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Diretório Litúrgico Diocesano

(Versão Experimental)

Sugestões e emendas serão


aceitas até 30 de setembro
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sec.episcopal@diocesesa.org.br

Diocese de Santo André - São Paulo


2

Índice
Apresentação.........................................................................................................................3
Introdução..............................................................................................................................4
Capítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA...................................................................................5
Capítulo 2 - O Mistério da Eucaristia.....................................................................................11
Capítulo 3 - A Pastoral Litúrgica............................................................................................12
Capítulo 4 - O sujeito na Liturgia (Ministérios)......................................................................15
Capítulo 5 - Orientações Gerais para a Celebração Eucarística..............................................22
Capítulo 6 - O Espaço Sagrado para a Celebração..................................................................33
Capítulo 7 - Momentos da Eucaristia.....................................................................................47
Capítulo 8 - A Proclamação da Palavra de Deus.....................................................................56
Capítulo 9 - Canto e Música Litúrgica....................................................................................63
Capítulo 10 - Celebrações relacionadas ao Sacramento da Eucaristia....................................76
Capítulo 11 - A homilia..........................................................................................................81
Capítulo 12 - Alguns materiais e objetos para a celebração eucarística.................................87
Conclusão - Lex Orandi, Lex Credenti....................................................................................95
Anexo I - Calendário da Diocese de Santo André...................................................................96
Anexo II - Check-lists para Missas.........................................................................................98
Anexo III - Missa com o Bispo..............................................................................................103
Anexo IV - Itinerário para a Lectio Divina............................................................................105
3

Apresentação

Com satisfação, apresento a toda nossa Diocese este “Diretório de Liturgia”,


fruto do trabalho e do esforço de muitos colaboradores que se dispuseram a realizar
esta tarefa. Deus recompensará a todos certamente e somos muito agradecidos por
tanta generosidade.
A arte da celebração tanto por parte do presidente da celebração como da
Assembleia, é a melhor condição para a participação. Assim, este Diretório deseja
favorecer não somente a melhor maneira de celebrar a liturgia, mas também a
compreensão do sentido, dignidade e beleza do mistério celebrado. Ele foi pedido para
ajudar na execução dos ritos e favorecer a celebração.
A Liturgia como exercício do sacerdócio de Cristo tem duas dimensões: a
glorificação de Deus e a santificação da humanidade: “Liturgia não se confunde com
catequese nem com ação transformadora do mundo, embora deva estar presente e
penetrar todas as ações da pastoral” (CNBB/ Doc. 43 - n. 51). Por isso é preciso que a
celebração seja bem organizada para poder ser bem vivida e dar seus frutos.
O Povo de Deus, na Assembleia litúrgica se expressa como povo sacerdotal e
organizado, no qual a diversidade de ministérios e serviços concorre para o
enriquecimento de todos. Este Diretório quer incentivar as comunidades a valorizar a
celebração da Missa, encorajar as Equipes de Pastoral Litúrgica de nossa Diocese a
prosseguirem no esforço de tornar evidentes suas riquezas.
A Eucaristia é mistério de fé e mistério de luz. O presente Diretório enfim,
através de uma celebração bem realizada, deseja ajudar os fiéis a fazerem a
experiência dos discípulos de Emaús: “Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No”
(Lc 24,31).
Em nome de Jesus, abençoo este trabalho e faço votos que de frutos.

+ Dom Pedro Carlos Cipollini


Bispo de Santo André
4

Introdução

Entregamos a todos os que servem a Sagrada Liturgia este diretório que reúne
as diretrizes mais elementares sobre a celebração do grande Mistério de nossa fé.
Inicialmente apresentamos uma síntese teológica sobre a Liturgia, uma
apresentação sobre a pastoral litúrgica, o sujeito na liturgia através dos ministérios,
os tempos litúrgicos, os paramentos, os espeços litúrgicos, a celebração eucarística,
a adoração eucarística, a comunhão para os enfermos, canto e música litúrgica, a
homilia e alguns anexos práticos.
Na sua grande maioria, todas as orientações são fundamentadas nos
principais documentos e instruções litúrgicas promulgados pela Igreja, em especial:
11
Instrução Geral sobre o Missal Romano , Instrução Redemptionis Sacramentum,
Introdução Geral ao Lecionário (Ordo Lectionum Missae), A Sagrada Comunhão e o
Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, Diretório das Celebrações Dominicais na
ausência do presbítero e o Cerimonial dos Bispos. O presente dirétorio é também
uma compilação de trabalhos já desenvolvidos em outras diocese tais como:
Amparo, Ponta Grossa, Belo Horizonte, Uruaçu além de inúmera citações outras.
Recomendamos que todos procurem posteriormente aprofundar seus
conhecimentos estudando esses documentos por completo.
Devido à complexidade e extensão do assunto, não tratamos neste volume das
celebrações eucarísticas conjugadas com a Liturgia das Horas, sacramentos ou
sacramentais, ou celebrações especiais que decorrem ao longo do ano litúrgico.
Mas, para isso, indicamos o auxílio do Diretório de Liturgia editado anualmente pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e das rubricas do Missal Romano
e dos rituais dos sacramentos ou sacramentais que se pretendem celebrar. A
Diocese de Santo André editará um segundo volume com este conteúdo em um
momento oportuno.
Este Diretório deseja ser um instrumento orientativo para as Equipes de
Liturgia numa comunidade. A ação dos responsáveis pela Liturgia supõe
necessariamente formação e conhecimento teológico para não violar a Tradição da
fé cristã ministrada e conservada pela Liturgia da Igreja. Toda ação só será
proveitosa, fecunda e renovadora para a comunidade se corresponder a critérios
litúrgicos, expressando seus sentimentos de comunhão com os nossos pastores.
Que este diretório promova o culto da Eucaristia baseado na fidelidade ao
Magistério da Igreja, enriquecendo o serviço das Equipes de Liturgia para
celebrarmos ativa, consciente e frutuosamente o Mistério Pascal de Cristo em cada
comunidade, tendo em vista o seguinte ensinamento:
“A eficácia das ações litúrgicas não consiste na contínua modificação dos
2
ritos, mas no aprofundamento da Palavra de Deus e do Mistério celebrado”.

1
Essa instrução corresponde à 3ª edição típica do Missal Romano promulgada pela Santa Sé em
2002. O texto dessa instrução foi traduzido e publicado em português pela Editora Vozes com o título
“Instrução Geral sobre o Missal Romano”, com a apresentação do Frei Alberto Beckhäuser.
2
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 39.
Capítulo 1 - A NATUREZA DA LITURGIA

Conceituação e Definição do termo “Liturgia”

1. Introdução

1. presente Diretório inicia com a proposta de responder à pergunta: o que é liturgia?


Neste breve texto buscaremos compreender a liturgia a partir das origens do termo, seu
uso civil (pagão), e particularmente o seu uso posterior no cristianismo, sobretudo na
Sagrada Escritura e expressões do Magistério eclesiástico.
2. De antemão cabe-nos dizer que ao longo dos séculos o termo “liturgia” nem sempre foi
compreendido e aplicado da mesma forma. A partir do Concílio Vaticano II debruçou-se
sobre a natureza da liturgia; a partir deste então o “tema” desenvolveu-se cada vez
mais na reflexão teológica. O consequente aprofundamento da noção de liturgia levou a
uma maior preocupação com a prática celebrativa e hoje, averigua-se que foram dados
passos significativos para que o mistério celebrado na liturgia seja melhor
compreendido e vivenciado.

2. Definição de Liturgia - Origem Etimológica

3. De certo modo qualquer pessoa sabe o que vem a significar “Liturgia”. Questionados
sobre o que significa, responder-se-ia que são as orações da Igreja, as celebrações,
etc. Mas, realmente se sabe o que significa esta palavra? Qual a sua origem? O que
ela significou em outros tempos e como adquiriu o significado religioso?
4. Não faz muito tempo que o termo “Liturgia” vem sendo usado na Igreja. “O adjetivo
liturgicus e o substantivo liturgia foram introduzidos, sem dúvida, pela primeira vez sob
sua forma latina, em 1588 por Georges Cassandre, Fazia-o em referência ao uso
bizantino. Rapidamente tais termos ganharam direito de cidadania na erudição
eclesiástica. Foi somente no século XVIII que os termos recebiam seu sentido atual,
designando o conjunto dos atos do culto da Igreja.”1
5. Mas, qual a origem do termo “Liturgia”? A palavra “Liturgia” está ligada à língua grega
na qual tem sua origem. A palavra “Liturgia” vem da junção de duas palavras gregas:
leiton-érgon: que originou leitourguia. Literariamente significa “serviço prestado ao
povo, ou serviço diretamente prestado para o bem comum.”2 A ação litúrgica era tida,
portanto, como uma ação em favor do povo, em favor das pessoas, em favor da
comunidade, em favor da vida humana. A partir deste olhar à etimologia da palavra
Liturgia compreende-se seu significado.

3. A Liturgia como Ação de Deus na História

6. A pergunta que agora cabe é a seguinte: Quem realizou a Liturgia mais importante em
favor de toda a humanidade? Evidentemente que nossa resposta será Deus. A
experiência religiosa nos mostra isso. A Sagrada Escritura desde o Antigo Testamento
até o Novo constitui um verdadeiro testemunho desta Ação/Liturgia de Deus em favor
da humanidade inteira a partir da criação.

3.1. A Ação de Deus em Israel – o povo eleito

7. A grande experiência religiosa de Israel como povo eleito, foi a de ter aos poucos
descoberto que Deus agia na história em favor deles. Deus age através dos fatos, dos
acontecimentos, das pessoas, dos profetas, dos sábios. Deste modo Deus caminha
com o povo eleito como um Deus presente em sua história, conduzindo e salvando.
Pode-se ver esta ação de Deus em favor do povo nitidamente na experiência do Êxodo.
Durante sua história, o povo de Israel foi descobrindo Deus como Aquele que liberta,
que é solidário, misericordioso, fiel, um Deus amoroso, que perdoa e que salva. Um
Deus que ama a vida do seu povo, e que tudo faz para que tenha vida plena –

1
MARTIMORT, Aimés Georges. Princípios da Liturgia: Introdução à Liturgia, p. 32.
2
AUGÉ, Matias. Liturgia: História-Celebração-Teologia-Espiritualidade, p. 12.
salvação.

8. É assim que Deus age. É esta a vontade de Deus: que todo ser humano tenha vida
digna, respeitada e valorizada. Assim podemos afirmar que Deus age/faz liturgia
permanentemente em favor da vida do seu povo. Deus é deste jeito! Deus é portanto, a
perfeita Liturgia e a própria fonte de toda liturgia 3. Em outras palavras, Deus é a fonte
de toda ação/serviço a favor do ser humano e do bem em geral. Podemos dizer então
que o próprio jeito de ser de Deus é Liturgia!
9. Se Deus é assim, qual deve ser a atitude dos homens diante da vida? Não será a
mesma? A de realizar as mesmas obras de Deus em favor da humanidade, da vida
Fazer Liturgia! Caso contrário até a Liturgia que celebra-se torna-se um lugar vazio fora
da realidade, pois não celebramos aquilo que vivenciamos.

3.2. Jesus Cristo, a grande Liturgia de Deus

10. Jesus Cristo foi a expressão maior da Liturgia de Deus e os homens. A encarnação do
Filho de Deus foi a maior ação do próprio Deus em favor da humanidade inteira. “Deus
amou tanto a humanidade que nos enviou seu Filho para nos salvar” (Jo 3,16). Toda
vida de Jesus levada às últimas consequências em favor do Reino de Deus foi uma
liturgia. E Liturgia com letras maiúsculas! Jesus é a presença do jeito litúrgico de Deus
entre nós. A vida de Jesus foi toda ela um serviço ao próximo, principalmente aos mais
excluídos. Por causa deste jeito de Deus em Jesus Cristo ele sofreu e morreu por amor
aos homens, a nós. Mas Deus o Ressuscitou! Este é o Mistério Pascal de Jesus que
celebramos. É toda a sua vida levada a sério, realizando o projeto do Pai e assumindo
as consequências: a Morte, como entrega pela salvação, pelo bem de todos. Mas Deus
que quer a vida, faz com que através da morte de seu Filho todos adquiram vida nova:
Ressurreição.
11. Resumindo, a liturgia do Pai nos oferece o Filho! E o Filho vive a liturgia do Pai entre
nós, porque, como sabemos, “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a própria vida para a salvação de muita gente” (Mc 10,45). O gesto de
Jesus de lavar os pés dos discípulos é um exemplo e um sinal do modo de ser litúrgico
de Jesus a ser imitado por todos nós (cf. Jo 13,1-17). Cristo vive entre nós o jeito de
servir de Deus e com sua paixão, morte e ressurreição nos dá vida plena. É esta
Liturgia que celebramos! “Jesus Cristo libertou-nos da escravidão do pecado e da
morte, fazendo-nos passar (páscoa) para a liberdade de filhos e filhas reconciliados de
Deus” (cf. 1Cor 15,12-28). Jesus não é a Máxima liturgia de Deus? Ele se torna a
perfeição da liturgia de Deus e também fonte. Ele é a obra definitiva do Pai pela nossa
salvação.

A Liturgia na Sagrada Escritura: AT e NT

12. Para uma adequada compreensão do termo Liturgia, será importante dar um salto e
perceber em que sentido é aplicado na Sagrada Escritura. No AT a palavra se repete
170 vezes, naturalmente na sua versão grega, como liturgia, e serve para traduzir os
verbos hebraicos SHERÉT e ‘ABHODÁH, ambos ligados à ideia de “serviço prestado a
alguém”.
13. primeiro verbo, Sherét, exprimia os sentimentos que se achavam na base do serviço,
ou seja, a dedicação afetuosa e incondicional por parte do servo e a confiança por
parte do patrão-senhor. Já o segundo verbo, ‘Abhodáh, é sinônimo de serviço oneroso,
muitas vezes usado para indicar o serviço próprio do escravo e, em geral, trabalho.
Tanto um como o outro são usados indiferentemente para o sentido de serviço profano
ou serviço religioso.
14. Assim, todas as vezes que a palavra hebraica diz respeito ao “culto prestado a Deus
pelos sacerdotes e pelos levitas no seu templo”, são traduzidos para o grego com o
verbo e o substantivo gregos LEITOURGEIN e LEITOURGÍA. Quando, pelo contrário,
as mesmas palavras hebraicas servem para indicar o “culto a Deus prestado pelo
povo”, são traduzidas para o grego com as palavras LATREUEIN – LATRÍA, que
significa adoração, e DOULEUEIN – DOULEÍA, que significa veneração.
15. Portanto, a palavra liturgia no AT adquiriu um valor técnico para indicar o “culto levítico”
enquanto tal, isto é, uma forma cultual determinada por um cerimonial próprio fixado
3
Cf. Corbon, Jean. Liturgia de Fonte, Paulinas, São Paulo 1991.
nos livros da Lei e reservado a uma categoria particular de pessoas.
16. Sendo expressão que indica não apenas culto ou culto a Deus, mas “o modo de culto”
praticado pelos sacerdotes e pelos levitas hebreus, deve-se concluir que na tradução
do AT liturgia exprimiu de uma só vez:
17. A ação do culto com que se serve ao único Deus e apenas a ele na sua tenda, no seu
templo e no seu altar;
18. Os autores deste culto, isto é, os homens especialmente designados para isso pela
eleição divina;
19. A unicidade de um culto que, dirigido a Deus, é também de tal forma único e verdadeiro
que deve ser regulamentado por normas divinas impreteríveis.
20. Percorrendo o NT, que em sua maior parte foi escrito em grego, encontramos a palavra
liturgia que se repete 15 vezes. Confira: usada como verbo, LEITOURGEIN, em At
13,2; Rm 15, 27; Hb 10,11. Como substantivo, LEITOURGÍA, nos textos de Lc 1,23;
IICor 9,12; Fl 2,7.30; Hb 8,6; 9,21. Como substantivo de pessoa, LEITOURGÓS, é
usada em Rm 13,6; 15,16, Fl 2,25; Hb 1,7.14; 8,2
21. sentido em que estas palavras podem ser usadas se resumem sob quatro categorias,
de onde resulta a “Liturgia”:
22. Em sentido profano tomado da linguagem comum: Rm 13, 6, para indicar “ministros”;
Rm 15, 27, que se traduz por “prestar serviço com auxílio material”; Fl 2,25.30, para
indicar o “serviço atencioso” dos fiéis com respeito ao Apóstolo que, desta forma,
revelou-se para eles um “auxílio valioso”; 2Cor 9,12, no sentido de “serviço que os
anjos prestam a Deus em favor dos homens”.
23. Em sentido ritual sacerdotal do AT: Lc 1,23 fala do “turno de serviço” prestado no
templo de Jerusalém; é uma referência à liturgia levítica; Hb 8,2-6 apresenta o próprio
Cristo como “liturgo” do verdadeiro Santuário e, portanto, aquele que exerce uma
“liturgia superior”; Em Hb 9,11 o termo é usado para indicar “os objetos litúrgicos do
culto hebraico”; Hb 10,11 é uma comparação entre a “repetição diária da liturgia
sacerdotal hebraica” e a do “único sacrifício de Cristo”.
24. Em sentido de culto espiritual: temos Rm 15,16, onde Paulo se declara “ministro-liturgo”
de Cristo. Também Fl 2,17, em que Paulo manifesta estar disposto a “ser derramado
em libação no sacrifício e na liturgia da fé”.
25. Em sentido de culto ritual cristão: o único texto no qual podemos reconhecer uma
liturgia cristã semelhante ao que nós hoje designamos por liturgia é o texto de At 13,2
que, literalmente traduzido, lê-se desta forma: “Enquanto eles FAZIAM LITURGIA ao
Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo”. Entende-se aqui uma celebração do culto
onde é notória a ação do Espírito Santo. Outro elemento visível é o fato de que uma
comunidade estava reunida. Destacamos ainda que os efeitos que se seguem desta
“liturgia” têm em vistas a missão da própria comunidade, que é o anúncio do
evangelho.

5. Visão Teológica da “Liturgia”

26. liturgista Odo Casel definiu a liturgia do seguinte modo: A liturgia é o Mistério do culto
de Cristo e da Igreja. Temos, portanto, nesta definição, um conceito teológico de
liturgia. “Aparecem nesta definição quatro elementos importantes: O Mistério; o Culto,
que expressa o relacionamento entre Deus e os homens; Cristo, este conceito coloca
Jesus Cristo no centro do culto. E finalmente, a Igreja; a liturgia é uma expressão
cultual da Igreja.”4
27. Para compreendermos melhor esta definição, é necessário que aprofundemos estes
quatros elementos encontrados na definição acima: Mistério, Culto, Cristo e Igreja.

5.1. Mistério

28. Segundo o dicionário, mistério é algo incompreensível, algo oculto, impenetrável à


razão humana; coisa secreta. Significa também o culto ritual secreto de religiões pagãs.
29. A palavra mistério (mysterion) vem do verbo grego myo, que significa: estar fechado,
estar cerrado; ou fechar-se, cerrar-se. Usa-se esta palavra apenas para coisas que
podem ser abertas, que podem ser descerradas. Assim, a palavra mistério conota
sempre o aspecto de oculto, de secreto, mas que pode ser revelado parcialmente,
manifestado de alguma forma.
4
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 23.
30. Mistério no sentido da liturgia não tem apenas esta conotação intelectual dada acima,
mas é visto sob o aspecto de Economia divina da salvação.
31. Economia provém da palavra grega oikonomía (oíkos+nómos) que significa a norma da
casa, a administração da casa. É o plano de Deus em relação à sua família. Economia
divina da salvação significa o plano que Deus tem em relação aos homens de fazê-los
participantes de sua vida, de seu amor, de sua felicidade. Este plano se manifesta na
História da Salvação.
32. A Sagrada Escritura, os Santos Padres e a Liturgia usam a palavra mistério em
sentidos diversos, mas está sempre presente a ideia fundamental de que no mistério
têm lugar o invisível e o visível, o celeste e o terreno, o divino e o humano, a virtude
espiritual e a imagem exterior material.
33. Mistério é antes uma verdade que se cumpre, um desígnio ou plano de Deus que se
realiza. Mistério é a ação de Deus, na qual Ele entra em comunhão com o mundo e os
homens. Mistério é a gratuidade do amor de Deus comunicado, revelado aos homens.

5.2. Culto

34. “O mistério do culto é a representação e a re-atualização ritual do mistério de Cristo,


que se nos permite entrar no mistério de Cristo.” 5 Ele é o meio que temos para que
vivamos o mistério de Cristo. São realizações parciais do mistério de Cristo, são a
continuação da presença e da ação de Cristo no mundo. Pelo mistério do culto, ou seja,
pelas ações que realizamos e que o próprio Cristo realiza, participamos, através dos
ritos, da ação redentora de Cristo.

5.3. Cristo

35. “O mistério de Cristo é o plano de Deus de fazer os homens participantes de seu amor,
de sua vida, de sua imortalidade e felicidade, manifestado em Jesus Cristo.” 6 Ao
mistério de Cristo está ligada toda obra da criação e da salvação, pois ele é o próprio
mistério. Os mistérios de Cristo são ações das quais se revela e se realiza Nele os
planos de salvação de Deus. São mistérios de Cristo: a encarnação, o nascimento, a
manifestação aos magos, a apresentação ao templo, o batismo, o jejum, as tentações,
sua paixão, morte e ressurreição, e toda ação dos apóstolos e de sua Igreja. “Toda
esta maravilha da manifestação de Deus no mundo pode ser vivida através de sua
celebração, ou seja, no mistério do culto.”7

5.4. A Igreja

36. A Igreja é o corpo místico de Cristo do qual nós somos os membros e Cristo é a
cabeça. “Em tudo o que pratica, a Igreja depende totalmente de Cristo, de vez que ela
não é auto-suficiente. Cristo não foi somente o fundador, aquele que lançou os
alicerces da Igreja; Ele está presente nela todos os dias pela ação de sua graça.” 8 É
Cristo quem dá força para a Igreja exercer sua função. Ela, a Igreja, tudo faz em função
de Cristo. Se Cristo é a cabeça da Igreja que é seu corpo, obviamente ela possui
membros. Estes membros somos nós que também estamos incumbidos de
testemunhar Cristo e seu mistério de Salvação aqui na terra, assim como anunciaram
os apóstolos no início. “Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também ele
enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evangelho a
toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição, nos
libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas
ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do Sacrifício
e dos Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica.”9
37. A Igreja possui dois aspectos importantes. “Primeiro, no sentido amplo, a Igreja como
mistério de vida divina no conjunto de todos os que amam a Deus, em todos os que
tenham boa vontade, pois aí continua a obra de Cristo. Segundo, a Igreja como povo
de Deus, comunidade visível dos que creem conscientemente em Cristo e, guiados e
5
Ibidem, p. 33.
6
Ibidem, p. 31.
7
Ibidem, p. 32.
8
VOLK, Hermann. A Liturgia Renovada: Fundamentos Teológicos, p. 74.
9
SC, nº 6.
servidos pela hierarquia, participam de seus sacramentos, procurando viver uma vida
mais consciente de caridade através da vocação e da missão batismal.”10
38. “Se definimos a Igreja como Mistério de Cristo, não o fizemos com o intuito de
intelectualizar o problema, mas tão somente para lembrar a promessa que Cristo lhe
fez, sem a qual ela nada seria do que realmente é. Ela continua sua ação mediadora
de salvação, apoiada neste vínculo que Cristo mantém com ela até que um dia Ele
volte.”11

6. A Natureza da Liturgia na Constituição Sacrosanctum Concilium

39. A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium foi aprovada na aula conciliar do dia
4 de dezembro de 1963. Ela foi o primeiro documento promulgado pelo Concílio
Vaticano II.
40. Assim define a Liturgia: “Em tão grandiosa obra, pela qual Deus é perfeitamente
glorificado e os homens santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja, sua Esposa
diletíssima, que invoca seu Senhor e por Ele presta culto ao eterno Pai. Com razão,
pois, a Liturgia é o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante
sinais sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a santificação
do homem; e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo, Cabeça e
membros.”12 Poderíamos dizer então que a “Liturgia é uma ação sagrada pela qual
através de ritos sensíveis se exerce, no Espírito Santo, o múnus sacerdotal de Cristo,
na Igreja e pela Igreja, para a santificação do homem e a glorificação de Deus.”13
41. A ação litúrgica não existe em livros, mas na ação de Deus que convoca e reune a
comunidade, a Igreja, esta por sua vez adere ao chamado. Nela age o Cristo. Esta
ação é sagrada porque Deus se comunica com os homens através desta. Esta
comunicação de Deus com os homens se dá através de ritos sensíveis: os
sacramentos, sinais sensíveis da ação salvadora de Cristo. Na ação litúrgica é o
próprio Cristo que age, que realiza a ação salvadora, mas ele não age sozinho. Ele
está presente na ação da Igreja. Quando a Igreja exerce a ação sagrada é Cristo que,
está agindo nela. A santificação do homem e glorificação de Deus são os dois
movimentos da ação litúrgica: o movimento de Deus para o homem: a santificação, e o
movimento do homem para Deus: a glorificação. “Quando numa ação sagrada da
comunidade cristã encontramos esses cinco elementos, podemos dizer que estamos
diante de uma ação litúrgica.”14
42. Há ainda outras afirmações na linha de tentativa de definição da natureza da Liturgia
que podem ser encontradas na Sacrosanctum Concilium, como a seguinte: “A liturgia é
o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana
toda a sua força.”15 Assim, podemos refletir que a Liturgia embora não resuma toda a
ação da Igreja é seu ponto alto. Ponto alto, não como um simples ponto de chegada,
pois ao mesmo tempo se revela como ponto de partida. É a fonte de onde emana toda
sua força. Celebrar é entrar em comunhão com a origem de toda missão da Igreja, o
próprio Senhor, que a alimenta com sua própria presença que fortalece e sustenta a
missão. “A sagrada liturgia não esgota toda a ação da Igreja; com efeito, antes que os
homens possam achegar-se à liturgia, é necessário que sejam chamados à fé e à
conversão.”16 Não esgota mas é cume e fonte da ação e de toda a vida da Igreja. Por
isso assim como a fé, a liturgia que é sua expressão deve estar ligada à vida.
43. Deste modo conclui-se que se pode continuar afirmando que todo trabalho de
evangelização é realizado em vista da celebração do Mistério de Cristo, que é, como
afirma a Sacrosanctum Concilium, momento da história da salvação17 à qual somos
chamados em Cristo Jesus. Destacamos deste modo algumas afirmações importantes:

1) A vontade de Deus de salvar a humanidade, que tem seu ponto mais


alto na Páscoa de Cristo. É este mistério que se celebra na liturgia;

10
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 32-33.
11
VOLK, Hermann. A Liturgia: Fundamentos Teológicos, p.77-78.
12
SC, nº 7.
13
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Celebrar a Vida Cristã, p. 34.
14
Ibidem, p. 35
15
SC, nº 10
16
SC, nº 9
17
cf. SC, nº 6-8
2) Na liturgia acontecem dois movimentos: a santificação do homem, por
parte de Deus, e a glorificação de Deus, por parte do homem;
3) Na liturgia tem-se o cume a a fonte de toda a ação da Igreja que nasce
da Pregação do Evangelho do Reino (LG 5) da Última ceia, da Cruz
com seu lado aberto e de Pentecostes em uma “fundação
progressiva”;
4) Da celebração litúrgica emana todo compromisso de vencer as
dificuldades e os pecados pela experiência concreta da Páscoa do
Cristo.

Rito como expressão da Liturgia

44. A ação salvífica na Liturgia ocorre por meio de uma linguagem chamada Rito. O Rito é
o ordenamento de ações simbólicas, constituído por gestos e palavras, que busca a
integração entre Deus e os homens. A ação ritual é uma linguagem assumida por Deus
para revelar ao homem o seu mistério salvífico e comunicar a graça divina. Jesus na
última ceia, realizando o rito judaico, transforma-o no memorial da sua paixão, morte e
ressurreição, e transmite à Igreja pelos apóstolos.
45. O rito possui as seguintes finalidades:
a. celebrar a Aliança Eterna entre Deus e os homens realizada no Mistério
Pascal;
b. transmitir com fidelidade o Patrimônio da Fé de geração em geração (Tradição
da Igreja);
c. manter a unidade da Igreja segundo uma linguagem simbólica determinada
(Rito Romano).

Celebração de um Memorial

46. No rito, a Igreja celebra o memorial do evento central da história da salvação, que é o
Mistério Pascal de Cristo. Nessa frase temos mais dois conceitos fundamentais em
Liturgia:
47. - Celebrar: é uma palavra de origem latina com a mesma raiz das palavras “cé-lebre”,
“celebridade”, e significa “lembrar”, “recordar”, “não deixar cair no esquecimento”. No
AT temos várias referências sobre essa dimensão da vida da fé e vemos também os
danos e os sofrimentos para o Povo de Israel quando eles “esqueciam” da aliança com
Deus, isto é, não celebravam plenamente – fé e vida – essa aliança.
48. - Memorial: geralmente na cultura ocidental, para fixar na memória das pessoas os
atos heróicos ou a vida de alguém importante, erige-se uma estátua ou dedica-se uma
praça ou uma construção em sua homenagem (rua, ponte, edifício, cidade,...). Realiza-
se o memorial da pessoa de Jesus Cristo por meio de ritos que recordam os
ensinamentos e o testemunho do Filho de Deus. Portanto, quando celebra-se o
memorial do Mistério Pascal sob a força do Espírito Santo presente nas ações da
Igreja, faz-se o:
a. recordar a Aliança Nova e Eterna entre Deus e a humanidade, selada em
Jesus Cristo num momento histórico da humanidade (“Plenitude dos Tempos”);
b. atualizar a presença e a ação de Cristo no mundo, por meio da ação
sacramental da Igreja, ligada com o compromisso pessoal e comunitário na
vivência e testemunho dos ensinamentos evangélicos;
c. profetizar da consumação do Reino de Deus no mundo, que ainda está em
construção e por vir plenamente no fim dos tempos.

Capítulo 2 - O Mistério da Eucaristia


49. “O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício
eucarístico do seu corpo e do seu sangue para perpetuar no decorrer dos séculos, até
Ele voltar, o sacrifício da cruz, e para confiar assim à Igreja, sua esposa amada, o
memorial da sua morte e ressurreição: sacramento da piedade, sinal de unidade,
vínculo da caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de
graça e nos é dado o penhor da glória futura.”. Deste modo, a Santa Missa possui
como finalidade: A adoração (latria), a ação de graças (eucaristia), reparação dos
pecados (propiciatório) e petição de graças (imprecatório).
50. A celebração da Eucaristia é centrada na vida trinitária que alimenta toda a vida cristã,
sem a qual uma comunidade não cresce e nem se edifica no conhecimento do
Evangelho e na prática de boas obras da fé. Portanto, celebrar a Eucaristia é atualizar
a livre entrega do dom da Vida de Cristo à humanidade como alimento e penhor do
céu, de tal forma que sem este sacramento a comunidade cristã não pode viver. É uma
necessidade do cristão participar da celebração dominical e alimentar-se do pão
eucarístico, pois de outro modo não se pode encontrar a força necessária para o
caminho que há de percorrer.
51. “A fonte e o ápice de toda vida cristã” é a Eucaristia, como nos ensina a Lumen
Gentium (11), pois nela, a Igreja congregada pelo poder do Espírito Santo, vive o
mistério da Redenção, como professamos no mysterium fidei: “anunciamos, Senhor a
vossa morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!” (cf.
Doxologia, Missal Romano n.93).

Sacramento da Eucaristia

52. São João Paulo II nos ensina que a Eucaristia é a “presença salvífica de Jesus na
comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual”. Especificamente, “Eucaristia” quer dizer
“ação de graças”, a vivência da Igreja em atitude responsorial de fé à graça operada
por Deus. Por ser presença salvífica, é o modo atual de Deus agir entre os homens.
Por isso, afirma-se que a Eucaristia é sacramento. Ou seja, via eficaz de Salvação
instituída por Cristo e centralizada n’Ele. Ela “destina-se à santificação dos homens, à
edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus.” 18. Nesse
sentido, a Eucaristia é sinal visível da presença de Cristo entre nós, e é meio eficaz de
Salvação.

Sacramento da Eucaristia e suas implicações

53. O Sacramento da Eucaristia é o mesmo sacrifício de Cristo na cruz. A Eucaristia não é


apenas ceia e banquete, mas propriamente sacrifício do Senhor, imolado de modo
incruento, em que, Sacrifício e Sacramento são o mesmo e único mistério da entrega
do Senhor. É o mesmo sacrifício da cruz na qual Cristo concede “eficácia salutar, no
momento em que, pelas palavras da consagração, começa a estar sacramentalmente
presente, como alimento espiritual dos féis, sob as espécies de pão e de vinho” 19. Isso
implica que a “mesma Igreja não tem nenhum poder sobre aquilo que tem sido
estabelecido por Cristo, e que constitui a parte imutável da Liturgia. Posto que, caso
seja rompido este vínculo que os sacramentos têm com o mesmo Cristo que os tem
instituído e com os acontecimentos que a Igreja tem sido fundada nada seria vantajoso
aos fiéis, mas sim poderia ser gravemente danoso”20.
54. A missa é celebrada validamente com a matéria, a forma e liturgia próprias. O pão
eucarístico deve ser ázimo feito de trigo e de maneira recente. Não é permitido
nenhuma outra matéria, a saber, nem pão fermentado, nem pão árabe, nem bolachas
de água, água e sal, nem pão de milho etc. O que se pode autorizar em situações
especialíssimas (para celíacos p.ex.) é o uso de pão com baixo teor de glúten como
matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote.
55. Os celíacos podem também comungar somente do vinho caso o pão com baixo teor de
glúten lhes faça mal. Podem estes ter uma pequena teca própria (se comungam do
pão) ou um pequeno cálice próprio (se comungam apenas do vinho).
56. O vinho para o Santo Sacrifício deve ser natural, sem adições de outras substâncias.
Não é permitido suco de uva. O vinho canônico (ou equivalente) é o mais apropriado. O
que se pode autorizar pelo ordinário (em situações especialíssimas) é a substituição do
vinho pelo mosto como matéria da eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote.
Mosto não é suco de uva; mosto é vinho não fermentado.
57. A forma legítima e válida para o Santo Sacrifício é a forma do missal romano expressa
pela oração eucarística, sendo proibida qualquer outra oração. Não é permitido o uso

18
Sacrosanctum Concilium, 59
19
PAULO VI, Encíclica “Mysterium Fidei”, 34
20
Redemptionis Sacramentum, 10
de fórmulas compostas pelos sacerdotes ou modificar as orações existentes e nem
mesmo utilizar fórmula de louvores. A oração deve ser dita apenas pelo sacerdote e
nunca pelo povo todo, exceto nas respostas aprovadas pela Sé Apostólica.

Sacrifício da Missa e seus fins

58. A Eucaristia é sacrifício de Salvação, comunhão de irmãos e manifestação de vida


missionária. Cristo é a Hóstia viva para a vida da Igreja, isto é, a vítima pura oferecida
em sacrifício e recebida em comunhão. A Eucaristia, então, é o Sacrifício cujo fim é
salvar o povo de todos os tempos. É também “antídoto pelo qual somos libertados das
culpas cotidianas e preservados dos pecados mortais”21.
59. A Eucaristia é a comunhão dos fiéis entre si com Jesus, comunhão essa em que a
Igreja permanece unida a Jesus: “permanecei em mim e eu permanecerei em vós” (Jo
15,4). A intimidade proporcionada pela comunhão “não pode ser adequadamente
compreendida nem plenamente vivida fora da comunhão eclesial”22.
60. Além disso, o Sacrifício da missa é a verdadeira comunhão missionária da esposa de
Cristo com seu Senhor, no qual se reaviva a notícia de São Paulo: “sempre que
comerdes desse pão e beberdes desse cálice, estareis proclamando a morte do Senhor
até que Ele venha” (1Cor 11,26).
61. É na celebração da Eucaristia que a Igreja Peregrina se une à Igreja do Céu (e também
reza pela Igreja padecente), havendo por Cristo, com Cristo e em Cristo um intercâmbio
maravilhoso de dons e graças. Daí a necessidade de os cristãos serem preparados
para bem participar neste infinito Mistério de amor confiado à Igreja, desde a noite do
cenáculo.
62. “Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos
defuntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu,
formando todos juntos uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor
misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre à escuta das nossas orações”
Credo do Povo de Deus: profissão de fé solene, n. 30 e Catecismo da Igreja Católica, n.
962

Capítulo 3 - A Pastoral Litúrgica

Fundamentos

63. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium dedicou os números


43 a 46 sobre a questão da Pastoral Litúrgica. Conforme o Documento 43 da CNBB,
“promover a liturgia já é ação pastoral pelas dimensões comunitária e ministerial,
catequética, missionária, ecumênica e transformadora que ela possui” (n. 186).
64. Anteriormente ao Concílio Vaticano II, com o Movimento Litúrgico, falava-se de uma
formação litúrgica para os fiéis. Depois do Concílio, principalmente a partir do
documento sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, o que antes era apenas
um movimento, passa-se à Pastoral Litúrgica. A liturgia começa a ser compreendida
como dimensão da vida de toda a Igreja, como “cume e fonte“ (cf. SC 10) de toda a
vida cristã. Dela, os fiéis devem participar consciente, ativa e plenamente. O mesmo
documento conciliar pede que se constituam comissões litúrgicas em nível nacional,
diocesano e nas paróquias (cf. 44-46).
65. A Pastoral Litúrgica é, pois, a ação corajosa e organizada da Igreja para levar o povo
de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na liturgia (cf. CNBB, Doc. 43, nº
185). O mesmo documento continua dizendo que promover a liturgia já é uma ação
pastoral, pois a liturgia é fonte e ápice de toda a atividade da Igreja, embora ela não
esgote toda esta ação. No número 187, diz que a Pastoral Litúrgica é o coração e
cérebro da liturgia. A grande tarefa da Pastoral Litúrgica é dinamizar a formação de
todos os participantes da liturgia, visando que as celebrações sejam cada vez mais
expressivas e possam enriquecer espiritualmente os fiéis.
66. A meta da Pastoral Litúrgica consiste em promover a participação do povo. Esta

21
Instrução “Eucharisticum mysterium", 35
22
Mane Nobiscum Domini, 20
participação deve ser:
67. Plena: isto é, interior e exterior, por meio de atitudes, gestos, respostas, orações,
silêncio e cantos. É toda a pessoa humana, em todas as suas dimensões, que deve
comunicar-se com a celebração dos Mistérios.
68. Consciente: ou seja, fruto de uma educação litúrgica adequada, baseada numa
excelente catequese litúrgica. Não é possível uma participação consciente e ativa sem
um devido e adequado conhecimento do Mistério que é celebrado.
69. Ativa: isto é, participação harmoniosa, cujo primeiro exemplo deve ser dado por
aqueles responsáveis em promover a celebração. Todos os integrantes da Pastoral
Litúrgica devem ter consciência de que são parte da assembleia celebrante e não
meros articuladores.
70. A Pastoral Litúrgica é uma ação eclesial que, “numa comunidade, paróquia ou diocese
funciona com o auxílio de uma organização própria, provida de um plano de trabalho e
um cronograma de atividades” (CNBB. Guia Litúrgico-Pastoral, p. 117).

A organização da Pastoral Litúrgica

71. A Pastoral Litúrgica se desenvolve em três níveis: nacional, diocesano e paroquial. O


Documento da CNBB ao falar da Pastoral Litúrgica afirma que: “coração e cérebro
desta pastoral é a equipe de pastoral litúrgica em nível nacional, diocesano e paroquial”
(CNBB. Doc. 43, n. 186). Cabe a esta equipe em seu respectivo nível, planejas, formar
e organizar sua ação. Vejamos cada nível da organização da Pastoral Litúrgica.

Comissão Nacional de Liturgia

72. O Concílio Vaticano II solicitou a formação de uma Comissão Nacional de Liturgia no


âmbito das Conferências Episcopais (cf. SC 44). Esta comissão deve ser integrada por
bispos e pessoas competentes e tem como tarefa a orientação da ação da pastoral
litúrgica. Esta comissão deve contar “com o auxílio de pessoas qualificadas em ciência
litúrgica, música, arte sacra e pastoral” (SC 44). Em nível nacional, a comissão tem
como tarefa: A tradução dos livros litúrgicos e sua respectiva adaptação e publicação;
Assessoria litúrgica; intercâmbio com as instituições de pastoral litúrgica.

Comissão Diocesana de Liturgia:


73. A Comissão Diocesana de Liturgia tem como objetivo promover, fortalecer e
acompanhar a vida litúrgica da diocese, bem como formar, animar e organizar a
pastoral litúrgica no âmbito diocesano, regional e paroquial, e promover a formação
litúrgica integral de seus agentes e todo o povo de Deus, sujeito da celebração. Esta
Comissão deve ser integrada por pessoas especializadas, competindo a ela, “sob a
autoridade eclesiástica territorial, conduzir a pastoral litúrgica em sua área e promover
os estudos e as experiências necessárias” (cf. SC 44).
74. A Instrução Inter Oecumenici para a execução da Constituição Sacrosanctum
Concilium, aplicando as normas do Concílio Vaticano II, no n 47, trata com maiores
detalhes das tarefas da Comissão Diocesana de Liturgia, afirmando que sob a
orientação do bispo, a Comissão Diocesana de Liturgia deve: Conhecer a situação da
ação litúrgica pastoral da Diocese; Executar diligentemente tudo aquilo que em
questões litúrgicas a competente autoridade estabelece e dar conta dos estudos e
iniciativas que sobre este assunto se fazem em outras regiões; Sugerir e promover
todas as iniciativas práticas que possam contribuir para dar impulso à liturgia,
sobretudo para ajudar os sacerdotes que já trabalham na vinha do Senhor; Sugerir
oportunas e progressivas disposições de trabalho pastoral litúrgico para os casos
concretos e até para toda a Diocese; indicar ou mesmo chamar pessoas competentes
que, em ocasião oportuna, possam ajudar os sacerdotes neste campo e propor os
meios e os elementos aptos a tal fim; Procurar que na Diocese as iniciativas litúrgicas
se desenvolvam em concordância e ajuda das outras associações, como já foi dito para
a comissão instituída junto à assembleia episcopal.

