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Curso Profissional Técnico de Ação Educativa

Formação Tecnológica

Disciplina: AENEE

UFCD: Respostas sociais


(creche, Jardim de Infância, Instituições sociais, ...)

Profª. Maria Margarida Soares

FICHA DE TRABALHO Nº 1

Nome: _______________________________ Nº-____ Data - ____/____/______

ORGANIZAÇÃO DA VIDA NA CRECHE


(Tempo e Espaço)

Leia atentamente o texto seguinte.

O dia-a-dia na Creche

Em creche devemos sobretudo preocuparmo-nos com os


alicerces, garantir que as boas experiências, plenas de afectos,
serão o terreno para uma construção segura no futuro.

Há umas décadas, pensar em Creche era apenas pensar num local


onde os pais deixavam os seus filhos enquanto iam trabalhar; aos
cuidadores não era exigida formação, o principal objectivo era a
satisfação das necessidades básicas dos bebés, nomeadamente a
nível da higiene, alimentação e sono. Actualmente, a par do
desenvolvimento dos conhecimentos sobre psicologia infantil e dos
progressos da sociedade, verifica-se um aumento do grau de
exigência quer por parte dos pais quer das próprias instituições, com
uma maior preocupação com a formação do pessoal (educadores e auxiliares de acção
educativa) e com a qualidade da resposta a que as creches se propõem. Isto implica a reflexão e
a preocupação com toda uma diversidade de aspectos que deveremos ter em conta, quer na
planificação do ano lectivo quer durante todo o seu desenvolvimento.

Constituição do grupo: na maioria das instituições, na valência de Creche, os bebés são


agrupados de acordo com o ano de nascimento, transitando todo o grupo no final do ano
lectivo para a sala seguinte; existem instituições em que o bebé, quando faz um ano de idade ou
quando domina a marcha é mudado para a sala seguinte. Ambas as opções têm vantagens e
desvantagens: se por um lado se potencia o desenvolvimento do bebé ao permitir-lhe a
interacção com crianças mais velhas, por outro lado corre-se o risco de, ao mudar de sala sem
um adulto de referência, o bebé possa ser afectivamente penalizado.
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Organização do espaço: normalmente está dividido em quatro áreas distintas: copa/refeitório,
fraldário, dormitório e sala.

Os materiais deverão ser diversificados e adequados a cada idade, permitindo que os bebés
possam desenvolver todas as suas capacidades, sem contudo se criar um ambiente demasiado
protector.
A limpeza e higienização do espaço de creche, bem como de todos os brinquedos e objectos
são uma prioridade, por vezes incompatível com a entrada dos pais e de outros adultos na sala;
uma forma de manter o espaço higienizado e permitir que a sala de creche seja um espaço
aberto é optar pelo uso de calçado descartável (usado em meio hospitalar).

Organização do Ambiente Educativo: implica pensar em espaços que permitam a exploração


do espaço e do corpo, desenvolvendo a motricidade larga (estruturas de apoio, trepar, túneis,
escorregas, piscinas de bolas…) e as capacidades cognitivas e manipulativas (livros, jogos de
encaixe, puzzles, bonecos, rocas…). Devemos ter em conta que a criança utiliza todos os
sentidos para explorar o ambiente que a rodeia, o que implica estarmos atentos à temperatura,
à luz, aos sons, aos cheiros bem como à organização e à estética; deverá haver espaços
diferenciados, uns destinados a actividades físicas mais intensas e outros, com um tapete
almofadado de material lavável, destinados a actividades mais tranquilas (ver livros, ouvir
música, canções mimadas, ouvir uma história de fantoches, por exemplo). A organização do
ambiente educativo não deve ser definitiva, deverá ser constantemente avaliada e readaptada
às necessidades emergentes do grupo.

Organização do dia-tipo: esta organização está obviamente dependente da satisfação das


necessidades individuais das crianças. Sobretudo na sala do Berçário, cada bebé tem o seu
horário que deve ser respeitado. Consoante a instituição, os pais registam as informações num
quadro para o efeito ou transmitem essas informações a um adulto da sala: horas a que deverá
comer, medicação a tomar, tipo de fezes. No final do dia, será o responsável da sala a transmitir
as informações aos pais.

À medida que o bebé cresce, os seus horários vão-se organizando, permitindo que as salas se
organizem de acordo com uma rotina semelhante para todo o grupo; esta rotina compreende o
tempo de satisfação das necessidades básicas (alimentação, higiene e repouso) e deverá ser
encarada como um momento privilegiado de relação e afecto, de comunicação e
aprendizagem, conduzindo a uma progressiva autonomia de cada bebé.
Progressivamente, o educador responsável de sala vai introduzindo alguma ordem no
encadeamento dos diversos momentos da sala, sendo esta rotina estruturante para a criança,
propiciando um ambiente educativo tranquilo e securizante, adequado às características de
cada faixa etária. Contudo, não nos devemos esquecer que as rotinas têm que ser flexíveis,
devendo sempre as necessidades das crianças serem uma prioridade em detrimento da
realização da actividade programada.

Neste processo, o educador tem de simultaneamente estar atento ao grupo e às necessidades


individuais de cada criança.

