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O arroz é uma das culturas mais influenciadas pelas condições climáticas. Em geral,
quando as exigências climáticas da cultura não são satisfeitas, podem-se esperar
frustrações de safras, que serão proporcionais à duração e à intensidade das
condições meteorológicas adversas. Essa cultura é submetida a condições
climáticas bastante distintas, pelo fato de ser semeada em todos os estados
brasileiros, em latitudes que variam de 5° N até 33° S.
Temperatura do ar
Temperatura do solo e da água
Radiação solar
Precipitação Pluvial
Fotoperíodo
Fotoperíodo
Temperatura do ar
Para uma boa germinação, é preciso que o solo apresente valores de temperatura
iguais ou superiores a 20°C. No caso de a temperatura ultrapassar 35°C,
recomenda-se irrigação de uma pequena lâmina de água para diminuir os valores
desse elemento climático.
Radiação Solar
A radiação solar de onda curta que atinge a superfície da terra, também conhecida
como radiação global, é formada por dois componentes: a radiação direta, fração
da radiação global que não interagiu com a atmosfera, e a radiação difusa, fração
da radiação global que interagiu com os constituintes da atmosfera e foi reirradiada
em todas as direções. A proporção da radiação difusa em relação a global é máxima
nos instantes próximos ao nascer e ao pôr do sol e nos dias completamente
nublados, quando toda a radiação global é difusa.
A exigência de radiação solar pela cultura do arroz varia de uma fase fenológica
para a outra, e as fases reprodutiva e de maturação são as mais importantes. Há
relação linear positiva entre a radiação solar nessas fases e a produtividade de
grãos de arroz irrigado. Em termos práticos, esse período ocorre entre três
semanas antes e três semanas após o início da floração.
Pela análise da disponibilidade de radiação solar durante o ciclo da cultura do arroz
de terras altas, em distintas regiões produtoras do Brasil verifica-se que os níveis
mais altos ocorrem em localidades situadas na Região Sul, que apresenta dias mais
longos, e os mais baixos em localidades da Região Norte, devido aos dias mais
curtos do que na Região Sul. Nas localidades das demais regiões, os valores são
intermediários.
Uma avaliação preliminar sobre a quantidade média de energia solar disponível nas
distintas regiões produtoras de arroz do país, sugere que, em princípio, esse não
seria um fator limitante para os níveis atuais de produtividade nos distintos
sistemas de cultivo. Entretanto, ele pode tornar-se limitante quando se pretende
obter níveis de produtividade próximos do potencial, que são bem superiores aos
obtidos em condições de lavoura.
Precipitação Pluvial
Caso o estresse hídrico ocorra durante a fase vegetativa, poderá haver redução na
altura da planta, no número de perfilhos e na área foliar; entretanto, a planta pode
recuperar-se, se as necessidades hídricas forem supridas em tempo de permitir que
a floração não seja afetada. Por outro lado, se o estresse ocorrer durante o período
reprodutivo, de nada adiantará suprir as necessidades hídricas nas fases seguintes,
pois o efeito é irreversível. As quebras na produtividade de grãos são especialmente
acentuadas quando o estresse hídrico ocorre durante o florescimento, já que é
nesse estádio em que são afetados os processos relacionados ao desenvolvimento
reprodutivo, o que resulta em esterilidade e dessecamento das espiguetas .
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Colheita
A colheita pode ser afetada se coincidir com períodos chuvosos, o que pode
acarretar perdas por acamamento, debulha e depreciação do produto. Em áreas
extensas, o plantio deve ser planejado no sentido de evitar que a colheita se
concentre em um só período e ocorram perdas por falta de colhedoras e secadores.
Além da competição que as plantas daninhas exercem com o arroz, estas também
interferem na colheita pelas frequentes obstruções que dificultam o trilhamento e
depreciam a qualidade do produto.
Época de colheita
Métodos de colheita
Colheita manual
A colheita manual do arroz requer em torno de dez dias de trabalho de um
homem para cortar um hectare, sendo mais difundida em pequenas
lavouras. Além do corte, que normalmente é feito com auxílio de um cutelo,
outras operações, como o recolhimento e o trilhamento, são realizadas
manualmente. À medida que as plantas vão sendo cortadas em pequenos
feixes, são amontoadas transversalmente sobre os colmos decepados, de
modo que as panículas não fiquem em contato com o solo e permaneçam
expostas ao sol. Os feixes devem ser colocados em um mesmo sentido, a
fim de facilitar seu recolhimento e transporte para o local de trilhamento.
Colheita mecanizada
A colheita pode ser realizada por diversos tipos de máquinas, desde as de pequeno
porte, tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes, dotadas de
plataforma de colheita de até 6 m de largura, as quais realizam, em sequência, as
operações de corte, recolhimento, trilhamento e limpeza dos grãos.
Usar cilindro batedor de dentes com rotação entre 500 e 700 rpm.
Na colheita, o impacto das plantas com a unidade de apanha provoca perdas, que
dependem da facilidade de degrana da cultivar, da umidade dos grãos, da presença
de plantas daninhas e da conservação e operação da colhedora. Imprimir à
máquina velocidade excessiva de trabalho e incompatível com a rotação do
molinete provoca degrana prematura ou falhas de recolhimento.
Em arroz de terras altas, foi constatado que a perda média de grãos com
colhedoras totalizou 13% da produtividade. A unidade de apanha foi responsável
por 73,2% das perdas, o saca-palhas por 12,9%, as peneiras por 9,9% e a degrana
natural por 4%.
Uma alternativa é usar um copo medidor. O copo medidor representa um método simples, prático e preciso de
medir as perdas, que dispensa a contagem ou a pesagem dos grãos.
(no/m) (no/m)
Mínima* Máxima* Mínima* Máxima*
*Para 100 sementes de arroz, consideraram-se como massas mínima e máxima, respectivamente, 2,58 g e 3,56 g.
Fonte: Seguy et al.(1984).
