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I SÉRIE— Nº 33 — «B. O.

» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 13 DE SETEMBRO DE 1999 961

5. O relatório será distribuído aos Grupos Parlamen- Artigo 268º-A


tares e Deputados de partidos não constituídos em
Grupo Parlamentar e publicado no Boletim Oficial. (Princípio da legalidade)

Artigo 22º A liberdade das pessoas só pode ser limitada, total


ou parcialmente, em função das exigências processuais
(Debate e resolução)
de natureza cautelar, pelas medidas de coacção e de
1. Até 30 dias após a publicação do relatório o Presi- garantia patrimonial previstas na lei.
dente inclui a sua apreciação na ordem do dia.
Artigo 268º-B
2. Juntamente com o relatório, a Comissão Parla-
mentar de Inquérito pode apresentar um projecto de (Princípio de adequação e proporcionalidade)
resolução.
1. As medidas de coacção e de garantia patrimonial a
3. Apresentado ao Plenário o relatório, será aberto aplicar em concreto devem ser adequadas às exigên-
um debate. cias cautelares que o caso requer e proporcionais à gra-
vidade do crime e às sanções que possivelmente ve-
4. O debate é introduzido por uma breve exposição nham a ser aplicadas.
do Presidente da Comissão e do relator ou relatores e
será regulado nos termos do regimento. 2. A execução das medidas de coacção e de garantia
5 . Terminada a discussão proceder-se-á a votação dos patrimonial não deve prejudicar o exercício de direitos
projectos de resolução que tiverem sido apresentados. fundamentais que não forem incompatíveis com as exi-
gências cautelares que o caso requer.
6. O Plenário pode deliberar sobre a publicação inte-
gral ou parcial das actas da comissão. Artigo 2º

7 . O relatório não será objecto de votação no Plenário. São alterados os artigos 269º e 270º do Código de
Processo Penal, que passam a ter a seguinte redacção:
Artigo 23º
Artigo 269º
(Casos omissos)

Compete ao Plenário deliberar sobre os casos não (Obrigações do arguido mediante termo de identidade e re-
previstos na presente lei. sidência)

Artigo 24º 1.O juiz, o Ministério Público e as entidades e agen-


tes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer actos
(Vigência) ordenados por aqueles magistrados ou determinados
por este Código sujeitam a termo de identidade e resi-
A presente lei entra imediatamente em vigor.
dência todo aquele que for constituído arguido nos ter-
Aprovada em 15 de Abril de 1999. mos do presente Código.

O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, 2. Para efeito de ser notificado, o arguido pode indi-
José Maria Pereira Neves. car a sua residência, o local de trabalho ou outro domi-
cílio à sua escolha e, residindo fora da comarca onde o
Promulgada em 31 de Agosto de 1999. processo corre, deve indicar pessoa que, residindo
Publique-se. nesta, tome o encargo de receber as notificações que
lhe devam ser feitas.
O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL
MASCARENHAS GOMES MONTEIRO. 3.O arguido em liberdade provisória mediante
termo de identidade e residência deve permanecer à
Assinada em 2 de Setembro de 1999. disposição da autoridade competente, ficando sujeito
às seguintes obrigações:
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício,
José Maria Pereira Neves. a) Provar a sua identidade;
————
b) Declarar a sua residência;
Lei nº 111/V/99
c) Não mudar de residência nem dela se ausentar
de 13 de Setembro por mais de cinco dias sem comunicar a nova
residência ou o lugar onde possa ser encon-
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional de- trado à autoridade que determinou a medida
creta, nos termos da alínea b) do artigo 186º da Consti-
ou por esta indicada;
tuição, o seguinte:
Artigo 1º d) Comparecer periodicamente perante a autori-
dade que determinou a medida ou por esta
São aditados no Capítulo V do Título II do Livro II indicada, em dias e horas pré-estabelecidos e
do Código de Processo Penal os artigos 268º-A e 268º-B, tendo em conta as exigências profissionais
com a seguinte redacção: do arguido e o local em que habita;
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e) Manter à disposição da autoridade que deter- a) Não se ausentar ou não se ausentar sem auto-
minou a medida ou por esta indicada sempre rização, da área, povoação, freguesia ou
que a lei o obrigar ou para tal seja devida- concelho do seu domicílio ou não se ausentar
mente notificado; da sua residência, a não ser para locais de
trabalho ou outros expressamente designa-
f) Não perturbar a instrução do processo, procu- dos;
rando ilicitamente impedir a averiguação da
verdade; b) Residir fora da área, povoação, freguesia ou
concelho onde cometeu o crime ou onde resi-
g) Não cometer novas infracções. dam as vítimas ou os ofendidos, os cônjuges
e familiares deles ou ainda outras pessoas
4. A identidade do arguido deverá considerar-se pro- sobre as quais possam ser cometidos novos
vada se: crimes;

