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Modalidades de licitação (concorrência/tomada de preço/convite)

Concorrência: é a modalidade que estabelece o procedimento mais complexo, já que será utilizada
nas hipóteses de maior valor econômico. Por isso, assegura uma maior concorrência.

Art. 22 § 1o  Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer


interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

Além da hipótese de utilização da concorrência em razão do valor do contrato, há também a


exigência dessa modalidade nas seguintes situações:

Art. 23 § 3o  A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que


seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis,
ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas
licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites
deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
ou serviço no País.

Assim, pode-se dizer que será exigida a modalidade de licitação Concorrência nas seguintes
situações:

a) para obras e serviços de engenharia acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e


trezentos mil reais).

b) para compras e serviços que não sejam de engenharia acima de R$


1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).

c) compra ou alienação de bens imóveis, qualquer que seja o valor, ressalvado os


bens imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação
em pagamento, que podem ser alienados por leilão.

d) concessões de direito real de uso.

É o contrato pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público
ou espaço aéreo que o recobre para que seja utilizado para fins específicos. Ex: lanchonete privada
dentro do Fórum.

e) alienação de bens móveis avaliados em montante que ultrapasse 1 milhão e 430


mil.

O processamento e julgamento das propostas deve ocorrer por uma comissão permanente ou
especial de licitação, integrada por no mínimo 3 servidores, sendo pelo menos 2 deles
servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da administração
responsável pela licitação.

Tomada de preços: complexidade intermediária.


Art. 22 § 2o  Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.

Convite:

§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente


ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número
mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse
com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das
propostas.

Obs: essa possibilidade de manifestação com antecedência de 24 horas da apresentação das


propostas atinge apenas os cadastrados.

Publicação do instrumento convocatório: desnecessário? Interpretação conforme a


Constituição?

O problema da discricionariedade da escolha:

a) a legislação não estabelece um número máximo

b) não há ampla divulgação (não há publicação na imprensa oficial). A Carta-Convite (instrumento


de convocação dessa modalidade) é direcionada para cadastrados ou não.

Porém, só os cadastrados que não receberam a Carta-Convite é que podem manifestar


interesse em participar. Nessa hipótese, a Administração não pode impedir sua participação.

A empresa que não possui cadastro poderia demonstrar desinteresse em participar de licitações,
gerando dúvida sobre a razão de se realizar um convite para não cadastrados.

Marçal Justen Filho: “Quando convida sujeito não cadastrado, a administração


assume risco muito maior do que o normal. Deve haver evidência objetiva de que
o sujeito convidado encontra-se em situação de executar o objeto licitado. Não é
possível que a administração simplesmente invoque uma competência
discricionária como fundamento de sua decisão de direcionar o convite pra um
sujeito não cadastrado.”(p. 255)

Súmula 248 TCU - Não se obtendo o número legal mínimo de três propostas
aptas à seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do
ato, com a convocação de outros possíveis interessados ressalvados as hipóteses
previstas no parágrafo 7º, do art. 22, da Lei nº 8.666/1993.

Assim, prevalece o entendimento no sentido de que deve haver 3 propostas válidas, e não apenas 3
convites formulados.

Hipótese em que o convite é enviado a menos de 3 fornecedores:

Art. 22 § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos


convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos
no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no
processo, sob pena de repetição do convite.
Necessidade de modificação a cada realização de Convite:

Art. 22 § 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3


(três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico
ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Realização de Convite em Licitação Internacional: é possível, desde que não haja fornecedor do
bem ou serviço no Brasil.

Observação1. É sempre possível utilizar a modalidade mais rigorosa diante do valor do objeto
(art. 23, § 4º da Lei de Licitações).

Exemplo: A administração precisa comprar algo que está incluído na modalidade “tomada de
preços”. Então a administração não poderá fazer mediante convite, mas pode fazer por
concorrência.

Art. 23. § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a
tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.

Observação2. Fracionamentos

Hipóteses ilícitas de fracionamento

Fracionamento para utilização de modalidade diversa daquela exigida ou para dispensar a realização
de licitação.

Ex: compra de material de consumo.

Exemplo: A administração precisa comprar um número enorme de cadeiras para suprir um órgão
inteiro. A contratação está na faixa da tomada de preços, mas como esta é modalidade muito
complexa o administrador resolve fazer uma manobra, e divide a compra em dois lotes de modo que
sejam duas compras que corresponda à faixa do convite.

Assim, a administração pública deve prever os gastos para todo o exercício financeiro, e realizar
uma só licitação, já que o planejamento do exercício financeiro deve observar a vigência o
orçamento.

Ex: prestação de contas da Coordenação Regional da Fundação Nacional de Saúde no Estado


do Amazonas, relativa ao exercício de 2006 (Plenário TC 020.515/2007-5. Julgado em 30 de
novembro de 2011).