Perda parcial –
Permite identificar se as perdas são provenientes da plataforma de corte, do saca-
palhas ou das peneiras da colhedora.
Perda na plataforma de corte
Parar a colhedora e desligar os mecanismos da plataforma de corte.
Levantar a plataforma e recuar a máquina a uma distância
equivalente ao seu comprimento, de 4 a 5 m.
Perda no saca-palhas
Usar uma armação de madeira e pano, tipo maca, com dimensões de
0,5 m de largura e 1,2 m de comprimento.
Posicionar a armação na lavoura e esperar pela passagem da
colhedora.
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Qualidade de grãos
Preferência do consumidor
Teste de Cocção
O Teste de Cocção (Figura 2) em arroz é um dos parâmetros de qualidade muito utilizado
por programas de melhoramento genético e indústrias de beneficiamento como forma de
avaliar o comportamento culinário das cultivares lançadas e ou novas linhagens em estudo.
Consiste em simular o cozimento caseiro e determinar por meio de análise sensorial a
textura (dureza e pegajosidade) e o rendimento dos grãos. Embora a melhor maneira de
avaliar a qualidade culinária do arroz seja prepará-lo do modo tradicional dos consumidores
e submetê-lo à apreciação dos mesmos ou a um grupo de pessoas treinadas em análise
sensorial do produto, esse tipo de análise demanda muito produto, tempo e muitas pessoas,
o que o torna pouco prático e oneroso, especialmente quando o número de linhagens a
serem avaliadas é grande. Diante desse fato, tem-se utilizado testes indiretos de avaliação,
como os do teor de amilose aparente, temperatura de gelatinização e estrutura do amido,
entre outros. Também se procurou padronizar o teste culinário utilizando-se, mais
recentemente, a panela elétrica (automática) de arroz. Está sendo desenvolvido em
laboratório, o método de avaliação de textura de arroz cozido em instrumento denominado
texturômetro para se aumentar a precisão das respostas.
Temperatura de Gelatinização
Grau de Polimento
Classificação visual
Figura 5 – Equipamento S-21: Analisador Estatístico de Arroz
Fonte: LKL Tecnologia: http://www.lkl.com.br
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Mundo
Segundo dados do USDA (2014), disponibilizados em http://www.conab.gov.br, a produção
mundial de arroz já não vem acompanhando o crescimento do consumo, sendo necessárias
importações para atender a demanda mundial na ordem de 40 milhões de toneladas (Tabela
2).
Brasil
Informações Complementares:
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O mercado de baixo padrão, que comercializa produto com até 100% de quebrado,
é controlado pelos exportadores asiáticos, Tailândia, Vietnã, Paquistão, Índia e
China. O arroz quebrado, como subproduto no processo industrial é misturado com
arroz inteiro, em proporções variáveis, para obter os tipos de arroz procurados
pelos países importadores de baixa renda, principalmente da África, Ásia e América
Latina.
Paralelo com esses dois grandes mercados, existem alguns mercados emergentes,
por exemplo, para o arroz aromático, tipo Basmati. Nesse caso, os mercados da
Europa e do Oriente Médio se mostram promissores. Existem também outros nichos
de mercados mais marginais, como arroz gluante, limitado basicamente ao Extremo
Sul Asiático.
Nos últimos anos os estoques de arroz têm diminuído. Esse fator aliado a outras
questões conjunturais provocaram fortes variações nos preços internacionais do
arroz. A perspectiva à médio prazo é que se mantenham altos.
O consumo de arroz teve um forte progresso a partir da década de 80. Os padrões
de consumo podem ser classificados em três grandes modelos. O modelo asiático
que corresponde a um consumo médio per capitasuperior a 100 kg ao ano. Nesse
grupo, há países em que o consumo alcança até 200 kg ao ano (Figura 3). Um
exemplo desse grupo é a China, que apresenta um consumo anual médio de 110 kg
per capita. O modelo subtropical apresenta um consumo per capita médio, que
varia de 35 a 65 kg ao ano. O Brasil é um país representativo desse grupo, cujo
consumo médio gira em torno de 45 kg ao ano de arroz beneficiado. No modelo
ocidental, o consumo per capita médio é baixo, cerca de 10 kg ao ano. Como
exemplo desse grupo pode-se citar a França, com um consumo per capita de 5 kg
ao ano.
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Política e legisla
Nesse sentido, foi assinado, em 1994, o Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da
Propriedade Intelectual relacionados com o comércio (TRIPS ou ADPIC), assinado
em 1994. O acordo estabelece, dentre outras questões, que os países membros da
Organização Mundial do Comércio (OMC) devem estabelecer um sistema de
proteção de variedades de plantas, seja por patentes ou por um outro mecanismo
efetivo sui generis, ou ainda, por meio da combinação de ambos.
A "nova cultivar" consiste naquela que não tenha sido oferecida à venda no
Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido de proteção e
que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha sido
oferecida à venda em outros países, com o consentimento do obtentor, há
mais de seis anos para espécies de árvores e videiras e há mais de quatro
anos para as demais espécies.
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Normas de classificação do arroz
O arroz em casca ou beneficiado, tanto natural como parboilizado, seja ele polido
ou integral, é classificado de acordo com normas estabelecidas pelo MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Atualmente está em vigor a
Portaria nº 269 de 17 de novembro de 1988 que rege a classificação, porém, essa
portaria está sendo revista e deve ser alterada para que seja adequada às normas
internacionais, principalmente aos tratados do Mercosul, o que propiciará um
produto com melhor qualidade para o consumidor. Essa nova portaria, deverá
entrar em vigor em 01 de março de 2010.
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Figura. 1. Distribuição dos solos no Brasil baseado no Mapa de Solos do Brasil,
atualizado segundo o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
Solos de média a alta fertilidade também ocorrem e são em geral pouco profundos
em decorrência de seu baixo grau de intemperismo, caracterizados nas classes dos
Neossolos, Argissolos, Luvissolos, Planossolos, Nitossolos, Chernossolos e
Cambissolos.
