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A PRODUÇÃO DE ARROZ

O arroz é uma das culturas mais influenciadas pelas condições climáticas. Em geral,
quando as exigências climáticas da cultura não são satisfeitas, podem-se esperar
frustrações de safras, que serão proporcionais à duração e à intensidade das
condições meteorológicas adversas. Essa cultura é submetida a condições
climáticas bastante distintas, pelo fato de ser semeada em todos os estados
brasileiros, em latitudes que variam de 5° N até 33° S.

 Temperatura do ar
 Temperatura do solo e da água

 Radiação solar

 Precipitação Pluvial

 Fotoperíodo

Fotoperíodo

A duração do dia, definido como o intervalo entre o nascer e o pôr do sol, é


conhecida como fotoperíodo. A resposta da planta ao fotoperíodo é denominada
fotoperiodismo. Sendo o arroz uma planta de dias curtos, dias de curta duração,
cerca de 10 horas, encurtam o seu ciclo e antecipa a floração. O fotoperíodo ótimo
é considerado o comprimento do dia no qual a duração da emergência até a
floração é mínima. O fotoperíodo ótimo, para a maioria dos cultivares, é entre 9 e
10 horas.

De um modo geral, pode-se dizer que, para as principais regiões produtoras do


país, o fotoperíodo não chega a ser um fator limitante, observando-se as épocas
recomendadas de semeadura. Isso porque, no processo de adaptação e/ou criação
de novas cultivares são selecionadas aquelas que apresentam comprimentos de
ciclo compatíveis com as características fotoperiódicas da região. Entretanto, o
fotoperíodo pode ser um fator limitante, quando se pretende produzir arroz fora das
épocas tradicionais de cultivo.

Temperatura do ar

A temperatura do ar é um dos elementos climáticos de maior importância para o


crescimento, o desenvolvimento e a produtividade da cultura do arroz. Cada fase
fenológica tem a sua temperatura crítica ótima, mínima e máxima (Tabela 1).
 

A temperatura ótima para o desenvolvimento do arroz situa-se entre 20 e 35°C.


Em geral, a cultura exige temperaturas relativamente elevadas da germinação à
maturação, uniformemente crescente até a floração (antese) e decrescente, porém
sem abaixamento brusco, após a floração.

As faixas de temperatura ótimas variam de 20 a 35°C para germinação, de 30 a


33°C para a floração e de 20 a 25°C para a maturação. A planta do arroz não tolera
temperaturas excessivamente baixas nem excessivamente altas. Entretanto, a
sensibilidade da cultura varia, tanto para uma como para a outra, em função da
fase fenológica.
 
A ocorrência de temperaturas superiores a 35°C também pode causar esterilidade
das espiguetas. A fase mais sensível do arroz a altas temperaturas é a floração. A
segunda fase mais sensível é a pré-floração ou, mais especificamente, cerca de
nove dias antes da emissão das panículas. Da mesma forma que para temperaturas
baixas, há grandes diferenças entre genótipos quanto à tolerância a temperaturas
altas.
 
Para cultivares insensíveis ao fotoperíodo, assumindo-se um suprimento adequado
de água, a duração do período da emergência à floração é determinada,
fundamentalmente, pela temperatura do ar. 
 
Um grande problema, no Rio Grande do Sul, são as baixas temperaturas do ar
(“frio”) durante a fase reprodutiva da cultura. Elas causam esterilidade de
espiguetas se ocorrerem durante as fases mais críticas da planta (pré-floração e
floração). Observa-se na figura abaixo a probabilidade de ocorrência de três ou
mais dias com temperatura mínima do ar menor ou igual a 15ºC, nos decêndios
dos meses de dezembro a março, em oito localidades representativas das principais
regiões produtoras do estado. Ela indica que o período de menor risco de ocorrência
de dessa temperatura compreende os decêndios dos meses de janeiro e fevereiro,
e o 1º decêndio de março, mas há uma variabilidade acentuada entre as
localidades.
 
 Fonte: Steinmetz et al. (2001) 
Figura 1. Probabilidade de ocorrência de temperatura mínima. 

Probabilidade de ocorrência de três ou mais dias com temperatura mínima do ar


menor ou igual 15ºC, nos decêndios de dezembro, janeiro, fevereiro e março, nas
localidades de Bagé (Bag), Jaguarão (Jag), Pelotas (Pel), Rio Grande (RG), Santana
do Livramento (SL), Santa Vitória do Palmar (SVP), São Borja (SBj) e Uruguaiana
(Urug) RS.
 
Para as épocas normais de semeadura, na região dos Cerrados, em princípio, não
ocorre influência negativa acentuada das baixas temperaturas. Isso porque, na
maioria das localidades, a temperatura média das mínimas nos meses de janeiro e
fevereiro, período que geralmente coincide com o estádio reprodutivo da cultura, é
superior a 17°C. Entretanto, nas localidades de maior altitude, é possível que haja
alguma influência desse elemento climático.
 
No Município de Formoso do Araguaia-TO, latitude 11°47´49´´S e longitude 49°31
´44´´W, o elemento climático de maior importância é a temperatura do ar, que
apresenta valores mínimos acima de 16°C e o desenvolvimento do arroz é
satisfatório. Entretanto, a temperatura máxima do ar, no período de agosto a
outubro, apresenta valores superiores a 35°C. Índices térmicos semelhantes a esse
poderão, dependendo da fase de desenvolvimento da cultura, trazer alguma
consequência negativa na produtividade de grãos. Se isto ocorrer na fase de
floração, por exemplo, poderá haver um sensível aumento na esterilidade de
espiguetas.
 
Temperatura da água e do solo

Para uma boa germinação, é preciso que o solo apresente valores de temperatura
iguais ou superiores a 20°C. No caso de a temperatura ultrapassar 35°C,
recomenda-se irrigação de uma pequena lâmina de água para diminuir os valores
desse elemento climático. 

Na fase inicial de crescimento da planta, a temperatura da água afeta diretamente


as gemas que estão sob a água e são responsáveis pelo desenvolvimento das
folhas, perfilhos e panículas. Já nas fases seguintes, de crescimento e elongação, a
planta terá o seu desenvolvimento afetado tanto pela temperatura da água como
pela temperatura do ar. Vale lembrar que, na maioria dos casos, a temperatura da
água é superior à do ar pelo fato de o ambiente regido pela água absorver muito
mais energia. Nesse caso, a água de irrigação deve ser renovada à medida que a
temperatura da água ultrapasse 40°C. 

No Estado do Tocantins, a semeadura deve ocorrer no início do período chuvoso, ou


seja, no mês de outubro, estendendo-se até 20 de dezembro, o que favorece a
germinação das sementes e o estabelecimento da cultura. Nas semeaduras mais
tardias, as chuvas podem dificultar a operação de plantio. Além disso, quanto mais
se retarda a semeadura, maior é a probabilidade de ocorrência de brusone. 

As baixas temperaturas do solo no início do período de semeadura é um problema


crítico do cultivo do arroz irrigado no Rio Grande do Sul , ou seja, de fins de
setembro a meados de outubro, dependendo da região. Elas podem retardar a
emergência das plântulas em mais de 20 dias nas cultivares mais sensíveis e afetar
a população inicial de plantas. Além disso, no Rio Grande do Sul baixas
temperaturas do ar, “frio”, durante a fase reprodutiva da cultura, causam
esterilidade de espiguetas, se ocorrerem durante as fases mais críticas da planta,
que são a pré-floração e a floração.

Radiação Solar

A radiação solar de onda curta que atinge a superfície da terra, também conhecida
como radiação global, é formada por dois componentes: a radiação direta, fração
da radiação global que não interagiu com a atmosfera, e a radiação difusa, fração
da radiação global que interagiu com os constituintes da atmosfera e foi reirradiada
em todas as direções. A proporção da radiação difusa em relação a global é máxima
nos instantes próximos ao nascer e ao pôr do sol e nos dias completamente
nublados, quando toda a radiação global é difusa.

No processo de fotossíntese, as plantas utilizam apenas uma fração da radiação


incidente, no comprimento de onda entre 0,4 e 0,7u, denominada de radiação
fotossinteticamente ativa (RFA). A RFA pode ser considerada como sendo de
aproximadamente 50% da radiação global incidente. Sombreamento durante a fase
vegetativa tem pouca influência sobre a produtividade e seus componentes. A
produtividade é fortemente influenciada, contudo, quando o sombreamento ocorre
durante as fases reprodutivas e de maturação, o que reduz, respectivamente, o
número de espiguetas por panícula e a percentagem de grãos. 

A exigência de radiação solar pela cultura do arroz varia de uma fase fenológica
para a outra, e as fases reprodutiva e de maturação são as mais importantes. Há
relação linear positiva entre a radiação solar nessas fases e a produtividade de
grãos de arroz irrigado. Em termos práticos, esse período ocorre entre três
semanas antes e três semanas após o início da floração.
 
Pela análise da disponibilidade de radiação solar durante o ciclo da cultura do arroz
de terras altas, em distintas regiões produtoras do Brasil verifica-se que os níveis
mais altos ocorrem em localidades situadas na Região Sul, que apresenta dias mais
longos, e os mais baixos em localidades da Região Norte, devido aos dias mais
curtos do que na Região Sul. Nas localidades das demais regiões, os valores são
intermediários. 
Uma avaliação preliminar sobre a quantidade média de energia solar disponível nas
distintas regiões produtoras de arroz do país, sugere que, em princípio, esse não
seria um fator limitante para os níveis atuais de produtividade nos distintos
sistemas de cultivo. Entretanto, ele pode tornar-se limitante quando se pretende
obter níveis de produtividade próximos do potencial, que são bem superiores aos
obtidos em condições de lavoura.
 
Precipitação Pluvial

As características do regime pluvial expressas pela quantidade e a distribuição das


chuvas durante o ciclo da planta de sequeiro, são os fatores mais limitantes na
produtividade de grãos. A localidade de Santo Antônio de Goiás-GO, apresenta um
regime pluvial característico da região dos Cerrados. Do total anual de 1.463mm,
cerca de 90% ocorrem no período de outubro a abril. De maio a setembro ocorre
uma estação seca bem definida com índices de pluviosidade muito baixos.

Em algumas regiões produtoras de arroz de terras altas, em particular na região


dos Cerrados, é comum a ocorrência de estiagens, denominadas veranicos, durante
a estação chuvosa. Em geral, esses períodos de estiagens são caracterizados pela
alta demanda evaporativa do ar, altos níveis de radiação solar e temperaturas
elevadas. 

Devido à irregularidade na distribuição pluvial, o risco climático, que é caracterizado


pela quantidade de água disponível no solo para as culturas, é acentuado em
função da diminuição frequente na quantidade de água. Muitas vezes, essa
irregularidade pluvial é traduzida por períodos sem chuva que duram de 5 a 35
dias, e pode provocar redução na produtividade de grãos. Entretanto, acredita-se
que o efeito negativo causado pela diminuição de água pode ser minimizado,
conhecendo-se as características pluviais de cada região e o comportamento das
culturas em suas distintas fases fenológicas, ou seja, semeando naqueles períodos
em que a probabilidade de diminuição da precipitação pluvial é menor durante,
principalmente, a fase de florescimento - enchimento de grãos. Dependendo da
idade da planta, os efeitos negativos devido ao estresse hídrico podem ser
variáveis. 

Caso o estresse hídrico ocorra durante a fase vegetativa, poderá haver redução na
altura da planta, no número de perfilhos e na área foliar; entretanto, a planta pode
recuperar-se, se as necessidades hídricas forem supridas em tempo de permitir que
a floração não seja afetada. Por outro lado, se o estresse ocorrer durante o período
reprodutivo, de nada adiantará suprir as necessidades hídricas nas fases seguintes,
pois o efeito é irreversível. As quebras na produtividade de grãos são especialmente
acentuadas quando o estresse hídrico ocorre durante o florescimento, já que é
nesse estádio em que são afetados os processos relacionados ao desenvolvimento
reprodutivo, o que resulta em esterilidade e dessecamento das espiguetas .

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Colheita

Autor(es): José Geraldo da Silva ; Daniel Fernandez Franco 

A colheita é uma das etapas mais importantes do processo de produção e, quando


mal conduzida, acarreta perda de grãos e compromete os esforços e os
investimentos dedicados à cultura. Dentre outros, o teor adequado de umidade dos
grãos por ocasião da colheita constitui fator que leva à obtenção de melhor
rendimento de grãos inteiros no beneficiamento e à redução de perdas.
Uma colheita eficiente, farta e com produto de boa qualidade, somente pode ser
obtida quando são tomados alguns cuidados, desde o preparo do solo até o
momento do corte das plantas de arroz.

A colheita pode ser afetada se coincidir com períodos chuvosos, o que pode
acarretar perdas por acamamento, debulha e depreciação do produto. Em áreas
extensas, o plantio deve ser planejado no sentido de evitar que a colheita se
concentre em um só período e ocorram perdas por falta de colhedoras e secadores.

Além da competição que as plantas daninhas exercem com o arroz, estas também
interferem na colheita pelas frequentes obstruções que dificultam o trilhamento e
depreciam a qualidade do produto.

Época de colheita

A época adequada de colheita corresponde à fase de maturação do arroz, em que


se obtém maior rendimento de grãos inteiros no beneficiamento e menor perda de
grãos no campo. Tanto colheitas antecipadas como tardias afetam o rendimento
industrial das cultivares, mas algumas podem ser mais exigentes quanto à época
de colheita.

Quando o arroz é colhido com alto teor de umidade, a produtividade de grãos é


prejudicada pela elevada ocorrência de grãos imaturos, muitos dos quais resultam
em grãos gessados e mal formados, que quebram mais facilmente durante o
beneficiamento, descasque e polimento. Se, por outro lado, a colheita for feita
tardiamente, os grãos com umidade muito baixa, ocorrem perdas por degrana
natural e acamamento, e a qualidade industrial do produto também é afetada pela
redução do rendimento de grãos inteiros no beneficiamento. Esse efeito pode ser
mais severo se ocorrer orvalho, alta umidade relativa do ar e, principalmente,
períodos alternados de chuva e sol intenso, pois os grãos já vão trincados para as
máquinas de beneficiamento.

Assim, a principal causa de quebra de grãos está relacionada com a reumidificação,


mais especificamente, quando a umidade dos grãos está abaixo de um ponto crítico
que se situa em torno de 15%. De maneira geral, para obtenção de maiores
rendimentos de inteiros, recomenda-se colher o arroz com teor de umidade entre
18% e 22%. Na prática, como nem sempre se dispõe de aparelhos para determinar
o teor de umidade no campo, o produtor pode se basear na mudança de cor das
glumelas (cascas), e considerar como ideal quando dois terços dos grãos da
panícula estiverem maduros. Morder os grãos ou apertá-los com a unha pode
também ser um indicativo útil. Se o grão amassar, o arroz encontra-se ainda
imaturo; se quebrar encontra-se na fase semidura, e a colheita pode ser iniciada.

Métodos de colheita 

Os métodos de colheita do arroz são: o manual, o semimecanizado e o mecanizado.

 Colheita manual
A colheita manual do arroz requer em torno de dez dias de trabalho de um
homem para cortar um hectare, sendo mais difundida em pequenas
lavouras. Além do corte, que normalmente é feito com auxílio de um cutelo,
outras operações, como o recolhimento e o trilhamento, são realizadas
manualmente. À medida que as plantas vão sendo cortadas em pequenos
feixes, são amontoadas transversalmente sobre os colmos decepados, de
modo que as panículas não fiquem em contato com o solo e permaneçam
expostas ao sol. Os feixes devem ser colocados em um mesmo sentido, a
fim de facilitar seu recolhimento e transporte para o local de trilhamento.

O trilhamento é realizado em jirau de madeira, caixotes ou bancas, e consiste em


golpear as panículas até o desprendimento dos grãos. O trilhamento do arroz, por
meio de pisoteio, pelo homem ou por animais, com varas ou mesmo pelas rodas de
trator, é também usado.
 Colheita semimecanizada
Nesse método, pelo menos uma das etapas do processo é feita
manualmente. Geralmente, o corte e o recolhimento das plantas são
manuais e o trilhamento mecanicamente, usando trilhadoras estacionárias.

 Colheita mecanizada

Na colheita mecanizada empregam-se diversos modelos e tipos de máquinas, desde


as de pequeno porte tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes. Essas
máquinas realizam, em sequência, as operações de corte, trilhamento, separação,
limpeza e armazenamento dos grãos a granel ou em sacaria.

Máquinas para colheita

A colheita pode ser realizada por diversos tipos de máquinas, desde as de pequeno
porte, tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes, dotadas de
plataforma de colheita de até 6 m de largura, as quais realizam, em sequência, as
operações de corte, recolhimento, trilhamento e limpeza dos grãos.

As colhedoras de arroz colhem e trilham as plantas numa única operação. As


máquinas especiais para terrenos de baixa sustentação, como os de lavouras
irrigadas, são equipadas com pneus arrozeiros ou com pneus duplados, de maior
superfície de contato com o solo ou com esteiras. São caracterizadas por possuírem
mecanismos de corte e alimentação de plantas; trilhamento; separação; limpeza;
transporte e armazenamento de grãos e de outros componentes especiais para
garantir boa operação nas variadas condições de cultivo, como em várzeas. 

Para colher com eficiência o arroz irrigado, deve-se:

 Equipar a colhedora com rodado de esteira para operar nos terrenos de


baixa sustentação.
 Controlar a velocidade do molinete para não ultrapassar em 25% a
velocidade de avanço da máquina.

 Usar cilindro batedor de dentes com rotação entre 500 e 700 rpm.

 Regular adequadamente a abertura entre o côncavo e o cilindro batedor,


para obter máxima eficiência no trilhamento e mínimo dano e perda de
grãos.

 Evitar velocidades de operação excessivas, já que isso aumenta,


substancialmente, as perdas.

O mecanismo convencional que corta e recolhe as plantas é denominado plataforma


de corte. Pelo fato de cortar os colmos abaixo das panículas e distante do solo, a
plataforma indicada para o arroz é a do tipo rígida, sem movimento de flexão na
barra de corte. A plataforma possui separadores de fileiras de plantas, que dividem
longitudinalmente a área de colheita do resto da lavoura; molinete, que recolhe as
plantas puxando-as contra a barra ceifadora formada de navalhas serrilhadas; e
condutor helicoidal (espécie de roldana/roda uma máquina, tipo as engrenagens de
um relógio, aquele do Chaplin, que faz a movimentação, geralmente de semente
numa colhedeira de uma etapa para outra) ou caracol para transportar as plantas
para o canal alimentador do sistema de trilha. A relação entre as velocidades do
molinete e de deslocamento da máquina deve ser inferior a 1,25, para minimizar
perdas de grãos na plataforma. Cerca de 70% das perdas na colheita do arroz são
devidas à plataforma de corte.Em algumas propriedades do Estado do Tocantins, a
plataforma convencional das colhedoras com barra de corte tem sido substituída
por outra, provida de rotor, que opera com rotação de 600 a 1.000 rpm e arranca
somente os grãos das plantas. Esse sistema apresenta a vantagem de não cortar as
plantas de arroz, o que propicia o ingresso mínimo de plantas na máquina e, com
isso, aumenta a capacidade de trabalho da colhedora. O cilindro atua nas plantas
raspando as panículas da base para o ápice. Com o giro, os grãos são arrancados e
lançados para trás, em direção ao caracol, que os conduz ao canal alimentador do
sistema de trilha da colhedora. A velocidade de deslocamento e,
consequentemente, a taxa de alimentação da máquina, com o uso da plataforma
recolhedora, pode ser aumentada, sem que haja sobrecarga dos mecanismos da
máquina. 

