai aumentando de tamanho e
produzindo expansão das corticais. Há medida que vai
maturando o processo começa as pequenas áreas
radiopacas arredondadas e estas vão se aglomerando até formar faixas radiopacas dentro da lesão. Outro
aspecto que pode ocorrer é o de flocos de neve, que aos poucos vão se agregando e formando áreas com
variada radiopacidade.Em alguns casos pode apresentar aspecto radiolúcido multilocular desde o seu
início.
Pode produzir reabsorção radicular dos dentes envolvidos com a lesão.
Ao se remover a lesão muitas vezes se remove a mandíbula devido à grande destruição óssea e
devido ao alto grau de recidiva. Recomenda-se acompanhamento do paciente pode no mínimo dez anos
após a remoção do tumor.
 LESÕES MULTILOCULARES
1. LESÕES DO TIPO CÍSTICO:
1.1 CERATOCISTO ODONTOGÊNICO:

É um cisto e geralmente apresenta-se unilocular, no


entanto, pode apresentar aspecto multilocular, assemelhando-
se ao ameloblastoma. A ausência de expansão da lesão é o
principal meio para o diagnóstico diferencial. Outro aspecto
que pode ajudar no diagnóstico é que não há reabsorção
radicular.

Os aspectos radiográficos são diferentes, mas o


comportamento clínico da lesão é o mesmo. O que foi descrito
nas lesões uniloculares é válido para este aspecto multilocular.

2. Lesões Tumorais:

2.1 AMELOBLASTOMA:

O ameloblastoma é um tumor odontogênico que pode


apresentar mais do que um aspecto
radiográfico. Aspecto unicístico, pode ser
confundido com um
ceratocistoodontogênico ou com cistos
dentígeros.
É um tumor bastante agressivo apesar
de ser benigno, pode sofrer malignização
(em 2% dos casos), e recidivar se não for removido com margem de segurança.
Tem preferência pelo sexo masculino, e a faixa etária mais frequente é a da terceira
década em diante, mas pode aparecer em pacientes jovens mais raramente.
Tem preferência pela região de terceiros molares na mandíbula seguida da região de
pré-molares. É mais raro aparecer na maxila.
O aspecto multilocular é bem característico e se assemelha a “bolhas de sabão” ou “favos de mel”.

2.2 MIXOMA ODONTOGÊNICO:

É um tumor que ocorre em pacientes adultos jovens, com a média de idade de 25 a 30


anos. Não tem preferência por sexo e pode ocorrer em qualquer região dos maxilares. Sua
área preferencial é na mandíbula.

O seu crescimento pode ser rápido devido ao acúmulo de substância mixóide no interior.

O aspecto radiográfico é radiolúcido com trabéculas radiopacas com formato linear que se
parecem com “teias de aranha”. Suas margens são
festonadas e irregulares.

Pode ser confundido com ameloblastoma quando apresenta lojas


mais arredondadas.
2.3 LESÃO CENTRAL DE CELULAS GIGANTES ou GRANULOMACENTRAL DE CÉLULAS
GIGANTES

É uma lesão que não é considerada um verdadeiro tumor, pois tem a ver com
uma reação do organismo relacionada ao processo de reparo. Há autores que
relacionam esta lesão com reação a corpo estranho.
Podem ser encontrados em pacientes de qualquer idade, mas a maioria é
descoberta ao redor dos 30 anos de idade. Em 65 % dos casos ocorre em
mulheres.
É geralmente assintomático, mas pode em alguns casos produzir dor e
parestesia por compressão das estruturas nervosas. Produz expansão e pode
romper as corticais.
Podem ser pouco agressivas e ter crescimento lento ou apresentar um
crescimento mais rápido e agressivo. Podem reabsorver raízes e nos casos mais agressivos apresentar
recorrências.
Costumam ser multiloculares, com bordas sem presença de reação esclerótica. Depois de algum
tempo, se a lesão não for removida, podem aparecer áreas de calcificação no interior.

2.4 HEMANGIOMA:
O Hemangioma é um tumor vascular que apresenta a múltipla formação de vasos sanguíneos.
É mais comum na primeira e segunda décadas de vida. Podem ser intraósseos ou superficiais ao osso.
Há autores que associam este tumor à traumas.A área mais afetada
é a região do corpo da mandíbula. Pode ocorrer também na maxila.
Levam ao aumento das estruturas ao seu redor e produzem
assimetrias faciais. A mucosa ou a pele que está na sua superfície
pode aparecer avermelhada ou arrocheada.
Pode sangrar quando tocado ou espontaneamente pelo periodonto
dos dentes envolvidos. Estes dentes podem “flutuar” dentro da
lesão, pois quando pressionados sofrem movimentação.