Esses Latossolos também possuem boas condições físicas que, aliadas ao relevo
plano ou suavemente ondulado, favorecem a utilização com diversas culturas
climaticamente adaptadas. As principais limitações são a acidez elevada e a
fertilidade química baixa. Requerem um manejo adequado com correção da acidez,
adubação fertilizante e controle de erosão, sobretudo nos solos de textura média,
que são os mais pobres e susceptíveis à erosão. A deficiência de micronutrientes
pode ocorrer, sobretudo nos solos de textura média.
Latossolos Amarelos
Nitossolos Vermelhos
Chernossolos Argilúvicos
Esses solos se caracterizam por apresentar argila de atividade alta e saturação por
bases alta. Antes, eram designados de Brunizens Avermelhados. São
moderadamente profundos a rasos, com distinta diferenciação entre os horizontes,
normalmente com textura média nos horizontes superficiais e argilosa nos
subsuperficiais. Apresentam permeabilidade moderada no horizonte superficial e
lenta no horizonte Bt, sendo, portanto, muito susceptíveis a processos erosivos.
Argissolos Vermelho-Amarelos
Planossolos
Gleissolos
Chernossolos
Chernossolos em áreas de várzea com drenagem imperfeita em relevo plano a
suave ondulado, mal drenados são bastante aptos para o cultivo o arroz.
São solos que apresentam horizonte A chernozêmico seguido por horizonte B
textural ou incipiente com argila de atividade alta e saturação por bases elevada
(eutróficos) em todo o perfil. Apresentam, normalmente, fertilidade natural de
moderada a alta, suportando, junto com alguns Vertissolos, os melhores solos
cultivados com arroz irrigado, proporcionando altas produtividades.
Plintossolos
Vertissolos
Na sua maior parte, são fortemente ácidos, com baixa saturação por bases e
frequentemente com altos teores de alumínio trocável. Quando drenados e
cultivados, podem ficar sujeitos a uma acentuada subsidência (rebaixamento da
superfície) e diminuição gradativa no teor de matéria orgânica.
Cambissolos
Apresentam uma aptidão muito restrita para o uso com arroz irrigado, pois são
muito arenosos ou sujeitos a inundações muito frequentes. Ocupam áreas
significativas de várzeas no rio Grande do Sul, Santa Catarina e Roraima.
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Métodos de irrigação
A irrigação da cultura do arroz pode ser feita pelos métodos inundação, subirrigação e aspersão. No Brasil, o
método mais usado é o de irrigação por inundação contínua. Geralmente, no sistema de tabuleiros em contorno
(Figura 1), a inundação é com circulação da água, enquanto que no sistema de tabuleiros retangulares (Figura
2), a lâmina de água é estática. A subirrigação, método de irrigação no qual a água é aplicada diretamente sob
a superfície do solo por meio da elevação do lençol freático, tem sido usada em várzeas drenadas mas não
sistematizadas. Mais recentemente, vem sendo usada, de maneira suplementar à ocorrência de chuva, a
irrigação por aspersão, via pivô central, tanto no cultivo do arroz em terras altas como em várzeas. A
quantidade de água necessária para o cultivo do arroz varia de acordo com o método de irrigação e depende,
principalmente, das condições climáticas, dos atributos do solo, do ciclo da cultivar, da profundidade do lençol
freático e do manejo do solo, da cultura e da água.
Figura 2. Tabuleiros retangulares.
Métodos de Irrigação
Os retangulares são formados por diques retilíneos, com o terreno sistematizado, de modo que apresente uma
pequena declividade uniforme. Os tabuleiros em contorno são formados por um sistema de diques em curva de
nível e diques retilíneos no sentido transversal, para dividir a área no tamanho apropriado.
Figura 3. Irrigação por inundação.
A inundação do solo pode ser feita de maneira contínua, durante grande parte do
ciclo do arroz, ou de maneira intermitente, caso em que a lâmina de água é reposta
após um intervalo de tempo desde o seu desaparecimento do tabuleiro.
A inundação contínua apresenta as seguintes vantagens:
• Diminuição do crescimento das plantas daninhas.
• Controle da temperatura do solo, pois devido à presença de água,
que tem calor específico superior ao do solo, não haverá
temperaturas extremas.
• Fixação do nitrogênio atmosférico, devido às condições favoráveis
para o crescimento de algas verde-azuis.
• Aumento da disponibilidade dos nutrientes para a planta, tais como
fósforo, ferro, manganês e silício, durante as primeiras semanas de
inundação.
• Economia de mão de obra.
• Aumento da fotossíntese nas folhas mais baixas, devido ao reflexo
da luz na água.
A inundação contínua pode ser feita com lâmina de água estática ou corrente.
A água parada, continuamente na lavoura, apesar de tornar-se estagnada,
normalmente não é prejudicial às plantas de arroz. Entretanto, no sistema mix de
pré-germinado, que consiste no uso de sementes pré-germinadas em área com
vegetação dessecada e previamente inundada, a decomposição anaeróbica da palha
presente na área pode provocar a formação de substâncias tóxicas, que afetam o
estabelecimento das plântulas.
