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Arte Africana

A história da arte africana remonta o período pré-histórico. As formas artísticas mais


antigas são as pinturas e gravações em pedra de Tassili, Ennedi e Níger na região do Saara
(6000 AC ao século I da nossa era). Como exemplos da arte primitiva africana temos as
esculturas modeladas em argila dos artistas da cultura Nok (norte da Nigéria), feitas entre 500
AC e 200 DC.. Os métodos mais complexos de produção de arte foram desenvolvidos na
África Subsariana, por volta do século X. Destacam-se os trabalhos decorativos de bronze de
Igbo-Ukwu (séculos IX e X) e as magníficas esculturas em bronze e terracota de Ile Ifé (do
século XII al XV), muitas vezes ornamentados com marfim e pedras preciosas, tornando-se
altamente prestigiado, em grande parte da África Ocidental, às vezes sendo limitado ao
trabalho dos artesãos e identificado com a realeza, como aconteceu com os Bronzes de Benin
(Império Edo). Estas últimas mostram a habilidade técnica e estão representadas de forma tão
naturalista que, até pouco tempo atrás, acreditava-se ter inspirações na arte da Grécia Antiga.

Junto com a África Subsariana, as artes culturais das tribos ocidentais, artefatos do
Egito antigo, e artesanatos indígenas do sul também contribuíram grandemente para a arte
africana. Muitas vezes, representando a abundância da natureza circundante, a arte foi muitas
vezes interpretações abstratas de animais, vida vegetal, ou desenhos naturais e formas. De
modo geral, os povos africanos faziam seus objetos de arte utilizando diversos elementos da
natureza. Faziam esculturas de marfim, máscaras entalhadas em madeira e ornamentos em
ouro e bronze. Os temas retratados nas obras de arte remetem ao cotidiano, a religião e aos
aspectos naturais da região. Desta forma, esculpiam e pintavam mitos, animais da floresta,
cenas das tradições, personagens do cotidiano etc. A arte africana chegou ao Brasil através
dos escravos (períodos colonial e imperial). Em muitos casos, os elementos artísticos africanos
fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos para
arte afro-brasileira.

Pintura e Escultura - Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana
identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura em madeira é
a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças
de animais, figuras alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem
coloca frente às forças. Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas
e lanças com ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre denotando
um motivo alusivo à figura dos dignitários. Outros materiais: ouro, bronze e marfim.

Mascaras - As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica simbólica africana.


Representando um disfarce para a incorporação dos espíritos e a possibilidade de adquirir
forças mágicas, as máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo
usadas nos rituais e funerais. As máscaras são confeccionadas em barro, marfim, metais, mas
o material mais utilizado é a madeira. Para estabelecer a purificação e a ligação com a
entidade sagrada, são modeladas em segredo na selva.

A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e,


servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal
mítico que é representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege
quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um
animal, no momento de sua morte. A energia captada na máscara é controlada e
posteriormente redistribuída em benefício da coletividade. Como exemplo dessas máscaras
destacamos as Epa e as Gueledeé ou Gelede.

Tecido - Os tecidos são lisos, estampados ou bordados. Confeccionam roupas longas e


gorros, suportes para abanos, crinas e rabos de animais, também decoram com pedras de
vidro, canudilhos e cauris (concha). Mais comum: Kente (tiras que posteriormente se juntam
longitudinalmente para formar tecidos maiores). Ex: Alaká; Roupa de Ração (Baiana).

Religião - As civilizações africanas tem uma visão holística e simbólica da vida. Cada indivíduo
é parte de um todo, ligados, todos em função do cosmos em uma eterna busca pela harmonia
e de equilíbrio. Outro conceito fundamental na filosofia da existência africana é a importância
do grupo, para que a comunidade viva, cada fiel deve participar seguindo o papel que lhe
pertence em nível espiritual e terreno. No Brasil se destaca o Candomblé e o Culto aos
Egungun. O Culto de Ifá em menor número no Brasil é o maior responsável pela divulgação
da Yoruba Art.

Vodu, vodum e vudu são termos que se referem aos ramos de uma tradição religiosa
teísta-animista baseada nos ancestrais que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-
Fon do Benim. O Vodu originou o candomblé brasileiro, o vodu haitiano, a santería cubana, o
vudu da Luisiana etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os espíritos centrais nessa
religião. Principais Voduns: Mawu (entidade feminina) e Lissá (entidade masculina), ambos
criaram a terra e os seres vivos e deram origem a outros Voduns. Já a prática de furar bonecas
com agulhas foi usada como um método de amaldiçoar pessoas por seguidores do que veio a
ser chamado "Voodoo de Nova Orleans", o qual é uma variante estadunidense do vodu. A
prática tornou-se associada ao vodu na mente popular através dos filmes de horror, não
correspondendo aos preceitos originais dessa religião.

Música e Dança - Na dança africana, cada parte do corpo movimenta-se com um ritmo
diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o
balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários
instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Outra característica fundamental é o
policentrismo que indica a existência no corpo e na música de vários centros energéticos,
assim como acontece no cosmo. A dança africana é um texto formado por várias camadas de
sentidos. Esta dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir através e para
todos os sentidos. Tanto na música quanto em outras manifestações culturais, a memória é o
aspeto ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo
equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o
mundo dos seres humanos e os dos deuses. A repetição do padrão-musical manifesta a
energia que os fieis estão invocando. A repetição dos movimentos produz o efeito de
transe que leva ao encontro com a divindade, muito usado em rituais. O mesmo ato ou
gesto é praticado num número infinito de vezes, para dar à ação um caráter de atemporalidade,
de continuação e de criação continua. Nas danças africanas o contato contínuo dos pés nus
com a terra é fundamental para absorver as energias que deste lugar se propagam e para
enfatizar a vida que tem que ser vivida agora e neste lugar, ao contrario das danças ocidentais
performadas sobre as pontas a testemunhar a vontade de deixar este mundo para alcançar um
outro. Existem várias danças. Entre elas destacam-se: lundu, batuque, Ijexá, capoeira, Coco
(dança) congadas e jongo. As mais populares seriam: Danças Tribais (celebram a vida e a
dança em grupo – Botswana; Zulu); Danças Caboverdianas (Funána, Mazurka, Morna,
Coladera, Batuque); Semba (dançado em pares/diversão – significa “umbigada”).

A música popular da África, como a música tradicional africana, é vasta e variada.


Muitos gêneros da musica popular como blues, jazz, salsa e rumba derivam em diversos graus
das musicais tradicionais da África, levadas para as Américas por escravos africanos.
Instrumentos: Afoxé; Agogô; Berimbau; Caxixi; Cuíca; Kora; Reco-reco; Tambores (os
tambores eram uma forma de comunicação entre comunidades distantes devido a sua força
sonora).

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