a) For conhecida do juiz, Ministério Público, de- c) Não exercer certas actividades ou profissões
fensor ou de qualquer oficial de justiça do que estejam relacionadas com o crime come-
tribunal ou da procuradoria da república da tido e que façam recear a perpetração de no-
comarca onde corre o processo; vas infracções;

b) For conhecida de qualquer elemento policial do d) Não frequentar certos meios ou locais, ou não
serviço ou da unidade policial onde corre o contactar ou conviver com determinadas pes-
processo; soas;

c) Apresentar o seu bilhete de identidade ou outro e) Sujeitar-se à vigilância de determinadas auto-


documento com a mesma força legal; ridades ou serviços públicos, nos termos que
forem estabelecidos;
d) Apresentar pessoa idónea conhecida da autori-
f) Exercer um mister ou profissão em local deter-
dade competente e que declare conhecê-lo.
minado, quando não se ocupe de trabalho
5. Do termo de identidade e residência deve constar certo;
que ao arguido foi dado conhecimento das obrigações
g) Qualquer outra obrigação a que possa ser sub-
previstas no número 3 e das consequências legais do ordinada a liberdade condicional.
seu incumprimento, bem como a forma como o mesmo
provou a sua identidade e as demais formalidades a 3. Em liberdade provisória mediante termo de identi-
que se refere o presente artigo. dade e residência determinada pelo juiz ou mediante
caução, pode o arguido ficar sujeito, cumulativamente
6. O termo de identidade e residência é lavrado no com as outras obrigações impostas, a não se ausentar
processo, em acto seguido à diligência, designadamente do país, ou não se ausentar dele sem prévia autoriza-
ao interrogatório ou à prisão que não for mantida ou a ção do magistrado ou autoridade que presidir às dili-
que não se seguiu imediatamente o julgamento em pro- gências do processo.
cesso sumário.
4. A medida de proibição de saída do país pode tam-
7. O arguido que não se encontre preso deve ser noti- bém ser determinada pelo juiz autonomamente sem cu-
ficado para o primeiro interrogatório. mulação com as obrigações impostas no termo de iden-
tidade e residência ou com a caução fixada quando, no
8. Se houver fundada suspeita de o arguido se eximir decorrer de qualquer investigação ou diligência judi-
a receber a notificação ou se não comparecer depois de cial, criminal, policial ou administrativa, se revelarem
notificado, deverá ser ordenada a sua comparência sob indícios sérios de cometimento de factos susceptíveis
custódia, devendo o interrogatório efectuar-se imedia- de constituir crime punível com pena de prisão super-
tamente, sem que o mesmo recolha à cadeia. ior a um ano e houver receio de fuga do agente, ainda
que não constituído arguido.
9. O termo de identidade e residência é isento de custas.
5. Nos crimes negligentes e nos crimes dolosos puní-
Artigo 270º veis com pena de prisão superior a dois anos, aten-
dendo sempre às circunstâncias do caso concreto e à
(Liberdade provisória) personalidade do agente, pode o juiz substituir a me-
dida de proibição de saída do país por caução idónea,
1. Fora dos casos previstos na lei, não pode ser orde- tratando-se de agente com residência habitual ou do-
nada a prisão, nem esta será mantida, ficando os ar- micílio profissional fora do território nacional.
guidos em liberdade provisória, mediante termo de
identidade e residência nos termos do artigo anterior 6. Nos casos previstos no número 4, deve a autori-
ou mediante caução. dade encarregada de investigação ou diligência, se não
for o magistrado judicial competente, solicitar directa-
2. Em liberdade provisória mediante caução, pode mente ao representante do ministério público compe-