A eficiência da irrigação com água corrente é menor que a da irrigação com lâmina
de água estática, se a água não for convenientemente utilizada. Existe o perigo de
os nutrientes do solo serem carregados pela corrente de água. Não há diferença em
evapotranspiração (soma da evaporação com a transpiração das plantas) e
percolação (infiltração de água no solo) para qualquer um dos sistemas. A irrigação
com água corrente é praticada em solos onde existem substâncias tóxicas, devido à
pouca percolação ou má drenagem, o que torna necessário um suprimento de água
contínuo e corrente. Nos trópicos, a água corrente resulta na diminuição da
temperatura do solo, o que pode ser considerado um benefício. A melhor
justificativa para utilizar a irrigação com água corrente é a economia de mão de
obra, pois, com lâmina de água estática, as práticas de manejo da irrigação são um
tanto trabalhosas, especialmente quando não há facilidade de acesso aos pontos de
entrada da água. No Brasil, a maioria das lavouras irrigadas está localizada no
Estado do Rio Grande do Sul, onde há predomínio do uso de tabuleiros em
contorno, que requerem menor sistematização do solo. Geralmente, é feito apenas
um aplainamento para eliminar as irregularidades excessivas do terreno. Nesse
sistema de irrigação, a água é colocada no tabuleiro mais elevado. Após ter sua
lâmina de água estabelecida, a água passa ao tabuleiro imediatamente inferior, e
assim por diante, até o último, onde, então, a água excedente escoa para um
dreno. Assim, tem-se um sistema contínuo de entrada e saída de água, o que
caracteriza a irrigação com água corrente. Em outras partes do país, onde se usam
tabuleiros retangulares, com entrada e saída individuais da água, é mais
utilizada a inundação com lâmina de água estática.
Nesse caso, ao contrário dos tabuleiros em contorno, pode ser usada
a inundação intermitente.
A inundação intermitente é praticada, principalmente, em áreas com suprimento
limitado de água. Pode ser também uma boa opção para áreas servidas por
bombeamento, mas não deve ser implantada sem um prévio estudo econômico.
Produções satisfatórias de arroz são obtidas sob inundação intermitente, quando a
umidade do solo é mantida perto da saturação, durante o período sem lâmina de
água. Entretanto, no Brasil, esse método foi pouco adotado por que:
• Requer completo sistema de irrigação e drenagem, envolvendo altos
custos;
• Requer completo sistema de irrigação e drenagem, envolvendo altos
custos;
• Requer práticas de manejo de água desconhecidas por aqueles que
normalmente usam inundação contínua;
• Requer controle mais eficiente de plantas daninhas, pois algumas
dessas plantas crescem mais facilmente sob esse método de
irrigação.
A maior contribuição da inundação intermitente para o uso econômico da água é a
diminuição das perdas por escorrimento superficial (melhor aproveitamento da
água das chuvas) e por percolação (infiltração de água no solo), que são maiores
nas lavouras inundadas. Um fator importante a ser considerado na irrigação
intermitente é o conhecimento das fases de desenvolvimento da cultura em relação
à tolerância da planta à falta de água, ou daqueles períodos em que o suprimento
de água é uma necessidade absoluta.
A ausência da lâmina de água na fase reprodutiva aumenta o número de grãos
chochos e, no período de maturação, pode afetar a massa dos grãos. Por outro
lado, a retirada da água durante o período de perfilhamento pode trazer vantagens
à produtividade, estimulando o sistema radicular a se aprofundar o que reduz o
acamamento, pois o colmo fica com mais resistência e com menor crescimento e
melhorando o perfilhamento.
Subirrigação
A subirrigação pela elevação do nível do lençol freático vem sendo usada no Brasil,
em várzeas não-sistematizadas, onde o lençol freático encontra-se a pequena
profundidade do solo. O solo, normalmente, permanece saturado durante grande
parte do ciclo da cultura. Nesse método, embora o requerimento de água seja
menor que no de inundação contínua, as plantas daninhas são um grande
problema. A necessidade de mão de obra também é menor. A subirrigação pode
minimizar os problemas de toxicidade de ferro, pois a absorção desse elemento
pelas plantas é menor com saturação que com inundação contínua. A produtividade
do arroz obtida com saturação do solo geralmente é menor que a obtida com
inundação contínua.
Foto:Sebastião Araújo
Figura 4. Arroz irrigado por aspersão.
A irrigação por aspersão é indicada para solos de alta permeabilidade e de baixa
disponibilidade de água, como a maioria dos solos da região dos Cerrados. Esses solos
requerem irrigações frequentes, com menor quantidade de água por aplicação, o que é mais
fácil de ser conseguido com irrigação por aspersão do que por superfície.
A irrigação, além de propiciar maiores produtividades, melhora a qualidade do
produto. Os períodos de deficiência hídrica que a planta de arroz, em condições de
sequeiro, sofre durante o ciclo geram qualidade de grão inferior em comparação
com o arroz irrigado. A porcentagem de grãos chochos e gessados aumenta
consideravelmente quando a deficiência hídrica ocorre durante as fases de emissão
da panícula e enchimento dos grãos. Com o uso de irrigação por aspersão o
processo de enchimento dos grãos não sofre descontinuidade. Consequentemente,
o número de grãos por panícula e a massa dos grãos são maiores e o número de
grãos chochos é menor.
Além do aumento na produtividade e na qualidade do arroz, é possível utilizar o
equipamento de irrigação para outras culturas na safra de outono-inverno, o que
promove, assim, maior uso do equipamento, e propicia maior rentabilidade ao
agricultor.
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Produção de sementes
1. PRODUÇÃO DE SEMENTES
Origem da semente
Escolha da área
Na escolha da área, deve-se analisar o seu histórico e considerar a cultura
antecessora.
Entre os fatores a serem considerados, destacam-se os seguintes:
- Cultivo anterior: o campo não deve ter sido cultivado com a mesma espécie na
safra anterior, exceto se for da mesma cultivar. Esse cuidado justifica-se pelo fato
de que as sementes caídas ao solo sobrevivem de um ano para outro ou, às vezes,
por mais de um ano, podendo ocasionar contaminação varietal. Outros problemas
relacionados com a cultura anterior são as doenças e pragas, uma vez que seus
restos culturais podem se constituir em fonte de contaminação para a cultura atual.
- Espécies silvestres: o conhecimento das plantas daninhas auxilia na escolha da
área, pois se pode prever a dificuldade de seu controle, conforme o grau de
infestação, e também da retirada das sementes nocivas e silvestres no processo de
beneficiamento. Um exemplo é o caso da presença de arroz-vermelho ou preto que
podem comprometer a qualidade do campo para produção de sementes de arroz e
levar à condenação de todo o lote de sementes.