Esfolição prematura de dentes decíduos é bem comum quando


relacionados a estes tumores.

O aspecto radiográfico é radiolúcido com borda irregular semelhante a uma “renda”. Outra característica
radiográfica é apresentar pontos radiolúcidos (passagem dos vasos) dentro da área radiolúcida da lesão.
Em áreas de tecidos moles podemos fazer a diascopia (apertar com uma placa de vidro a lesão para ter o
diagnóstico diferencial).
Uma das maneiras de fazer o diagnóstico diferencial é a punção aspirativa, de onde normalmente sairá
sangue

2.5 SINDROME DE STURGE-WEBER

É uma síndrome onde ocorrem hemangiomas capilares que geralmente seguem a região de inervação
do Trigêmeo, mas pode também ocorrer na área do ramo do nervo oftálmico. Geralmente
são hemangiomas cutâneos, mas podem ser
acompanhados de tumores intraósseos.

Podem ocorrer calcificações intracranianas e


angiomatose cerebral (enovelados de vasos dentro do
crânio). As calcificações se desenvolvem dentro dos
vasos.Para o diagnóstico da Síndrome é necessário aparecer a angiomatose
cerebral.
Os Hemangiomascutâneos produzem manchas na pele que não ultrapassam a linha média, este é um
sinal clínico que ajuda no diagnóstico.

A punção aspirativa em determinadas áreas onde ocorre o hemangioma pode ajudar no diagnóstico.

Para as grandes lesões o tratamento é geralmente a embolização da artéria que nutre o tumor.

2.6 QUERUBISMO
Doença óssea em que o tecido ósseo sadio é substituído por um tecido cheio de células gigantes
alterando o osso normal e substituindo por um osso desorganizado, displásico.
Ocorre na primeira infância e tende a estacionar na puberdade, no entanto há
casos onde a ação da doença se prolonga até a idade adulta. Tem componente
hereditário e é uma doença familiar, autossômica dominante.
Pode ocorrer na maxila, mandíbula ou em ambas os maxilares.Impede a erupção
dos dentes aumentando de volume a mandíbula
ou da maxila. Isto promove nas crianças afetadas
o aumento das bochechas, a mandíbula fica
quadrada, a parte da esclerótica do olho (parte
branca) fica mais evidente, dando o aspecto de
olhar elevado semelhante aos dos querubins
barrocos. Por isto o nome da doença.

O aspecto radiográfico é de áreas radiolúcidas espalhadas pelo


trabeculado ósseo e a evidente modificação da forma e tamanho dos maxilares. Produz deslocamento de
dentes, ectopias e impedimento de erupção.

Não se pode intervir cirurgicamente durante a doença ativa porque pode exacerbar a lesão. O
tratamentoé feito com base em calcitonina, que reduz a ação dos osteoclastos, mas nem todos os
pacientes respondem ao tratamento.

LESÕES DE ASPECTO RAREFEITO


1. Como ocorrem as lesões de aspecto rarefeito?

São lesões que durante o seu desenvolvimento, por processo inflamatório ou tumoral, vão invadindo e
infiltrando os tecidos adjacentes, produzindo necrose e reabsorção no osso alveolar de maneira
desorganizada e irregular.

Estas lesões geralmente começam nos tecidos moles, mas invadem o tecido ósseo e destroem o osso à
medida que vão crescendo e aumentando de tamanho. Podem deslocar dentes ou envolvê-los e
reabsorver o processo alveolar.

2. LESÕES INFLAMATÓRIAS
2.1. OSTEOMIELITE

É um processo inflamatório e infeccioso que se origina geralmente a partir de lesões dentárias de


origem endodôntica ou periodontal. Pode ocorrer também após procedimentos cirúrgicos mal
conduzidos.

A osteomielite pode ser aguda ou crônica. Quando é aguda ainda não apresenta sinais radiográficos
bem definidos ou se ocorrerem são sinais muito leves que podem não ser detectados
radiograficamente.Quando a osteomielite é crônica
podem iniciar a partir de uma lesão pré-existente ou por
agravamento de lesões de origem dentária.

Pacientes que apresentem problemas sistêmicos de


saúde, são geralmente mais propensos a desenvolver
osteomielites. Diabetes, anemias, problemas de
nutrição, tuberculose e imunossupressão por
medicamentos entre outros.

Quando a infecção progride, vai infiltrando de forma irregular, de acordo com a maior ou menor
fragilidade do osso alveolar. Partes do osso ficam sem vascularização e o osso fica com “ilhas” de
osso necrosado dentro do processo. Estes fragmentos de osso são chamados de sequestros ósseos.
Eles devem ser removidos para a cura do processo.

