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O Painel do Grau de Aprendiz

Os painéis, quadros e símbolos são tão antigos quanto à própria Maçonaria. Retornando aos
primórdios da história da Maçonaria Especulativa, é possível perceber o surgimento de uma
quantidade ainda maior de símbolos, entre eles estão os painéis utilizados nas sessões
maçônicas cuja finalidade é identificar o grau da sessão em andamento. Sendo assim, cada grau
reunido, é acompanhado do quadro ou painel correspondente. Entre eles está o Painel do
Aprendiz.
Naquela época, antes do início das sessões, os painéis eram desenhados no chão
da loja de forma improvisada, com carvão ou giz. Dessa forma, eram facilmente
apagados ao final das sessões, garantindo dessa forma o seu sigilo. Mesmo depois
dos templos maçônicos surgirem, a prática de desenhos no chão das lojas persistiu
por mais um pouco.
Atribui-se a John Harris (1791-1873), famoso gravador e miniaturista inglês, a
criação do primeiro Quadro fixo que veio substituir os desenhos no piso. Harris
pintou sobre uma tela que não era emoldurada justamente para ser desenrolada
no Oriente em direção ao Ocidente (tradição mantida por alguns Ritos até hoje).
Posteriormente, o painel transformou-se em quadro emoldurado o qual após a
sessão era recolhido a uma estante, para permanecer fora de vista dos Irmãos1.
Atualmente o Painel é emoldurado e faz parte da decoração da loja durante os
trabalhos, devendo ser posicionado a frente da mesa do Venerável Mestre de
forma que todos os Irmãos que olhem para o Oriente possam vê-lo e, Figura 1 - Painel do Aprendiz
simbolizando o grau em que a oficina está composta2.

Descrição dos símbolos:


No ritual do Primeiro Grau, orlas dentadas de triângulos pretos e brancos rodeiam o Painel. O
desenho principal é o do interior da Loja, cuja representação central é constituída pelo
Pavimento Mosaico de azulejos brancos e pretos, que – tal como os demais elementos que
aparecem no Painel – representam a dualidade do dia e da noite, do bem e do mal, do que é fácil
e do que é difícil. A Loja não possui paredes, e abre para os céus. Isto simboliza a natureza
universal da Arte3.

Esquadro: É o emblema da retidão e do direito. Apesar de sua natureza simples, o esquadro é um


dos símbolos mais significativos da Maçonaria, um símbolo que retém muitos significados
históricos e alegóricos. O esquadro representa moralidade e exatidão. Agir com honestidade é
agir “no esquadro”4.

Compasso: Como o esquadro, o compasso é um dos símbolos mais importantes da Maçonaria, e


simboliza a virtude como a medida da vida e da conduta de alguém. Quando associado ao
esquadro simbolizam o espírito e a matéria, respectivamente5.

1
(Alegrucci, 2008).
2
Idem.
3
(Harwood, 2014).
4
(Karg &Young, 2012).
5
(Alegrucci, 2008).

1
Nível: é uma medida de equilíbrio, especialmente em um plano horizontal, e para o maçom
operativo isso era essencial na deposição das pedras, pois, para que todas as coisas sejam iguais,
devem estar niveladas. Na Maçonaria, o Nível representa a igualdade e o equilíbrio dos IIr ∴, em
que cada um tem direitos, deveres e privilégios iguais.

Prumo: é derivado do chumbo, que em latim é plumbum (prumo em inglês). A linha de prumo é
uma corda ou linha que tem uma bola de chumbo em sua extremidade. Instrumento utilizado
para verificar a verticalidade nas construções. Simbolicamente, isso se estende a um homem que
se mantém ereto – como uma parede sólida – e não se curvará sob pressão ou esforço. A linha de
prumo representa a verticalidade e retidão.

As Colunas B e J:As coluna de Jachin (ou Jakin) e Boaz, estão à entrada do templo e representam
a estabilidade e a força. Por associação desse conceito ao homem, indicavam que ele devia
buscar o equilíbrio entre o poder e o controle de sua vida para conseguir sucesso.

A Prancheta: Nela estão inscritos a chave do alfabeto maçônico. O fato de estar vazia, representa
o primeiro grau. É a prancha onde o Aprendiz deve traçar os seus planos e ideias.

A Pedra Bruta: Representa o estado natural do Aprendiz, no qual encontra-se em suas


imperfeições e que deve desbastar a Pedra Bruta. Simbolizando que deve cuidar das suas
imperfeições, aprimorando-se e instruindo-se.