Pastoral Litúrgica Paroquial


75. A equipe de Pastoral Litúrgica Paróquia possui um caráter mais prático e concreto,
visto que a meta é a vida litúrgica da paróquia ou da comunidade, procurando preparar
bem as celebrações para que seja mais participada, e para isso, preocupando-se com
a qualificação dos que exercem algum ministério litúrgico no âmbito paroquial.
76. Conforme o Guia Litúrgico-Pastoral “na paróquia ou comunidade, a pastoral litúrgica é
concretizada, dinamizada e viabilizada através de uma equipe de liturgia, unida e
entrosada, imbuída da mística do serviço gratuito, comprometida com a vida da
comunidade e marcada pelo zelo de preparar celebrações orantes, inculturadas,
festivas e repletas de Deus” (p. 119).

A equipe de Celebração

77. Dentro da organização da Pastoral Litúrgica Paroquial encontram-se as Equipes de


Celebrações. Estas equipes são encarregadas de fazer acontecer à celebração. Devem
trabalhar sempre em sintonia com a equipe de música e o padre. Ela distingue-se da
Equipe de Pastoral Litúrgica. As Equipes de Celebrações são tantas quantas forem às
celebrações na comunidade. Esta equipe está na base de tudo. Há muitos modos de se
compor as Equipes de Celebrações. Ela pode ser formada pelos membros das
pastorais, jovens, catequese, etc. Porém, o mais conveniente é que cada celebração
tenha uma equipe permanente, que pode eventualmente ser formada por pessoas de
diferentes pastorais, movimentos, etc. Esta equipe é constituída pelos leitores e
leitoras, pelos animadores da assembleia, pelos cantores, pela equipe de acolhida, etc.

Plano de Ação Pastoral para a Liturgia

78. Toda ação pastoral para ter êxito precisa de um bom plano pastoral. Será ele a guiar os
trabalhos e possibilitar a superação das dificuldades enfrentadas. Sem um plano tudo é
levado de qualquer jeito. A eficiência da Pastoral Litúrgica se dará mediante um plano
de ação pastoral para a liturgia, estruturado para agir durante o ano. Por plano de ação
pastoral entendemos o programa que a equipe se dispõe a seguir no decorrer do
calendário litúrgico da Igreja e da comunidade paroquial. Neste plano entra também o
projeto formativo da equipe e da comunidade. Por certo, outros planos podem ser
assumidos ao longo do ano.
79. O mais conveniente é organizar o plano de ação pastoral a partir do calendário litúrgico
da Igreja. Isto possibilitará a organização das atividades da Pastoral Litúrgica ao longo
do ano. Planejar a partir do calendário litúrgico permitirá saber de antemão às
celebrações no decorrer do ano, quem irá preparar, quem vai cantar... Também será
possível programar os encontros de formação litúrgica das equipes e da comunidade.
Tudo isto tem uma única finalidade: evitar o improviso. A organização de um plano
pastoral é a chave para o bom andamento do trabalho da Pastoral Litúrgica na
Comunidade.

Orientações práticas e tarefas para a Pastoral Litúrgica

1. Conhecer a realidade da ação pastoral litúrgica da diocese ou da paróquia e


comunidade;
2. Fazer um planejamento progressivo da ação pastoral litúrgica, levando em
consideração o calendário litúrgico e recorrendo a pessoas competentes;
3. Fazer com que a pastoral litúrgica caminhe de forma integrada com as
dimensões bíblico-catequética, de música litúrgica, arte e com a pastoral de
conjunto diocesana;
4. Evitar qualquer tipo de individualismo na ação da pastoral litúrgica em todos os
níveis (cf. IGMR 96);
5. A preparação prática de cada celebração litúrgica seja feita com espírito dócil e
diligente, de acordo com o Missal Romano e com os outros livros litúrgicos (cf.
IGMR 111);
6. Na organização da celebração, quem preside leve mais em conta o bem
espiritual de toda a assembleia do que o seu próprio gosto (cf. IGMR 352);
7. Antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o animador, os
cantores saibam exatamente cada um qual ação lhe compete, para que nada se
faça de improviso (cf. IGMR 352);
8. Promover os diversos ministérios relacionados a ação litúrgica, privilegiando a
sua devida formação bíblico-litúrgica;
9. Planejar, animar, coordenar e avaliar a vida litúrgica da comunidade;
10. Garantir a celebração do mistério pascal de Cristo, dando particular atenção às
celebrações dos tempos significativos do Ano Litúrgico, da Diocese e da
Paróquia;
11. Constituir, formar e fortalecer as equipes de celebrações nas paróquias e
comunidades;
12. Zelar pela dimensão celebrativa do conjunto da ação pastoral, da qual a liturgia
é fonte e cume;
13. Integrar as diferentes equipes de celebração, seja da Palavra, da Eucaristia e
dos demais sacramentos e sacramentais;
14. Introduzir os fiéis nas diferentes formas celebrativas, na oração pública da
Igreja, fonte de piedade e alimento da oração pessoal (cf. SC 90);
15. Favorecer a reflexão inculturada e a busca de uma ação celebrativa cada vez
mais à luz das orientações da Igreja;
16. Elaborar subsídios, prover meios que dinamizem e sustentem a formação
litúrgica no âmbito diocesano, regional e paroquial;
17. Preparar, com certa antecedência, as celebrações, de forma criativa, simples,
alegre, acolhedora e participativa, levando em conta o mistério celebrado;
18. Organizar o espaço celebrativo de modo agradável, acolhedor e orante;
19. Prever os diferentes elementos e momentos da celebração, tendo em vista a
integração entre mistério celebrado e a vida da comunidade e das pessoas;
20. Escolher cantos litúrgicos levando em conta os momentos da celebração, o
tempo litúrgico e sua função ritual;

Capítulo 4 - O sujeito na Liturgia (Ministérios)


80. A Igreja é um corpo formado de membros bem unidos e tal união se expressa em sua
liturgia na diversidade de dons, carismas e ministérios, conforme atesta São Paulo aos
Coríntios: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos.” (1Cor 12,4-6). Jesus institui diversamente Apóstolos e
Discípulos, bem como o livro dos Atos dos Apóstolos elege sete diáconos para o
ministério do serviço. No século III, o Papa Caio distingue os vários ministérios da
ordem eclesial, a saber: ostiário, leitor, exorcista, acólito, subdiácono, diácono,
presbítero, instituindo, nessa ordem, os graus necessários para a recepção da ordem
apostólica, o episcopado (cf. Liber Pontificalis, n.29). A Igreja, desde muito cedo prezou
pelos ministérios de modo a valorizar a liturgia pela qual se celebra o Mistério da
Salvação.

Ministério do Bispo
Serviço Da Presidência Na Liturgia

81. O Bispo é o sucessor legítimo dos Apóstolos, ordenado segundo eleição da Igreja, por
meio do Santo Padre, o papa. Como sucessor dos apóstolos, age em colegialidade
com os bispos e com o Papa. O bispo possui o sacramento da ordem no máximo grau
e em plenitude, de modo que podemos dizer que é o sacerdote por excelência. O
munus episcopal é de reger, ensinar, santificar o rebanho do Senhor. "O Bispo
diocesano, como primeiro dispensador dos mistérios de Deus na Igreja particular que
lhe está confiada, é o moderador, o promotor e o guardião de toda a vida litúrgica.”
(IGMR, 3ªEd., n.22). Para colaborar nessa missão, o sacerdócio episcopal é distribuído
a outros homens para exercerem, em comunhão com o bispo esse ministério.
82. Quem preside a liturgia da Igreja? “O Bispo deve ser considerado como o Sumo
Sacerdote de seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus
fiéis em Cristo. Por isso, todos devem dar a maior importância á vida litúrgica da
Diocese que gravita em redor do bispo, sobretudo na Igreja catedral” (SC 14). Devido a
sua função, seu serviço de presidir a Igreja local, o bispo é o presidente nato de toda
celebração à qual ele está presente na sua Igreja Particular. O bispo é guia, promotor e
guardião da vida litúrgica de sua Diocese (cf. IGMR n. 22).

83. Quem tem a missão de vigiar e cuidar para que a liturgia seja corretamente celebrada?
“Na qualidade de Pontífice responsável pelo culto divino na Igreja particular, o bispo
deve regular, promover e custodiar toda a vida litúrgica da diocese”(Congregação para
os Bispos, ApS n. 145). A comunhão com o bispo é condição para que seja legítima
uma celebração no respectivo território diocesano (cf. Vaticano II in CD n.15 e SC 39;
cf. tb. Bento XVI in SaC n. 39)

84. Diz o Vaticano II: “Impossibilitado que está o Bispo de presidir pessoalmente sempre e
em toda a Diocese a todo o seu rebanho, vê-se na necessidade de reunir os fiéis em
grupos vários, entre os quais tem lugar proeminente as paróquias, constituídas
localmente sob a presidência de um pastor próprio que faz as vezes do bispo(...) Por
consequência deve-se cultivar no espírito e, no modo de agir dos fiéis e dos
sacerdotes, a vida litúrgica da paróquia e sua relação com o bispo” (SC n. 42)

85. Nas missas celebradas pelo Bispo, ou à qual ele está presente sem presidir ou celebrar
a Eucaristia, observem-se as normas que se encontram no Cerimonial dos Bispos. “Se
o bispo não celebra a Eucaristia, mas delega outro para fazê-lo, convém que ele
próprio, de cruz peitoral, de estola e revestido do pluvial sobre a alva, presida a Liturgia
da Palavra e no final da Missa dê a benção” (IGMR n. 92).

86. Junto com a pregação do Evangelho o Bispo é o responsável do culto divino em sua
diocese, antes de qualquer outra tarefa. A partir destas funções, profética e litúrgica,
exerce seu magistério, governo e pastoreio, por isso, deve vigiar para que a liturgia seja
celebrada com o devido decoro e ordem (cf. ApS n. 142 e 146).

87. O bispo deve presidir frequentemente as celebrações litúrgicas, cercado pelo seu povo
e, sendo o ministro ordinário do sacramento da Confirmação, procurará sempre
administrá-lo pessoalmente.(cf. ApS n 144).

88. Cabe ao bispo ditar normas oportunas em matéria de liturgia, obrigatórias para toda a
Diocese (cf.ApS 143).

89. O bispo deve servir-se das comissões de liturgia, música sacra e arte sacra a fim de
cuidar da formação litúrgica dos fiéis (cf. ApS 145).

90. “Uma vez que a liturgia constitui o culto comunitário e oficial da Igreja, como Corpo
místico de Cristo, constituído pela cabeça e pelos membros, o Bispo vigiará
atentamente a fim de que seja celebrada com o devido decoro e ordem. Terá de vigiar,
portanto, sobre o decoro dos ornamentos e objetos litúrgicos, para que os ministros
ordenados, os acólitos e os leitores se comportem com a necessária dignidade, e os
fiéis participem de modo pleno, consciente e ativo, e toda a assembleia exerça a sua
função litúrgica” (Congregação para os Bispos in ApS n. 146).
91. A intervenção do Bispo diocesano é obrigatória e necessária quando se verificam
abusos nas celebrações em “missas de cura e libertação”. As orações de exorcismo,
contidas no Rito de Exorcismo, devem manter-se distantes das celebrações de cura,
litúrgicas ou não litúrgicas, principalmente no momento da Eucaristia. O uso deste ritual
é próprio para quem receber do Bispo esta tarefa como exorcista ou a devida
autorização (cf. Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé, 14.09.2000).
92. Catedral. A igreja do Bispo por excelência é a Catedral. Ela é o centro eclesial e
espiritual da Diocese porque é símbolo visível da unidade de toda a comunidade cristã
reunida em torno do seu pastor, o bispo, sucessor dos apóstolos, que nela tem sua
cátedra, no presbitério, em lugar de destaque e visível. A catedral é lugar referencial,
teológico, sacramental e pastoral da Igreja diocesana. Deve ser o símbolo maior da
Igreja Particular e como tal simboliza toda a Diocese.
93. Desde que seja possível, o bispo celebre as festas de preceito e outras solenidades na
Igreja Catedral, as celebrações por ele presididas devem ter função de exemplaridade
para todas as outras. A Catedral é o templo mais importante da diocese, sinal de
unidade da Igreja particular e do magistério do bispo, pois aí tem sua cátedra, como
pastor da Diocese (cf. ApS 144 e 155).

Símbolos episcopais e seu uso na liturgia:

94. Torna-se necessário que se diga também uma palavra, sobre alguns símbolos
recebidos pelo bispo no dia de sua ordenação episcopal. Símbolos de uso comum dos
bispo, cujo significado muitas vezes, é desconhecido da maioria dos fiéis23.
95. Báculo: Bastão ou cajado alto com extremidade curva, símbolo do poder-serviço e da
missão de pastor. Tem uma extremidade curva para puxar as ovelhas mais perto,
impedindo que se dispersem, e a outra extremidade reta ou pontuda para defender o
rebanho dos lobos. O báculo é usado somente nas funções litúrgicas e somente o
bispo pode apoiá-lo no chão.
96. Mitra: símbolo da santidade do sumo sacerdote e de seu poder espiritual. Com suas
duas pontas voltadas para o alto indica a total pertença a Deus. Com suas duas partes
separadas e duas ínfulas (fitas que caem para traz), é também símbolo da Antiga e
Nova Aliança. A mitra é usada somente nas funções litúrgicas.
97. Anel: por sua forma circular, sem começo nem fim, é sinal de união e fidelidade
eternas. Sinaliza o dever do bispo, de ser o guardião da aliança de amor entre Cristo
esposo, e sua esposa a Igreja (Diocese que lhe foi confiada), mantendo-a fiel na
unidade e no amor. Deve ser usado sempre pelo bispo.
98. Cruz peitoral: A cruz é símbolo universal da mediação e do mediador como duas
ligações de pontos opostos. A partir da ressurreição, a cruz se torna sinal da vitória e
da vida nova em Cristo, a qual o bispo, sucessor dos apóstolos, deve anunciar. Deve
ser usada sempre pelo bispo.
99. Solidéu: barrete em forma de calota de cor roxa que cobre ou substitui a tonsura (corte
de cabelo de forma redonda), a qual simboliza a total consagração da vida a Deus. É
uma peça não litúrgica do vestuário episcopal, usada fora das celebrações, pode porém
ser usada também nas funções litúrgicas.

O Presbítero

100. O Presbítero recebe o segundo grau do sacerdócio, de modo que o sacramento


o torna um colaborador do bispo na missão confiada ao sucessor dos apóstolos.
101. “Os presbíteros são consagrados por Deus, por meio do ministério dos Bispos,
para que feitos de modo especial, participantes do sacerdócio de Cristo, sejam na
celebração sagrada, ministros d´Aquele que na liturgia exerce perenemente o seu ofício
sacerdotal a nosso favor” (PO n. 5)
102. O que preside a Assembleia Litúrgica celebra com o povo e não apenas diante
do povo. Deve suscitar uma participação viva e frutuosa de todos, expressão da vida
cotidiana, imersa no Mistério de Cristo e sua Igreja. A participação condigna da parte
dos sacerdotes é o grande meio de incentivar a participação dos fiéis. “Todos os fiéis
que assistem concorrem para a Celebração Eucarística, não são simplesmente
representados pelo sacerdote, mas pela via da participação pessoal, segundo o modo
próprio, ao qual tem direito em virtude do batismo” (cf. SC n. 14).
103. O presbítero como fiel colaborador do bispo é quem preside as celebrações
litúrgicas da Igreja mormente a Eucaristia. “De modo particular convém que haja
clareza quanto às funções específicas do sacerdote: como atesta a Tradição da Igreja,
é ele quem insubstituivelmente preside à Celebração Eucarística inteira, desde a
saudação inicial até a benção final. Em virtude da Ordem sacra recebida, representa
Jesus Cristo cabeça da Igreja e, na forma que lhe é própria, também a Igreja. De fato,
cada celebração Eucarística é conduzida pelo bispo, quer pessoalmente, quer pelos
presbíteros seus colaboradores” (Bento XVI in SaC n. 53 e IGMR n. 92).
104. É necessário para a validade da Celebração da Eucaristia que o ministro seja
um sacerdote validamente ordenado (cf. C.D.C. cân 900 § 1). Não basta, portanto, para
celebrar validamente, a participação no sacerdócio real de Cristo, no qual participam
todos os fiéis pelo Batismo.
a) O sacerdote não conceda aos fiéis dizer a parte da missa que lhe cabe, em especial
23
cf. verbetes do dicionário litúrgico de Rupert Berger, Pastoralliturgisches Handlexikon,
Freibourg,2005).
partes da Oração Eucarística.

b) Celebra licitamente a Eucaristia o sacerdote não impedido pela lei canônica (cf. C.D.C.
cân 900 § 2 e cân 916) e que esteja em comunhão com o bispo.

c) O sacerdote não deixe de se preparar devidamente com sua oração para a celebração do
Sacrifício Eucarístico, nem de, no fim, fazer a ação de graças pessoal a Deus (cf. C.D.C.
cân. 909).

105. O presidente da celebração tem função importantíssima. É a função de presidir


deixando a liturgia falar, ou melhor deixando o Mistério que está sendo celebrado
aparecer em primeiro plano. Assim, não deve interromper a celebração com
explicações, observações, “homiliazinhas”, brincadeiras ou reclamações. Quem preside
a celebração não deve interromper o diálogo da aliança entre a assembleia e seu
Senhor. Sinta-se incorporado na assembleia, como parte dela, com toda simplicidade e
autenticidade, servindo-a na presidência da celebração, sem preocupar-se em agradar
ou motivar a “plateia” ou ser aceito por ela. Celebre com a assembleia e não somente
para a assembleia.

O Diácono

106. O Diácono recebe o sacramento da ordem não para o sacerdócio mas para o
serviço (LG 29). Por isso, é função direta do diácono servir, atender aos necessitados,
zelar pela caridade. Mais informações sobre o comportamento deste no capítulo 5.

Assembleia dos Fieis

107. O povo de Deus é constituído em diversas ordens, e na celebração da


Eucaristia “cada um intervém fazendo só e tudo o que lhe pertence” (IGMR, 3ªEd.,
Proêmio, n.5). Considera-se para isso, que “o povo é o povo de Deus, adquirido pelo
Sangue de Cristo, congregado pelo Senhor, alimentado com a sua palavra; povo
chamado para fazer subir até Deus as preces de toda a família humana; povo que em
Cristo dá graças pelo mistério da salvação, oferecendo o seu Sacrifício; povo,
finalmente, que pela comunhão do Corpo e Sangue de Cristo se consolida na unidade”.
(IGMR, 3ªEd., Proêmio, n.5)
108. Todos os batizados formam a assembleia litúrgica celebrante: “Na assembleia
eucarística o povo é convocado e reunido sob a presidência do bispo (ou sob sua
autoridade), do presbítero, que faz as vezes de Cristo, e todos os fiéis presentes, quer
clérigos quer leigos, com a sua participação para ela concorrem, cada qual a seu modo,
segundo a diversidade de ordens e funções litúrgicas” (C.D.C. cân 899 §2). A
participação plena, ativa e frutuosa de todos os fiéis é necessária, pois, todos foram
chamados a viver as celebrações “enquanto povo de Deus, sacerdócio real, nação
santa (cf. 1Pd 2,4-5.9)”, (Bento XVI in SaC n. 38).
109. O Concílio Vaticano II valoriza a participação de todos e a recomenda: “Na
reforma e incremento da sagrada liturgia, deve dar-se a maior atenção a esta plena
participação de todo o povo porque ela é a primeira e necessária fonte onde os fiéis
hão de beber o espírito genuinamente cristão. Esta é a razão que deve levar os
pastores de almas a procurarem-na com o máximo empenho, através da devida
educação” (SC n.14); “Sempre que os ritos comportam, segundo a natureza particular
de cada um, uma celebração comunitária (caracterizada pela presença e ativa
participação dos fiéis) inculque-se que esta deve preferir-se na medida do possível, à
celebração individual e como que privada” (SC n. 27)
110. Na liturgia todos estamos profundamente unidos a Cristo: “De fato, não se pode
crer que Cristo esteja na cabeça sem estar também no corpo, pois ele está todo inteiro
na cabeça e no corpo” (Bento XVI in SaC n.36).
111. É necessário ter presente também que na celebração cada um tem seu papel
que não deve ser nem trocado nem confundido: “Não favorece a causa da participação
ativa dos fiéis uma confusão gerada pela incapacidade de distinguir, na comunhão
eclesial, as diversas funções que cabem a cada um “(Bento XVI in SaC n.53).
112. A liturgia não se inventa, mas se recebe para ser celebrada com renovado vigor
em cada geração. Deve-se ater-se às instruções que constam no próprio missal e nos
ritos dos sacramentos.
113. O fiel que participa da celebração litúrgica deve ser membro participante e
atuante da comunidade: “Não se pode verificar uma participação ativa nos santos
mistérios se não procura tomar parte ativa na vida eclesial em toda a sua amplitude,
incluindo o compromisso missionário” (Bento XVI in SaC n.55).

Ministérios Leigos

Acólito

114. O Acólito não recebe o sacramento da ordem, mas é instituído pelo Bispo para
o ministério do Altar.
115. O acólito é ministro do serviço do altar e ajuda o sacerdote e o diácono durante
a celebração eucarística. Pode levar a Cruz na procissão de entrada. É sua tarefa
apresentar o livro ao presidente da celebração e ao diácono (IGMR 188-189). É ele
quem cuida da mesa, dos vasos e dos panos sagrados, e, enquanto o ministro
extraordinário, distribui a eucaristia aos fieis (IGMR 98-191). Nas celebrações
presididas pelo bispo, dois acólitos seguram mitra e o báculo (CE 128).
116. É também tarefa do acólito instituído cuidar da preparação de outros fiéis leigos
que prestem serviço ao altar (CE 28).
117. A veste litúrgica do acólito é a alva, e com ela, tem sempre lugar no presbitério
com os outros ministros, em um lugar a partir do qual possa exercer comodamente a
sua missão tanto sentado como junto do altar (IGMR 189).
118. Quando segura a mitra ou o báculo porta a vimpa.
119. As funções que o acólito pode exercer são de diversos tipos; alguns deles
podem ocorrer simultaneamente. Convém, por isso, que sejam oportunamente
distribuídas entre várias pessoas; mas se estiver presente um único acólito, este
execute o que for mais importante, distribuindo-se as demais entre outros ministros.
120. Na procissão para o altar, o acólito pode levar a cruz, entre dois outros acólitos
que levam velas acesas. Depois de chegar ao altar, depõe a cruz perto do altar, de
modo que se torne a cruz do altar; se não, guarda-a em lugar digno. Em seguida,
ocupa o seu lugar no presbitério. A cruz processional deve ser levada com a imagem
do crucificado voltado para frente. Se não houver cruz voltada para a assembleia a
processional fica com o crucificado voltado para a assembleia; caso já haja uma nesta
disposição a segunda fica voltada para o presidente da celebração.
121. Como sugestão: Os acólitos tomam os candelabros com a mão direita de tal
modo que quem caminha do lado direito ponha a mão esquerda no pé do candelabro e
a direita no nó central, e aquele que caminha do lado esquedo ponha a mão direita no
pé e a esquerda no nó (CE 1886, 1, XI, 8)
122. Não havendo diácono, depois de concluída a oração universal, enquanto o
sacerdote permanece junto à cadeira, o acólito põe sobre o altar o corporal, o
purificatório, o cálice, a pala e o missal. A seguir, se for o caso, ajuda o sacerdote (ou o
bispo quando este preside) a receber os donativos do povo e, oportunamente, leva
para o altar o pão e o vinho e os entrega ao sacerdote. Usando-se incenso, apresenta
ao sacerdote o turíbulo e o auxilia na incensação das oferendas, da cruz e do altar. Em
seguida, incensa o sacerdote e o povo.
123. Como sugestão: quando o acólito entrega o cálice ao sacerdote, para facilitar o
gesto, de apresentar-lhe pousado na palma da mão esqueda e com a mão direita por
debaixo da copa, deste modo, o sacerdote pode pegar nele comodamente peló nós
central, evitando riscos.
124. Ao Cordeiro de Deus, quando for necessário, o acólito leva ao altar vasos
sagrados vazios para repartir por eles as espécies consagradas e, na ausência de
outros ministros, pode levar o Santíssimo do sacrário para o altar para a distribuição e
repô-los depois da Comunhão.
125. Se tiver de pegar o Santíssimo no tabernáculo, o acólito abre a porta e
genuflete. Após a reposição genuflete e fecha a porta.
126. O acólito legalmente instituído, como ministro extraordinário, pode, se for
necessário, ajudar o sacerdote a distribuir a Comunhão ao povo. Se a Comunhão for
dada sob as duas espécies, na ausência do diácono, o acólito ministra o cálice aos
comungantes, ou segura o cálice, se a comunhão for dada por intinção.
127. Do mesmo modo, o acólito legalmente instituído, terminada a distribuição da
Comunhão, ajuda o sacerdote ou o diácono a purificar e arrumar os vasos sagrados.
Na falta de diácono, o acólito devidamente instituído leva os vasos sagrados para a
credência e ali, como de costume, os purifica, os enxuga e os arruma.
128. Terminada a Missa, o acólito e os demais ministros, junto com o sacerdote e o
diácono, voltam processionalmente à sacristia, do mesmo modo e na mesma ordem em
que vieram.
129. A água que serviu para retirar os fragmentos das partículas devem ser depostos
em terra ou onde ainda houver numa pia de sacristia.
130. Durante a celebração cuide o acólito para que não haja itens além dos
necessários para a misssa sobre o altar.

Leitor

131. O Leitor também não recebe o sacramento da ordem, mas é instituído ou


confiado para um ministério específico: o de proclamar as leituras da palavra de Deus
nas celebrações litúrgicas, bem como catequizar o povo de Deus que necessita de
edificação. Mais informações sobre o modo de exercer este ministério no Capítulo 8
deste diretório.

Coroinha

132. O coroinha é uma função dentro da Igreja de servir ao altar, o que é exercido
extraordinariamente. Normalmente coloca-se crianças para tal serviço, de modo que
não sendo instituídos pelo bispo, possam preservar a pureza do coração para o serviço
do altar.
133. O coroinha, conforme sua idade e tamanho, realiza os mesmo atos do acólito,
exceto no que toca ao ministério extraordinário da comunhão. Deste modo, o coroinha
não preparar o altar, não distribui a eucaristia, nem busca ou repõe a eucaristia no
sacrário.
134. A veste própria do coroinha em nossa Diocese é a alva (túnica) ou túnica
vermelha com sobrepeliz branca.
135. O coroinha porta o turíbulo, a naveta, as velas, a cruz, o livro, a mitra, o báculo,
nas procissões e na missa. Apresenta os dons ao sacerdote, trazendo ao altar: cálice,
âmbulas, galhetas, manustérgio e lavabo, caldeira e hissope (se necessário) e outros
itens necessários para a celebração. Recolhe os mesmos itens após a comunhão e
auxilia no altar em tudo mais necessário. Mais informações confira o anexo III.

Cerimoniário

136. A Instrução Geral sobre o Missal Romano reconhece a importância do mestre


de cerimônias para que haja uma boa ordem na liturgia, especialmente em igrejas
maiores: “É conveniente pelo menos nas igrejas catedrais e nas de maior importância,
que haja um ministro competente ou mestre de cerimônias, responsável pelo bom
ordenamento das ações sagradas, ao qual pertence velar para que as mesmas sejam
executadas pelos ministros sagrados e fiéis leigos com dignidade, ordem e piedade.”
(IGMR, 3ªEd., n.106)
137. O cerimoniário deve ser perfeito conhecedor da sagrada liturgia, sua história e
natureza, suas leis e preceitos. Mas deve ao mesmo tempo ser versado em matéria
pastoral, para saber como devem ser organizadas as celebrações, quer no sentido de
fomentar a participação frutuosa do povo, quer no de promover o decoro das mesmas.
138. O cerimonial dos bispos diz que o cerimoniário se veste com alva/túnica
(acompanhada por amito se necessário) ou com veste talar e sobrepeliz. Cabe
ressaltar que o Cerimonial dos bispos quando descreve esta função entende que um
clério esteja a realizar este ofício.
139. O cerimonial diz ainda que se quem exerce a função de cerimoniário for da
ordem dos diáconos pode vestir-se da forma habitual para os diáconos oficiantes, com
estola e se conveniente, com dalmática.
140. Os jovens (e em alguns casos excepcionais adultos) nas paróquias da Diocese
que exercem este ofício vistam-se com alva ou túnica preta (sem filamento, botões ou
faixa semelhantes com a batina) e sobrepeliz (que não se assemelhe à roquete).
141. A função do cerimoniário deve iniciar-se bem antes da missa, verificando quais
são os próprios da missa, quais partes serão cantadas, etc. Também é dever dos
cerimoniários zelar para que algum possível livreto produzido para a celebração
contenha os textos litúrgicos corretos e adequados àquela celebração.
142. Deve, em tempo oportuno, combinar com os cantores, assistentes, ministros
celebrantes tudo o que cada um tem a fazer e a dizer. Por exemplo, se vamos usar o
rito de bênção e aspersão de água benta, deve avisar os acólitos para preparar a
caldeira e o hissopo e os cantores para que cantem vidi aquam ou algum outro canto
adequado para o rito de asperção.
143. Nas procissões, não existe um lugar definido para os cerimoniários, eles devem
se dividir ao longo dela a fim de auxiliar na movimentação de todos os ministros.
Podem se colocar à frente do turiferário, guiando a procissão; um pouco atrás do
celebrante, principalmente se for bispo, para cuidar das insígnias; podem se colocar à
frente do concelebrantes, guiando-os para seus lugares que são distintos dos outros
ministros. Podem ainda auxiliar o celebrante a subir ou descer os degraus, se for
necessário. Podem atuar ainda na condução dos leitores, na procissão das oferendas e
do evangelho.
144. Os cerimoniários podem auxiliar na incensação, segurando a casula do
celebrante para que não toque no turíbulo. E mesmo que não se segure a casula, o
mestre de cerimônias, junto com os diáconos assistentes acompanha o celebrante na
incensação do altar. Contudo, ele não incensa o presidente, os concelebrantes ou a
assembleia. O diácono ou o turiferário faz as incensações.
145. Mudam as páginas do missal, tanto quanto o librífero leva o livro até a cátedra,
quanto no altar. Evitem estes de ficarem colados ao altar durante a oração eucarística
mantendo-se certa distância e dando espaço aos concelebrantes (se houver).
146. É, também, função do cerimoniário por e retirar as insígnias do bispo e entregá-
las aos acólitos-assistentes.
147. Porém, dentro da própria celebração, deve agir com suma discrição, não fale
sem necessidade; não ocupe o lugar dos diáconos ou dos assistentes, pondo-se ao
lado do celebrante; tudo, numa palavra, execute com piedade, paciência e diligência.
148. Os cerimoniários não devem tomar as funções dos diáconos ou dos acólitos.
Não devem segurar as pontas do pluvial nas procissões, preparar o altar, incensar,
purificar os vasos sagrados, portar o Santíssimo Sacramento, etc.
149. O cerimoniário deve conhecer não só a celebração, mas todos os
complementos logísticos e técnicos necessários. Caso não conheça o local da
celebração é necessário visitá-lo. Deve-se ensaiar, caso seja uma celebração dotada
de maior complexidade, regulando os movimentos e os tempos. Sem ocupar o lugar
dos diáconos o cerimoniário fica em um assento próximo ao presidente da celebração.
Após a apresentação dos dons fica atrás do presidente, entre os dois diáconos
assistentes.
150. Enquanto o servidor do altar executa, o cerimoniário planeja e zela para que
saia tudo como deve ser, e a liturgia seja realmente o mais bem feita possível, para a
maior Glória de Deus e a salvação das almas. Mantém, durante a celebração, um
estado de permanente vigilância para que tudo saia como o planejado e o correto.
Poderíamos resumir o trabalho do cerimoniário a três P’s: Preparar, Prever e Precaver.
Esquemas para auxiliar este ofício estão nos anexos.
151. Em cada Diocese há um Mestre de Cerimônias responsável pelo bom
andamento das celebrações diocesanas quando estas são presididas pelo bispo
diocesano.

Capítulo 5 - Orientações Gerais para a Celebração Eucarística


O Tempo Litúrgico

152. A Santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano,
o memorial da obra da salvação do seu divino Esposo. Deste modo vive-se a Páscoa
anual, semanal e diária. Anualmente com o Tríduo Pascal, centro da Liturgia, vive-se a
maior das solenidades, a Páscoa, unida à memória da Paixão. Ao longo do ciclo do
ano, vai se desdobrando todo o mistério de Cristo, desde a Encarnação e Natal até a
Ascensão, ao Pentecostes e à expectação da feliz esperança e vinda do Senhor. Em
cada semana, no dia que veio a chamar-se Domingo, celebra-se a memória da
Ressurreição do Senhor. Diariamente também através da oração da Igreja (sobretudo a
Liturgia das Horas) e da missa diária vive-se a Páscoa no quotidiano.
153. Comemorando assim os mistérios da Redenção, abrem-se aos fiéis as riquezas
das virtudes e méritos do seu Senhor, a ponto de os tornar presentes em todo o tempo,
de modo que os fiéis vivam em contato com eles e se encham da graças da salvação”.

Domingo

154. “No primeiro dia de cada semana, chamado dia do Senhor ou domingo, a Igreja,
por tradição que remonta dos Apóstolos e tem sua origem na própria Ressurreição de
Cristo, celebra o mistério pascal.
155. Sendo o domingo o núcleo e o fundamento do ciclo anual, em que a Igreja
desenrola todo o mistério de Cristo, cede a sua celebração somente às solenidades, às
festas do Senhor inscritas no calendário geral, e, em princípio, exclui a atribuição
perpétua de outra celebração qualquer, exceto as festas da Sagrada Família, do
Batismo do Senhor, as solenidades da Santíssima Trindade e de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Rei do Universo.
156. Os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa têm precedência sobre
todas as festas do Senhor e todas as solenidades.

Ano litúrgico

157. A celebração do ano litúrgico encerra força peculiar e eficácia sacramental.


Através dela, o próprio Cristo, quer nos seus mistérios quer nas memórias dos Santos,
e principalmente nas de sua Mãe, continua a sua via de imensa misericórdia, de tal
modo que os fiéis de Cristo, não só comemoram e meditam os mistérios da Redenção,
mas entram mesmo em contato com eles, comungam neles e por eles vivem.
158. A Igreja celebra o Mistério Pascal de Cristo ao longo do ano litúrgico que
começa no 1º domingo do Advento e termina com a 33ª ou 34ª semana do Tempo
Comum (na qual se celebra a solenidade de Cristo Rei).
159. O núcleo estrutural do Ano Litúrgico é o Domingo, o dia da Ressurreição do
Senhor, dia que a comunidade é convocada de modo muito especial por Cristo para se
reunir e celebrar a Eucaristia.
160. O dia litúrgico se estende de meia-noite a meia-noite. A celebração do
domingo e das solenidades, porém, começa com as vésperas do dia precedente (o
horário referência para isto é 18h).
161. Para cada tempo litúrgico existe uma espiritualidade e uma normativa própria
nas celebrações eucarísticas.
162. O Ano Litúrgico é o "calendário religioso". Por ele, o povo cristão revive
anualmente todo o Mistério da Salvação centrado na Pessoa de Jesus, o Messias. O
Ano Litúrgico contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação; contudo,
não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia
31 de dezembro.
163. O Ano Litúrgico cumpre três ciclos através dos evangelhos sinóticos
(semelhante visão): A, B,e C. No Ano (ou ciclo) A, predomina a leitura do Evangelho
de São Mateus; no Ano (ou ciclo) B, predomina a leitura do Evangelho de São Marcos
e no Ano(ou ciclo C), predomina a leitura do Evangelho de São Lucas.
164. O Ano Litúrgico é composto de diversos "tempos litúrgicos" e sua estrutura é a
seguinte:

1) Tempo do Advento

Início: Primeiro Domingo do Avento


Término: 24 de dezembro, à tarde

Esse tempo é dividido em duas partes: do início até o dia 16 de dezembro, a Igreja se volta
para a segunda vinda do Salvador, que vai acontecer no fim dos tempos. A partir do dia 17
até o final, a Igreja se volta para a primeira vinda do Salvador, que se encarnou no ventre
de Maria e nasceu na pobre gruta de Belém.
Duração do tempo: quatro semanas
Espiritualidade: esperança
Ensinamento: anúncio da vinda do Messias
Cor: Roxa
terceiro Domingo é chamado Domingo "Gaudete", ou seja, Domingo da alegria. Essa
alegria é por causa do Natal que se aproxima. Nesse dia, pode-se usar o róseo.
Personagens bíblicos mais lembrados nesse tempo: Isaías, João Batista e Maria.
Um símbolo comum desse Tempo é a Coroa do Advento, com quatro velas a serem
acesas a cada Domingo.
Outras anotações: usa-se instrumentos musicais e ornamenta-se o altar com flores; porém,
com moderação. A recitação do Hino de Louvor ("Glória a Deus nas alturas") é omitida.

2) Tempo de Natal

Início: 25 de dezembro – Missa da Véspera (no dia 24)


Término: com a Festa do Batismo do Senhor.
Espiritualidade: Fé, alegria, acolhimento
Ensinamento: O Filho de Deus se fez Homem
Cor: Branco
Toda semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes
quanto o dia 25.
No primeiro Domingo após o dia 25 de dezembro, celebra-se a Festa da Sagrada Família;
porém, quando o Natal do Senhor ocorrer no Domingo, a Festa da Sagrada Família se
celebra no dia 30 de dezembro.
No dia 1 de Janeiro, celebra-se a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus.
No segundo domingo depois do Natal (entre 2 e 8 de janeiro), celebra-se a Solenidade da
Epifania do Senhor.
No domingo seguinte à Epifania ocorrer no Domingo 7 ou 8 janeiro, a Festa do Batismo do
Senhor  é celebrada na segunda-feira seguinte.

3) Tempo Comum (Primeira Parte)

Início: Dia após a Festa do Batismo do Senhor


Espiritualidade do Tempo Comum: Escuta da Palavra de Deus.
Ensinamento: Anúncio do Reino de Deus
Cor: Verde
tempo comum é o caminho habitual, ordinário do povo de Deus que busca o Reino. O
Tempo Comum é interrompido pela Quaresma. Com isso, essa primeira parte vai até a
Terça-feira de Carnaval, pois na Quarta-feira de Cinzas já começa o Tempo da Quaresma.

4) Tempo da Quaresma

Início : Quarta-feira de Cinzas


Término: Quinta-feira Santa de manhã
Espiritualidade: Penitência e conversão
Ensinamento: A Misericórdia de Deus
Cor: Roxa
quarto Domingo é chamado "Laetare", ou seja, Domingo da Alegria, é caracterizado pela
alegria da Páscoa que se aproxima. Nesse dia, também pode-se usar paramento róseo.
sexto Domingo da Quaresma é Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Nesse dia, a cor
Vermelha. Também nesse dia, inicia-se a Semana Santa.
Observações para o Tempo da Quaresma: excetuando o Domingo "Laetare" ( Alegria), não
se ornamenta o altar com flores e o toque de instrumentos musicais é só para sustentar o
canto. Durante todo o Tempo, omite-se o Aleluia, bem como também o Hino de Louvor.

5) Tríduo Pascal

Início: Quinta-feira Santa missa da Ceia do Senhor


Término: Após a Missa do dia do Domingo de Páscoa
Quinta-feira santa, à noite, celebra-se a Missa da Ceia do Senhor e Lava-pés.
Cor: Branca. Trata-se de uma Missa solene e deve-se ornamentar o presbitério com
flores. Ao final da Celebração é feito o translado do Santíssimo Sacramento.
Sexta-feira Santa, celebra-se a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Essa celebração não é Missa.
Cor: vermelha.
Sábado Santo, à noite, celebra-se a Vigília Pascal, mãe de todas as vigílias.
Cor: Branca

6) Tempo Pascal

Início: Primeiro Domingo da Páscoa


Término: com a Solenidade de Pentecostes
Espiritualidade do Tempo Pascal: Alegria em Cristo Ressuscitado.
Ensinamento: Ressurreição e vida.
Cor: Branca
Toda a semana seguinte a esse dia é chamada Oitava de Páscoa. São dias tão solenes
quanto àquele primeiro Domingo.
No sétimo Domingo da Páscoa, celebra-se a Solenidade da Ascensão do Senhor.

7) Tempo Comum (Segunda Parte)

Tempo Comum que havia sido interrompido pela Quaresma, reinicia na Segunda-feira
após a solenidade de Pentecostes. No Domingo seguinte, celebra-se a Solenidade da
Santíssima Trindade. Nesse dia, a cor é Branca.
Na Quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, celebra-se a Solenidade do
Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Corpus Christi).
A duração do Tempo Comum, contanto desde a primeira parte, é de 34 semanas. Na 34a
semana, mais especificamente na véspera do Primeiro Domingo do Tempo do Advento,
termina o Tempo Comum e, consequentemente termina aquele Ano Litúrgico, devendo,
portanto, iniciar o outro como primeiro Domingo do Tempo do Advento.