Fracionamento de despesa. Foi verificada, pelo Controle Interno, a contratação direta


reiterada das seguintes empresas quando era similar o objeto contratado, sendo que o valor
do somatório dos contratos levaria à obrigatoriedade da licitação. A presente ocorrência foi
atribuída ao Sr. Francisco José da Costa Aires e ao Sr. Carlos Orlando Silva Chaves, fazendo-
se necessário analisar separadamente os argumentos de defesa de cada um.

a) Empresa Mapemi Brasil Mat. Médicos e Odontológicos (CNPJ 84.487.131/0001-35) –


aquisição de cama hospitalar – Total de R$ 50.056,36
NOTA DE EMPENHO VALOR DATA
900897 R$ 7.149,48 06/12/2006
900898 R$ 7.149,48 06/12/2006
900899 R$ 7.149,48 06/12/2006
900900 R$ 7.149,48 06/12/2006
900901 R$ 7.149,48 06/12/2006
900902 R$ 7.149,48 06/12/2006
900903 R$ 7.149,48 06/12/2006
b) Empresa Instrumental Técnico Ltda (CNPJ 04.214.086/0001-06) – aquisição de consultório
odontológico – Total de R$ 51.100,00
NOTA DE EMPENHO VALOR DATA
900904 R$ 7.300,00 06/12/2006
900905 R$ 7.300,00 06/12/2006
900906 R$ 7.300,00 06/12/2006
900907 R$ 7.300,00 06/12/2006
900908 R$ 7.300,00 06/12/2006
900909 R$ 7.300,00 06/12/2006
900910 R$ 7.300,00 06/12/2006

Decisão do TCU:
As relativas ao fracionamento da despesa chegam a ser pitorescas. Numa, por exemplo, onde foram
adquiridas 42 camas hospitalares, com custo total acima de R$ 50.000,00, os responsáveis
formalizaram 7 processos, emitiram 7 empenhos, com numeração sequencial e de igual valor, e
autorizaram cada uma das aquisições, realizadas junto a um mesmo fornecedor, com dispensa de
licitação fundamentada no art. 24, II, da Lei de Licitações. Procedimento idêntico também foi
adotado na aquisição de consultórios odontológicos, no montante de R$ 51.100,00. Nesses dois
casos específicos, vejo que os responsáveis agiram com a deliberada intenção de fugir ao
procedimento licitatório, tendo por certo que os mesmos tinham plena consciência da ilicitude de
suas atitudes.

Obs: Uma outra ocorrência foi a concessão de área nas dependências da Funasa para a exploração
de restaurante/lanchonete, realizada por intermédio de convite, no lugar de concorrência, onde
somente a empresa de um parente por afinidade do chefe do DIADM compareceu. Com efeito, não
vejo com prosperar as justificativas apresentadas pelo gestor no sentido de que não tinha
conhecimento que seu parente possuía alguma empresa, pois o próprio emitiu atestado de
capacidade técnica dessa empresa individual para a própria Funasa. Evidencia-se que os
responsáveis almejaram o favorecimento de empresa específica, em detrimento ao princípio da
impessoalidade.

Tal fato caracteriza improbidade administrativa, podendo o agente público ser condenado a
ressarcir o erário, ou é exigida também a prova do dano ao erário?

Assim estabelece a Lei de Improbidade Administrativa:

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:


I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público;
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).

Hipóteses lícitas de fracionamento

1) Art. 23 § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em


tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à
licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à
ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.

Economia de escala é a relação existente entre o custo total de produção e a quantidade produzida.
Em regra, quanto maior a quantidade produzida menor devem ser o custo de produção e o preço
final.

Nos casos em que a Administração se deparar com um objeto que possa ser dividido, sem prejuízo
do conjunto ou complexo, a licitação a ser realizada deverá ser “por itens”.

Busca-se com isso permitir uma maior competitividade, de modo a se encontrar uma proposta mais
vantajosa para a Administração.

Por um lado, o que se deseja é ampliar a disputa, e, para tanto, reconheceu-se que a divisão é uma
das formas possíveis de obter o desejado resultado. Por outro lado, a possibilidade de divisão do
objeto é condicionada por dois outros fatores: viabilidade técnica e garantia de economicidade.

Porém, não se pode esquecer que mesmo com esse fracionamento/parcelamento, a definição
da modalidade da licitação considera o valor total. Assim, o que se proíbe é o fracionamento
para fraudar a definição da modalidade de licitação.

§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos


termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço
ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade
pertinente para a execução do objeto em licitação.

2) exceção ao art. 23 § 5º

Art. 23 § 5o  É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de


preços", conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores
caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos
termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam
ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do
executor da obra ou serviço.

Se houver fracionamento do objeto, divisão do objeto, cada parte licitada deve utilizar a
modalidade cabível para o valor integral. Esta regra visa proibir que o fracionamento de objeto
seja utilizado como forma de “fugir” da modalidade correta de licitação.

O TCU entende que não há problema dividir o objeto e comprar em dois lotes, mas não se
pode fugir da modalidade exigida para o valor integral, porque implica em fraude a licitação.

Caso concreto
O prefeito da cidade de Brasilândia/AC recebeu verbas federais oriundas de convênio
destinado a realizar a construção de 41 residências populares. Para tanto, o Prefeito iniciou
procedimento licitatório na modalidade Tomada de Preço, já que o valor da obra se
enquadrava nessa modalidade.
Porém, posteriormente, o prefeito iniciou nova licitação, agora na modalidade Convite, para a
construção de mais 16 residências populares, com o valor que sobrou da construção das
outras 41 residências, sendo que não convidou a empresa que já tinha realizado a construção
dessas residências. Nesse caso, houve fracionamento ilícito?