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É fundamental que cada bebé tenha direito ao seu tempo individual de relação: tempo para o

afecto, para o colinho e festinhas, para o riso, para a brincadeira, para a descoberta de si e do
outro; este envolvimento permite que a criança se sinta amada e com o sentimento de pertença
a um grupo, base indispensável para a construção de uma boa auto-estima.

Avaliação: a avaliação do trabalho numa sala de creche é dada em primeiro lugar pelo grau de
satisfação dos bebés e das famílias. Esta avaliação processa-se diariamente através da troca de
informações sobre os aspectos significativos da evolução das crianças. O ideal é que o educador
organize registos escritos e fotográficos com as evoluções de cada criança e com os momentos
da sala mais significativos que poderão ser expostos na parede e/ou ser compilados num “livro
de vida” ou num CD que será entregue aos pais no final do ano lectivo.
É desejável que sejam efectuadas ao longo do ano reuniões de pais – de grupo e individuais –
que permitam uma constante reflexão e respectivas alterações no sentido de uma constante
melhoria da qualidade da resposta em creche.

Toda a intervenção do educador deverá ser continuamente sujeita a um processo de auto-


avaliação que permitirá uma adequação da prática pedagógica; por fim, é fundamental que
toda a equipa pedagógica da sala (educador e auxiliares de acção educativa) reúna com
frequência, de modo a avaliar o trabalho desenvolvido e garantir a qualidade que os bebés
exigem.

A ter em conta…

Um dos aspectos fundamentais em creche é a qualidade das relações afectivas que se


estabelece com cada bebé. Cada bebé é único, com uma história pessoal e uma família que tem
de ser integrada e respeitada. Este processo inicia-se no primeiro contacto dos pais com a
creche e com a educadora, levando à criação de expectativas que poderão ser – ou não –
facilitadoras de toda a integração.

Neste sentido, os profissionais de creche têm de pensar que a adaptação não é apenas do
bebé, mas também de todos os adultos envolvidos no processo educativo. Essa adaptação deve
ser feita gradualmente: a família e o bebé devem sentir que a creche é um prolongamento do
espaço de casa e a educadora deverá estar disponível – física e emocionalmente – para receber
cada bebé.

Uma boa estratégia é a educadora organizar um horário que lhe permita receber cada família
individualmente, dando tempo para que se criem laços de confiança recíprocos e que permitam
o estabelecimento de uma relação afectiva e securizante com o bebé. Deverá também
preencher em conjunto com os pais uma ficha, previamente elaborada, que permita conhecer
os hábitos, preferências e doenças do bebé. Ao longo do ano a família deve ser sempre bem
acolhida na sala, sentindo o espaço como um espaço aberto e de confiança, facilitador da
comunicação e sentindo a sala como um prolongamento de casa, onde poderá interagir com os
bebés e com os adultos.

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Atividades e Componente Pedagógica

Os planos de actividades elaborados para a Creche devem ter em conta as etapas do


desenvolvimento infantil, devendo ser sobretudo muito simples, flexíveis, respeitando as
necessidades e motivações individuais. Apesar de frequentemente a Creche adoptar o Projecto
Pedagógico da instituição a que pertence, o curriculum de creche define-se sobretudo pela
qualidade da relação humana que se proporciona, pela qualidade das experiências
proporcionadas em detrimento da quantidade; não deverá ser objectivo de uma sala de creche
produzir “obras de arte”, onde a participação efectiva das crianças é frequentemente duvidosa,
de forma a enfeitar a sala com produções esteticamente elaboradas.

O educador da sala deverá questionar-se de quais os objectivos da actividade proposta: acima


de tudo, deverá estar o prazer proporcionado à criança, as descobertas conseguidas, a
adequação da actividade à faixa etária, a relação que se construiu a partir dessa experiência
gratificante (devemos por exemplo esquecer o azulejo com a mão da criança impressa se, para
aquela criança a digitinta é “ameaçadora”.)

Em creche devemos sobretudo preocuparmo-nos com os alicerces, garantir que as boas


experiências, plenas de afectos, serão o terreno para uma construção segura no futuro. Estas
crianças que nestes primeiros anos não brindam os pais com trabalhos artísticos, revelam na
segurança e alegria de viver a forma gratificante do seu dia-a-dia na creche.

Fonte: http://www. artigos/detalhe.php?idArtigo=165

Responda às seguintes questões:

1. Quais as principais diferenças entre a creche de hoje e a creche de há décadas atrás?

2. Quais as formas apresentadas no artigo para a constituição de grupos?

3. De que forma se encontra normalmente organizado o espaço?

4. Por que razão a limpeza e a higienização são uma prioridade na creche?

5. Tendo em conta que a criança utiliza todos os sentidos para explorar o ambiente que a
rodeia, como se deve organizar o ambiente educativo?

6. Como deve ser feita a organização do dia-tipo na sala do Berçário?

7. Como deve ser feita a organização do dia-tipo à medida que o bebé cresce?

8. Neste processo (da organização do dia-tipo), o educador tem de simultaneamente estar atento
ao grupo e às necessidades individuais de cada criança. Porquê?

9. Como se processa a avaliação do trabalho numa sala de creche?

10. O que deve definir os planos de actividades/curriculum da creche?

11. Que objectivos devem ter-se sempre em conta nas actividades propostas?

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