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EVANGELHO DO CÉU VOL.

III
Evangelho do Céu Vol. III

ENSINAMENTOS DE MEISHU SAMA

EDITORA LUX ORIENS

Revisado em novembro de 2005


Lux Oriens Editora Ltda
Rua Itapicuru, 849 - Perdizes
São Paulo - SP - Cep. 05006-000
Forte:(0xxll) 3675-6947
Webp age: http://www.lux-oriens.com.br
E-mail: editora@lux-oriens.com.br
1a edição: fevereiro de 2003
ISBN nº 85-88311-07-0
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
01-5332
Sama, Meishu, 1882-1955.
Evangelho do Céu / Meishu Sama ; tradução Minoru Nakahashi.
São Paulo : Lux Oriens, 2001.
Título original: Tengoku no fukuin
1. Sama, Meishu, 1882-1955 - Ensinamentos I. Título
CDD-299.56
Índices para catálogo sistemático:
1. Sama, Meishu: Doutrina Messiânica: Religião 299.56

2
Evangelho do Céu Vol. III

"Uma leitura
minuciosa dos meus Ensinamentos
conduz, de fato, ao aprimoramento do tie.

Nenhuma bênção
maior, nem graça mais elevada existe, senão a verdade advinda
do Supremo Deus".

Meishu Sama

3
Evangelho do Céu Vol. III

ÍNDICE

.................................................................................................................................................1
EVANGELHO DO CÉU VOL. III..................................................................................................1
ENSINAMENTOS DE MEISHU SAMA.....................................................................................2
EDITORA LUX ORIENS...........................................................................................................2
REVISADO EM NOVEMBRO DE 2005....................................................................................................2
ÍNDICE.........................................................................................................................................4
PREFÁCIO DO PRIMEIRO VOLUME..........................................................................................9
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................12
SÉCULO XXI..............................................................................................................................12
REINO DIVINO...........................................................................................................................22
CAPÍTULO I - CONCEITUAÇÃO DE DEUS..............................................................................23
1 - DEUS SUPREMO.....................................................................................................................23
1.1 - Quem é?.......................................................................................................................................23
1.1.1 - MANIFESTAÇÃO DE DEUS SUPREMO.......................................................................................23
1.1.2 - IDÉIA CORRETA DE DEUS.....................................................................................................23
1.1.3 - ESPÍRITO DIVINO................................................................................................................24
1.1.4 - MONOTEÍSMO E POLITEÍSMO................................................................................................25
2 - MESSIAS...............................................................................................................................26
2.1 - Quem é?.......................................................................................................................................26
2.1.1 - Messias, o espírito primordial..............................................................................................................26
2.1.2 - Permanência do espírito primordial.....................................................................................................26
2.2 - Relação entre Kanzeon Bossatsu, Komyo Nyorai, Messias e Miroku........................................26
2.3 - Relação entre Jeová (Pai do Céu) e Messias..............................................................................27
3 - USHITORA NO KONJIN KUNITOKOTACHI NO MIKOTO.........................................................................27
3.1 - Quem é?.......................................................................................................................................27
3.1.1 - Origem de Kunitokotachi....................................................................................................................27
3.1.2 - Deus justo............................................................................................................................................27
3.2 - Relação entre Kunitokotachi e Kannon......................................................................................28
3.3 - A confinação................................................................................................................................29
3.4 - Conclusão....................................................................................................................................30
3.5 - Enma Daio...................................................................................................................................30
3.6 - A volta de Kunitokotachi como juiz dos vivos.............................................................................31
3.7 - Primeira manifestação de Kunitokotachi....................................................................................32
3.8 - O trabalho atual de Kunitokotachi..............................................................................................32
3.9 - Manifestação de Kunitokotachi através da Messiânica..............................................................33
3.10 - Kunitokotachi e a expansão da Messiânica..............................................................................33
3.11 - Kunitokotachi, Kannon e Meishu Sama....................................................................................34
3.12 - Sunao.........................................................................................................................................35
CAPÍTULO II - KANNON...........................................................................................................37
1 - O MUNDO DE DAIKOMYO..........................................................................................................37
1.1 - O que é?......................................................................................................................................37
1.2 - Experiências e fortalecimento da fé de Meishu Sama.................................................................37
1.3 - Causas do domínio do Mal..........................................................................................................38
1.4 - Interpretação dos conceitos daijo e shojo...................................................................................39
1.5 - Começar pelo núcleo...................................................................................................................40
1.6 - Aproximação do Mundo da Luz..................................................................................................41
1.7 - A Luz do Oriente.........................................................................................................................42
1.8 - Senju, o Kannon de mil braços....................................................................................................43
1.9 - Origem da Luz do Oriente...........................................................................................................44
1.10 - Comentários de Meishu Sama...................................................................................................46
1.10.1 - A Luz do Oriente...............................................................................................................................46