Os sinais radiográficos são áreas radiolúcidas de forma irregular. As trabéculas ósseas vão ficando
mais finas e o osso vai perdendo a sua radiopacidade, isto produz a diminuição da densidade óssea no
local. Estas áreas podem envolver dentes e estes ficam “flutuando” dentro da lesão.

2.2 OSTEONECROSE POR BISFOSFONATOS

A osteonecrose pode ocorrer em pacientes que foram submetidos à quimioterapia ou em pacientes que se
tratam para osteoporose, onde foram ministrados medicamentos bisfosfonatos.

Os bisfosfonatos atuam sobre os osteoclastos,


impedindo a reabsorção óssea. Desta maneira com o
passar do tempo as trabéculas ósseas vão ficando
mais espessas e o osso fica mais resistente. No
entando, também fica menos vascularizado e por isso
prodispõe à processos de necrose.

O aspecto radiográfico da osteonecrose é


semelhante ao da osteomielite, com áreas radiolúcidas de bordas irregulares e forma indefinida. Se não for
tratada a tempo poderão ocorrer fraturas patológicas.

2.3. OSTEORRADIONECROSE

É um processo semelhante ao da osteomielite, mas sua origem é provocada por tratamentos


radioterápicos.

O osso alveolar perde vascularização quando irradiado nas


radioterapias. Este problema ocorre em pacientes que
foram submetidos ao tratamento de tumores de cabeça e
pescoço.

O aspecto radiográfico também é de áreas radiolúcidas


irregulares, causadas por infecções dentárias ou por
procedimentos cirúrgicos. Pode ocorrer em pacientes que se submeteram a colocação de implantes na
área irradiada.

3. LESÕES TUMORAIS MALIGNAS

As lesões malignas têm um padrão de


crescimento rápido e infiltrativo, por isso é
comum elas invadirem o tecido ósseo pois
geralmente iniciam nos tecidos moles se
infiltram no osso alveolar.

Quando ocorrem na cavidade bucal, nasal


ou nos seios maxilares podem destruir as
estruturas adjacentes e produzir assimetria facial.

O aspecto radiográfico é radiolúcido, infiltrativo, com bordas irregulares, como se fosse um ”roído
de traça”. O osso vai aos poucos desaparecendo ao redor dos dentes que muitas vezes aparecem
flutuando na área radiolúcida. O crescimento do tumor não respeita as corticais, destrói as estruturas e
invade cavidades como seios maxilares, fossas nasais, cavidade orbitária etc.

Nos sarcomas é comum observarmos a invasão da lesão por meio do espaço periodontal, que fica
aumentado ao redor da raiz. Este aspecto alerta para o diagnóstico de lesão maligna.

Existe um tumor que ocorre na medula óssea que tem células semelhantes a plasmócitos, por isso é
chamado de plasmocitoma. Pode afetar vários ossos do esqueleto, entre eles osossos da face e por isso é
chamado de mieloma múltiplo.

É um tumor bem agressivo e pode ser diagnosticado por radiografias da calota craniana, pois estes ossos
assumem um aspecto de múltiplas áreas radiolúcidas.

LESÕES RADIOPACAS

Inflamatória:

1. PERIOSTITE OSSIFICANTE FOCAL


É uma reação esclerótica do osso a partir do periósteo. Ocorre geralmente
em paciente jovens que tem alto potencial de formação de osso.

Ocorre a partir de uma lesão dentária, em geral abscessos crônicos, comum


nos primeiros molares inferiores. O abscesso produz pus e edema, que
deslocam o periósteo, este por sua vez produz uma camada de osso. Isto se
repete mais vezes e o periósteo vai formando mais camadas. Radiograficamente
observamos um aumento de volume nas corticais onde se pode distinguir
diferentes camadas, como “casca de cebola”. Este aspecto é característico
desta lesão. Este comportamento do periósteo pode ser chamado degeneração
periostal.

Lesões Tumorais:

2. OSTEOSSARCOMA

O osteossarcoma é um tumor de crescimento muito rápido, atinge pacientes jovens e é o tumor maligno de
origem óssea mais frequente. Aparece em geral até a terceira década de vida. Pode ocorrer na maxila ou
mandíbula e afeta mais homens que mulheres.

Seu aspecto radiográfico é de aumento da radiopacidade do osso e pode produzir trabéculas finas
dispostas de uma forma que se parecem com “raios de sol”. Este crescimento ósseo do tumor pode ajudar
a concluir o diagnóstico radiográfico.

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