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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE
CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
COLÓQUIOS II

CIÊNCIA E CONCEPÇÕES SOBRE SUA


NATUREZA
José Ricardo Ledur

Orientador: Prof. Dr. Renato Pires dos Santos


TEMÁTICA DA TESE
Identificação e compreensão das concepções de
estudantes sobre a natureza da ciência e as possíveis
influências dessas crenças e visões sobre o processo de ensino
e de aprendizagem de ciências na Educação Básica.

Compreensão da produção e disseminação do


conhecimento, gerados pelos avanços científicos e tecnológicos
do século XXI, bem como da veiculação de fake news
relacionadas a fatos e descobertas científicas, buscando
evidências da influência desses fatores sobre as concepções
sobre a ciência nesses estudantes
● De que forma, as concepções
de estudantes da Educação
Básica sobre a natureza da
ciência, influenciam o processo
PROBLEMA
de ensino e de aprendizagem
de ciências e de que forma
DE
essas concepções são
influenciadas pelas fake news PESQUISA
veiculadas pela mídia e por
mensagens compartilhadas em
redes sociais?
● Investigar de que forma, as
concepções de estudantes da
educação básica sobre a
natureza da ciência,
influenciam o processo de
ensino e de aprendizagem de
OBJETIVO ciências e de que forma essas
concepções são influenciadas
GERAL pelas fake news veiculadas
pela mídia e por mensagens
compartilhadas em redes
sociais.
O QUE É CIÊNCIA?
A atividade científica
É possível, na busca por
fornece explicações mais
Qual a diferença da conhecimento, afastarmos
objetivas e confiáveis do
opinião para qualquer possibilidade de
que as explicações
o conhecimento efetivo? erro e chegarmos a
consideradas não
verdades irrefutáveis?
científicas?

O que, afinal, é
Há coisas que são O mundo, tal como o
necessário para se
verdades universais, ou percebemos, é
qualificar uma explicação
tudo depende do ponto de exatamente tal como ele
ou atividade como
vista adotado? é?
científica?
“A formação do professor de Ciências
deve abranger conteúdos,
procedimentos metodológicos e
também aspectos epistemológicos
(MASSONI, 2005, p.12).”
Séc. XVII/XVIII 1989
1957

Bacon 1934 Kuhn Lyothard


Empirismo Giro Pós Modernidade
Clássico / 1975 Desdogmatização
Popper histórico-
Cientificismo da ciência
Racionalismo sociológico
Crítico Feyerabend
Anarquismo
científico
01
Alto grau de certeza
02
A compreensão da evolução histórica do fazer
atribuído a ela. científico constitui um recurso rigoroso na
(MEIRELLES, 2013)
busca dessa resposta . (BIZZO, 2012)

03 04
Ver a ciência em seu contexto social
Não existe um conceito
para começar a compreendê-la, não
universal e atemporal de como um objeto distante e à parte,
ciência ou de método mas como algo que está
científico. (CHALMERS, 1993) incorporado no mundo das relações
sociais (DURBANO, 2015).
Martins (1999)
*
Concepções de ciência
EMPIRISMO CLÁSSICO
① Observação como origem do conhecimento.

② A indução como método para dirigir-se dos fatos à teoria.

③ A ciência é uma atividade


a) Objetiva
b) Racional
c) Formulação de generalizações empíricas deduzidas a partir das
observações e experimentações com uso rigoroso do método científico
④ Primazia do fato sobre o discurso.

⑤ Conhecimento científico: confiável, objetivo, metódico, preciso, neutro,


perspectivo.
POPPER (1902 / 1994)
① Critica a forma de proceder por indução.

② Estabelece o modelo hipotético-dedutivo.

③ Estabelece a Falseabilidade como critério de demarcação.

④ Considera a ciência feita através de uma permanente


construção de hipóteses e de seu cotejamento com a realidade.

⑤ O progresso cientifico consiste, não em acumulação de


observações, mas em superação de teorias menos satisfatórias e
sua substituição por teorias melhores ( de maior conteúdo).
KUHN (1922/1996)

① A ciência é historicamente orientada


(abordagem historiográfica):

a) Adoção de um paradigma e o amadurecimento de uma ciência.


b) O período de ciência normal.
c) O período de crise – ciência extraordinária.
d) Período revolucionário – criação de um novo paradigma.

② Teorias obsoletas não são em princípio acientíficas simplesmente porque


foram descartadas.

③ A transição sucessiva de um paradigma a outro, por meio de uma


revolução, é o padrão usual de desenvolvimento da ciência amadurecida.

④ Critério da resolução de quebra-cabeças preferível ao da falseabilidade.


FEYERABEND (1924/1994)
① Inexistência de um método científico universal a - histórico.

② Ciência: uma empresa anárquica.

③ Violação de regras metodológicas universais (avanço da ciência)

④ Pluralismo epistemológico (tudo vale).

⑤ Contrarregra (contra-indução): aceitação de hipóteses alternativas.

⑥ Teorias devem sempre ser vistas como aproximações.

⑦ A ciência é um modo de dar sentido a uma unidade desconhecida que é o


mundo.
Implicações para o ensino de ciências
A visão popperiana:
Teorias não devem ser ensinadas como:
descobertas de cientistas geniais,
como definitivas, acabadas.
Mas sim como sendo:
construções humanas e que
devem ser testáveis.

Aprender ciências é aprender a conjeturar, questionar, argumentar,


ao invés de decorar fórmulas e “resolver” problemas de aplicação
de fórmulas.
A visão kuhniana:

Contrariamente à mudança paradigmática descontínua, a mudança


conceitual no aluno não é uma substituição, ou troca, de significados
alternativos por significados “corretos” em sua estrutura cognitiva.
A mudança conceitual é progressiva, evolutiva, não substitutiva, não
revolucionária.

Existência de teorias contraditórias e descobertas revolucionárias


devem ser discutidas em aula.

Mudança de paradigma no modelo de ensino de


ciências (professor).
A visão anarquista:

Introduzir novas concepções, diferentes alternativas,


comparar idéias novas e antigas.

Multiplicidade de métodos e conhecimentos.

Ensino dos conteúdos científicos e do modo como esse


conhecimento tem sido construído.
“As visões epistemológicas apresentadas [...] divergem em vários
aspectos [...] mas nenhuma delas dá uma ideia de ciência como
produtora de verdades, de respostas definitivas, muito menos de
fórmulas mágicas. Todas sugerem que a ciência é uma construção
permanente do ser humano.
Mas na prática, no ensino de ciências as epistemologias da ciência
são ignoradas. Mesmo no caso de professores de Física que tiveram
alguma iniciação em epistemologia elas não chegam à sala de aula;
eles ou elas não sabem articular suas visões epistemológicas com
suas práticas, mostram-se despreparados e isso sugere que há muito
o que fazer nesse campo [...]. Quer dizer, ensina-se ciência sem
considerar o que é ciência. O resultado, infelizmente, é um ensino não
científico ou anticientífico como diz Carl Wieman (2013), um físico,
Nobel de Física em 2001.” (MOREIRA; MASSONI, 2016)

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