Assim decidiu o STJ:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS REGIMENTAIS EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. PREFEITURA DE BRASILEIA/AC. CONVÊNIO COM A
UNIÃO PARA A CONSTRUÇÃO DE 41 UNIDADES HABITACIONAIS.
LICITAÇÃO INICIAL NA MODALIDADE TOMADA DE PREÇOS.
POSTERIOR REALIZAÇÃO DE LICITAÇÃO, NA MODALIDADE
CONVITE, PARA A CONSTRUÇÃO DE MAIS 16 CASAS, COM O VALOR
RESTANTE DO CONVÊNIO. AUSÊNCIA DE EXIGÊNCIA LEGAL DE QUE,
NESTA ÚLTIMA LICITAÇÃO, HOUVESSE NECESSIDADE DE REPETIÇÃO
DOS PRIMEIROS LICITANTES. ILEGALIDADE NÃO COMPROVADA.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. AGRAVO REGIMENTAL DO MPF
DESPROVIDO.
1. (...)
2. In casu, o MPF e a União pugnam pela condenação do ex-Prefeito de
Brasileia/AC no ato ímprobo tipificado no art. 11, I da Lei 8.429/92, sob o
argumento de ter parcelado indevidamente o objeto de Convênio 642/97,
firmado com a União, que objetivava a construção de 41 unidades
habitacionais no Município. Para tanto, relatou que, em um primeiro
momento, o agravado teria realizado licitação, na modalidade Tomada de
Preços para a construção das 41 moradias; posteriormente, teria promovido
novo procedimento licitatório, na modalidade Convite, para utilizar a verba
que sobrou do Convênio na construção de mais 16 moradias.
3. Não há comprovação da ilicitude da conduta do agravado, pois, conforme
destacado pelo Tribunal de origem, a nova licitação, na modalidade Convite,
almejou buscar, no mercado, novas empresas que pudessem, em tese, oferecer
preço mais vantajoso para a Administração Pública do que o da vencedora, o
que justificou o envio da Carta-Convite para outras empresas que não
participaram da primeira licitação, na modalidade Tomada de Preços; a
motivação do ato, portanto, afasta a alegação da parte agravante de
eventuais dirigismos do certame licitatório, que, ainda que estivessem
presentes no caso em exame, deveriam ser provados pelo Parquet, não sendo
suficiente sua mera cogitação pela parte agravante.
4. Ademais, não há que se falar em ofensa aos princípios da legalidade e da
impessoalidade, quando inexiste lei ou regulamento impondo que, na
licitação na modalidade Convite, devesse ser enviado Carta-Convite às
pessoas que participaram de procedimento anterior (Tomada de Preços), com
objeto semelhante.
5. Quanto à nova licitação promovida pelo ex-Prefeito, na modalidade
Convite, não se trata de parcelamento indevido do objeto da licitação - até
porque o Convênio firmado com a União visava à construção de apenas 41
moradias. Nesse aspecto, razão assistiria ao MPF caso uma parcela dessas 41
habitações fosse indevidamente licitada em um primeiro momento e,
posteriormente, houvesse a abertura de novo procedimento licitatório para o
restante.
6. Na demanda em exame, contudo, narra-se uma conduta do ex-
Administrador voltada eminentemente ao interesse público, já que, além de
ter construído as 41 habitações que eram objeto do Convênio firmado com a
União, posteriormente abriu novo certamente para a construção de outras 16
moradias com o restante da verba do Convênio 642/97, que estava sem
utilização.
7. Ausência de ilicitude, de malversação do patrimônio público ou de desvio
de finalidade na conduta praticada pelo ex-Prefeito de Brasileia/AC.
8. Agravos Regimentais desprovidos. (AgRg no REsp 1306817/AC, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
06/05/2014, DJe 19/05/2014)

Observação3. Admite-se que o legislador estadual ou municipal estabeleça a concorrência


como única modalidade em sua esfera legislativa. Viu-se que não há problemas em utilizar a
modalidade mais gravosa que a devida. De todas as modalidades, a concorrência é a mais
gravosa. Ademais, Estados e Municípios editam regras específicas para atender as suas
peculiaridades.

Atentar para o seguinte: Possibilidade de prorrogação de contratos de prestação de serviço e


nos contratos de duração continuada.

Art. 57.  A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:

II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que


poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses;

Assim, qual o valor deve ser considerado para definir a modalidade da licitação?

Para Marçal Justen Filho, deve ser o valor correspondente ao período total admitido (60
meses). Assim, mesmo que o contrato seja celebrado com prazo de 12 meses, deve ser
considerado seu custo para 60 meses, de modo a estabelecer a modalidade da licitação. Nesse
sentido vem decidindo o TCU.

Obs: como conciliar o art. 48, I da LC 123/2006 com o art. 57, II da Lei n. 8.666/93:

No caso de serviços de natureza continuada, o limite de contratação no valor


de R$ 80.000,00, de que trata o art. 48, inciso I, da LC 123/2006, refere-se a
um exercício financeiro, razão pela qual, à luz da Lei 8.666/1993,
considerando que esse tipo de contrato pode ser prorrogado por até sessenta
meses, o valor total da contratação pode alcançar R$ 400.000,00 ao final
desse período, desde que observado o limite por exercício financeiro (R$
80.000,00). Representação formulada por licitante, em face de pregão eletrônico
promovido pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(Dataprev), em Florianópolis-SC, mediante o regime estabelecido na Lei
Complementar 123/2006, para a contratação de serviços de manutenção de
elevadores prediais, questionara a possibilidade de que, dada a natureza
continuada dos serviços, o valor de até R$ 80.000,00 a que se refere o art. 48,
inciso I, dessa LC fosse ultrapassado, caso a Administração utilizasse a faculdade
da prorrogação prevista no art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993. Em síntese,
anotou o relator, “o problema trazido pelo representante cinge-se a saber se, nas
licitações em que a administração puder utilizar a faculdade prevista no art. 57,
inciso II, da Lei 8.666, de 1993 (a prestação de serviços a serem executados de
forma contínua podem ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos
períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a
administração, limitada a sessenta meses), o valor de até R$ 80.000,00 a que se
refere o art. 48, inciso I, da Lcp 123/2006 restringe-se ao período inicial de
contratação previsto no edital de licitação ou deve abarcar, também, possíveis
prorrogações”. Após pedido de vistas do Ministro Benjamin Zymler, acolheu o
relator o posicionamento apresentado no voto do revisor, transcrito na íntegra no
voto do relator. Anotou o Ministro Zymler que “a Lei Complementar 123/2006
utiliza, para considerar microempresa ou empresa de pequeno porte, a receita
bruta por essas auferida em cada ano-calendário”. Da mesma forma, prosseguiu,
“não se pode olvidar que o valor a que se refere o citado art. 48, se converterá em
receita bruta da licitante que vier a ser contratada pela administração pública.
Dessa forma, não vejo como afastar a relação existente entre esses valores”. Em
decorrência, anotou, “entendo que na ausência de qualquer referência para o
valor dos itens de contratação a que se refere o inciso I do art. 48, para os
casos de serviços de natureza continuada, o mais adequado é a utilização do
período anual, pois o valor de R$ 80.000,00 nada mais é que a fração do
faturamento dessas empresas que o legislador entendeu como o limite
adequado para a realização de licitação que lhes fosse exclusiva, de forma a
atender o art. 179 da Constituição Federal, que trata do tratamento jurídico
diferenciado a ser a elas concedido”. Nos casos em que o contrato originário tenha
prazo diferente de um ano, “faz-se necessária a proporcionalização, de forma que
o contrato originário possa ter, como limite máximo a ensejar a licitação
exclusiva, o valor resultante desse cálculo. Por exemplo, para contratos com
duração de seis meses, esse valor seria de R$ 40.000,00. Para contratos de
dezoito meses, R$ 120.000,00. Considerando a possibilidade de prorrogações
sucessivas desse tipo de contrato por um período máximo de até sessenta
meses, esse valor limite seria de R$ 400.000,00”. Dessa forma, registrou o
relator, ao acolher a argumentação do revisor, “limitar o valor do contrato de
natureza continuada a R$ 80.000,00, para o período de cinco anos, prazo
permitido pelo art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993, seria praticamente fulminar o
art. 48, inciso I, da Lei Complementar 123, de 2006, porquanto restaria à
administração a possibilidade de firmar contratos que não superassem o valor de
pouco mais de R$ 1.300,00 por mês”. Nesses termos, acolheu o Plenário a
proposta consensual para, no mérito, julgar improcedente a Representação,
firmando o entendimento de que “no caso de serviços de natureza continuada,
o valor de R$ 80.000,00, de que trata o inciso I do art. 48 da Lei
Complementar 123/2006, refere-se a um exercício financeiro, razão pela qual,
à luz da Lei 8666/93, considerando que este tipo de contrato pode ser
prorrogado por até 60 meses, o valor total da contratação pode alcançar R$
400.000,00 ao final desse período, desde que observado o limite por exercício
financeiro (R$ 80.000,00)”.
Acórdão 1932/2016 Plenário, Representação, Revisor Ministro Benjamin
Zymler.

Veja-se também a seguinte situação de alteração do valor do contrato:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:

§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais,


os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras,
até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e,
no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de
50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

Exemplo: A administração celebra contrato para serviço de engenharia no valor de 150 mil reais, foi
utilizada a modalidade convite, que só pode ser utilizada até justamente o valor de 150 mil reais. Se
este é o teto da modalidade, será possível alterar o contrato resultado de licitação na modalidade
convite, já que o valor estava no limite?

Para Lucas Furtado, a alteração do contrato está limitada a observar o valor máximo da
modalidade de licitação adotada.

Por sua vez, Marçal Justen Filho não vê obstáculo para a posterior mudança do contrato, já que
seriam momentos distintos: 1) a definição da modalidade de licitação e 2) a verificação de eventual
necessidade de alteração do valor do contrato.

Há decisão do TCU no sentido exposto por Marçal Justen Filho.

Concurso

Modalidade licitatória também prevista na Lei n. 8.666/93. Ele se destina a um trabalho técnico,
científico ou artístico. Em contrapartida, paga-se à pessoa um prêmio ou remuneração.

Art. 22 § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados


para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
dias.

Ex: concurso para a obtenção de um projeto artístico.

Obs: Secretaria de Estado de Habitação Regularização e Desenvolvimento Urbano - SEDHAB


- DF.