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Evangelho do Céu Vol. III

1.10.2 - Senju Sengan Kannon........................................................................................................................46


1.10.3 - 0,99 e 0,01.........................................................................................................................................46
1.10.4 - A cruz gamada...................................................................................................................................47
1.10.5 - Ichirin................................................................................................................................................47
1.10.6 - Corpo de Kannon...............................................................................................................................47
2 - PODER DE KANNON ................................................................................................................48
2.1 - Myochi.........................................................................................................................................48
2.2 - Significado do poder de Kannon.................................................................................................49
2.3 - Transformação de Bodhisattva Kannon em Komyo Nyorai........................................................51
2.4 - Feitura de imagens e construção dos templos............................................................................52
3 - KANNON E MEISHU SAMA.........................................................................................................52
3.1 - Simpatia por Kannon..................................................................................................................52
3.2 - Presença de Kannon....................................................................................................................53
3.3 - Interferências misteriosas...........................................................................................................54
3.4 - Tranquilidade de espírito............................................................................................................55
3.5 - Postura discreta..........................................................................................................................56
3.6 - Relacionamento com Kannon......................................................................................................56
3.7 - O Dragão Dourado.....................................................................................................................58
3.8 - O desafio do Dragão Vermelho..................................................................................................59
CAPÍTULO III - A NOVA CIVILIZAÇÃO....................................................................................62
1 - MOMENTOS INICIAIS DA TRANSIÇÃO..............................................................................................62
1.1 - Fim do mundo..............................................................................................................................62
1.2 - Início da Transição.....................................................................................................................62
1.3 - Mutações profundas....................................................................................................................63
1.4 - Purificações severas....................................................................................................................63
1.5 - Aquecimento do Globo Terrestre ...............................................................................................65
1.5.1 - Elevação da temperatura.....................................................................................................................65
1.5.2 - Conseqüências.....................................................................................................................................65
1.5.3 - Conclusão............................................................................................................................................67
2 - A CIVILIZAÇÃO ATUAL................................................................................................................67
2.1 - Cultura materialista....................................................................................................................67
2.2 - Desejo de felicidade....................................................................................................................68
2.3 - Predomínio do materialismo.......................................................................................................68
2.4 - Ausência de "alma".....................................................................................................................70
2.4.1 - Maru ni chom......................................................................................................................................70
2.4.1.1 - Simbologia...................................................................................................................................70
2.4.1.2 Significado do símbolo ..................................................................................................................71
2.4.1.3 - Importância fundamental do "pontinho".......................................................................................71
2.4.1.4 - Civilização oca.............................................................................................................................73
2.5 - Luta entre bem e mal...................................................................................................................73
2.5.1 - Kobukurin(0,99) e ichirin (0,01)..........................................................................................................73
2.5.2 - Influência do espírito secundário.........................................................................................................73
2.5.3 - Domínio do mal ..................................................................................................................................74
2.5.3.1 - Na história humana......................................................................................................................74
2.5.3.2 - Na ciência materialista.................................................................................................................75
2.5.3.3 - Na vida do ser humano.................................................................................................................75
2.5.3.4 - Na agricultura...............................................................................................................................76
2.5.3.5 - Através da guerra.........................................................................................................................76
2.5.4 - Poder do 0,01......................................................................................................................................76
3 - A TRANSIÇÃO.........................................................................................................................77
3.1 - Dia e Noite..................................................................................................................................77
3.2 - Transição da Noite para o Dia...................................................................................................78
3.3 - Purificações aceleradas..............................................................................................................79
3.4 - Juízo Final...................................................................................................................................80
3.5 - Surgimento do Mundo da Luz.....................................................................................................81
4 - ERA DO DIA...........................................................................................................................82
4.1 - A verdadeira civilização .............................................................................................................82
4.1.1 - Conceito..............................................................................................................................................82
4.1.2 - Origem da pobreza e dos conflitos.......................................................................................................83
4.1.3 - O mundo atual.....................................................................................................................................84
4.1.4 - A nova civilização...............................................................................................................................85
4.1.5 - Divulgação da nova cultura.................................................................................................................85

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Evangelho do Céu Vol. III

4.1.6 - Finalidade do Johrei............................................................................................................................86