O mecanismo de trilhamento recebe as plantas da plataforma de corte e realiza a


degranação e a separação primária dos grãos. Mais de 90% dos grãos são
separados das panículas e dos colmos no ato do trilhamento. Os componentes
responsáveis pela trilha são o cilindro degranador e o côncavo, que para o arroz
devem ser de dentes. A velocidade periférica do cilindro varia com o teor de
umidade dos grãos, em geral deve ser de 20 a 25 m/s, com uma velocidade de giro
em torno de 600 rpm.

Após o trilhamento, os colmos e parte dos grãos são conduzidos ao mecanismo de


separação, composto pelo batedor traseiro, extensão do côncavo, saca-palhas e
cortinas. O batedor é um defletor rotativo que realiza uma segunda degranação das
plantas contra a extensão do côncavo, conduzindo-as para o saca-palhas para a
separação final. As cortinas auxiliam na uniformização do material sobre o saca-
palha. Este descarrega a palhada no solo e conduz os grãos remanescentes para o
mecanismo de limpeza. Para facilitar o preparo imediato do solo para o próximo
cultivo, as colhedoras de arroz devem ser operadas com picador e espalhador de
palhas. O uso do picador é de fundamental importância também para o cultivo da
soca de arroz.

Os grãos separados pelo côncavo e saca-palhas e as impurezas são levadas pela


bandeja coletora para a unidade de limpeza, composta, ainda, de peneira superior,
extensão da retrilha, peneira inferior e ventilador. A peneira superior realiza uma
pré-limpeza dos grãos que caem na peneira inferior. A extensão da retrilha,
posicionada na extremidade da peneira superior, tem a função de segurar os grãos
não trilhados, enquanto a peneira inferior faz a limpeza final dos grãos. O
ventilador joga o vento nas peneiras e auxilia na eliminação, por diferença de
densidade, das impurezas dos grãos.

Os grãos limpos são transportados por condutores helicoidais e por correntes


elevadoras para o tanque graneleiro ou para a plataforma de ensacamento de grãos
e os grãos não trilhados recolhidos pela extensão da retrilha para a unidade de
trilhamento da colhedora.

Regulagem e manutenção da colhedora


É possível obter maior rendimento com custo reduzido, se forem seguidas as
instruções contidas no manual do operador, que acompanha a colhedora, e, assim,
efetuar a regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da máquina.
Deve-se atentar, principalmente, para o seu estado de conservação e sua
manutenção, ao se verificar se há navalhas defeituosas, falta de peças integrantes
do molinete e outras irregularidades nos mecanismos de trilhamento e abanação. A
velocidade do molinete deve ser suficiente para puxar as plantas para o interior da
máquina, devendo ser até 25% superior à velocidade de deslocamento da
colhedora. Operar a colhedora com velocidade excessiva de trabalho predispõe a
máquina a desgastes prematuros e a inúmeros riscos de acidentes.
Quando o arroz estiver acamado, a velocidade de deslocamento da colhedora deve
ser reduzida e o molinete regulado com menor altura e mais avançado do que nas
lavouras normais, sempre com alinhamento paralelo às navalhas. A colheita
realizada no sentido do acamamento é mais eficiente e, por isso, às vezes torna-se
necessário colher em uma só direção, apesar de haver redução do rendimento
diário da operação.
Para que ocorra bom desempenho do sistema de trilhamento, a colhedora deve ser
equipada com cilindro trilhador de dedos, operado na velocidade entre 16 e 25 m/s.
A abertura entre cilindro trilhador e côncavo deve ser adequada, a fim de trilhar
com eficácia as panículas e minimizar o descascamento de grãos. Uma boa
regulagem dos mecanismos de separação e limpeza dos grãos, como os saca-
palhas, as peneiras e o ventilador, é de fundamental importância para se obter um
produto de qualidade e com baixo percentual de perdas de grãos. 

Perdas de grãos na lavoura

As perdas acontecem em duas etapas distintas, antes e durante a colheita. Antes


da ceifa das plantas, os fatores responsáveis pelas perdas são: degrana natural;
acamamento ocasionado pela cultivar; adubação nitrogenada excessiva e estandes
densos; ataque de pássaros; excesso de chuvas; ação de ventos; veranico
prolongado e danos causados por doenças e insetos. 

Durante a colheita, as perdas que ocorrem quando as plantas são ceifadas


manualmente são similares àquelas ocasionadas por colhedoras automotrizes. No
primeiro caso, ocorrem perdas devido ao impacto causado pela ação da mão do
operador e do cutelo e, após o corte, quando os feixes são deixados no campo por
alguns dias para secar ficam expostos a variações climáticas e ao ataque de insetos
e pássaros. No trilhamento manual, de acordo com o arranjo e o volume dos feixes
trilhados por vez, ocorrem perdas devido ao não trilhamento das panículas que se
situam no interior dos feixes.

Em levantamentos feitos pela Embrapa em diversos municípios goianos, a perda


média de grãos foi de 185,5 kg/ha. Em média, 52,1 kg/ha foram perdidos antes do
trilhamento, ou seja, 28,1% do total. As demais perdas no campo foram atribuídas
ao processo de trilhamento manual, 71,9% do total.

Na colheita mecanizada, as perdas são provocadas pelos mecanismos externos e


internos da colhedora. Os externos, unidades de apanha, provocam perdas devido à
ação mecânica da plataforma de corte e do molinete, e os internos, pelo
trilhamento e separação pela ação do cilindro batedor, saca-palhas e peneiras.

Na colheita, o impacto das plantas com a unidade de apanha provoca perdas, que
dependem da facilidade de degrana da cultivar, da umidade dos grãos, da presença
de plantas daninhas e da conservação e operação da colhedora. Imprimir à
máquina velocidade excessiva de trabalho e incompatível com a rotação do
molinete provoca degrana prematura ou falhas de recolhimento. 

As perdas também ocorrem na unidade de trilhamento. Regulagens inadequadas da


abertura do cilindro trilhador e do côncavo causam trilhamento deficiente, o que faz
com que boa parte dos grãos fique presa às panículas, dificultando a operação de
separação nas peneiras e provocando o trincamento dos grãos.

Em arroz de terras altas, foi constatado que a perda média de grãos com
colhedoras totalizou 13% da produtividade. A unidade de apanha foi responsável
por 73,2% das perdas, o saca-palhas por 12,9%, as peneiras por 9,9% e a degrana
natural por 4%.

Determinação das perdas de grãos


Perda total – É feita numa só etapa, após a operação da colhedora, conforme o
seguinte procedimento:
 Após a colheita, demarcar em pelo menos quatro locais uma área de
1m2 de forma que o seu lado maior abranja uma das passadas da
colhedora.
 Recolher os grãos na área demarcada, inclusive aqueles presos às
ramificações da panícula.

 Determinar a perda de grãos, em kg/ha, utilizando-se a equação 1 ou


a Tabela 1.

        Perda (kg/ha)={10 x massa dos grãos (g)}/1m²          (Eq. 1).

Uma alternativa é usar um copo medidor. O copo medidor representa um método simples, prático e preciso de
medir as perdas, que dispensa a contagem ou a pesagem dos grãos.   

Tabela 1. Perdas mínima e máxima de arroz conforme o número de grãos por m²


encontrados na lavoura após a colheita.

 Grãos  Perda de arroz (kg/ha)   Grãos  Perda de arroz (kg/ha)

(no/m) (no/m)
  Mínima*       Máxima*  Mínima*  Máxima*

 50  12,9  17,8  50  141,9  195,8


100  25,8  35,6  100  154,8  213,6
150  38,7  53,4  150  167,7  231,4
200  51,6  71,5  200  180,6  249,2
250  64,5  89,0  250  193,5  267,0
300  77,4  106,8  300  206,4  284,8
350  90,3  124,6  350  219,3  302,6
400  103,2  142,4  400  232,2  320,4
450  116,1  160,2  450  245,1  338,2
500  129,0  178,0  500  258,0  356,0

*Para 100 sementes de arroz, consideraram-se como massas mínima e máxima, respectivamente, 2,58 g e 3,56 g. 
Fonte: Seguy et al.(1984).
Perda parcial –
Permite identificar se as perdas são provenientes da plataforma de corte, do saca-
palhas ou das peneiras da colhedora.
Perda na plataforma de corte
 Parar a colhedora e desligar os mecanismos da plataforma de corte.
 Levantar a plataforma e recuar a máquina a uma distância
equivalente ao seu comprimento, de 4 a 5 m.

 Demarcar uma área de 1 m2 à frente dos rastros deixados pelos


pneus.

 Recolher os grãos caídos na área demarcada.

 Determinar a perda, em kg/ha, usando a equação 1.

 Repetir esse procedimento em quatro locais da lavoura.

Perda no saca-palhas
 Usar uma armação de madeira e pano, tipo maca, com dimensões de
0,5 m de largura e 1,2 m de comprimento.
 Posicionar a armação na lavoura e esperar pela passagem da
colhedora.

 Com a armação, coletar a descarga do saca-palhas.

 Separar os grãos da palha e pesá-los.

 Calcular a perda, em kg/ha, utilizando a equação 2:

Perda (kg/ha)={20 x massa dos grãos (g)}/ Largura da barra de corte


(m)  (Eq. 2).
Perda nas peneiras
Usar o mesmo procedimento descrito para perda no saca-palhas. Com a mesma
armação, faz-se, ao mesmo tempo, a coleta dos grãos provenientes das descargas
das peneiras e do saca-palhas. Uma vez determinado a massa dos grãos perdidos
no saca-palhas, obtém-se, por diferença, a massa dos grãos perdidos pelas
peneiras.
A perda devida aos mecanismos internos pode também ser quantificada subtraindo-
se da perda total as perdas encontradas na plataforma de corte da colhedora.
Como evitar perdas
 Horário de colheita - Evitar que a colheita se realize pela manhã,
quando os grãos ainda se encontram umedecidos pelo orvalho. Caso
ocorra chuva, deve-se esperar que o arroz seque completamente,
caso contrário, pode haver obstrução na colhedora.
 Teor de umidade dos grãos - Para a maioria das cultivares de
arroz, o teor de umidade ideal dos grãos deve situar-se entre 18 e
22%.

 Drenagem da lavoura - É de grande importância o conhecimento


da melhor época para se drenar a lavoura. Deve-se considerar que a
drenagem antecipada favorece a economia de água, porém pode
acarretar decréscimo na produtividade. A época da drenagem varia
de acordo com as características do solo e deve ser efetuada,
geralmente, dez dias antes do corte do arroz, para maior facilidade
de locomoção da máquina na área.
 Regulagem e manutenção da colhedora - É possível obter maior
rendimento com custo reduzido, se forem seguidas as instruções
contidas no manual do operador, efetuando a regulagem adequada
dos mecanismos externos e internos da máquina. Verificar se há
navalhas defeituosas, falta de peças integrantes do molinete e outras
irregularidades nos mecanismos de trilhamento e abanação. A
velocidade do molinete deve ser suficiente para puxar as plantas para
o interior da máquina, devendo ser até 25% superior à velocidade de
deslocamento da colhedora. Operar a colhedora com velocidade
excessiva de trabalho predispõe a máquina a desgastes prematuros e
a inúmeros riscos de acidentes. Quando o arroz estiver acamado, a
velocidade de deslocamento da colhedora deve ser reduzida, e o
molinete, regulado com menor altura e mais avançado que nas
lavouras normais, sempre com alinhamento paralelo às navalhas. A
colheita realizada no sentido do acamamento é mais eficiente e, por
isso, às vezes, torna-se necessário colher em uma só direção, apesar
de haver redução do rendimento diário da operação.

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Qualidade de grãos

Autor(es): Priscila Zaczuk Bassinello ; Josianny Alves Boêno ; Diego Palmiro Ramirez Ascheri ; Rosângela


Nunes Carvalho 

 O arroz constitui um produto alimentar básico para cerca de 50% da população


mundial. É uma ótima fonte de energia, pois atende as necessidades de 20% de
calorias. É rico em amido, fornece proteínas, ferro e vitaminas do complexo B e
varia sua composição de acordo com as linhagens e cultivares.

Os aspectos ligados à qualidade de grãos de arroz são mais amplos e complexos


que aqueles considerados em outros cereais. O arroz, no Brasil, é consumido
principalmente na forma de grãos inteiros, descascados e polidos, ao contrário de
outros cereais que são transformados em outros produtos antes do consumo.

Preferência do consumidor

De modo geral, o consumidor de arroz dá preferência a um produto uniforme, com


baixo conteúdo de grãos quebrados e/ou danificados. Da mesma forma, um
desempenho adequado no beneficiamento, com bons rendimentos de grãos
inteiros, é também almejado por produtores e cerealistas, uma vez que o índice de
quebra durante o processamento dos grãos afeta o valor do produto no mercado e
consiste em fator determinante na aceitação de novas cultivares. Do ponto de vista
do consumidor brasileiro, além da aparência do produto cru, a preferência é por um
arroz com qualidade de cocção que proporcione bom rendimento de panela, cozinhe
rápido, apresente grãos secos e soltos após o cozimento e permaneça macio
mesmo após o resfriamento.
Assim, as características físico-químicas do grão devem ser consideradas na seleção
de linhagens para a obtenção de cultivares compatíveis com as exigências do
mercado, de maneira que contemplem as expectativas de todos os elementos da
cadeia produtiva da cultura.

Análises para determinação da qualidade

No laboratório de Grãos e Subprodutos da Embrapa Arroz e Feijão são realizadas as


seguintes análises (Figura 1) em caráter de rotina: Teste de Cocção, Teor de Amilose
Aparente, Temperatura de Gelatinização, Centro-branco, Grau de Polimento, Classificação
Visual ou Instrumental do arroz e Composição Centesimal.  
Figura 1. Análises de qualidade de grãos de arroz realizadas na Embrapa Arroz e Feijão  

Teste de Cocção
O Teste de Cocção (Figura 2) em arroz é um dos parâmetros de qualidade muito utilizado
por programas de melhoramento genético e indústrias de beneficiamento como forma de
avaliar o comportamento culinário das cultivares lançadas e ou novas linhagens em estudo.
Consiste em simular o cozimento caseiro e determinar por meio de análise sensorial a
textura (dureza e pegajosidade) e o rendimento dos grãos. Embora a melhor maneira de
avaliar a qualidade culinária do arroz seja prepará-lo do modo tradicional dos consumidores
e submetê-lo à apreciação dos mesmos ou a um grupo de pessoas treinadas em análise
sensorial do produto, esse tipo de análise demanda muito produto, tempo e muitas pessoas,
o que o torna pouco prático e oneroso, especialmente quando o número de linhagens a
serem avaliadas é grande. Diante desse fato, tem-se utilizado testes indiretos de avaliação,
como os do teor de amilose aparente, temperatura de gelatinização e estrutura do amido,
entre outros. Também se procurou padronizar o teste culinário utilizando-se, mais
recentemente, a panela elétrica (automática) de arroz. Está sendo desenvolvido em
laboratório, o método de avaliação de textura de arroz cozido em instrumento denominado
texturômetro para se aumentar a precisão das respostas.  

 Foto: Diva Mendonça Garcia

Figura 2. Cocção em placas. 

Teor de Amilose Aparente

O teor de amilose está relacionado com as propriedades texturais do arroz, como


maciez e coesão, e ainda com sua cor, brilho e volume de expansão, fornecendo
informações sobre as mudanças que ocorrem durante o processo de cocção. Arroz
com alto teor de amilose, normalmente, apresenta grãos secos e soltos, que após o
resfriamento podem ficar endurecidos. As cultivares com baixo teor de amilose
apresentam grãos macios, aquosos e pegajosos no cozimento. Aqueles com teor
intermediário apresentam grãos enxutos, soltos e macios, mesmo após o
resfriamento.

Temperatura de Gelatinização

A temperatura de gelatinização (TG) do amido refere-se à temperatura de cozimento na qual


a água é absorvida e os grânulos de amido aumentam irreversivelmente de tamanho, com
simultânea perda de cristalinidade. A TG é uma característica utilizada como medida indireta
da qualidade do arroz. Em termos práticos, é um teste que avalia o índice de resistência à
cocção, característica que está relacionada com a propriedade do amido e que determina o
tempo de cozimento. Materiais com TG alta requerem mais água e mais tempo de cozimento
do que aqueles que apresentam TG intermediária ou baixa. Sob as mesmas condições de
cocção, grãos com TG alta tendem a ficar duros e mal cozidos, ao passo que grãos com TG
baixa tornam-se mais macios e podem até mesmo desintegrar-se completamente se cozidos
além do ponto (Figura 3).

 Foto: Josianny Alves Boêno


Figura 3. Grãos com TG alta, TG média e  TG baixa. 

Centro-branco e Classificação Visual 

A aparência dos grãos é outra característica importante na qualidade do arroz. Grãos


translúcidos são os mais procurados pela indústria de arroz e consumidores. Estes os
preferem pela aparência, enquanto que no processo de industrialização de arroz, os grãos
gessados (com centro-branco) podem causar maior percentual de grãos quebrados, o que
desvaloriza o produto, além de influir negativamente na preferência por parte do consumidor
(Figura 4).

Foto: Martinez e Cuevas (1989).

Figura 4. Escala de centro-branco. 


Fonte consultada:

MARTÍNEZ, C.; CUEVAS, F.; MEDINA, L. M. Evaluación de la calidad culinaria y


molinera del arroz: guia de estúdio. 3. ed. Cali: Centro Internacional de Agricultura
Tropical, 1989. 75 p. (CIAT. Serie 04SR-07.01).

Grau de Polimento

Embora se tenha verificado um aumento no consumo de arroz parboilizado e arroz


integral, a maioria dos consumidores brasileiros ainda prefere o arroz branco
polido. Por isso, as agroindústrias intensificam as operações de polimento para
obter maior brancura dos grãos e com isso removem as camadas mais periféricas.
Essa operação melhora a cor em relação à preferência do consumidor, porém reduz
os nutrientes importantes na alimentação.

Classificação visual

Outra análise importante é a classificação visual, que tem por objetivo a


determinação do tipo de grão: longo-fino, longo, médio, curto e misturado.