3.1. A presente Licitação, na modalidade Concurso, objetiva a contratação da


melhor solução paisagística e arquitetônica para o Centro de Exposição
Agropecuária de Planaltina, situado na Região Administrativa de Planaltina -
RA VI, Distrito Federal.
1.1. O presente Edital fixa os procedimentos, normas e preceitos básicos para
a elaboração do Concurso Público Nacional de Estudo Preliminar de
Arquitetura e Paisagismo, e ulterior contratação do Anteprojeto, Projeto
Legal e Projetos Executivos de arquitetura, urbanismo, paisagismo e
complementares para o Centro de Exposição Agropecuária de Planaltina,
situado na Região Administrativa de Planaltina - RA VI, Distrito Federal;
1.2. 0 Concurso será realizado em uma única etapa e consiste na seleção,
dentre as propostas apresentadas, do melhor projeto de urbanismo,
paisagismo e arquitetura, respeitadas as condições estabelecidas por este
Edital, pelo Programa de Necessidades, pelo Termo de Referência, pelos
Anexos e pela Minuta do Contrato a ser firmado com a equipe vencedora do
Concurso;
1.3. A seleção do projeto vencedor será efetuada pela Comissão Julgadora
que, ao concluir o julgamento dos Estudos Preliminares, indicará a equipe
vencedora do concurso, que terá direito à assinatura do Contrato para a
elaboração e desenvolvimento do Anteprojeto, Projeto Legal, e Projetos
Executivos de' Arquitetura, Paisagismo, Urbanismo e Complementares,
observadas às prescrições legais e, de acordo com os termos dos documentos
que compoem as Bases do Concurso.
[...]
Os projetos deverão ser elaborados em conformidade com as exigências de
apresentação estabelecidas na etapa de Estudo Preliminar de Arquitetura e
Paisagismo e em conformidade com as Normas de Apresentação,
estabelecidas no Item 6 do presente Edital. A proposta vencedora será
escolhida por critério de qualidade de acordo com o Termo de Referência.
[...]
4.3 Serão considerados participantes neste Concurso todos aqueles que
entregarem o Estudo Preliminar no prazo fixado pelo presente Edital.
4.4 Serão considerados concorrentes neste Concurso todos aqueles que
atenderem as condições expressas nos itens 4.1., 4.2. e 4.3, acima e
apresentarem seus trabalhos em absoluta conformidade com todas as
condições estabelecidas nas bases do Concurso.
[...]
10.2. A equipe autora do projeto 1º colocado está assegurada, como parte
integrante da premiação, findo o prazo de recursos, a imediata contratação
para a execução do Anteprojeto, Projeto Legal, Projeto Executivo de
Arquitetura, Paisagismo e Urbanismo, bem como os Projetos Executivos
Complementares de Estrutura, Instalações, Especiais, de Condicionamento
Térmico e Conforto Ambiental e Orçamento da Obra) a serem elaborados de
acordo com a Minuta de Contrato integrante das bases do Concurso.
10.2.1 O autor do Projeto será considerado Coordenador de Equipe e, nesta
condição, será o profissional responsável pela coordenação técnica dos
projetos complementares, que deverão estar perfeitamente integrados entre si
e com os Projetos de Arquitetura, Paisagismo e Urbanismo;
[...]
10.3 Além de Certificados específicos, os prêmios a serem atribuídos aos 3
(três) primeiros classificados pela Comissão Julgadora são os seguintes:
a) 1º colocado: R$ .20.000,00 (vinte mil reais);
b) 2º colocado: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
c) 3º colocado: R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
10.4 Do valor da contratação definido no Item 11.2, adiante, serão deduzidos
os valores pagos a título de premiação estabelecidos no Item 10.3, acima, os
quais são considerados como parte do trabalho licitado e contratado.

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. LICITAÇÃO. CONCURSO PARA SELEÇÃO DE
PROJETOS DE ARQUITETURA. EDITAL DO CERTAME QUE
DESVIRTUA O FIM DA ESPÉCIE LICITATÓRIA. ILEGALIDADE
AFERIDA. ANULAÇÃO DO CERTAME E SUSPENSÃO DA
CONTRATAÇÃO DOS GANHADORES. POSSIBILIDADE. ART. 53 DA
LEI N. 9.784/1999. SÚMULA N. 473 DO STF. AUSÊNCIA DE DIREITO
LÍQUIDO E CERTO.
1. Os autos versam acerca de mandado de segurança impetrado com o
objetivo de tornar sem efeito o ato que suspendeu a contratação dos
vencedores do concurso de arquitetura promovido pela Secretaria de Estado
de Habitação Regularização e Desenvolvimento Urbano - SEDHAB e anulou
o resultado do certame.
2. Da simples leitura dos editais, verifica-se que os concursos em questão
foram realizados não com o intuito de premiar ou remunerar os projetos
preliminares apresentados pelos candidatos, mas com a finalidade de
assegurar futura contratação para a confecção de anteprojetos e projetos
executivos e complementares (construção do Centro de Exposição
Agropecuária de Planaltina e reforma do edifício sede da SEDHAB). Tanto
é assim que os referidos editais, embora tenham previsto premiação em
dinheiro para os três primeiros colocados, especificaram que os respectivos
valores seriam deduzidos dos valores devidos pelos serviços que
seriam prestados posteriormente pelos vencedores.
3. Ocorre que, ao assim proceder, a Administração acabou por inovar,
inadequadamente, na forma de contratação, desvirtuando-se do conceito
de concurso estipulado no art. 22, caput, da Lei 8.666/1993 (que requer que
os trabalhos licitados sejam entregues prontos e acabados, não havendo
mais nada a ser feito após a conclusão do certame) e da proibição
constante do §8º do mesmo artigo, o qual preceitua ser "vedada a criação de
outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste
artigo". Incorreu, em verdade, na contratação de projetos executivos e
complementares, sem prévia realização de licitação ou demonstração de
situação de dispensa ou de inexigibilidade de licitação.
4. Nessa linha, não se constata haver ato ilegal ou abusivo na suspensão
da contratação e na anulação do certame, porquanto, em observância aos
princípios constitucionais elencados no art. 37 da CF, "a administração deve
anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos", conforme disposto no art. 53 da Lei n. 9.784/1999 e há
muito preconizado pelo STF, na Súmula n. 473 do STF.
5. Recurso ordinário não provido. (RMS 45.475/DF, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/09/2016,
DJe 22/09/2016)