Escolha da cultivar
Semeadura
- Época de semeadura:
- Densidade de semeadura:
Recomenda-se, para cultivares de arroz irrigado que emitam muitos perfilhos, 100
Kg ha-1 de sementes viáveis. Para cultivares que emitam poucos perfilhos, a
densidade de semeadura deve ser aumentada.
- Preparo do solo:
No plantio convencional, o solo deve ser bem preparado para que as sementes
tenham profundidade adequada para o desenvolvimento posterior das plantas, com
reflexos na emergência e uniformidade do estande.
Manejo da cultura
Isolamento
Espaço
Para cultivares de arroz irrigado, o isolamento físico deve ser de, no mínimo, 3
metros para cultivo em linha e 15 metros para cultivo a lanço, tanto no plantio
como na colheita. Com isso, evitam-se possíveis cruzamentos e preserva-se a
qualidade genética. O isolamento minimiza a possibilidade de mistura na colheita
em áreas contíguas de diferentes cultivares e, assim, preserva a qualidade física.
Época de semeadura
Barreiras
Durante a fase de multiplicação do material genético, todo e qualquer indivíduo destoante da população, tais
como plantas silvestres, plantas de outras cultivares e plantas atípicas (Figura 1), deverá ser eliminado
– roguing (Figura 2), como condição para a aprovação do campo de produção de sementes.
Figura 1. Planta atípica em lavoura de arroz
Foto: Sérgio Vaz da Costa
Figura 2. Erradicação de plantas indesejáveis - roguing
Plantas atípicas
Plantas da mesma espécie, mas que destoam desta por uma ou mais
características, tais como, tipo de planta, ramificações, hastes ou folhas pilosas,
cor, forma, tamanho, etc. Estas plantas devem ser eliminadas dos campos de
produção de sementes em qualquer época do seu desenvolvimento vegetativo e
reprodutivo.
Todas as plantas indesejáveis da mesma espécie que possam polinizar por meio do
cruzamento natural.
Plantas daninhas
Sementes inseparáveis
As classes são constituídas por categorias. Essas são unidades de classificação que
consideram a origem genética, a qualidade e o número de gerações. Como
exemplo, têm-se as sementes certificadas de primeira e segunda geração (C1 e C2)
e as não certificadas de primeira e segunda geração (S1 e S2).
Semente para uso próprio: toda pessoa física ou jurídica que utiliza sementes com
a finalidade de semeadura deverá adquiri-las de produtor ou comerciante inscrito
no Registro Nacional de Sementes (RENASEM). O usuário poderá, a cada safra,
reservar parte da sua produção como “semente para uso próprio”, que deverá
observar o que segue o anexo XXXIII, da Instrução Normativa nº 9 do MAPA:
3. PRÉ-LIMPEZA
4. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES
Após a colheita, as sementes não estão em condições de serem comercializadas.
Com isso, são encaminhadas à Unidade de Beneficiamento (UBS) para retirar as
impurezas, materiais indesejáveis, a fim de favorecer a secagem, o
armazenamento, bem como padronizar as sementes para plantio.
-Registro de abertura do lote: deve ser efetuado para definir o momento a partir
do qual a semente passa a existir fisicamente e assegurar a individualidade daquela
quantidade de semente que está chegando à UBS;
-Peso bruto: informa que a balança está intimamente ligada a “caixa” da UBS,
onde temos a entrada do produto;
-Categoria: a categoria deve ser anotada porque é possível existir campos de uma
mesma cultivar inscritos em diferentes categorias de produção de sementes;
A redução do risco de ocorrência de misturas exige que varios fatores devam ser
considerados, especialmente relacionados com o número de cultivares a ser
produzido, o período disponível entre a recepção das sementes e a comercialização
das mesmas para a próxima safra, o número de pessoas disponíveis para a
realização das tarefas de limpeza, bem como os equipamentos necessários para
esse fim. Se o período entre a recepção das sementes para beneficiamento e
comercialização é curto é, recomendável trabalhar com número reduzido de
espécies ou cultivares, por outro lado, se o período for longo é possível aumentar o
número de cultivares.
5. SECAGEM DE SEMENTES
Via de regra, sementes com elevado teor de água não suportam temperaturas
elevadas na massa de sementes e, conforme o teor de água vai diminuindo essa
tolerância passa a ser maior. Sementes de arroz com umidade acima de 18 % não
devem ser submetidas a temperaturas na massa superiores a 35°C e conforme a
umidade diminui essa temperatura pode ser elevada até um limite de 38 a 39°C, a
fim de não comprometer a qualidade fisiológica das mesmas. A relação entre a
temperatura da massa de sementes e da entrada de ar deve ser variável entre os
equipamentos de secagem, sendo necessária então a realização de um ajuste em
cada secador.
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Sementes 40 40-70 *
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*Não é recomendável a secagem de sementes em sistema continuo.
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6. ARMAZENAMENTO
Para análise, a validade dos testes para germinação é de dez meses e para
reanálise de oito meses, excluído o mês em que o teste de germinação foi
concluído.
7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FRANCO, D. F.; ALONÇO. A dos S. INFELD, J. A. Colheita do arroz irrigado. In: GOMES, A;
MAGALHÃES JUNIOR, A. M. (Org.). Arroz Irrigado no Sul do Brasil. Brasília, 2004 V. 1. 900p.
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Fungicidas
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Características Morfológicas
Raiz
Folha
A folha primária, surgida do coleóptilo, difere das demais por ser cilíndrica e não
apresentar lâmina. A segunda folha e as demais são dispostas de forma alternada
no colmo e surgem a partir de gemas situadas nos nós. A porção da folha que
envolve o colmo denomina-se bainha. A porção pendente da folha é a lâmina. Na
junção dessas duas partes situa-se o colar, do qual emergem dois pequenos
apêndices em forma de orelha, sendo por essa razão denominados de aurículas, e
uma estrutura membranosa em forma de língua, denominada lígula. A partir do
colmo principal originam-se de 8 a 14 folhas, conforme o ciclo da cultivar. A última
folha a surgir em cada colmo denomina-se folha-bandeira. Os genótipos diferem
quanto ao comprimento, largura, ângulo de inserção, pubescência e cor das folhas.