4.1.7 - Valor da fé...........................................................................................................................................86
4.1.8 - A separação e o julgamento.................................................................................................................87
4.1.9 - Eliminação das nuvens espirituais.......................................................................................................87
4.1.10 - A realidade espiritual.........................................................................................................................87
4.1.11 - Ocorrência de intensas purificações...................................................................................................88
4.1.12 - Concretização do Juízo Final.............................................................................................................89
4.2 - Luz do Oriente ............................................................................................................................90
4.2.1 - A profecia............................................................................................................................................90
4.2.2 - Nascimento de Nichiren......................................................................................................................90
4.2.3 - Ocorrência em Nokoguiri....................................................................................................................91
4.2.4 - A cultura japonesa...............................................................................................................................92
4.2.5 - A verdadeira cultura............................................................................................................................92
4.3 - Verticalidade e horizontalidade .................................................................................................93
4.3.1 - Yin e yang...........................................................................................................................................93
4.3.2 - Espírito e matéria.................................................................................................................................94
4.4 - Os símbolos: Sol e Lua ...............................................................................................................95
4.4.1 - Significado..........................................................................................................................................95
4.4.2 - Associação juvenil Tenrikyo...............................................................................................................97
4.5 - Presença da Messiânica..............................................................................................................97
4.5.1 - Princípios............................................................................................................................................97
4.5.2 - Uma nova interpretação.......................................................................................................................98
4.5.3 - Explicações de Meishu Sama sobre a doutrina....................................................................................99
4.5.4 - Objetivo principal da Messiânica.......................................................................................................102
4.6 - Missão da Messiânica...............................................................................................................102
4.6.1 - Concretização do Reino do Céu na Terra..........................................................................................102
4.6.2 - A verdade através dos Ensinamentos.................................................................................................103
4.6.3 - Valorização da espiritualidade...........................................................................................................105
4.6.4 - Criação da cultura do "Meio"............................................................................................................106
4.7 - Cultivo da sabedoria divina .....................................................................................................107
4.7.1 - Ausência de dogmas..........................................................................................................................107
4.7.2 - Universalidade da fé..........................................................................................................................109
4.7.3 - Discernimento no agir.......................................................................................................................110
4.7.4 - Não-interferência no Plano de Deus..................................................................................................111
4.7.5 - Sujeição total à vontade de Deus.......................................................................................................111
4.7.6 - Grau de Kenshinjitsu ........................................................................................................................112
4.7.6.1 - Para os líderes............................................................................................................................112
4.7.6.2 - Para a humanidade em geral.......................................................................................................113
4.8 - Soonen.......................................................................................................................................113
4.8.1 - Soonen e Reino Divino......................................................................................................................113
5 - A ANTERIOR ERA DO DIA .......................................................................................................114
5.1 - O antigo mundo divino..............................................................................................................114
5.2 - Idéia de Deus.............................................................................................................................114
CAPÍULO IV - SENSIBILIDADE ARTÍSTICA LIGADA À ESPIRITUALIDADE......................116
1 - A MISSÃO DA ARTE................................................................................................................116
2 - O PAPEL DO ARTISTA..............................................................................................................117
3 - REINO DO CÉU, UM MUNDO DE BELEZA.......................................................................................118
3.1 - O belo e o feio...........................................................................................................................118
3.2 - Conceito de beleza....................................................................................................................118
3.3 - Beleza nos alimentos.................................................................................................................119
3.4 - Beleza na aparência pessoal.....................................................................................................119
3.5 - Beleza no interior das casas......................................................................................................120
3.6 - Beleza externa das residências.................................................................................................120
3.7 - Aprimoramento através da beleza.............................................................................................120
4 - ARTE E RELIGIÃO ..................................................................................................................121
4.1 - O cultivo da arte........................................................................................................................121
4.2 - Perfeição e alegria....................................................................................................................122
5 - ARTE E CULTURA...................................................................................................................123
5.1 - A Arte teatral japonesa.............................................................................................................123
5.1.1 - Meijin................................................................................................................................................123
5.1.2 - Sensibilidade artística de Danjuro IX ...............................................................................................124
5.1.2.1 - Arte da Barriga...........................................................................................................................124
5.1.2.2 - Interpretações inesquecíveis.......................................................................................................125

6
Evangelho do Céu Vol. III

5.1.2.3 - Principais personagens vividas por Danjuro IX..........................................................................125


