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Termos em que
pede deferimento.
1. Da síntese processual
Assim sendo, justa e equânime foi a decisão do magistrado de primeiro grau, uma
vez que pode-se perceber que houve a correta apreciação das questões de fato e de direito,
de modo que se espera a sua confirmação pelos seus próprios e jurídicos fundamentos.
2. Do direito
Nesse prisma, trata-se de “inovação recursal”, conduta essa vedada pelo nosso
ordenamento. Afinal, como é cediço, a Constituição Federal assegura o contraditório e
ampla defesa. Entrementes, não são garantias absolutas. Para tanto, é imprescindível que
as partes, seja como autor na petição inicial, seja como réu na contestação, apresentem,
desde o início da ação, todos os argumentos e fatos necessários para lastrear, ratificar e
comprovar a subsistência ou não de um direito.
É, inclusive, sobre o material fático apresentado pelos litigantes que o juiz fica
adstrito ao julgar a causa, sendo vedado, consequentemente, considerar fatos alheios aos
existentes no processo. O próprio art. 128, do CPC determina que o “[o] juiz decidirá a
lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não
suscitadas, a cujo respeito à lei exige a iniciativa da parte.”
Nesse sentido, por exemplo, não é permitido à parte aduzir fato ou documento
novo quando da interposição de eventual recurso; salva exceção contida no art. 1.014, do
CPC a qual possibilita quando se trata da existência de fatos novos relativos à matéria que
deixaram comprovadamente de ser arguidos no juízo a quo ou em instância originária por
motivo de força maior.
E mais:
Isso posto, tendo em vista que a CELPE aduziu argumentos novos no seu
recurso inominado e, portanto, praticou conduta processualmente ilícita (“inovação
recursal”), REQUESTA-SE que não seja acolhida a presente preliminar.
E mais:
(...)
Nesse prisma, concordar com a interferência de terceiro em
relações jurídicas estranhas ao titular é, outrossim, macular toda e
qualquer possibilidade de defesa, ferindo, mais uma vez, horrivelmente o
princípio do devido processo legal, ainda mais porque, no caso, o
verdadeiro titular é extirpado e impedido de proceder a qualquer defesa
possível.
Nesse sentido, é falsa a afirmação que a recorrida, Mônica Maria, tenha sido
participado do “termo de ocorrência e inspeção” (TOI) e tenha sido devidamente
notificada para comparecer à suposta inspeção realizada na SERVLOG, pois quem
assinou o citado termo foi um tal de Maria José que Deus sabe lá quem é, e, obviamente,
não é a titular da relação jurídica de consumo. Logo, não resta outra conduta a não ser
considerar como inválido o “termo de ocorrência e inspeção” em questão.
Demais disso, é importante verificar que só há como se falar em enriquecimento
sem causa se não houver a desconstituição das faturas (isto é, se houver a cobrança
das faturas), pois, se não houve, fraude e desvio de energia, cobrar da recorrida
aquilo que ela não consumira é se locupletar indevidamente.
Faz-se necessário examinar que a titular da relação jurídica, Mônica Maria, e a
locatária residente no imóvel, Gilmara Regueira, em nenhum momento, adulteraram o
medidor de consumo, ou seja, fraudaram o equipamento. O contador de energia elétrica
apenas estava sem o selo, fato esse que não caracteriza a fraude e o desvio de energia.
Na petição inicial, tal fundamento foi bem exposto:
Impera analisar, outrossim, que, embora o “termo de ocorrência e
inspeção” seja nulo pelas razões já expostas, se hipoteticamente considerasse
pela sua validade, faz-se necessário examinar que não houve a constatação de
adulteração do equipamento de energia, como também não se constatou o furto
de energia elétrica.
E mais:
E ainda:
Desse modo, diante do fato que apenas o citado contador estava sem o selo,
medida que se impõe categoricamente é a compreensão pela leitura normal,
visto que não houve alteração no aparelho de leitura em questão.
Em síntese, na medida em que o “termo de ocorrência (TOI)” foi realizado sem a
notificação e presença de Mônica Maria como titular da relação jurídica, medida que se
impõe é o reconhecimento de sua invalidade. E, eventualmente, caso não reconheça sua
invalidade, impera observar que a ausência do selo não caracteriza a subsistência de
fraude e, no caso, portanto, a existência de desvio de energia.
Sendo assim, por questão de direito, imprescindível se revela a manutenção da
sentença dos embargos de declaração, reconhecendo a invalidade das duas faturas (fatura
n.045296411 R$ 3.724,91 e fatura n. 045296410 R$ 7.195,76)
3. Do pedido
Diante de todo o exposto, REQUER-SE que essa Egrégia Turma Recursal não
acolha, primeiramente, a preliminar arguida pela “COMPANHIA ENERGÉTICA DE
PERNAMBUCO S.A.”, em razão de se tratar de inovação recursal, e, se eventualmente
não for o caso, em razão de se tratar de hipótese de desnecessidade de perícia técnica.
Termos em que
pede deferimento.