Entrevistas
O projeto do Dicionário será lançado em março pela Proteção Publicações em duas versões, uma
impressa e uma digital. Os 1.237 verbetes estão em ordem alfabética, permitindo uma pesquisa mais
rápida e eficiente. O livro ajudará a dirimir dúvidas e a resgatar importantes informações da evolução da
SST no Brasil. Nele, além dos conceitos e definições, há também informações sobre a história de
instituições e profissionais destacados. Proteção ouviu o professor René Mendes em São Paulo que
falou sobre o Dicionário e sua importância para a prevenção no Brasil.
Como foi este desafio de reunir grandes nomes da área de SST e de outras áreas para falar de
saúde e segurança do trabalhador?
Desde 1980 que me preocupo com a produção de textos voltados para a área de Saúde e Segurança.
Medicina do Trabalho e Doenças Profissionais foi o primeiro livro e em 1995 ele foi transformado em
Patologia do Trabalho e agora já a caminho de uma possível quarta edição. Minha preocupação
sempre foi e continua sendo ampliar as oportunidades aos profissionais que necessitam e utilizam este
tipo de livro para esclarecer suas dúvidas. Originalmente minha preocupação era para com os médicos
do Trabalho; mas já há muito tempo evoluí para a visão de saúde do trabalhador agregando a
Segurança do Trabalho. Então, este novo livro partiu da percepção de que há uma carência muito
grande de textos relacionados à área para um público muito além dos médicos do Trabalho. Eu não sou
suficiente para dar conta desta tarefa e imaginei que o perfil dos usuários tinha que estar retratado no
perfil dos autores. Portanto, já se deu um salto muito grande na visão da pluralidade, da
multidisciplinaridade e de certa forma da interdisciplinaridade no campo da saúde e segurança do
trabalhador. Este salto veio acompanhado da capitalização de uma grande rede de relacionamentos
pessoais e profissionais que fui construindo ao longo de 45 anos de contatos no Brasil e no exterior. A
questão central foi mobilizar esta rede e de alguma forma conquistá-los para um projeto coletivo; são
mais de 520 autores perfeitamente engajados. O grande desafio a esta altura da minha vida, com 72
anos e 45 dedicados a esta área profissional, é justamente a mobilização coletiva dos vários olhares,
experiências, percepções e das várias formas de ver. Tenho horror a algo que seja doutrinário,
monocrático, com uma visão única e dogmática. Tenho compromisso com a diversidade, com a
pluralidade, com a riqueza que é formada por múltiplos olhares e formas de ver, eventualmente,
opostas.
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