Julgamento: é realizado por uma comissão especial, integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não.

Assim, no concurso, o produto ou serviço é realizado antes da conclusão da licitação, no que difere
das demais modalidades.

Observação. Não confundir o concurso previsto na Lei n. 8.666/93 com o concurso voltado
para o provimento de cargos previsto na Constituição.

Leilão

Também previsto na Lei de Licitações, modalidade licitatória que só serve para uma coisa:
alienação. Ela ocorre quando a administração pública pretende vender alguns de seus bens.
Lei n. 8.666/93. Art. 22. § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou
de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de
bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou
superior ao valor da avaliação.

Obs: possibilidade de utilização de leilão nas privatizações e nas concessões de geração,


transmissão e distribuição de energia elétrica:

Lei n. 9.491/97 Art.  4º As desestatizações serão executadas mediante as seguintes


modalidades operacionais:
I - alienação de participação societária, inclusive de controle acionário,
preferencialmente mediante a pulverização de ações;
IV - alienação, arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e instalações;
V - dissolução de sociedades ou desativação parcial de seus empreendimentos,
com a conseqüente alienação de seus ativos;
VI - concessão, permissão ou autorização de serviços públicos.
VII - aforamento, remição de foro, permuta, cessão, concessão de direito real de
uso resolúvel e alienação mediante venda de bens imóveis de domínio da União. 
§ 3° Nas desestatizações executadas mediante as modalidades operacionais
previstas nos incisos I, IV, V, VI e VII deste artigo, a licitação poderá ser realizada
na modalidade de leilão.      

Consulta
Prevista no art. 55 da Lei n. 9.472/97, é modalidade de licitação exclusiva das agências
reguladoras (Lei 9.986/2000 art. 37).

Este procedimento pode ser utilizado para a aquisição de bens e serviços que não sejam
classificados como “comum”, e não poderá, em qualquer caso, ser utilizado para a
contratação de serviços de engenharia.

Pregão

O pregão está previsto em lei própria, qual seja, a Lei n. 10.520/02 (é também uma lei geral de
licitação). O pregão é modalidade licitatória obrigatória para a União e facultativa para os
demais entes, no que tange a aquisição de bens comuns ou contratação de serviços comuns.

Objetivos:
a) aperfeiçoar o regime de licitações.
b) incremento de competitividade.
c) ampliação de participação.
d) desburocratizar os procedimentos.
e) maior agilidade.

Art. 1º  Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação
na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Ademais, o Decreto 5.450/2005 estabeleceu, na esfera federal, que o pregão seja


preferencialmente eletrônico:
Art. 4o Nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a
modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma eletrônica.

§ 1o  O pregão deve ser utilizado na forma eletrônica, salvo nos casos de
comprovada inviabilidade, a ser justificada pela autoridade competente.

Assim, o que define a utilização do pregão é o objeto, e não o valor do contrato.

Art. 1º  Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação
na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos


deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.

Objeto: Podem ser objetivamente conceituados no edital com expressão usual no mercado,
v.g., mobiliário padronizado, combustível, água mineral, agenciamento de viagens, etc...

No pregão utiliza-se o tipo “menor preço”, art. 4º, X da Lei n. 10.520/02.

Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados
e observará as seguintes regras:

X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de


menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;

No Decreto 3.555/2000 havia um rol taxativo de serviços e bens considerados comuns. Porém, esse
rol foi revogado pelo decreto 7.174/2010, de modo que atualmente, há discricionariedade no caso
concreto para definir os bens e serviços comuns.

Assim, considerando o objeto do pregão, o julgamento sempre ocorre considerando o menor


preço apresentado.

O que se busca no pregão é o melhor preço, independentemente da verificação, in concreto, da


qualidade do bem.

Nessa modalidade, não há limite de valor.

Com o pregão, buscou-se assegurar maior competitividade e diminuir a burocracia do


procedimento.

Um bem/serviço comum não é necessariamente um bem/serviço simples, pode ser bem/serviço


complexo, v.g., refrigerador, máquina de cópias. O decreto que regulamenta a pregão, Decreto n.
3555/2000, traz uma lista de bens/serviços comuns.

Art. 5o  A licitação na modalidade de pregão é condicionada aos princípios


básicos da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade,
eficiência, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório
e do julgamento objetivo, bem como aos princípios correlatos da
razoabilidade, competitividade e proporcionalidade.
 Parágrafo único.  As normas disciplinadoras da licitação serão sempre
interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, desde que
não comprometam o interesse da administração, o princípio da isonomia, a
finalidade e a segurança da contratação.
Art. 6o  A licitação na modalidade de pregão, na
forma eletrônica, não se
aplica às contratações de obras de engenharia, bem como às locações
imobiliárias e alienações em geral.