5.1.2.4 - Força expressiva de Danjuro IX.................................................................................................128
5.1.2.5 - Supremacia artística de Danjuro IX............................................................................................128
5.1.3 - Matsui Sumako, atriz Meijin.............................................................................................................129
5.2 - Museu de Hakone......................................................................................................................130
5.2.1 - Edificação..........................................................................................................................................130
5.2.2 - Aquisição das obras de arte...............................................................................................................131
5.2.3 - Acervo artístico.................................................................................................................................132
5.2.3.1 - Nota preliminar..........................................................................................................................132
5.2.3.2 - Maki-e........................................................................................................................................132
5.2.3.3 - Cerâmica Ninsei.........................................................................................................................133
5.2.3.4 - Gravuras.....................................................................................................................................133
5.2.3.5 - Cerâmicas e porcelanas chinesas................................................................................................134
5.2.4 - Ajuda espiritual na organização do museu.........................................................................................134
6 - ELEVAÇÃO ESPIRITUAL ATRAVÉS DA ARTE....................................................................................135
6.1 - Influência exercida pela Arte....................................................................................................135
6.2 - Príncipe Shotoku e o papel da Arte...........................................................................................136
6.3 - Desenvolvimento dos dotes artísticos.......................................................................................136
6.4 - Aprimoramento do tieshokaku..................................................................................................138
7 - A ARTE NA PRÁTICA...............................................................................................................138
7.1 - Ikebana, um exemplo ................................................................................................................138
7.1.1 - Gosto pessoal.....................................................................................................................................138
7.1.2 - Técnica de montagem........................................................................................................................140
7.1.3 - Posição das plantas no jardim............................................................................................................141
7.1.4 - O pinheiro..........................................................................................................................................142
7.1.5 - Aproveitamento das flores.................................................................................................................142
7.1.6 - Material utilizado..............................................................................................................................143
8 - APRECIAÇÃO DAS OBRAS DE ARTE..............................................................................................143
8.1 - Olho artístico.............................................................................................................................143
CAPÍTULO V - MEISHU SAMA, O EXECUTOR DA CONSTRUÇÃO DO REINO DO CÉU NA
TERRA..................................................................................................................................145
1. PERSONALIDADE.....................................................................................................................145
1.1 - Agudeza de raciocínio...............................................................................................................145
1.2 - Certeza nas decisões.................................................................................................................145
1.3 - Rapidez nas decisões.................................................................................................................145
1.4 - Agilidade nas realizações..........................................................................................................146
1.5 - Valorização do tempo................................................................................................................146
1.6 - Aversão a conversas repetitivas................................................................................................147
1.7 - Felicidade evidente...................................................................................................................147
1.8 - Sinceridade................................................................................................................................148
1.9 - Atenção ao bem-estar do próximo............................................................................................150
1.10 - Compaixão ante as lamúrias...................................................................................................150
1.11 - Observador atento...................................................................................................................151
2 - ESPIRITUALIDADE L................................................................................................................152
2.1 - O Senhor da Luz .......................................................................................................................152
2.1.1 - Mudança de nome.............................................................................................................................152
2.1.2 - A minha Luz......................................................................................................................................155
2.2 - Sabedoria .................................................................................................................................156
2.2.1 - Visão em profundidade......................................................................................................................156
2.2.2 - Inspiração..........................................................................................................................................157
2.2.3 - Kenshinjitsu.......................................................................................................................................157
2.2.4 - Meu pensamento................................................................................................................................158
2.3 - Comunhão com Deus................................................................................................................160
2.3.1 - Minhas experiências pessoais............................................................................................................160
2.3.2 - Seguir a Deus....................................................................................................................................162
2.3.3 - Vontade de Deus e tempo adequado..................................................................................................163
3 - MISSÃO ESPECIAL DE MEISHU SAMA .........................................................................................164
3.1 - Necessidade de aprimoramento constante ...............................................................................164
3.1.1 - Importância da eliminação das toxinas..............................................................................................164
3.1.2 - Cinquenta anos de solidificação de toxinas........................................................................................165
3.1.3 - Poder do Johrei e eliminação das toxinas..........................................................................................166
3.2 - O escolhido................................................................................................................................166
3.3 - Alma de Ichirin..........................................................................................................................167

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Evangelho do Céu Vol. III

3.4 - Meishu Sama, a Alma de Ichirin...............................................................................................170


4 - ATIVIDADES NA OBRA DIVINA...................................................................................................170
4.1 - Produção escrita.......................................................................................................................170
4.2 - Confecção de Ohikari................................................................................................................171
4.3 - Orientação às pessoas...............................................................................................................171
4.4 - Divulgação da Messiânica........................................................................................................172
4.5 - Avaliação, escolha e aquisição de obras de arte......................................................................173
4.5.1 - Avaliação...........................................................................................................................................173
4.5.2 - Escolha..............................................................................................................................................175
4.5.3 - Aquisição..........................................................................................................................................175
4.6 - Construções...............................................................................................................................176
4.6.1 - Decisões seguras e tranqüilas............................................................................................................177
4.6.2 - Esboço dos projetos...........................................................................................................................177
4.6.3 - Exatidão dos projetos........................................................................................................................178
4.6.4 - Minúcias dos projetos no tempo exato...............................................................................................179
4.6.5 - Príncipe Shotoku e eu........................................................................................................................180
4.7 - Agricultura da Grande Natureza .............................................................................................181
4.7.1 - Perniciosidade dos adubos.................................................................................................................181
4.7.2 - Inutilidade dos adubos.......................................................................................................................182
4.7.3 - Toxinas de adubos e remédios...........................................................................................................183
4.7.4 - Tratamento respeitoso às plantas.......................................................................................................184
4.7.5 - Resultados satisfatórios.....................................................................................................................186
4.7.6 - Vigorosidade do corpo humano.........................................................................................................187
4.7.7 - Soonen e agricultura..........................................................................................................................188
5 - PERENIDADE DA PRESENÇA DE MEISHU SAMA..............................................................................188
5.1 - Luz do Johrei.............................................................................................................................188
5.2 - Curas.........................................................................................................................................189
5.3 - Eu, Meishu Sama.......................................................................................................................190
PROPOSICAO FINAL..............................................................................................................191
UNIÃO COM DEUS..............................................................................................................191
ADENDO..................................................................................................................................192
GLOSSÁRIO............................................................................................................................194