Avaliação instrumental de defeitos, dimensão e rendimento de inteiros

Mais recentemente, a Embrapa adquiriu o equipamento calibrado denominado


Analisador Estatístico de Arroz - S-21 (Figura 5) que utiliza um hardware um
software para avaliação de defeitos de grãos (gessados, manchados e picados),
dimensão (comprimento e largura) e rendimento de inteiros (e quebrados) por
meio de imagens captadas de uma pequena amostra de grãos, garantindo
agilidade, repetibilidade e precisão nas análises, além da facilidade operacional.

 
 
Figura 5 – Equipamento S-21: Analisador Estatístico de Arroz 
Fonte: LKL Tecnologia: http://www.lkl.com.br  

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Importância econômica e social

Autor(es): Osmira Fátima da Silva ; Alcido Elenor Wander ; Carlos Magri Ferreira 

Mundo

O arroz é cultivado e consumido em todos os continentes, destaca-se pela produção


e área cultivada, desempenha papel estratégico tanto no aspecto de valor
econômico quanto social e faz parte da dieta alimentar de grande parte da
população mundial.
É alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas e, segundo estimativas, até
2050, haverá uma demanda para atender ao dobro dessa população.

O arroz também é um dos mais importantes grãos em termos de valor econômico.


É considerado o cultivo alimentar de maior importância em muitos países em
desenvolvimento, principalmente na Ásia e Oceania, onde vivem 70% da população
total dos países em desenvolvimento e cerca de dois terços da população
subnutrida mundial. Aproximadamente 81% de todo o arroz do mundo é cultivado
e consumido na Ásia.

A América Latina ocupa o segundo lugar em produção e o terceiro em consumo.


Assim como na Ásia, o arroz é um produto importante na economia de muitos dos
países latino-americanos e faz parte da dieta da população, como nos casos do
Brasil, Colômbia e Peru. Também é um produto importante no comércio
internacional, como no Uruguai, Argentina e Guiana, como exportadores, e no
Brasil, México e Cuba, como importadores.

É um dos alimentos com melhor balanceamento nutricional, fornecendo 20% da


energia e 15% da proteína per capita necessária ao homem, e é uma cultura que
apresenta ampla adaptabilidade a diferentes condições de solo e clima. É a espécie
que apresenta maior potencial para o combate à fome no mundo.

Segundo dados nutricionais do arroz, disponíveis em http://www.dietasaude.com, a


composição de uma colher de sopa cheia de arroz branco cozido tem valor
energético equivalente a 32 Kcal, contendo, também 7,03g de carboidratos e 0,63g
de proteínas.

Os dados da tabela 1 demonstram que o consumo de arroz nos países do Mercosul


é bastante expressivo, possivelmente, pela preferência alimentar e carência
econômica, de grande parte da população.

O crescimento da produção de arroz no Mercosul, a partir dos ingressos de novos


países associados, ou seja, o Chile, Peru, o Equador, Colômbia e Bolivia, colaboram
com a sustentação da base da pirâmide alimentar da população, atendendo a uma
demanda significativa por parte dos   trabalhadores que buscam consumir o arroz,
para suprimento de energias dispendidas nas atividades diárias, principalmente, as
braçais, tanto na zona rural como urbana (Tabela 1).

 
Segundo dados do USDA (2014), disponibilizados em http://www.conab.gov.br, a produção
mundial de arroz já não vem acompanhando o crescimento do consumo, sendo necessárias
importações para atender a demanda mundial na ordem de 40 milhões de toneladas (Tabela
2).

Tem-se observado que, a produção mundial aumenta, aproximadamente, 1,09% ao


ano, enquanto a população cresce 1,32% e o consumo 1,27%. Isso faz com que os
estoques mundiais se reduzam continuamente a partir do início do século XXI,
alcançando um nível mínimo considerado preocupante nos países importadores do
produto. Isso gerou aumentos consideráveis nos preços internacionais do produto a
partir do final de 2007, o que tem mobilizado organismos internacionais e governos
dos países afetados em busca de soluções para assegurar a segurança alimentar
das classes mais carentes da população que, normalmente, têm no arroz um
alimento essencial em sua dieta.

Brasil

Conforme os dados da Embrapa Arroz e Feijão (2014), adaptados e modificados do


acompanhamento de safras do Levantamento Sistemático Agrícola (LSPA), do
Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no ano agrícola de 2013, a
produção total de arroz foi 11,8 milhões de toneladas, colhidas em 2,3 milhões de
hectares, com uma produtividade média de 5,0 toneladas por hectare.

Segundo SILVA & WANDER (2014), disponível


em http://www.cnpaf.embrapa.br/transferencia/informacoestecnicas/publicacoesonl
ine/seriedocumentos_299.pdf, no Brasil, o arroz é cultivado em agricultura familiar
e empresarial. A agricultura familiar reúne o maior número de produtores das
propriedades que exercem a atividade orizícola, 89%, os quais são responsáveis
por 34% do total da produção nacional. A maior parte da produção é obtida por
agricultores não familiares ou empresariais, os quais representam 11% do total dos
orizicultores que também tendem a adotar mais tecnologias e são responsáveis
pelo equivalente a 66% da produção nacional.

O mercado brasileiro de arroz é relativamente ajustado. A produção nacional se


aproxima do consumo doméstico. Em 2010/2011, a produção excedeu o consumo
doméstico em mais de 1,4 milhão de toneladas, gerando pressão sobre os preços
internos do produto. A safra seguinte (previsão de novembro/2014), ou seja,
2011/2012 apresentou níveis mais ajustados de produção e consumo doméstico.
Mas, a safra 2012/2013 já evidencia níveis decrescentes na produção, implicado em
importações de 965,5 mil toneladas do produto (Tabela 3).
 

Os estoques de arroz ao final de cada safra (estoques de passagem) têm


apresentado diminuição ao longo dos anos. A queda dos estoques de passagem no
Brasil acompanha o comportamento dos estoques em outros países, que também
têm sofrido reduções ao longo dos anos.

Informações Complementares:

EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO. Dados de conjuntura da produção de arroz (Oryza


sativa L.) no Brasil (1985-2013). Disponível em:
<http://www.cnpaf.embrapa.br/socioeconomia/index.htm>. Acesso em: 02 dez.
2014.

SILVA, O. F. da; WANDER, A. E. O arroz no Brasil : evidências do censo


agropecuário 2006 e anos posteriores. Santo Antônio de Goiás : Embrapa.Arroz e
Feijão, 2014. 58 p. (Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 299).
  

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Mercado, comercialização e consumo

Autor(es): Carlos Magri Ferreira ; Alcido Elenor Wander ; Osmira Fátima da Silva 

O arroz, o trigo e o milho são os principais cereais produzidos no mundo. O arroz é


cultivado nos cinco continentes, tanto na região tropical como na subtropical. A Ásia
é a principal produtora, nela concentram-se mais de 80% da produção mundial. Os
países que se destacam são: China, Índia e Indonésia. O arroz faz parte da dieta
alimentar de grande parte da população mundial.  
Na Figura 1 encontram-se os principais países produtores. A China e a Indonésia
exercem grande influência no comportamento do mercado mundial, visto que são
grandes produtores e possuem alto nível populacional. Assim, em anos com
produção deficitária, são obrigados a importar arroz e, em anos de excedentes, se
tornam fornecedores do produto. Dessa forma, os preços de arroz no mercado
mundial têm uma estreita relação com a produção desses países.
 

Figura 1. Principais países produtores de arroz em 2006. 


 
Fonte: Adaptada de FAO (2008) .

Existem dois grandes mercados de arroz no mundo. O mercado de alto padrão e o


mercado de baixo padrão. As diferenças de padrões são definidas basicamente pelo
percentual de quebrado. Nas cotações de preços internacionais somente se
distinguem as seguintes características: país de origem, percentual de arroz
quebrado, aromático ou não aromático, parboilizado ou branco.

A quantidade total e per capita consumida é bastante variada. Além das diferenças


quantitativas, as preferências dos consumidores também variam qualitativamente
(Figura 2). No continente asiático, consome-se arroz de todo tipo, ou seja, semi-
longo, longo-fino e curto. Nos países da África, a preferência é pelo arroz do tipo
longo, pré-cozido e 100% quebrado. O mercado mais promissor na Europa é para o
arroz do tipo longo-fino e aromático. No Oriente Médio, consome-se principalmente
arroz do tipo longo e aromático. As preferências do tipo do arroz variam em função
da renda per capita dos países. A preferência pode também mudar nos mercados
internos, pois a exemplo do que ocorreu no Brasil, também sucedeu nos países da
União Européia, onde os consumidores substituíram a preferência do arroz do tipo
longo, japonica, pelo longo-fino, indica. Em ambos os casos, a mudança ocorreu
num curto espaço de tempo, nos anos 70 e 80. Nos últimos 10 anos, o arroz
aromático também conquistou novos consumidores no mercado europeu.
Atualmente, representa quase 25% do consumo de arroz na França.
 

Figura 2. Preferência do arroz. 


 
Fonte: Adaptada de FAO (2009) . 

O mercado de arroz de alto padrão, com menos de 10% de quebrado, é dominado,


principalmente, pela Tailândia e Estados Unidos. Eles têm, respectivamente, 25% e
20% do mercado. O Vietnã, que a partir do último decênio torno-se novo
exportador, já conquistou 18% do mercado. Os principais clientes são regiões com
alta renda, como a Europa ocidental, os países do Oriente Médio e os novos países
industriais do Extremo Oriente, Coréia do Sul, Malásia, Singapura e Taiwan.

O mercado de baixo padrão, que comercializa produto com até 100% de quebrado,
é controlado pelos exportadores asiáticos, Tailândia, Vietnã, Paquistão, Índia e
China. O arroz quebrado, como subproduto no processo industrial é misturado com
arroz inteiro, em proporções variáveis, para obter os tipos de arroz procurados
pelos países importadores de baixa renda, principalmente da África, Ásia e América
Latina. 
 
Paralelo com esses dois grandes mercados, existem alguns mercados emergentes,
por exemplo, para o arroz aromático, tipo Basmati. Nesse caso, os mercados da
Europa e do Oriente Médio se mostram promissores. Existem também outros nichos
de mercados mais marginais, como arroz gluante, limitado basicamente ao Extremo
Sul Asiático. 
Nos últimos anos os estoques de arroz têm diminuído. Esse fator aliado a outras
questões conjunturais provocaram fortes variações nos preços internacionais do
arroz. A perspectiva à médio prazo é que se mantenham altos. 
 
O consumo de arroz teve um forte progresso a partir da década de 80. Os padrões
de consumo podem ser classificados em três grandes modelos. O modelo asiático
que corresponde a um consumo médio per capitasuperior a 100 kg ao ano. Nesse
grupo, há países em que o consumo alcança até 200 kg ao ano (Figura 3). Um
exemplo desse grupo é a China, que apresenta um consumo anual médio de 110 kg
per capita. O modelo subtropical apresenta um consumo per capita médio, que
varia de 35 a 65 kg ao ano. O Brasil é um país representativo desse grupo, cujo
consumo médio gira em torno de 45 kg ao ano de arroz beneficiado. No modelo
ocidental, o consumo per capita médio é baixo, cerca de 10 kg ao ano. Como
exemplo desse grupo pode-se citar a França, com um consumo per capita de 5 kg
ao ano.
 

Figura 3. Consumo per capita de arroz. 


 
Fonte: Adaptada de Ferreira et al. (2005) . 

O mercado mundial do arroz apresenta singularidade em relação aos mercados de


commodities. A oferta de arroz é dominada por poucos países e a estrutura do mercado é
bastante estreita, com somente 5% da produção transacionada no comércio mundial;
enquanto a soja apresenta quase 25% e o trigo 20%. Além disso, os maiores países
produtores, nem sempre são os principais países exportadores, de fato eles produzem
principalmente para os seus mercados domésticos e exportam só os excedentes. A
consequência disso é a grande instabilidade nos fluxos do comércio e dos preços mundiais,
que dependem da evolução e flutuação da produção nos países mais deficitários da Ásia. Os
principais exportadores de arroz são Tailândia, Vietnã, Estados Unidos e Paquistão. Na Figura
4 observam-se os principais fluxos e comercialização de arroz no mundo.
 
Figura 4. Principais fluxos e comercialização de arroz no mundo. 
 
Fonte: Adaptada de FAO (2008) . 

No Brasil, apesar da pulverização da produção, pode-se dividir a produção de arroz  em três


pólos: o primeiro é a Região Sul, com destaque para o Estado do Rio Grande do Sul o
segundo é a região Central, abrangendo os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato
Grosso e o terceiro pólo, o Estado do Maranhão. Encontra-se na Figura 5 a produção de
arroz nas microrregiões no Brasil, em 2006.

Figura 5. Produção de arroz nas microrregiões no Brasil em 2006.


OBS: os círculos representam a produção proporcional da microrregião.
 
Fonte: Adaptada de IBGE (2008) . 

A partir de dados de produção de arroz em 2007, da estimativa de população e de um


consumo médio de 41 kg/habitante/ano de arroz polido, conclui-se que no Brasil existem
cinco estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins e Piauí - em que
a produção de arroz é maior do que a demanda. Doze estados são deficitários, com destaque
para os da Região Sudeste - São Paulo, Minas Gerais e Rio do de janeiro - que são populosos
e principais importadores (Figura 6). De acordo com as Figuras 5 e 6, pode-se concluir que
os principais fluxos de comercialização de arroz são originados nos estados superavitários
para as outras regiões. 
Figura 6. Caracterização dos estados brasileiros quanto ao abastecimento e
produção de arroz. 
 
Fonte: Adaptada de IBGE (2008) . 

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Política e legisla

Autor(es): Aluisio Goulart Silva ; Jaime Roberto da Fonseca ; Fábio Silva Macêdo 

No Brasil, a compreensão do atual sistema de regulação da produção e


comercialização de sementes e mudas requer uma breve abordagem do novo
ordenamento econômico global, em que as relações comerciais, entre os diversos
mercados mundiais passaram a ser pautadas em acordos multilaterais com o
objetivo de reduzir as distorções e obstáculos ao comércio internacional e
resguardar os direitos de propriedade intelectual inerentes aos países signatários.

Nesse sentido, foi assinado, em 1994, o Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da
Propriedade Intelectual relacionados com o comércio (TRIPS ou ADPIC), assinado
em 1994. O acordo estabelece, dentre outras questões, que os países membros da
Organização Mundial do Comércio (OMC) devem estabelecer um sistema de
proteção de variedades de plantas, seja por patentes ou por um outro mecanismo
efetivo sui generis, ou ainda, por meio da combinação de ambos.

Lei de Proteção de Cultivares

Em janeiro de 1995, o Brasil tornou-se membro da OMC e, em atendimento ao


TRIPS, promulgou, em 25 de abril de 1997, a Lei N.º 9.456 ou “Lei de Proteção de
Cultivares”, a qual estabeleceu o mecanismo sui generis de proteção de cultivares
atualmente vigente no país. Essa Lei foi regulamentada pelo Decreto N.º 2.366, de
05 de novembro de 1997, e representa o primeiro ato legal com o intuito de
garantir os direitos dos obtentores de novas variedades vegetais no Brasil.

De acordo com a Lei N.º 9.456/97, é passível de proteção a nova cultivar ou a


cultivar essencialmente derivada, de qualquer gênero ou espécie vegetal.

O conceito de “cultivar” refere-se à variedade de qualquer gênero ou espécie


vegetal superior que seja claramente distinguível de outras cultivares conhecidas
por margem mínima de descritores, por sua denominação própria, que seja
homogênea e estável quanto aos descritores através de gerações sucessivas e seja
de espécie passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação
especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem componente
de híbridos.

 A "nova cultivar" consiste naquela que não tenha sido oferecida à venda no
Brasil há mais de doze meses em relação à data do pedido de proteção e
que, observado o prazo de comercialização no Brasil, não tenha sido
oferecida à venda em outros países, com o consentimento do obtentor, há
mais de seis anos para espécies de árvores e videiras e há mais de quatro
anos para as demais espécies.

 A cultivar "essencialmente derivada" (que também deve atender ao disposto


no parágrafo anterior) refere-se àquela que é:

a) predominantemente derivada da cultivar inicial ou de outra cultivar


essencialmente derivada, sem perder a expressão das características
essenciais que resultem do genótipo ou da combinação de genótipos da
cultivar da qual derivou, exceto no que diz respeito às diferenças resultantes
da derivação.

b) claramente distinta da cultivar da qual derivou, por margem mínima de


descritores, de acordo com critérios estabelecidos pelo SNPC.

No Brasil, é permitida também a proteção as cultivares que não atendam ao


requisito de novidade com a finalidade de obtenção de direitos sobre cultivares
essencialmente derivadas da cultivar protegida. Nesta situação, devem ser
obedecidas as seguintes condições cumulativas:

a) o pedido de proteção deve ser apresentado até doze meses após o


estabelecimento dos descritores para a espécie.

b) a primeira comercialização da cultivar deve ter ocorrido há, no máximo, dez


anos da data do pedido de proteção. A proteção é concedida pelo período
remanescente aos prazos previstos pela Lei, considerada, para tanto, a data da
primeira comercialização. 

A legislação brasileira considera que o prazo de proteção é limitado a 15 anos para


a maioria das espécies, inclusive para o arroz, exceto para espécies de árvores e
videiras, cujo prazo estende-se para 18 anos.

A “Lei de Proteção de Cultivares” confere alguns privilégios em favor do agricultor,


em especial ao pequeno produtor rural. Ao agricultor é facultado reservar parte do
material de plantio para uso próprio, sem que tenha que pagar “royalties” ao titular
da proteção; ao pequeno produtor rural, que ele produza suas próprias sementes e
as negocie através de doação ou troca com outros pequenos produtores.
No contexto da Agricultura Familiar, essas práticas são consideradas comuns,
especialmente quando se trata de sementes de arroz e outros produtos que
compõem a alimentação básica. Nesses casos, o importante é evidenciar que o
sucesso ou o fracasso do resultado da produção no campo está condicionado à
qualidade da semente que foi reservada e multiplicada pelo próprio agricultor, fato
que justifica os intensos trabalhos de transferência de tecnologia para capacitação
de produtores em produção de sementes de qualidade.

As empresas que atuam na área de pesquisa em melhoramento genético vegetal e


os próprios melhoristas também são privilegiados por essa Lei. Para efeito de
desenvolvimento de pesquisa científica e/ou trabalhos de melhoramento vegetal,
materiais protegidos podem ser utilizados sem a prévia autorização do titular da
proteção. Conclui-se que a Lei de Proteção de Cultivares interessa a todos: aos
agricultores, pela oportunidade que têm de optar por materiais novos e melhorados
pela pesquisa, em uma diversidade de opções; ao agricultor especializado na
produção de sementes, que passa a contar com novas opções de negócios, com
riscos minimizados; ao obtentor, que resguarda o direito ao retorno dos
investimentos realizados em anos de pesquisa; e, ao Governo, que poderá contar
com uma agricultura mais competitiva, sustentável e rentável.