Antes havia a vedação de realização do pregão para compras e contratações de bens e serviços
de informática e automação. Porém, essa proibição foi revogada, já que tais bens podem ser
considerados comuns, diante da evolução tecnológica.

Características importantes do pregão:


a) Busca pelo melhor preço e celeridade na contratação. Pretende desburocratizar o procedimento.
b) a fase de habilitação é posterior ao resultado. Ganha-se tempo, mas é criado o risco de que o
vencedor não tenha condição de se habilitar. Para tanto, foram criadas severas punições para essa
situação.
c) possibilita-se que, verificado o resultado, as propostas perdedoras e que se aproximem da
vencedora podem ser reduzidas, buscando vencer a licitação.

Art. 3º  A fase preparatória do pregão observará o seguinte:

I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o


objeto do certame, as exigências de habilitação, os critérios de aceitação das
propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive
com fixação dos prazos para fornecimento;

II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas


especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a
competição;

Para assegurar processos de contratação pública econômicos e juridicamente eficientes, é necessário


que a definição do objeto seja perfeita, clara e suficiente. De modo a garantir a isonomia entre os
licitantes, é preciso que o agente responsável pela elaboração do termo de referência (identificação
da necessidade) esteja devidamente capacitado, assim como aquele agente responsável pela
descrição do objeto e suas especificações. Tal capacitação justifica-se pela preservação da
competitividade, evitando-se também o direcionamento da licitação.

III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas


no inciso I deste artigo e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais
estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade
promotora da     licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e

Definido o encargo/objeto, o passo seguinte é apurar o valor estimado da contratação, ou seja, saber
quanto será gasto para obter o encargo tal como definido. É oportuno notar que, para que se possa
partir para a estimativa do valor, isto é, para a terceira etapa do planejamento, é indispensável que o
encargo tenha sido integralmente definido, pressuposto necessário para que o agente público realize
a pesquisa de preços. Havendo alteração de alguma característica ou especificação do objeto ou de
quaisquer das demais obrigações que integram o encargo durante a realização da pesquisa e que
possam repercutir sobre o preço, será necessária uma reformulação, de acordo com as novas bases.
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade
promotora da licitação, o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição
inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua
aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do
objeto do certame ao licitante vencedor.

§ 1º  A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores
ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente
pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento.

Art. 4º  A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados
e observará as seguintes regras:
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso
em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de
circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da
licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do regulamento de que trata
o art. 2º;

A publicação do edital alcança três importantes finalidades no procedimento licitatório: 


a) dar conhecimento da licitação, 
b) permitir aos interessados tempo hábil para formulação das propostas em compatibilidade com os
requisitos do edital e 
c) viabilizar a reunião dos documentos habilitatórios necessários.

Uma quarta finalidade desse prazo reside em oportunizar a impugnação. 

II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação, a indicação do local, dias


e horários em que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital;

O aviso do edital é o resumo sintético do instrumento que regula as condições definidas pela
Administração em vista de um negócio jurídico que pretende firmar. O objetivo do resumo ou aviso
é, por um lado, tornar pública a pretensão da Administração de contratar e, por outro, viabilizar que
isso ocorra da forma mais econômica possível.

III - do edital constarão todos os elementos definidos na forma do inciso I do art.


3º, as normas que disciplinarem o procedimento e a minuta do contrato, quando
for o caso;

IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à disposição de


qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma da Lei no 9.755, de 16 de
dezembro de 1998;

VI - no dia, hora e local designados, será realizada sessão pública para


recebimento das propostas, devendo o interessado, ou seu representante,
identificar-se e, se for o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para
formulação de propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao
certame;

VII - aberta a sessão, os interessados ou seus representantes, apresentarão


declaração dando ciência de que cumprem plenamente os requisitos de habilitação
e entregarão os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço oferecidos,
procedendo-se à sua imediata abertura e à verificação da conformidade das
propostas com os requisitos estabelecidos no instrumento convocatório;

A sessão de lances verbais só deve ter início depois de o pregoeiro certificar-se da conformidade de
todas as propostas com o instrumento convocatório, sob pena de o resultado final, após o
encerramento dos lances, ser inútil. Haverá o risco de os proponentes ficarem disputando o preço de
fornecimento ou entrega de bem ou serviço inservível para as necessidades do órgão”.

No pregão, propostas que consignem preços superiores ao limite máximo estipulado pela
Administração não devem ser desclassificadas antes da fase de lances. Somente depois de
processada a fase de lances é que o critério de aceitabilidade de preço deve ser aplicado. 

No caso de indícios de inexequibilidade de preços, antes de julgar e decidir pela


desclassificação da proposta, o pregoeiro deve oportunizar ao licitante a possibilidade de
demonstrar a viabilidade do seu preço.

VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas
com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances
verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;

IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso
anterior, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de 3 (três),
oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços
oferecidos;

O autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento)
superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do
vencedor.

Obs: Marçal Justen Filho ressalta: “A única solução hermenêutica é reputar que a expressão
‘até o máximo de três’, constante do texto do art. 11, inc. VII, do regulamento federal,
reporta-se ao número total de propostas selecionadas para participar da etapa de lances. (...)
deve entender-se que o número de três não se refere às propostas ‘subseqüentes’ à melhor
classificada”.