8
Evangelho do Céu Vol. III

PREFÁCIO DO PRIMEIRO VOLUME

Meishu Sama sempre divulgou os Ensinamen tos que Lhe foram


revelados por Deus através de publicações em jornais e revistas
da Igreja, bem como por meio de palestras feitas para mamehito e
ministros. Nessas ocasiões, abordava assuntos va riados que
abrangiam não só o campo religioso, moral ou filosófico, mas
também ciência, especialmente a Medicina, Política, Educação, Arte,
História, Agricultura, além de outros temas diversos, tais como: ordem
social, sabedoria, Mundo Espiritual, Bem e Mal, enfim qualquer
ocorrência que, direta ou indiretamente, interferisse no
comportamento humano.

De um modo geral, os artigos ou mesmo o conteúdo das


palestras analisavam, de uma só vez, as mais diversas questões,
todas elas consideradas sob um ponto de vista totalmente inovador,
tendo por base a revelação divina, bem como experiências vividas e
pesquisas realizadas por Meishu Sama, cuja finalidade era formar o
homem para viver na Nova Civilização, que se iniciaria no presente
século XXI.

De outra parte, todos os princípios contidos nos


Ensinamentos foram sendo gradativamente explicados de acordo
com as necessidades do momento. Assim, muitos deles
constituíram respostas a perguntas formuladas pelos estudiosos e
seguido res da Messiânica. Daí também o outro motivo de, numa
mesma palestra ou nos artigos para jornais e revistas, serem
tratadas questões diversas sem a centralização específica de um
tema único.

Sempre foi, entretanto, bastante evidente a necessidade de


se organizarem os Ensinamentos de acordo com os assuntos, a fim
de se tornarem mais claros, especialmente para os ocidentais, e
também para todas as pessoas interessadas em estudá-los. Dessa
forma, tornar-se-ia mais fácil visualizar, na sua totalidade,
preciosíssimas lições de inestimável valor.

9
Evangelho do Céu Vol. III

Entretanto, desde 1955 (Goshoten 1 de Meishu Sama) até hoje,


nada de concreto tinha sido feito no sentido de ordenar
sistematicamente os Ensinamen tos, separando-os de acordo com os
diversos assun tos tratados pelo Mestre.

Sentindo, então, a urgência de iniciar uma sis tematização,


nosso esforço visou, na medida do possível, atingir esse objetivo.
Numa primeira eta pa, o trabalho consistiu na separação dos
textos que, depois, foram reunidos e remontados de forma
esquemática, colocando sempre em evidências pon tos básicos
considerados indispensáveis a quem deseja trilhar o caminho da
salvação. Sob esse as pecto, foi uma atividade semelhante à da
construção de uma casa, na qual a primeira etapa corresponde ao
estabelecimento do alicerce para, em seguida, serem levantadas
as colunas, paredes e telhado, sendo finalmente concluída com os
arremates e aca bamento para, mais tarde, ser acrescida dos últimos
retoques da decoração, feita com valiosas obras de arte das mais
variadas tendências. Em outras pala vras, quero dizer que Meishu
Sama deixou, nos Ensinamentos, todo o material para a edificação
da nova morada da humanidade. A nós cabe apenas a missão de
distribuí-lo, colocando cada mensagem, cada preceito, cada
orientação no seu exato lugar. Dessa forma, os leitores poderão
obter uma idéia mais concreta, numa visão tridimensional, da bele za
desta nova casa, planejada por Deus, para todos os Seus filhos.

Tendo, então, como linha mestra o aspecto construtivo


ascendente, tomamos como base, na elaboração deste livro, o
processo da Iniciação como uma primeira etapa a ser transposta no
caminho do aprimoramento espiritual. Nesta fase inicial, o que se
destaca é a necessidade da purificação, entendida como um
recurso irrefutável de limpeza das máculas do espírito e das toxinas
presentes no corpo físico.