ser imposta ao arguido, consoante as circunstâncias, tente, pela via mais rápida, a promoção da aplicação
alguma ou algumas das seguintes obrigações: da medida de proibição de ausentar para o estrangeiro.
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7. O pedido a que se refere o número anterior deve d) De terrorismo, nos termos previstos no Código
ser instruído com os meios de prova que demostrem a Penal;
seriedade dos indícios de crime.
e) Violentos ou altamente organizados;
8. Recebido o pedido, o representante do ministério
público, entendendo que efectivamente estão preenchi- f) De associação de malfeitores previsto no artigo
dos os requisitos previstos no número 4 deste artigo, 263º do Código Penal;
mandará registar e autuar o corpo de delito e remeterá
de imediato o processo, com a sua promoção, ao juiz g) Contra a Segurança do Estado previstos no Tí-
para decisão, a qual deverá também ser proferida ime- tulo II do Livro Segundo do Código Penal;
diatamente. h) De falsificação previstos nos artigos 206º a
213º e 215º a 218º do Código Penal;
9. A proibição de ausentar para o estrangeiro im-
plica a entrega do passaporte ou de qualquer outro do- i) Abrangidos por convenção sobre segurança da
cumento de viagem que o presumível agente do crime navegação aérea ou marítima.
possuir, à guarda do magistrado que presidir às dili-
gências do processo. 2. A ordem ou autorização a que alude o número 1 do
presente artigo pode ser solicitada ao juiz dos lugares
10. O magistrado que presidir às diligências do pro- onde eventualmente se puder efectivar a conversação
cesso deve comunicar imediatamente e pela via mais ou comunicação telefónica ou da sede da entidade com-
rápida às autoridades competentes o depósito do pas- petente para a investigação criminal.
saporte ou outro documento de viagem do presumível
agente do crime, com vista à não concessão ou não re- 3. Tratando-se de crimes de injúria, difamação,
novação desses documentos de viagem e ao controlo ameaça, coacção e devassa da vida privada, cometidos
das fronteiras. através de telefone, pode o juiz ordenar ou autorizar a
intercepção e a gravação de conversações ou comunica-
11. O representante do ministério público pode de- ções telefónicas, desde que se verifiquem cumulativa-
terminar, pela via mais rápida, a medida de proibição mente os seguintes requisitos:
de ausentar para o estrangeiro junto das autoridades
competentes, quando a urgência ou o perigo da demora a) Haja um pedido expresso da vítima ou ofen-
assim o exigir, devendo sujeitar a sua decisão à valida- dido;
ção pelo juiz competente no prazo máximo de 72 horas.
b) Houver fundadas razões para crer que a dili-
12. A autorização para se ausentar do país pode ser gência se revelará de interesse para a desco-
requerida e concedida verbalmente lavrando-se no pro- berta da verdade ou para a prova do crime e
cesso cota rubricada pelo magistrado competente. nos casos em que a descoberta dos factos ou
do lugar onde o arguido se encontra seja, de
Artigo 3º outra forma, impossível ou essencialmente
dificultada.
1. É aditada uma Secção VI sob a epígrafe «Escutas
telefónicas» ao Capítulo III do Título II do Livro II do 4. A diligência só pode ser dirigida contra arguidos
Código Processo Penal. ou contra pessoas em relação às quais é possível admi-
tir, na base de factos determinados, que elas recebam
2. A Secção VI aditada a que se refere o número an- ou transmitem comunicações provenientes dos argui-
terior compõe-se dos artigos 249º-A, 249º-B, 249º-C, dos ou a eles destinados, ou que os arguidos utilizem os
249º-D e 249º-E, com a seguinte redacção: seus telefones.