Obs: Fernanda Marinela entende que seria a melhor proposta mais 3, totalizando 4. Posição
minoritária.

X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de


menor preço, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações
técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;

No pregão, quando do julgamento e da classificação das propostas, adota-se o critério de menor


preço, devendo-se, entretanto, observar outros fatores, como prazo para fornecimento,
especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade. 

XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao


pregoeiro decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;

A verificação da conformidade (artigo 4º, VII, da Lei nº 10.520/02) é realizada no início da sessão,
em todas as propostas apresentadas. É o primeiro passo dado pelo pregoeiro e sua equipe, após a
abertura dos envelopes. A verificação de conformidade leva em conta as exigências do edital, de
modo que as propostas que não estiverem de acordo com o instrumento convocatório podem ser
desclassificadas. Após esta análise, é feita a classificação das propostas pelo preço, para, somente
depois, passar-se a etapa de lances verbais. A aceitabilidade (art. 4º, XI, da Lei nº 10.520/02) da
proposta é realizada ao final, após os lances, e somente com a proposta vencedora. Ambos são atos
decisórios do pregoeiro, baseados em critérios objetivos estritamente vinculados ao edital. A
aceitabilidade da proposta, entretanto, equivale a um segundo crivo, direcionado à proposta de
melhor preço, mais minucioso, e exprime a preocupação da Administração Pública em celebrar um
bom contrato.

XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá


à abertura do invólucro contendo os documentos de habilitação do licitante que
apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições
fixadas no edital;

Tendo em vista que o art. 43, § 3º, da Lei nº 8.666/93 possibilita que a comissão ou a autoridade
superior promova diligência que vise esclarecer ou complementar a instrução do processo, em
qualquer fase da licitação, o TCU entendeu que, “à luz desse comando legal, que não menciona que
a diligência em questão teria de estar prevista em edital, não há que se falar em extrapolação das
regras do certame e, consequentemente, em violação aos princípios da vinculação ao instrumento
convocatório e do julgamento objetivo”. (TCU, Acórdão nº 2.459/2013, Plenário, Rel. Min. José
Múcio Monteiro, DOU de 23.09.2013.)

XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências


habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos
licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de
uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor;

XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pregoeiro poderá negociar
diretamente com o proponente para que seja obtido preço melhor;

XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e


motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3
(três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes
desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que
começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada
vista imediata dos autos;

Decreto 5.450/2005 Art. 26. Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá,


durante a sessão pública, de forma imediata e motivada, em campo próprio
do sistema, manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe será concedido o
prazo de três dias para apresentar as razões de recurso, ficando os demais
licitantes, desde logo, intimados para, querendo, apresentarem contra-razões
em igual prazo, que começará a contar do término do prazo do recorrente,
sendo-lhes assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa
dos seus interesses.

No pregão, a fase recursal é concentrada, ou seja, há um único momento para recorrer. Não há
qualquer inconstitucionalidade em relação ao fato de ter sido definido um único momento para se
viabilizar o recurso.

A intenção de recorrer deve ser indicada na própria sessão e é pressuposto necessário para que a
fase recursal possa ser viabilizada, o que ocorrerá por meio da concessão do prazo de três dias para
a apresentação das razões de recurso. Portanto, para que o licitante possa recorrer é preciso que ele
manifeste tal intenção, sob pena de não ter a seu favor a concessão do prazo de três dias para
apresentação das razões de recurso.

Obs: XX - a falta de manifestação imediata e motivada do licitante importará a decadência do


direito de recurso e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;

Decreto 5.450/2005
Art. 26 § 1o A falta de manifestação imediata e motivada do licitante quanto à intenção de
recorrer, nos termos do caput, importará na decadência desse direito, ficando o pregoeiro autorizado
a adjudicar o objeto ao licitante declarado vencedor.

Obs: manifestado o interesse em recorrer e apresentada imediatamente a motivação, é possível ao


pregoeiro, reconhecendo eventual equívoco cometido, rever desde logo o ato, alterando-o e
comunicando aos presentes. Do ato retificado, cabe aos interessados nova discordância. 

XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de


aproveitamento;

XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a adjudicação do objeto da licitação ao


licitante vencedor;

Art. 27.  Decididos os recursos e constatada a regularidade dos atos praticados, a autoridade


competente adjudicará o objeto e homologará o procedimento licitatório.

Art. 7º  Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, não
celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação falsa
exigida para o certame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto,
não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato,
comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de
licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e,
será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de
fornecedores a que se refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de
até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e
das demais cominações legais.

Art. 9º  Aplicam-se subsidiariamente, para a modalidade de pregão, as normas


da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

Ex: A Lei nº 10.520/02 não alude à aprovação jurídica do instrumento convocatório, o que, em
princípio, pode levar um desavisado a crer que o tratamento, nesse particular, deverá ser idêntico ao
dado às licitações na modalidade convite. Todavia, por ser o instrumento convocatório um edital
e, ainda, por ser o pregão utilizado para aquisições ou contratações de qualquer valor, reputa-
se que cabe aqui o atendimento ao disposto no art. 38 da Lei nº 8.666/93, sendo obrigatória,
para que haja eficácia jurídica, a aprovação do setor jurídico competente.

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