Essas características são de grande relevância na caracterização e descrição
varietal.
Caule
Panícula
Figura 1. Panícula
É formado pelo ovário fecundado e contém uma única semente aderida às suas paredes, pericarpo, envolvida pela lema e a
pálea. Estas, juntamente com as glumas estéreis e estruturas associadas, formam a casca. O grão sem casca denomina-se
cariopse. A fenologia do arroz é basicamente composta de duas fases, vegetativa e reprodutiva. A Tabela 1 ilustra essas duas
fases e os respectivos marcadores fisiológicos.
Figura 2. Grão beneficiado e grão com casca
Figura 5. Fases fenológicas do arroz
Fonte: adaptada de COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.L., A Uniform
and adaptative system for expressing rice develoment Crop Science, Madison,
40:436-443. 2000.
Limpeza.
Descascamento.
Classificação.
Embalagem e expedição.
Normalmente, nã o se beneficia o arroz logo apó s a colheita e a secagem, pois apó s algum período de
armazenamento, o arroz tem uma melhora significativa na sua qualidade de cocçã o (cozimento), o
que diminui a tendência de aglomerar-se apó s o cozimento.
A industrializaçã o do arroz parboilizado exige uma planta específica de parboilizaçã o, com o uso de
banhos de imersã o em á gua quente e vaporizaçã o em estufas ou autoclaves, com posterior secagem.
Apó s o processo de parboilizaçã o e a secagem do arroz, o arroz parboilizado segue os mesmos
procedimentos de descasque, bruniçã o e classificaçã o do arroz tradicional.
Limpeza
Apó s o período de armazenamento e da aquisiçã o pela indú stria, o arroz passa por mais um
processo de limpeza para que sejam eliminadas as impurezas mais grossas que porventura ainda
estejam misturadas a ele, como palha de arroz, torrã o de terra, pedras, restos de insetos oriundos
de armazenamento, entre outros, e que nã o foram suficientemente retirados na pré-limpeza.
Descascamento
Nessa etapa, o arroz é descascado em má quinas providas de dois roletes de borracha, que giram em
sentidos opostos, em velocidades diferentes, retirando o grã o de arroz do interior da casca por um
movimento de torçã o. Nessa operaçã o deve-se tomar maior cuidado com o teor de umidade dos
grã os para evitar a quebra destes.
Separação pela câmara de palha e de marinheiros
A câ mara de palha é uma má quina que separa, por meio de sistema pneumá tico, o arroz inteiro do
arroz mal-granado ou verde, da casca e de seus derivados.
Em outra má quina, os grã os que apó s o descascamento ainda restaram com casca, chamados
marinheiros, sã o retirados.
A utilizaçã o dessas má quinas visa aumentar o rendimento dos equipamentos subsequentes e
melhorar a qualidade do produto final.
Brunização e homogeneização
O arroz descascado, integral, contendo o farelo, é lixado por brunidores, má quinas compostas por
pedras abrasivas que retiram o farelo de arroz e separam o arroz branco.
A homogeneizaçã o complementa o processo de bruniçã o do arroz, ao retirar o farelo de arroz que
ainda permanece aderido ao grã o, em má quinas que utilizam spray de á gua e ar.
Classificação
Nessa etapa, o arroz passa por má quinas que separam os grã os inteiros dos quebrados de
diferentes tamanhos, ¾ e ½ de grã os. A quantidade de grã os quebrados é um dos indicativos do
tipo do arroz, sendo o Tipo 1 aquele que permite a menor quantidade possível de quebrados.
Na classificaçã o, os grã os podem também passar por equipamentos de leitura ó tica, onde sã o
retirados os grã os rajados, vermelhos, picados, manchados ou aqueles com alteraçã o de coloraçã o.
Outros equipamentos podem ser usados na indú stria com o objetivo de obter um produto final de
melhor qualidade, dependendo do grau de investimento da indú stria.
Embalagem e expedição
Apó s essas etapas o arroz é embalado, respeitando os limites estabelecidos para os defeitos e
limites para cada Tipo e Classe de arroz, sujeito a regulamentaçã o federal. Tal regulamentaçã o é
regida pela Portaria do MAPA nº 269/88, de 17.de novembro de 1988.
Parboilização
Parboilizaçã o é um processo hidrotérmico, no qual o arroz em casca é imerso em á gua potá vel, a
uma temperatura acima de 58ºC, seguido de gelatinizaçã o parcial ou total do amido e secagem.
Antes de ser submetido à s operaçõ es hidrotérmicas, o arroz, ainda em casca, passa por um conjunto
de equipamentos para a realizaçã o de operaçõ es complementares de limpeza e seleçã o, que podem
incluir de má quinas de ar e peneiras a mesas densimétricas.
Em grande parte das indú strias, a autoclavagem é realizada em equipamentos de fluxo contínuo ou
semicontínuo, que operam em temperaturas ao redor de 110ºC, com pressõ es de 0,4 a 1,2 kgf cm-
2,
em tempos que variam de 10 a 30 minutos.
Depois da autoclavagem, as operaçõ es hidrotérmicas seguem para a etapa das secagens, sendo uma
preliminar, em secador rotativo, e outra, complementar ou secundá ria.
Completadas as operaçõ es hidrotérmicas e passado o período de temperagem, os grã os sã o
descascados, produzindo o arroz integral parboilizado, ou passam pelas mesmas operaçõ es de
brunimento e/ou polimento descritas acima para o arroz branco tradicional.
Panorama mundial
O arroz é cultivado em todos os continentes, destacando em primeiro lugar o asiá tico, com uma
produçã o equivalente a 90% da mundial. Segue-se o americano, com 5%, o africano, com 4%, o
europeu, 5 % e o oceâ nico, também com 0,5% da produçã o mundial de arroz. Na Oceania, destaca-
se a Austrá lia, que sozinha produz 1,2 milhã o de toneladas.