As Cores Litúrgicas

165. As cores litúrgicas são sinais que auxiliam a assembléia a se envolver com o
Mistério Pascal estendido ao longo do ano. As cores litúrgicas referem-se
primeiramente aos paramentos dos ministros ordenados. É possível utilizar essas
cores em véus de ambão e de sacrário. O altar por sua vez possua sempre toalha
branca por cima, ainda que haja outra de cor diversa por baixo. Também pode se
utilizar dar cores em pequenos arranjos no presbitério e na nave da igreja (fora do
presbitério). Tudo isso depende da criatividade, do bom senso e da beleza com que se
ornamenta o Espaço Sagrado, com a aprovação do pároco/administrador paroquial.
166. As cores adotadas pela Liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana em seu
Rito Latino são:
167. Branca: manifesta a alegria, a festa, a vitória do Senhor sobre a morte. É usada
no Tempo Pascal e do Natal do Senhor; nas celebrações do Senhor, exceto as de sua
Paixão, da Bem-aventurada Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos não
Mártires, nas solenidades de Todos os Santos (no domingo posterior a 1 de
novembro), de São João Batista (24 de junho), nas festas de São João Evangelista
(27 de dezembro), da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro), e da Conversão de São
Paulo (25 de janeiro);
168. Vermelha: manifesta o fogo e o amor divino do Espírito Santo, o sangue e o
sacrifício daqueles que foram fiéis até o martírio. É usada no Domingo da Paixão
(Ramos), na Sexta-feira Santa, no Domingo de Pentecostes, nas festas natalícias dos
Apóstolos e Evangelistas, e nas celebrações dos mártires;
169. Verde: é a cor que exprime a esperança da vida eterna e o crescimento do Reino
de Deus, tempo da Igreja que está a serviço do Reino ao longo do tempo. É usada
durante o Tempo Comum;
170. Roxa: simboliza a penitência e a conversão. É usada no tempo do Advento e da
Quaresma. É usada também nas celebrações dos Fiéis Defuntos. Também a cor preta
pode ser usada nas celebrações dos Fiéis Defuntos e nas exéquias;
171. Róseo: manifesta a alegria da proximidade do Senhor e a pausa no rigor
penitencial. Pode ser usada no 3º domingo do Advento e no 4º domingo da Quaresma.
172. Dourado: O dourado substitui o branco, vermelho e o verde em circunstâncias
solenes.

Diálogo Esponsal da Celebração Litúrgica

173. A Carta Apostólica “Spiritus et Sponsa”, escrita pelo papa João Paulo II em
2003, na comemoração do 40º aniversário da Constituição “Sacrosanctum Concilium”,
apresenta a dinâmica celebrativa da Liturgia da Igreja na contemplação do livro do
Apocalipse: “O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem!’ Que aquele que ouve diga também:
‘Vem!’ Que o sedento venha, e quem o deseja receba gratuitamente água da vida” (Ap
22,17).
174. Assim a Igreja como Esposa, impulsionada pelo Espírito Santo, pede
constantemente a vinda do seu Esposo, Jesus Cristo, para nutri-la de todas as graças e
bênçãos de Vida Eterna (Ef 1,3-14). Tudo isso remonta à experiência do apóstolo Paulo
sobre o Matrimônio, que ele compara à união de Cristo com a sua Igreja (Ef 5,21-32).
175. Essa dinâmica de proposta e resposta entre o Esposo e a Esposa é
concretizada nas celebrações litúrgicas através do diálogo entre o sacerdote
presidente que age na Pessoa de Cristo e a assembléia que é a imagem de toda a
Igreja – Esposa de Cristo. Assim o sacerdote, agindo pela força do sacramento da
Ordem, revela e propõe para a Igreja o amor salvador. E a Igreja, pela assembléia
litúrgica, o ouve e, no seu momento, responde ao amor do seu Esposo, que é o Cristo
na pessoa do sacerdote. Por isso, há certas partes da celebração da missa que são
próprias do sacerdote (bispo ou presbítero) e outras próprias da assembléia24. Por
exemplo, a Oração Eucarística é uma oração sacerdotal do qual a assembléia
pode participar através da escuta da voz do sacerdote e intervir nas aclamações já
previstas. Existem outras partes da celebração eucarística que determinadas pelo
missal indicando qual é a voz do Esposo (Cristo na pessoa do sacerdote) e qual é a
voz da Esposa (Igreja).25 Ignorar esta dinâmica é romper esse relacionamento
amoroso. Assim como num casamento, onde não existe diálogo entre os cônjuges não
existe a experiência verdadeira do amor.
176. Para frisar mais, lembremos o que diz o Concílio: “Nas celebrações litúrgicas,
cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que
pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete”.
177. O Missal prescreve que a Doxologia da Oração Eucarística (Por Cristo, com
Cristo e em Cristo...) é proferida por quem é sacerdote. Logo, os diáconos e os leigos
não rezam juntos com os sacerdotes, mas somente respondem o Amém conclusivo.
Outro exemplo é a Oração da Paz (Senhor Jesus dissestes aos vossos apóstolos: Eu
vos deixo a paz, Eu vos dou a minha paz...) que também só o presidente da
celebração reza, deixando a resposta para a assembléia.

O Silêncio Sagrado

178. O Silêncio sagrado é parte imprescindível da Liturgia para que a graça de Deus
seja aproveitada na intimidade (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n.23).
179. A natureza do silêncio depende do momento em que ocorre (SC 30):
a. antes do início da celebração, tanto na igreja, na sacristia e nos lugares mais
próximos, para que ministros e fiéis se preparem para celebrar dignamente o
Mistério de Cristo;
b. no ato penitencial, após a motivação do presidente, a assembléia reconhece
seus pecados, suas fraquezas e seus limites, e implora a misericórdia de Deus;
c. depois do “Oremos” da oração do dia . A convite do presidente, em silêncio, a
assembléia “toma consciência de que está na presença de Deus e formula
interiormente seus pedidos” (IGMR 54);
d. durante a liturgia da Palavra. Pode ser realizado antes de iniciar a liturgia da
24
Código de Direito Canônico, cân. 907.
25
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 28.
Palavra ou depois de uma das leituras ou ainda depois da homilia. Este silêncio
tem por finalidade de acolher no coração a Palavra de Deus e preparar a
resposta pela oração(IGMR 56);
e. após a comunhão eucarística. É um momento que se procura uma profunda
comunhão com o Senhor no louvor, na ação de graças ou nos pedidos. “Para
completar a oração do povo de Deus e encerrar todo o rito da comunhão, o
sacerdote profere a oração depois da comunhão, em que implora os frutos do
mistério celebrado” (IGMR 89).
f. Observação: Nas celebrações transmitidas pela rádio ou televisão, há outras
orientações condicionadas por esses veículos de comunicação. Uma vez que
não se pode guardar muito tempo de silêncio nestes meios.

Participação na Eucaristia

180. Participar significa “ser parte de”, “tomar parte” o que subentende um todo uno, no
caso, o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Ser parte, nesse sentido, é ser membro
unido ao corpo que é o todo da Igreja, é ser ramo da videira (cf. 1Cor 12,12; Jo 15,5).
Todavia, o Concílio Ecumênico Vaticano II convocou os fiéis a terem uma participação
mais ativa e não de mera presença (cf. Sacrossanctum Concilium, n.26), de modo que
os fiéis possam fazer parte efetivamente do sacrifício do Senhor, o que ocorre nas
aclamações, nos responsórios, na salmodia, nas antífonas, nos gestos condizentes
com a liturgia e no silêncio sagrado. Ainda, é importante que os fiéis preparem as
músicas, as leituras, a oração dos fiéis, a ornamentação da Igreja. Todavia, a Igreja
nos recorda que “por mais que a liturgia tenha esta característica da participação ativa
de todos os fiéis, não se deduz necessariamente que todos devam realizar outras
coisas, em sentido material, além dos gestos e posturas corporais, como se cada um
tivera que assumir, necessariamente, uma tarefa litúrgica específica.” (Redemptionis
Sacramentum, n.40)

Os gestos e as posições do corpo

181. Os gestos e as posições do corpo “devem contribuir para que a celebração


resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena
significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos”. (SC 30,
21).
182. A mesma posição do corpo realizada pela assembléia “é sinal da unidade dos
membros da comunidade cristã, reunidos para a Sagrada Liturgia, pois exprime e
estimula os pensamentos e sentimentos dos participantes”(IGMR 42). E mais
ainda:
“Formem um único corpo, seja ouvindo a palavra de Deus, seja tomando parte nas
orações e no canto, ou sobretudo na oblação comum do sacrifício e na comum
participação da mesa do Senhor. Tal unidade se manifesta muito bem quando todos os
fiéis realizam em comum os mesmo gestos e assumem as mesmas atitudes
externas”(IGMR 96). “Para se obter a uniformidade nos gestos e posições do corpo
numa mesma celebração, obedeçam os fiéis aos avisos pelo diácono, por um ministro
leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que vem estabelecido no Missal”. (IGMR 43)
183. As posições do corpo ao longo da celebração são:
g. Em pé: é sinal da prontidão, do serviço, da ressurreição, da dignidade dos
filhos de Deus. Ficamos de pé desde a Procissão de Entrada até a oração do
dia inclusive; na Aclamação ao Evangelho, bem como na sua Proclamação, na
Profissão de Fé; na Oração da Comunidade, e desde o convite “Orai irmãos e
irmãs...” até a epiclese, do “Anunciamos Senhora a Vossa morte...”
até a comunhão; da Oração depois da comunhão até o fim da missa, exceto
nas partes citadas em seguida;
h. Sentado: é a atitude de quem ouve e medita a Palavra de Deus. Sentamos
durante as Leituras Bíblicas antes do Evangelho; durante a Homilia, durante a
Preparação das Oferendas, e, se for conveniente, enquanto se observa o
silêncio sagrado depois da comunhão;
i. De joelhos: é o ato de adoração e de humildade diante de Deus. “Ajoelhem-se,
porém, durante a consagração, a não ser que, por motivo de saúde ou falta de
espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o
permitam. Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração, façam
inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração”;
j. Genuflexão: é um gesto de reverência no qual se dobra o joelho direito até o
chão como sinal de adoração e humildade diante do Santíssimo Sacramento e,
em certas ocasiões, como na Sexta-feira Santa, diante da Cruz. Na celebração
da missa, caso o Santíssimo Sacramento esteja no centro do presbitério,
realizamos só uma genuflexão em direção ao altar e à Eucaristia, tanto na
Procissão de Entrada como na Procissão de Saída após a bênção de envio.
Nessas procissões, os “que levam a cruz processional e as velas, em vez de
genuflexão, fazem inclinação de cabeça” (IGMR 274) ao altar e o que conduz o
Evangeliário omite tanto a genuflexão como a inclinação (IGMR 173). No
decorrer da celebração, todos os que passarem em frente do altar e do
Santíssimo fazem somente a inclinação profunda (IGMR 274). Além disso, o
sacerdote presidente realiza três genuflexões: uma depois da apresentação do
pão e outra depois da apresentação do cálice com o vinho, durante a
consagração; e por fim, após o rito do Cordeiro de Deus. Quando os
sacerdotes concelebrantes se aproximarem do altar para comungar, realizem a
genuflexão;
k. Inclinação: é um gesto que manifesta “a reverência e a honra que se atribuem
às próprias pessoas ou aos seus símbolos. Há duas espécies de inclinação: de
cabeça e de corpo.

i. Inclinação de cabeça: faz-se quando se nomeiam juntas as três


Pessoas Divinas (por exemplo: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo...), o nome de Jesus, da Virgem Maria e do Santo em cuja honra
se celebra a missa;
ii. Inclinação de corpo ou inclinação profunda: faz-se ao altar (desde que
não se encontre o Santíssimo no centro do presbitério), às orações Ó
Deus todo poderoso, purificai-me26 e De coração contrito;27
no símbolo da fé às palavras E se encarnou; no Cânon Romano (Oração
Eucarística I) às palavras Nós vos suplicamos. O diácono faz a mesma
inclinação quando pede a bênção antes de proclamar o Evangelho. Além
disso, o sacerdote inclina-se um pouco quando, na consagração, profere as
palavras do Senhor.”(IGMR 275)

Missas Rituais

184. As missas rituais são celebrações eucarísticas unidas a outros sacramentos ou


sacramentais como, por exemplo, a confirmação, a ordenação, a profissão religiosa,...
185. Para as missas rituais, há uma seleção especial de textos da Sagrada
Escritura e formulários específicos de orações para a celebração de cada sacramento
ou sacramental.28 A utilização destes textos bíblicos e formulários de orações das
missas rituais, bem como a sua cor litúrgica, é permitida todos os dias, exceto “nos
domingos do Advento, da Quaresma, da Páscoa, nas solenidades, nos dias da oitava
da Páscoa, na Comemoração de Todos os Fiéis defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e
nos dias de semana da Semana Santa, observando-se, além disso, as normas
contidas nos livros rituais e nas próprias missas.” (IGMR 372)

Missa com diácono

186. “Quando está presente à celebração eucarística, o diácono, revestido das

26
Essa oração é feita em silêncio pelo sacerdote diante do altar, quando ele se dirige ao ambão para
a proclamação do Evangelho.
27
Também é recitada em silêncio pelo sacerdote na apresentação das oferendas, após a oração sobre
o cálice.
28
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 359. Consulte-se o Ritual Romano para o Sacramento
ou Sacramental que se deseja unir à missa, para conhecer os seus textos bíblicos e seus formulários de
orações.
vestes sagradas, exerça seu ministério. Assim, o diácono, conforme a Instrução Geral
do Missal Romano a partir do n 171:
l. assiste o sacerdote e caminha a seu lado;
m. ao altar, encarrega-se do cálice e do livro (missal);
n. proclama o Evangelho e, por mandado do presidente da celebração, pode
fazer a homilia;
o. orienta o povo fiel através de oportunas exortações e enuncia as intenções da
oração universal;
p. auxilia o sacerdote na distribuição da Comunhão e purifica e recolhe os vasos
sagrados;
q. se não houver outros ministros, exerce as funções deles, conforme a
necessidade.”
187. “Conduzindo o Evangeliário, pouco elevado, o diácono precede o sacerdote
que se dirige ao altar; se não, caminha a seu lado.”
188. “Chegando ao altar, se conduzir o Evangeliário, omitida a reverência, sobe ao
altar. E, tendo colocado o Evangeliário com deferência sobre o altar, com o sa
cerdote venera o altar com um ósculo (beijo). Se, porém, não conduzir o
Evangeliário, faz, como de costume, com o sacerdote profunda inclinação ao
altar e, com ele, venera-o com um ósculo. Por fim, se for usado incenso, assiste
o sacerdote na colocação do incenso e na incensação da cruz e do altar.”
189. “Incensado o altar, dirige-se para a sua cadeira com o sacerdote,
permanecendo aí ao lado do sacerdote e servindo-o quando necessário.”
190. “Enquanto é proferido o Aleluia ou outro canto, o diácono, quando se usa
inceso, serve o sacerdote na imposição do incenso. Em seguida,
profundamente inclinado diante do sacerdote, pede, em voz baixa a bênção,
dizendo: ‘Dá-me a tua bênção’. O sacerdote o abençoa, dizendo: ‘O Senhor
esteja em teu coração para que possas problemar dignamente o Santo
Evangelho’. O diácono faz o sinal da cruz e responde: ‘Amém’. Em seguida,
feita uma inclinação ao altar, toma o Evangeliário, que louvavelmente se
encontra colocado sobre o altar e dirige-se ao ambão, levando o livro um pouco
elevado, precedido do turiferário com o turíbulo fumegante e dos ministros com
velas acesas. Ali, ele saúda o povo, dizendo de mãos unidas: ‘O Senhor esteja
convosco’ e, em seguida, às palavras Proclamação do Evangelho, traça o sinal
da cruz com o polegar sobre o livro e, a seguir, sobre si mesmo, na fronte, sobre
a boca e o peito, incensa o livro e proclama o Evangelho. Ao terminar, aclama:
‘Palavra da Salvação’, respondendo todos: ‘Glória a vós, Senhor’. Em seguida,
beija o livro, dizendo em silêncio: ‘Pelas palavras do santo Evangelho...’, e volta
para junto do sacerdote. Quando o diácono serve ao bispo, leva-lhe o livro para
ser osculado ou ele mesmo o beija (...). Em celebrações mais solenes o bispo,
conforme a oportunidade, abençoa o povo com o Evangeliário. Por fim, o
Evangeliário pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e
digno.”
191. “Não havendo outro leitor preparado, o diácono profere também as outras
leituras.”
192. “Após a introdução do sacerdote, o diácono propõe, normalmente do ambão,
as intenções da oração dos féis (preces).”
193. “Terminada a oração universal, enquanto o sacerdote permanece em sua
cadeira, o diácono prepara o altar com a ajuda do acólito 29; cabe-lhe ainda
cuidar dos vasos sagrados. Assiste o sacerdote na recepção das dádivas do
povo. Entrega ao sacerdote a patena com o pão que vai ser consagrado;
derrama vinho e um pouco d'água no cálice, dizendo em silêncio: ‘Pelo

29
Por “acólito” entende-se aquela pessoa oficialmente instituída pelo Ordinário (bispos e superiores
religiosos).
mistério desta água...’ e, em seguida, apresenta o cálice ao sacerdote. Ele
pode fazer esta preparação do cá- lice também junto à credência. Quando se
usa incenso, serve o sacerdote na in- censação das oferendas, da cruz e do
altar, e depois ele mesmo ou o acólito incensa o sacerdote e o povo.”
194. “Durante a Oração Eucarística, o diácono permanece de pé junto ao sacerdote,
mas um pouco atrás, para cuidar do cálice ou do missal, quando necessário. A
partir da epíclese (da invocação do Espírito Santo sobre as oferendas) até a a-
presentação do cálice o diácono normalmente permanece de joelhos. Se houver
vários diáconos, um deles na hora da consagração pode colocar incenso no
turíbulo e incensar na apresentação da hóstia e do cálice.”
195. “À doxologia final da Oração Eucarística, de pé ao lado do sacerdote, (o
diácono) eleva o cálice, enquanto o sacerdote eleva a patena com a hóstia, até
que o povo tenha aclamado: ‘Amém’”. A proclamação da oração ‘Por Cristo,
com Cristo e
em Cristo...’ é exclusivamente sacerdotal. O diácono aclama o ‘Amém’
juntamente com os fiéis leigos.
196. “Depois que o sacerdote disse a oração pela paz e: ‘A paz do Senhor
esteja sempre convosco’, o povo responde: ‘O amor de Cristo nos uniu’, o
diácono, se for o caso, faz o convite à paz, dizendo, de mãos juntas e voltado
para o povo: Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus. Ele,
por sua vez, recebe a paz do sacerdote e pode oferecê-la aos outros
ministros que lhe estiverem mais próximos.”
197. A fração do pão eucarístico é realizada somente pelo presidente da
celebração, ajudado, se é o caso, pelo diácono ou por um (sacerdote)
concelebrante, mas não por um leigo (por exemplo: acólito, ministro
extraordinário da sagrada comunhão, coroinha...). Inicia-se esta fração do pão
depois de dar a paz, enquanto se recita o ‘Cordeiro de Deus’30.
198. “Tendo o sacerdote comungado 31, o diácono recebe a Comunhão sob as duas
espécies do próprio sacerdote 32 e, em seguida, ajuda o sacerdote a distribuir a
Comunhão ao povo. Sendo a Comunhão ministrada sob as duas espécies,
apresenta o cálice aos comungantes e, terminada a distribuição, consome logo
com reverência, ao altar, todo o Sangue de Cristo que tiver sobrado...”
199. “Concluída a distribuição da Comunhão, o diácono volta com o sacerdote ao
altar e reúne os fragmentos, se houver. A seguir, leva o cálice e os outros
vasos sagrados para a credência, onde os purifica e compõe como de costume,
enquanto o sacerdote regressa à cadeira. Podemse deixar devidamente cobertos na
credência, sobre o corporal, os vasos a purificar e purificá-los imediatamente após a
missa, depois da despedida do povo.”
200. “Após a Oração depois da Comunhão, o diácono faz breves comunicações que
se fizerem necessárias ao povo, a não ser que o próprio sacerdote prefira fazê-
lo.”
201. “Se for usada a oração sobre o povo ou a fórmula da bênção solene, o
30
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 73 e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n.
83.
31
Isso vale para o sacerdote presidente da celebração como também aos demais concelebrantes (cf.
IGMR n. 244).
32
Na missa, quando o diácono recebe a comunhão, o sacerdote apresenta-lhe o pão e o vinho euca-
rísticos dizendo: “O Corpo e o Sangue de Cristo” e o diácono professa sua fé dizendo: “Amém” (cf.
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 249). Quando, porém, o sacerdote ou diácono apresenta o
pão e o vinho eucarístico ao(s) sacerdote(s) concelebrante(s), nada se fale (cf. Instrução Redemptio-
nis Sacramentum, n. 98). A razão disso se encontra na natureza do ministério sacerdotal que garante
à Igreja que aquele pão e aquele vinho é a Eucaristia. O diácono não é sacerdote, por isso que, jun-
tamente com os fiéis leigos, deve professar sua fé diante do sacramento da Eucaristia.
diácono diz: ‘Inclinai-vos para receber a bênção’. Dada a bênção pelo
sacerdote, o diácono despede o povo, dizendo de mãos unidas e voltado para
o povo”: ‘Ide em paz e o Senhor vos acompanhe!’ ou com outras frases de
envio sugeridas pelo Missal.
202. “A seguir, junto com o sacerdote, venera com um ósculo (beijo) o altar e, feita
uma inclinação profunda, retira-se como à entrada.”

Missa Concelebrada

203. A missa concelebrada ocorre quando há a “participação simultânea de


mais de um presbítero na celebração da mesma Eucaristia sob a presidência
de um celebrante principal”. Essa forma de celebração eucarística manifesta “a
unidade do sacerdócio e do sacrifício, bem como a unidade de todo o povo de
Deus”. As orientações seguintes são oriundas da Instrução Geral do Missal
Romano n 199.
204. Para a missa concelebrada há algumas determinações:
r. Não é permitido celebrar a Eucaristia simultaneamente, no mesmo
tempo e na mesma igreja em que se realiza outra celebração
eucarística;
s. É proibida a concelebração do sacrifício eucarístico juntamente com
ministros de comunidades eclesiais que não tenham sucessão
apostólica, nem reconhecida dignidade sacramental da ordenação
sacerdotal, ou que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica;
(CIC 908)
t. “Os presbíteros em peregrinação sejam acolhidos de bom grado para a
concelebração eucarística, contanto que seja reconhecida sua condição
sacerdotal”;
u. “Ninguém se associe e nem seja admitido a concelebrar, depois de já
iniciada a missa”.
205.Na procissão de entrada, os sacerdotes concelebrantes dirigem-se até o altar
seguindo à frente do sacerdote presidente da celebração.
206. “Ao chegarem ao altar, os concelebrantes e o celebrante principal (...)
veneram o altar com um ósculo (beijo), e se encaminham para as suas
cadeiras. O celebrante principal, se for oportuno, incensa a cruz e o altar e, em
seguida, vai até a cadeira.”
207. “Durante a Liturgia da Palavra, os concelebrantes ocupam os seus
lugares e levantam-se com o celebrante principal. Iniciado o Aleluia, todos se
levantam, exceto o bispo, que coloca incenso, sem nada dizer e dá a bênção
ao diácono ou, na sua ausência, ao concelebrante que vai proclamar o
Evangelho. Contudo, na concelebração presidida por um presbítero, o
concelebrante que, na ausência do diácono proclama o Evangelho, não pede nem
recebe a bênção do celebrante principal.”
208. “A preparação dos dons (isto é, do pão e do vinho no altar) é feita pelo
celebrante principal, enquanto os outros concelebrantes permanecem nos
respectivos lugares.”
209. “Depois que o celebrante principal concluiu a oração sobre as
oferendas, os concelebrantes aproximam-se do altar e colocam-se em torno
dele, mas de tal forma que não dificultem a realização dos ritos e a visão das
cerimônias sagradas por parte dos fiéis, nem impeçam o acesso do diácono ao
altar ao exercer a sua função. O diácono exerce a sua função junto ao altar,
ministrando, quando necessário, o cálice e o missal. Contudo, quanto possível,
permanece de pé, um pouco atrás, após os sacerdotes concelebrantes, colocados
em torno do celebrante principal.”
210. “O Prefácio é cantado ou proclamado somente pelo sacerdote celebrante
principal; mas o Santo é cantado ou recitado por todos os concelebrantes junto
com o povo e o grupo de cantores.”
211. “Terminado o Santo, os sacerdotes concelebrantes prosseguem a Oração
Eucarística na maneira como se determina... (nas rubricas do Missal Romano).
Só o celebrante principal fará os gestos indicados, caso não se determine outra
coisa.”
212. Da oração da epíclese (isto é, invocação) sobre as oferendas até a
oração da epíclese sobre a assembléia 33, os concelebrantes rezam todos
juntos com o presidente da celebração, realizando os seguintes gestos:
v. Estendendo suas mãos em direção às oferendas na oração da epíclese
83
sobre as oferendas;
w. Unindo as mãos no início do relato da instituição da Eucaristia;
x. Ao proclamar “as palavras do Senhor, com a mão direita estendida para
o pão e o cálice (...); à apresentação, olham para a hóstia e o cálice e
depois se inclinam profundamente”;
34
y. Estendendo suas mãos na oração da memória do Mistério Pascal e da
epíclese sobre a assembléia.
213. “As partes que são proferidas conjuntamente por todos os
concelebrantes e, sobretudo as palavras da consagração, que todos devem
expressar, quando forem recitadas, sejam ditas em voz tão baixa de tal modo
que se ouça claramente a voz do celebrante principal. Dessa forma as palavras são
mais facilmente enten- didas pelo povo.”
214. Convém que as intercessões da Oração Eucarística sejam confiadas a um ou
mais concelebrantes, que as recita sozinho, em voz alta, de mãos estendidas.
215. “A doxologia final da Oração Eucarística (Por Cristo, com Cristo, em Cristo...) é
proferida somente pelo sacerdote celebrante principal e, se se preferir, junto
com os demais concelebrantes, não, porém, pelos fiéis.”
216. “A seguir, o celebrante principal, de mãos unidas, diz a exortação que precede
a Oração do Senhor e, com as mãos estendidas, reza a Oração do Senhor
com os demais concelebrantes, também de mãos estendidas e com todo o
povo.”
217. “O ‘Livrai-nos...’ é dito apenas pelo celebrante principal, de mãos estendidas.
Todos os concelebrantes dizem com o povo a aclamação final: ‘Vosso é o
reino’.”
218. Depois do convite do diácono ou, na sua ausência, de um dos concelebrantes:
‘Meus irmãos e minhas irmãs, saudai-vos em Cristo Jesus’, todos se
cumprimentam permanecendo sempre dentro do presbitério 35. Os
concelebrantes que se encontram mais próximos do presidente da celebração
recebem a sua saudação antes do diácono.36
219. “Durante o Cordeiro de Deus, os diáconos ou alguns dos concelebrantes
podem auxiliar o celebrante principal a partir as hóstias para a Comunhão dos
concelebrantes e do povo.”
33
Na Oração Eucarística II, a epíclese sobre a assembléia começa com as seguintes palavras: “E nós
vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue...”
34
Esta oração inicia-se após a resposta da Assembléia diante do “Eis o Mistério da Fé!”. Na Oração
Eucarística II, ela começa com as seguintes palavras: “Celebrando, pois, a memória...”.

35
Esta oração inicia-se após a resposta da Assembléia diante do “Eis o Mistério da Fé!”. Na Oração
Eucarística II, ela começa com as seguintes palavras: “Celebrando, pois, a memória...”.
36
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 72.
220. “Após depositar no cálice a fração da hóstia, só o celebrante principal, de mãos
juntas, diz em silêncio a oração ‘Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo’, ou
‘Senhor Jesus Cristo, o vosso Corpo e o vosso Sangue’.”
221. “Terminada a oração antes da Comunhão, o celebrante principal faz
genuflexão e afasta-se um pouco. Um após os outros, os concelebrantes se
aproximam do centro do altar, fazendo genuflexão e tomam do altar, com
reverência, o Corpo de Cristo; segurando-o com a mão direita e colocando por
baixo a esquerda, retornam a seus lugares. Podem, no entanto, permanecer
nos respectivos lugares e tomar o Corpo de Cristo da patena que o celebrante
principal, ou um ou vários dos concelebrantes seguram, passando diante deles; ou
então passam a patena de um a outro até o último.”
222. “A seguir, o celebrante principal toma a hóstia, consagrada na própria missa, e,
mantendo-a um pouco elevada sobre a patena ou sobre o cálice, voltado para
o povo, diz: ‘Felizes os convidados’, e continua com os concelebrantes e o
povo, dizendo: ‘Senhor, eu não sou digno’.”
223. “Em seguida, o celebrante principal, voltado para o altar, diz em silêncio: ‘Que
o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna’, e comunga com reverência o
Corpo de Cristo. Os concelebrantes fazem o mesmo, tomando a Comunhão.
Depois deles, o diácono recebe das mãos do celebrante principal o Corpo do Senhor.”
224. “Quando a Comunhão é feita diretamente do cálice, pode-se usar um dos
seguintes modos:
z. O celebrante principal, de pé ao meio do altar, toma o cálice e diz em
silêncio: ‘Que o Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna’, bebe
um pouco do Sangue e entrega o cálice ao diácono ou a um
concelebrante. A seguir, distribui a Comunhão aos fiéis. Os
concelebrantes aproximam-se do altar, um a um, ou dois a dois quando
se usam dois cálices, fazem genuflexão, tomam do Sangue, enxugam a
borda do cálice e voltam para a respectiva cadeira.
aa. O celebrante principal, de pé, no centro do altar, toma normalmente o
Sangue do Senhor. Os concelebrantes podem tomar o Sangue do
Senhor nos seus respectivos lugares, bebendo do cálice que o diácono,
ou um dos concelebrantes lhes apresenta; ou também passando
sucessivamente o cá- lice uns aos outros. O cálice é sempre enxugado,
seja por aquele que bebe,
seja por aquele que apresenta o cálice. Cada um, depois de ter
comungado, volta à sua cadeira.”
225. “O diácono, junto ao altar, consome, com reverência, todo o Sangue que
restar, ajudado, se for preciso, por alguns dos concelebrantes; leva-o, em
seguida, à credência, onde ele mesmo ou um acólito legitimamente instituído,
como de costume, o purifica, enxuga e compõe.”
226. “O celebrante principal procede ao mais como de costume até o final da missa,
permanecendo os concelebrantes em suas cadeiras.”
227. “Os concelebrantes, antes de se afastarem do altar, fazem-lhe uma
inclinação profunda. O celebrante principal, com o diácono, porém, como de
costume, beija o altar em sinal de veneração.”

Capítulo 6 - O Espaço Sagrado para a Celebração

228. “Por sua morte e ressurreição, Cristo tornou-se o verdadeiro e perfeito templo
da Nova Aliança e reuniu um povo adquirido. Este povo santo, reunido pela
unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é a Igreja ou templo de Deus,
construído de pedras vivas, onde o Pai é adorado em espírito e verdade. Com
muita razão, desde a antigüidade deu-se o nome de ‘igreja’ também ao edifício
no qual a comunidade cristã se reúne, a fim de ouvir a Palavra de Deus, rezar
em comum, freqüentar os sacramentos e celebrar a Eucaristia.”37
229. “Por ser um edifício visível, esta casa aparece como sinal peculiar da
Igreja peregrina na terra e imagem da Igreja que habita nos céus. Convém,
pois, que, ao se erigir um edifício única e estavelmente destinado à reunião do
povo de Deus, e à celebração das ações sagradas, seja esta igreja dedicada ao
Senhor em rito solene, segundo antiqüíssimo costume.” 38 “Todas as igrejas sejam
dedicadas ou ao menos abençoadas. Contudo, as igrejas catedrais e paroquiais sejam
sole- nemente dedicadas” (IGMR 290) pelo bispo diocesano ou alguém por ele
delegado, e a cada ano a comunidade celebre solenemente o dia da dedicação de sua
igreja.
230. “Como pede sua natureza, a igreja terá de ser adequada às celebrações
sacras, bela, resplandecente de nobre formosura e não de mera suntuosidade e
verdadeiramente sinal e símbolo das realidades celestes. A disposição geral do
edifício deve manifestar de algum modo a imagem do povo reunido e permitir
uma ordem inteligente, bem como a possibilidade de se exercerem com decoro
os diversos ministérios (...). Cuide-se, igualmente, com zelo de atender ao
que se exige,
quanto aos lugares, na celebração dos outros sacramentos, sobretudo do
Batismo e da Penitência.”39
231. A Constituição Sacrosanctum Concilium também apresenta o critério
fundamental da construção de uma igreja: “Ao se construírem igrejas, cuidem
diligentemente que sejam funcionais, tanto para a celebração das ações
litúrgicas, como para obter a participação dos fiéis” (SC 124). Por isso, o projeto
arquitetônico de uma igreja não deve estar à mercê das necessidades logísticas
ou, pior, basear-se segundo a mentalidade da construção de uma casa de
shows com palco e platéia. O projeto de uma igreja deve considerar em
primeiro lugar a funcionalidade dos ritos celebrativos e a manifestação da natureza
do Mistério da Igreja na assembléia orante.

232. Durante a celebração eucarística, a assembléia litúrgica 40 se encontra


distribuída em dois lugares sagrados que chamamos de presbitério (onde ficam
o presidente da celebração, os outros ministros ordenados e os que auxiliam
diretamente o presidente da celebração no altar) e de nave da igreja (onde
ficam os ministérios instituídos e os demais fiéis). Esses dois lugares devem ser
de tal maneira estruturados que possam manifestar não só sinal de comunhão
de todo o Povo de Deus, mas também o sinal de diferenciação entre os
ministérios ordenados e demais participantes da celebração.41
233. Além do presbitério e da nave da igreja, um outro espaço sagrado que
não deveria ser ignorado numa igreja é o átrio. Localizado na porta principal da
igreja, é o lugar de encontro e de acolhida dos fiéis que se reúnem para
celebrar. No átrio pode haver uma equipe de acolhida que saúda os que
chegam e deseja as boas-vindas aos que pela primeira vez vêm à igreja para
participar da comunidade. A equipe de acolhida deve favorecer um espírito de
37
Ritual da Dedicação de uma Igreja, n. 1.
38
Idem, n. 2.
39
Idem, n. 3.
40
“O povo de Deus, que se reúne para a Missa, constitui uma Assembléia orgânica e hierárquica que se
exprime pela diversidade de funções e ações, conforme cada parte da celebração. Por isso, convém que
a disposição geral do edifício sagrado seja tal que ofereça uma imagem da Assembléia reunida, permita
uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer correta- mente a sua
função.” Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 294
41
“Convém que – o presbitério – se distinga do todo da igreja por alguma elevação, ou por especial
estrutura e ornato. Seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia se desenrole comoda-
mente e possa ser vista por todos.” Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 295.
família, superando todo tipo de divisão ou frieza nos relacionamentos, e ajudar a
encontrar um lugar para aqueles que necessitam de assistência por idade
avançada ou qualquer outro impedimento.
234. O átrio possui um valor simbólico enquanto lembra que aqueles que
ainda não passaram pelo “pórtico da vida no Espírito” 42, isto é, o Batismo,
estão alheios à participação nos Mistérios de Cristo. Lembremos do Rito do
Batismo, em que o candidato para o batizado, inicialmente, é acolhido pelo
ministro na comunidade cristã à porta da igreja, isto é, no átrio 43. Por isso, é
que se recomenda que exista no átrio o reservatório de água benta para que
os cristãos, ao entrarem ou saírem da igreja, possam assinalar-se com a cruz
de Cristo, lembrando a graça batismal.

Tipologia de Prédios Religiosos

235. Na construção das Igrejas, identificam-se entre os edifícios católicos


diferentes tipos de igreja, a saber:
a) Catedral (Sé) - episcopal, arquiepiscopal, primacial, patriarcal, metropolitana.
b) Matriz - igreja paroquial.
c) Igreja filial, colegiada, conventual, abacial, de irmandade.
d) Capela pública, semipública, particular; de colégio, universidade, internato;
comunidade religiosa; de hospitais, sanatórios, abrigos; de estações rodoviária ou
ferroviária, de portos, de aeroportos; de corporação militar; de cemitério; em
monumento.
e) Santuário
f) Basílica

Cada um desses tipos de igreja possui características particulares que são, a seguir,
explicitadas:
a) Catedral é a igreja oficial, a sede ou Sé, do governante da circunscrição
eclesiástica. Seu nome deriva de cátedra, que é a cadeira do bispo como símbolo
de seu magistério. Ela é episcopal (do bispo), se sede de uma diocese (como
nossa Diocese de Santo André) ou arquiepiscopal (do arcebispo), quando sede de
uma arquidiocese (como a Arquidiocese de São Paulo p.ex.). Além disso, ela é
denominada metropolitana, quando a sede da diocese é, ao mesmo tempo, capital
do estado ou do país. A Catedral Nossa Senhora do Carmo sede de nossa Diocese
fica localizada no Centro da Cidade de Santo André, na Praça do Carmo.
b) Matriz ou Igreja matriz é a sede paroquial, a igreja-mãe da comunidade paroquial
(possuímos atualmente 100 matrizes paroquiais em nossa Diocese).
c) Capela ou oratório é um templo de dimensões menores, destinado a um número
reduzido de pessoas, mas preparado para que nele possa ser celebrada a santa
missa. Este é o termo correto para o que muitas vezes denominamos as nossas
comunidades da Paróquia.
d) Santuário é uma igreja, centro de peregrinações por motivo de devoção a Deus,
muitas vezes através de seus santos. A devoção cultivada nessa igreja suscita
grande interesse e piedade do povo, a ponto de ele vir em peregrinação até mesmo
de lugares distantes. Em nossa Diocese de Santo André os Santuários são:
Santuário Nosso Senhor do Bonfim (Santo André), Nossa Senhora Aparecida (São
Bernardo do Campo) e Santuário São Maximiliano Maria Kolbe (São Bernardo do
Campo).
e) Basílica é a igreja considerada “notável’ pela veneração que lhe devotam os fiéis,
por sua importância histórica e pela magnificência artística de sua construção. Em
Roma, quatro de suas mais importantes igrejas são denominadas de “basílica
maior”. Fora de Roma, é concedido o título de “basílica menor” a algumas igrejas.
Há uma Basílica em nossa Diocese, ela fica localizada no centro de São Bernardo
do Campo, é a Paróquia mais antiga da Diocese com mais de 200 anos de história
42
Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1213.
43
Cf. Ritual da Iniciação Cristã de Adultos, n. 73; e Ritual do Batismo de Crianças, n. 33 e 297.
e chama-se Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem.

Orientações em Projetos, Execuções e Reformas de Igrejas

236. As igrejas e os demais lugares devem prestar-se à execução das ações


sagradas e à ativa participação dos fiéis. Além disso, os edifícios sagrados e os
objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das
coisas divinas (IGMR 288).
237. Para edificar, reformar e dispor convenientemente os edifícios sagrados
consultem os responsáveis a Comissão diocesana de Liturgia e Arte Sacra. O
Bispo diocesano recorra também ao parecer e auxílio da mesma Comissão, quando
se tratar de estabelecer normas nesta matéria, de aprovar projetos de novos
edifícios sagrados ou resolver questões de certa importância (IGMR 291).
238. Em nossa Diocese foi publicado o Guia de Orientações para Projetos,
Execuções e Reformas de Igrejas pela Comissão para os Bens Culturais da Igreja
(COBECISA). Para fazer alterações, reformas e construções nos templos e imóveis
das paróquias, os quais são propriedades da Diocese (inclusive os confiados aos
religiosos/as), deve-se pedir licença à Cúria Diocesana através do requerimento por
escrito com o projeto, o orçamento e a aprovação do CAEP. Assim após o parecer
do COBECISA as obras poderão ser executadas.
239. A ornamentação da igreja deve visar mais à nobre simplicidade do que à
pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e
procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado
(IGMR 292).
240. A casa da Igreja deve ser expressão da verdade que ela anuncia, sem
falsidade ou imitação. Os materiais devem ser naturais e verdadeiros: assim sendo
materiais de plastico, fórmica ou imitação de madeira, pedras e flores não deveriam
ser utilizados. A beleza e a unidade do lugar sem luxo nem “cafonice”, deve
alimentar a piedade dos fiéis, ao mesmo tempo manifestar a santidade dos
mistérios celebrados.
241. Para corresponder às necessidades de nossa época, a organização da
igreja e de suas dependências requer que não se tenha em vista apenas o que se
refere às ações sagradas, mas também tudo o que contribua para uma justa
comodidade dos fiéis, como se costuma providenciar nos lugares onde se realizam
reuniões (IGMR 293).
242. O povo de Deus, que se reúne para a Missa, constitui uma assembleia
orgânica e hierárquica que se exprime pela diversidade de funções e ações,
conforme cada parte da celebração. Por isso, convém que a disposição geral do
edifício sagrado seja tal que ofereça uma imagem da assembleia reunida, permita
uma conveniente disposição de todas as coisas e favoreça a cada um exercer
corretamente a sua função. (IGMR 294)

Elementos do espaço celebrativo para a Eucaristia

243. Aqui será exposto o ideal na construção de uma igreja. Sabe-se que o
ideal nem sempre é o possível para já; devido às condições financeiras e
espaciais de muitas comunidades e, em alguns casos, é impossível, por se
tratar de templos tombados pelo Patrimônio Histórico. Por isso, cada
comunidade busque, com o tempo, atingir os parâmetros propostos pela Igreja,
sempre considerando os valores e as características do templo, adequando a
construção às características culturais da comunidade.