1
Passagem de Meishu Sama para o Reino Divino (10/02/1955).

10
Evangelho do Céu Vol. III

Uma vez vencida a fase da iniciação, o praticante, um pouco


mais livre de impurezas, tem con dições de discernimento e vai, assim,
adquirindo a verdadeira sabedoria num processo contínuo de
aprimoramento espiritual. Daí que, para atender a esse objetivo,
a segunda parte desta Obra contém exclusivamente Ensinamentos
referentes à Sabedo ria. Através deles, o leitor vai poder orientar-se
na busca do seu próprio desenvolvimento espiritual. Assim, passo
a passo, irá conseguindo escalar pon tos cada vez mais altos, até
atingir a Comunhão Perfeita com Deus.

Então, o conteúdo da terceira parte é consti tuído de


Escritos Sagrados que têm como objetivo mostrar o poder da Luz
através da qual cada um de nós, seguindo o exemplo de Meishu
Sama, poderá atingir o grau de Kenshinjitsu.

Foi também considerando todas as colocações até aqui


expostas que dividimos o presente livro — Evangelho do Céu —
em três volumes, a saber: I -Iniciação, II - Sabedoria e III - Reino
Divino, simbolizando, no seu conjunto, a nova habitação para a
humanidade inteira, onde cada um poderá cul tuar a Beleza,
praticar a Virtude e vivenciar plena mente a Verdade absoluta.

Minoru Nakahashi

11
Evangelho do Céu Vol. III

INTRODUÇÃO

SÉCULO XXI

Com freqüência, me perguntam como será o Reino do Céu


na Terra do qual sempre estou falando.

Na realidade, só consegui informações sobre essa nova


maneira de viver através da revelação de Deus no ano de 1926.
Tentei, até agora, esconder por achar ainda prematuro falar
sobre um assunto tão especial. Mais recentemente, porém, senti
ter chegado a hora de escrever a respeito do que Deus já me
havia mostrado há tempo. Peguei, por isso, agora a caneta.

Embora para muitos essa revelação de Deus sobre o futuro


não se realize — questionamento que deixo para a imaginação de
vocês — eu acredito piamente na sua concretização. E, para
transmiti-la com segurança, vou imaginar-me uma pessoa que
dormiu durante cem anos e, de repente, desperta e se surpreende
com a mudança do mundo. É a par tir dessa suposição que vou
começar a escrever. Você, leitor, me acompanhe mantendo, na sua
cabeça a mesma hipótese.

Foi assim então que, certa manhã, acordei às seis horas com
uma música bem suave a envolver-me.

Pouco a pouco, o volume foi aumentando a tal ponto de eu


não conseguir mais ficar deitado. Levantei- me e, então, descobri
que havia dentro do meu travesseiro um relógio-despertador.

Logo a seguir fiz minha higiene pessoal. To mei o café da


manhã, um misto de oriental e ociden tal, constituído de sopa de
missô, pão de arroz, um pouco de peixe e carne, verduras, chá
verde, além de outras iguarias.

12
Evangelho do Céu Vol. III

Depois li no jornal um artigo muito interessante sobre a escolha


do Presidente Mundial cuja eleição já estava próxima. Uma
manchete, estampada na pri meira página, anunciava o dia da
votação dos vários países. Havia também nomes e fotografias de
dezenas de candidatos. Dentre eles, da Grã-Bretanha, França,
Estados Unidos, Alemanha, América do Sul, Indo- China, Japão,
Rússia (já estava assim, modificada) 2.

De acordo com a notícia do jornal , tudo indi cava que o


candidato vencedor seria o americano.

Ao folhear a terceira página, percebi algo inimaginável: não


havia notícias de crimes. Os as suntos principais giravam em torno
de esporte, turismo, música, artes plásticas, teatro, cinema.

No que dizia respeito à edição, tudo era mui to bem cuidado.


Os artigos simples, sem repetições, g irando em torno do essencial.
Vinham acompanh ados de muitas ilustrações, mas num equilíbrio
perfeito entre fotos e textos: mais ou menos meio a meio. Assim, a
leitura podia ser feita com rapidez e atenção, sem provocar cansaço.

Na parte do jornal destinada ao comércio , não existia


propaganda de qualquer espécie de produ to, nem incentivo à
compra de remédios. Referência a cosméticos eram também
raríssimas. Havia, con tudo, muitas ofertas de venda de livros,
roupas, moradias, alimentos, maquinários, além de outros objetos
resultantes de novas invenções. Nessa mes ma seção, o texto vinha
bem reduzido, mas com abundância de fotos. Por esse motivo,
consegui ler tudo em quinze minutos, confortavelmente, sem me
cansar.