O Sistema Nacional de Sementes e Mudas

No Brasil, a legislação que se refere à produção e à comercialização de sementes e


mudas é a Lei N.º 10.711, de 05 de agosto de 2003, regulamentada pelo Decreto
N.º 5.153, em 23 de julho de 2004.

Trata-se de uma legislação abrangente, que procura regular todas as etapas do


processo produtivo inerentes à cadeia produtiva de sementes e mudas, bem como
a certificação e a comercialização desses produtos no país por meio do Sistema
Nacional de Sementes e Mudas – SNSM. 

O SNSM compreende as seguintes atividades: 

1. Registro Nacional de Sementes e Mudas - Renasem;


2. Registro Nacional de Cultivares - RNC;

3. Produção de Sementes e Mudas;

4. Certificação de Sementes e Mudas;

5. Análise de Sementes e Mudas;

6. Comercialização de Sementes e Mudas;

7. Fiscalização da Produção, do Beneficiamento, da Amostragem, da Análise,


Certificação, do Armazenamento, do Transporte e da Comercialização de
Sementes e Mudas; e,
8. Utilização de Sementes e Mudas (Lei N.º 10.711/03, artigo 3º, incisos 1º -
8º).

O Registro Nacional de Cultivares – RNC, estabelecido pela Lei N.º 10.711/03, visa


habilitar cultivares previamente para produção, comercialização e utilização de
sementes e mudas em todo território nacional.

Com o estabelecimento do RNC, o agricultor brasileiro passou a contar com um


novo instrumento de ordenamento de mercado, cujo objetivo maior é protegê-lo da
venda indiscriminada de sementes e mudas de cultivares não testadas ou validadas
para as diversas condições de solo e clima, sob as quais a agricultura brasileira é
explorada.

O Cadastro Nacional de Cultivares Registradas – CNCR, gerenciado pela


Coordenação de Sementes e Mudas do MAPA, é alimentado com informações
fornecidas pelos detentores, pelos detentores dos direitos de propriedade
intelectual e/ou pelo introdutores de cultivares, os quais assumiram a função de
avaliação e recomendação das novas cultivares para cultivo nas diversas regiões do
país e  de manutenção de um estoque mínimo de material básico de propagação
das cultivares, com a conservação de suas características de identidade genética e
pureza varietal.

O CNCR visa incentivar a adoção de cultivares tecnicamente distintas, homogêneas


e estáveis e que possuam um valor de cultivo e uso identificado capaz de
maximizar os resultados produtivos a campo.

As atividades de produção, beneficiamento, embalagem, armazenamento, análise,


comércio, importação e exportação de sementes e mudas estão sujeitas a inscrição
no Renasem, exceto os agricultores familiares, os assentados da reforma agrária e
os indígenas que multiplicam sementes ou mudas para distribuição, troca ou
comercialização entre si, conforme estabelecido na Lei de Proteção de Cultivares.  

Vale frisar que a organização do sistema de produção de sementes e mudas em


todo o território nacional, além do processo de certificação, é de responsabilidade
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que responsabiliza o
produtor pela identidade e qualidade do material produzido.

No processo de certificação as sementes podem ser produzidas segundo as


seguintes categorias: semente genética, semente básica, semente certificada de
primeira geração - C1 e semente certificada de segunda geração - C2; essas três
últimas, obtidas pela reprodução de, no máximo, uma geração da categoria
imediatamente anterior. 

_______
Normas de classificação do arroz

Autor(es): Eduardo da Costa Eifert 

O arroz em casca ou beneficiado, tanto natural como parboilizado, seja ele polido
ou integral, é classificado de acordo com normas estabelecidas pelo MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Atualmente está em vigor a
Portaria nº 269 de 17 de novembro de 1988 que rege a classificação, porém, essa
portaria está sendo revista e deve ser alterada para que seja adequada às normas
internacionais, principalmente aos tratados do Mercosul, o que propiciará um
produto com melhor qualidade para o consumidor. Essa nova portaria, deverá
entrar em vigor em 01 de março de 2010.

Independente de qual norma esteja em vigor, elas definem alguns critérios de


qualidade para cada tipo de arroz, estabelecendo a classe, dado pelas dimensões
dos grãos- longo, longo fino, médio e curto- e o tipo do arroz, por meio da
quantificação: defeitos graves, percentuais de grãos pretos, ardidos e mofados, e
os defeitos gerais agregados - DGA - percentuais de grãos manchados e picados,
rajados, verdes e gessados e amarelos. Essas definições de defeitos são para arroz
em casca, natural ou parboilizado.  Para o arroz beneficiado, agregam-se a esses
critérios o percentual de quebrados e de impurezas, entre outros. A nova norma
que deverá substituir a Portaria n.º 269/88 terá como principal inovação a definição
de tipo por cada defeito individualmente e não por somatórios dos DGA, como
estabelece a norma vigente. Portanto, com a nova forma de classificar o tipo de
arroz, será cada vez mais importante concentrar esforços durante a condução da
lavoura para minimizar defeitos nos grãos, diminuindo assim perdas qualitativas e,
consequentemente, reduzindo o risco de grandes perdas econômicas.

_______

No Brasil, o arroz irrigado e o de terras altas são cultivados em uma grande


diversidade de classes de solos. Para isso, é necessário que haja um manejo
adequado da fertilidade mediante correções e adubações apropriadas e práticas de
conservação de solo para evitar a erosão causada principalmente pelas chuvas.

 Extensão e Distribuição dos Solos


 Descrição dos solos mais adequados para plantio

 Sistema de cultivo de terras altas

 Sistema de cultivo irrigado

Extensão e Distribuição dos Solos

A grande diversidade de “tipos” de solos é condicionada pelas formas e tipos de


relevo, clima, material de origem, vegetação e organismos do solo. No Mapa de
Solos do Brasil (Figura 1), atualizado com base no atual Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (Embrapa, 2006), pode-se distinguir 13 grandes classes de
solos representativas das paisagens brasileiras. Há grande predominância dos
Latossolos, Argissolos e Neossolos, que no conjunto se distribuem em
aproximadamente 70% do território nacional (Tabela 1).

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura. 1. Distribuição dos solos no Brasil baseado no Mapa de Solos do Brasil,
atualizado segundo o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
 

No Brasil, as classes Latossolos e Argissolos ocupam aproximadamente 58% da


área e são solos profundos, altamente intemperizados, ácidos, de baixa fertilidade
natural e, em certos casos, saturados por alumínio.

Solos de média a alta fertilidade também ocorrem e são em geral pouco profundos
em decorrência de seu baixo grau de intemperismo, caracterizados nas classes dos
Neossolos, Argissolos, Luvissolos, Planossolos, Nitossolos, Chernossolos e
Cambissolos.

Descrição dos solos mais adequados para plantio 

Sistema de Cultivo em Terras Altas

As áreas de solos mais adequadas à cultura do arroz de terras altas compreendem


os Latossolos, Argissolos, Nitossolos e Chernossolos, argilosos ou muito argilosos,
com boa capacidade de retenção de água. Esse aspecto é de grande importância
para o arroz de terras altas por ser totalmente dependente da precipitação pluvial.

Latossolos Vermelhos Distroférricos

Solos bem drenados derivados de rochas básicas, contendo teores elevados em


Fe2O3, MnO e normalmente TiO2, com forte atração magnética. Foram
classificados anteriormente como Latossolos Roxos. São muito profundos, friáveis
ou muito friáveis quando úmidos, argilosos ou muito argilosos e de boas condições
físicas.
A principal limitação é a baixa fertilidade natural, porque são solos distróficos, com
baixa saturação por bases. De modo geral, são solos bem providos de
micronutrientes, o que não acontece com a maioria dos Latossolos. São bastante
resistentes à erosão laminar, devido às suas características físicas de boa
permeabilidade e porosidade quando em condições naturais ou quando bem
manejados. Submetidos aos cultivos intensivos pela aração ou sucessivas
gradagens, sofrem uma compactação sub-superficial (pé-de-arado ou pé-de-grade)
com favorecimento ao encrostamento superficial, que aumenta consideravelmente
a susceptibilidade à erosão e diminui a produtividade. Em condições avançadas de
manejo inadequado, desenvolvem-se ravinas e pequenas voçorocas com facilidade.
Latossolos Vermelhos Distróficos
Compreendem solos minerais com teores médios a altos de Fe2O3 nos solos
argilosos ou muito argilosos, e normalmente baixos nos solos de textura média.
Anteriormente eram classificados como Latossolos Vermelho-Escuros. São muito
profundos, bem drenados, friáveis ou muito friáveis, de textura argilosa ou muito
argilosa e média. As excelentes condições físicas aliadas ao relevo plano ou
suavemente ondulado onde geralmente ocorrem, favorecem sua utilização para as
mais diversas culturas climaticamente adaptadas à região. Esses solos, por serem
ácidos e distróficos requerem correção de acidez e adubação fertilizante. Os solos
argilosos e muito argilosos têm melhor aptidão agrícola que os de textura média,
tendo em vista que estes últimos são mais pobres e podem ser degradados mais
facilmente por compactação e erosão quando é feito uso inadequado de
equipamentos agrícolas.
Latossolos Vermelho-Amarelos

Solos com teores medianos de Fe2O3, argilosos ou muito argilosos e não


concrecionários. Mantêm o mesmo nome da classificação anterior a 2006. São
profundos ou muito profundos, bem drenados, com textura argilosa, muito argilosa
ou média. São solos ácidos a muito ácidos, com saturação de bases baixa e teor de
alumínio trocável frequentemente alto. 

Esses Latossolos também possuem boas condições físicas que, aliadas ao relevo
plano ou suavemente ondulado, favorecem a utilização com diversas culturas
climaticamente adaptadas. As principais limitações são a acidez elevada e a
fertilidade química baixa. Requerem um manejo adequado com correção da acidez,
adubação fertilizante e controle de erosão, sobretudo nos solos de textura média,
que são os mais pobres e susceptíveis à erosão. A deficiência de micronutrientes
pode ocorrer, sobretudo nos solos de textura média.

Latossolos Amarelos

Apresentam baixos teores de Fe2O3, sendo bem drenados, profundos e muito


profundos, com predominância de textura média, baixa relação textural e pouca
diferenciação entre os horizontes. Apresentam baixa saturação e soma de bases, e
alta saturação por alumínio. Uma das características mais marcantes desses solos é
apresentarem-se coesos, duros ou muito duros quando secos. As principais
limitações desses solos decorrem de forte acidez, alta saturação com alumínio
extraível e baixa fertilidade química natural. Portanto, são muito pobres em
nutrientes, o que inevitavelmente implicará num investimento inicial bastante alto
com o uso intensivo de adubação fertilizante. A prática de calagem objetiva a
neutralização do efeito tóxico do alumínio para as plantas e também fornecimento
de cálcio e magnésio.

Nitossolos Vermelhos

Solos de argila de atividade baixa, originados de rochas básicas, com teores


relativamente elevados de Fe2O3. Antes, eram conhecidos como Terra Roxa
Estruturada. São profundos ou de profundidade média, bem drenados, com textura
argilosa ou muito argilosa ao longo do perfil e reduzido gradiente textural. A
saturação por bases é baixa, sendo predominantemente distróficos, com pequenas
ocorrências de solos eutróficos e álicos São solos com boas condições físicas, que
apresentam como principais limitações a baixa saturação de bases e, no caso de
relevo ondulado, a susceptibilidade à erosão e a presença de pedregosidade e
rochosidade.

Chernossolos Argilúvicos

Esses solos se caracterizam por apresentar argila de atividade alta e saturação por
bases alta. Antes, eram designados de Brunizens Avermelhados. São
moderadamente profundos a rasos, com distinta diferenciação entre os horizontes,
normalmente com textura média nos horizontes superficiais e argilosa nos
subsuperficiais. Apresentam permeabilidade moderada no horizonte superficial e
lenta no horizonte Bt, sendo, portanto, muito susceptíveis a processos erosivos.

Solos que apresentam características químicas excelentes para o uso agrícola,


principalmente por seu elevado potencial nutricional, alta saturação por bases e
capacidade de troca de cátions, além de apresentarem acidez praticamente nula.
No entanto, ocorrem em locais onde o relevo é mais acidentado, prevalecendo as
limitações devidas aos fortes declives, com alto risco de erosão. São mais usados
para pastagens.

Argissolos Vermelho-Amarelos

Solos que se caracterizam por apresentarem gradiente textural, com nítida


separação entre horizontes quanto à cor, estrutura e textura. Os teores de
Fe2O3normalmente baixos São profundos a pouco profundos, moderadamente a
bem drenados, com textura muito variável, porém com predomínio de textura
média na superfície e argilosa em subsuperfície, com presença ou não de cascalhos.
Devido à grande diversidade de características que interferem no uso agrícola, além
da ocorrência nos mais variados relevos, é difícil generalizar, para a classe como
um todo, suas qualidades e limitações ao uso agrícola. De uma maneira geral,
pode-se dizer que os Argissolos são muito susceptíveis à erosão, sobretudo quando
o gradiente textural é mais acentuado, presença de cascalhos e relevo mais
movimentado com fortes declives. Nesse caso, não são recomendáveis para
agricultura, prestando-se para pastagem e reflorestamento ou preservação da flora
e fauna. Quando localizados em áreas de relevo plano e suavemente ondulado,
esses solos podem ser usados para diversas culturas, desde que sejam feitas
correção da acidez principalmente quando se tratar de solos distróficos ou álicos e
adubação.

Sistema de Cultivo Irrigado

Os Planossolos, Gleissolos, Chernossolos, Plintossolos, Vertissolos, Organossolos,


Cambissolos, Espodossolos, Neossolos Flúvicos e Neossolos Quartzarênicos
hidromórficos ocupam, em geral, áreas sedimentares baixas, de várzeas ou
terraços, o que lhes confere condições mais ou menos apropriadas ao cultivo do
arroz irrigado.

Planossolos

Essa classe apresenta como característica geral a presença de um tipo especial de


horizonte B textural, com incremento de argila do A (ou E) para o B associado a
cores acinzentadas ou escurecidas que refletem uma baixa permeabilidade. São
solos de fertilidade baixa a alta, apresentando normalmente baixos teores de
matéria orgânica e deficiência em fósforo.

Gleissolos

Caracterizam-se por apresentar um horizonte com cores cinzentas (horizonte glei),


imediatamente abaixo do horizonte A, ou que começa dentro de 50 cm da
superfície, indicativo de formação em ambiente de redução devido à saturação por
água durante um longo período do ano. São de textura média ou argilosa em todos
os horizontes, de fertilidade baixa a alta não apresentando horizonte B associado à
mudança textural abrupta, o que os diferencia dos Planossolos.

Chernossolos
Chernossolos em áreas de várzea com drenagem imperfeita em relevo plano a
suave ondulado, mal drenados são bastante aptos para o cultivo o arroz.
São solos que apresentam horizonte A chernozêmico seguido por horizonte B
textural ou incipiente com argila de atividade alta e saturação por bases elevada
(eutróficos) em todo o perfil. Apresentam, normalmente, fertilidade natural de
moderada a alta, suportando, junto com alguns Vertissolos, os melhores solos
cultivados com arroz irrigado, proporcionando altas produtividades.
Plintossolos

São solos geralmente profundos, imperfeitamente ou moderadamente drenados,


formados sob condições de restrição à percolação de água. Apresentam um
horizonte com mosqueados vermelhos e amarelos, macios quando úmidos, mas
que endurecem irreversivelmente quando secam, formando nódulos duros,
identificados como plintita. São em geral de fertilidade baixa.

Vertissolos

Em relação à utilização, esses solos são adequados do ponto de vista químico,


porém não apresentam atributos físicos favoráveis ao manejo, sendo muito duros
quando secos, formando torrões compactos, e muito plásticos e muito pegajosos
quando molhados, aderindo aos implementos agrícolas. A maior parte desses solos
é utilizada com pastagens naturais de boa qualidade e, em menor escala, com
culturas anuais como trigo, milho e sorgo. Em áreas planas são cultivados com
arroz irrigado.
Organossolos

Na sua maior parte, são fortemente ácidos, com baixa saturação por bases e
frequentemente com altos teores de alumínio trocável. Quando drenados e
cultivados, podem ficar sujeitos a uma acentuada subsidência (rebaixamento da
superfície) e diminuição gradativa no teor de matéria orgânica. 

A baixa fertilidade natural, a deficiência de aeração e os impedimentos à


mecanização constituem importantes limitações ao uso desses solos.

Cambissolos

Os Cambissolos em áreas de várzea ocupam posições ligeiramente superiores e de


melhor drenagem do que os Gleissolos. Suas partes mais planas são
frequentemente sistematizadas e utilizadas com arroz irrigado. São muito variáveis
quanto à textura e à fertilidade natural.
Espodossolos, Neossolos Flúvicos e Neossolos Quartzarênicos
Hidromórficos

Apresentam uma aptidão muito restrita para o uso com arroz irrigado, pois são
muito arenosos ou sujeitos a inundações muito frequentes. Ocupam áreas
significativas de várzeas no rio Grande do Sul, Santa Catarina e Roraima.

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Para a adubação da cultura do arroz, são recomendados os macronutrientes nitrogênio,


fósforo e potássio, que podem ser adquiridos em formulações NPK (adubação com
nitrogênio, fósforo e potássio) ou separadamente, conforme as principais fontes relacionadas
nas Tabelas 1, 2 e 3. As quantidades a serem aplicadas devem sempre ser definidas de
acordo com o resultado da análise do solo.

 
 

 
 
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Métodos de irrigação

Autor(es): Luís Fernando Stone ; Pedro Marques da Silveira ; José Aloísio Alves Moreira 

A irrigação da cultura do arroz pode ser feita pelos métodos inundação, subirrigação e aspersão. No Brasil, o
método mais usado é o de irrigação por inundação contínua. Geralmente, no sistema de tabuleiros em contorno
(Figura 1), a inundação é com circulação da água, enquanto que no sistema de tabuleiros retangulares (Figura
2), a lâmina de água é estática. A subirrigação, método de irrigação no qual a água é aplicada diretamente sob
a superfície do solo por meio da elevação do lençol freático, tem sido usada em várzeas drenadas mas não
sistematizadas. Mais recentemente, vem sendo usada, de maneira suplementar à ocorrência de chuva, a
irrigação por aspersão, via pivô central, tanto no cultivo do arroz em terras altas como em várzeas. A
quantidade de água necessária para o cultivo do arroz varia de acordo com o método de irrigação e depende,
principalmente, das condições climáticas, dos atributos do solo, do ciclo da cultivar, da profundidade do lençol
freático e do manejo do solo, da cultura e da água. 

Ilustração: Gilson Dias Oliveira 


 
 Figura 1. Tabuleiros em contorno.

