Você está na página 1de 4

'Comitê de Segurança Sem

Preconceitos' lança protocolos para


evitar violência e racismo em
abordagem
Grupo reúne representantes da Polícia Militar,
Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público,
Universidade Zumbi dos Palmares e empresas do
setor privado

João Ker 
26 NOV2020
05h11




 2
 COMENTÁRIOS


Representantes de entidades ligadas ao setor de segurança e às universidades


compareceram nesta quarta-feira, 25, à Universidade Zumbi dos Palmares para
lançarem o Comitê Segurança Sem Preconceitos. O grupo tem como
objetivo implementar novos protocolos e táticas de abordagem que evitem
violências e racismo. As atividades estavam previstas para começarem apenas
em 2021, mas foram antecipadas em caráter emergencial após o assassinato
de João Alberto de Freitas no Carrefour de Porto Alegre.

SAIBA MAIS

Sentença de Moro é anulada e juiz condena 2 ex-Petrobras


Kassio interrompe mais um julgamento relacionado a
Bolsonaro

SP regride para fase amarela e reduz horário do comércio


Assalto a bancos em Criciúma deixa reféns e cidade sitiada

O comitê é formado por representantes da Universidade Zumbi dos Palmares,


da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar, do Ministério Público e
das empresas de segurança privada. Algumas das principais medidas
anunciadas foram novos treinamentos em abordagens não-violentas para mais
de 600 mil agentes de segurança privada no País e maior punição para
empresas que contratarem serviços clandestinos.

Previsto para começar suas atividades apenas em 2021, Comitê


Segurança Sem Preconceito foi lançado em caráter emergencial nesta
quarta-feira 25 
Foto: Fernando Souza / Divulgação / Estadão

"Os casos recentes não foram com profissionais certificados", afirmou Jeferson
Furlan Nazário, presidente da a Federação Nacional das Empresas de
Segurança e Transporte de Valores (Fenavist). "É imperativo que tenhamos a
punição severa de empresas e clientes que contratam pessoas sem a
qualificação necessária, apenas por uma questão financeira, e que podem
gerar danos irreparáveis a vidas humanas, como ocorreu."
Uma estimativa da Polícia Federal apresentada durante o evento aponta que
há pelo menos 1 milhão de profissionais clandestinos no setor, sem o
treinamento psicológico ou as certificações necessárias para prestar serviços
de segurança privada. "Precisamos esclarecer onde tem racismo e onde não
tem. Esses casos de excesso não ocorrem só com negros, mas com brancos
também", frisou Nazário.

Também foi estabelecido a criação de um sistema de "pontuação", que


classifique os agentes de acordo com o comportamento e esteja claro e visível
à sociedade. José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, chegou
a sugerir uma espécie de insígnia aos policiais militares que seguissem boas
práticas de segurança. "Nós, da Academia, não conseguimos nos debruçar
sobre esse tema como devíamos e estamos devendo muito. As instituições
também."

Líder do Movimento AR, responsável por convocar a reunião, Vicente também


sugeriu que os responsáveis pelos estabelecimentos acompanhassem agentes
de segurança durante as ocorrências, além de transparência na hierarquia dos
funcionários. "Ninguém ganha com situações de racismo como as que
presenciamos. Temos famílias negras enlutadas enterrando seus entes
queridos e famílias brancas sofrendo com o encarceramento de seus familiares
quando punidos por seus atos."

Duas das medidas apresentadas no evento já foram implementadas ao longo


do ano pelo Ministério Público de São Paulo. Em junho, a Procuradoria Geral
de Justiça emitiu uma orientação oficial para que denúncias de racismo e
injúria racial não sejam resolvidas com "instrumento de consenso" pelos
promotores do Estado. Já em setembro, foi criado o Grupo Especial de
Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), para a identificação,
prevenção e repressão na capital.

"A recomendação é que os casos sigam até o fim e sejam encaminhados a


grupos especializados em racismo e injúria qualificada. Nosso objetivo é uma
apuração mais rigorosa desses crimes", explica o promotor Christiano Jorge
Santos.
Também participaram da reunião representantes do Sindicato das Empresas
de Segurança Privada, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação do Estado
de São Paulo (SESVESP), da Associação Brasileira de Cursos e
Aperfeiçoamento de Vigilantes(ABCFAV), da Secretaria de Segurança Pública,
da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (ABSEG), da Unicamp
e da Universidade de São Paulo.

Você também pode gostar