Presbitério

244. presbitério é lugar de destaque no espaço celebrativo, nele devem estar muito
bem organizados o altar, o ambão e a sédia (cadeira presidencial), as demais peças
sejam colocadas mais lateralmente (por exemplo a credência). Na Igreja Matriz
Paroquial também a pia batismal pode ficar no presbitério.
245. presbitério é o lugar onde se encontra localizado o altar, onde, é proclamada a
Palavra de Deus e onde o sacerdote, o diácono e os demais ministros exercem o seu
ministério. Convém que se distinga do todo da igreja por alguma elevação ou por
especial estrutura e ornato. Seja bastante amplo para que a celebração da Eucaristia
se desenrole comodamente e possa ser vista por todos. (IGMR 295)
246. Quando a assembleia for numerosa o presbitério deve ficar num plano mais
elevado para facilitar a visibilidade e a acústica, mas não excessivamente elevado, para
não parecer distante do povo, como um show. Ao contrário, deve dar a ideia de estar
inserido na assembléia. É importante que alguma sinalização defina o presbitério, com
degraus ou demarcação visual, sem perder de vista a unidade do povo de Deus em
oração. Em pequenas capelas esse desnível é até desnecessário.
247. Presbitério deve ter espaço suficiente para as peças necessárias e para a
mobilidade do presidente e dos ministros. Peças desnecessárias que ocupam espaço e
dificultam movimentação não devem estar no presbitério.

a) O Altar

248. A Instrução Geral sobre o Missal Romano diz que “o altar, onde se torna
presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa
do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da missa; é
ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia.”44
249. O altar exprime simultaneamente o valor sacrifical e comensal da Eucaristia.
Não pode ser considerado somente como uma mesa qualquer, pois também é
a pedra (ara) do sacrifício da Cruz que se perpetua sacramentalmente até que
115
Cristo venha 45. Compreendida essa função, o altar deve ser proporcional à
Igreja e sempre o suficiente para dispor as oferendas sobre sua superfície,
bem como os elementos necessários para a realização do rito da
consagração.
250. Que em cada igreja exista somente um único altar46, de tal forma “que
signifique a assembléia única dos fiéis, o único altar, o único Salvador nosso
Jesus Cristo, e a única Eucaristia da Igreja” 47. O altar é a presença do Cristo
Cabeça, que reúne ao redor seus membros e é para ele que de algum modo
convergem os outros ritos da Igreja. As igrejas históricas que possuam
diversos altares, além do altar-mor, é ponderado que não se alterem suas
características.
251. “Convém que em toda igreja exista um altar fixo, que significa de modo
mais claro e permanente Jesus Cristo, pedra viva (Cf. 1Pd 2,4; Ef 2,20); nos
demais lugares dedicados às sagradas celebrações, o altar pode ser móvel” 48.
Por altar fixo entende-se aquele que se prende ao chão do presbitério, não podendo
ser removido ou transportado. É significativo que o altar fixo seja de pedra e de uma
única pedra natural49, sendo consagrado com o óleo do Santo Crisma, segundo o
Pontifical Romano. Mas também ele pode ser feito com outros materiais sólidos e
dignos50, não utilizando materiais que imitem a pedra ou madeiras sólidas como, por
exemplo, fórmicas ou purpurina para imitar o ouro.
252. O altar deve ser construído “afastado da parede, a fim de ser facilmente
circundado e nele se possa celebrar de frente para o povo (...). O altar ocupe
um lugar que seja de fato o centro para onde espontaneamente se volte a

44
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 296.
45
Cf. Ritual da Dedicação de um altar, n. 4.
46
Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 41.
47
Ritual da Dedicação de um altar, n. 7.
48
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 298.
49
Cf. Código de Direito Canônico, cân 1236.
50
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 301.
atenção de toda a assembléia dos fiéis” 51. Por isso, não se deve colocar a sede
presidencial na
frente do altar.52 Tome-se cuidado com decorações que obstruam, camuflem ou
escondam a visão do altar. Assim como todos os outros elementos litúrgicos, o
altar deve ser construído artisticamente de forma que por si só manifeste o seu
simbolismo. Não é adequado que se cubra o altar com enormes toalhas, cheias
de bordados e pinturas, ou arranjos artísticos com flores ou com outros
simbolismos em frente do altar, fazendo-o desaparecer diante dos olhos da
assembléia. A mesa do altar deve estar à vista da assembléia, de tal modo que
por si própria manifeste seu valor, sem que nada impeça sua visão.
253. O altar é saudado com uma inclinação profunda por todos quantos se
dirigem ao presbitério, dele se retiram ou passam na sua frente 53. Além disso, o
presidente da celebração e demais ministros ordenados beijam o altar no início da
missa, como sinal de veneração. No final da missa, antes de deixar o presbitério, o
pre- sidente da celebração e os diáconos assistentes beijam o altar. Se forem muitos
os ministros ordenados, estes só farão a inclinação profunda.
254. Mesmo fora das celebrações, o altar merece veneração e não perde o
seu valor simbólico. Por isso, não se permita que se descansem os braços
sobre o altar, nem se coloquem papéis, livros que não sejam o missal, ...
Durante a limpeza da igreja, não se coloquem materiais de limpeza e outros
sobre o altar.
255. O altar não deve ser utilizado como uma escrivaninha para se preencher
formulários, anotar avisos, intenções de missa, etc... a exceção que expressa
um compromisso da aliança assumido em Cristo e diante da Igreja é a carta de
profissão perpétua dos religiosos 54. Profissão pública de fé, a assinatura dos noivos na
ata de celebração de casamento não se assina no altar.
256. O altar deve ter pelo menos uma toalha cor branca e seu tamanho deve
combinar com o tamanho e a proporção da superfície do altar 55. A(s) toalha(s)
pode(m) ser decorada(s) segundo os critérios da sobriedade, simplicidade e
nobreza.
257. Para realçar nossa fé na força simbólica do altar, cada detalhe é
importante. Nota-se que em algumas igrejas colocam-se por sobre a toalha
branca do altar um plástico de proteção contra a poeira e demais impurezas. É
mais conveniente preservar a limpeza da toalha branca com uma espécie de
manto, isto é, uma outra toalha, de tecido mais grosso que não escondesse a
visão do altar. É claro que esse manto seria utilizado somente fora das
celebrações. Outro detalhe que prejudica e esvazia o valor do altar é transformá-lo
numa espécie de armário, com portas e gavetas, porque ele não é um móvel qualquer,
como se fosse uma extensão dos armários da sacristia.

CRUZ PROCESSIONAL / CRUZ DO ALTAR

258. Haja também sobre o altar ou perto dele uma cruz com a imagem de Cristo
crucificado que seja bem visível para o povo reunido. Convém que tal cruz, que serve
para recordar aos fiéis a paixão salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também
fora das celebrações litúrgicas. (IGMR 308)

51
Idem, n. 299.
52
Excetua-se neste caso os ritos que exigem visibilidade, por exemplo uma ordenação onde na sede
ocorrem ritos que precisam ser visíveis.
53
Cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial da Igreja, n. 72.
54
Cf. Ritual da Profissão Perpétua dos Religiosos, n. 65; Ritual da Profissão Perpétua das Religiosas, n.
70.
55
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 304
259. A cruz está no caminho da comunidade e não no horizonte; no horizonte está a
ressurreição, mas antes há a cruz, por isso sua importância. A cruz é o grande
símbolo cristão e está tradicionalmente presente no presbitério. Além do Crucifixo que
já pode estar presente na parede do presbitério há também a cruz processional a
simbolizar que a cruz acompanha o cristão em sua caminhada, mas a meta é a
ressurreição, a glória, a vida.
260. A cruz processional deve apresentar a imagem do crucificado (ela recorda a
paixão do Senhor celebrada no altar), feita de material e forma que estejam em
harmonia com as demais peças do presbitério. Após carregada em procissão como
sinal do Cristo morto e ressuscitado, ela permanece junto ao altar, ou se já houver
outra no altar é recolhida para a sacristia (cf. IGMR 122).
261. A Cruz de maior destaque é sempre voltada para o povo, esteja ela na parede,
no altar ou junto do altar. Se houver uma segunda Cruz, esta volta-se para a
presidência, a fim de que, também o presidente como cabeça da Assembleia
contemple a realidade do sacrifício da Cruz que preside em nome de Jesus. Esta Cruz
utilizada nas celebrações Eucarísticas pode também ser utilizada nas via sacras, nas
procissões pelas ruas e demais momentos celebrativos da comunidade. É a cruz
incensada nas solenidades e referencial para os fiéis. Trata-se da Cruz Paroquial,
litúrgica e pastoral, identificada facilmente pelo povo.
262. Os castiçais com as velas manifestam a reverência e o caráter festivo da
celebração. Que eles “sejam colocados, como parecer melhor, sobre o altar ou
junto dele, levando em conta as proporções do altar e do presbitério, de modo a
formarem um conjunto harmonioso e que não impeça os fiéis de verem aquilo
que se realiza ou se coloca sobre o altar”56. Quanto ao número de castiçais, a Igreja
diz que “coloquem-se, em qualquer celebração, ao menos dois castiçais com velas
acesas, ou então quatro ou seis, sobretudo quando se trata de missa dominical ou
festiva de preceito, ou quando celebrar o bispo diocesano, colocam-se sete” 57. A
referência de sete velas acesas para celebrações com o bispo diocesano é para
exprimir a plenitude dos dons do Espírito Santo na assembléia orante e a plenitude da
manifestação do Mistério da Igreja quando o Pastor de uma diocese se reúne com o
povo a ele confiado.
263. Quanto às flores, a Igreja ensina: “Na ornamentação do altar observe-se
moderação. No Tempo do Advento se ornamente o altar com flores com
moderação tal que convenha à índole desse tempo, sem contudo, antecipar
aquela plena alegria do Natal do Senhor. No Tempo da Quaresma é proibido
ornamentar com flores o altar. Excetuam-se, porém, o domingo "Laetare" (IV
na Quaresma), a solenidades e festas. A ornamentação com flores seja sempre
moderada e, ao invés de se dispor o ornamento sobre o altar, de preferência seja
colocado junto a ele”58.
264. Para a Celebração Eucarística, colocam-se sobre o altar somente os
objetos requeridos pelo rito e no momento oportuno, a saber:
59
a) “o Evangeliário, do início da celebração até a proclamação do Evangelho;
b) desde a apresentação das oferendas até a purificação dos vasos sagrados, o
cálice com a patena, o cibório, se necessário, e, finalmente, o corporal, o
purificatório (sangüíneo), a pala e o missal;
c) Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam ajudar a
amplificar a voz do sacerdote.”60
265. Somente o pão e o vinho para consagração, depois de apresentados
pela assembléia, podem ser colocados sobre o altar. Outros símbolos, tais

56
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 211 e 251; cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial
da Igreja, n. 73.
57
IGMR 117.
58
Idem, n. 305.
59
Quando se utiliza o Evangeliário, ele é trazido na procissão de entrada e depositado sobre o altar.
60
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 306
como cestas com pão e uva sejam colocados em lugares previamente
preparados fora do altar.

O Ambão

266. O ambão é o lugar do qual se proclama a Palavra de Deus. O termo


“ambão” indica “lugar alto”, “elevação”, “subir”. No livro de Neemias 61 lemos que
Esdras estava sobre um suporte de madeira, feito para a ocasião, onde ele
abriu o Livro da Lei à vista de todo o povo e o proclamou.
267. Na Liturgia da Palavra se proclamam do ambão as leituras bíblicas, o
salmo responsorial, o precônio pascal (Exultet), as seqüências e pode também
ser utilizado para a homilia e para a oração da comunidade 62. Não se devem
fazer do ambão as monições, animações, orações meditativas, homenagens e
nem dar avisos comunitários.
268. A Introdução Geral ao Lecionário nos ensina as características de um
ambão: “... deve existir um lugar elevado, fixo, adequadamente disposto e com
a devida nobreza, que ao mesmo tempo corresponda à dignidade da Palavra
de Deus e lembre aos fiéis que na missa se prepara a mesa da Palavra de
Deus e do Corpo de Cristo e que ajude da melhor maneira possível a que os
fiéis ouçam bem e estejam atentos durante a Liturgia da Palavra. Por isso se
deve procurar, segundo a estrutura de cada igreja, que haja uma íntima
proporção e harmonia entre o am bão e o altar”63. Para demonstrar aos fiéis essa
harmonia celebrativa, o ambão seja construído com o mesmo material do altar. Assim
como o altar deve estar à vista da assembléia, o mesmo vale para o ambão. Logo,
evite-se colocar cartazes, banners, etc, à frente do ambão.
269. Oambão deve ser um lugar construído com uma estrutura estável e não uma
simples estante móvel, porque é um sinal de que a Palavra de Deus é firme, é
a rocha na qual os cristãos alicerçam as suas vidas. O ambão deve ocupar um
lugar de destaque no presbitério, para onde se volte espontaneamente a
atenção dos fiéis e os leitores possam ser vistos e ouvidos com facilidade 64. O
novo ambão deve ser abençoado segundo o Ritual Romano de Bênçãos.65
270. Geralmente o ambão é situado no lado direito do altar (para o lado
esquerdo de quem olha da assembléia para o presbitério), mas isto é costume,
não há norma escrita que indique isto. Sobre a distância entre o ambão e o
altar:
a) Não muito próximo para que haja uma pequena procissão com o
Evangeliário (do altar ao ambão) feita pelo diácono ou pelo sacerdote
durante a Aclamação ao Evangelho;
b) Não muito distante para que se mantenha a harmonia e a unidade
destas duas mesas celebrativas no presbitério.
271. Para evitar a duplicidade de sinais, cuide-se para que nas celebrações
em que se destaca a Palavra de Deus (por exemplo: setembro, o mês da
Bíblia) não haja outras estantes ou nichos para o Livro da Sagrada Escritura
dentro do presbitério. O lugar próprio da Palavra de Deus é o ambão ou, caso
se utilize o Evangeliário, ela é entronizada sobre o altar até a proclamação do
Evangelho.Bíblia e lecionário não se entre em procissão, nem na entrada, nem
antes das leituras; apenas o Evangeliário entra na procissão de entrada (nas
mãos do diácono e na ausência deste de um leigo).
272. Segundo o Rito Romano, o Círio Pascal permanece durante o tempo pascal
61
Cf. Ne 8,4-5.
62
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 309.
63
Introdução Geral ao Lecionário, n. 32.
64
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 309.
65
Cf. Ritual de Bênção – Rito Romano, n. 900-918.
junto ao ambão, sendo aceso nas suas celebrações diárias. Depois do dia de
Pentecostes, o Círio Pascal é levado a um lugar de honra no batistério ou junto
à pia batismal.66

b) A Sede Presidencial

273. No presbitério deve existir uma sede reservada para o sacerdote que
presidirá a assembléia e dirigirá as orações. A sede presidencial deve ser
distinta das outras cadeiras67, de modo que o sacerdote presidente possa ser
bem visualizado pelos fiéis.

274. O lugar mais apropriado da sede “é de frente para o povo no fundo do


presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras
circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a
comunicação entre o sacerdote e a assembléia, ou se o tabernáculo ocupar o centro
do presbitério atrás do altar”68. Caso não seja possível colocar a sede no fundo do
presbitério, então se coloque, numa distância adequada, ao lado do altar, no sentido
inverso ao lado do ambão. Jamais se coloque a sede presidencial ou outras cadeiras
em frente do altar, porque haveria uma sobreposição simbólica em detrimento do altar,
além de encobri-lo, mesmo que parcialmente.
275. “Evite-setoda espécie de trono. Antes de ser destinada ao uso litúrgico, convém
que se faça a bênção da cadeira da presidência segundo o rito descrito no
Ritual Romano”.69
276. O sacerdote-presidente dirige a celebração da sede nos seguintes
momentos:70
a) saudar a assembléia e introduzi-la na celebração do dia;
b) realizar o ato penitencial;
c) cantar ou recitar o hino de louvor (Glória a Deus nas alturas...);
d) proferir a oração do dia e a oração depois da comunhão;
e) ouvir as leituras bíblicas e pode, se preferir, realizar a homilia;
f) professar o símbolo da fé;
g) introduzir e concluir a oração universal (ou da comunidade);
h) comunicar os avisos para a comunidade;
i) enviar em missão a assembléia com a bênção.

277. Quando o sacerdote utilizar o missal na sede, ele é auxiliado por um


librífero.

A Credência

278. A credência tem sua origem na palavra italiana “credenza” que significa
“confiança”. Era antigamente a pequena mesa onde se colocavam os alimentos
que eram degustados antes de serem levados para a mesa da ceia e onde
podiam ser consumidos com toda a confiança.
279. O altar é a mesa da ceia sacrifical da Eucaristia. A mesa do altar deverá
ser preparada somente no momento da preparação das oferendas, daí surge a
necessidade de uma mesa menor que pode estar localizada no fundo ou no
lado do presbitério. Não é adequado colocar a credência unida (junto) ao lado
do altar, para não diminuir a sua dignidade.

66
Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 372
67
Cf. idem, n. 49.
68
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 310.
69
Idem, n. 310; cf. Ritual de Bênçãos – Rito Romano, n. 880-899.
70
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 50, 71, 136, 138, 164 e 165.
280. Na apresentação das oferendas, o sacerdote presidente se dirige ao
altar que pode ser preparado por ele mesmo ou pelo diácono. O acólito ou
outro ministro leigo71 (por exemplo, o ministro extraordinário da sagrada
comunhão) coloca sobre o altar o corporal, purificatório, cálice, a pala e o
missal. O sacerdote presidente recebe o pão nas suas mãos, pronuncia a bênção e
coloca a patena sobre o corporal. Em seguida, faz o mesmo com o vinho.

281. No lavabo, o jarro e a bacia vêm da credência e voltam imediatamente


para ela. Para valorizar este sinal, utilize-se jarro e bacia no qual o sacerdote
realmente lava as suas mãos, auxiliado pelos coroinhas ou acólitos.
282. A sobra do sangue de Cristo seja consumida logo, junto do altar. A purificação
dos vasos sagrados é feita na medida do possível na credência, embora possa
ser realizada no altar, pelo sacerdote, pelo diácono ou pelo acólito
legitimamente instituído logo após a comunhão ou imediatamente depois da
missa, após a despedida do povo 72. Não cabe ao ministro extraordinário da
sagrada comunhão realizar a purificação dos vasos sagrados.73

Sacrário ou Tabernáculo Eucarístico

283. O tabernáculo eucarístico nos indica a presença do Senhor. Originalmente a


Igreja conservou a Eucaristia para atender aos enfermos e agonizantes. Com o
passar do tempo, a reserva eucarística passou a ser distribuída aos fiéis que
celebram a Palavra de Deus na ausência do sacerdote e para os momentos de
adoração.74
284. O tabernáculo seja colocado em lugar de honra na igreja, suficientemente
amplo, visível, devidamente decorado e que favoreça a oração pessoal 75.
“Normalmente o tabernáculo seja único na igreja, inamovível, feito de material
sólido e inviolável não transparente, e fechado de tal modo que se evite ao
máximo o perigo de profanação. Convém, além disso, que seja abençoado
antes de ser destinado ao uso litúrgico, segundo o rito descrito no Ritual
Romano”.76
285. “Diante do tabernáculo (...) brilhe constantemente uma lâmpada especial, com
a qual se indique e se reverencie a presença de Cristo”.77
286. Fora das celebrações, a chave do tabernáculo não deve ficar exposta ou
colocada na sua porta.

Capela do Santíssimo Sacramento

287. A capela do Santíssimo Sacramento “convém que seja apta para a oração
privada (...) e por isso se recomenda que o Sacrário, enquanto possível, seja
colocado em uma capela que esteja separada da nave central do templo,
sobretudo nas igrejas em que se celebram mais freqüentemente matrimônios,
funerais e nos lugares mais visitados”.78 Em especial nos santuários, basílicas e
igrejas matrizes mais frequentadas.
288. Qualquer outro elemento que possa encontrar-se na capela do
71
Cf. idem, n. 139.
72
Cf. idem, n. 163 e 279; cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 119.
73
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 279.
74
Cf. Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, Bênção do Novo tabernáculo Eucarístico, n. 919.
75
Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 52, e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 314.
76
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 314; cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 52; e cf.
Ritual Romano, Ritual de Bênçãos, Bênção do Novo tabernáculo Eucarístico, n. 919-929.
77
Código de Direito Canônico, cân. 940.
78
Instrução Eucharisticum Mysterium e cf. Ritual da Sagrada Comunhão e do culto à Eucaristia fora da
missa, n. 9.
Santíssimo deve ser secundário, pois o foco de atenção deve ser o tabernáculo
Eucarístico. Portanto, muita atenção para que a decoração, e principalmente as
imagens, não distraiam os fiéis. Tudo deve convergir para a presença de Cristo
na Eucaristia.

CAPELA DA RECONCILIAÇÃO (CONFESSIONÁRIO)

289. ideal é que, dentro do corpo da igreja, se preveja um espaço que ao mesmo
tempo faça parte da nave e dela se distinga.
a. Este espaço deve facilitar o contato pessoal e o diálogo entre o fiel e o
sacerdote, e permitir que sejam adotadas as posturas convenientes: de pé,
sentado ou de joelhos. Seja um local discreto, mas à vista.
290. fiel tem o direito de que os confessionários que estão em lugares visíveis
possuam as grades fixas entre o confessor e o penitente, dos quais possam usar
livremente os fiéis que o desejarem (CDC Cân 964). Deste modo as duas opções
devem ser presentes. A de identidade visível, de fronte ao confessor, sem grade e com
a grade. Não se ouçam confissões fora do confessionário, ou capela da reconciliação,
a não ser por justa causa.

ÁTRIO (PORTA)

291. Átrio é o lugar que dá entrada à igreja. Ele separa o exterior do interior. Este
local tem a função de preparar a entrada e marcar a passagem de uma realidade para
outra.
292. Pode haver aí uma pia de água-benta para que se faça o sinal da cruz em
preparação ao Mistério de que se vai participar.
293. É preciso que a porta principal de entrada receba um tratamento diferenciado
das demais, pois representa Cristo (a Porta). Ela pode ser maior, com puxadores mais
nobres, podendo ter algum símbolo.

AVISOS E CARTAZES

294. Os cartazes e avisos fazem parte da vida e da dinâmica da comunidade e


devem ter um lugar determinado e adequado para sua exposição.
295. A comunidade deve evitar a disposição de letreiros, avisos, cartazes,
mensagens edificantes ou de congratulações e mesmo citações da Escritura,
espalhados pela igreja, pela nave ou no presbitério, pois desviam à atenção dos fiéis da
liturgia e prejudicam seu desenvolvimento.
296. melhor local para concentrar avisos e cartazes é no átrio. É aí que as pessoas
podem parar para ler os avisos, quando entram ou quando saem, sem atrapalhar o
andamento da celebração.

AMBIENTES AUXILIARES

SACRISTIA

297. A sacristia faz parte do templo, é o “pequno sagrado”, extensão do Santuário.


Nela se guarda e se encontra tudo o que é necessário para as celebrações e nela os
ministros se paramentam e se preparam para a Celebração. A sacristia terá um
armário, com diversas divisões. Em uma parte os paramentos para os vários tempos
litúrgicos: casulas, alvas, cíngulos, túnicas, estolas, capas, véus umerais, e vestes dos
demais ministros. Na outra os elementos menores: sanguíneos, corporais,
manustérgios, palas, toalhas do altar e da credência. Um terceiro local conterá, com a
devida segurança, os cálices, cibórios, patenas, relicários, sinos, castiçais, crucifixos,
aspersórios, turíbulos, lecionários, missais, evangeliários etc. Se possível, ainda na
sacristia haverá um local para os vasos de flores, velas, imagens, e objetos próprios de
celebrações específicas, tais como Semana Santa, Natal e outros.
298. Indica-se um lavabo e, se possível, um banheiro para uso dos que estão a
serviço da liturgia. Os tapetes, andores, cadeiras, genuflexório e outros devem estar
bem armazenados para que não se deteriorem facilmente.
299. A sacristia é o local de apoio para a Celebração, ele deve indicar o passo
preparatório entre a vida corriqueira e o mistério que há de se celebrar. Nela a
organização, a limpeza e a objetividade devem estar a favor do culto. Trata-se de um
local, nos momentos que antecedem a liturgia, de silêncio e oração que prepara os
ministros para o que há de acontecer. As orações de paramentação e antes da
celebração aí devem ocorrer (naturalmente se as dimensões espaciais permitirem).

PROGRAMA ICONOGRÁFICO (IMAGENS)

300. A Igreja não cessa de solicitar a nobre contribuição das artes e admite as
expressões artísticas de todos os povos e regiões. Ainda mais, assim como se esforça
por conservar as obras e tesouros artísticos legados pelos séculos precedentes e, na
medida do necessário, adaptá-las às novas necessidades, também procura promover
formas novas que se adaptem à índole de cada época. (IGMR 289)
301. Na liturgia terrena, antegozando, a Igreja participa da liturgia celeste, que se
celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, peregrina, se encaminha, onde
Cristo está sentado à direita de Deus, e venerando a memória dos Santos, espera fazer
parte da sociedade deles (SC 8). (IGMR 318)
302. Por isso, segundo antiquíssima tradição da Igreja, as imagens do Senhor, da
Bem-aventurada Virgem Maria e dos Santos sejam legitimamente, apresentadas à
veneração dos fiéis nos edifícios sagrados79 sejam dispostas no edifício sagrado de
modo que conduzam os fiéis aos mistérios da fé que ali se celebram. Por isso, cuide-se
que o seu número não aumente desordenadamente, e sua disposição se faça na
devida ordem, a fim de não desviarem da própria celebração a atenção dos fiéis (SC
125). Normalmente, não haja mais de uma imagem do mesmo santo. De modo geral,
procure-se na ornamentação e disposição da igreja, quanto às imagens, favorecer a
piedade de toda a comunidade à beleza e à dignidade das imagens.
303. que o Evangelho diz com palavras, o ícone anuncia através das cores e, de
certo modo, torna-o presente. A imagem é sinal da presença do invisível. O programa
iconográfico deve ser muito bem elaborado, simultaneamente ao estudo e à
organização do projeto arquitetônico da igreja. É importante prever as técnicas a serem
empregadas (pintura, mosaico, vitral, esculturas...). O mesmo zelo deverá ser adotado
na escolha do artista ou artistas e da empresa que realizará tais trabalhos, tendo
presente o critério apresentado no Catecismo:
a. A arte sacra é verdadeira e bela, quando corresponde por sua forma à vocação
própria: evocar e glorificar, na fé e na adoração, o mistério transcendente de
Deus, beleza excelsa e invisível de verdade e amor, revelada em Cristo... (CEC
2502).
b. É preciso cuidado para não haver exagero. Às vezes, em uma única igreja
multiplicam-se imagens de Jesus Cristo, da Virgem Maria ou de um santo,
quando bastaria um único exemplar de cada. O programa iconográfico de um
edifício cristão tem como centro a imagem de Cristo.
c. A imagem do(a) padroeiro(a), em pintura ou escultura, pode ficar em algum
lugar do presbitério ou na nave. Ela jamais é o centro. Nunca colocá-la sobre
um altar, pois só deve haver um altar que é o eucarístico.
d. A iluminação adequada, pontual, pode valorizar e atrair dignamente a atenção à
imagem, sem que seja preciso recorrer a outras soluções.
e. Recomenda-se que a via-sacra e outros elementos devocionais subjetivos
estejam fora do presbitério.

304. “Firme permaneça o costume de propor nas igrejas as sagradas imagens


à veneração dos fiéis; contudo, sejam expostas com moderação quanto ao
número, com conveniência quanto à ordem, para que não causem admiração
79
Ritual da Dedicação de Igreja e de Altar n 10
158
ao povo cristão nem favoreçam devoções menos corretas” . Não se
multiplique o número das imagens do mesmo santo ou santa. Que seja somente
uma imagem de cada, mesmo que esse santo ou santa possua vários títulos.
Por exemplo: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Graças, Nossa
Senhora Desatadora dos Nós,... já que todos esses títulos correspondem a uma
única pessoa: Maria, Mãe de Jesus!
305. Nasnovenas e celebrações festivas, a imagem do santo, levada na procissão
de entrada, pode ser melhor destacada com a utilização de tronos, adornos ou
flores. Mas não se coloque em cima ou em frente do altar, pois isso
159
prejudicaria outros símbolos importantes do presbitério.
306. Nas celebrações em louvor a um santo jamais se perca a perspectiva e o
foco central do culto da Igreja, que é Cristo no seu Mistério Pascal. Que toda
celebração aos santos seja Cristocêntrica, ou seja, que o culto aos santos não
supere o culto a Deus, na pessoa do Cristo, pois n’Ele encontramos a fonte e a
causa de toda santificação.
ESPAÇO EXTERNO
TORRE
307. Houve tempo em que a torre marcava o centro geográfico da cidade e o centro
da vida dos cidadãos. Os sinos chamavam para as celebrações. Hoje, entretanto, a
torre é facultativa, pois sua construção depende das tradições locais e dos recursos
disponíveis.
308. Pela verticalização das cidades, caso se opte por não construir uma torre, é
conveniente que haja algum elemento na fachada direcionado para o céu, com uma
cruz e/ou um pequeno sino. São elementos fortes da igreja-edifício ainda reconhecidos
por todos.
309. A construção de um símbolo que destaque o edifício e o caracterize como igreja
ajuda também a facilitar sua localização.

VIA-SACRA

310. A via-sacra, entendida como caminho sagrado que lembra os últimos passos de
Jesus, em direção à sua paixão e ressurreição, encontra justa e ideal localização no
espaço externo da igreja.

QUESTÕES TÉCNICAS NA UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO

ACÚSTICA

311. A qualidade acústica é muito importante para o local da celebração. A solução


arquitetônica pode influir consideravelmente neste aspecto. Abóbadas, conchas ou
formas circulares, grandes panos de concreto tendem a provocar, reverberação no
interior da igreja.
312. Se numa igreja já construída há problemas quanto à acústica, é preciso avaliar
as causas, antes de instalar caixas de som pela nave, A solução pode estar na redução
da incidência de barulho externo, por meio de painéis acústicos, anteparos, vegetação
externa.
313. Os ruídos internos podem ser tratados com a aplicação de materiais adequados
nas superfícies para absorvê-los. Há materiais de acabamento porosos e rugosos que
ajudam a melhorar a acústica. A forma espacial, as inclinações do telhado e piso
também podem ser aliados da boa acústica. Há casos em que se torna desnecessário
o uso de microfones e caixas de som.
314. Os microfones, instrumentos e demais itens sonoros devem ser pensados a
partir da boa participação na celebração. Volume e demais ajustes são feitos
contemplando o número de pessoas presentes, o ambiente e o que se celebra. A Missa
não é um show de homens, mas comunicação de Deus com seu povo e do seu povo
com Ele.

ILUMINAÇÃO

315. A iluminação tem uma influência objetiva para o desenvolvimento da liturgia.


Para cada ambiente e função pode-se prever um tipo determinado de luz e de
intensidade de iluminação.
316. O espaço não precisa estar iluminado todo por igual. Uma iluminação especial
sobre algum elemento ou imagem ajuda a valorizá-los. O altar e a mesa da Palavra
podem ter iluminação direta sobre eles.
317. Se for uma capela só para oração, pouca luz é necessária. Se houver
necessidade de iluminação para leitura, esta pode estar distribuída apenas sobre o
espaço dos bancos. Bons resultados também podem ser obtidos, se o espaço litúrgico
for iluminado de forma indireta.
318. A iluminação privilegiada sobre alguns objetos ou locais, em detrimento de
outros que ficam na sombra, cria o contraste que lembra a própria dinâmica da fé, que
transita entre a luz e as trevas.
319. Havendo possibilidade, convém aproveitar ao máximo a iluminação natural. Isso
ajuda na economia de energia elétrica e ainda se podem conseguir efeitos significativos
pela entrada da luz no local de celebração.

ORNAMENTAÇÃO

320. A ornamentação da igreja deve visar mais à nobre simplicidade do que à


pompa. Na escolha dessa ornamentação, cuide-se da autenticidade dos materiais e
procure-se assegurar a educação dos fiéis e a dignidade de todo o local sagrado.
(IGMR 291)
321. Os caminhos mais fáceis para atingir o belo e o sublime é a nobre simplicidade.
Cuide-se para que os ambientes não esvaziem a própria celebração devido à grande
quantidade de decoração. Isso acarreta uma indesejada dispersão visual.
322. A ornamentação é parte integrante do espaço litúrgico e deve sempre lembrar
que é preciso cuidado no uso de folhagens e flores. Os arranjos devem ser discretos.
323. É recomendável o emprego de plantas e flores naturais no local de celebração,
pois o local onde a Verdade é anunciada e experimentada supõe uma decoração com
materiais autênticos.

Os materiais sagrados para a celebração eucarística 80

324. É direito da comunidade dos fiéis que as vestes, toalhas e alfaias


sagradas, bem como todos os objetos sagrados, resplandeçam pela dignidade,
decoro e limpeza81, por isso é interessante, em acordo com o
pároco/administrador paroquial, designar pessoas que cuidem, organizem e
limpem esses materiais. Esse zelo expressa o fervor da fé de uma
comunidade.

80
Este diretório contém um capítulo que aborda os principais objetos para uma celebração
eucarística. Para aprofundar melhor esse assunto, leia-se o capítulo V da Encíclica do Papa João
Paulo II “Ecclesia de Eucharistia”
81
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 57.
325. É recomendável que a primeira lavada das alfaias destinadas a acolher as
sagradas espécies (corporal e sangüíneo) seja feita manualmente e sua água
derramada na terra ou em um outro lugar apropriado.82

Os lugares das pessoas que exercem funções litúrgicas

326. Os lugares das pessoas que exercem funções litúrgicas devem levar em
consideração o espaço disponível na igreja. O que não pode acontecer é um
congestionamento de pessoas no presbitério, dificultando, assim, a
funcionalidade do desenvolvimento dos ritos. O ideal é que ocupem as cadeiras
no presbitério os ministros ordenados – bispo, presbítero e diácono – bem como
os acólitos que possuem a função de acompanhar o sacerdote no altar.
327. Convém que os coroinhas permaneçam junto ao sacerdote no
presbitério, pois, além de ser um ministério ligado ao serviço do altar, os
coroinhas existem para aprofundar e alimentar nos meninos o discernimento
vocacional ao sacerdócio. Além de meninos, também podem existir meninas
coroinhas no serviço litúgico.83
328. Os leitores e ministros extraordinários da sagrada comunhão ocupem as
primeiras fileiras de banco da nave central para expressar a dimensão
vocacional da Igreja. É Deus que chama do meio do povo pessoas para
servirem a comunidade através dos ministérios.
329. Quando os diáconos, acólitos e ministros extraordinários da sagrada
comunhão encontram-se no presbitério durante a Oração Eucarística e o rito
de comunhão, devem permanecer afastados do altar, um pouco atrás do
sacerdote que preside e dos concelebrantes ajoelham-se da epiclese até o
final da apresentação do cálice.84
330. O comentarita exerce sua função num lugar adequado, em pé, e voltado para a
assembléia. Ao desempenhar sua função, o comentarista não deve utilizar o
ambão, mas uma estante simples.85
331. “O grupo dos cantores, segundo a disposição de cada igreja, deve ser
colocado de tal forma que se manifeste claramente sua natureza, isto é, que
faz parte da assembléia dos fiéis, onde desempenha um papel particular; que a
execução de
sua função se torne mais fácil; e possa cada um de seus membros facilmente
obter uma participação plena na missa, ou seja, participação sacramental” 86.
Portanto, o lugar dos animadores de canto não é no presbitério, mas num outro
lugar onde possam exercer com facilidade a sua função de fazer a assembléia
cantar.

Capítulo 7 - Momentos da Eucaristia

332. Neste capítulo serão abordados alguns momentos da celebração


eucarística necessários para o bom serviço das Equipes Litúrgicas numa
comunidade. Quanto aos cantos da missa, serão analisados mais
detalhadamente no capítulo posterior. Antes, é necessário esclarecer algumas
idéias a respeito da missa.
333. Há a necessidade de uma comunicação clara e antecipada entre o
sacerdote que preside e as equipes que servem. O ideal é que o sacerdote
82
Cf. idem, n. 120.
83
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 47.
84
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 215.
85
Cf. idem, 105b.
86
Idem, n. 312.
possa preparar a celebração eucarística juntamente com as equipes
responsáveis. Mas quando isso, infelizmente, não for possível, a celebração
eucarística pode ser preparada pela Equipe de Liturgia; quem, porém, aprova a
sua realização é o presidente da celebração. Evite-se toda improvisação ou
atitudes que prejudiquem a harmonia entre o presidente da celebração e a
equipe de celebração para que a Liturgia expresse o Mistério da unidade e da
comunhão entre os fiéis em Cristo.
334. Além disso, cabe ao presidente da celebração:
a. Proferir as chamadas orações presidenciais;87
b. Proferir breves motivações e admoestações para introduzir os fiéis à
celebração do dia e para a compreensão dos ritos, mantendo sempre o
sentido proposto pelo missal.88

Ritos Iniciais

Procissão de Entrada

335. Esse rito deve ser valorizado em nossas celebrações, principalmente aos
domingos, solenidades e dias festivos da comunidade, pois manifesta a Igreja,
povo de Deus, a caminho da Terra Prometida preparada pelo Pai.89
336. Para melhor expressarmos essa dimensão peregrina da Igreja, são
usados alguns elementos:
c. O turíbulo e o incenso: a incensação na procissão de entrada recorda a
caminhada do povo de Israel durante 40 anos no deserto 90. Hoje, é a Igreja
que caminha pelas estradas do mundo, seguindo na presença do Senhor;
d. A cruz processional: faz-nos recordar que a pessoa só pode ser discípula
de Jesus se tomar a sua cruz e trilhar os passos do Mestre. Deve ser um
crucifixo, com a imagem do Crucificado e não apenas uma simples cruz91.
e. O Evangeliário: a Palavra de Deus é essencial para quem se põe a
caminho. Sem ela nos perderíamos nas encruzilhadas de nossas decisões e
escolhas para Deus. A última edição da Instrução Geral sobre o Missal
Romano valoriza o Livro do Evangeliário (Livro que contém somente o texto
do Evangelho). Na procissão com a Palavra de Deus seja levado o
Evangeliário e não mais o Lecionário e nem a Bíblia 92. O diácono ou na sua
falta o leitor, leva o Evangeliário fechado 93 e ao chegar no presbitério,
deposita-o no centro do altar, sem apresentá-lo à assembléia94;
f. Dependendo do cunho da celebração, pode-se trazer outros símbolos que
ajudem a assembléia a celebrar melhor o Mistério da fé, como, por
exemplo, a imagem do Santo Padroeiro ou sinais que expressem o
momento da vida e as intenções daquela comunidade. Nesse caso, a
imagem do santo ou outros símbolos seguem logo atrás da cruz
processional.
337. A formação da procissão de entrada segue esta ordem:95
1. O turiferário e o naveteiro;
2. Os acólitos ou coroinhas que levam as velas acesas e, entre eles, um outro
acólito ou coroinha com a cruz processional;

87
Cf. idem, n. 30.
88
Cf. idem, n. 31.
89
Cf. Hb 13,14
90
Cf. Ex 13,21-22.
91
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 117.
92
Idem, n. 120 d
93
Cf. Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 127.
94
Cf. idem, n. 117.
95
Cf. idem, n. 120.
3. Os demais coroinhas, os leitores, os ministros extraordinários da sagrada
comunhão e os acólitos (instituídos);
4. O diácono, ou na falta deste o leitor, conduz um pouco elevado o
Evangeliário;
5. À frente do sacerdote presidente caminham os sacerdotes concelebrantes; 96
6. Por fim, o sacerdote presidente acompanhado de um ou dois diáconos
assistentes97. Se houver mais diáconos na celebração, eles precederão os
sacerdotes concelebrantes.
7. Observação: Quando a eucaristia for presidida pelo bispo, atrás dele
acompanham acólitos ou coroinhas responsáveis pela mitra, pelo báculo e pelo
livro. O bispo entrega a mitra e o báculo diante do altar, antes de reverenciá-lo
com a inclinação profunda.98
338. Chegando diante do presbitério, todos fazem uma inclinação profunda
em reverência ao altar99. No entanto, quando o Sacrário do Santíssimo se
encontra no centro do presbitério, não se realiza a inclinação profunda, mas uma só
genuflexão para o altar e a Eucaristia.100

Saudação

339. Terminado o cântico de entrada, o sacerdote, de pé junto da cadeira, e toda


a assembleia fazem sobre si próprios o sinal da cruz; em seguida, pela saudação,
faz sentir à comunidade reunida a presença do Senhor. Com esta saudação e a
resposta do povo manifesta-se o mistério da Igreja reunida.
340. Depois da saudação do povo, o sacerdote, ou o diácono, ou outro ministro,
pode, com palavras muito breves, introduzir os fiéis na Missa do dia.

Ato Penitencial

341. Há vários modos de realizar esse rito, descritos no Missal Romano. Pode
ser rezado ou cantado, quanto aos cantos do Ato Penitencial, serão abordados
mais adiante. É possível fazer a aspersão da água benta sobre o povo nas
missas dominicais e solenidades, pois assim lembra-se da santidade que
recebemos no dia de nosso batismo e que é constantemente renovada pela
misericórdia divina. Com a aspersão da água no Ato Penitencial, faz-se
referência à solenidade da Vigília Pascal.
342. Esse momento é “concluído com a absolvição do sacerdote, absolvição
que, contudo, não possui a eficácia do sacramento da penitência” 101, visto que
o Ato Penitencial da missa não absolve os pecados graves e mortais. Esses
devem ser acusados na confissão sacramental individual.