Na Á sia, estã o os oito maiores produtores mundiais de arroz. Em 1º lugar está a China, seguida pela
Índia, Indonésia, Bangladesh, Vietnam, Tailâ ndia, Myanmar e Filipinas, que produzem 203, 159, 71,
52, 44, 39, 28 e 18 milhõ es de toneladas, respectivamente. A China contribui com uma produçã o
equivalente a 27% da mundial e 30% da asiá tica, seguida pela Índia com 21% e 24%,
respectivamente. O Brasil situa-se em 9º lugar, com uma produçã o correspondente a 1,6% da
mundial.
Nas Américas, o arroz reveste-se de grande importâ ncia social e econô mica. Na América Latina e
Caribe, a produçã o de 28 milhõ es de toneladas de arroz representa 3,8% da produçã o mundial, com
destaque para o Brasil que participa com 42% dessa produçã o. Na América do Norte, o arroz é
produzido apenas nos Estados Unidos da América, cuja produçã o é de 8,6 milhõ es de toneladas.
Em 2013, no Mercado do cone Sul (Mercosul), o destaque é para o Brasil, que ocupa o 1º lugar em
á rea colhida e produçã o de arroz, com 11,8 milhõ es de toneladas, seguido em ordem decrescente
pelo Peru, 3,1, Colô mbia, 2,4, Argentina, 1,6, Equador, 1,5, Uruguai, 1,4, Paraguai, 0,6, Bolívia, 0,4 e
Chile, 0,1. A á rea cultivada com arroz, nesses países do bloco, somou 4,6 milhõ es de hectares, com
uma produçã o de 23,9 milhõ es de toneladas, o que correspondeu a 2,8% e 3,2% da mundial,
respectivamente, e uma produtividade de 5.168 kg/ha.
Situação nacional
O arroz constitui-se num dos componentes da dieta da populaçã o brasileira. Assume importâ ncia
relevante nas açõ es sociais e governamentais de incentivo ao seu cultivo para assegurar os níveis
de oferta e consumo, especialmente das classes mais carentes da populaçã o, que normalmente têm
no arroz um alimento essencial em sua dieta.
Em 2013, houve reduçã o na produçã o do arroz irrigado sem irrigaçã o controlada e de terras altas, passando de 90,0 mil toneladas para 7,0 mil toneladas
e de 3,5 milhõ es de toneladas para 1,6 milhã o de toneladas, em relaçã o a 2003, respectivamente. A queda de 54% na produçã o do arroz de terras altas,
em parte, foi devido a fatores inerentes à cultura, tanto do ponto de vista de solo e clima, como de prá ticas de manejo. A produçã o de arroz no sistema
irrigado com irrigaçã o controlada, em 2003, foi de 6,6 milhõ es de toneladas e alcançou 10,1 milhõ es de toneladas, em 2013, apresentando um aumento
de 54% no período, o que assegurou o suprimento da oferta do arroz no Brasil. Esse crescimento é atribuído além do manejo adequado das lavouras a
utilizaçã o de variedades de expressivo potencial de produtividade, em uso pelos orizicultores dos vales das bacias dos rios tropicais e das terras baixas
do país (Tabela 1).
A partir de 2003, verificou-se no Brasil reduçã o de á rea colhida com o arroz irrigado sem irrigaçã o
controlada e de terras altas. A á rea total colhida de arroz passou de 3,1 milhõ es de hectares em
2003, para 2,3 milhõ es de hectares em 2013, ou seja, um decréscimo de 26%. Essa reduçã o ocorreu,
notadamente, em consequência da substituiçã o do arroz por outras culturas até entã o mais
lucrativas para o produtor, como a soja, milho, algodã o, cevada, cítricos, gramíneas e mais
recentemente, a cana-de-açú car, nas Regiõ es Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil. Contudo,
houve um crescimento de 11% na á rea colhida com arroz irrigado com irrigaçã o controlada, que
passou de 1,3 milhã o de hectares em 2003, para 1,4 milhã o de hectares em 2013 (Tabela 2).
Ainda, segundo os dados adaptados na Embrapa Arroz e Feijã o (2014), na Tabela 3, é possível
observar que na ú ltima década, no Brasil e na média, a cultura do arroz foi contemplada por níveis
crescentes de produtividade, superando o patamar de 4,6 t ha-1. Praticamente, houve um
incremento em produtividade de 50%, ou seja, passou de 3.094 kg ha-1 em 2003, para 4.616 kg ha-
1
em 2013.
Informações Complementares:
__________
Transporte
Recepção
Pré-limpeza
Uma vez finalizada a pré-limpeza, deve-se proceder a secagem dos grãos e/ou sementes que
pode ser feita por vários métodos, desde o natural (Figura 4) e os naturais melhorados, até a
secagem forçada, a qual inclui as estacionárias, onde apenas o ar se movimenta durante a
operação, e as convencionais, onde são movimentados ar e grãos durante a secagem.
Os grãos de arroz são sensíveis aos choques térmicos, por isso a alternância do
emprego de ar aquecido e ar ambiente aumenta o número de grãos trincados.
A secagem estacionária é caracterizada pela não movimentação dos grãos, que,
colocados nos silos-secadores, sofrem a ação do ar, aquecido ou não, o qual é
movimentado mecanicamente em fluxos axial ou radial, ou seja, em direção do eixo
principal, que corresponde à altura, em direção vertical a partir do fundo do silo-
secador, ou do raio, lateral em direção horizontal a partir de um tubo central
perfurado, respectivamente.
A secagem estacionária de arroz pode ser feita com ar forçado, à temperatura de
até 45°C, para camadas não superiores a 1,0 m.