A Pedra Polida (Cúbica): É o resultado dos esforços do Aprendiz. Representa o aperfeiçoamento


e a maturidade, demonstrando controle sobre os preconceitos, as paixões e os impulsos.

O Sol, a Lua e as Estrelas: O Sol e a Lua representam a dualidade da Natureza, demonstrando que
as forças contrárias trazem o equilíbrio e conciliação. As Estrelas, representam a universalidade
da Maçonaria e que esta se estenderá a toda humanidade, iniciando pelo Maçom que a partir de
seu exemplo e conhecimento leva luzes a todos que o cercam e que se encontram na escuridão.

O Maço e o Cinzel: Maço é o martelo, que representa a força de vontade. O Cinzel é um


instrumento cortante utilizado para talhar as pedras, e que representa a sabedoria, habilidade,
raio intelectual. Inseparáveis, simbolizam que a força sem habilidade de nada vale. São as
ferramentas básicas do Aprendiz enquanto desbasta a Pedra Bruta.

As Três Janelas: Estão posicionadas no Oriente, Meio Dia e no Ocidente, respectivamente nesta
ordem. Simbolizam a carreira do dia, no qual são dirigidos os trabalhos. As janelas estão
protegidas por uma rede de arames, simbolizando que o que está lá fora, lá deve permanecer,
afim de não perturbar os trabalhos internamente. E o que está dentro ali deve permanecer
garantindo o sigilo maçônico. No Norte não há janela, simbolicamente diz ao Aprendiz que deve
perseverar para ter acesso a Luz.

Os Três Degraus: Os Três Degraus representam a idade do Aprendiz, correspondente ao tempo


que os Maçons Operativos necessitavam para serem elevados. Somente após vencer os Três
Degraus é que o Aprendiz atingia a entrada da obra que se estava construindo. A passagem do
mundo profano para o plano iniciático não pode ser realizada diretamente. Os três degraus
representam, sucessivamente, o plano físico ou material, o plano intermediário, chamado de
"astral", e o plano psíquico ou mental. Esses três planos correspondem à divisão ternária do ser
humano em corpo, alma e espírito. No grau de Aprendiz, o ternário é encontrado em toda parte:
na sua idade, em sua marcha, em sua bateria e em muitos outros ensinamentos.

A Porta e o Delta: Entre as duas Colunas, situa-se a Porta do Templo, encimada por um frontão
triangular, o Delta Luminoso, a figura perfeita. A porta do Templo é representada em tamanho
menor do que as colunas traduzindo a ideia de que deve ser baixa, e de que é necessário curvar-
se para adentrar ao templo, não em sinal de humildade ou penitência, mas sim demonstrando a
dificuldade da passagem do mundo profano para o plano iniciático.

As Romãs: Sobre cada Coluna encontram-se as romãs. Os seus inúmeros grãos representam toda
família maçônica e a polpa transparente os laços fraternos e de ideais que nos unem.

A Corda de Sete Nós: Os nós entrelaçados são a imagem da união fraterna que liga todos os
maçons do mundo, sem distinções sociais, raciais, políticas ou religiosas. Seu entrelaçamento
simboliza também o segredo que deve rodear nossos mistérios. Para outros autores os sete nós
representam todas artes e ciências liberais que o maçom deve estudar6.

Conclusão

O Painel do Aprendiz resume todas as instruções e simbolismo do Primeiro Grau. Nele o


Aprendiz encontrará os passos e instruções necessárias na qual deve empreender-se, afim de
aperfeiçoar-se e instruir-se incessantemente com o objetivo de alcançar a Luz.

Fonte:

1. KARG, Barb; YOUNG, John K. Ph.D. O Livro Completo dos Maçons – Desvendando os Segredos da Antiga e
Misteriosa Sociedade Chamada Maçonaria. São Paulo, Madras, 2012.
2. HARWOOD, Jeremy. Maçonaria – Desvendando os Mistérios Milenares da Fraternidade: Rituais, Códigos, Sinais e
Símbolos Maçônicos. São Paulo, Madras, 2014.
3. ALEGRUCCI, Rogério. Peça “Painel do Aprendiz”, apresenta na A∴ R∴ L∴ S∴ Manoel Tavares de Oliveira Nº 2396
R∴ M∴, em 05/08/2008 E∴ V∴.

São Paulo, 28 de abril de 2015 E∴ V∴

Ir∴ André Luiz Gomes Coelho – Apr∴ M∴ CIM: 285.089

6
(Alegrucci, 2008).

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