Hino de Louvor

343. O“Glória a Deus nas alturas...” é um hino antiqüíssimo e venerável da Igreja,


que remonta às primeiras gerações de cristãos. Na verdade é um canto
completo: de louvor, entusiasmo, doxologia e súplica. Um canto transbordante
de alegria, confiança, humildade, e que dá à Eucaristia um tom de festividade.102
344. Sempre é cantado nas solenidades, nas festas e nos domingos, exceto
nos domingos do Advento e da Quaresma. “O texto deste hino não pode ser
96
Cf. idem, n. 210.
97
Cf. idem, n. 172.
98
Cf. idem, n. 128 e 131.
99
Cf. idem, n. 195.
100
Cf. idem, n. 274.
101
Idem, n. 51
102
Cf. “A Celebração da Igreja” II - Sacramentos, Edições Loyola, São Paulo, 1982, p. 321.
substituído por outro (por exemplo: hinos trinitários – Pai, Filho e Espírito Santo
– ou outros que não apresentam a letra oficial do Glória). Se não for cantado, deve ser
recitado por todos juntos ou por dois coros, dialogando entre si”.103

Oração do Dia (Coleta)

345. Após o hino de louvor (“Glória a Deus nas alturas...”), “o sacerdote


convida o povo a rezar; todos se conservam em silêncio com o sacerdote por
alguns instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e
formulando interiormente os seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que
se costuma chamar ‘coleta’, pela qual se exprime a índole da celebração.
Conforme antiga tradição da Igreja, a oração costuma ser dirigida a Deus Pai,
por Cristo, no Espírito Santo e por uma conclusão trinitária (...). O povo,
unindo-se à súplica, faz sua a oração pela aclamação Amém.”104
346. É importante salientar duas atitudes básicas para os celebrantes:
g. Após o convite do sacerdote (Oremos), faz-se um momento de silêncio para
oração pessoal. Logo, esse não é o momento de se ler as intenções para
missa ou motivações celebrativas. As intenções de missa podem ser lidas no
comentário inicial ou após a saudação do sacerdote ou, se for por aqueles
que já morreram, os seus nomes podem ser lidos durante a Oração Eucarística, no
momento de lembrar os fiéis falecidos;
h. A oração do dia é uma chave de compreensão sobre a celebração daquele
dia. Isso se manifesta claramente nas orações da Quaresma, Páscoa,
Advento, Natal e nos dias solenes, festivos e memórias.

Proclamação das Leituras

347. Com a renovação do Concílio Vaticano II, foram confeccionados Lecionários,


que abrem largamente aos fiéis os tesouros das Sagradas Escrituras. Mesmo
os textos do Antigo Testamento são proclamados nas assembléias cristãs à luz
do Mistério de Cristo, revelando o projeto de Salvação de Deus. Por isso, as
leituras das Sagradas Escrituras constituem parte importante da celebração
eucarística, pois nelas Deus continua falando e conduzindo o seu povo.105
348. As leituras bíblicas não podem ser suprimidas ou substituídas por outras
leituras não bíblicas106, pois a escuta da Palavra de Deus é necessária para a
própria celebração dos sacramentos, que nascem e se alimentam da
Palavra.107

Aclamação ao Evangelho

349. Esse é um rito que aclama a presença de Cristo no Evangelho. Por isso, todos
louvam ao Senhor com cantos apropriados. É conveniente conhecer o rito
solene da Aclamação ao Evangelho, que consiste na condução do
Evangeliário do altar para o ambão, feita pelo diácono ou pelo sacerdote,
precedido dos acólitos ou coroinhas que podem levar o turíbulo com incenso e
os castiçais com velas.108

Homilia

103
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 53.
104
Idem, n. 54.
105
Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 33.
106
Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 12.
107
Cf. Concílio Vaticano II: Decreto sobre o Ministério e a Vida dos presbíteros, Presbyterorum Ordinis,
n. 4; Introdução Geral ao Lecionário, n. 10.
108
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n 133, 175.
350. Na celebração da missa, a homilia é função exclusiva do ministro
ordenado, de preferência do presidente 109. A homilia feita pelo ministro
ordenado tem a finalidade de proclamar as maravilhas realizadas por Deus na
história da Salvação e no Mistério de Cristo 110, irradiando a luz pascal sobre os
eventos da vida dos fiéis111. Assim, o Mistério Pascal de Cristo, anunciado nas
leituras e na homilia, realiza-se por meio do sacrifício da missa112. Mais
informações no capítulo 12.
351. Informações e testemunhos de vida cristã feitos por leigos não podem ser
considerados ou confundios com a homilia, sempre é preferível que isto se
faça fora da celebração da Missa. A não ser causa grave, sem dúvida, está
permitido dar este tipo de instruções ou testemunhos na missa, depois de que
o sacerdote pronuncie a oração depois da Comunhão. Mas que isto não pode
se tornar um costume.113

Profissão de Fé (Credo)

352. A Profissão de Fé é a resposta da assembléia aceitando o Plano de


Salvação exposto pelas leituras bíblicas. Na celebração eucarística pode se
rezar o Símbolo Apostólico ou o Símbolo Niceno-constantinopolitano. Em certas
ocasiões rituais, a Profissão de Fé pode ser realizada por meio de perguntas e
respostas: “Renuncio!” e “Creio!”. Não se admitem outras Profissões de Fé que
não estejam devidamente aprovadas pela Igreja. Por isso, haja cuidado com a
escolha de certos cantos de Profissão de Fé que mutilam ou parafraseiam a fé
da Igreja.
353. As rubricas do Missal Romano orientam a assembléia para realizar uma
reverência durante a Profissão da Fé. No caso do Símbolo Apostólico, pede-se
que a assembléia faça uma inclinação durante a recitação das palavras: “que
foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria”. No
Símbolo Niceno-constantinopolitano também se pede a inclinação no mesmo
artigo de fé correspondente ao Mistério da Encarnação: “e se encarnou pelo
Espírito Santo, no seio da Virgem Maria e se fez homem” 114. Essa reverência é
um gesto de gratidão e louvor a Deus pela Encarnação de Cristo.
Nas solenidade do Natal da Anunciação do Senhor (25 de março) pede-se que a
assembléia faça a genuflexão em vez de inclinação neste momento.

Oração da Comunidade

354. A oração da comunidade ou dos fiéis encerra a Liturgia da Palavra.


Como ela faz parte da Palavra celebrada, as preces devem expressar aquilo
que ouvimos da Palavra de Deus, considerando as circunstâncias que a Igreja
vive. A Equipe de Liturgia acrescente outras preces, se necessário, de modo
que correspondam melhor às necessidades da sua comunidade.
355. Além disso, é sempre bom lembrar alguns critérios na elaboração de
preces:
i. A oração da comunidade é a conclusão da Liturgia da Palavra. Quando as
preces forem elaboradas, a Equipe de Liturgia deve se inspirar naquilo que
Deus disse por meio das leituras proclamadas;
j. Observe-se a objetividade das preces, não sejam estas demasiadamente
longas;
109
Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 41.
110
Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 35,2°
111
Cf. Instrução Redemptioni Sacramentum, n. 67.
112
Cf. Exortação Apostólica do Papa Paulo VI Evangelii Nuntiandi
113
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 74.
114
Missal Romano, rubrica n. 15, pág. 400-402.
k. As preces devem ser de interesse para toda a comunidade. Os pedidos que
não expressam os interesses e necessidades de toda uma comunidade não
devem ser apresentados nesse momento. Tais pedidos sejam apresentados
como intenções de missa e não como preces na oração da comunida de;115
l. Na missa, a oração conclusiva deve ser feita pelo sacerdote presidente,
com as mãos estendidas, e não pelo diácono.116
356. Para a melhor participação, pode se cantar ou rezar junto com a
assembléia o refrão após a apresentação de cada prece.
357. Nas celebrações mais solenes em que se recita a Ladainha de todos os
Santos, não se realiza a oração da comunidade, porque uma substitui a outra.
Quando se recita a Ladainha, todos se voltam ao altar. A Ladainha é recitada
por todos em pé no Tempo Pascal, nos domingos e nas solenidades. Nos
demais dias do ano, reza-se de joelhos.

Procissão das Oferendas

358. As oferendas do pão e do vinho, trazidas em procissão pelos fiéis, são


recebidas pelo presidente da celebração, ajudado pelo diácono, acólito ou outro
ministro, que as depõe sobre o altar 117. Não é correto mostrar as oferendas para
a assembléia porque é ela própria que as apresenta a Deus por meio do
sacerdote.
359. Em alguns lugares, apresentam-se outros elementos representativos
junto com o pão e o vinho, bom senso neste momento é fundamental, para os
tamanhos dos itens, o que são e locais onde serão dispostos os mesmos.
360. Essa apresentação pode ocorrer de forma solene com a procissão vinda
da entrada da nave pelo corredor para o presbitério. A apresentação e
preparação das oferendas não é um simples gesto estético para a celebração,
mas parte integrante do sacrifício de Cristo e da Igreja.
361. Além da apresentação das oferendas, também ocorre a partilha dos bens para
os pobres e para a manutenção da Igreja. As ofertas, como dinheiro ou outros
donativos oferecidos pelos fiéis serão colocados em lugar conveniente, fora da
mesa eucarística.118

362. Caso não haja diácono, há a possibilidade de o acólito ou de outro ministro leigo
preparar o altar colocando o corporal, o sangüíneo, o cálice, a pala e o missal.119

Oração Eucarística

363. “A proclamação da Oração Eucarística, por sua natureza, o ponto culminante de


toda a celebração, é reservada ao sacerdote, em virtude da sua ordenação. É
um abuso, portanto, deixar que algumas partes da Oração Eucarística sejam

115
Há uma orientação quanto às séries das preces na Oração da Comunidade, e percebam que
nunca se perde de vista a dimensão comunitária: “Normalmente serão estas as séries de intenções:
pelas necessidades da Igreja; pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo; pelos que
sofrem
qualquer dificuldade; pela comunidade local. No entanto, em alguma celebração especial, tal como
Confirmação, Exéquias, as intenções podem referir-se mais estreitamente àquelas circunstâncias”
(Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 70). “... se façam orações pela Santa Igreja, pelos gover-
nantes, pelos que sofrem necessidades várias, por todos os homens e pelo bem-estar de todo o
mundo.” (Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 53; cf. 1 Tm 2,1-2).
116
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 138.
117
Cf. idem, n. 140 e 178.
118
Cf. idem, n. 73.
119
Cf. idem n. 139.
ditas pelo diácono, ou por um fiel leigo”.120
364. “Quando celebra a Eucaristia, o sacerdote deve servir a Deus e ao povo com
dignidade e humildade, e, pelo seu modo de agir e proferir as palavras divinas,
sugerir aos fiéis uma presença viva de Cristo.”121
365. “Éexpressamente proibido alterar ou subtrair o texto da Oração Eucarística
aprovado pela Igreja.”122
366. A Oração Eucarística nas várias famílias litúrgicas segue uma estrutura
imutável que parte do ensinamento de Jesus Cristo dado aos apóstolos. Essa
estrutura é elaborada a partir da última ceia com os discípulos e de diversos
textos eucarísticos encontrados no Evangelho.123
367. A Oração Eucarística é formada por quatro ações de Cristo:
1- Tomar o pão em suas mãos: essa ação corresponde à procissão e
apresentação das oferendas do pão e vinho, quando o Cristo, pelas mãos
do sacerdote, toma as oferendas dos fiéis e as apresenta ao Pai sobre o
altar;
2- Render Graças: essa ação corresponde à oração do Prefácio, Santo,
invocação do Espírito Santo, narração da instituição, as intercessões à
Igreja Peregrina, Padecente e Gloriosa, e à Doxologia;
3- Partir o pão: corresponde ao Pai-nosso, embolismo (“Livrai-nos...”), oração
e abraço da paz124 e culmina no rito do Cordeiro de Deus, em que o
sacerdote, auxiliado pelo diácono, parte o pão eucarístico para a
distribuição. Esse gesto nos faz recordar como os discípulos de Emaús
reconheceram o Senhor. Em alguns lugares, tem-se o costume de partir o
pão eucarístico durante a consagração como se fosse um ato teatral da
última ceia de Cristo. Tal prática é errônea125, pois então, por coerência, a
comunhão deveria ser distribuída antes das palavras da consagração (“... e deu
aos seus discípulos,”), o que deformaria a estrutura litúrgica da celebração
eucarística;
4- Distribuir: corresponde ao rito da comunhão aos fiéis.

Doxologia da Oração Eucarística (Por Cristo, com Cristo e em Cristo...)

368. O gesto de elevar o pão e o vinho transubstanciados no Corpo e Sangue


do Senhor é o ponto máximo do louvor e de ação de graças pela criação
transfigurada que se eleva até ao Pai. É o momento em que o sacerdote
exprime a glorificação de Deus, e é confirmada e concluída pela aclamação
triunfal da assembléia por meio do grande Amém.
369. A elevação da patena com o Corpo do Senhor é feita pelo presidente da
celebração. A elevação do cálice deve ser feita pelo diácono, ou na sua
ausência por um sacerdote concelebrante. Caso não haja nem diácono nem
sacerdote concelebrante, o cálice é elevado pelo próprio presidente da
celebração. Este gesto não deve ser realizado por um ministro extraordinário da
comunhão ou por outro leigo.
370. A proclamação da doxologia é exclusiva do ministério sacerdotal, não
cabendo ao diácono ou aos fiéis leigos a não ser o Amém conclusivo.

Abraço da Paz
120
Instrução Inestimabile Donum, n. 4.
121
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 93.
122
Instrução Inestimabile Donum, n. 5.
123
Cf. Mt 26,26; Mc 14,22; Lc 22,19. Textos eucarísticos: Jo 6,11
124
CAMARGO, Pe. Gilson Cezar de, “Liturgia da Missa Explicada”, (Cadernos Temáticos para Evan-
gelização, n. 13) Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2004, pág. 59-65
125
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 55.
371. “Convém que cada um dê a paz, sobriamente (segundo os costumes dos
povos), só aos mais próximos a si” 126. O sacerdote e os demais ministros podem
dar a paz permanecendo sempre dentro do presbitério para não ocorrer uma
206
desarmonia na celebração . A razão dessa norma é que quando se deseja a
paz ao que está mais próximo, não se está desejando somente para uma
pessoa em particular, mas para toda a Igreja simbolizada naquele irmão. Logo,
não é preciso cumprimentar toda a assembléia para expressar tal desejo.
372. Este momento não prevê musicas por sua brevidade e sobriedade
conforme orientação do dicastério do culto divino e disciplina dos sacramentos.
Inserir canto de paz é um desvio do momento fazendo deste praticamente um
“recreio” da celebração.

Comunhão

373. A Igreja valoriza a distribuição da comunhão sob as duas espécies –


pão e vinho – de modo que o fiel possa comer e beber este Sagrado Alimento,
manifestando assim com maior clareza a plenitude do sinal do banquete
eucarístico. Entretanto, o grande número de comungantes pode tornar inviável
tal distribuição eucarística. Segundo as disposições do bispo diocesano, pode-
se oferecer a comunhão nas duas espécies, diretamente do cálice ou por intinção 127,
levando em consideração as seguintes disposições:
m. Não se administre aos fiéis leigos a comunhão do Sangue do Senhor
diretamente do cálice quando está presente um número de comungantes
tão grande que se torne difícil avaliar a quantidade de vinho necessário
para a celebração;128
n. Quando for usada a modalidade da intinção, recorra-se à hóstias que não
sejam muito finas nem demasiadamente pequenas, e o comungante receba
a Eucaristia do sacerdote somente na boca 129. “Não seja permitido que o fiel
comungante molhe por si mesmo a hóstia no cálice, nem que receba na
mão a hóstia molhada”;130
o. Se um cálice não for suficiente para a comunhão, pode se dispor de outros
cálices menores131. Entretanto, “abstenha-se de passar o Sangue de Cristo
de um cálice para outro após a consagração, para evitar qualquer coisa
desrespeitosa a tão grande Mistério.”132
374. Insista-se no ‘Amém’ que o comungante pronuncia em resposta à fórmula do
ministro: ‘O corpo (e o sangue) de Cristo!’. Esse Amém deve ser pronunciado
como uma profissão de fé acerca desse Mistério.133
375. “Não é permitido aos fiéis pegarem por si e muito menos passarem entre eles
de mão em mão a sagrada hóstia ou sagrado cálice.” 134 Os ministros leigos que
irão auxiliar na distribuição da comunhão “não se aproximem do altar antes
que o sacerdote tenha tomado a Comunhão, recebendo sempre o vaso – cibório –,
que contém as espécies da Santíssima Eucaristia a serem distribuídas aos fiéis, da
mão do sacerdote celebrante.”135
376. “É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de
126
Idem, n. 72.
127
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 245. Por intinção entende-se o ato de molhar a hóstia
no vinho
128
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 102
129
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 285b e 287.
130
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 104.
131
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 207b e 285a.
132
Instrução Redemptionis Sacramentum, n 106.
133
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 161, 287.
134
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 94, e cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 160.
135
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 162.
Cristo e com a Igreja. Eis porque o leigo comungante não deve ele mesmo
retirar a partícula consagrada do cibório, de uma bandeja ou de uma cesta,
como o faria se se tratasse de pão comum ou mesmo de pão bento, mas ele
recebe a partícula, seja na mão ou na boca, do ministro da Comunhão.”136
377. Comunhão nas mãos: quando a comunhão é dada somente na espécie do pão,
deve-se orientar previamente os fiéis para escolherem a maneira que
comungarão: ou pode ser dada diretamente na boca, sobre sua língua, ou na
mão, segundo o costume tradicional da Igreja 137, quando o comungante recebe
a Eucaristia sobre suas mãos abertas sobrepostas, e comunga com toda
piedade diante do ministro. “Cuide-se com especial atenção para que o
comungante tome a hóstia logo, diante do ministro, de tal modo que ninguém
se afaste levando na mão as espécies eucarísticas.”138
378. Para que, por meio de sinais, a comunhão se apresente melhor como
participa ção no sacrifício que se celebra, é preferível que os fiéis possam
recebê-la com hóstias consagradas na mesma missa”139. Assim, nas
comunidades em que se celebra quase que diariamente a Eucaristia, não é
conveniente acumular no Sacrário hóstias consagradas além do necessário.
Esse procedimento se justifica nas comunidades que realizam constantemente
a Celebração da Palavra (“cultos”). Os ministros leigos preparem um número
suficiente de hóstias para a consagração de modo que não falte para a
celebração, mas que também não sobrem em demasia. Além disso, pede-se que
se renovem constantemente as hóstias consagradas que permanecem no Sacrário,
para que não ocorra o perigo de estragar a matéria do sacramento (o pão).
379. Mesmo que o sacerdote, o diácono ou os ministros extraordinários da
sagrada comunhão ainda não estejam no local para a distribuição da Eucaristia,
as Equipes de Liturgia orientem os comungantes para se dirigirem às filas de
comunhão, logo após a oração: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em
minha morada...”. Essa é uma maneira de a assembléia expressar o desejo de
buscar o encontro com o Cristo Eucarístico, evitando, assim, uma certa apatia e
indiferença dos comungantes.
380. “É
de responsabilidade do sacerdote celebrante distribuir a comunhão, se é o
caso, ajudado pelos outros sacerdotes e diáconos; e ele não deve prosseguir a
missa até que haja terminado a comunhão dos fiéis. Só onde a necessidade
o requeira, os ministros extraordinários da sagrada comunhão podem ajudar o
sacerdote celebrante, de acordo com as normas do direito”.140
381. “Em razão do sinal que se expressa, convém que alguma parte do pão
eucarístico obtido pela fração seja distribuído ao menos a algum fiel no
momento da comunhão”141. Também existe uma recomendação “de usar uma
patena de maior dimensão, onde se coloca tanto o pão para o sacerdote e o
diácono, bem como para os demais ministros e fiéis” 142, evitando, assim, a
conotação de que o sacerdote comunga a Eucaristia numa patena exclusiva,
desvinculada da comunhão dos demais.

136
Sagrada Congregação para os Sacramento e o Culto Divino, notificação de protocolo n. 720/85, n. 4,
de 03 de abril de 1985.
137
“Ao aproximares (da comunhão), não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos
separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e
no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: Amém. Com segurança,
então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder”. 5ª
Catequese Mistagógica de São Cirilo de Jerusalém, n.21; PG 33, Col. 1125; e São João Crisóstomo,
homilia 47, PG 63,Col. 898.
138
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 92.
139
Idem, n. 89.
140
Idem, n. 88.
141
Idem, n. 49.
142
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 331.
382. “Não é lícito, nem mesmo urgindo extrema necessidade, (o sacerdote)
consagrar uma matéria (o pão ou o vinho) sem a outra, ou mesmo consagrá-las
ambas fora da celebração eucarística.”143
383. Quando, por descuido, uma partícula consagrada cai no chão, ela deve ser
recolhida com toda reverência, diluída em água e depositada na Pia Batismal
que tenha escoamento para o solo da igreja (e não para o esgoto) ou em vasos
de plantas para que não seja profanado o Santíssimo Sacramento 144. Quem
joga fora as espécies consagradas ou as conserva para fins de sacrilégio
incorre em excomunhão automática, e o perdão para essa pena é reservada
somente à Santa Sé.145
384. Apresentamos também algumas disposições para receber a Comunhão:
p. Sua união com Cristo Eucarístico deverá se estender a toda a vida cristã,
transformando sua vida cotidiana em ação de graças e produzindo frutos
mais abundantes de caridade146. Logo, não deve comungar a Eucaristia
aquele que não ‘comunga’ o Cristo presente na Liturgia da Palavra, ou seja,
não acolhe e não se propõe a praticar os ensinamentos do Senhor;
q. Ninguém se aproxime da Eucaristia tendo consciência de estar em pecado
mortal147, sem prévia confissão sacramental, por mais que se julgue
contrito148. Também não se podem aproximar da comunhão eucarística os
que se encontram em situação matrimonial irregular (recasado ou
amasiado) ou sofrem alguma pena canônica;
r. “Quem vai receber a Santíssima Eucaristia abstenha-se de ingerir qualquer
comida ou bebida, excetuando-se somente água e remédio, no espaço de
ao menos uma hora antes da sagrada comunhão (...). Pessoas idosas e
doentes, bem como as que cuidam delas, podem receber a Santíssima
Eucaristia, mesmo que tenham tomado alguma coisa na hora que a antece
de”.149
385. Após a distribuição da Comunhão aquele que distribui utiliza-se de um
purificatório para que com a água retire os fragmentos da partícula que possam
ter ficado em seus dedos. Convem distinguir este gesto do lavabo utilizado
para a “limpeza-purificação” na preparação das ofertas.

Oração depois da comunhão

A oração depois da comunhão liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o seu fechamento,


pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no dia-a-dia tudo que se manifestou
perante a assembléia durante a celebração.

Ritos Finais

“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três elementos: a saudação do


sacerdote, a bênção, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração
sobre o povo, ou por outra forma mais solene, e a própria despedida, em que se despede a
assembléia, afim de que todos voltem ás suas atividades louvando e bendizendo o Senhor
com suas boas obras” (IGMR 57).

143
Código de Direito Canônico, cân. 927.
144
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 280.
145
Cf. Código de Direito Canônico, cân. 1367.
146
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 25.
147
Para ser pecado mortal é necessário três condições: pecar em matéria grave, ter plena consciência e
plena vontade do que está fazendo.
148
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 23.
149
Código de Direito Canônico, cân. 919.
Capítulo 8 - A Proclamação da Palavra de Deus

386. “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como sempre venerou ao


próprio corpo do Senhor, já que sem cessar toma da mesa da palavra de Deus
e do Corpo de Cristo o pão da vida e o serve aos filhos. Sempre as teve e tem,
juntamente com a Tradição, como suprema regra de sua fé, porque, inspiradas
por Deus e consignadas por escrito uma vez para sempre, comunicam
imutavelmente a palavra do próprio Deus e fazem ressoar através das palavras
dos Profetas e Apóstolos a voz do Espírito Santo. É necessário, portanto, que
toda pregação eclesiástica, como a própria religião cristã, seja alimentada e
orientada pela Sagrada Escritura. Nos Livros Santos, com efeito, o Pai que está
nos céus vem carinhosamente ao encontro de seus filhos e com eles fala. E é
tão grande a força poderosa que se encerra na Palavra de Deus, que ela
constitui sustentáculo vigoroso para a Igreja, firmeza na fé para seus filhos,
alimento da alma, perene e pura fonte da vida espiritual. Por tudo isto, aplicam-
se perfeitamente à Sagrada Escritura estas palavras: A palavra de Deus é viva
e eficaz (Hb 4,12), poderosa
para edificar e repartir a herança entre os santificados (At 20,32; cf. 1Ts 2,13)”. 150
387. Para que os fiéis cheguem a adquirir uma estima viva pela Sagrada Escritura
através da audição das leituras divinas, é necessário que os leitores que
desempenham esse ministério, embora não tenham sido oficialmente
instituídos nele, sejam realmente aptos e estejam cuidadosamente
preparados151. A preparação de um leitor deve ser em primeiro lugar espiritual
que compreende a instrução bíblica e litúrgica, e a preparação técnica.152

Orientações para os leitores:

388. Mediante as leituras é preparada para os fiéis a mesa da palavra de


Deus e abrem-se para eles os tesouros da Bíblia. “Por tradição, o ofício de
proferir as leituras não é função presidencial, mas ministerial. As leituras sejam
pois proclamadas pelo leitor, o Evangelho seja anunciado pelo diácono ou, na
sua ausência, por outro sacerdote. Na falta, porém, do diácono ou de outro
sacerdote, o próprio sacerdote celebrante leia o Evangelho”.153 A não ser em casos
de extrema necessidade, não é recomendável que um leitor proclame várias leituras na
mesma missa, pois as ações litúrgicas devem ser compartilhadas com as demais
pessoas participantes da celebração, de tal forma que cada leitor se responsabilize
pela proclamação de uma só leitura.
389. “Na procissão ao altar, faltando o diácono, o leitor, revestido de vestes
aprovadas, pode levar o livro dos Evangelhos – Evangeliário – um pouco
elevado; neste caso caminha à frente do sacerdote, do contrário (estando
presente o diácono), com os demais ministros.”154
390. Quando se leva o Evangeliário na Procissão de Entrada, deve-se mantê-lo
fechado, e não aberto155. Quem transporta o Evangeliário na Procissão de
Entrada coloca-o no centro do altar, sem realizar a inclinação profunda e nem a
genuflexão.156
391. Quando o leitor se dirigir ao ambão para proclamar a leitura, passando em
frente do presbitério, ele sempre deve realizar a inclinação profunda ao altar,

150
Constituição Conciliar Dei Verbum, n. 21; cf. Introdução Geral ao Lecionário , n.10.
151
Instrução Inestimabile Donum, n. 2.
152
Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 55.
153
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 59.
154
Idem, n. 194.
155
Cf. Cerimonial dos bispos – Cerimonial da Igreja, n. 127.
156
Cf. idem, n. 70.
mesmo se no presbitério houver o Sacrário do Santíssimo.157
392. Os leitores proferem, do ambão, as leituras que precedem o Evangelho. Se o
salmo não for cantado, o leitor profere o salmo responsorial depois da primeira
leitura.158
393. “O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho podem ser omitidos quando não
são cantados.”159
394. “Na falta de diácono, depois que o sacerdote fez a introdução, o leitor pode
proferir do ambão, as intenções da oração universal.”160
395. “Não convém de modo algum que várias pessoas dividam entre si um
único elemento da celebração, por exemplo, a mesma leitura feita por dois, um
após o outro, a não ser que se trate da Paixão do Senhor” 161. Por esta
orientação, conclui-se que não podem ser substituídas a proclamação das leituras
e do Evangelho por encenações teatrais ou jograis, seja nas celebrações da missa
como nas celebrações da Palavra na ausência do presbítero.162
396. Assim como ocorre com os coroinhas e os ministros extraordinários da sagrada
comunhão, convém que os leitores também estejam trajados com uma veste
apropriada.163

O Comentário (Monição)

397. O comentarista “oportunamente dirige aos fiéis breves explicações e


exortações, visando a introduzir os participantes na celebração e dispô-los para
entendê-la melhor. Convém que as exortações do comentarista sejam
cuidadosamente preparadas, sóbrias e claras. Ao desempenhar sua função, o
comentarista fica em pé em lugar adequado voltado para os fiéis, não no ambão” 164,
mas numa estante simples e discreta.
398. O comentarista deve estar atento em preparar suas intervenções unindo
a Liturgia com a vida e a necessidade da comunidade. Não se limite numa
leitura mecânica do folheto, restringindo-se somente às suas explicações já
prontas.
399. É importante que no início de uma celebração, o comentarista cultive
uma empatia com a assembléia litúrgica por meio de saudações rápidas e
afetuosas. Também é conveniente que, de vez em quando, ele possa instruir a
respeito dos gestos e ritos realizados na celebração, de modo breve e
oportuno, sem tornar a celebração uma aula de Liturgia. A função do
comentarista é apenas oferecer condições básicas, capacitando a assembléia
na participação de determinado rito.
400. Muitas vezes, as introduções às leituras são comentários que antecipam
aquilo que a leitura vai dizer. Se já diz de antemão no comentário o que Deus
vai falar e como devemos entender, logo nem precisamos mais proclamar a
Palavra de Deus. Por isso, os comentários não têm a missão de explicar as
leituras antes de a assembléia ouvi-la. Isso será a função da homilia! Que os
comentários das leituras sejam uma contextualização dos textos, despertando
nos ouvintes o interesse em acolher a Boa-Nova que será proclamada. Essa

157
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 274.
158
Cf. idem, n. 196.
159
Idem, n. 63c.
160
Idem, n. 197.
161
Idem, n. 109.
162
Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. Novas mudanças na Missa, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, pág.
68-69.
163
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 194.
164
Idem, n. 105 b.
dificuldade acima citada consiste em nossa compreensão da palavra
“comentário”. Por isso, sugerimos a palavra “monição” como a mais apropriada
para essa função na celebração litúrgica.
401. Ocomentarista poderá anunciar os avisos e conduzir homenagens, caso haja
necessidade de fazer. Ao fazê-los sejam realizados depois da Oração após
Comunhão, de modo breve e claro ao povo.165

O manuseio do Lecionário

402. O Lecionário é o instrumento litúrgico fundamental dos leitores. Sua


função é de nos inserir na celebração do Mistério de Cristo, revelando a vontade
do Pai na história da Salvação. O Concílio Vaticano II (1962 a 1965) insistiu na
restauração dos Lecionários para que sejam largamente abertos os tesouros
bíblicos aos fiéis.
403. “Os livros litúrgicos hão de ser tratados com cuidado e respeito, pois é
deles que se proclama a Palavra de Deus e se profere a oração da Igreja. Por
isso, mormente quando se trata de celebrações litúrgicas, tenham-se à mão
os livros
litúrgicos oficiais das edições mais recentes, belos e dignos, quer na
apresentação gráfica quer na encadernação.” 166
404. Insista-se que as leituras da Palavra de Deus sejam proclamadas
sempre do Lecionário e não de folhetos ou livretos. Pede-se que na medida do
possível, as comunidades adquiram, pelo menos, o Lecionário Dominical para
celebrar a Palavra de Deus.
405. O Lecionário para a celebração eucarística é formado por três livros, além
do Evangeliário:

a) Lecionário Dominical:
406. É utilizado nas celebrações de todos os domingos do ano (bem como
suas vésperas, no sábado) e solenidades. Sua Liturgia da Palavra é formada
por três leituras mais o salmo responsorial (exceto em grandes celebrações
onde há mais leituras: vigília pascal ou vigília de pentecostes).
407. Para conseguir uma maior variedade e uma maior abundância dos textos
bíblicos, estas leituras são distribuídas em três anos. Cada ano corresponde a um
ciclo. Os ciclos são designados pelas letras A, B e C. Cada ciclo acompanha o
o
desenvolvimento do ano litúrgico, que se inicia no 1 Domingo do Advento. Por
exemplo:
ciclo A ciclo B ciclo C
2017 2018 2019
2020 2021 2022
2023 2024 2025

408. No final do Lecionário Dominical há um capítulo reservado para algumas


celebrações: Imaculada Conceição, Apresentação do Senhor, Natividade de S.
João Batista, São Pedro e S. Paulo, Transfiguração do Senhor, Assunção de
Nossa Senhora, Exaltação da Santa Cruz, Nossa Senhora Aparecida, Todos os
Santos, Finados, Dedicação da Basílica de Latrão.

b) Lecionário Semanal (ou Ferial):


409. Esse Lecionário é utilizado durante os dias da semana (de segunda-feira
165
Cerimonial dos bispos – cerimonial da Igreja, n. 168.
166
Idem, n. 115.
a sá- bado). Cada celebração da Palavra é formada por duas leituras mais o
salmo responsorial.
410. Com o mesmo objetivo do anterior, ele quer proporcionar um contato
mais abundante dos fiéis com a Sagrada Escritura. Esse Lecionário segue
como referência o ano litúrgico com seus respectivos tempos e domingos, mas
ele segue uma dinâmica um pouco diferente quando se refere ao Tempo
Comum: a Primeira Leitura, com o seu salmo responsorial, é distribuída em
dois ciclos – ano ímpar e ano par. Por exemplo:
Ano ímpar Ano par
Tempo 2017 2018
Comu 2019 2020
m 2021 2022

c) Lecionário para as missas dos santos, dos comuns, para diversas


necessidades e votivas (ou Santoral):
411. A intenção desse Lecionário é ajudar as comunidades a redescobrir que
a nossa união com os santos se realiza de modo admirável, sobretudo na
Liturgia. As celebrações dos santos proclamam as maravilhas do Cristo nos
seus servos e oferecem aos fiéis oportunos exemplos a serem imitados” 167. “A
Igreja sempre afirmou que nas festas dos santos se anuncia e se renova o Mistério
Pascal de Cristo.”168
412. O Lecionário Santoral é estruturado da seguinte maneira:
Memória dos santos segundo o seu
1ª parte dia entre os meses de janeiro a
dezembro
Dos Comuns dos santos:
2ª parte Nossa Senhora, mártires,
pastores, doutores da Igreja, ...
3ª parte Para diversas necessidades:

pela Igreja, bem público, ...

4ª parte Celebrações votivas169

A escolha das leituras segundo os graus de celebração

413. As celebrações litúrgicas se distinguem em graus e são denominadas:


solenidades, festas e memórias.170

a) Solenidades:
414. As solenidades são os dias mais importantes no calendário cristão, cuja
celebração começa no dia precedente, nas vésperas 171. Se o dia da solenidade
coincidir com o domingo, a solenidade substituirá o domingo, exceto quando
forem os domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa, sendo, nesse caso,
antecipada para o sábado172. As conferências episcopais podem alterar os dias
de algumas solenidades para o domingo com o objetivo de uma maior
participação do povo. No Brasil, são transferidas para o domingo posterior as

167
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 111.
168
Introdução das Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, II.
169
As “Celebrações Votivas” são destinadas ao cultivo de devoções.
170
Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 10.
171
Cf. idem, n. 11.
172
Cf. idem, n. 5.
seguintes solenidades: Ascensão do Senhor, São Pedro e São Paulo, Assunção
de Nossa Senhora,
Todos os Santos.
415. Assim como ocorre nos domingos, sempre se proclamam, nas
solenidades, três leituras, isto é, do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, que
são próprias da celebração. Tais leituras não podem ser omitidas ainda que a
solenidade seja num dia de semana. No Tempo Pascal, em lugar do Antigo
Testamento, a leitura será dos Atos dos Apóstolos.173
416. Algumas solenidades são enriquecidas com uma missa de vigília, nas
vésperas174, com as leituras próprias da solenidade.

b) Festas:
417. As festas são celebradas num dia litúrgico normal (de meia-noite a meia-noite),
exceto as festas do Senhor que ocorrem nos domingos do Tempo Comum e do
Tempo do Natal175. Nos domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa não
se celebram as festas.176
418. “Para as festas são previstas duas leituras. Mas, se a festa, segundo as
normas, for elevada ao grau de solenidade, acrescente-se uma terceira leitura,
tirada do Comum”177. Essas normas vigoram quando a festa coincidir com o
domingo ou quando houver uma razão pastoral que aconselhe essa elevação.
Por exemplo: quando uma comunidade tem por padroeiro o apóstolo São
Judas Tadeu; no calendário geral da Igreja é uma festa, mas para as
comunidades que o invocam
como padroeiro principal, tal celebração eleva-se para o grau de solenidade. O
mesmo vale para as memórias de santos, quando eles são padroeiros.

c) Memórias:
419. Há duas classes de memórias: as obrigatórias e as facultativas. São
obrigatórias as memórias dos santos que manifestam uma importância
especial para a Igreja de todo o mundo.178
420. Nas memórias dos santos, deve-se dar preferência às leituras dos dias
de semana, a não ser que no Lecionário Santoral se apresente uma ‘Leitura
Própria’ do santo. Por Leitura Própria entende-se aquele texto bíblico que trata
do Mistério que a missa celebra ou quando trata da mesma pessoa do santo 179,
mencionando-o nos textos do Novo Testamento, como São Timóteo e São Tito, São
Barnabé, Santa Maria Madalena, Santa Marta, ... 180. Para as memórias dos outros
santos, encontramos as ‘Leituras do Comum’ que sublinham algum aspecto da vida
espiritual ou da atividade do santo. O uso dessas leituras não é obrigatório, a não ser
que uma razão pastoral o aconselhe.181

A preparação espiritual do Ministro da Palavra

421. Na Liturgia, o leitor não fala em seu próprio nome. O leitor é um verdadeiro
ministro da Palavra de Deus, é um porta-voz de Deus, um servidor de sua
173
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 357.
174
Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 11.
175
Cf. idem, n. 13.
176
Cf. idem, n. 5.
177
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 357.
178
Cf. Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, n. 9.
179
Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 83.
180
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 358.
181
Cf. Introdução Geral ao Lecionário, n. 83; cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano 357.
Palavra, que ‘empresta’ a sua voz para que Deus fale com o seu povo.
422. A Palavra de Deus gera algo novo e diferente no mundo (cf. Gn 1; Is
55,11), pois não apenas consiste em tornar conhecida uma idéia, um pensamento
ou uma impressão. É pela palavra que Deus divide a humanidade entre aqueles
que o acolhem e aqueles que não (cf. Rm 10,17; espada de dois gumes: Hb 4,12),
traz a vida, a conversão e a salvação ou a ruína, a morte e a perdição (cf. Sl
119(118),105; Mc 8,38).
423. Assim, ser um ministro da Palavra é uma grande responsabilidade porque
ele é muito mais do que um mero leitor ou comunicador profissional. O ministro
da Palavra é alguém comprometido com Deus para ser instrumento de
conversão e fé da assembléia ouvinte. Uma proclamação sem a devida
preparação espiritual pode até ser uma leitura esplêndida, com voz e dicção
perfeita, mas certamente delimita a eficácia da graça do Senhor. Por isso, ele
deve cultivar uma vida de oração fundamentada na leitura orante da Bíblia. Uma
das maneiras eficazes de rezar com a Bíblia é um método milenarmente conhecido na
Igreja chamado “Lectio Divina”182.

Técnicas de Leitura para o Ministro da Palavra

424. Não basta ler! O Ministro da Palavra deve saber proclamar o texto. Sua leitura
proclamada deve atingir a atenção e o coração dos ouvintes. A proclamação é
uma leitura que declara a vitória de Cristo, é a expressão da vida que
ressuscita pela força de Deus. O leitor deve projetar a sua voz para fora, de forma
que fique nítida aos ouvidos da assembléia.

Dicas para uma boa proclamação:

a. Quando chegar o momento da proclamação, o leitor, que se encontra


fora do presbitério, dirija-se até o ambão com tranqüilidade. Antes de
entrar no presbitério, o leitor fique em frente ao altar e realize a
inclinação profunda (de corpo), mesmo se houver a presença do
Santíssimo Sacramento no presbitério;
b. No ambão, coloque-se em pé, com as mãos sobre o Lecionário, com a
cabeça erguida e as costas retas para poder respirar melhor. Onde
houver microfone, veja se está ligado e se está na altura e na distância
certa para a boca;
c. Olhe para a assembléia. Estabeleça contato reunindo e chamando o
povo com o olhar, como uma ponte até às últimas fileiras. Tudo em
silêncio. É o silêncio que valoriza a palavra;
d. Proclame a leitura pausadamente, dando todo sentido à Palavra, sem
atropelos. Que a proclamação seja tão bem realizada que a assembléia
não necessite de folhetos;
e. Ao terminar a proclamação da Palavra, diga ou cante: “Palavra do
Senhor!” e somente isto. Se esta conclusão for cantada, é bom que os
outros proclamadores também cantem, para que se crie uma harmonia
celebrativa. Evite-se ficar mostrando o Livro para a assembléia após a
proclamação, porque toda nossa reverência e atenção devem se
concentrar na Palavra Proclamada que foi ouvida e já deve estar em
nosso coração;
f. Distancie-se do ambão com toda calma e tranqüilidade, reverenciando o
altar com a inclinação profunda;
g. Não confundir proclamação com declamação. Na Liturgia, a Palavra de
Deus é proferida através do Livro Litúrgico (Lecionário ou Evangeliário).
182
No Anexo desse Diretório apresentamos um itinerário para a oração da Lectio Divina.
A declamação é uma recitação teatral do texto, sem a necessidade do
Livro.
h. Isso não é conforme o exemplo de Leitura Litúrgica dado por Jesus no
Evangelho;183
i. Tenha um auto-conhecimento e treinamento de sua voz. Prepare a leitura
em ambiente fechado para liberação da sua voz. Ouça a sua própria
proclamação através de um gravador. Uma voz demasiado estridente ou
fanhosa causa mal-estar nos ouvintes. Descubra qual é a reação que
brota dos ouvintes diante de sua voz!
j. Pratique exercícios de respiração, treinando o músculo do diafragma;
k. A dicção é um item básico para a inteligibilidade: quem não pronuncia
direito as palavras não é entendido. O movimento dos maxilares é o
responsável pela dicção clara. A pronúncia das vogais é importantíssima
no português. Para se obter uma melhor dicção exercitando os músculos
da face e
l. dos lábios, use-se o método da mastigação. Outro método para treinar a
dicção é a repetição de “trava-línguas”;
m. Um leitor que não entende aquilo que está proclamando, transmitirá
dúvidas. Por isso, o leitor prepare a proclamação conhecendo o
conteúdo do texto, a pronúncia de nomes difíceis, o seu gênero literário, pois
cada texto possui um tom de voz ou uma maneira de proclamação (narração,
exortação, poesia,...);
n. Deve-se respeitar os sinais de pontuação e dar um bom ritmo de
proclamação do texto (nem muito rápido e nem muito devagar) para que
seja corretamente expresso;
o. Destaque, realce, dê uma entonação especial para fazer ressaltar alguma
palavra ou expressão. Cuidado para não ler um texto sendo monótono,
usando um só tom e uma só cadência;
p. Atenção redobrada para que a mensagem não fique desgastada com os
acessórios! Que o vestuário não desvie a atenção dos ouvintes (a cor,
os decotes, as saias, as jóias, a maquiagem,... que tudo seja de bom
senso e respeito);
q. Microfone: é um instrumento útil em nossas celebrações, mas que o leitor
tenha familiaridade com o seu manuseio, bem como o pedestal que o
sustenta. Cuide que esteja direcionado à boca do leitor, mantendo uma
distância suficiente para perceber a qualidade e o volume conveniente
para aquele microfone. Em função do seu ministério, o leitor sempre deve
verificar o bom funcionamento dos microfones;
r. É também responsabilidade dos leitores preparar antecipadamente o
Lecionário, localizando as leituras para a celebração. Para isso, sempre
é bom consultar o Diretório Litúrgico Anual a fim de não cometer
nenhuma gafe.

