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Universidade Lusíada do Porto

Faculdade de Arquitectura e Artes

História da Arquitectura Portuguesa Medieval


Tierri Rafael Matos Rodrigues _ Nº21536307 _ Turma D

 A Arquitectura mendicante adaptou-se muito bem às tradições arquitectónicas portuguesas.

A arquitectura medieval portuguesa caracteriza-se por, na grande maioria dos seus casos, tratar-se
de uma arquitectura pobre, livre de exageros decorativos, contendo meramente os elementos essenciais
para se aproximarem às tendências europeias, através de descrições que chegam ao nosso território
através das ordens religiosas que por cá se procuram instalar.
No caso da arquitectura gótica mendicante portuguesa, que chega até nós trazidas pelas ordens
religiosas de franciscanos e dominicanos no final do séc. XIII, proliferando a construção destes edifícios
durante o séc. XIV. Devido à situação de conflito vivida em Portugal, dado que se estabelecia uma guerra
com Espanha a Este e com os muçulmanos a Sul, era necessário concentrar todos os esforços monetários
para a defesa do território. Com a arquitectura militar em voga, a arquitectura religiosa é deixada para
segundo plano, sendo poucas as verbas para a sua elaboração. Mediante este cenário, a caracterização dos
edifícios góticos mendicantes, possuindo um aspecto pobre, porém sóbrio, adapta-se perfeitamente às
circunstâncias vividas. A falta de decoração e exuberância, ao contrário do que é visto em construções
góticas por toda a Europa, mantém a igreja construída barata, concentrando os esforços nos elementos
básicos que caracterizam o estilo arquitectónico. Os elementos base estão lá: o uso clerestório para
iluminação da nave central com luz branca ao invés de ser filtrada por vitrais coloridos; uso de pequenos
óculos na fachada principal, sem recorrer à grande rosácea gótica; os edifícios são claramente mais baixos,
contudo, ao utilizar o arco de volta quebrada, procuram manter a ideia de verticalidade assumida no estilo
gótico. Todos estes elementos utilizados pontualmente de forma a minimizar os custos do edifício, pagos
pelas esmolas que os clérigos conseguiam arrecadar. Apesar desta falta de elementos decorativos, a capela
mor possui sempre um pouco mais de trabalho a este nível, tratando-se do elemento mais importante do
conjunto. Aqui ainda vemos o uso pontual de elementos decorativos e sempre recorrendo a abobadas para
demarcação do espaço da cabeceira da igreja.
Com o recurso de uma arquitectura claramente mais pobre, enunciando o modo de vida destas
ordens mendicantes, a adaptação ao nível de vida em Portugal em pleno séc. XIV é perfeita, ajustando-se a
arquitectura de forma inteligente às necessidades exigidas durante este período difícil.

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