Ilustração: Gilson Dias Oliveira 

 
 Figura 2. Tabuleiros retangulares.
Métodos de Irrigação

Irrigação por Inundação 

A irrigação por inundação consiste, basicamente, em colocar uma lâmina de água


em compartimentos formados no terreno, denominados de tabuleiros ou quadros,
que são limitados por pequenos diques ou taipas (Figura 3). Os tabuleiros
apresentam formas e tamanhos variados. 

Os retangulares são formados por diques retilíneos, com o terreno sistematizado, de modo que apresente uma
pequena declividade uniforme. Os tabuleiros em contorno são formados por um sistema de diques em curva de
nível e diques retilíneos no sentido transversal, para dividir a área no tamanho apropriado.  

Foto: Arquivo da Embrapa Arroz e Feijão.

 
 Figura 3. Irrigação por inundação.
A inundação do solo pode ser feita de maneira contínua, durante grande parte do
ciclo do arroz, ou de maneira intermitente, caso em que a lâmina de água é reposta
após um intervalo de tempo desde o seu desaparecimento do tabuleiro.
A inundação contínua apresenta as seguintes vantagens:
• Diminuição do crescimento das plantas daninhas.
• Controle da temperatura do solo, pois devido à presença de água,
que tem calor específico superior ao do solo, não haverá
temperaturas extremas.
• Fixação do nitrogênio atmosférico, devido às condições favoráveis
para o crescimento de algas verde-azuis.
• Aumento da disponibilidade dos nutrientes para a planta, tais como
fósforo, ferro, manganês e silício, durante as primeiras semanas de
inundação.
• Economia de mão de obra.
• Aumento da fotossíntese nas folhas mais baixas, devido ao reflexo
da luz na água.
A inundação contínua pode ser feita com lâmina de água estática ou corrente.
A água parada, continuamente na lavoura, apesar de tornar-se estagnada,
normalmente não é prejudicial às plantas de arroz. Entretanto, no sistema mix de
pré-germinado, que consiste no uso de sementes pré-germinadas em área com
vegetação dessecada e previamente inundada, a decomposição anaeróbica da palha
presente na área pode provocar a formação de substâncias tóxicas, que afetam o
estabelecimento das plântulas.
A eficiência da irrigação com água corrente é menor que a da irrigação com lâmina
de água estática, se a água não for convenientemente utilizada. Existe o perigo de
os nutrientes do solo serem carregados pela corrente de água. Não há diferença em
evapotranspiração (soma da evaporação com a transpiração das plantas) e
percolação (infiltração de água no solo) para qualquer um dos sistemas. A irrigação
com água corrente é praticada em solos onde existem substâncias tóxicas, devido à
pouca percolação ou má drenagem, o que torna necessário um suprimento de água
contínuo e corrente. Nos trópicos, a água corrente resulta na diminuição da
temperatura do solo, o que pode ser considerado um benefício. A melhor
justificativa para utilizar a irrigação com água corrente é a economia de mão de
obra, pois, com lâmina de água estática, as práticas de manejo da irrigação são um
tanto trabalhosas, especialmente quando não há facilidade de acesso aos pontos de
entrada da água. No Brasil, a maioria das lavouras irrigadas está localizada no
Estado do Rio Grande do Sul, onde há predomínio do uso de tabuleiros em
contorno, que requerem menor sistematização do solo. Geralmente, é feito apenas
um aplainamento para eliminar as irregularidades excessivas do terreno. Nesse
sistema de irrigação, a água é colocada no tabuleiro mais elevado. Após ter sua
lâmina de água estabelecida, a água passa ao tabuleiro imediatamente inferior, e
assim por diante, até o último, onde, então, a água excedente escoa para um
dreno. Assim, tem-se um sistema contínuo de entrada e saída de água, o que
caracteriza a irrigação com água corrente. Em outras partes do país, onde se usam
tabuleiros retangulares, com entrada e saída individuais da água, é mais
utilizada a inundação com lâmina de água estática. 
Nesse caso, ao contrário dos tabuleiros em contorno, pode ser usada
a inundação intermitente.
A inundação intermitente é praticada, principalmente, em áreas com suprimento
limitado de água. Pode ser também uma boa opção para áreas servidas por
bombeamento, mas não deve ser implantada sem um prévio estudo econômico.
Produções satisfatórias de arroz são obtidas sob inundação intermitente, quando a
umidade do solo é mantida perto da saturação, durante o período sem lâmina de
água. Entretanto, no Brasil, esse método foi pouco adotado por que:
• Requer completo sistema de irrigação e drenagem, envolvendo altos
custos;
• Requer completo sistema de irrigação e drenagem, envolvendo altos
custos;
• Requer práticas de manejo de água desconhecidas por aqueles que
normalmente usam inundação contínua;
• Requer controle mais eficiente de plantas daninhas, pois algumas
dessas plantas crescem mais facilmente sob esse método de
irrigação.
A maior contribuição da inundação intermitente para o uso econômico da água é a
diminuição das perdas por escorrimento superficial (melhor aproveitamento da
água das chuvas) e por percolação (infiltração de água no solo), que são maiores
nas lavouras inundadas. Um fator importante a ser considerado na irrigação
intermitente é o conhecimento das fases de desenvolvimento da cultura em relação
à tolerância da planta à falta de água, ou daqueles períodos em que o suprimento
de água é uma necessidade absoluta.
A ausência da lâmina de água na fase reprodutiva aumenta o número de grãos
chochos e, no período de maturação, pode afetar a massa dos grãos. Por outro
lado, a retirada da água durante o período de perfilhamento pode trazer vantagens
à produtividade, estimulando o sistema radicular a se aprofundar o que reduz o
acamamento, pois o colmo fica com mais resistência e com menor crescimento e
melhorando o perfilhamento.

Subirrigação

A subirrigação pela elevação do nível do lençol freático vem sendo usada no Brasil,
em várzeas não-sistematizadas, onde o lençol freático encontra-se a pequena
profundidade do solo. O solo, normalmente, permanece saturado durante grande
parte do ciclo da cultura. Nesse método, embora o requerimento de água seja
menor que no de inundação contínua, as plantas daninhas são um grande
problema. A necessidade de mão de obra também é menor. A subirrigação pode
minimizar os problemas de toxicidade de ferro, pois a absorção desse elemento
pelas plantas é menor com saturação que com inundação contínua. A produtividade
do arroz obtida com saturação do solo geralmente é menor que a obtida com
inundação contínua.

Irrigação por aspersão


O método de irrigação por aspersão compreende diferentes sistemas, como o
convencional, autopropelido e pivô central. O sistema de aspersão convencional é
considerado o sistema básico de irrigação por aspersão, do qual derivaram todos os
demais. São classificados em portáteis, semiportáteis e fixos, dependendo do grau
de movimentação em campo. São usados para irrigação de pequenas áreas. O
sistema autopropelido é movimentado por energia hidráulica e possui um aspersor
do tipo canhão montado em uma plataforma e uma mangueira de alta pressão de
até 500 metros. É usado em áreas irrigadas de tamanho médio. O sistema pivô
central é um sistema de movimentação circular, movido a energia elétrica ou
diesel. Possui uma linha lateral de aspersores suspensa por torres dotadas de
rodas. As torres se movimentam independentemente por possuírem motores
individuais. Irriga áreas de até 200 hectares.
Recentemente, esse método de irrigação via pivô central vem sendo praticado em
algumas lavouras de arroz irrigado da fronteira oeste do RS. Com o uso da
aspersão via pivô central é possível obter economia de mais de 50% no uso da
água em comparação ao sistema tradicional de irrigação por inundação. Além disso,
é possível também viabilizar a rotação de culturas.
No arroz de terras altas, grande parte das lavouras está localizada na região dos Cerrados, onde durante a
estação chuvosa (outubro-abril), quando é feito o seu cultivo, a distribuição das chuvas é irregular, sendo
comum, nas áreas classificadas como de médio a alto risco climático, a ocorrência de estiagens de duas a três
semanas. Nessa região, predominam Latossolos com baixa disponibilidade de água. Essa característica dos
solos aliada à alta demanda evapotranspirativa, faz com que as estiagens causem consideráveis decréscimos na
produtividade do arroz. Uma das alternativas para solucionar esse problema é a irrigação suplementar,
normalmente via pivô central (Figura 4). 

Foto:Sebastião Araújo
Figura 4. Arroz irrigado por aspersão.
 
A irrigação por aspersão é indicada para solos de alta permeabilidade e de baixa
disponibilidade de água, como a maioria dos solos da região dos Cerrados. Esses solos
requerem irrigações frequentes, com menor quantidade de água por aplicação, o que é mais
fácil de ser conseguido com irrigação por aspersão do que por superfície.
A irrigação, além de propiciar maiores produtividades, melhora a qualidade do
produto. Os períodos de deficiência hídrica que a planta de arroz, em condições de
sequeiro, sofre durante o ciclo geram qualidade de grão inferior em comparação
com o arroz irrigado. A porcentagem de grãos chochos e gessados aumenta
consideravelmente quando a deficiência hídrica ocorre durante as fases de emissão
da panícula e enchimento dos grãos. Com o uso de irrigação por aspersão o
processo de enchimento dos grãos não sofre descontinuidade. Consequentemente,
o número de grãos por panícula e a massa dos grãos são maiores e o número de
grãos chochos é menor.
Além do aumento na produtividade e na qualidade do arroz, é possível utilizar o
equipamento de irrigação para outras culturas na safra de outono-inverno, o que
promove, assim, maior uso do equipamento, e propicia maior rentabilidade ao
agricultor.

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Produção de sementes

Autor(es): Sérgio Utino ; Daniel Fernandez Franco ; Sérgio Vaz da Costa ; Ariano Martins de Magalhães ; Valter


José Peters ; Márcio Gonçalves da Silva

1. PRODUÇÃO DE SEMENTES

A semente é o insumo com maior valor agregado, pois contém a constituição


genética da variedade. O potencial máximo de produtividade agrícola é
determinado pelo potencial genético. A semente comercial é produzida dentro de
padrões rigorosos de qualidade que garantem ao produtor o melhor desempenho
no campo, maximizando os benefícios de outros insumos, como fertilizantes e
defensivos.

Neste capítulo, é abordada a produção de semente de arroz tradicional, tipo branco,


e as de arroz vermelho e arroz preto. Os respectivos padrões para produção e
comercialização dos diferentes tipos de arroz, encontram-se no final do capítulo.

Cuidados na produção de sementes

O estabelecimento de campos de produção de sementes requer , além de


planejamento criterioso, alguns cuidados especiais e imprescindíveis.

Origem da semente

A escolha da categoria de sementes depende da categoria a ser produzida, pois o


plantio deverá ser sempre de uma categoria superior, de acordo com a legislação
que estabelece o controle de geração para preservar a qualidade genética das
sementes.

Podem ser produzidas as seguintes categorias: semente genética, semente básica,


semente certificada de primeira geração – C 1, semente certificada de segunda
geração – C2, semente de primeira geração da certificada - S1 e semente de
segunda geração da certificada - S2. A critério do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção de sementes das classes não-
certificadas S1 e S2, sem origem genética, pode ser feita, enquanto não houver
tecnologia disponível para a produção de sua semente genética. 

Com a criação da Lei de Proteção de Cultivares (LPC), o governo brasileiro deu o


primeiro passo para assegurar os direitos dos obtentores de novas variedades
vegetais, mediante a concessão de um certificado de proteção de cultivar. 

São consideradas obtentoras, as empresas públicas e privadas que desenvolvem


programas de melhoramento vegetal e obtêm, como resultado final, uma nova
cultivar. Cultivares protegidas são aquelas que, após a promulgação da lei,
receberam o certificado de proteção. 

Cultivares de domínio público são aquelas que foram lançadas anteriormente à


nova legislação ou cujos direitos de proteção foram extintos. Antes da LPC, os
produtores de sementes tinham livre acesso às cultivares para multiplicação. Após
essa lei, a multiplicação de cultivares protegidas só é possível mediante a
autorização de seu obtentora.

O lote de semente a ser multiplicada deve ser criteriosamente selecionado,


atendendo aos seguintes aspectos:

- origem e classe conhecida. 


- alta pureza genética;
- alta qualidade sanitária, ou seja, livre de doenças;
- boa qualidade fisiológica;
- livre de sementes de plantas daninhas;
- livre de sementes de outras espécies e material inerte.

Escolha da área
 
Na escolha da área, deve-se analisar o seu histórico e considerar a cultura
antecessora.
Entre os fatores a serem considerados, destacam-se os seguintes:
- Cultivo anterior: o campo não deve ter sido cultivado com a mesma espécie na
safra anterior, exceto se for da mesma cultivar. Esse cuidado justifica-se pelo fato
de que as sementes caídas ao solo sobrevivem de um ano para outro ou, às vezes,
por mais de um ano, podendo ocasionar contaminação varietal. Outros problemas
relacionados com a cultura anterior são as doenças e pragas, uma vez que seus
restos culturais podem se constituir em fonte de contaminação para a cultura atual.
- Espécies silvestres: o conhecimento das plantas daninhas auxilia na escolha da
área, pois se pode prever a dificuldade de seu controle, conforme o grau de
infestação, e também da retirada das sementes nocivas e silvestres no processo de
beneficiamento. Um exemplo é o caso da presença de arroz-vermelho ou preto que
podem comprometer a qualidade do campo para produção de sementes de arroz e
levar à condenação de todo o lote de sementes.
Escolha da cultivar

A cultivar deve atender à recomendação técnico-científica. O produtor deve


conhecer as características agronômicas mais favoráveis, pois o melhoramento
genético das empresas de pesquisa oferece aos produtores uma série de
opções. Dentre as características desejáveis de uma cultivar, destacam-se:
tolerância às doenças, principalmente brusone e mancha-de-grãos; resistência ao
acamamento; alta produtividade; boa qualidade industrial dos grãos; classificação
comercial; e qualidade culinária, exigida pelos consumidores.

Semeadura

- Época de semeadura:

A época adequada de semeadura é determinada pelas condições climáticas


favoráveis para uma boa produção, que, de modo geral, é idêntica à cultura
destinada para fins comerciais. Os equipamentos usados na semeadura merecem
cuidados prévios especiais na sua limpeza, para evitar a presença de sementes de
outras espécies ou cultivares e, assim, preservar a pureza varietal do campo. A
correta regulagem da semeadora e a adequada velocidade de semeadura são
essenciais para uma distribuição homogênea das sementes e do adubo, o que
propicia emergência e desenvolvimento uniformes das plantas. Menores
espaçamentos determinam aumento de produtividade, mas elevam os riscos de
doenças, acamamento e estresse hídrico no cultivo em terras altas.

Deve-se, portanto, seguir as recomendações estabelecidas para cada cultivar. O


tratamento de sementes com os inseticidas e fungicidas recomendados é
primordial, pois visa dar proteção às plantas durante a fase inicial de
desenvolvimento.

- Densidade de semeadura:

Para produção de sementes certificadas (categoria C2), utilizam-se sementes da


categoria básica ou certificada de primeira geração (C1). Nessas condições,
recomenda-se utilizar baixas densidades de semeadura, de modo que cada planta
resultante produza mais sementes.

Recomenda-se, para cultivares de arroz irrigado que emitam muitos perfilhos, 100
Kg ha-1 de sementes viáveis. Para cultivares que emitam poucos perfilhos, a
densidade de semeadura deve ser aumentada.

- Preparo do solo:

No plantio convencional, o solo deve ser bem preparado para que as sementes
tenham profundidade adequada para o desenvolvimento posterior das plantas, com
reflexos na emergência e uniformidade do estande.

Os sistemas de plantio utilizados para produção de sementes são o convencional, o


plantio direto, o cultivo mínimo, o sistema pré-germinado e o de transplante de
mudas.

Manejo da cultura

A adubação, os tratos culturais e a irrigação devem seguir as mesmas


orientações dadas para uma lavoura de produção comercial.

Isolamento

A contaminação de um lote de sementes caracteriza-se pela presença de sementes


de plantas da mesma espécie, mas de outras cultivares, sementes de outras
culturas, sementes de plantas silvestres e sementes que contenham agentes
patogênicos. A contaminação de um lote de sementes pode ser de origem genética
ou física.

A contaminação genética é decorrente da presença de plantas de outras cultivares,


da mesma espécie, ou de espécies similares, que podem polinizar a cultura,
resultando na produção de sementes atípicas. Esse cruzamento altera a
constituição genética do lote de sementes produzido, que deixa de ser
representante da cultivar em produção. Dessa forma, é muito importante evitar as
possibilidades de ocorrência de polinização cruzada no campo de produção de
sementes. A forma mais simples para evitar que ocorra a polinização cruzada é
promover o isolamento do campo de produção de sementes, que deverá ser, no
mínimo, suficiente para manter o campo livre de polinização indesejada. O
isolamento dos campos de produção de sementes pode ser realizado no espaço, no
tempo, ou por meio da adoção de barreiras físicas à polinização.

Espaço 

É o procedimento mais comumente empregado e o mais eficientemente aplicado


pelo produtor de sementes, pois controla a distância do campo de produção de
sementes de outras fontes de contaminação de pólen.

Para cultivares de arroz irrigado, o isolamento físico deve ser de, no mínimo, 3
metros para cultivo em linha e 15 metros para cultivo a lanço, tanto no plantio
como na colheita. Com isso, evitam-se possíveis cruzamentos e preserva-se a
qualidade genética. O isolamento minimiza a possibilidade de mistura na colheita
em áreas contíguas de diferentes cultivares e, assim, preserva a qualidade física.
Época de semeadura

É o tipo de isolamento realizado de maneira que o florescimento de cada cultivar


presente na área de produção de sementes ocorra em épocas diferentes. Para
arroz, uma defasagem de 20 dias entre as cultivares é suficiente.

Barreiras

A distância mínima de isolamento pode ser reduzida se for realizada a


semeadura de plantas de bordadura, que irão se constituir em
barreiras vegetais.

Erradicação de plantas indesejáveis - Roguing 

Durante a fase de multiplicação do material genético, todo e qualquer indivíduo destoante da população, tais
como plantas silvestres, plantas de outras cultivares e plantas atípicas (Figura 1), deverá ser eliminado
– roguing (Figura 2), como condição para a aprovação do campo de produção de sementes.

Foto: Sérgio Utino

 
Figura 1. Planta atípica em lavoura de arroz
  
Foto: Sérgio Vaz da Costa

 
 Figura 2. Erradicação de plantas indesejáveis - roguing

Roguing, purificação ou erradicação, é o procedimento principal que diferencia um campo de produção de


sementes de um de produção de grãos. Essa prática consiste num exame cuidadoso e sistemático do campo,
com o objetivo de remover, manualmente, as plantas indesejáveis (Figura 3), e, assim, preservar a pureza
genética, varietal e física. O conhecimento dos descritores da cultivar auxilia na identificação das plantas
atípicas. Em algumas fases de desenvolvimento da cultura, o trabalho de erradicação dessas plantas é facilitado
pela visualização das diferenciações físicas existentes entre as cultivares. Essa atividade, por ser manual, exige
disponibilidade de mão de obra.
 Foto: Sérgio Vaz

 Figura 3. Plantas indesejáveis erradicadas

Plantas atípicas

Plantas da mesma espécie, mas que destoam desta por uma ou mais
características, tais como, tipo de planta, ramificações, hastes ou folhas pilosas,
cor, forma, tamanho, etc. Estas plantas devem ser eliminadas dos campos de
produção de sementes em qualquer época do seu desenvolvimento vegetativo e
reprodutivo.