Capítulo 9 - Canto e Música Litúrgica

I. Fundamentos

425. A Liturgia, como exercício da função sacerdotal de Cristo184, comporta


um duplo movimento: de Deus para os homens, para santificá-los; e dos
homens para Deus, para que Ele seja glorificado e adorado em espírito e
183
Cf. Lc 4,16-20. Na época, todo judeu que ensinava na sinagoga devia memorizar a Sagrada Escri-
tura, logo não haveria necessidade de Jesus tomar o Livro para proclamar a profecia de Isaías. Porém o
fez para demonstrar o valor litúrgico do Livro.
184
Cf. Constituição Conciliar Lumen Gentium, n. 11 e 31.
verdade.
426. A Liturgia é um diálogo entre o Deus-Trindade e o Homem-Comunidade.
Esse diálogo é composto de vários momentos. Cada momento tem sua
característica própria e, portanto, uma expressão diferenciada. Ninguém
cantaria um salmo penitencial (salmo 50 - Miserere) de forma triunfal ou o hino
de Glória ou o Santo timidamente.
427. “O canto e a música litúrgica é parte necessária e integrante da Liturgia,
por exigência de autenticidade, deve ser a expressão da fé e da vida cristã de
cada assembléia”185. Não é apenas para embelezar ou para quebrar a
monotonia das orações. Dê-se grande valor ao uso do canto nas
celebrações186.
428. O intuito da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II é resgatar a
participação plena, consciente e ativa da assembleia na liturgia. Esta participação na
liturgia é de certo modo assegurada pelo canto litúrgico. O canto e música litúrgica é
aquela música que a Igreja admite de direito e de fato na celebração litúrgica.
Conforme o Concílio: “A música litúrgica será tanto mais santa quanto mais
intimamente estiver unida à ação litúrgica” (SC 112). Portanto, ela é parte integrante
da liturgia e não meramente um enfeite ou assessório.
429. O motivo fundamental da importância da música na liturgia é expresso quando
a constituição litúrgica diz que ela é “parte necessária e integrante” da liturgia (cf. SC
112). Desde modo, o canto e a música litúrgica adquire um caráter ministerial na
liturgia, ou seja, ela está a serviço da ação litúrgica e por isso, ela tem a mesma
finalidade da própria liturgia. É o que diz o papa Pio X no Motu proprio Tra Le
Sollecitudini: “A música sacra, como parte integrante da liturgia solene, participa do
seu fim geral, que é a glorificação de Deus e a santificação dos fiéis” (TLS, nº. 1). A
música será litúrgica quando nela a Igreja reconhecer sua oração, quando ela aparece
para acompanhar os textos litúrgicos a serem cantados. Ela consiste em cantar as
palavras da ação ritual. Pio X ainda diz que a principal função da música na liturgia é
de “revestir de adequadas melodias o texto litúrgico” (TLS 1). E continua nos números
8 e 9 dizendo que os textos litúrgicos devem ser cantados na integra e nunca
substituídos por outros textos. Portanto, podemos dizer que o canto litúrgico é a
música própria da liturgia e não outro, pois, ele torna a liturgia nobre e solene (cf. SC
113).
430. O canto próprio da liturgia da Igreja é o canto gregoriano (cf. SC 116). Ele
pertence ao tesouro da tradição da Igreja. Mas, aplicando o princípio da inculturação,
a Igreja leva em conta a tradição musical dos povos (cf. SC 119). Segundo o liturgista
Frei Alberto Beckhäuser, a música litúrgica possui as seguintes características
(BECKHÄUSER, Alberto. Cantar a liturgia. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 35-38.):

1) Ela é memorial, porque faz memória dos mistérios celebrados;


2) É orante, porque é uma forma de oração;
3) É trinitária, porque se dirige ao Pai, comemora o Filho e invoca o Espírito Santo;
4) É cristológica, porque está centrada em Jesus Cristo;
5) É pascal, porque também pela música litúrgica a Igreja anuncia e celebra o mistério
pascal;
6) É eclesial, porque é um canto comunitário, ou seja, é a Igreja quem canta;
7) É eucarístico, porque possui um caráter de ação de graças;
8) É narrativo, porque narra à obra da salvação;
9) É histórico-salvífico, porque atualiza a obra da salvação;
10) É profético, porque denuncia o que se opõe ao plano de Deus.

O Canto Litúrgico a serviço da Palavra de Deus e dos gestos sagrados da


celebração

185
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 112.
186
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 40.
431. Na celebração, Deus se revela para a assembléia litúrgica numa
“passagem” (páscoa) libertadora em nossa vida. Os discípulos de hoje
recobram a esperança e reavivam a chama da fé, da esperança e do amor na
medida em que percebem a ação do Espírito do Ressuscitado e descobrem o
sentido dos acontecimentos.
432. Os corações dos fiéis ardem à medida que a mente se ilumina com a
proclamação da Palavra Divina (cf. Discípulos de Emaús: Lc 24,13-35).187
433. “O canto, por natureza, está intimamente vinculado à Palavra de Deus.
O canto é Palavra que desabrocha em sonoridade, melodia e ritmo” 188. “O
canto será, assim, a expressão mais suave ou mais forte da Palavra. Por essa
vinculação de raiz da Palavra, no culto cristão, o canto é a expressão musical
mais importante.”189
434. Por isso, a música, na Liturgia, necessita essencialmente estar a serviço
da Palavra de Deus:
190
a. Proclamando e interiorizando a Palavra de Deus na celebração;
b. Respondendo o apelo da Palavra proclamada. O Salmo Responsorial,
vinculado com a 1ª leitura, não pode ser trocado por um outro salmo ou
canto qualquer;
c. Aclamando o Evangelho antes e/ou depois da sua Proclamação e durante a
Oração Eucarística;
191
d. Preparando os fiéis para a escuta da Palavra de Deus.

435. A Liturgia é um memorial no qual Deus se faz presente na comunidade e


age nos ritos sagrados por meio de Cristo. Sendo assim, o canto litúrgico
alcança seu sentido quando é sintonizado e acompanha harmoniosamente os
ritos da celebração, sem se desviar do verdadeiro sentido de cada momento da
celebração. Desse modo, podemos concluir que quanto mais gerais forem os
textos dos cantos e menos ligados à ação litúrgica ou ao tempo e à festa, tanto
menos litúrgicos eles serão.

436. A função ministerial do Canto Litúrgico:


a. Estar intimamente ligado à ação litúrgica que está sendo realizada, quer
exprimindo suavemente a oração, quer favorecendo a unidade e a
comunhão dos fiéis, quer dando maior solenidade aos ritos sagrados; 192
b. Levar em conta o tempo litúrgico, as solenidades e as festas de preceito; 193
c. Estar em sintonia com os textos bíblicos de cada celebração,
especialmente com o Evangelho, no que diz respeito ao canto de
comunhão; 194
d. Não usar melodias que já foram usadas em outros textos não litúrgicos195,
isto é, fazendo adaptações de músicas populares;
e. Respeitar a sensibilidade religiosa do nosso povo; 196
f. Escolher músicas com letras e ritmos adequados ao tipo de celebração.197
437. Exigências para assumir o Ministério dos Cantos Litúrgicos:
a. Em primeiro lugar exige-se que o cantor entenda de Liturgia, no sentido

187
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 274.
188
Idem, n. 203.
189
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 120 e Instrução Musicam Sacram, n. 9.
190
Cf. Ez 3,1-3; Ap 10,8-10
191
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 275.
192
Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 112.
193
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 201.
194
Cf. idem.
195
Cf. idem.
196
Cf. idem.
197
Cf. idem
teórico e prático. Todo cantor que não entende a Liturgia e não se preocupa
em aprofundá-la não deve assumir tal ministério diante da comunidade;
b. A segunda exigência é de que todo canto litúrgico seja querigmático, e não
canto moralista. O aspecto querigmático do canto litúrgico consiste no fato
de apresentar e descrever o Mistério celebrado e não de impor uma vivência
ou prática moral ou cristã. Em outras palavras, o canto descreve e propõe o
Mistério, a pessoa o acolhe ou rejeita, e a vivência cristã será moldada a
partir da acolhida de Cristo e de seu Mistério Salvador.

O animador de cantos ou Equipe de cantos

438. “Com a compreensão que temos hoje de que a celebração dos Mistérios da Fé
é função de todo o povo de Deus e se processa num rico diálogo entre os
ministros e a assembléia, diálogo que tem no canto o seu momento mais
expressivo, podemos imaginar a importância desse ministério”. 198 Daí a
importância do ministério da música. Sua função é de apoiar e dirigir o canto
dos fiéis.199
439. Ninguém participa de uma celebração para ser admirado pela comunidade.
Animar os cantos para uma assembléia litúrgica é um serviço e uma oração.
Cabe ao animador as seguintes funções: 200
a. Orientar a escolha dos cantos na celebração, de forma criteriosa e em
unidade com o pároco. Elabore-se um programa conjunto com as demais
Equipes de cantos da sua comunidade;
b. Dosar o repertório, promovendo o equilíbrio entre a tradição e a novidade,
repetição e variedade, de modo que mantenha a assembléia segura nos
seus cantos tradicionais e, ao mesmo tempo, contente em poder renovar o
seu repertório;
c. Animar o canto da assembléia, de modo que faça vibrar numa só voz o
canto dos refrões, as respostas ou aclamações da Oração Eucarística,
sobretudo o “Santo”;
d. Para que a assembléia possa cantar nas celebrações, o animador jamais
pode esquecer de providenciar o acesso de todos à letra do canto.
e. O animador deve velar para que o volume do som não seja exagerado nem
abafe a voz da assembleia.

O bom uso do microfone e a participação da Assembléia

440. A voz da assembléia é a base de todo edifício musical de uma


celebração, pois o canto da assembléia é a voz do corpo místico do Cristo, que
é a Igreja (cf. Cl 1,18). A voz humana é sempre o melhor instrumento. E nós
sabemos que a palavra originária de Igreja é “ekklésia”, que significa
“assembléia”, isto é, um povo escolhido e chamado por Deus.
441. O animador dos cantos ou a Equipe de animação utilize o microfone
apenas se necessário. Quando não há equilíbrio e discernimento no volume do
microfone e dos instrumentos, comete-se um grave ato contra a Comunidade
Orante, pois esta atitude encobre e cala a voz da assembléia litúrgica, que é a
própria voz da Igreja reunida no amor de Cristo.

O canto litúrgico na Eucaristia segundo os seus graus

442. Os cantos nas celebrações são divididos em: Ordinários ou Próprios.

198
Cf. idem, n. 247.
199
Cf. Instrução Musicam Sacram, n. 21.
200
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 247.
a. Ordinários: Esses cantos possuem um texto fixo e invariável, pois
constituem partes fixas da missa. O texto não varia, o que pode e deve
variar é a melodia, isto é, a música. Isso ajuda muito o povo, pois não
precisa do folheto para acompanhar e pode cantar com toda
espontaneidade. Os cantos Ordinários da missa são: Kyrie, Glória, Credo, Santo,
Pai-nosso e o Cordeiro de Deus.
b. Próprios: São cantos que variam em cada missa, ou seja, possuem o texto
próprio do domingo, do tempo litúrgico ou da festa que se celebra. Esses
cantos são: Procissão de Entrada, Salmo Responsorial, Aclamação ao
Evangelho, Apresentação das Oferendas e a Procissão da Comunhão.

Os Cantos para a Missa

443. “Uma autêntica celebração exige também que se observe exatamente o


sentido e a natureza próprios de cada parte e de cada canto...”. 201

Canto de Entrada

444. O objetivo desse canto é convocar a assembléia, criando um clima que promova
a união orante da comunidade no encontro com o Ressuscitado. Essa canção
deve deixar claro para toda a assembléia qual a festa ou o Mistério do Tempo
Litúrgico que se celebra.202
445. Esse canto não deve ser demasiado longo, pois pertence à categoria dos
cantos que acompanham um rito, que, no caso, inicia-se com a procissão de
entrada e encerra-se quando o sacerdote se encontrar na sede presidencial.203
446. Todo o povo deve cantar com a Equipe de animação. Os instrumentos
têm a função de incentivar e apoiar o canto. Não devem encobrir as vozes
dificultando a compreensão do texto.

Senhor, tende piedade

447. É um canto de louvor e exultação a Cristo Ressuscitado através do qual os fiéis


aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia (Kyrie eleison). É cantado
nor- malmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de cantores ou o
can- tor.204
448. Não podemos confundir simplesmente o canto do “Senhor, tende
piedade” com o rito do Ato Penitencial, pois este canto é um dos elementos
que constitui o rito.
O Ato Penitencial possui três momentos:205
a. O presidente da celebração motiva a assembléia para que proclame a
misericórdia de Deus manifestada em Jesus, através de um instante de
silêncio;
b. A assembléia invoca a misericórdia do Senhor através do “Senhor, tende
piedade” ou por alguma das formas indicadas pelo missal. Não é o
presidente da celebração que canta ou reza as invocações, mas alguém da
assembléia: animador do canto ou leitor;
c. O rito termina com a oração de perdão pronunciada pelo presidente da
celebração: “Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós...”

201
Instrução Musicam Sacram, n. 6b
202
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 47.
203
Cf. idem, n. 47.
204
Cf. idem, n. 52.
205
Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 250.
449. Este rito é a forma mais utilizada pelas nossas comunidades, mas não é
a única. Outras formas de Ato Penitencial podem se encontradas no Missal
Romano, entre as quais citamos, por exemplo, “Confesso a Deus...” no qual o
“Senhor, tende piedade” (Kyrie) é cantado ou rezado depois da oração de
perdão pronunciada pelo presidente da celebração.

Glória a Deus nas alturas

450. “É um hino antiqüíssimo e venerável pelo qual a Igreja, reunida no


Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. Não constitui uma
aclamação trinitária”206, mas é um hino em homenagem a Jesus Cristo207.
Deve ser um hino cantado por toda a assembléia e não por um grupo de cantores.
Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou alternado em dois coros.
451. Esse hino “é cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento
e da Quaresma, e nos dias de solenidades, festas ou em celebrações
especiais mais solenes.”208
452. Por ser um hino antiqüíssimo, conservado pela Tradição da Igreja na
Liturgia, o seu texto não pode ser substituído por qualquer outro hino de louvor
ou por paráfrases que se distanciam do seu sentido original209. Somente é
possível alterações no texto original do hino do Glória se houver a aprovação da
CNBB através dos Hinários Litúrgicos.

Salmo Responsorial

453. É parte integrante da Liturgia da Palavra e seu texto acha-se diretamente


ligado à 1ª leitura, não podendo ser substituído por outro salmo que não
corresponda à celebração do dia, ou pior, por algum outro canto de
meditação210. É um canto
que interioriza a Voz de Deus. Execute-se sem pressa, com voz suave e
andamento tranqüilo.
454. De preferência, o salmo responsorial deve ser cantado e o salmista
proferirá os versículos do salmo do Lecionário e, se possível, no ambão,
enquanto toda a assembléia escuta sentada, cantando o refrão211.
455. O bom salmista é um leitor-cantor que cultiva seus talentos musicais e
sua afinação, preparando-se como um verdadeiro ministro da Palavra, como
vimos no capítulo anterior.
456. Cabe ao salmista comunicar, de forma discreta e orante, os sentimentos
do salmo não só pela voz, mas ainda através da postura do corpo e da
expressão do rosto, para elevar os corações e as mentes dos fiéis a Deus,
aumentando o fervor e a vivacidade das orações da comunidade.
457. Por causa de seu caráter de leitura cantada, a melodia deverá ser de
preferência bastante simples para que a assembléia tenha condições de cantar.
Nos solos, o que deve ser ouvido é a voz do salmista, por isso os instrumentos
devem apenas apoiar e acompanhar discretamente, sem se sobrepor ao canto.

Aclamação ao Evangelho

458. É uma aclamação de louvor alegre e vibrante (“Hallelu – Jah” = louvai ao


206
Idem, n. 257.
207
Cf. idem, n. 308.
208
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 53.
209
Cf. idem, n. 53.
210
Cf. idem, n. 61.
211
Cf. idem, n. 61.
Senhor!) “que constitui um rito ou ação por si mesma através do qual a
assembléia dos fiéis”212, em pé, professa a sua fé pelo canto, acolhendo e
saudando o Senhor que vai falar no Evangelho 213. Embora o Aleluia ou o
versículo antes do Evangelho possam ser rezados, preferencialmente sejam
cantados, pois “podem ser omitidos quando não são cantados.”214
459. Esse canto deve ter uma intensa participação da assembléia, ao menos
no refrão. O Aleluia é cantado em todo o tempo, exceto na Quaresma. O
versículo dever ser, de preferência, do Lecionário, podendo ser proferido pelo
animador ou pela Equipe de canto 215. “No tempo em que o Aleluia é omitido,
cante-se um verso aclamativo da Sagrada Escritura (por exemplo, Mt 4,4) ou uma
doxologia do Novo Testamento (por exemplo, 1Tm 6,16 ou 1Pd 4,11 ou Ap 1,6)”.216
460. Essa aclamação pode ser repetida quantas vezes for necessário, iniciando-se
com a procissão do Evangeliário ao Ambão e encerrando-se no momento em
que o sacerdote ou o diácono estiver no ambão. “É de bom costume repetir o
Aleluia após o Evangelho.”217

Apresentação das Oferendas

461. É o início da Liturgia Eucarística e corresponde ao momento em que as


oferendas – isto é, o pão e o vinho – que se converterão no Corpo e Sangue de
Cristo, são levados para o altar 218. É louvável que os fiéis conduzam em
procissão o pão e o vinho219. Além de levar o pão e o vinho ao altar, realiza-se o
gesto de apresentar dinheiro e outros donativos, expressando a comunhão das
pessoas de colocar em comum o que são e o que possuem, para atender as
necessidades dos irmãos e da própria comunidade.220
462. O canto das oferendas não precisa necessariamente falar das ofertas, mas
recordar a vida do povo, de modo que se una com o ato litúrgico de oferecer-
se ao Pai em Cristo.221
463. Esse canto é facultativo e acompanha a procissão das oferendas,
prolongando -se até que os dons tenham sido apresentados sobre o altar e o
sacerdote tenha feito o lavabo 222, por isso cuide-se para não alongar
demasiadamente o canto além da conclusão do rito.

464. Geralmente canta-se durante todo o rito da apresentação das


oferendas. Tal prática pode prosseguir em nossas comunidades normalmente.
Entretanto, há uma sugestão da CNBB para que esse rito seja realizado de
modo mais completo e adequado, com três momentos distintos:
a. Procissão das oferendas: um grupo de pessoas em nome da assembléia
leva ao sacerdote ou diácono o pão e o vinho;
b. Procissão dos dons (dinheiro, arrecadação de alimentos, roupas, etc);
c. Oração sobre o pão e o vinho realizada pelo presidente da celebração
(“Bendito sejais, Senhor Deus do Universo,...”) seguida da aclamação
rezada ou cantada pela assembléia (“Bendito seja Deus para sempre!”).223
212
Idem, n. 62.
213
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 62 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB
79, n. 302.
214
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 63c.
215
Cf. idem, n. 62.
216
“A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 302.
217
Idem, n. 302.
218
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 73.
219
Cf. idem e “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 290.
220
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 73.
221
Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 296.
222
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 74.
223
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 319.
d. N.B.: Os dois primeiros momentos acima citados são acompanhados pelo canto,
que pode continuar após a oração sobre o vinho.

Santo

465. É uma aclamação triunfal de grande importância que faz parte da Oração
Eucarística na qual toda a assembléia deve cantar 224, unindo-se aos espíritos
celestes.225
466. O texto desse canto é inspirado na visão do profeta Isaías quando ouviu os
Serafins cantarem no Templo (Is 6,3), na visão de João (Ap 4,8) e na entrada
de Jesus em Jerusalém (Mt 21,9). Por ser um dos cantos dos Ordinários da
missa, não se pode admitir acréscimos, alterações ou paráfrases.226

Aclamação Memorial

467. É o momento do anúncio do Mistério Pascal. O presidente da celebração


proclama “Eis o Mistério da Fé!” e toda a assembléia responde expressando sua
fé na presença do Mistério Pascal de Jesus na Eucaristia. Quando cantado, é
importante que toda a assembléia participe e não seja executado somente por
um grupo de cantores227. Nesse caso, é conveniente combinar a melodia com o
presidente da celebração (“Eis o Mistério da Fé!”) para que haja uma harmonia
musical entre o canto do presidente e a resposta da assembléia.
468. Há três aclamações propostas pelo missal que a equipe de cantos deve
ensaiar com a assembléia:
a. “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição,
vinde, Senhor Jesus!”
b. “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice,
anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”
c. “Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e
ressurreição!”
469. Textos alternativos que exprimem a fé na presença real devem ser
excluídos, pois alteram o sentido litúrgico do Mistério que se celebra. Portanto
não se deve substituir uma das três aclamações acima citadas por um canto
eucarístico ou de louvor.228
470. Durante a narrativa da Instituição ou a Consagração, bem como toda a
Oração Eucarística, não se admite nenhum outro som, além das palavras do
presidente da celebração. Toda inserção instrumental neste momento pode
distrair e desvirtuar a celebração do Mistério Eucarístico. Este é um momento
forte e alto da presença e ação de Deus, e convém que a assembléia, inclusive
o grupo de cantores, escutem em silêncio, atenção e respeito as palavras do Cristo
que se oferece a nós por amor.229

Aclamações da Oração Eucarística

471. Durante a Oração Eucarística estão previstas várias e curtas aclamações da


assembléia. É o jeito mais significativo de o povo participar do grande louvor e

224
Cf. idem, n. 303.
225
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 79b.
226
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 366 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB
79, n. 303.
227
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 216 e “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB
79, n. 304.
228
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 304.
229
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 32 e Instrução Musicam Sacram, n. 16a; Instrução
Redemptionis Sacramentum, n.53.
solene ação de graças que é a Eucaristia.230

O Grande Amém (Doxologia)

472. Convém que se valorize da melhor maneira possível o Amém conclusivo da


Oração Eucarística através do canto, com intensa participação da
assembléia.231
473. A proclamação da doxologia (Por Cristo, com Cristo e em Cristo) é
exclusiva do sacerdote, não cabendo ao diácono ou aos fiéis leigos, a não ser
o ‘Amém’ conclusivo.

A Oração do Senhor

474. É uma oração que introduz nossa preparação imediata para a participação no
banquete pascal e estimula o sentimento de fraterna solidariedade cristã.232
475. O sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote,
e o sacerdote acrescenta sozinho a oração chamada embolismo (“Livrai-nos de
todos os males,...”), que o povo encerra com a seguinte doxologia: “Vosso é o
reino, o poder e a glória para sempre”. Desenvolvendo o último pedido do Pai-
nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do
poder do mal.233
476. “O convite, a própria oração, o embolismo e a doxologia com que o povo
encerra o rito são cantados ou proferidos em voz alta” 234. Quando forem
cantados, deve haver uma plena participação da assembléia. A oração do Pai-
nosso nunca pode ser substituída por outros cantos.235

O Canto da Paz

279 A saudação da paz deve ser dada àqueles que estão mais próximos, de modo
sóbrio. Mas não se execute nenhum canto para dar a paz. 236

O Cordeiro de Deus

280. Este canto constitui um rito próprio e acompanha o partir do pão, antes de se
proceder à sua distribuição. Não deve ser usado como uma forma de encerrar o
movimento criado na assembléia durante o abraço da paz 237. “A saudação da
paz não deve ofuscar a importância desse momento do rito”.238
281. Diferentemente do “Santo” e do “Pai-nosso”, esse canto não é necessariamente
um canto do povo e pode ser cantado apenas pela equipe de animação. Quem
inicia esse canto ou a recitação não é quem preside, mas a assembléia, por meio
do cantor ou comentarista.239
282. O canto do “Cordeiro de Deus” possui a forma de uma ladainha e pode ser
executado de modo dialogal por um solista e a assembléia, prolongando-se
enquanto o sacerdote parte o pão eucarístico, podendo ser repetido tantas vezes
quanto o exigir a ação que acompanha (partir o pão), terminando sempre com a
230
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 323.
231
Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 306.
232
Cf. idem, n. 310.
233
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 81.
234
Idem, n. 81.
235
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 309.
236
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 72.
237
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 310.
238
Idem, n. 322.
239
Cf. idem, n. 310.
resposta: “Dai-nos a paz!”240
283. Existe uma proibição explícita de se substituir o texto do hino do Cordeiro por
um outro texto qualquer.241

Canto de Comunhão

284. É um canto processional para acompanhar o rito da distribuição da comunhão


com o qual a assembléia expressa a alegria pela unidade do Corpo de Cristo e
pela realização do Mistério que está sendo celebrado 242. O canto da comunhão
se prolonga até o término da procissão da comunhão ou, no máximo, até a
purificação dos objetos sagrados.243
285. Muitos hinos eucarísticos utilizados tradicionalmente na adoração ao
Santíssimo Sacramento não são adequados para esse momento, pois ressaltam
apenas a fé na presença real, carecendo das demais dimensões essenciais do
Mistério da Fé.244
286. A letra do canto deve unir o Cristo recebido na Liturgia da Palavra ao Cristo que
os fiéis recebem na Comunhão245. Esse é o critério fundamental na escolha deste
canto.

287. Os cantores procurem comungar por primeiro em relação à assembléia, pois se


recomenda que os que irão exercer algum ministério têm precedência à
comunhão.
288. É importante valorizar o silêncio após a procissão da comunhão para
proporcionar um momento de adoração e intimidade dos comungantes com o
grandioso Mistério que receberam.246

Canto de Ação de Graças após a Comunhão

289. “Este canto não é necessário e, às vezes nem desejável, quando já houve um
canto de comunhão, com a participação do povo. Recomenda-se então o silêncio
sagrado, isto é, um momento de interiorização após a movimentação ou
exultação pela procissão da comunhão.” 247 É bom que fique bem esclarecido que
com
ou sem canto de ação de graças sempre deve haver o silêncio sagrado.

Canto Final

290. É um canto com a finalidade de dispersar a assembléia reunida para a


celebração. Não é justo obrigar o povo a permanecer na igreja para cantá-lo, já
que o sacerdote ou o diácono envia a assembléia com as palavras: “Ide em
paz...”248

Alguns pareceres finais sobre o canto na missa

291. Itens que ajudam as equipes de cantos a exercer bem esse ministério:
a. O canto e o ritmo não estão ligados ao gosto pessoal do animador dos
240
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 83.
241
Cf. idem, n. 366.
242
Cf. idem, n. 86.
243
Cf. Instrução Inestimabile Donum, n. 17.
244
Cf. “A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 314.
245
Cf. “Animação da vida litúrgica no Brasil”, Documento da CNBB 43, n. 325.
246
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 88.
247
“A música litúrgica no Brasil”, Estudos da CNBB 79, n. 320.
248
Cf. idem, n. 324.
cantos, mas à ação litúrgica. O que deve orientar sua atividade é o Mistério
celebrado e a assembléia litúrgica;
b. O canto deve estar a serviço da Liturgia e não o contrário. Nesse sentido, é
inadmissível quando certos cantos (procissão de entrada, da apresentação
das oferendas ou da comunhão) continuem se seus ritos já foram
concluídos;
c. A finalidade do canto é fazer com que a assembléia litúrgica participe ativa,
consciente e frutuosamente no Mistério celebrado. Nem sempre agitação
indica participação no Mistério celebrado;
d. Não precisamos de “banda de música”. Isso é para show e missa não é
show. Haja o maior cuidado para que as regras que funcionam para uma
“banda de música” não venham a ser transformadas em critério litúrgico;
e. Os instrumentos musicais têm valor na medida em que ajudam a
assembléia a cantar. Não há necessidade de grande número de
instrumentos. Cuide-se com extremo rigor do volume dos mesmos,
principalmente em relação aos instrumentos de percussão;
f. Evite-se ao máximo a afinação de instrumentos musicais imediatamente
antes das cerimônias litúrgicas, pois esses prejudicam a concentração e o
ambiente de oração dos fiéis.

As música litúrgia através do Ano Litúrgico

477. A música litúrgica devem nos ajudar a celebrar o mistério pascal de Cristo no
decorrer do Ano Litúrgico. Durante cada tempo litúrgico ela deve distinguir-se por três
elementos: a letra, a melodia e o mistério celebrado.

478. No Advento celebramos o mistério da espera da vinda do Senhor e nos


preparamos para sua chegada. Serão as leituras que darão o “tom” do canto litúrgico
neste tempo. Ele deve nos ajudar a viver, saborear este momento de espera e
preparação da vinda do Senhor. Deve expressar a sobriedade que é própria deste
tempo. Muitos dos cantos do ordinário

479. No Natal cantamos o Mistério de Deus feito homem. Durante o tempo do Natal
cantamos a solidariedade de Deus para conosco, Ele se fez um de nós para nos salvar.
Na noite de Natal dá-se grande destaque ao canto do glória, omitido no Advento. Ele
constitui o grande canto deste tempo. Toda a comunidade junta-se aos anjos para
cantar: “glória a Deus nos céus e paz na terra aos homens por Ele amados”. Neste
tempo litúrgico os textos nos falam de uma grande alegria. Convém dar grande atenção
aos cantos do ordinário, em particular ao santo e as aclamações. Os cantos devem
estar de acordo com o Mistério que celebramos no Tempo do Natal. Devem se encher
de alegria vibrante. Os instrumentos muito podem colaborar para isto.

480. A Quaresma é um tempo de penitência e de austeridade. Tem por finalidade


nos preparar para a Páscoa do Senhor. Cantar a Quaresma é cantar a dor pelo pecado
no mundo, que crucifica os filhos e filhas de Deus. Um canto sem glória, sem aleluia,
sem flores... O canto deve seguir a austeridade própria deste tempo. Os instrumentos
musicais não acompanham os cantos de maneira festiva, apenas ajudam a sustenta-
los. É fundamental no tempo da Quaresma respeitar o silêncio. Os instrumentos não
devem ser tocados quando for hora de silêncio. Também não se deve saturar a
celebração com cantos demais. Porém, o canto da Quaresma não é um canto de
desanimo. Pelo contrário, nos animam para lutar contra as forças que produzem a
morte. Devem nos inspirar e animar a assumirmos a Cruz do Senhor e junto com Ele
criarmos um mundo novo.

481. A Semana Santa é o período mais próximo da Páscoa do Senhor. É uma


semana de intensas celebrações e espiritualidade. É fundamental lembrar que a Vigília
Pascal constitui o núcleo central de toda a Semana Santa.
a) No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, celebramos o mistério do Cristo
crucificado, sepultado e ressuscitado. Aconselha-se que durante a procissão, o povo e
cantores cantem os cantos propostos pelo Missal Romano. Escolher cantos
apropriados para este dia é de suma importância, pois será através dos cantos que
experimentaremos o sabor indiscutível do Mistério que celebramos. Canta-se a alegria
da entrada do Messias em Jerusalém. Mas também canta o Mistério da sua Paixão.
Quanto aos instrumentos vale a mesma orientação para toda a Quaresma: austeridade.

b) Cantar a Ceia do Senhor, é cantar o Mistério de sua doação total, é celebrar a Paixão-
Morte-Ressurreição do Senhor. É fundamental cantar a Cruz do Senhor, pois é através
da Cruz que desponta o Mandamento Novo do Amor. É da mesma Cruz que
resplandece o Sacramento do Pão e do Vinho. Da Cruz nasce o Ministério do Serviço
aos irmãos. Os cantos que ante se caracterizava pela austeridade, agora se reveste da
suavidade do Amor. Porém deve-se cuidar para que os cantos e os instrumentos
musicais não extrapolem. Siga como regra uma certa moderação e sobriedade.
Estamos caminhando para a Vigília Pascal, estamos perto, mas ainda não chegamos
lá.

c) A Sexta-feira Santa é centralizada na Cruz do Senhor. Celebra-se neste dia o Mistério


da Morte do Senhor. Neste dia não se canta a Eucaristia e sim o Mistério da Cruz. A
Cruz não é apenas um instrumento de morte, mas para nós cristãos ela se torna
instrumento de Salvação. Por isto, na Sexta-feira Santa a Cruz é venerada como sinal
de vitória. Os cantos devem corresponder ao espírito da liturgia deste dia. É um canto
de pranto, de perda, canto de dor e tristeza. Mas é também um canto de confiança, a
confiança do Servo Sofredor, que se entrega por todos nós, sem reservas. Nesta
confiança, o canto deve nos inspirar a nos abandonar com Cristo nas mãos do Pai,
para que se realize, assim como em Cristo, a sua vontade. Mas é também um canto de
vitória, pois “Cristo, por nós, se fez obediente até a morte e morte de cruz. Por isso
Deus o exaltou...” (cf. Fl 2,8-9). Os cantos devem ajudar a deixarmos nos envolver pelo
dinamismo da liturgia da Paixão do Senhor, na atitude de quem dá a vida por seus
amigos. Não convém, neste dia, utilizar os instrumentos musicais, como é de costume.
Pode-se, porém, usar um instrumento sóbrio, apenas para dar sustentação ao canto.
Mas lembre-se, de forma bem discreta.

482. O Tempo Pascal começa na Vigília Pascal e termina com a solenidade de


Pentecostes. Na quaresma omitimos o canto do aleluia para ser entoado com júbilo na
grande Vigília Pascal. Após o silêncio quaresmal, ouvimos o ecoar alegre e vibrante do
aleluia na noite pascal. O aleluia será uma das características das celebrações
Pascais. Cantamos a glória do Senhor Ressuscitado, sua vitória sobre a morte. Os
cantos e instrumentos terão participação fundamental. Sejam cantados e tocados com
alegria, com entusiasmo, vibrantes. Valorizar os cantos do ordinário da missa
principalmente o canto do aleluia. Os cantos devem nos ajudar a fazer uma experiência
profunda do Mistério Pascal. O canto neste tempo é um canto de alegria, canto de
tantos aleluias! Canto de vitória!

483. Dentro do Ano Litúrgico, o Tempo Comum ocupa grande parte dos domingos e
semanas. São 34 domingos do Tempo Comum. Quando falamos em “comum” não
significa que não tenha importância. No Tempo Comum celebramos outros aspectos da
vida e da missão de Cristo e seus discípulos. Os cantos litúrgicos no Tempo Comum
vão nos ajudar a vivenciar a totalidade do Mistério de Cristo. Para que não cometamos
erros, é necessário observar algumas regras.

484. Os cantos devem expressar a realidade celebrada – o Mistério. Este mistério se


desdobra nas passagens da Sagrada Escritura ao longo do Ano Litúrgico.
a) Dar atenção a função ritual de cada canto em seus momentos específicos.
b) Ser fiel as características próprias do tempo litúrgico e da festa celebrada.
c) Vale lembrar a orientação dos Documentos da Igreja. Não é por que o tempo é
“comum” que posso colocar qualquer canto na liturgia. Ele deve estar em sintonia com
o que celebramos. Ele é parte integrante da liturgia. Está a serviço da ação ritual. Não
cabe aqui cantos que possam levar ao subjetivismo, ao intimismo religioso. Celebrar é
sempre uma ação comunitária, nunca individual.
485. Por fim, vale lembrar que mesmo celebrando Nossa Senhora e os Santos no
decorrer do Ano Litúrgico, sempre se evoca a ação redentora do Senhor Jesus em
Maria e nos Santos. É a obra do Senhor que celebramos e cantamos não a pessoa dos
santos e de Maria.

Orientações práticas

1. O canto, a música litúrgica, é parte integrante da liturgia, portanto, para que seja
verdadeiramente litúrgica deve levar em consideração uma série de elementos da
própria liturgia, tais como: o mistério celebrado, o tempo que se celebra, sua função
ritual em cada momento da celebração e a participação de todos no canto;

2. Tanto mais o canto e a música se inserem e se integra na ação litúrgica e em seus


diversos ritos, tanto mais ela será adequada para o uso litúrgico nas celebrações;

3. O canto para ser litúrgico deve possuir conteúdo bíblico e litúrgico (cf. SC 121);

4. Evite cantar na liturgia e procure cantar a liturgia;

5. Deve-se evitar melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras


de filmes e novelas;

6. Deve-se levar em conta o tipo da celebração, o momento ritual em que o canto será
executado e as características da assembleia (cf. SC 112);

7. Deve-se respeitar os tempos do ano litúrgico e suas festas, evitando assim, que se
cante algo que destoe do mistério que é celebrado em determinados tempos ou
festas (cf. SC 107);

8. Por ser parte da liturgia, a equipe de animação do canto litúrgico deve fazer parte da
equipe de liturgia da comunidade, evitando um divórcio tão frequente entre ambas
as equipes;

9. Do mesmo modo, a equipe de animação do canto litúrgico deve ter consciência de


que é parte integrante da assembleia celebrante e não meros executores do canto
nas celebrações. Por isso, deve-se procurar participar de toda ação ritual e não
apenas da execução dos cantos;

10. O serviço de animação do canto litúrgico é um verdadeiro ministério na Igreja. Para


tanto, deve-se exercer tal função com um verdadeiro sentimento de estar a serviço
da comunidade que celebra evitando impor seus próprios gostos musicais
assumindo o canto que é proposto pela Igreja para a liturgia;

11. Os chamados “ministérios de música” e “bandas” para que exerçam um verdadeiro


ministério litúrgico na celebração, deve adequar-se ao que a Igreja prescreve para
tais funções (cf. IGMR 103);

12. Os animadores do canto litúrgico devem empenhar-se em aprender o repertório


litúrgico-musical e ensiná-lo ao povo;

13. Nunca os animadores do canto litúrgico deve abafar as vozes da assembleia, para
isso, deve evitar o volume alto tanto dos microfones como dos instrumentos;

14. Os animadores do canto devem estar atentos a todos os momentos e ao presidente


da celebração e demais ministros;

15. Deve-se evitar que no exercício da animação do canto litúrgico qualquer


semelhança com show ou espetáculo. Deve-se exercer tal ministério com humildade
e sobriedade;
16. Os instrumentos musicais são de muita utilidade para a liturgia, desde que estejam
a serviço da própria liturgia, da palavra, do rito e da própria comunidade que
celebra.

17. Não há uma classe de instrumentos que podemos chamar de anti-litúrgicos, embora
a Igreja reconheça que o instrumento mais adequado para a liturgia seja o órgão.
Deve-se, contudo, evitar o uso de instrumentos demasiadamente barulhentos em
tempos litúrgicos como a quaresma. Assim também em certas celebrações que não
condizem com o som em questão, por exemplo fiéis defuntos entre outras.

