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O contexto de diversidade

A educação é capaz de contribuir na transformação da sociedade, por


isso a escola precisa considerar todo tipo de diversidade, seja: cultural, de
origem, gênero, sexual, deficiência, étnico-racial (negros, indígenas, ciganos e
quilombolas), para que se construa um ambiente de igualdade.

Pensar o território educativo onde estudantes, professores,


funcionários e gestores constroem o processo de socialização e de
formação com base na valorização da pluralidade cultural e respeito
às diferenças de gêneros, raça, etnia, orientação sexual; além de
propiciar o diálogo com os diferentes conhecimentos dos campos
científicos, filosófico, político, artístico, tecnológico, cultural e
econômico, desencadeia a necessidade de reescrever coletivamente
o Projeto Político-Pedagógico como construção da identidade da
escola pública (BRASIL, 2004, p.17).
Identificar as diferenças no ambiente em que a escola se encontra é
essencial para construção do PPP, fazendo com que a comunidade se sinta
acolhida e sua identidade respeitada. Valorizar o ser humano e suas diferenças
já mostra a identidade da própria escola, influenciando os alunos e até mesmo
os pais a fazerem o mesmo, iniciando uma convergência e ampliando sua
concepção de mundo, apagando aos poucos o preconceito e a exclusão.

Araújo (1998, p.44) diz:

“[...] a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam


alunos homogêneos, tratando como iguais os diferentes, e incorporar
uma concepção que considere a diversidade tanto no âmbito do
trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações
interpessoais.”
Neste contexto, Amaral (1998), frisa a necessidade de a educação
atender os indivíduos em suas especificidades, prestando um bom serviço à
comunidade. É preciso estar em pauta uma postura pedagógica que desperte o
interesse da comunidade escolar, assim serão estimulados outros projetos que
envolvem todos, não apenas os alunos. Mobilizando mais pessoas pela
qualidade da educação, fazendo com que os responsáveis se preocupem e se
envolvam mais com o cotidiano escolar da criança/adolescente.

Veiga (2002, p. 01) destaca “que o Projeto Político Pedagógico vai além
de um simples agrupamento de planos de ensino e atividades diversas”.
Portanto, podemos observar que o PPP não trata apenas de uma concepção
burocrática, é importante o coletivo da escola. Por isso, cabe à escola garantir
que os diferentes grupos sejam atingidos e atendidos em suas singularidades,
considerando a história e vivência daquele lugar específico, evitando a
exclusão e qualquer tipo de discriminação, as identidades são qualidades
importantes da experiência humana, pois permite a construção da sua
formação como individuo e inserção no mundo social. Vale lembrar que a
escola não é um serviço de assistência social, mas precisa atender a todos em
sua integralidade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Pluralidade Cultural (BRASIL,
2001), orientam que os elementos da cultura local devem estar presentes na
Educação Básica para que os alunos possam ter a oportunidade de conhecer
suas origens e se sinta parte dela, formando um cidadão que conheça as suas
raízes. Para Pereira e Becker (2002, p. 97):

A construção do projeto político-pedagógico, não só representa um


compromisso coletivo com a definição da identidade para a instituição
educativa, como representa um espaço de luta pela formação da
cidadania comprometida com a transformação social.

A escola não pode deixar de lado a preocupação com a identidade dos


educandos, portanto o Projeto Politico Pedagógico que irá nortear as ações
escolares precisa buscar uma concepção de igualdade, respeito e tolerância,
formando alunos que entendam e consideram diferentes vivências. Deste
modo, entendemos que apenas com o reconhecimento do outro que se pode
viver em uma sociedade harmônica, e não temos dúvida que a instituição
escolar é essencial para que se tenha está compreensão de mundo, sendo ela
um dos primeiros contextos de socialização. Não se pode esquecer que tudo
que afeta a sociedade, reflete na escola, a informação chega facilmente e com
grande rapidez aos alunos, por isso o grande cuidado de abordar diferentes
contextos e desenvolver um aluno crítico e reflexivo. Moreira e Candau (2003)
enfatizam que:

“A escola sem dúvida, é uma instituição cultural. Portanto, as


relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como
entre dois polos independentes, mas sim como universos
entrelaçados, como uma teia tecida no cotidiano e com fios e nós
profundamente articulados” (p. 22).

Não se há duvida de que a maior característica da escola é a diversidade, e


dentro do PPP é preciso lidar com essas diferenças de maneira inclusiva e significativa
no convívio de todos os envolvidos com a comunidade escolar, propondo estratégias
de acabar com as barreiras que fazem com que a criança se sinta desvalorizada e
limitada, seja pela sua: cultura, deficiência, cor, sexo, ou qualquer tipo de
característica. Pois, sabemos que uma característica não define o seu humano e a
discriminação e o preconceito não podem ser incentivados dentro de um ambiente que
constrói concepções de mundo, e sim abordadas de modo que o individuo entenda e
amplie o seu olhar dentro das individualidades do ser humano. Moreira e Macedo
(2002 p. 12-13) dizem que:

[...] as concepções de identidade e de diferença adotadas no


pensamento pósmoderno são úteis para nortear a formulação de
currículos voltados para produzir identidades contestadoras e críticas,
empenhadas na construção de uma sociedade mais justa e
democrática.
Sendo assim, ao elaborar um projeto politico pedagógico é preciso refletir sobre
diversas questões, como: qual a identidade da escola, quais serão os seus objetos,
que tipo de aluno quer formar, como alcançar a comunidade escolar e abordar
diferentes culturas, quem será o meu aluno,

será temas a serem discutidos, além de conhecer e buscar entender onde a escola
está situada e quais são as suas origens.

REFERÊNCIAS
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas,
preconceitos e sua superação. In: AQUINO , Julio Groppa (org.): Diferenças e preconceito na
escola: alternativas teóricas e práticas. 4. ed. São Paulo: Summus Editorial, 1998. p. 11 a 30.

ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. O déficit cognitivo e a realidade brasileira. In:AQUINO, Julio
Groppa (org.): Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. 4. ed. São
Paulo: Summus Editorial, 1998. p. 44.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio. Etapa II -


Caderno I :Organização do Trabalho Pedagógico no Ensino Médio / Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica; [autores : Erisevelton Silva Lima... et al.]. – Curitiba: UFPR/Setor
de Educação, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília: DF/ MEC, 2001.

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a aprendizagem. 4. ed. Porto Alegre:
Mediação,2002. p. 70, 75,106, 111, 120, 174.

MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. 2003.


Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2012.

MOREIRA, A. F. B.; MACEDO, E. Currículo, identidade e diferença. In: MOREIRA, A. F. B.;


MACEDO, E. (Orgs.). Currículo, práticas pedagógicas e identidades. Porto: Porto, 2002.

PEREIRA, S. M.; BECKER, A. O Projeto Político Pedagógico e a construção da identidade escolar.


Revista: Contexto e Educação – Ijuí, RS: UNIJUÍ, n. 67, Jul./Set. 2002, p. 81 – 100. SILVA, T. T.
Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica,
2006.

VEIGA, Ilma. Entrevista à TV Paulo Freire (Vídeo). Disponível em: https://www.youtube.


com/watch?v=i21q2PUY0ew. Acesso em 20/07/2015.

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