Plantas liberadoras de pólen:

Todas as plantas indesejáveis da mesma espécie que possam polinizar por meio do
cruzamento natural.

Plantas daninhas

Plantas que são difíceis de controlar pelas práticas culturais ou utilização de


herbicidas.

Sementes inseparáveis

são aquelas consideradas de difícil separação por meio de equipamentos


mecânicos.

Inspeções em campos de produção

As vistorias periódicas no campo de produção de sementes têm por finalidade


proceder à comparação da qualidade do campo em relação aos padrões
estabelecidos pelas normas
O número de inspeções, para cada cultura, representa o mínimo aceitável,
entretanto inspeções adicionais poderão ser executadas. Os períodos de inspeção
devem ser realizados nas seguintes fases de desenvolvimento da cultura:

Período de préfloração:compreende todo o período de desenvolvimento


vegetativo que precede o florescimento das plantas. Para efeito de inspeção de
campo, ele abrange desde a emergência das plântulas até o início do florescimento.

Período de floração:este período é caracterizado pela fase em que as flores estão


abertas, o estigma está receptivo, e a antera liberando pólen. Nessa fase,
consegue-se identificar diferenças nas características agronômicas e morfológicas
entre as plantas.

Período de pós-floração:neste período a receptividade do estigma e a liberação


do grão de pólen das anteras terão cessado. O óvulo já deverá estar fertilizado e
desenvolvendo-se em semente.

Período de pré-colheita:nessa fase, a semente torna-se mais dura e alcança a


maturidade fisiológica. Este é o período mais importante para a descontaminação,
pois vários tipos de plantas indesejáveis e misturas varietais podem ser
identificados facilmente.

Período de colheita: nessa fase, a semente está fisiologicamente madura e


suficientemente seca, permitindo uma colheita fácil e segura, ou então,
fisiologicamente madura e úmida, podendo, no entanto, ser colhida e seca
artificialmente para armazenamento.

Cabe ressaltar que, no processo de certificação de sementes, é obrigatória a


realização de, no mínimo, duas inspeções, que devem ocorrer nos períodos de
floração e pré-colheita.

Classes e categorias de sementes 

As sementes de arroz são identificadas por classes que se diferenciam, segundo o


processo de produção, em: genética, básica, certificada (C) e não certificada (S).

As classes são constituídas por categorias. Essas são unidades de classificação que
consideram a origem genética, a qualidade e o número de gerações. Como
exemplo, têm-se as sementes certificadas de primeira e segunda geração (C1 e C2)
e as não certificadas de primeira e segunda geração (S1 e S2).

Semente genética: material de reprodução obtido a partir de processo de


melhoramento de plantas, sob responsabilidade e controle direto do seu obtentor
ou introdutor, mantidas as suas características de identidade e pureza genética.

Semente básica: material obtido de reprodução de semente genética, realizado de


forma a garantir sua identidade genética e pureza varietal.

Semente certificada de primeira geração (C1): material de reprodução vegetal


resultante da reprodução de semente básica ou de semente genética.

Semente certificada de segunda geração (C2): material de reprodução vegetal


resultante da reprodução de semente genética, de semente básica ou de semente
certificada de primeira geração (C1).
Semente não certificada de primeira geração (S1): material de reprodução vegetal
resultante de reprodução de semente genética, básica ou certificada das categorias
C1 ou C2.

Semente não certificada de segunda geração (S2): material de reprodução vegetal


resultante da reprodução de semente não certificada S1.

Semente para uso próprio: toda pessoa física ou jurídica que utiliza sementes com
a finalidade de semeadura deverá adquiri-las de produtor ou comerciante inscrito
no Registro Nacional de Sementes (RENASEM). O usuário poderá, a cada safra,
reservar parte da sua produção como “semente para uso próprio”, que deverá
observar o que segue o anexo XXXIII, da Instrução Normativa nº 9 do MAPA:

1º A semente reservada deverá ser utilizada apenas em sua propriedade ou em


propriedade cuja posse detenha e exclusivamente em sua safra seguinte;

2º A quantidade de semente reservada deve ser compatível com a área a ser


semeada na safra seguinte, observados os parâmetros da cultivar no RNC e a área
destinada à semeadura, para cálculo da quantidade de sementes a ser reservada;
e,

3º As sementes deverão ser provenientes de áreas inscritas no Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quando se tratar de cultivar protegida.

Padrões para produção e comercialização de sementes de arroz

A Instrução Normativa nº 45, do MAPA, de 16 de dezembro de 2005, trata dos


padrões para produção e comercialização de sementes de arroz, os quais são
relacionados nas Tabelas 1, 2 e 3.

 
 

 
 
   
 

  

2. COLHEITA DE SEMENTES DO ARROZ

Dentre as operações agrícolas que desempenham papel importante na produção de


arroz, destaca-se a da colheita. Essa operação influencia tanto a quantidade como a
qualidade da semente de arroz. A colheita deve ser realizada cuidadosamente para
evitar misturas varietais e danos mecânicos às sementes. A atenção na limpeza da
colhedora e de todos os equipamentos envolvidos na operação deve ser redobrada
para prevenir misturas varietais, principalmente quando ocorrer mudança de
cultivares. 
Quando as sementes chegam à Unidade de Beneficiamento, normalmente,
encontram-se com teor de umidade que não permite o seu armazenamento. Com
isso, deve-se proceder a secagem imediata. O armazenamento de sementes com
elevado teor de umidade gera o aquecimento na massa de grãos, por meio da
fermentação e desenvolvimento de fungos, que irão comprometer a qualidade
fisiológica das sementes.
Vários são os fatores que afetam a produtividade das sementes, os rendimentos no
processo de beneficiamento e a qualidade do produto, na cultura do arroz. Dentre
eles, pode-se considerar como de especial importância o ponto de colheita.

O ponto ideal de colheita do arroz é determinado basicamente pelo aspecto da


panícula, pela duração de estádios de desenvolvimento da cultura e pelo teor de
umidade dos grãos. Admite-se que uma observação visual cuidadosa permite
determinar com bastante precisão o momento mais favorável para a colheita. O
maior rendimento é obtido quando, aproximadamente, os dois terços superiores do
ráquis estão amarelecidos, ocorrendo o curvamento da panícula.

O teor de umidade da semente adequado para se realizar a colheita do arroz está


entre 18 e 27 %. Se colhido com teor muito elevado, haverá sementes em
formação. Por outro lado, se a colheita for realizada em condições de baixa
umidade a qualidade fisiológica, a germinação e o vigor poderão ser afetados. 

Para se obter um maior aproveitamento do ponto de colheita, alguns cuidados


preliminares devem ser levados em consideração: não prolongar a permanência do
arroz na lavoura; evitar a colheita em horas do dia em que houver orvalho ou que a
umidade do ar esteja elevada; colher em separado a semente de arroz cultivado
nas taipas; seguir rigorosamente as normas técnica. Danos mecânicos às sementes
determinam perda da sua qualidade fisiológica. Assim, é muito importante uma
correta regulagem da colhedora.

A operação de colheita é realizada, geralmente, por diversos tipos de máquinas,


desde as de pequeno porte tracionadas por trator, até as colhedoras  automotrizes,
dotadas de barra de corte de até 6 metros de largura, as quais realizam, em
sequência, as operações de corte, recolhimento, trilha e limpeza.

3.   PRÉ-LIMPEZA

As sementes quando colhidas podem apresentar no lote vários materiais


indesejáveis, como material inerte, sementes de outras cultivares, de plantas
invasoras, daninhas ou não e sementes fora do padrão. Quando a contaminação
com esses materiais for além do desejável, é necessário realizar um procedimento
de pré-limpeza. Esse procedimento consiste basicamente na remoção dos materiais
bem maior, bem menor e bem mais leve do que a semente. Para essa operação
utiliza-se uma máquina de ar e peneira regulada de tal forma a obter um alto
rendimento nessa etapa do beneficiamento das sementes. Esse procedimento
apresenta as seguintes vantagens: facilidade na secagem; redução do volume a
armazenar; facilidade de transporte por elevadores; melhora as condições de
armazenagem.

Dentre as atividades tidas como de pré-limpeza, em sementes de arroz, pode-se


citar o emprego de equipamento denominado de desaristador no caso em que a
cultivar apresenta aristas, como por exemplo a BRS Bojurú, não interfira no
processo de beneficiamento.

4. BENEFICIAMENTO DE SEMENTES     
Após a colheita, as sementes não estão em condições de serem comercializadas.
Com isso, são encaminhadas à Unidade de Beneficiamento (UBS) para retirar as
impurezas, materiais indesejáveis, a fim de favorecer a secagem, o
armazenamento, bem como padronizar as sementes para plantio. 

É importante salientar que a qualidade de um lote de sementes é função direta das


condições de produção, ou seja, “a semente é feita no campo e não na UBS”.
Por mais eficiente que seja o beneficiamento, este não poderá corrigir problemas do
processo que ocorreram anteriormente.

Em sua definição mais ampla o beneficiamento refere-se a todas as etapas de


preparação da semente para comercialização realizadas após a colheita, tais como
debulha, pré-limpeza, secagem , limpeza, classificação, tratamento e embalagem.
Durante o processo de beneficiamento, a semente é submetida a uma serie de
operações que tem início na recepção e culmina com a embalagem e distribuição.
Nessa fase, objetiva-se a obtenção de uma semente com excelente qualidade.   

As sementes são beneficiadas para remover o material indesejável, como sementes


silvestres, material inerte, sementes de outras espécies cultivadas, sementes da
espécie, porém fora do padrão, do lote de sementes. Há uma grande variedade de
equipamentos disponíveis para o beneficiamento, os quais podem ser desde uma
simples peneira até equipamentos complexos como separadores eletrônicos
baseados na diferença de cor e translucidez. Embora os equipamentos possuam
diversos tipos e formas, todos têm em comum que suas separações são baseadas
nas diferenças físicas entre as sementes e o material indesejável. Algumas
máquinas separam as sementes da maioria do material indesejável, entretanto
para que essa separação seja eficiente, é necessária a utilização de uma série de
máquinas, cada uma removendo parte do material indesejável.

O beneficiamento têm cinco objetivos principais, a saber:

 Separação: remoção da maioria do material inerte presente no lote;

 Mínimo de perda de sementes: durante o processo de beneficiamento


algumas sementes boas são removidas junto com material indesejável em
todas as operações do processo, porém essa perda de sementes necessita
ser reduzida ao mínimo;

 Aumento da qualidade: a melhoria da qualidade não deve ser restrita à


remoção de impurezas, mas também das de sementes chochas, quebradas e
danificadas por insetos;

 Mão de obra: realizar todo o processo com um número indispensável de


pessoal. Mão de obra em excesso significa aumento de custo de produção.

 Recepção: é o processo de caracterização e identificação dos lotes de


sementes que são recebidos na Unidade de Beneficiamento de Sementes
(UBS). Um lote pode ser definido como “uma quantidade de sementes,
identificada por letra ou número ou combinação dos dois, da qual cada
porção é, dentro de tolerâncias permitidas, homogênea e uniforme para as
informações contidas na identificação”. Dessa forma, é indispensável manter
a individualidade dos lotes, bem como proceder a caracterização dos
mesmos, anotando, dentre outras, as seguintes características no momento
da recepção: abertura do lote; nome do produtor ou cooperante; local de
produção; peso bruto; número do campo; data, espécie; cultivar; categoria;
umidade; pureza. Esses acompanhamentos são necessários para possibilitar
o monitoramento dos fatores que contribuem na qualidade da semente que
será destinada aos produtores.

-Registro de abertura do lote: deve ser efetuado para definir o momento a partir
do qual a semente passa a existir fisicamente e assegurar a individualidade daquela
quantidade de semente que está chegando à UBS;

-Nome do produtor ou cooperante: sabe-se que a conduta do indivíduo,


produtor ou cooperante, interfere na qualidade do acompanhamento da lavoura de
produção; 

-Local de produção: irá fornecer informações que possibilitam mapear as


condições edafoclimáticas durante a produção;

-Peso bruto: informa que a balança está intimamente ligada a “caixa” da UBS,
onde temos a entrada do produto;

-Número do campo: é proibido existir na UBS sementes oriundas de campos que


não foram previamente inscritos na Entidade certificadora, no caso o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);

-Data de recepção: fornece informações quanto às condições ambientais durante


a fase final de maturação e colheita das sementes:

-Indicação da espécie e cultivar: contribui para evitar ou minimizar as misturas


varietais durante o manuseio das sementes na UBS;

-Categoria: a categoria deve ser anotada porque é possível existir campos de uma
mesma cultivar inscritos em diferentes categorias de produção de sementes;

-Teor de umidade: informa sobre a necessidade de secagem, o potencial de


armazenagem antes do beneficiamento, a suscetibilidade a danificação mecânica e
sobre o desconto do teor de umidade a ser utilizado na compra do produto que
estiver acima dos valores estabelecidos;

-Pureza física do lote: informará a perda no beneficiamento, as máquinas a


serem utilizadas e, quanto à contaminação por sementes de plantas nocivas
toleradas e proibidas.

Amostragem: é o processo pelo qual se obtêm uma pequena fração de sementes


que irá representar todo o lote nos testes para avaliação de qualidade, tais como
teor de umidade, pureza física e fisiológica. Como um pequeno número de
sementes a ser utilizadas nessas avaliações esse  deve representar o total de
sementes presentes no lote. Como exemplo da importância da amostragem em
arroz, onde o tamanho máximo do lote é de até 30 toneladas; em média, um
grama contém 40 sementes, então no lote de tamanho máximo há,
aproximadamente, 1.200 milhões de semente. Para efeito de análise de germinação
é utilizada uma amostra de 400 sementes puras, assim sendo cada uma dessas
sementes deverá representar 3 milhões de sementes  presentes no lote; o que
demonstra, a importância no processo de amostragem. 

Além dos equipamentos exigidos nas Normas específicas para Produção,


Comercialização  e Utilização de Sementes (Instrução Normativa nº 45 de 17 de
setembro de 2013), definidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), recomenda-se a utilização de equipamentos densimétricos,
do tipo mesa de gravidade. De outra parte, semente de qualidade, com ausência de
sementes de qualquer espécie de invasoras, representa menor agressão ao meio
ambiente, pela consequente  redução no uso de herbicidas. A presença de arroz-
vermelho em quase toda a área cultivada com arroz irrigado, principalmente no Rio
Grande do Sul, tem se constituído na causa que mais contribui para redução da
produtividade e é indiscutível que o uso de sementes contaminadas foi, e continua
sendo, a razão maior da infestação das áreas de arroz por essa planta daninha.
Sendo assim, deve-se optar pela utilização de sementes certificadas. 

Cuidados fundamentais em uma Unidade de Beneficiamento de Sementes


(UBS)

-  Na operação de uma UBS, um cuidado fundamental é no momento da troca de


cultivar a ser beneficiada. Nessa fase, qualquer descuido no processo de limpeza
poderá comprometer todo o esforço despendido na produção de uma semente de
qualidade, pela simples ocorrência de mistura de cultivares.

A redução do risco de ocorrência de misturas exige que varios fatores devam ser
considerados, especialmente relacionados com o número de cultivares a ser
produzido, o período disponível entre a recepção das sementes e a comercialização
das mesmas para a próxima safra, o número de pessoas disponíveis para a
realização das tarefas de limpeza, bem como os equipamentos necessários para
esse fim. Se o período entre a recepção das sementes para beneficiamento e
comercialização é curto é, recomendável trabalhar com número reduzido de
espécies ou cultivares, por outro lado, se o período for longo é possível aumentar o
número de cultivares.

Na execução de um trabalho para a obtenção de sementes de qualidade, uma UBS


deve possuir uma série de equipamentos, como balanças, caladores para retirada
de amostras, determinadores de impurezas e umidade, além de compressores,
aspirador e coletor de pó, os quais são essenciais no processo de limpeza de uma
UBS.  

5. SECAGEM DE SEMENTES

As condições de umidade relativa e temperatura do ar que ocorrem por ocasião da


colheita do arroz irrigado exigem que se proceda a secagem artificial das
sementes. 

Após a pré-limpeza, as sementes de arroz  deverão ser secas até  a umidade


adequada de 12% a 13% para maximizar o período de conservação da qualidade
fisiológica.
Nesse processo um dos fatores mais importantes a ser considerado é a
temperatura de secagem. A temperatura das sementes não deve ultrapassar certos
valores e o que define essa tolerância é o teor de água presente nas sementes.

Via de regra, sementes com elevado teor de água não suportam temperaturas
elevadas na massa de sementes e, conforme o teor de água vai diminuindo essa
tolerância passa a ser maior. Sementes de arroz com umidade acima de 18 % não
devem ser submetidas a temperaturas na massa superiores a 35°C e conforme a
umidade diminui essa temperatura pode ser elevada até um limite de 38 a 39°C, a
fim de não comprometer a qualidade fisiológica das mesmas. A relação entre a
temperatura da massa de sementes e da entrada de ar deve ser variável entre os
equipamentos de secagem, sendo necessária então a realização de um ajuste em
cada secador.

Para realização da secagem existem diversos métodos, os quais podem ser


divididos em naturais e artificiais, esses últimos, em função da movimentação da
massa de sementes, em estacionário, contínuo e intermitente.

Secagem Natural - As sementes dispostas em camadas de espessura variável são


secas pela ação do calor do sol e do vento. Esse método de secagem é dependente
de condições ambientais favoráveis, especialmente reduzida umidade do ar. É mais
utilizada em pequenas propriedades. Entretanto, a secagem natural é insuficiente
para uma redução completa da umidade das sementes, sendo necessária uma
secagem complementar utilizando métodos artificiais.

Secagem Artificial – Podem-se ter diferentes fontes de energia para o


aquecimento do ar, desde a solar até a elétrica. O que caracteriza o método é que o
processo de secagem é executado com o auxilio de aparelhos mecânicos, elétricos
ou eletrônicos, desde o aquecimento do ar, a insuflação na massa de sementes e,
em alguns casos, a movimentação das sementes.

As sementes expostas ao ar de secagem podem permanecer paradas, em


movimento continuo ou alternando fases de movimentação rápida com fases de
movimentação lenta ou até paradas, o que resulta em três tipos de secagem
artificial.

Secagem Estacionária - Caracteriza-se por uma determinada quantidade de


sementes entre na câmara de secagem e aí permanece até que o teor de umidade
desejado seja atingido; então essa quantidade é removida e substituída por outra.
Independentemente da sua capacidade, o sistema de secagem estacionário é
composto pelas seguintes partes: fonte de aquecimento, a qual pode ser de
diversas origens, e um ventilador para insuflar o ar aquecido na massa de
sementes.