18. Os instrumentistas possuem um papel fundamental na execução do canto litúrgico,


pois, eles sustentam o canto do povo, determinam o ritmo em que serão cantados, o
tom, etc. Porém, cada assembleia possui uma característica própria e os
instrumentistas devem estar atentos e adequar-se a cada uma delas para não impor
um ritmo em que a assembleia não consiga acompanhar;

19. É importante resgatar a figura do salmista na liturgia, alguém que se especializa na


arte de cantar os salmos. Para isso, deve-se procurar aprender boas melodias,
próprias para o canto dos salmos e evitar o improviso;

20. O coral litúrgico não foi abolido pela reforma da liturgia. Ele exerce um verdadeiro
ministério quando auxilia a assembleia a cantar, porém, deve evitar cantos em que
o povo se torne meros espectadores e não executores;

Capítulo 10 - Celebrações relacionadas ao Sacramento da


Eucaristia

486. A celebração da Eucaristia no sacrifício da missa é a origem e o fim de


todo o culto cristão249. Por isso, todas as celebrações relacionadas ao
Sacramento da Eucaristia fazem parte da vida da Igreja e estão intimamente
relacionadas com o sacrifício eucarístico e com a comunhão sacramental. Não
existe um pleno culto a Deus ou uma autêntica ação da Igreja sem se referir à
celebração da missa250. Aprofundemos algumas celebrações relacionadas ao
Sacramento da Eucaristia:

A Celebração da Palavra de Deus na ausência de Presbítero

Fundamentos

487. A celebração da Palavra de Deus na ausência de presbítero é uma realidade


presente em nossa Diocese de Santo André. A celebração da eucaristia é, por
excelência, a celebração do dia do Senhor, de seu mistério pascal. Porém, muitas
comunidades para poderem poder participar do encontro com o Senhor, reúnem-se
para celebrar a Palavra de Deus presidida por ministros leigos. O próprio Concílio
Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium
incentiva a celebração da Palavra de Deus na falta de presbíteros: “Promovam-se
celebrações da Palavra de Deus nas vigílias das grandes festas, em certos dias da
quaresma e do advento, nos domingos e dias santos, principalmente nos lugares em
que não há sacerdotes” (SC 34,4).
488. O documento conciliar, além de assumir as celebrações da Palavra de Deus, a
incentiva. Porém, embora incentive tais práticas, o Concílio não estabeleceu normas
para a sua realização, limitou-se apenas em dizer que seu dirigente seja um diácono
ou um leigo delegado pelo bispo (cf. SC 34,4).
489. A Instrução Inter Oecumenici, dedicada a execução da Constituição sobre a
Sagrada Liturgia, desenvolve nos números 37 a 39, o pensamento da Igreja sobre as
249
Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 3.
250
Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, n. 10.
celebrações da Palavra de Deus, apresentando principalmente a sua estrutura e
dinâmica, bem como suas circunstâncias. “Nos lugares onde não haja padre e não se
possa celebrar a missa, nos domingos e dias de preceito, organiza-se, a juízo do
ordinário, uma sagrada celebração da Palavra de Deus, presidida por um diácono ou
inclusive por um leigo, especialmente delegado” (n. 37). “A estrutura desta celebração
será semelhante a da liturgia da Palavra da missa” (n. 37). “Para que estas
celebrações se façam com dignidade e devoção, procurem as comissões litúrgicas
diocesanas sugerir e preparar os convenientes subsídios” (n. 39).
490. Quanto a sua estrutura, a Instrução Inter Oecumenici diz que: “Leiam-se
normalmente na língua vernácula a Epístola e o Evangelho da missa do dia,
precedidos e intercalados com cânticos, salmos; o presidente faz a homilia, e encerra-
se toda a celebração com a ‘oração comum’ e a oração dominical” (n. 37). A Instrução
Eucharisticum Mysterium acrescentou um novo elemento à celebração da Palavra de
Deus, ao abrir caminho à administração da comunhão eucarística por um ministro
leigo ao afirmar que: “Quando se distribui a comunhão fora da missa, em horas
previamente determinadas, pode fazer-se preceder, se se julgar oportuno, de uma
breve celebração da Palavra de Deus, segundo as normas da Instrução Inter
Oecumenici” (n. 33). Com isto, a Instrução acrescenta o elemento da distribuição da
comunhão eucarística na celebração da Palavra de Deus. Nota-se que em relação à
estrutura da celebração da Palavra de Deus, a Instrução remete à Inter Oecumenici.
491. A Conferência de Medellín, ao mesmo tempo em que incentiva a celebração
da Palavra de Deus, remete para sua relação com os sacramentos, principalmente
com a eucaristia ao dizer: “Fomentem-se as sagradas celebrações da Palavra,
conservando sua relação com os sacramentos, com os quais ela alcança sua máxima
eficácia, particularmente com a eucaristia” (Medellín, 9, 14).
492. Diretório para as celebrações dominicais da Palavra de Deus na ausência de
presbítero estabelece as condições para as celebrações da Palavra de Deus e
descreve brevemente como deve ser a sua estrutura ritual. Conforme o Diretório “A
ordem a observar na reunião do dia dominical, quando não há missa, consta de duas
partes, a saber, a celebração da Palavra de Deus e a distribuição da comunhão. Na
celebração não deve ser inserido o que é próprio da missa, sobretudo a apresentação
dos dons e a oração eucarística” (n. 35). O Diretório também recomenda para que a
celebração da Palavra de Deus seja organizada de tal modo que favoreça a oração e
a imagem duma assembleia litúrgica e não de uma simples reunião (cf. n. 35).
493. O mesmo Diretório apresenta o esquema da celebração da Palavra de Deus
que compõe-se dos seguintes elementos: ritos iniciais, liturgia da Palavra, ação de
graças, ritos de comunhão e ritos finais (cf. n. 41). O Documento 43 da CNBB
Orientações para a celebração da Palavra de Deus, também descreve os elementos
que integram a celebração da Palavra de Deus: reunião dos fiéis, proclamação da
Palavra e atualização, orações louvor, cantos e agradecimento, distribuição da
comunhão (cf. n. 54).
494. Quanto à presidência da celebração da Palavra de Deus, o Documento
Conciliar afirma que: “nesse caso a celebração pode ser presidida por um diácono ou
por outro delegado do bispo” (SC 35,4). O Diretório para as celebrações dominicais na
ausência de presbítero diz que os diáconos são os primeiros colaboradores dos
sacerdotes, e, portanto, os primeiros na ordem de presidir as celebrações da Palavra
de Deus (cf. n. 29). Na ausência destes, pode-se confiar à presidência a um leigo
designado (cf. n. 30). Para a escolha de leigos que possam assumir o ministério da
presidência, o Diretório considera que: “Devem ser escolhidos tendo em atenção as
suas qualidades de vida, em consonância com o Evangelho, e tenha-se também em
conta que possam ser bem aceitos pelos fiéis” (n. 30). Deve-se igualmente ter o
cuidado de dar a esses leigos uma formação adequada e contínua (cf. n. 30).
495. Deve-se ter claro que, embora a celebração da Palavra de Deus tenha seu
valor e importância sacramental, possui um caráter supletivo, ou seja, não substitui a
participação na celebração da eucaristia. Por isso, deve-se evitar qualquer confusão
entre a celebração da Palavra de Deus e a celebração da eucaristia. Conforme orienta
o Diretório para as celebrações da Palavra de Deus na ausência de presbítero: “Tais
reuniões não devem diminuir, mas aumentar nos fiéis o desejo de participar na
celebração eucarística e devem torná-los mais diligentes em frequentá-la” (n. 22). É
preciso orientar os fiéis que participam da celebração da Palavra de Deus que não é
possível celebração eucarística sem sacerdote, e que a comunhão recebida na
celebração da Palavra de Deus tem intima relação com a missa (cf. Diretório, n. 22).

II. Orientações práticas

1. A celebração dominical da eucaristia é o centro da vida da Igreja. Porém, na


impossibilidade de um presbítero de presidi-la, a comunidade deve ser reunir ao redor
da Palavra de Deus e assegurar que a comunidade possa assim, ter o seu encontro
semanal;
2. A celebração dominical da Palavra de Deus na ausência de presbítero não se equipara
a celebração da eucaristia. Por isso, os fiéis devem nutrir o desejo de participar a
tempo oportuno da santa missa, sempre que possível;
3. Cabe em primeiro lugar ao diácono presidir a celebração da Palavra na ausência de
presbítero, e na ausência do diácono, pode ser presidida por leigos e leigas
devidamente investidos para este importante ministério eclesial.
4. Tal serviço não deve ser considerado como uma honra, mas um encargo e um
serviço em favor dos irmãos, sob a autoridade do pároco 251. Esses leigos
devem ser instituídos com a autorização do Ordinário do Lugar (bispo
diocesano) para atuar no território da paróquia por um mandato de três anos,
que pode ser renovável segundo o parecer do pároco 252
5. Os leigos e leigas designados para a presidência das celebrações da Palavra de Deus
na ausência de presbítero devem receber uma sólida formação bíblica e litúrgica;
Essas reuniões dominicais estejam sob o cuidado pastoral do pároco 253.
6. Cabe ao pároco preparar os fiéis para dirigir essas celebrações, oferecendo-
lhes subsídios para as reflexões da Liturgia da Palavra;
7. Quem preside a celebração da Palavra na ausência de presbítero, seja diácono ou
ministros leigos, devem evitar que sua atuação seja comparada ao sacerdócio
ministerial.
8. Quando o diácono preside essa celebração, comporte-se de modo coerente ao
seu ministério nas saudações, nas orações, na leitura do Evangelho e na
homilia, na distribuição da comunhão e na despedida dos participantes com a
bênção. Paramente-se com as vestes que lhe são próprias e utilize a cadeira
presidencial, isto é, a sede.254
9. Quando o leigo dirige essa celebração, comporte-se um entre iguais nas
saudações e intervenções da celebração, evitando palavras que pertencem ao
ministério ordenado255. Se o ministro leigo deve se comportar como ‘um entre
iguais’, logo, não ocorre o Diálogo Esponsal entre o Cristo e a Igreja. Por isso ele
dirige suas intervenções sempre na 1ª pessoa do plural, e não como o ministro
ordenado que se dirige na 2ª pessoa do plural. Por exemplo, na proclamação do
Evangelho, o ministro leigo diz: “O Senhor esteja conosco!” e não “O Senhor esteja
convosco!”. Ele não dá bênção sobre o povo, mas diz: “O Senhor nos abençoe...”.
Além disso, o ministro leigo “não deve utilizar a sede, mas uma outra cadeira fora do
presbitério. O altar deve servir apenas para sobre ele colocar o pão consagrado antes
da distribuição da Eucaristia”.256
10. Os ministros leigos e leigas devem usar vestes adequadas, em nossa Diocese a opa
alva com bordado-símbolo no peito em cor verde foi devidamente aprovada pelo bispo
diocesano para o exercício desta sua função;
11. Não deve usar a cadeira presidencial, mas prepare-se antes uma outra cadeira em
lugar adequado, porém, preservando a cadeira presidencial em seu lugar habitual;
12. A celebração da Palavra na ausência de presbítero alcança eficácia quando se
relaciona com a eucaristia (cf. Medellín, 9,14), porém, não deve se confundir com esta,
mesmo que haja a distribuição da eucaristia;

251
Cf. idem, n. 31.
252
Cf. Diretório Sacramental da Diocese de Ponta Grossa, n. 60.
253
Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 24.
254
Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 38
255
Cf. idem, n. 39.
256
Idem, n. 40.
13. As equipes de liturgia devem se preocupar com a preparação da celebração da
Palavra de Deus na ausência de presbítero do mesmo modo como se preocupa e
prepara a celebração da eucaristia;
14. A celebração da Palavra na ausência de presbítero deve ser preparada com zelo e
esmero, promovendo conforme recomendação do Concílio Vaticano II a plena
participação dos fiéis;
15. Cuide-se a equipe de liturgia para que na celebração da Palavra não aconteçam ações
e gestos próprios da celebração da eucaristia tais como: apresentação dos dons,
oração eucarística e a fração do pão acompanhado do Cordeiro de Deus;
16. Cuide-se os responsáveis pela liturgia de promover uma adequada formação para que
os fiéis possam nutrir-se da Palavra e ser remetidos para a celebração da eucaristia.
Faz-se necessário que os fiéis sejam instruídos a respeito da diferença entre
celebração da Palavra na ausência de presbítero e da celebração da eucaristia;
17. A celebração da Palavra de Deus na ausência de presbítero gira exclusivamente ao
redor da Palavra. Mesmo que haja a distribuição da comunhão eucarística não cabe na
celebração da Palavra à adoração ao Santíssimo Sacramento;
18. A exposição da sagrada eucaristia deve se dá momentos antes de sua distribuição e
não antes do momento da ação de graças ou louvor;
19. Na oração de ação de graças ou louvor não deve ser utilizada a oração eucarística,
não deve se confundir com ela, maiores aprofundamentos sobre a distribuição da
Eucaristia, leia-se o capítulo 4 deste diretório no item sobre a comunhão.
20. Para a distribuição da comunhão eucarística deve-se utilizar a fórmula do rito de
comunhão fora da missa.
21. Não se esqueça nas celebrações da Palavra de rezar “para que se
multipliquem os dispensadores dos Mistérios de Deus (sacerdotes), e sejam
perseverantes no seu amor”;257
22. Maiores aprofundamentos, consulte-se o Ritual Romano chamado “A Sagrada
Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa” e o “Diretório para
Celebrações Dominicais na ausência do presbítero”.

496. Existem muitos roteiros para a Celebração da Palavra de Deus com a


distribuição da Comunhão. Esses roteiros se encontram no anexo do
documento da CNBB n. 52 chamado “Orientações para a celebração da
Palavra de Deus”. Apresentamos aqui uma das formas de celebrar a Palavra com a
distribuição da comunhão:258
a) Os ritos iniciais;
b) A Liturgia da Palavra de Deus (da 1ª leitura até a oração dos fiéis);
c) Ação de graças: os fiéis, em pé e voltados para o altar, exaltam a glória de
Deus e a sua misericórdia com um salmo (Sl 99, 112, 117, 147, 150), um
hino, um canto ou uma ladainha;
d) O rito da comunhão: antes do Pai-nosso, o dirigente da celebração traz a
Eucaristia para o altar, ajoelha-se junto com os fiéis e canta um hino euca-
rístico. Depois, com a comunidade, reza o Pai-Nosso, convida os fiéis para o
abraço da paz, apresenta a Eucaristia dizendo: “Felizes os convidados...”,
distribui a comunhão, faz-se um silêncio e encerra com a oração depois da
comunhão;259
e) O rito de conclusão: avisos e despedida.

Distribuição da Comunhão aos doentes e idosos

497. Santíssimo seja transportado à casa do doente numa teca ou em outro


recipiente digno. Ao distribuir a comunhão ao doente ou idoso, o ministro esteja

257
Missal Romano, A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da Missa, n. 26
258
Cf. Diretório para as Celebrações Dominicais na ausência do presbítero, n. 41 e 45
259
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 30-38
trajado de suas vestes litúrgicas.260
498. Santíssimo Sacramento seja transportado diretamente à casa do doente
ou idoso261. Não é permitido guardar o Santíssimo em casa para levá-lo num
outro momento ao doente262. Caso ele não possa receber a comunhão, o
próprio ministro comungue a partícula que está levando.
499. Instrua-se a família do doente ou idoso para que prepare uma mesa com toalha
branca, se possível, com duas velas acesas, para o ministro depositar a teca
com o Santíssimo.263
500. As pessoas que cuidam do doente também podem receber a
Comunhão, se tal serviço as impossibilita de participar da celebração com a
comunidade.
501. Segundo o Ritual Romano, ao chegar, o ministro saúda os presentes e realiza a
Liturgia da Palavra, mesmo que seja breve. Depois reza o Pai-nosso e
apresenta a Eucaristia para o doente comungar. Após a comunhão, conduza o
doente para que reze por algum tempo em silêncio, em ação de graças pelo
Mistério recebido. Encerra a celebração com uma oração e invoca a bênção de
Deus sobre o doente.264
502. Os fragmentos da partícula que restarem na teca sejam recolhidos e
purificados com água.265

Adoração ao Santíssimo Sacramento

503. A adoração ao Santíssimo Sacramento leva os cristãos a reconhecerem


a admirável presença de Cristo que nos convida à união cordial com Ele e
favorece de modo excelente o culto em espírito e verdade, o que lhe é devido.
Todas as
504. exposições do Santíssimo Sacramento devem se relacionar com o sacrifício da
missa.266
505. Durante a exposição do Santíssimo, dedique-se um tempo conveniente à
leitura da Palavra de Deus, aos cantos eucarísticos que afirmam a presença
real do Senhor, às preces e à oração silenciosa.267
506. Os ministros da exposição do Santíssimo Sacramento são:
507. Em primeiro lugar, o sacerdote e o diácono que podem abençoar o povo,
revestidos de túnica ou sobrepeliz sobre a veste talar com estola branca ou
dourada. Para a bênção no fim da adoração, quando a exposição for com
ostensório, o sacerdote ou diácono acrescenta a capa pluvial e o véu umeral
de cor branca ou dourada; se a exposição for com cibório, só o véu umeral;
508. Os acólitos e os ministros leigos instituídos podem expor o Santíssimo trajados
com sua veste litúrgica adequada, mas não podem dar a bênção sobre o
povo.268
509. Quando se expõe o Santíssimo Sacramento no ostensório, acenda-se 4 ou 6
velas e use-se incenso. Quando se expõe no cibório, acenda-se ao menos 2
velas e pode-se usar incenso.269

260
Cf. Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 20
261
Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 133.
262
Cf. Código de Direito Canônico, cân. 935.
263
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 19.
264
Cf. idem, n. 25; 56-63.
265
Cf. idem, n. 22.
266
Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 60.
267
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 89.
268
Cf. idem, n. 86.
269
Cf. idem, n. 85.
510. “Diante do Santíssimo Sacramento, faz-se genuflexão simples (isto é, dobrar
um joelho), quer esteja no tabernáculo quer exposto...”270
511. Nas igrejas que possuem autorização para conservar a Eucaristia, cuide-se
para que elas “estejam abertas diariamente, ao menos por algumas horas, nos
horários mais apropriados para que os fiéis possam facilmente rezar diante do
Santíssimo Sacramento.”271
512. Proíbe-se a exposição do Santíssimo Sacramento na mesma igreja ou lugar
em que se está sendo celebrada a missa. Também não se pode realizar
procissões com o Santíssimo Sacramento dentro da missa (“Passeio do
Santíssimo”), pois se exalta de tal maneira a presença real de Jesus,
esvaziando-se outras dimensões da celebração eucarística.272
513. Quando a exposição se prolongar por alguns dias, sempre que ocorrer a
celebração da missa naquela igreja, suspende-se a exposição e repõe-se o
Santíssimo no Tabernáculo.273
514. Se a exposição for mais solene e prolongada, o pão seja consagrado na
missa que precede imediatamente a exposição e colocada no ostensório sobre
o altar depois da oração pós-comunhão. A missa termina omitindo-se os ritos finais
e o sacerdote coloca o ostensório sobre o altar ou no trono preparado, incensando-o,
se for o caso.274
515. Se o rito da exposição do Santíssimo for breve, coloque-se o cibório ou
ostensório sobre o corporal no altar. Se for uma exposição mais longa, pode-se
usar um trono, em lugar bem destacado, porém cuide-se que não fique
demasiadamente alto e distante dos fiéis.275
516. Também é proibido deixar o Santíssimo exposto sem a presença de
adoradores. Quando se fizer uma exposição longa e não tiver um número
suficiente de pessoas para a adoração, pode-se repor o Santíssimo ao
tabernáculo até duas vezes no dia.276
517. É proibido expor o Santíssimo com a única finalidade de dar a bênção.277
278
518. A bênção com o Santíssimo segue o seguinte roteiro:
a) O sacerdote ou diácono coloca-se diante do Santíssimo Sacramento e
ajoelha-se, entoando com os fiéis um hino eucarístico (“Tão sublime...”).
Enquanto isso, ainda de joelhos, incensa o Santíssimo Sacramento;
b) Em pé, reza a oração prevista no Ritual;
c) Terminada a oração, ele veste o véu umeral, faz a genuflexão e toma o
ostensório ou cibório e com ele traça, em silêncio, o sinal da cruz sobre o
povo;
d) Terminada a bênção, o sacerdote ou diácono repõe o Santíssimo no
tabernáculo e faz a genuflexão. Enquanto isso, o povo pode proferir alguma
aclamação ou canto.

Capítulo 11 - A homilia

270
Idem, n. 84.
271
Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da Missa, n. 8 e cf. Instrução Eu-
charisticum Mysterium, n. 55.
272
Cf. Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica, documento da CNBB 53, n. 41.
273
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 83.
274
Cf. idem, n. 94.
275
Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 62.
276
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 88.
277
Cf. Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 66.
278
Cf. Ritual Romano, A Sagrada Comunhão e o culto Eucarístico fora da missa, n. 97-100.
519. Considerando a relevância da homilia para a Celebração Eucarística
optou-se por dedicar neste Diretório um capítulo exclusivo à temática.
Acompanha-se as indicações da Igreja Universal através da Evangelii Gaudium
e do Diretório Homilético.
520. A proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente no contexto
da assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de
catequese, como sobretudo o diálogo de Deus com o seu povo, no qual se
proclamam as maravilhas da salvação e se propõem continuamente as
exigências da Aliança».[112] Reveste-se de um valor especial a homilia,
derivado do seu contexto eucarístico, que supera toda a catequese por ser o
momento mais alto do diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão
sacramental. A homilia é um retomar este diálogo que já está estabelecido entre
o Senhor e o seu povo. Aquele que prega deve conhecer o coração da sua
comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e
também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar fruto.
521. A homilia não pode ser um espectáculo de divertimento, não corresponde
à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à
celebração. É um género peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro
duma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se
pareça com uma conferência ou uma lição. O pregador pode até ser capaz de
manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra
torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se prolonga
demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre
as suas partes e o seu ritmo. Quando a pregação se realiza no contexto da
Liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como
mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto
exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma
comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a
palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe
mais que o ministro.
522. A homilia faz parte da liturgia e é vivamente recomendada, ela é
necessária para alimentar a vida cristã. Deve consistir na explicação de alguma
parte das leituras da Sagrada Escritura ou de outro texto do ordinário ou do
próprio da Missa do dia, tendo em conta não somente que seja do mistério que
é celebrado como também necessidades particulares de quem escuta. Nos
domingos e festas de preceito, deve haver homilia e não se pode omitir, nos
outros dias, é recomendada.
523. Técnicas homiléticas não se aprendem com uma lição; aprende-se a
pregar ouvindo bons pregadores, sobretudo os que tem um ouvido voltado para
Deus e o outro para os homens. É útil ler as homilias dos grandes homens, do
passado e do presente, mas para aprender com eles como se fala de Deus aos
homens.
524. É o Espírito quem abre não somente a boca do pregador, mas
igualmente o coração do povo que escuta; por isso invocá-lo com ânimo sincero
e simples é a primeira coisa da preparação.
525. Concentrar-se nas exigências particulares da assembleia, considerando
situações culturais e pastorais soma-se ao esforço de formação para adquirir
competências nos conteúdos e no domínio dos instrumentos.
526. Com isso deve- se evitar os defeitos da fala como: plágio, demora,
repetições, uso incorreto do microfone, a intercalação de termos, a
superficialidade dos conteúdos e dos exemplos, a linguagem que afasta –
evanescente, vaporosa ou inespressiva – ser demasiado angelical ou
terrenamente exasperado.
527. A homilia deve ser feita pelo bispo, pelo sacerdote celebrante ou por um
sacerdote concelebrante, por ele encarregado, ou, se oportuno, pelo diácono,
não por leigos. Em casos especiais pode ser feita por um bispo ou sacerdote
que não esteja concelebrando (IGMR 66). Excluem-se de fazer homilia os fieis
não ordenados.
528. Segundo a Instrução sobre algumas questões sobre a colaboração dos
fieis leigos ao ministérios dos sacerdotes indica-se: que é lícita a proposta de
uma breve nota explicativa para favorecer a maior compressão da liturgia a ser
celebrada (animador) e excepcionalmente algum eventual testemunho em
missas celebradas em dias especiais, desde que não se confundam com a
homilia. A homilia dialogada entre os ministros e fieis é uma forma lícita e pode
ser prudentemente empregue.
529. Os próximos pontos deste capítulo são as orientações do Papa Francisco
sobre a preparação da homilia:

A preparação da pregação

530. A preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém


dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral.

Culto da verdade

531. O primeiro passo, depois de invocar o Espírito Santo, é prestar toda a


atenção ao texto bíblico, que deve ser o fundamento da pregação. Quando
alguém se detém procurando compreender qual é a mensagem dum texto,
exerce o «culto da verdade». É a humildade do coração que reconhece que a
Palavra sempre nos transcende, que somos, «não os árbitros nem os
proprietários, mas os depositários, os arautos e os servidores».[114] Esta
atitude de humilde e deslumbrada veneração da Palavra exprime-se detendo-se
a estudá-la com o máximo cuidado e com um santo temor de a manipular. Para
se poder interpretar um texto bíblico, faz falta paciência, pôr de parte toda a
ansiedade e atribuir-lhe tempo, interesse e dedicação gratuita. Há que pôr de
lado qualquer preocupação que nos inquiete, para entrar noutro âmbito de
serena atenção. Não vale a pena dedicar-se a ler um texto bíblico, se aquilo que
se quer obter são resultados rápidos, fáceis ou imediatos. Por isso, a
preparação da pregação requer amor. Uma pessoa só dedica um tempo gratuito
e sem pressa às coisas ou às pessoas que ama; e aqui trata-se de amar a
Deus, que quis falar. A partir deste amor, uma pessoa pode deter-se todo o
tempo que for necessário, com a atitude dum discípulo: «Fala, Senhor; o teu
servo escuta» (1 Sam 3, 9).
532. Em primeiro lugar, convém estarmos seguros de compreender
adequadamente o significado das palavras que lemos. Quero insistir em algo
que parece evidente, mas que nem sempre é tido em conta: o texto bíblico, que
estudamos, tem dois ou três mil anos, a sua linguagem é muito diferente da que
usamos agora. Por mais que nos pareça termos entendido as palavras, que
estão traduzidas na nossa língua, isso não significa que compreendemos
correctamente tudo o que o escritor sagrado queria exprimir. São conhecidos os
vários recursos que proporciona a análise literária: prestar atenção às palavras
que se repetem ou evidenciam, reconhecer a estrutura e o dinamismo próprio
dum texto, considerar o lugar que ocupam os personagens, etc. Mas o objectivo
não é o de compreender todos os pequenos detalhes dum texto; o mais
importante é descobrir qual é a mensagem principal, a mensagem que confere
estrutura e unidade ao texto. Se o pregador não faz este esforço, é possível que
também a sua pregação não tenha unidade nem ordem; o seu discurso será
apenas uma súmula de várias ideias desarticuladas que não conseguirão
mobilizar os outros. A mensagem central é aquela que o autor quis
primariamente transmitir, o que implica identificar não só uma ideia mas também
o efeito que esse autor quis produzir. Se um texto foi escrito para consolar, não
deveria ser utilizado para corrigir erros; se foi escrito para exortar, não deveria
ser utilizado para instruir; se foi escrito para ensinar algo sobre Deus, não
deveria ser utilizado para explicar várias opiniões teológicas; se foi escrito para
levar ao louvor ou ao serviço missionário, não o utilizemos para informar sobre
as últimas notícias.
533. É verdade que, para se entender adequadamente o sentido da
mensagem central dum texto, é preciso colocá-lo em ligação com o
ensinamento da Bíblia inteira, transmitida pela Igreja. Este é um princípio
importante da interpretação bíblica, que tem em conta que o Espírito Santo não
inspirou só uma parte, mas a Bíblia inteira, e que, nalgumas questões, o povo
cresceu na sua compreensão da vontade de Deus a partir da experiência vivida.
Assim se evitam interpretações equivocadas ou parciais, que contradizem
outros ensinamentos da mesma Escritura. Mas isto não significa enfraquecer a
acentuação própria e específica do texto que se deve pregar. Um dos defeitos
duma pregação enfadonha e ineficaz é precisamente não poder transmitir a
força própria do texto que foi proclamado.

A personalização da Palavra

534. O pregador «deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade


pessoal com a Palavra de Deus: não lhe basta conhecer o aspecto linguístico
ou exegético, sem dúvida necessário; precisa de se abeirar da Palavra com o
coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos
e sentimentos e gere nele uma nova mentalidade».[115] Faz-nos bem renovar,
cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e verificar se,
em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos. É bom não
esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do ministro influi
sobre o anúncio da Palavra».[116] Como diz São Paulo, «falamos, não para
agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos corações» (1 Ts
2, 4). Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos
de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: «A
boca fala da abundância do coração» (Mt 12, 34). As leituras do domingo
ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro
ressoarem assim no coração do Pastor.
535. Jesus irritava-Se com pretensiosos mestres, muito exigentes com os
outros, que ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por
ela: «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos
outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4). E o
Apóstolo São Tiago exortava: «Meus irmãos, não haja muitos entre vós que
pretendam ser mestres, sabendo que nós teremos um julgamento mais severo»
(3, 1). Quem quiser pregar, deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela
Palavra e fazê-la carne na sua vida concreta. Assim, a pregação consistirá na
actividade tão intensa e fecunda que é «comunicar aos outros o que foi
contemplado».[117] Por tudo isto, antes de preparar concretamente o que vai
dizer na pregação, o pregador tem que aceitar ser primeiro trespassado por
essa Palavra que há-de trespassar os outros, porque é uma Palavra viva e
eficaz, que, como uma espada, «penetra até à divisão da alma e do corpo, das
articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração»
(Heb 4, 12). Isto tem um valor pastoral. Mesmo nesta época, a gente prefere
escutar as testemunhas: «Tem sede de autenticidade (...), reclama
evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja
familiar como se eles vissem o invisível».[118]
536. Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de
melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e
não deixemos cair os braços. Indispensável é que o pregador esteja seguro de
que Deus o ama, de que Jesus Cristo o salvou, de que o seu amor tem sempre
a última palavra. À vista de tanta beleza, sentirá muitas vezes que a sua vida
não lhe dá plenamente glória e desejará sinceramente corresponder melhor a
um amor tão grande. Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar
esta Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele,
exorte, mobilize, se não dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na
realidade será um falso profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio. Em todo
o caso, desde que reconheça a sua pobreza e deseje comprometer-se mais,
sempre poderá dar Jesus Cristo, dizendo como Pedro: «Não tenho ouro nem
prata, mas o que tenho, isto te dou» (Act 3, 6). O Senhor quer servir-Se de nós
como seres vivos, livres e criativos, que se deixam penetrar pela sua Palavra
antes de a transmitir; a sua mensagem deve passar realmente através do
pregador, e não só pela sua razão, mas tomando posse de todo o seu ser. O
Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem «hoje ainda, como nos inícios da
Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir
por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar».
[119]

A leitura espiritual

537. Há uma modalidade concreta para escutarmos aquilo que o Senhor nos
quer dizer na sua Palavra e nos deixarmos transformar pelo Espírito:
designamo-la por «lectio divina». Consiste na leitura da Palavra de Deus num
tempo de oração, para lhe permitir que nos ilumine e renove. Esta leitura orante
da Bíblia não está separada do estudo que o pregador realiza para individuar a
mensagem central do texto; antes pelo contrário, é dela que deve partir para
procurar descobrir aquilo que essa mesma mensagem tem a dizer à sua própria
vida. A leitura espiritual dum texto deve partir do seu sentido literal. Caso
contrário, uma pessoa facilmente fará o texto dizer o que lhe convém, o que
serve para confirmar as suas próprias decisões, o que se adapta aos seus
próprios esquemas mentais. E isto seria, em última análise, usar o sagrado para
proveito próprio e passar esta confusão para o povo de Deus. Nunca devemos
esquecer-nos de que, por vezes, «também Satanás se disfarça em anjo de luz»
(2 Cor 11, 14).
538. Na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, é bom perguntar-
se, por exemplo: «Senhor, a mim que me diz este texto? Com esta mensagem,
que quereis mudar na minha vida? Que é que me dá fastídio neste texto?
Porque é que isto não me interessa?»; ou então: «De que gosto? Em que me
estimula esta Palavra? Que me atrai? E porque me atrai?». Quando se procura
ouvir o Senhor, é normal ter tentações. Uma delas é simplesmente sentir-se
chateado e acabrunhado e dar tudo por encerrado; outra tentação muito comum
é começar a pensar naquilo que o texto diz aos outros, para evitar de o aplicar à
própria vida. Acontece também começar a procurar desculpas, que nos
permitam diluir a mensagem específica do texto. Outras vezes pensamos que
Deus nos exige uma decisão demasiado grande, que ainda não estamos em
condições de tomar. Isto leva muitas pessoas a perderem a alegria do encontro
com a Palavra, mas isso significaria esquecer que ninguém é mais paciente do
que Deus Pai, ninguém compreende e sabe esperar como Ele. Deus convida
sempre a dar um passo mais, mas não exige uma resposta completa, se ainda
não percorremos o caminho que a torna possível. Apenas quer que olhemos
com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos
seus olhos, que estejamos dispostos a continuar a crescer, e peçamos a Ele o
que ainda não podemos conseguir.

À escuta do povo

539. O pregador deve também pôr-se à escuta do povo, para descobrir aquilo
que os fiéis precisam de ouvir. Um pregador é um contemplativo da Palavra e
também um contemplativo do povo. Desta forma, descobre «as aspirações, as
riquezas e as limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o
mundo, que caracterizam este ou aquele aglomerado humano», prestando
atenção «ao povo concreto com os seus sinais e símbolos e respondendo aos
problemas que apresenta».[120] Trata-se de relacionar a mensagem do texto
bíblico com uma situação humana, com algo que as pessoas vivem, com uma
experiência que precisa da luz da Palavra. Esta preocupação não é ditada por
uma atitude oportunista ou diplomática, mas é profundamente religiosa e
pastoral. No fundo, é uma «sensibilidade espiritual para saber ler nos
acontecimentos a mensagem de Deus»,[121] e isto é muito mais do que
encontrar algo interessante para dizer. Procura-se descobrir «o que o Senhor
tem a dizer nessas circunstâncias».[122] Então a preparação da pregação
transforma-se num exercício de discernimento evangélico, no qual se procura
reconhecer – à luz do Espírito – «um “apelo” que Deus faz ressoar na própria
situação histórica: também nele e através dele, Deus chama o crente».[123]
540. Nesta busca, é possível recorrer apenas a alguma experiência humana
frequente, como, por exemplo, a alegria dum reencontro, as desilusões, o medo
da solidão, a compaixão pela dor alheia, a incerteza perante o futuro, a
preocupação com um ser querido, etc.; mas faz falta intensificar a sensibilidade
para se reconhecer o que isso realmente tem a ver com a vida das pessoas.
Recordemos que nunca se deve responder a perguntas que ninguém se põe,
nem convém fazer a crónica da actualidade para despertar interesse; para isso,
já existem os programas televisivos. Em todo o caso, é possível partir de algum
facto para que a Palavra possa repercutir fortemente no seu apelo à conversão,
à adoração, a atitudes concretas de fraternidade e serviço, etc., porque
acontece, às vezes, que algumas pessoas gostam de ouvir comentários sobre a
realidade na pregação, mas nem por isso se deixam interpelar pessoalmente.

Recursos pedagógicos

541. Alguns acreditam que podem ser bons pregadores por saber o que
devem dizer, mas descuidam o como, a forma concreta de desenvolver uma
pregação. Zangam-se quando os outros não os ouvem ou não os apreciam,
mas talvez não se tenham empenhado por encontrar a forma adequada de
apresentar a mensagem. Lembremo-nos de que «a evidente importância do
conteúdo da evangelização não deve esconder a importância dos métodos e
dos meios da mesma evangelização».[124] A preocupação com a forma de
pregar também é uma atitude profundamente espiritual. É responder ao amor de
Deus, entregando-nos com todas as nossas capacidades e criatividade à
missão que Ele nos confia; mas também é um exímio exercício de amor ao
próximo, porque não queremos oferecer aos outros algo de má qualidade. Na
Bíblia, por exemplo, aparece a recomendação para se preparar a pregação de
modo a garantir uma apropriada extensão: «Sê conciso no teu falar: muitas
coisas em poucas palavras» (Sir 32, 8).
542. Apenas, para exemplificar, recordemos alguns recursos práticos que
podem enriquecer uma pregação e torná-la mais atraente. Um dos esforços
mais necessários é aprender a usar imagens na pregação, isto é, a falar por
imagens. Às vezes usam-se exemplos para tornar mais compreensível algo que
se quer explicar, mas estes exemplos frequentemente dirigem-se apenas ao
entendimento, enquanto as imagens ajudam a apreciar e acolher a mensagem
que se quer transmitir. Uma imagem fascinante faz com que se sinta a
mensagem como algo familiar, próximo, possível, relacionado com a própria
vida. Uma imagem apropriada pode levar a saborear a mensagem que se quer
transmitir, desperta um desejo e motiva a vontade na direcção do Evangelho.
Uma boa homilia, como me dizia um antigo professor, deve conter «uma ideia,
um sentimento, uma imagem».
543. Já dizia Paulo VI que os fiéis «esperam muito desta pregação e dela
poderão tirar fruto, contanto que ela seja simples, clara, directa, adaptada».[125]
A simplicidade tem a ver com a linguagem utilizada. Deve ser linguagem que os
destinatários compreendam, para não correr o risco de falar ao vento. Acontece
frequentemente que os pregadores usam palavras que aprenderam nos seus
estudos e em certos ambientes, mas que não fazem parte da linguagem comum
das pessoas que os ouvem. Há palavras próprias da teologia ou da catequese,
cujo significado não é compreensível para a maioria dos cristãos. O maior risco
dum pregador é habituar-se à sua própria linguagem e pensar que todos os
outros a usam e compreendem espontaneamente. Se se quer adaptar à
linguagem dos outros, para poder chegar até eles com a Palavra, deve-se
escutar muito, é preciso partilhar a vida das pessoas e prestar-lhes benévola
atenção. A simplicidade e a clareza são duas coisas diferentes. A linguagem
pode ser muito simples, mas pouco clara a pregação. Pode-se tornar
incompreensível pela desordem, pela sua falta de lógica, ou porque trata vários
temas ao mesmo tempo. Por isso, outro cuidado necessário é procurar que a
pregação tenha unidade temática, uma ordem clara e ligação entre as frases, de
modo que as pessoas possam facilmente seguir o pregador e captar a lógica do
que lhes diz.
544. Outra característica é a linguagem positiva. Não diz tanto o que não se
deve fazer, como sobretudo propõe o que podemos fazer melhor. E, se aponta
algo negativo, sempre procura mostrar também um valor positivo que atraia,
para não se ficar pela queixa, o lamento, a crítica ou o remorso. Além disso,
uma pregação positiva oferece sempre esperança, orienta para o futuro, não
nos deixa prisioneiros da negatividade. Como é bom que sacerdotes, diáconos
e leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos, os recursos que
tornem mais atraente a pregação!
545. Os dados seguintes até o final deste capítulo são sugestões aos
Ministros da Palavra: Em geral, uma homilia dura de sete a doze minutos, é de
se esperar que em ocasiões particulares isto se prolonge, mas não deveria
ultrapassar quinze-vinte minutos.
546. Se desejar, ela pode ser escrita ou contar com um esquema sintético
escrito da fala, estes podem ou não ser utilizados na homilia, mas não devem
ser percebidos como uma leitura
547. É preciso sempre ter os olhos para “ler”a assembleia, prestar atenção
aos sinais de distração e cansaço, a homilia não pode deixar de considerar a
tolerância da assembleia no quesito tempo e forma. A homilia é realizada em
pé, da cadeira, do próprio ambão ou de outro lugar conveniente. Terminada esta
pode-se observar um período de silêncio.
548. Não convém que o tom da voz seja uniforme sempre, isso torna
monótono o ritmo da comunicação. É preferível que se varie de tom, adaptando-
se ao pensamento que se está a exprimir; as ideias centrais podem ser num
tom mais vívido e com as necessárias pausas a fim de se descer
gradativamente. A conclusão deve ter um pico alto e terminar num tom baixo.
549. As palavras devem ser claras e bem pronunciadas, deve ser verificado
sempre o microfone antes de ser utilizado a fim de se dosar o volume da voz.

Capítulo 12 - Alguns materiais e objetos para a celebração


eucarística

550. ÁGUA: Tem um grande significado na vida e na Liturgia. É símbolo de


vida nova, purificação, renascimento. É usada na celebração eucarística:
a. para aspergir o povo no Ato Penitencial, recordando aos presentes os
compromissos batismais;
b. para simbolizar a união da natureza humana com a natureza divina em
que se colocam algumas gotas no cálice com vinho, durante a
apresentação das oferendas;
c. para purificar as mãos do presidente da celebração;
d. para purificar os vasos sagrados, após a comunhão.
551. ASPERSÓRIO: É um instrumento longo que conserva água benta para
a aspersão sobre os fiéis ou objetos. Geralmente é de metal. Numa das
extremidades, há uma cabeça com rosca e furos que permite a passagem da
água benta.
552. CALDEIRA E HISSOPE: É usado para a aspersão de água benta
durante as bênçãos. Entretanto, ele difere do aspersório por não conservar
fechada a água benta no seu recipiente.
553. CÁLICE: Recipiente digno e decoroso em que se deposita o vinho que
vai ser consagrado. O cálice é uma espécie de taça, em geral feito de metal e
artisticamente trabalhado. Segundo as recentes orientações litúrgicas, o
material do cáli-
554. ce e dos outros vasos sagrados não só deve ser impermeável como determina
o Código de Direito Canônico, mas também inquebrável279. Os cálices e outros
vasos sejam abençoados segundo o Ritual Romano das Bênçãos. “Não se
usem em nenhum caso canecas, (...) ou outras vasilhas não integralmente
correspondentes às normas estabelecidas”.280
555. CIBÓRIO ou ÂMBULA: É o recipiente onde se guarda o pão
eucarístico. É semelhante à forma de um cálice, mas fechado com uma tampa.
Em geral, as âmbulas são de metal como o cálice. O importante é que o
material seja nobre e inquebrável. Após a comunhão, a âmbula com as
partículas consagradas é guardada no tabernáculo (sacrário).
556. CÍRIO PASCAL: É uma vela grande com várias inscrições, abençoada
na noite da Vigília Pascal, e simboliza a presença do Ressuscitado, Luz do
mundo, no meio da comunidade. O Círio permanece durante todo o tempo
pascal ao lado do ambão. Nos outros dias do ano, ele é colocado num lugar de
honra no batistério ou junto à pia batismal. O Círio Pascal é usado no rito do
Batismo, nos rituais de exéquias (quando for na igreja), na Comemoração dos
Fiéis defuntos e na Profissão de Fé dos que recebem a 1ª comunhão e a
Confirmação. Cada Páscoa exige um novo Círio, por isso proíbe-se
expressamente a reutilização dos círios pela coerência do simbolismo e das
orações litúrgicas281. Não é permitido fabricar Círios Pascais com elementos que não
são de parafina ou de cera, por exemplo: tubos plásticos (PVC), tubos de madeira,...