Secção VI 5. É proibida a intercepção e a gravação de conversa-


ções ou comunicações entre o arguido e o seu defensor.
Escutas telefónicas
Artigo 249º-B
Artigo 249º-A
(Formalidades das operações)
(Admissibilidade)
1. Da diligência de intercepção e gravação das
1. A intercepção e a gravação de conversações ou co- conversações e comunicações a que se refere o artigo
municações telefónicas só podem ser ordenadas ou au- anterior é lavrado auto, o qual, junto com as fitas gra-
torizadas, por despacho do juiz, quando existem indí- vadas ou elementos análogos, é imediatamente levado
cios sérios de prática ou de participação nos crimes: ao conhecimento do juiz que a tiver ordenado ou auto-
rizado.
a) Relativos a estupefacientes e substâncias psico-
trópicas, nos termos da respectiva legislação; 2. Se o juiz considerar os elementos recolhidos, ou al-
guns deles relevantes para a prova, ordena sua junção
b) Relativos a armas, engenhos, matérias explosi- ao processo; caso contrário, determina a sua destrui-
vas e análogas; ção, ficando todos os participantes na diligência ligados
por dever de segredo relativamente às questões de que
c) De contrabando; tenham tomado conhecimento.
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3. O arguido e o assistente, bem como as pessoas cu- Volvidos mais de dez anos, alterações profundas
jas conversações ou comunicações tiverem sido inter- foram introduzidas na Organização Judiciária nacio-
ceptadas e escutadas, podem, após a acusação, exami- nal, designadamente em matéria de criação e classifi-
nar o auto para se inteirarem da conformidade das cação de novos tribunais e alargamento das respecti-
gravações e obterem, à sua custa, cópias dos elementos vas competências. A dispersão das ilhas que compõem
naquele referidos. o país e as dificuldades naturais de comunicações entre
elas constituem, além de outros, constrangimentos que
Artigo 249º-C afectam, de forma significativa, a desejável rapidez na
tramitação dos processos, para efeitos de decretação de
(Nulidade) decisões em matéria de execução das penas.
A inobservância dos requisitos e condições referidos Efectivamente, hoje, a maior parte dos tribunais do
nos artigos anteriores determina a nulidade da diligên- país tem competência plena e encontra-se dotada de
cia e das provas obtidas. juizes licenciados em direito.
Artigo 249º-D Por outro lado, o aumento de número de presos nas
cadeias nacionais torna incomportável para os Tribu-
(Extensão)
nais da Praia e S. Vicente concentrar as competências
O disposto nos artigos 249-A a 249º-C é correspon- em matéria de execução das penas de todo o país.
dentemente aplicável às conversações ou comunicações
Importa, pois, atribuir a cada tribunal de comarca e
transmitidas por qualquer meio técnico diferente do te- respectivo magistrado competência em matéria de exe-
lefone. cução das penas, sendo certo que, pelo menos, hoje, já
Artigo 249-E
não existem razões objectivas para se lhes subtrair
essa competência. Na verdade, se os magistrados colo-
(Punição por escuta ilegal) cados nos tribunais de comarca estão em condições de
analisar e decidir os processos e questões submetidos à
A intercepção e a gravação de conversações ou comu- sua apreciação, por maioria de razão estão qualificados
nicações telefónicas ou por qualquer outro meio técnico para apreciar e decidir as questões relacionadas com a
diferente de telefone efectuadas por qualquer pessoa execução das penas, provavelmente de mais fácil solu-
ou por qualquer autoridade encarregada de investiga- ção do que proferir uma sentença condenatória que re-
ção criminal é considerado crime grave punível nos ter- quer muita ponderação e avaliação de vários factores e
mos da legislação penal. pressupostos.

Artigo 4º Assim,

É revogada a alínea c) do artigo 1º do Decreto-Lei nº Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional de-
182/91, de 28 de Dezembro de 1991. creta, nos termos da alínea b) do artigo 186º da Consti-
tuição, o seguinte:
Artigo 5º
Artigo 1º
A presente Lei entra imediatamente em vigor.
(Tribunal competente em matéria de execução das penas)
Aprovada em 25 de Junho de 1999.
Sem prejuízo das competências atribuídas por lei ao
O Presidente da Assembleia Nacional, António do Supremo Tribunal de Justiça, a matéria de execução
Espírito Santo Fonseca. das penas é da competência dos tribunais de comarca.
Promulgada em 2 de Setembro de 1999. Artigo 2º

Publique-se. (Competência em caso de transferência de condenados)

O Presidente da República, ANTÓNIO MANUEL 1. Em caso de transferência de presos condenados


MASCERENHAS GOMES MONTEIRO. para estabelecimento prisional situado na área de ju-
risdição de tribunal diferente daquele que proferiu a
Assinada em 6 de Setembro de 1999.
decisão condenatória para efeitos de cumprimento da
O Presidente da Assembleia Nacional, António do pena o processo é oficiosamente remetido para o tribu-
Espírito Santo Fonseca. nal da área para onde se procedeu a transferência.

——— 2. Para efeitos do disposto no número anterior, os es-


tabelecimentos prisionais devem comunicar obrigato-
Lei nº 112/V/99 riamente ao tribunal que proferiu a decisão condenató-
ria a transferência de qualquer recluso condenado para
de 13 de Setembr outro estabelecimento prisional situado fora da área da
respectiva comarca.
O Decreto-Lei nº 112/85, de 19 de Outubro, atribui
ao Tribunal da Praia e ao Tribunal de S. Vicente a 3. No que concerne a presos condenados no estran-
competência em matéria de execução das penas, res- geiro e transferidos para o território nacional é sempre
pectivamente, nas áreas de Sotavento e de Barlavento. competente o tribunal da comarca da Praia.

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