O ar aquecido (Tabela 4) e insuflado pelo ventilador caracteriza-se por ter uma


temperatura superior à do ambiente e umidade relativa baixa e, ao passar pela
semente faz com que a água contida nos seus tecidos se evapore. Assim, à medida
que o ar se afasta do ponto de entrada da massa de sementes, fica mais úmido e
mais frio, reduzindo a capacidade de secagem. Durante o processo de secagem
ocorre a formação de uma frente de secagem, a qual vai avançando à medida que
o ar seco vai atravessando a camada de sementes. Se essa for muito espessa, a
frente demorara muito tempo para atravessa-la e teremos uma situação em que as
sementes de cima não serão secas o suficiente e as de baixo passarão por um
processo de super-secagem. O deslocamento da frente de secagem é determinado
pelo fluxo de ar que atravessa a massa de sementes, sendo esse determinado pela
potência do ventilador e pela resistência da massa de sementes.

Outros fatores na resistência oferecidos pela massa de sementes à passagem do ar


são mais fáceis de identificar e solucionar. Entre esses, pode-se citar o tamanho, a
forma, o teor de água, e a espessura da camada de sementes.

Secagem Contínua – Nesse tipo de secador as sementes entram com um


determinado teor de água e devem sair na outra extremidade com o teor de água
que se deseja e com a temperatura o mais próxima do ambiente. Na prática, é
frequente a passagem das sementes pela câmara de secagem mais de uma vez
(atuando como secador do tipo intermitente), quando o teor de umidade inicial está
acima de 18% a 20 % para evitar danos fisiológicos às sementes pelo prolongado
contato com o ar aquecido, o qual é necessário para reduzir a umidade até os
níveis necessários para o armazenamento. O mais adequado seria regular o fluxo
de sementes para que não fosse necessária a passagem de mais de uma vez pela
câmara de secagem. Se essa providência aumentar o tempo de contato das
sementes com o ar aquecido e houver risco de super-secagem, a alternativa é
aumentar a vazão do ar a ser insuflado na massa.

Secagem Intermitente – Nesse tipo de secagem as sementes passam várias


vezes pela câmara de secagem e resfriamento. A cada passagem pela câmara de
secagem (Tabela 4), as sementes perdem certa quantidade de água até que
atinjam o teor que se deseja. Essa alternância entre as câmaras de secagem e
resfriamento é feita de modo que a passagem pela câmara de secagem seja rápida
e pela câmara de resfriamento seja lenta. A relação entre os dois períodos é
chamada de relação de intermitência (Tabela 5). Isso é feito para que a água que
esta no interior da semente tenha tempo de migrar para as regiões periféricas e ser
evaporada na próxima passagem pela câmara de secagem. É a secagem mais
utilizada em espécies que tenham problema de sofrer dano mecânico pela
movimentação das sementes, como é o casso do arroz.

Após a secagem é realizada a limpeza, a qual é um processo de separação, por


meio de máquinas, de materiais com características físicas semelhantes entre si. As
características principais utilizadas para a separação das sementes são tamanho
(largura, comprimento e espessura), massa e peso específico.  

Tabela 4. Limites de temperatura do ar de secagem (°C) na entrada do


secador para diferentes sistemas de secagem de sementes de arroz irrigado.

_____________________________________________________________

                           Estacionário   Intermitente    Contínuo

_____________________________________________________________
Sementes                   40              40-70            *
______________________________________________________________
*Não é recomendável a secagem de sementes em sistema continuo.

Tabela 5. Controles operacionais e limites de temperaturas do para secagem intermitente


de sementes de arroz irrigado.
__________________________________________________________________________ 
                           

Etapa                                     Procedimento operacional                       Sementes

__________________________________________________________________________  

Durante a 1ª hora          Elevar gradualmente a temperatura do ar até         40 + 5ºC

Entre a 1ª e a 2ª  hora   Elevar gradualmente a temperatura do ar até         50 -  5ºC

Entre a  2ª e a 3ª hora   Elevar gradualmente a temperatura do ar até         60 + 5°C

Da 3ª a penúltima hora    Manter  constante  a  temperatura  do ar em        60 + 5°C


Durante a última hora     Aproximá-la da do arroz, e ir diminuindo

                                  gradualmente até que a temperatura se aproxime        37ºC


_________________________________________________________________________  

6. ARMAZENAMENTO

Compreende o período, após o beneficiamento, que as sementes permanecem no


armazém até a época adequada para a sua comercialização ou semeadura. Se os
devidos cuidados no processo de armazenagem não forem seguidos, pode
comprometer a qualidade das sementes. A condição ideal para armazenamento de
sementes é a de baixas temperatura e umidade. Os armazéns devem ser ventilados
e as sacarias dispostas sobre estrados de madeira, para evitar o contato direto com
o piso. Por serem higroscópicas, as sementes absorvem umidade do ar atmosférico,
por isso, em locais de clima úmido, a armazenagem deve ser mais cuidadosa. Em
caso de infestação por insetos do armazenamento, deve-se fazer o expurgo com
produtos à base de fosfina que não interferem na germinação das sementes.

Para análise, a validade dos testes para germinação é de dez meses e para
reanálise de oito meses, excluído o mês em que o teste de germinação foi
concluído.

7.  BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CARDOSO. E. T.; SILVA FILHO, M. P.  Apostila do curso sobre Produção de


Sementes, ministrada na BIONATUR em 01/12/2005. Embrapa- SNT- Escritório de
Negócios de Capão do Leão. Dezembro de 2005.

CARVALHO, N. M.  A secagem  de sementes. Jaboticabal, FUNEP, 1994, 165 p.

ELIAS. M. C.; LOECK, A. E.; MULLER, M. N. Recomendações técnicas para a


colheita, secagem, armazenamento e industrialização de arroz no sul do Brasil.
UFPel. 218 p. Pelotas.

FRANCO, D. F.; ALONÇO. A dos S. INFELD, J. A.  Colheita do arroz irrigado. In: GOMES, A;
MAGALHÃES JUNIOR, A. M. (Org.). Arroz Irrigado no Sul do Brasil. Brasília, 2004 V. 1. 900p.

GREGE, R. B.; CAMARGO, P. C.; POPINIGIS, F.; LINGERFELT, W. C.; VECHI,


C. Guia de inspeção de campos para produção de sementes. Brasília: AGIPLAN,
1975. 100 p.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Legislação


da Inspeção e Fiscalização da Produção e do Comércio de Sementes e Mudas. 3ed.
Brasília: MAPA, 1981. 194 p.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Padrões


para Produção e Comercialização de Sementes de Arroz. Instrução Normativa nº 25,
de 16 de dezembro de 2005.
SOCIEDADE SUL BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO-
SOSBAI. Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Porto Alegre:
SOSBAI, 2010. 188 p.

VAUGHAN, E .C.; GREGG, R. B.; DELOUCHE, C .M. Beneficiamento e Manuseio


de Sementes. Ministério da Agricultura. AGIPLAN.  Banco Internacional de
Desenvolvimento. Brasília, 1976.

________

Fungicidas

Autor(es): Valácia Lemes da Silva Lobo 

 
 
 
________

________
________

A espécie Oryza sativa é uma monocotiledônea da família das Poaceae. Como tal,


caracteriza-se por possuir caules ocos, flores reduzidas de cor verde e aquênios
especializados, ou cariopses, como frutos.

Características Morfológicas

A morfologia da planta de arroz pode ser descrita da seguinte forma:

Raiz

A raiz seminal, ou radícula, surge da coleorriza logo após o seu aparecimento e é


seguida por uma ou duas raízes seminais secundárias, todas elas desenvolvem
raízes laterais. Persistem apenas por um curto período de tempo após a germinação
e são logo substituídas pelo sistema secundário de raízes adventícias. Estas são
produzidas a partir de nós inferiores dos caules jovens. São fibrosas e possuem
muitas ramificações e pêlos radiculares.

Folha

A folha primária, surgida do coleóptilo, difere das demais por ser cilíndrica e não
apresentar lâmina. A segunda folha e as demais são dispostas de forma alternada
no colmo e surgem a partir de gemas situadas nos nós. A porção da folha que
envolve o colmo denomina-se bainha. A porção pendente da folha é a lâmina. Na
junção dessas duas partes situa-se o colar, do qual emergem dois pequenos
apêndices em forma de orelha, sendo por essa razão denominados de aurículas, e
uma estrutura membranosa em forma de língua, denominada lígula. A partir do
colmo principal originam-se de 8 a 14 folhas, conforme o ciclo da cultivar. A última
folha a surgir em cada colmo denomina-se folha-bandeira. Os genótipos diferem
quanto ao comprimento, largura, ângulo de inserção, pubescência e cor das folhas.
Essas características são de grande relevância na caracterização e descrição
varietal.

Caule

O caule da planta de arroz é composto por um colmo principal e um número


variável de colmos primários e secundários, ou perfilhos. Durante o período
vegetativo, um perfilho é visualizado como uma estrutura composta de folhas e
gemas axilares. O caule propriamente dito encontra-se na base do perfilho e é
visível mediante dissecação, como um conjunto de nós. Somente no período
reprodutivo da cultura é que os nós se distanciam devido ao alongamento dos
entrenós,  o que permite a sua visualização.    As características dos entrenós, tais
como comprimento, diâmetro e espessura, determinam a resistência ao
acamamento. A cor dos nós e entrenós, o número de perfilhos e o seu ângulo são
importantes características de descrição varietal.

Panícula

A inflorescência determinada da planta de arroz denomina-se panícula. Localiza-se


sobre o último entrenó do caule, erroneamente considerado um pedúnculo, e é
subtendida pela folha-bandeira. É composta pela ráquis principal, que possui nós dos
quais saem as ramificações primárias que, por sua vez, dão origem às ramificações
secundárias de onde surgem as espiguetas. Estas são formadas por dois pares de
brácteas ou glumas. O par inferior é rudimentar e as suas glumas denominadas de
estéreis. As glumas do par superior denominam-se pálea e lema e contêm no seu interior
a flor propriamente dita, composta por um pistilo e seis estames. O pistilo contém um
óvulo. A lema pode ter uma extensão filiforme denominada arista, que é um importante
descritor varietal.  
Foto: Sebastião Araújo  

Figura 1. Panícula  
É formado pelo ovário fecundado e contém uma única semente aderida às suas paredes, pericarpo, envolvida pela lema e a
pálea. Estas, juntamente com as glumas estéreis e estruturas associadas, formam a casca. O grão sem casca denomina-se
cariopse. A fenologia do arroz é basicamente composta de duas fases, vegetativa e reprodutiva. A Tabela 1 ilustra essas duas
fases e os respectivos marcadores fisiológicos.  

Foto: Sebastião Araújo

 
Figura 2. Grão beneficiado e grão com casca
 

V1. Formação do colar a 1ª V2. Formação do colar a 2ª V3. Formação do colar a 3ª


folha no colmo principal. folha no colmo principal.    folha no colmo principal.
V4.  Formação do colar da 4ª folha no VN. Formação da n folha(folha-bandeira) no colmo principal. 
colmo principal.
Figura 3. Fase Vegetativa
Fonte: adaptada de COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.L., A Uniform and adaptative system for expressing rice
develoment Crop Science, Madison, 40:436-443. 2000.

R0. Início do desenvolvimento da   panícula. R1. Diferenciação da panícula. R2. Formação do colar da folha-     b

R3. Emissão da panícula R4. Antese: um ou mais floretes R5. Expansão do grão em comprimento


na bainha, ponta acima da panícula em antese. largura: ao menos uma cariopse da
do colar. panícula do colmo principal apresenta
alongamento.

R7. Secamento do grão: R8. Maturação do grão:


R9. Completa maturidade
ao menos  ao menos um grão do
da panícula; todos os grãos
um grão do colmo principal colmo principal
apresentam-se com
apresenta-se  apresenta-se com
com pericarpo amarelo  pericarpo marrom.
pericarpo marrom.
Figura 4. Fase Reprodutiva 
Fonte: adaptada de COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.L., A Uniform and
adaptative system for expressing rice develoment Crop Science, Madison, 40:436-443.
2000 

 
 Figura 5. Fases fenológicas do arroz
Fonte: adaptada de COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.L., A Uniform
and adaptative system for expressing rice develoment Crop Science, Madison,
40:436-443. 2000.

O beneficiamento do arroz tradicional resume-se na retirada da casca e do farelo para a obtençã o


do arroz branco para o consumo e compreende as seguintes etapas:

 Limpeza.
 Descascamento.

 Separação pela câmara de palha e de marinheiro.

 Brunição (separação do arroz integral em farelo e arroz branco) e homogeneização.

 Classificação.
 Embalagem e expedição.

Normalmente, nã o se beneficia o arroz logo apó s a colheita e a secagem, pois apó s algum período de
armazenamento, o arroz tem uma melhora significativa na sua qualidade de cocçã o (cozimento), o
que diminui a tendência de aglomerar-se apó s o cozimento.

A industrializaçã o do arroz parboilizado exige uma planta específica de parboilizaçã o, com o uso de
banhos de imersã o em á gua quente e vaporizaçã o em estufas ou autoclaves, com posterior secagem.
Apó s o processo de parboilizaçã o e a secagem do arroz, o arroz parboilizado segue os mesmos
procedimentos de descasque, bruniçã o e classificaçã o do arroz tradicional.

Limpeza
Apó s o período de armazenamento e da aquisiçã o pela indú stria, o arroz passa por mais um
processo de limpeza para que sejam eliminadas as impurezas mais grossas que porventura ainda
estejam misturadas a ele, como palha de arroz, torrã o de terra, pedras, restos de insetos oriundos
de armazenamento, entre outros, e que nã o foram suficientemente retirados na pré-limpeza.
Descascamento
Nessa etapa, o arroz é descascado em má quinas providas de dois roletes de borracha, que giram em
sentidos opostos, em velocidades diferentes, retirando o grã o de arroz do interior da casca por um
movimento de torçã o. Nessa operaçã o deve-se tomar maior cuidado com o teor de umidade dos
grã os para evitar a quebra destes. 
Separação pela câmara de palha e de marinheiros 
A câ mara de palha é uma má quina que separa, por meio de sistema pneumá tico, o arroz inteiro do
arroz mal-granado ou verde, da casca e de seus derivados.
Em outra má quina, os grã os que apó s o descascamento ainda restaram com casca, chamados
marinheiros, sã o retirados. 
A utilizaçã o dessas má quinas visa aumentar o rendimento dos equipamentos subsequentes e
melhorar a qualidade do produto final.
Brunização e homogeneização
O arroz descascado, integral, contendo o farelo, é lixado por brunidores, má quinas compostas por
pedras abrasivas que retiram o farelo de arroz e separam o arroz branco.
A homogeneizaçã o complementa o processo de bruniçã o do arroz, ao retirar o farelo de arroz que
ainda permanece aderido ao grã o, em má quinas que utilizam spray de á gua e ar.
Classificação
Nessa etapa, o arroz passa por má quinas que separam os grã os inteiros dos quebrados de
diferentes tamanhos, ¾ e ½ de grã os. A quantidade de grã os quebrados é um dos indicativos do
tipo do arroz, sendo o Tipo 1 aquele que permite a menor quantidade possível de quebrados. 
Na classificaçã o, os grã os podem também passar por equipamentos de leitura ó tica, onde sã o
retirados os grã os rajados, vermelhos, picados, manchados ou aqueles com alteraçã o de coloraçã o. 
Outros equipamentos podem ser usados na indú stria com o objetivo de obter um produto final de
melhor qualidade, dependendo do grau de investimento da indú stria. 
Embalagem e expedição
Apó s essas etapas o arroz é embalado, respeitando os limites estabelecidos para os defeitos e
limites para cada Tipo e Classe de arroz, sujeito a regulamentaçã o federal. Tal regulamentaçã o é
regida pela Portaria do MAPA  nº 269/88, de 17.de novembro de 1988.
Parboilização 
Parboilizaçã o é um processo hidrotérmico, no qual o arroz em casca é imerso em á gua potá vel, a
uma temperatura acima de 58ºC, seguido de gelatinizaçã o parcial ou total do amido e secagem. 
Antes de ser submetido à s operaçõ es hidrotérmicas, o arroz, ainda em casca, passa por um conjunto
de equipamentos para a realizaçã o de operaçõ es complementares de limpeza e seleçã o, que podem
incluir de má quinas de ar e peneiras a mesas densimétricas. 
Em grande parte das indú strias, a autoclavagem é realizada em equipamentos de fluxo contínuo ou
semicontínuo, que operam em temperaturas ao redor de 110ºC, com pressõ es de 0,4 a 1,2 kgf cm-
2,
 em tempos que variam de 10 a 30 minutos.
Depois da autoclavagem, as operaçõ es hidrotérmicas seguem para a etapa das secagens, sendo uma
preliminar, em secador rotativo, e outra, complementar ou secundá ria.
Completadas as operaçõ es hidrotérmicas e passado o período de temperagem, os grã os sã o
descascados, produzindo o arroz integral parboilizado, ou passam pelas mesmas operaçõ es de
brunimento e/ou polimento descritas acima para o arroz branco tradicional.

PREPARAR ANIMAÇÃ O DO PROCESSO EM POWER POINT PARA GERAR VÍDEO

Panorama mundial

Dados disponibilizados no site da FAO, http://faostat3.fao.org, mostram que a produçã o mundial de


arroz em 2013 foi de 746 milhõ es de toneladas colhidas em uma á rea de 165 milhõ es de hectares,
com uma produtividade média de 4.527 kg ha -1. Comparado com as demais culturas, o arroz se
destaca em segundo lugar em produçã o e extensã o de á rea cultivada, sendo superado apenas pelo
trigo. O arroz participa com, aproximadamente, 30% da produçã o mundial de cereais, e é
consumido pelas populaçõ es em todos os quadrantes do globo terrestre.

O arroz é cultivado em todos os continentes, destacando em primeiro lugar o asiá tico, com uma
produçã o equivalente a 90% da mundial. Segue-se o americano, com 5%, o africano, com 4%, o
europeu, 5 % e o oceâ nico, também com 0,5% da produçã o mundial de arroz. Na Oceania, destaca-
se a Austrá lia, que sozinha produz 1,2 milhã o de toneladas.

Na Á sia, estã o os oito maiores produtores mundiais de arroz. Em 1º lugar está a China, seguida pela
Índia, Indonésia, Bangladesh, Vietnam, Tailâ ndia, Myanmar e Filipinas, que produzem 203, 159, 71,
52, 44, 39, 28 e 18 milhõ es de toneladas, respectivamente. A China contribui com uma produçã o
equivalente a 27% da mundial e 30% da asiá tica, seguida pela Índia com 21% e 24%,
respectivamente. O Brasil situa-se em 9º lugar, com uma produçã o correspondente a 1,6% da
mundial.