557. CORPORAL: Chama-se “corporal” porque sobre ele se coloca o Corpo


e Sangue do Senhor. É uma espécie de toalha quadrada (mais ou menos 50cm
x 50cm) que se desdobra em três partes e nos dois sentidos, no centro do
altar. É confeccionado de linho branco, normalmente com uma cruz bordada ou
pintada no centro. O corporal recorda o Santo Sudário, o lençol branco no qual,
José de Arimatéia, segundo a tradição, envolveu o corpo de Cristo após a descida
da cruz para o sepultamento282. Sua função é de recolher os fragmentos do pão ou
gotas de vinho consagrados, caso estes venham a cair dos vasos sagrados. Não é
permitido estender o corporal sobre o altar lançando-o para o ar como uma toalha de
mesa, pois pode conter fragmentos da Eucaristia.
558. GALHETAS: São duas jarrinhas, em geral de vidro, nas quais se
colocam o vinho e a água, e são apresentadas pelos fiéis ao sacerdote nas
oferendas da missa.
279
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 117.
280
Idem, n. 106.
281
“Cera virgem de abelha generosa...” (do texto da proclamação da Páscoa).
282
Cf. Jo 19,40.
559. INCENSO: É uma resina aromática extraída de várias espécies de
árvores. O uso do incenso é muito comum no culto judaico e foi herdado pela
Liturgia Cristã. “A turificação ou incensação exprime a reverência e a oração,
como é significada na Sagrada Escritura (cf. Sl 140, 2; Ap 8,3). O incenso pode
ser usado facultativamente em qualquer forma de missa:
a. durante a procissão de entrada;
b. no início da missa, para incensar a cruz e o altar;
c. à procissão e à proclamação do Evangelho;
d. depostos o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oferendas, a
cruz e o altar, bem como o sacerdote e o povo;
283
e. à apresentação da hóstia e do cálice, após a consagração.”
f. “Ao colocar o incenso no turíbulo, o sacerdote o abençoa com o sinal da
cruz, sem nada dizer. Antes e depois da turificação faz-se inclinação
profunda à pessoa376 ou à coisa que é incensada, com exceção do altar
e das oferendas para o sacrifício da missa.
g. Quando são incensadas pessoas, como o sacerdote e a assembléia após a
Apresentação das Oferendas, quem é incensado não realiza a inclinação de
reverência, mas somente aquele que incensa reverenciando-o. A inclinação não é um
cumprimento a realizar, mas uma manifestação de fé sobre o Mistério presente
naquela pessoa.
h. São incensados com três ductos do turíbulo: o Santíssimo Sacramento,
as relíquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas para
veneração pública, as oferendas para o sacrifício da missa, a cruz do
altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.
i. Com dois ductos são incensadas as relíquias e as imagens dos Santos
expostas à veneração pública, mas somente uma vez no início da
celebração, após a incensação do altar. O altar é incensado, cada vez
com um só icto, da seguinte maneira:
j. se o altar estiver separado da parede, o sacerdote o incensa, andando
ao seu redor;
k. se, contudo, o altar não estiver separado da parede, o sacerdote,
caminhando, incensa primeiro a parte direita do altar, depois a parte
esquerda.
l. Se a cruz estiver sobre o altar ou junto dele, é turificado antes da
incensação do altar; caso contrário, quando o sacerdote passa diante
dele.
m. As oferendas são incensadas pelo sacerdote com três ductos do
turíbulo, antes da incensação da cruz e do altar, ou traçando com o
turíbulo o sinal da cruz sobre as oferendas.” 284
560. JARRO COM ÁGUA E BACIA PARA O LAVABO: O presidente da
celebração, após apresentar as oferendas, lava as suas mãos como sinal de
purificação e de humildade diante do grande Mistério que irá ocorrer com a
consagração, sem mérito de sua parte. Seria mais conveniente utilizar um jarro
com água e uma bacia para realizar o gesto de lavar as mãos, e não somente
molhar os dedos. O gesto de lavar as mãos na celebração eucarística é
exclusivo do presidente da celebração, de modo que os diáconos,
concelebrantes, ministros extraordinários da sagrada comunhão,... devem lavar
as suas mãos na sacristia antes de iniciar a celebração.
561. LEGIO: É o suporte para o missal. Hoje se usa mais uma pequena
almofada confeccionada para esta finalidade. O legio contribui para a
visibilidade dos textos e, conseqüentemente, para uma melhor proclamação
das orações realizada pelo sacerdote. O legio deve ser utilizado quando
houver necessidade.
283
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 276.
284
Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 277.
562. MANUSTÉRGIO: Do latim “manus”, que quer dizer mãos. É uma toalha
branca com a qual o sacerdote enxuga as mãos após o lavabo.
563. NAVETA: Pequeno vaso de metal, geralmente em forma de navio, que
contém grãos de incenso para serem depositados sobre as brasas
incandescentes do turíbulo para as incensações.
564. OSTENSÓRIO ou CUSTÓDIA: É o objeto para a exposição solene e
procissão do Santíssimo Sacramento. É formado por uma haste de suporte e
um recipiente transparente, de forma circular, que expõe a Eucaristia para a
adoração. Em geral, o ostensório é moldado segundo a imagem do sol
fulgurante ou de uma igreja que traz no seu centro a Eucaristia.
565. PALA: É uma palavra que vem do latim “palliare” (= cobrir, esconder). É
uma peça quadrada e dura, revestida de linho branco e normalmente bem
ornamentada com desenhos bordados ou pintados. Serve para cobrir o cálice
com o vinho durante a apresentação das oferendas até a comunhão.
566. PÃO: É o pão utilizado para a consagração que nós comumente
chamamos de hóstia ou partícula. Ultimamente, a Igreja incentiva que se utilize
o termo ‘pão’ para expressar que a Eucaristia é um alimento. Cuide-se com a
consistência de certas ‘hóstias’ que são muito pequenas e finas, não
demonstrando o que sacramentalmente são. Este pão é feito de farinha de
trigo puro e água, sem fermento e sem sal. Recomenda-se que a hóstia maior,
usada pelo presidente da celebração, seja grande o suficiente por duas razões:
a. para uma melhor visualização do povo durante a sua apresentação após
a consagração, na doxologia do “Por Cristo, com Cristo,...” e antes da
comunhão quando diz: “Eis o Cordeiro de Deus...”;
b. para que seja fracionado e distribuído pelo menos a alguns dos fiéis, e
sugerir que aquele pão não é exclusivo para o sacerdote. Lembre-se que
no início da Igreja, se partia um único pão do qual todos comungavam, e
deste gesto derivou um dos nomes da Eucaristia: ‘a fração do pão’.285

567. PATENA: É uma espécie de “pratinho” em que se coloca a hóstia maior


usada pelo presidente da celebração. Recomenda-se que a patena seja grande
o suficiente para conter mais partículas, para dar a conotação que a patena não
é exclusiva do padre. Também os coroinhas, de acordo com as últimas instruções
litúrgicas286, usam patenas no momento da distribuição da comunhão.
568. SANGÜÍNEO ou PURIFICATÓRIO: As duas primeiras palavras provêm
do termo “de sangue” porque toca no sangue de Cristo. Tem a forma de uma
toalhinha comprida de cor branca, semelhante a um lenço dobrado duas vezes
ao longo. Coloca-se sobre o cálice, ficando as pontas caídas para os dois lados.
Serve para purificar o cálice, a patena e os cibórios no final da celebração, ou
após a comunhão. Por isso, pede-se que o tecido da confecção do sanguíneo
tenha a propriedade de enxugar verdadeiramente os vasos sagrados (evitar
os tecidos sintéticos). O sangüíneo é também utilizado para enxugar a borda do
cálice287, quando se comunga bebendo o Sangue do Senhor. Por questão de higiene, o
sangüíneo não deve ser usado para enxugar os lábios dos comungantes já que o seu
uso é comunitário.
569. TECA ou PÍXIDE: É uma âmbula de menor tamanho, parecido como um
invólucro ou estojo, utilizado no transporte da Eucaristia aos doentes e idosos.
Normalmente, a teca é inserida numa pequena bolsa com um laço que se
coloca por sobre a cabeça, de forma que a Eucaristia fique na altura do coração
do ministro, lembrando o testemunho do martírio do diácono São Tarcísio (+
25/agosto/257). Esta bolsa também deve conter um sangüíneo para a
285
Cf. At 2,42.
286
Cf. Instrução Redemptionis Sacramentum, n. 93; cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 118.
287
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, 246a.
purificação da teca.
570. TURÍBULO: É um recipiente de metal, preso a correntes, para as
incensações.
571. VINHO: Deve ser vinho puro, de uva288, sem adição de qualquer mistura
ou conservantes. Deve ser bem armazenado para não azedar. Não se trata da
bebida ‘do padre’, como muitos dizem. A Igreja diz que a comunhão realiza
mais plenamente o seu aspecto de sinal quando distribuída sob duas
espécies289. Quando, por motivos de saúde, o sacerdote não pode ingerir bebidas
alcoólicas, observe-se a seguinte recomendação canônica: “A Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé concede, em caso de necessidade, indulto para poder celebrar a
missa com mosto, quer dizer, com suco de uvas sem fermentar.”290

As vestes litúrgicas
AS VESTES SAGRADAS – PARAMENTOS

572. As vestes querem nos dar o sentido de revestir-se de Cristo, de sua autoridade,
dos seus serviço. O cristão procura imitar o Cristo, seu divido modelo. As vestes
litúrgicas são sinais da graça santificante proveniente do Batismo e destacam a
presença misteriosa de Cristo na pessoa dos ministros. Além disso, diferenciam
os ministérios ordenado e instituídos, e as funções de cada um na celebração.
573. Vestes, paramentos ou hábitos vem do termo latino habitus e designam as
disposições morais da pessoa e a sua atitude exterior. A veste é sinal primeiro para
quem a porta.
574. Na Igreja, Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham as mesmas
funções. Esta diversidade de funções na celebração da Eucaristia é significada
externamente pela diversidade das vestes sagradas, as quais, por isso, são sinal
distintivo da função própria de cada ministro. Convém, entretanto, que tais vestes
contribuam também para o decoro da ação sagrada. As vestes usadas pelos
sacerdotes e diáconos assim como pelos ministros leigos sejam oportunamente
benzidas [135] (335).
575. Nesta questão é de muita importância observar que: “Convém que a beleza e
nobreza de cada vestimenta decorram não tanto da multiplicidade de ornatos, mas do
material usado e da forma” (IGMR 344). Segundo o espírito do Vaticano II, quanto aos
paramentos, recomenda-se “a elegante beleza e simplicidade”. Os paramentos com
excesso de enfeites e detalhes são inconvenientes e impróprios principalmente se são
luxuosos. Quando à forma das vestes litúrgicas ficam à determinação das Conferencias
Episcopais frente à Santa Sé de adaptar conforme necessidades e costumes regionais.
576. Como um dos elementos visuais mais simples e eficazes, a cor tem como
finalidade ajudar a celebrar melhor a nossa fé, a leitura simbólica das cores litúrgicas
ajuda-nos a celebrar melhor (cf. IGMR n. 307)
577. A beleza da liturgia pertence ao Mistério, é expressão excelsa da glória de
Deus. “A beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento
constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. “Nós participamos
na liturgia celeste, sim, mas esta participação é-nos transmitida através dos sinais
terrestres, indicados pelo Salvador como o espaço de sua realidade (...) A teologia da
liturgia é, de um modo particular, uma teologia simbólica, uma teologia de símbolos que
nos ligam ao mistério oculto e ao presente” (Card. Ratzinger in Introdução ao espírito
da Liturgia, p 460).
578. Os presbíteros devem se revestir com as vestes sagradas (cf. IGMR n 114),
usa-se esta expressão para dizer que as vestes não são simples paramentos ou vestes
litúrgicas, mas devem comunicar o sagrado. São usadas não somente para revestir o
corpo durante a celebração, mas para comunicar uma mensagem: despir-se do homem
velho e revestir-se do homem novo (cf Ef 4,24). As vestes sagradas devem expressar

288
Cf. Lc 22,18.
289
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 281.
290
Código de Direito Canônico, nota de rodapé referente ao cân. 924.
esta realidade acima de modismos e exageros que passam.
579. A dignidade do presbítero, que preside “in persona Christi”, é manifestada pelos
paramentos litúrgicos: a alva (ou túnica), o cíngulo, a estola e a casula da cor própria
que são obrigatórias para o celebrante principal, aos concelebrantes indica-se os
mesmos paramentos que para o presidente, mas as casulas sejam mais simples.
Diante da impossibilidade de casulas para todos permite-se o uso da alva, cíngulo e
estola.
580. As paróquias, casas religiosas e seminários, tenham a casula nas quatro cores
litúrgicas, conservadas com zelo e limpeza, além das casulas de propriedade particular
dos padres que as servem.
581. A CNBB, na XI Assembléia Geral de 1971, aprovou-se a substituição do conjunto alva e
casula por uma túnica ampla de cor branca ou neutra, (“túnica morcegão”) com a estola
da cor do tempo ou da festa litúrgica do dia (cf. Guia litúrgico-pastoral da CNBB p. 111)
para celebrações fora da Igreja. Esta aprovação foi referendada pela Santa Sé no
mesmo ano em caráter provisório.

582. AMITO: do latim “amictus” (manto – revestir-se). Simboliza a proteção


divina, se revestir de Cristo e de sua pureza. É uma peça de linho branco com
duas tiras e uma cruz bordada no centro, com o qual o sacerdote envolve os
ombros, antes de colocar a alva. Hoje é bem pouco usado. É uma peça de
linho branco com duas tiras e uma cruz bordada no centro, com o qual o
sacerdote envolve os ombros, antes de colocar a alva.
583. ALVA: veste talar de pano branco que é colocada sobre o amito e é
presa à altura da cintura pelo cíngulo. No Brasil, geralmente é substituída pela
túnica. Túnica branca, geralmente de linho, que simboliza a pureza de coração
com que o sacerdote deve se aproximar do altar. Sentido espiritual: candura
virginal, incorruptibilidade da doutrina, virtude da perfeição e imagem da boa
fé.
584. BÁCULO: do latim “baculum” (= bastão). Bastão com a extremidade
superior arqueada, usado pelos bispos e abades, e simboliza o poder pastoral.
O Papa usa a Férula, um báculo encimado por uma cruz de braços iguais.
585. BALDAQUINO: é uma espécie de tenda, levada por acólitos, que cobre e
acompanha o Santíssimo Sacramento durante a procissão.
586. CAPA PLUVIAL, CAPA MAGNA ou CAPA DE ASPERGES: do latim:
“pluvius”, quer dizer “de chuva”. É uma capa comprida, sem pregas,
acolchetada e aberta na frente, caindo pelos ombros quase até o chão. É usada
em procissões solenes e bênçãos solenes do Santíssimo e em outras
celebrações solenes que não sejam a missa. Deve ser usado sobre a alva ou a
sobrepeliz.
587. CASULA: é uma veste sacerdotal solene usada somente nas missas.
Alegoricamente significa o suave jugo do Senhor e simboliza a cruz que Cristo
levou ao Calvário. A casula é colocada sobre a túnica e a estola, cobrindo
quase todo o corpo, e acompanha as cores do tempo litúrgico. Vestimenta usada
sobre a alva e a estola seguindo a cor litúrgica do dia. É diminuitivo de tenda, casa;
simboliza a casa ou tenda de Deus... teto de Jesus operando com o Espírito.
Simboliza o jogo suave da lei de Cristo e da caridade, jugo que o sacerdote deve
levar e ensinar aos demais a levar.
588. CÍNGULO: cordão com que o sacerdote sustenta e prende a alva ou a túnica à
altura da cintura. O cíngulo é símbolo da vigilância. Lembra o conselho de
cingir os rins como presteza para o trabalho, estar em alerta e cingir o ministro
com os padres dos conselhos evangélicos
589. DALMÁTICA: Túnica comprida com mangas curtas e largas, posta sobre a alva e a
estola. É a veste própria do diácono, podendo ser usada também pelo bispo ou abade,
debaixo da casula, seguindo a cor litúrgica. Acompanha as cores do tempo
litúrgico.
590. ESTOLA: é uma faixa, separada da túnica, a qual desce dos ombros do
ordenado, com duas pontas. Para os sacerdotes, a estola desce dos ombros
verticalmente, simbolizando o ministério de mediação entre o Céu e a Terra.
Para os diáconos, a estola desce do ombro esquerdo, presa no lado direito à
altura da cintura, simbolizando aquele que está a serviço, a exemplo de Jesus
que lavou os pés dos discípulos na última ceia. A estola traz cores diferentes
que variam de acordo com o tempo litúrgico que se celebra.
591. JALECO: casaco curto semelhante a uma jaqueta usado pelos ministros
extraordinários da sagrada comunhão, normalmente com um símbolo
eucarístico no bolso.
592. MITRA: barreto alto e cônico, fendido lateralmente na parte superior e
com duas faixas que caem sobre as costas. O papa, os cardeais, os
arcebispos, os bispos e os abades de mosteiros usam-na na cabeça em
solenidades pontificais. Demonstra o poder espiritual ou dignidade pontifícia ou
episcopal.
593. PÁLIO: é uma insígnia usada pelos arcebispos, pelos cardeais e pelo
papa. É uma espécie de estola estreita, confeccionada de pura lã branca,
formando um círculo folgado em torno do pescoço. Possui dois
prolongamentos em ponta que descem pelo peito e pelas costas. O pálio tem
cinco cruzes bordadas com três cravos que simbolizam as cinco chagas e os três
pregos da cruz de Cristo. É tecido pelas monjas do Mosteiro de Santa Cecília, em
Roma, com a lã da primeira tosquia de um cordeiro jovem, à semelhança do cordeiro
da Páscoa, “macho, sem defeito, de um ano” (cf. Ex 12,5). Jesus, o Cordeiro de Deus
entregue pelo povo, é modelo para a oferta que o arcebispo há de fazer de sua vida
ao povo, em primeiro lugar, do mundo todo e depois, da sua arquidiocese. Os pálios
são abençoados pelo papa no dia 29 de junho e, enquanto não entregues, permane-
cem guardados junto ao túmulo do apóstolo Pedro.
594. SOBREPELIZ: do latim, “superpelis”, isto é, “sobre a pele”. É uma veste
litúrgica de algodão ou de linho, branca e curta para ser usada sobre a batina ou
hábito religioso, substituindo a alva na administração dos sacramentos,
procissões e outras funções religiosas.
595. SOLIDÉU: do latim, “soli” + “Deo” (= somente a Deus). Pequeno barrete,
em forma de calota, ou espécie de pequenina touca que cobre o alto da cabeça.
Usam-no: o Papa (solidéu branco); os cardeais (solidéu vermelho); os bispos
(solidéu lilás ou roxo); alguns padres e religiosos os usam na cor preta ou
marrom, dependendo da cor do hábito e considerando como parte integrante do
mesmo.
596. TÚNICA: manto branco longo que cobre todo o corpo, lembrando a
túnica de Jesus “sem costura de alto a baixo”, sobre a qual os soldados tiraram
sorte para ver a quem caberia291.
597. VÉU UMERAL: do latim “umerus”, quer dizer “ombro”. Possui estreita
relação com o ato de cobrir o Sagrado como se faz com a Torah na sinagoga.
Há os seguintes véus umerais:
598. Véu para as procissões e bênçãos do Santíssimo: utilizado pelo
sacerdote ou diácono no transporte do Ostensório com o Santíssimo;
599. Vimpa: que é usada para segurar o báculo e a mitra nas funções litúrgicas
pontificais.

OUTROS VÉUS:

600. Véu do sacrário: tecido geralmente de seda, delicado e artístico, que se


assemelha a uma cortina colocada na frente da porta do tabernáculo, caso
291
Cf. Jo 19,23-24.
este o requeira. Deve ser branco ou dourado, cores que simbolizam a realeza
e a divindade de Cristo;
601. Véu da âmbula: espécie de capinha branca que envolve a âmbula ou
cibório que contém hóstias consagradas. Sua cor é branca ou dourada como
expressão do respeito a Jesus Eucarístico;
602. Véu do cálice: convém, antes da missa, que se prepare o cálice na credência,
cobrindo-o com um véu que pode ser da cor do dia ou branca.292

Livros Litúrgicos

EVANGELIÁRIO293: livro que contém os textos dos Evangelhos para a missa.


603.
Tradicionalmente possui dimensões maiores que um Lecionário e é um livro
que merece reverência.
604. LECIONÁRIO: do latim “lectio”, que quer dizer “lição” ou “leitura”. É o
livro que contém todas as leituras bíblicas para uma celebração eucarística.
Para o manuseio e as estruturas do Lecionário, ver o 5º capítulo deste diretório
que trata sobre os leitores.
605. MISSAL ROMANO: é o livro utilizado pelo sacerdote que contém todas
as partes fixas da missa, como: ritual da missa, orações, prefácios,... exceto as
leituras bíblicas. É sempre preferível usar o missal, no lugar de folheto. O missal
é confeccionado e editado de tal modo que as orações sejam nítidas e
proclamadas fluentemente.

Ministros auxiliares para uma celebração solene

606. CERIMONIÁRIO: prepara e orienta as cerimônias para que a Liturgia


seja devidamente organizada e realizada com decoro, ordem e piedade.
607. LIBRÍFERO: sustenta o Missal Romano para o presidente da celebração.
608. CRUCIFERÁRIO: conduz a cruz processional nas procissões.
609. CEROFERÁRIO: leva os castiçais com as velas nas procissões.
610. BACULÍFERO: encarrega-se do báculo do bispo.
611. MITRÍFERO: encarrega-se da mitra do bispo.
612. TURIFERÁRIO: leva o turíbulo e o apresenta ao ministro ordenado para
a incensação.
613. NAVETEIRO: leva a naveta contendo o incenso, e sempre acompanha o
turiferário

292
Cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 118.
293
O Papa João Paulo II havia pedido a publicação do Livro dos Evangelhos para o Grande Jubileu
do ano 2000. Eis um trecho do seu discurso na apresentação da 1ª cópia da edição do Evangeliário
em língua latina (15 de dezembro de 2000), n.2: “Expresso-vos o profundo apreço por terdes deseja-
do realizar um texto tão precioso no seu feitio, destinado à proclamação do Evangelho do Senhor em
circunstâncias de singular relevo durante o ano litúrgico. Conforme o antigo costume da tradição litúr-
gica oriental e ocidental, e segundo o conteúdo do Ordo Lectionum Missae, reunistes num só livro as
leituras evangélicas relativas às várias solenidades e festividades, dispostas à maneira da ordem
litúrgica”.
Conclusão - Lex Orandi, Lex Credenti

“A Lei da Oração é a Lei da Fé!” Esse artigo de fé nos ensina que aquilo que
nós rezamos, torna-se aquilo que cremos. Se rezamos bem, cremos bem! Portanto,
a Liturgia é um poderoso instrumento da Igreja para manter a fidelidade da Fé
transmitida desde o tempo dos Apóstolos.
Por isso, nenhum rito celebrativo, principalmente o da Eucaristia, seja
modificado ou manipulado por um ministro ou por alguma comunidade. A Liturgia
não é uma propriedade privada, mas é um bem que promove a unidade de toda a
Igreja e é demasiadamente grande para ficar à mercê do livre arbítrio.294
Quando a Igreja celebra a Liturgia, ela não celebra “qualquer coisa”, mas
Alguém: o próprio Senhor Jesus Cristo Ressuscitado e Glorioso. A Igreja não celebra
a unidade, mas o Cristo Ressuscitado que quer realizar a unidade dos membros do
seu Corpo; a Igreja não celebra as vocações, mas o Cristo Ressuscitado que chama
os batizados a trabalharem na edificação do mundo segundo a diversidade de dons
e carismas do Espírito Santo; a Igreja não celebra as Mães ou os Pais, mas o Cristo
Ressuscitado que concede para algumas mulheres e alguns homens a missão de
cooperarem na sua obra criadora e na educação da fé de seus filhos; a Igreja não
celebra a paz como ausência de violência, mas a ‘Paz’ que é o próprio Cristo
Ressuscitado. Poderíamos nos estender longamente, mas o que deve ficar bem
claro é que tudo na Liturgia sempre parte do Cristo Ressuscitado.
Cuidemos para que as celebrações eucarísticas manifestem a concretização
da Salvação de Cristo no hoje da nossa história através da escuta atenta da Palavra
e da comunhão do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Que as celebrações
eucarísticas não sejam exploradas e transformadas em espetáculos para promoção
pessoal ou de um grupo, em eventos partidários ou em missas revestidas de folclore
a título de uma inculturação artificial e vazia. Não se esvazie o significado profundo
do memorial de Cristo confiado à Igreja com celebrações que distorcem a
perspectiva da Páscoa.
Que todos os ministros litúrgicos, ordenados ou não, tornem-se cada vez mais
fiéis servidores dos sagrados Mistérios de Cristo. Que não sejam seduzidos pelo
individualismo, pelo sentimentalismo ou pelo modismo daquilo que se viu na
televisão, mas que possuam uma consistente formação e preparação segundo as
orientações oficiais da Igreja.
Certamente, alguns considerarão um exagero as citações contidas neste
diretório diocesano. Entretanto, lembremos o que diz o salmo 8 : “O perfeito culto
vos é dado pelos lábios dos pequeninos, de crianças que a mãe amamenta.” A
Liturgia é o culto da Igreja em Cristo, pelo Espírito Santo, ao Pai. A eficácia do culto
é garantida por Jesus, entretanto o presente Diretório quer incutir em cada agente
litúrgico a atitude das crianças que são nutridas pela Mãe Igreja através dos
ensinamentos dela.
Quanto mais obedientes somos às suas orientações, mais perfeita será a expressão do nosso
culto diante dos homens.
Enfim, celebremos com dignidade a Eucaristia segundo a Tradição da Fé e o Magistério da
Igreja, para edificarmos e dilatarmos os laços das comunidades cristãs no compromisso com a caridade
ensinada por Jesus na noite do cenáculo de Jerusalém.

294
Cf. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia , n. 52
Anexo I - Calendário da Diocese de Santo André

A Igreja particular de Santo André comemora, oficialmente, as seguintes datas,


a serem observadas em todas as paróquias de sua jurisdição:
 Criação e instalação da Diocese: 22 de julho de 1954
Por meio da bula Archidiocoesis Sancti Pauli, Pio XII desmembra os três municípios
que então compunham o Grande ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São
Caetano do Sul) da Arquidiocese de São Paulo, tornando-os uma nova circunscrição
eclesiástica, denominada Diocese de Santo André, inicialmente com 16 paróquias.
Esta ocasião pode comemorar-se com celebrações nas paróquias e comunidades,
mas preferencialmente na igreja catedral, sobretudo em anos jubilares ou significativos
para a história da Diocese.
 Dedicação da Catedral: 22 de agosto de 1958
Celebrar a consagração de um templo católico assume importância a partir do
pressuposto que ele representa o “povo santo, reunido na unidade que procede da
unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Daí chamar-se este templo de igreja,
dado que ele é a imagem da “Igreja, o templo de Deus edificado de pedras vivas, no
qual o Pai é adorado em Espírito e em verdade.” (PR, II, 1)
A igreja Catedral é o primeiro entre os templos de uma diocese e também “o centro
de sua vida litúrgica” (CB, 44), uma vez que nela está a cátedra (cadeira) onde
tradicionalmente o bispo se senta, em atitude magisterial, para exercer seu múnus
pastoral de ensinar, santificar e governar. Por sua vez, este edifício sagrado é “sinal de
unidade dos crentes naquela fé que o Bispo anuncia como pastor do rebanho.” (CB,
42)
A Catedral N. Sa. do Carmo foi solenemente dedicada pelo arcebispo D. Jaime de
Barros Cardeal Câmara, quatro anos após a instalação da Diocese, aos 22 de agosto
de 1958. No altar, como pede o rito, foram depositadas relíquias de São Sebastião e
Santa Maria Goretti.
É a combinação de ambos os fatores que torna preponderante a celebração anual
do aniversário de dedicação que, na Catedral N. Sª do Carmo, assume caráter de
solenidade, ao passo que nas demais paróquias e comunidades da Diocese, é
celebrada no grau de festa, a menos que a data tenha sido transferida em determinado
ano, quando a festa é omitida nas paróquias e comunidades (DL, 2015, p.37).
 Santo André, Padroeiro da Diocese: 30 de novembro
Nascido em Betsaida (povoação extinta próxima a Cafarnaum), foi inicialmente
discípulo do Batista; ao seguir Cristo, levou-lhe também o irmão mais novo Pedro. É
ele que apresenta os gregos a Jesus e apresenta-lhe o menino com os cinco pães e os
dois peixes. Tendo evangelizado diferentes regiões, foi crucificado em formato de “X”
na Acaia, na atual Grécia. Segundo a tradição, foi este apóstolo quem fundou a Igreja
em Constantinopla, na Turquia (LH, 1999, IV, p.1479).
Patrono é aquele sob o qual é colocada a proteção de alguém ou de algo. Por essa
razão, convém celebrar o titular de uma comunidade, paróquia, diocese ou instituto
religioso, não só em decorrência de sua intercessão, mas também de seu exemplo no
seguimento a Cristo. De certo modo, quem foi colocado sob o patrocínio de um santo é
chamado a tomá-lo como modelo.
Quanto mais se este santo patrono é um apóstolo, membro de um seleto grupo a
quem Jesus confiou preciosos ensinamentos e outorgou a missão de continuar sua
obra na qualidade de seus representantes diretos.
Assim, constitui-se um momento de júbilo para a Diocese de Santo André celebrar
anualmente seu padroeiro: na paróquia em que é titular, em nível de solenidade; na
diocese como um todo, em caráter de festa (DL, 2015, p.196).
 Aniversário de ordenação episcopal de Dom Pedro Carlos Cipollini: 12 de
outubro de 2010
Nascido em Caconde-SP, aos 4 de maio de 1952, D. Pedro foi ordenado na
Catedral de Campinas, nomeado inicialmente para a Diocese de Amparo-SP.
Transferido, aos 27 de maio de 2015, para a Diocese de Santo André.
Em todas as igrejas da Diocese, sobretudo na igreja catedral, comemore-se este
dia com a celebração da “Missa pelo Bispo” (CB, 1167), manifestando especial
gratidão a Deus pelo dom de um Pastor para guiar seu rebanho em direção à pátria
definitiva.
Anexo II - Check-lists para Missas
Ministérios na Liturgia

Data da Celebração Horário


Ministério Quantidade
Presbítero Se houver
mais de um
qual a função
de cada?6
Diácono Se houver
mais de um
qual a função
de cada?
Animador
1a Leitor Qual leitura?
Salmista Qual salmo?
a
2 Leitura (se houver) Qual leitura?
Evangelho Qual
Evangelho?
Oração Universal
(preces)
Coroinhas Funções de
cada um?

MECs Local que vai


distribuir
comunhão?
(elaborar um
mapa da Igreja
para indicar os
números)

Cerimoniários Funções de
cada um?

Música Litúrgica

Data da Celebração Horário


Nome do Ministério :
Momentos Cantado Qual música?
?
Entrada:
Ato Penitencial
Hino de Louvor (se
houver)
Salmo
Aclamação
Preparação dos dons
Respostas da Oração
Eucarística
Aclamação Memorial
Amém (doxologia)
Santo
Cordeiro
Comunhão
Dispersão
Algum outro canto?

 Note-se que o sinal da Cruz e o momento da paz não são cantados

Check-list itens para a Missa

Data da Celebração Horário


Alfaia Arrumado? Quantidade? Guardado?
Toalha Altar
Microfones
Velas (candelabros)
Crucifixo (sobre o altar
ou junto dele)
Missal
Lecionário
Evangeliário
Formulário da Oração
Universal
Folhetos (se houver)
Cálice
Patena
Âmbulas
Partículas
Galhetas (vinho e água)
Pala
Corporal
Sanguíneo (presidente)
Sanguíneo (MECs)
Manustérgio
Lavabo
Turíbulo
Naveta
Tochas
Cruz Processional
Campainha (sineta)
Asperge (se necessário)
Círio Pascal (se
necessário)
Outro:

Check-list Paramentos
Data da Celebração Horário Cor
Litúrgica
Paramentos Arrumado Quantidade? Guardado?
?
Presbítero (ou presbíteros no caso de concelebração)
Amito
Alva (ou túnica)
Cíngulo
Estola
Casula
Diácono (ou diáconos)
Amito
Alva (ou túnica)
Cíngulo
Estola
Dalmática
Animador
Leitores
1a Leitura
Salmista
2a Leitura (se houver)
Preces
Coroinhas
Túnicas
Sobrepelizes
Cerimoniários
Túnicas
Sobrepelizes
MECs
Opas

Escolha da Missa

Data da Celebração Horário


Missa a ser rezada: Qual?
Ferial, Memória,
Festa, Solenidade
Tempo Litúrgico
Orações do dia
Leituras
1a Leitura
Salmo
2a Leitura
Evangelho
Preces
Prefácio
Oração Eucarística
Benção Final

 Note-se que nas festas há o Hino de Louvor, nas Solenidades o Hino de Louvor e a
Profissão de Fé.

Podem ser feitos Check-lists para Celebrações específicas tais como as do Tríduo
Pascal, por exemplo:

Além dos Itens habituais para Celebração da Missa

Celebraçã Domingo de Data Horário


o Ramos
Itens Arrumado Quantidade Guardado
Ramos para Presidente
Ramos para Assembléia
Cruz Processional
adornada
Tochas
Asperge
Turíbulo
Naveta
Capa Magna (vermelha)
Leitores Narrativa da
Paixão
Estante para leituras (3)
Genuflexório

Além dos Itens habituais para Celebração da Missa


Celebraçã Ceia do Data Horário
o Senhor
Itens Quantidad Arrumado Guardado
e
Cruz Processional
Tochas
12 Apóstolos
Capela para Santíssimo
( para onde será levado ao final
da missa)
Sacrário Vazio
Âmbula para transladação
(nunca o Ostensório)
Partículas suficientes para
quinta-feira e sexta-feira
Sinos no Hino de Louvor
Jarra – Lava Pés
Toalha – Lava Pés
Sabonete
Gremial
Assentos – 12 Apóstolos
Turíbulo
Naveta
Véu Umeral
Matraca (se houver)
Genuflexório
Pálio ou Umbela
Velas (irão junto do Santíssimo)

Celebração Ato Litúrgico Data Horário 15h


da Paixão
Item Quantidade Arrumado Guardado
Tapete
Almofada
Cruz (adoração)
Véu vermelho (para
Cruz)
Tochas (acompanham
Cruz)
Véu umeral
Âmbula com reserva
Eucarística
Toalha para altar
Corporal
Sanguíneo
Genuflexório
Estantes para
Proclamação da
Paixão(3)

Além dos Itens habituais para Celebração da Missa


Celebraçã Vigília Pascal Data Horário
o
Itens Quantidad Arrumado Guardado
e
Cravos
Grãos de incenso
Estilete
Círio Pascal
Fogueira
Velas para Assembléia
Suporte Círio junto do
ambão
Vareta em chama para
acender o Círio
Lanternas para iluminar
textos
Sinos no Hino de Louvor
Brasas da Fogueira para o
Turíbulo
Microfones para junto da
fogueira
Se não houver Batismo
Caldeira para Aspersão
Se houver Batismo
Óleo dos Catecúmenos
Óleo do Crisma
Pia Batismal
Vela para Promessas
Batismais
Toalha
Anexo III - Missa com o Bispo

MISSA COM PADRE MISSA COM BISPO


Entrada: Entrada do Bispo: com Mitra e Báculo
1o Turíbulo e Naveta antes de entrar o turiferário e o naveteiro
vão até o PADRE ou ao BISPO p/colocar
2o Duas Velas e a Cruz no Meio incenso
3o Duas Velas (se houver)
o
4 Duas Velas (ou três com o bispo – se houver)
5o Coroinhas
o
6 Leitores
7o Ministros
o
8 Padres - Bispos
o
9 Baculífero, Mitrífero e Librífero
Presbitério: Ao chegar no altar
1o Turíbulo e Naveta aguardam no altar para incensar Tirar o BÁCULO e a MITRA do Bispo
Ao subir no presbitério - Para beijar e
2o Velas e a Cruz vão para o banco, a eles reservado incensar o Altar
o
3 Coroinhas vão para os seus lugares
Dar a MITRA p/o Bispo depois da oração-
5o Librífero abre o Missal na hora do OREMOS
OREMOS
Liturgia da palavra: com Mitra
Evangelho: Diacono ou o Padre pede a benção p/ o bispo
1o Entra na hora do CANTO Após, retirar a Mitra
Turiferário e naveteiro vão até o bispo ou
2o 2 Velas +Turíbulo + Naveta padre e se ajoelham para que se deite o
incenso e voltam com os ceroferários
Ceríferos vão para as laterais do Ambão com o naveteiro e Após o sinal da Cruz para o Evangelho:
3o
turiferário, após a incensação vão para frente do ambão Com Báculo
depois de Beijar o Livro tira o BÁCULO e
4o Evangelho
coloca MITRA
Homília: Com Mitra e (sem ou com Báculo
5o Homilia
DEPENDE Bispo)
Profissão de Fé Profissão de Fé sem Mitra e sem Báculo
Ofertório:
Após o ofertório coroinhas levam oblatas para o ALTAR
1o Cálice
2o Galhetas (água e vinho)
4o Incenso para o Padre ou Bispo incensar o ALTAR Após o padre ou o bispo incensar o altar. O
5o Jarra - Lavabo - Manustérgio para o Padre ou o Bispo diácono ou turiferário incensa-o(3x 2), se
houver
outros padres, incensa-os do mesmo
modo. A assembléia é incensada logo
após(3x 2)
Consagração:
após terminar a "Oração sobre as Oferendas" Início da Oração Eucarística: Tira o Solidéu
1o Entra no Canto do SANTO Se necessário o presbítero coloca o
2o Carrilhão + Turíbulo + Naveta (+ velas, se convir) incenso no turíbulo (sem abençoar)
3o Toca o sino na imposição das mãos Todos AJOELHAM
Padre ergue a hóstia, o turiferário incensa(3x2) enquanto os sinos
4o
batem até o padre abaixar a hóstia
5o Fazer o mesmo quando o cálice é levantado
Após responder "Eis o mistério da fé'' os acólitos voltam aos seus
6o
lugares
Comunhão:
Não constando mais eucaristia no altar
1o Após comunhão repõe-se a Eucaristia no Sacrário
colocar o SOLIDÉU
2o No oremos o librífero abre o missal para o padre
Saída: Antes de iniciar a benção o bispo coloca a MITRA
1o Ao iniciar a bênção final
BÁCULO é entregue após o “O Senhor
2o
esteja convosco’’
3o Todos fazem reverência e o presidente oscula o altar
Todos saem formando seus pares de Entrada Ministros, Padres,
5o Bispo metrífero e baculífero dão a volta e vão até a sacristia para
Bendizer ao Senhor
OBS: Sempre ao passar em frente do altar e/ou do Bispo, coroínhas e acólitos devem fazer uma reverência
profunda.
Anexo IV - Itinerário para a Lectio Divina

Preparativos:
a. Encontrar um lugar que favoreça a oração e o silêncio, livre de distrações
ou interrupções;
b. A posição do corpo influencia na meditação da Sagrada Escritura. Que o
orante sente-se cuidando dos seguintes detalhes: as plantas dos pés
fiquem totalmente em contato com o chão, as junções dos joelhos e da
cintura formem um ângulo de 90º, a cabeça levantada para favorecer uma
respiração calma e profunda, os braços descansando sobre as pernas;
c. Pôr-se na presença do Senhor, ficando um pouco em silêncio, e invocando
o auxílio do Espírito Santo para penetrar no conhecimento da vontade
amorosa de Deus.
Os passos da Lectio Divina:
1º- LECTIO (Leitura): A atitude fundamental é a leitura-escuta atenta do texto,
procurando captar o significado de cada frase, saboreando as palavras e as
atitudes de cada personagem. Esta leitura calma do texto pode ser repetida
quantas vezes for necessária.
2º- MEDITATIO (Meditação): Da leitura segue-se à meditação repousada, o
pensamento e a reflexão. As palavras lidas são guardadas no coração e
iluminadas pelo Espírito Santo. O Espírito abre nossa mente e nosso coração,
de modo que compreendamos essas palavras como Palavra atual de Deus. A
Pa- lavra de Deus fixa a sua morada em nós e nos introduz no Mistério de
Cristo.
3º- ORATIO (Oração): Da meditação brota a oração, como resposta àquilo que
o Senhor falou. A Palavra de Deus gera luz e fogo, acende as nossas
palavras. A Palavra escutada e meditada torna-se alimento da oração, a partir
da experi- ência pessoal do orante. Na oração examinamos a nossa vida à luz
da Palavra escutada.
4º CONTEMPLATIO (Contemplação): A oração nos leva à presença de Deus
por meio da contemplação. A nossa atenção e o nosso olhar passam da
Palavra falada e escutada, Àquele que fala, e fala para nós. O olhar
contemplativo penetra e atravessa a superfície das coisas e da história. Diante
de Deus, num instante, perde-se a noção do tempo, e percebe-se a unidade
entre passado, presente e futuro. Vislumbra-se o projeto de Deus. Descobre-
se o amor de Deus que inunda de alegria. A contemplação é o momento em
que damos espaço para que o Espírito Santo conduza os nossos
pensamentos.
5º OPERATIO (Ação): Este é o momento que finaliza a oração da Lectio Divina.
Após termos contato com Deus por meio de sua Palavra, nós procuramos
transformar a nossa cotidiana de acordo com a vontade de Deus. A Palavra
de Deus, escutada a partir da fé, faz com que pouco a pouco, Cristo nos
transforme à sua imagem e semelhança. Quando essa Palavra habita em nós,
capacita-nos a sermos sinal e expressão do amor de Deus.

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