Para a secagem intermitente, são utilizados os secadores intermitentes, e a
operação ocorre com movimentação dos grãos e do ar de secagem, que mantém
períodos alternados de contato e de isolamento. Em sementes, a temperatura do ar
não deve ultrapassar 45ºC e a da massa de semente 40ºC, dentro do secador.
O sistema de secagem intermitente exige maiores investimentos para a instalação
e o uso de tecnologia mais sofisticada do que o estacionário, porém com resultados
que podem ser bastante compensadores em grãos dotados de certa resistência a
danos mecânicos e sensíveis a danos e choques térmicos, como os de arroz.
A secagem contínua faz uso dos chamados secadores contínuos, que constam de
estrutura com pelo menos duas câmaras, uma de secagem propriamente dita e
uma de arrefecimento, e pode haver uma outra, intermediária, neutra, colocada
entre as duas. Nesse sistema, os grãos ingressam úmidos, mantêm contato com o
ar aquecido na primeira câmara, perdem água e se aquecem. Ao passarem pela
segunda câmara, entram em contato com ar à temperatura ambiente, quando são
resfriados.
Antes da etapa final estacionária em silo-secador, a seca-aeração utiliza um
secador convencional contínuo adaptado, em que a câmara originalmente destinada
ao resfriamento recebe ar aquecido e se transforma numa segunda câmara de
secagem. Daí os grãos saem ainda quentes e parcialmente secos e vão diretamente
a um secador estacionário, onde permanecem em repouso durante um determinado
tempo.
__________
Armazenamento
Nos estados da região Brasil Central, é comum o arroz entrar no armazém com teor
de umidade de 13% e, cerca de seis meses após, apresentar teor de umidade em
torno de 9%. Nesses estados, as condições de temperatura encontradas nos
armazéns são de 30ºC, ou mais altas, e umidade relativa de 40%, ou mais baixas.
Para essas condições, 30ºC e 40% de umidade relativa, o grão de arroz em casca
atinge o equilíbrio higroscópico na faixa de 9,0 a 9,6% de teor de umidade.
Recomenda-se o carregamento dos silos quando os grãos estiverem resfriados, ou
parcialmente resfriados após a secagem, e mantê-los sob temperaturas mais baixas
possíveis, no máximo 18ºC, por aeração, com o objetivo de remover ou distribuir a
umidade e calor acumulados.
Independentemente do sistema utilizado, o armazenamento do arroz por um
período de um ano não altera o sabor ou odor do produto, contudo, quando mal
conservado em ambientes não controlados, principalmente sob umidade relativa
alta, acima de 65%, pode haver aumento da taxa respiratória dos grãos, ocorrência
de processos de fermentação, ataque de insetos e desenvolvimento de fungos, que
refletem negativamente na qualidade do produto, com alteração do sabor,
inviabilizando assim o consumo.
Para preservar a qualidade do arroz e prevenir perdas desnecessárias, é importante
que as condições de estocagem atendam aos cuidados para um armazenamento
seguro. Para verificar a umidade e temperatura dentro do armazém recomenda-se,
como opção, o uso de sensores e controle computadorizado da massa de
grãos (Figura 3).
Foto: Eduardo da Costa Eifert
Importância e dano
São insetos de tamanho inferior a 1 cm, porém de alto potencial biótico. As duas
primeiras espécies são popularmente conhecidas como carunchos, que são
facilmente identificadas pelo aparelho bucal em forma de bico (rostro) cilíndrico que
se prolonga a frente da cabeça. Tanto as formas larvais como adultas se alimentam
da massa de grãos e causam perdas quantitativas e na qualidade do produto final.
As outras duas espécies de besouros atacam grãos defeituosos resultantes do mau
fechamento da casca ou decorrentes de danos mecânicos durante a colheita.
Traças
Sitrotroga cereallela Oliv.1819 (Lepidoptera, Gelechiidae)
Importância e dano
Essas pragas podem atacar o arroz ainda no campo, quando os grãos encontram-se
na maturidade fisiológica ou quando estão secando. Em silos ou graneleiros, o
ataque se dá nas camadas superficiais dos grãos e as larvas destoem os grãos,
diminuindo a massa, a qualidade e o seu valor nutritivo.
Controle
Figura 5. Expurgo do arroz com lona e detalhe da base tampada com madeira.
Quando o arroz é armazenado em silos, o produto químico para o expurgo é
aplicado durante a operação de enchimento do silo, no momento da transilagem ou
por meio de sondas. Em grãos ensacados, o expurgo pode ser feito com lençóis
plásticos que permitem a fumigação de cada pilha separadamente. O período de
expurgo não deverá ser inferior a 120 horas de exposição.
Geralmente, utilizam-se produtos à base de fosfina, na forma de comprimidos (0,6
g) e de pastilhas (3 g). Quando o arroz estiver armazenado em sacos, a dose
recomendada é de um comprimido para cada 3 a 4 sacos de 60 kg de grãos ou uma
pastilha para cada 15 a 20 sacos. No caso de armazenamento a granel, em silos
verticais, a aplicação desse produto deve ser feita dosando-se os comprimidos nos
transportadores de cargas com posterior vedação das aberturas superiores. Em
silos horizontais ou graneleiros, recomenda-se a introdução dos comprimidos na
massa de grãos, por meio de uma sonda, cobrindo-se com lona plástica. O tempo
de permanência do arroz sob a ação de gases deve ser de, no mínimo, cinco dias. O
produto deve ser manuseado por pessoas treinadas e equipadas com máscaras e
luvas, pois a fosfina é altamente tóxica e pode levar a morte. Em caso de novas
infestações, a operação deve ser repetida.
Quando necessário, o controle de pragas pode ser complementado com
pulverização com produtos relacionados na Tabela 4 e 5, em Insumos, na Pré-
produção. Para isso, deve-se verificar o período de carência, tomar cuidados
especiais na aplicação, ler o rótulo e seguir as instruções recomendadas.
========
Arroz irrigado
Figura 1. Cultivares de Arroz Irrigado
Fonte: Portal Embrapa