Nas Américas, o arroz reveste-se de grande importâ ncia social e econô mica. Na América Latina e
Caribe, a produçã o de 28 milhõ es de toneladas de arroz representa 3,8% da produçã o mundial, com
destaque para o Brasil que participa com 42% dessa produçã o. Na América do Norte, o arroz é
produzido apenas nos Estados Unidos da América, cuja produçã o é de 8,6 milhõ es de toneladas.

Em 2013, no Mercado do cone Sul (Mercosul), o destaque é para o Brasil, que ocupa o 1º lugar em
á rea colhida e produçã o de arroz, com 11,8 milhõ es de toneladas, seguido em ordem decrescente
pelo Peru, 3,1,  Colô mbia, 2,4, Argentina, 1,6, Equador, 1,5, Uruguai, 1,4, Paraguai, 0,6, Bolívia, 0,4 e
Chile, 0,1. A á rea cultivada com arroz, nesses países do bloco, somou 4,6 milhõ es de hectares, com
uma produçã o de 23,9 milhõ es de toneladas, o que correspondeu a 2,8% e 3,2% da mundial,
respectivamente, e uma produtividade de 5.168 kg/ha.

Situação nacional

O arroz constitui-se num dos componentes da dieta da populaçã o brasileira. Assume importâ ncia
relevante nas açõ es sociais e governamentais de incentivo ao seu cultivo para assegurar os níveis
de oferta e consumo, especialmente das classes mais carentes da populaçã o, que normalmente têm
no arroz um alimento essencial em sua dieta.

Segundo a Embrapa Arroz e Feijã o (2014), com dados adaptados e modificados do


acompanhamento de safras do Levantamento Sistemá tico Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE), no ano agrícola de 2013, a produçã o total de arroz foi 11,8 milhõ es
de toneladas.
A participaçã o na produçã o do sistema de cultivo de arroz irrigado com irrigaçã o controlada foi de
86,3%, seguido pelo arroz de terras altas, 13,6%, e pelo arroz irrigado sem irrigaçã o controlada,
0,1%.

Em 2013, houve reduçã o na produçã o do arroz irrigado sem irrigaçã o controlada e de terras altas, passando de 90,0 mil toneladas para 7,0 mil toneladas
e de 3,5 milhõ es de toneladas para 1,6 milhã o de toneladas, em relaçã o a 2003, respectivamente. A queda de 54% na produçã o do arroz de terras altas,
em parte, foi devido a fatores inerentes à cultura, tanto do ponto de vista de solo e clima, como de prá ticas de manejo. A produçã o de arroz no sistema
irrigado com irrigaçã o controlada, em 2003, foi de 6,6 milhõ es de toneladas e alcançou 10,1 milhõ es de toneladas, em 2013, apresentando um aumento
de 54% no período, o que assegurou o suprimento da oferta do arroz no Brasil. Esse crescimento é atribuído além do manejo adequado das lavouras a
utilizaçã o de variedades de expressivo potencial de produtividade, em uso pelos orizicultores dos vales das bacias dos rios tropicais e das terras baixas
do país (Tabela 1).

A partir de 2003, verificou-se no Brasil reduçã o de á rea colhida com o arroz irrigado sem irrigaçã o
controlada e de terras altas. A á rea total colhida de arroz passou de 3,1 milhõ es de hectares em
2003, para 2,3 milhõ es de hectares em 2013, ou seja, um decréscimo de 26%. Essa reduçã o ocorreu,
notadamente, em consequência da substituiçã o do arroz por outras culturas até entã o mais
lucrativas para o produtor, como a soja, milho, algodã o, cevada, cítricos, gramíneas e mais
recentemente, a cana-de-açú car, nas Regiõ es Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil. Contudo,
houve um crescimento de 11% na á rea colhida com arroz irrigado com irrigaçã o controlada, que
passou de 1,3 milhã o de hectares em 2003, para 1,4 milhã o de hectares em 2013 (Tabela 2).

 
 

Ainda, segundo os dados adaptados na Embrapa Arroz e Feijã o (2014), na Tabela 3, é possível
observar que na ú ltima década, no Brasil e na média, a cultura do arroz foi contemplada por níveis
crescentes de produtividade, superando o patamar de 4,6 t ha-1. Praticamente, houve um
incremento em produtividade de 50%, ou seja, passou de 3.094 kg ha-1 em 2003, para 4.616 kg ha-
1
 em 2013.

 
 

Informações Complementares:

EMBRAPA ARROZ E FEIJÃ O. Dados de conjuntura da produção de arroz (Oryza sativa L.) no


Brasil (1985-2013). Disponível em:
<http://www.cnpaf.embrapa.br/socioeconomia/index.htm>. Acesso em: 02 dez. 2014.

__________

Transporte, recepção, pré-limpeza e secagem

Autor(es): Eduardo da Costa Eifert ; Moacir Cardoso Elias ; Daniel Fernandez Franco ; Jaime Roberto da


Fonseca 

Para atender as necessidades dos consumidores, uma série de requisitos de


qualidade são exigidos. As operações pós-colheita do arroz, como transporte,
recepção, pré-limpeza e secagem, consistem em operações que possibilitam um
adequado armazenamento.

Transporte

O arroz colhido deve ser transportado para a Unidade de Beneficiamento em caminhões


(Figura 1), carretas ou outro meio de transporte, como por exemplo a própria colhedora, no
tempo mais rápido possível, pois o arroz é colhido com umidade entre 18 a 23%. No
transporte a granel, deve-se checar se não há buracos na carroceria para evitar perdas por
vazamento ou derramamento e  a carga deve ser coberta com lonas, para protegê-la de
chuvas e da ação dos ventos. A exposição prolongada do arroz abafado sob a lona ao sol
pode favorecer a ocorrência de fermentação e perdas antes do produto ser submetido à
unidade de secagem. É aconselhado não se misturar cultivares na mesma carga, pois pode
alterar o valor de mercado do arroz devido à heterogeneidade de cocção das cultivares.

Foto: Arquivo da Embrapa Arroz e Feijão  

Figura 1. Carregamento de arroz.

Recepção

Ao chegar à Unidade de Armazenagem e Beneficiamento, é feita a pesagem, a


identificação da carga e a coleta de amostras para a avaliação de sua qualidade
inicial, com a determinação da umidade, impurezas e matérias estranhas, defeitos
e rendimento de grãos inteiros.  O arroz deve ser submetido à secagem tão logo se
realize a colheita ou, no máximo, até 24 horas após. Não sendo possível, é
importante pré-limpar, aerar e/ou pré-secar o arroz.

Pré-limpeza

O arroz é descarregado na moega (Figura 2) e, antes de ser submetido à secagem, a pré-


limpeza é realizada para remover as impurezas e materiais estranhos, de dimensões, formas
e densidades muito diferentes daquelas características dos grãos, como torrões, insetos,
folhas verdes, palhas e sementes de plantas daninhas ou de outras espécies que dificultam
as operações subsequentes. Quando bem feita, essa operação propicia aumento na eficiência
dos processos de secagem, com redução de custos e melhor classificação do produto. Na
pré-limpeza são utilizadas máquinas de ar e peneiras (Figura 3), as quais possuem duas
peneiras planas sobrepostas, com perfurações próprias para cada produto.

Foto: Sebastião Araújo    Foto: Sebastião Araújo

Figura 2. Moega de recepção do secador.  Figura 3. Máquina de pré-limpeza. 


Secagem

Uma vez finalizada a pré-limpeza, deve-se proceder a secagem dos grãos e/ou sementes que
pode ser feita por vários métodos, desde o natural (Figura 4) e os naturais melhorados, até a
secagem forçada, a qual inclui as estacionárias, onde apenas o ar se movimenta durante a
operação, e as convencionais, onde são movimentados ar e grãos durante a secagem.

Foto: Jaime Roberto Fonseca

Figura 4. Secagem natural.

A secagem artificial do arroz, forçada ou mecânica, é amplamente utilizada. Os


métodos de secagem artificial empregam combinações de temperatura e fluxo de
ar, tempos e formas de movimentação dos grãos e de contato ar-grão.  

Os principais danos causados aos grãos de arroz durante a secagem com ar


aquecido são trincamento, formação de crosta periférica, alteração de coloração,
desestruturação do amido e morte do próprio grão, que provocam reduções no
rendimento industrial e no valor comercial.     

Os grãos de arroz são sensíveis aos choques térmicos, por isso a alternância do
emprego de ar aquecido e ar ambiente aumenta o número de grãos trincados.
A secagem estacionária é caracterizada pela não movimentação dos grãos, que,
colocados nos silos-secadores, sofrem a ação do ar, aquecido ou não, o qual é
movimentado mecanicamente em fluxos axial ou radial, ou seja, em direção do eixo
principal, que corresponde à altura, em direção vertical a partir do fundo do silo-
secador, ou do raio, lateral em direção horizontal a partir de um tubo central
perfurado, respectivamente.
 
A secagem estacionária de arroz pode ser feita com ar forçado, à temperatura de
até 45°C, para camadas não superiores a 1,0 m.  
 
Para a secagem intermitente, são utilizados os secadores intermitentes, e a
operação ocorre com movimentação dos grãos e do ar de secagem, que mantém
períodos alternados de contato e de isolamento. Em sementes, a temperatura do ar
não deve ultrapassar 45ºC e a da massa de semente 40ºC, dentro do secador.
O sistema de secagem intermitente exige maiores investimentos para a instalação
e o uso de tecnologia mais sofisticada do que o estacionário, porém com resultados
que podem ser bastante compensadores em grãos dotados de certa resistência a
danos mecânicos e sensíveis a danos e choques térmicos, como os de arroz. 
 
A secagem contínua faz uso dos chamados secadores contínuos, que constam de
estrutura com pelo menos duas câmaras, uma de secagem propriamente dita e
uma de arrefecimento, e pode haver uma outra, intermediária, neutra, colocada
entre as duas. Nesse sistema, os grãos ingressam úmidos, mantêm contato com o
ar aquecido na primeira câmara, perdem água e se aquecem. Ao passarem pela
segunda câmara, entram em contato com ar à temperatura ambiente, quando são
resfriados. 
Antes da etapa final estacionária em silo-secador, a seca-aeração utiliza um
secador convencional contínuo adaptado, em que a câmara originalmente destinada
ao resfriamento recebe ar aquecido e se transforma numa segunda câmara de
secagem. Daí os grãos saem ainda quentes e parcialmente secos e vão diretamente
a um secador estacionário, onde permanecem em repouso durante um determinado
tempo.

__________

Armazenamento

Autor(es): Eduardo da Costa Eifert ; Moacir Cardoso Elias ; Daniel Fernandez Franco ; Daniel de Brito


Fragoso ; José Alexandre Freitas Barrigosi ; Jaime Roberto da Fonseca 

O arroz pode ser armazenado em sacaria no sistema convencional ou a granel, em


silos ou em armazéns graneleiros.

Para o armazenamento em sacaria, chamado de convencional, deve-se manter boa


ventilação nas pilhas e, para possibilitar a circulação do ar também por baixo das
pilhas, os sacos devem ser dispostos em estrados de madeira com altura mínima de
12 cm. Sempre que possível, deve-se limitar a altura das pilhas em 4,5 m.
 
A armazenagem a granel é mais adequada para grandes quantidades. Num silo
metálico (Figura 1) ou num graneleiro (Figura 2), grãos relativamente pequenos,
como os de arroz, exibem comportamento diferente do de outras espécies de
cereais de grãos maiores, principalmente por apresentarem maior tendência à
compactação e oferecerem maior resistência à passagem do ar durante a aeração.
Problemas decorrentes dessa característica são contornados por meio de
intrassilagem parcial ou total da carga do silo e/ou de transilagens periódicas
durante o armazenamento, a cada período de 60 ou, no máximo, 90 dias. Para o
armazenamento seguro, recomenda-se que o produto seja guardado com teor de
umidade dos grãos ao redor de 13%.
 
Foto: Eduardo da Costa Eifert    Foto: Eduardo da Costa Eifert
Figura 1. Silo metálico. Figura 2. Silo armazenador a granel.

Nos estados da região Brasil Central, é comum o arroz entrar no armazém com teor
de umidade de 13% e, cerca de seis meses após, apresentar teor de umidade em
torno de 9%. Nesses estados, as condições de temperatura encontradas nos
armazéns são de 30ºC, ou mais altas, e umidade relativa de 40%, ou mais baixas.
Para essas condições, 30ºC e 40% de umidade relativa, o grão de arroz em casca
atinge o equilíbrio higroscópico na faixa de 9,0 a 9,6% de teor de umidade.
 
Recomenda-se o carregamento dos silos quando os grãos estiverem resfriados, ou
parcialmente resfriados após a secagem, e mantê-los sob temperaturas mais baixas
possíveis, no máximo 18ºC, por aeração, com o objetivo de remover ou distribuir a
umidade e calor acumulados.
 
Independentemente do sistema utilizado, o armazenamento do arroz por um
período de um ano não altera o sabor ou odor do produto, contudo, quando mal
conservado em ambientes não controlados, principalmente sob umidade relativa
alta, acima de 65%, pode haver aumento da taxa respiratória dos grãos, ocorrência
de processos de fermentação, ataque de insetos e desenvolvimento de fungos, que
refletem negativamente na qualidade do produto, com alteração do sabor,
inviabilizando assim o consumo. 
 
Para preservar a qualidade do arroz e prevenir perdas desnecessárias, é importante
que as condições de estocagem atendam aos cuidados para um armazenamento
seguro. Para verificar a umidade e temperatura dentro do armazém recomenda-se,
como opção, o uso de sensores e controle computadorizado da massa de
grãos (Figura 3).
 
 Foto: Eduardo da Costa Eifert

Figura 3. Central de controle da qualidade da massa de grãos.


 
Manejo integrado de insetos-praga do armazenamento
 
Os grãos armazenados são atacados por pragas, roedores, insetos e ácaros que causam
sérios prejuízos qualitativos e quantitativos.  A presença de insetos geralmente está
associada à pré-existência de focos de infestações, daí a importância da higienização de silos
e armazéns antes do armazenamento. Várias espécies de insetos podem atacar a massa de
grãos de arroz, tanto em casca como beneficiado, porém, dois grupos são considerados
importantes: os coleópteros, carunchos e besouros (Figura 4), e os lepidópteros, traças.
 
Foto: Evane Ferreira

Figura 4. Gorgulho do arroz.


 
Carunchos e besouros
 Sitophilus oryzae Linn., 1763 (Coleoptera, Curculionidae)
 Sitophilus zeamais Mots., 1865 (Coleoptera, Curculionidae)

 Rhyzopertha dominica Fabr., 1792 (Coleoptera, Bostrichidae)

 Tribolium castaneum Herb., 1797 (Coleoptera, Tenebrionidae)

Importância e dano

São insetos de tamanho inferior a 1 cm, porém de alto potencial biótico. As duas
primeiras espécies são popularmente conhecidas como carunchos, que são
facilmente identificadas pelo aparelho bucal em forma de bico (rostro) cilíndrico que
se prolonga a frente da cabeça. Tanto as formas larvais como adultas se alimentam
da massa de grãos e causam perdas quantitativas e na qualidade do produto final.
As outras duas espécies de besouros atacam grãos defeituosos resultantes do mau
fechamento da casca ou decorrentes de danos mecânicos durante a colheita.

Traças
 Sitrotroga cereallela Oliv.1819 (Lepidoptera, Gelechiidae)

 Plodia interpunctella Hubn. 1813 (Lepidoptera, Pyralidae)

Importância e dano

Essas pragas podem atacar o arroz ainda no campo, quando os grãos encontram-se
na maturidade fisiológica ou quando estão secando. Em silos ou graneleiros, o
ataque se dá nas camadas superficiais dos grãos e as larvas destoem os grãos,
diminuindo a massa, a qualidade e o seu valor nutritivo.

Controle

Como forma preventiva, é importante a eliminação de focos existentes na unidade


armazenadora, tanto no interior como exterior deste. Assim, recomenda-se a
pulverização das instalações antes do armazenamento com produtos relacionados
na Tabela 4 e 5, em Insumos, na Pré-produção. O conteúdo de água do grão é
outro fator importante como tática de controle, sendo recomendável que sempre
esteja inferior a 12% e que se utilize sistema de aeração como mecanismo de
controle da umidade e temperatura na massa de grãos. Se o arroz for permanecer
armazenado por um período de tempo superior a três meses, recomenda-se fazer
tratamento preventivo com inseticidas líquidos registrados para as espécies acima
mencionadas. 
Aparecendo pragas, como gorgulhos e traças, deve-se fazer o expurgo (Figura
5) ou fumigação, que tem por finalidade eliminar insetos, tanto na forma adulta
como na de pupa, larva ou ovos. Os prejuízos para o arroz são verificados na
qualidade alimentícia e no poder germinativo, além da depreciação do valor
comercial devido à presença de insetos mortos, ovos e excrementos. A operação de
expurgo deve ser feita de acordo com o receituário agronômico e sob a orientação
e supervisão de um engenheiro agrônomo.
 
 Foto: Sebastião Araújo

Figura 5. Expurgo do arroz com lona e detalhe da base tampada com madeira.
Quando o arroz é armazenado em silos, o produto químico para o expurgo é
aplicado durante a operação de enchimento do silo, no momento da transilagem ou
por meio de sondas. Em grãos ensacados, o expurgo pode ser feito com lençóis
plásticos que permitem a fumigação de cada pilha separadamente. O período de
expurgo não deverá ser inferior a 120 horas de exposição.
 
Geralmente, utilizam-se produtos à base de fosfina, na forma de comprimidos (0,6
g) e de pastilhas (3 g). Quando o arroz estiver armazenado em sacos, a dose
recomendada é de um comprimido para cada 3 a 4 sacos de 60 kg de grãos ou uma
pastilha para cada 15 a 20 sacos. No caso de armazenamento a granel, em silos
verticais, a aplicação desse produto deve ser feita dosando-se os comprimidos nos
transportadores de cargas com posterior vedação das aberturas superiores. Em
silos horizontais ou graneleiros, recomenda-se a introdução dos comprimidos na
massa de grãos, por meio de uma sonda, cobrindo-se com lona plástica. O tempo
de permanência do arroz sob a ação de gases deve ser de, no mínimo, cinco dias. O
produto deve ser manuseado por pessoas treinadas e equipadas com máscaras e
luvas, pois a fosfina é altamente tóxica e pode levar a morte. Em caso de novas
infestações, a operação deve ser repetida.
 
Quando necessário, o controle de pragas pode ser complementado com
pulverização com produtos relacionados na Tabela 4 e 5, em Insumos, na Pré-
produção. Para isso, deve-se verificar o período de carência, tomar cuidados
especiais na aplicação, ler o rótulo e seguir as instruções recomendadas. 
 
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Arroz irrigado

 
Figura 1. Cultivares de Arroz Irrigado 
 Fonte: Portal Embrapa

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