A janela da sala onde eu me encontrava exa minando o jornal


era ampla, sem nenhum equipa mento contra ladrões. Dizia-se que

2
Perceber aqui a exatldão com que a profecia de Meishu Sarna se realizou. Quando Ele
escreveu este Ensinamento (1926), não havia ainda ocorrido a desintegração das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, o que só ocorreu em 1991.

13
Evangelho do Céu Vol. III

assalto era coisa do passado. Estava achando realmente o mundo


maravilhoso.

Após tomar conhecimento do noticiário jornalístico, resolvi


entrar no carro para dar uma volta pela cidade. Usava roupas
muito finas e bonitas. Surprendi-me com a beleza urbana. Parecia
um jardim florido. O mais interessante é que, além dos carros,
nenhum outro veículo circulava. Todos os demais meios de
transporte, tais como trens e bon des, corriam subterrâneos. Notei
também que não havia barulho na rua. Todas elas eram
recobertas por um material, semelhante à cortiça. Depois de uma
análise mais profunda, descobri tratar-se de uma mistura de
borracha com serragem, muito flexível, à qual os carros se
adaptavam de acordo com as circunstâncias e, assim, podiam
deslizar suave mente. Além disso, em dias de chuva, esse material
absorvia toda a água, impedindo que se formassem poças nas
ruas.

Com respeito à fabricação dos veículos, usa vam-se pneus


de borracha; a armação das portas e janelas possuía dispositivos
especiais para isolar o som de tal modo que nenhum ruído se
ouvia.

O combustível para movimentar os motores era constituído


de um mineral do tamanho da pon ta de um dedo, parecido com o
urânio ou o plutô nio, ao qual fora aplicada a teoria da
decomposição dos átomos. Muito potente, permitia que, apenas
com uma pequena porção, os carros percorressem centenas de
quilômetros.

Não havia também necessidade de motoristas. O volante


fora subsitituído por uma espécie de controle 3, através do qual,
com uma mão, o passageiro dirigia tranqüilo. Mesmo assim, as
pessoas ainda continuavam com seus choferes particulares.

3
Hoje seria um controle computadorizado. Já era, entretanto, um prenúncio do surgimento do
computador.

14
Evangelho do Céu Vol. III

Enquanto meu carro deslizava suavemente, ia adm irando a


beleza da cidade, cuja paisagem me surpreendia. Na beira das
calçadas, diversas árvores frutíferas como nespeiras, figueiras,
ichos japoneses 4, substituíam os antigos plátanos. Intermeando as
grandes, foram plantadas outras menores. Entre elas laranjeiras,
pessegueiros e perei ras.

No meio da rua, canteiros mais altos , cujas bei radas


estavam repletas de flores coloridas e nos ca stos arbustos de
várias espécies. Dessa forma, os transeuntes podiam sentir os mais
diversos tipos de aroma.

O que mais me causou admiração nessa cida de foi uma colina


com um muro de hortênsias à di reita. Podia ser visto à distância de
uma milha. Logo em seguida vi também um atraente caminho de
dálias. Mais adiante, nas calçadas, encontrei parreiras onde havia
pendurados inúmeros cachos de uva.

Outra paisagem que me encantou foi o cara manchão das


glicíneas, formado somente com ga lhos e folhas verdes.

Além disso, havia também, espalhados por diversos


lugares, agradáveis recantos nas calçadas, com mesas e cadeiras.
Aí os passantes podiam aco modar-se para saborear uma bebida
simples como chá ou café e, ao mesmo tempo, apreciar a beleza
das flores e da rua, sentindo o bem-estar proporcio nado por uma
cidade bem cuidada.

Encontrei ainda por toda parte pequenos jar dins destinados


aos folguedos infantis. Soube que existiam, em qualquer pequena
cidade, pelo menos dois ou três desses paraísos onde as crianças
podiam brincar alegremente.

4
Icho: árvore suntuosa de caráter sagrado, muito comum nos templos do Japão.

15
Evangelho do Céu Vol. III

Vi também muitas praças em cujo centro esta vam plantados


vários tipos de flores. Algumas delas possuíam um pequeno lago
feito de pedra artificial, com nenúfares 5 flutuando.

Outro fato que me chamou a atenção foi que várias vezes


por dia, em horários predeterminados, todas as plantas eram
regadas. Para tanto, existia ao lado dos canteiros um quadrado com
pequenos fu ros, feito de cimento. Quando se abriam as tornei ras, a
água esguichava como se estivesse saindo de um chafariz e
molhava o canteiro todo.

Muito me surpreendi também com o avanço tecnológico. Os


homens podiam determinar o tempo de sol e de chuva. Inclusive em
qual dia da se mana, durante manhãs ou tardes, haveria chuva, ou
até quando o tempo continuaria ensolarado. O mesmo se dava em
relação ao vento. Assim, em de terminadas ocasiões, sopraria na
justa medida, nem forte, nem fraco; de vez em quando, contudo,
seria necessário ventar forte para fotalecer a raiz das ár vores.

Aquilo que sempre foi entoado, através da oração, desde


antigamente, "a cada cinco dias venta, a cada dez, chove", numa
harmonia e ordem perfei tas, agora, um século depois, estava
vivenciando. Tudo isso, porém — não tinha dúvida —, devia-se ao
progresso da ciência, enraizado na parte espiritual e tendo em vista o
bem da humanidade.

Continuei percorrendo as ruas e algumas construções


muito me atraíram. Pareciam caixas de vidro enormes, do tamanho
de uma pequena resi dência. Dentro delas havia, plantados,
pinheiros, ciprestes e tokiwagui (plantas das folhas perenes).
Possuíam ar condicionado e mantinham a tempera tura em dez
graus mais ou menos. Durante os ensolarados dias de verão, as
pessoas que andassem pela cidade encontrariam nelas um oásis
para se refrescar.

5
Planta aquática.

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Evangelho do Céu Vol. III

Essas instalações das quais acabei de lhes fa lar tinham sido


construídas sob a orientação de experientes botânicos, escolhidos
pelos governantes.

As atividades de conservação e manutenção desses locais


eram todas exercidas por pessoas jovens, mas sempre sob o
comando dos especialistas.

A seguir, fui a um local onde se encontravam as lojas, uma


ao lado da outra. Andei devagar para sentir a ordem, o estilo, a
beleza e a qualidade das construções. Foi extremamente agradável.
Não exis tiam cores berrantes, nem pareciam caixas de fósfo ro, sem
atrativo algum. Janelas amplas permitiam claridade suficiente e
iluminação suave. A decoração era feita com o máximo de beleza
em pintura e escultura, de tal modo que as lojas maiores mais
pareciam um museu de arte.

Já se estava aproximando o fim do dia. Mes mo assim, não


percebia a noite chegando porque, acima das nossas cabeças, de
distância em distân cia, bem no alto, luziam lâmpadas de arco
voltaico 6, cuja luminosidade era surpreendentemente clara. Na
realidade, parecia a luz do Sol refletindo todos os detalhes da
coloração dos mais variados compo nentes de uma cidade.

Leitores, gostaria de que vocês realmente vivenciassem a


imagem dessa cidade fantástica descrita por mim. Centenas de
flores, aromas em profusão, incontáveis frutos maduros, calma,
tranqüilidade, nada de uma metrópole. Somente pesso as vivendo e
passeando alegremente. As vitrines mais pareciam exposições de
arte. As lojas, mesmo as grandes, só tinham um ou dois
funcionários, por que as mercadorias traziam o preço à mostra. Quem
se interessava, olhava, examinava, verificava as ex plicações.
Gostando, bastava colocar, numa caixa existente na entrada, a
etiqueta junto com o dinhei ro. O embrulho era feito

6
Lâmpada elétrica cuja intensa luminosidade é produzida por um arco que se forma quando
a corrente passa pelo gás ionizado exis tente entre dois eletrodos.

17
Evangelho do Céu Vol. III

automaticamente por uma máquina, de acordo com o tamanho da


mercadoria, e amarrado com um cordão. Muito fácil fazer com pras
assim!

Após um dia de maratona, comecei a sentir fome. Fui a um


restaurante. Não vi funcionário al gum. Na entrada, num dos lados,
apenas a comida exposta numa mesa. Cada iguaria com sua
etiqueta de identificação. Ocupei uma mesa vaga. Era numerada
e havia, num cantinho, uns botões iden tificados por A, B e C. Apertei
um deles e logo apa receram, na minha frente, vários tipos de
comida. Tinham vindo através de uma abertura do tamanho do
prato, existente no centro da mesa. Não houve necessidade de
pedidos nem de explicações. Tudo muitíssimo simples e rápido
proprocionando ao cliente enorme facilidade e uma sensação de
grande bem-estar. Já tinha ouvindo falar da existência de algo
semelhante no século XX7, mas não tão per feito como agora.

Para pedir as bedidas, usei o mesmo processo. As


alcoólicas, porém, vieram limitadas.

Quando quis fazer o pagamento do que havia gasto, apertei


outro botão onde estava escrito "con ta". Recebi então a nota com a
despesa. Em seguida, coloquei o dinheiro, que foi imediatamente
recolhido e, logo depois, enviado o recibo. “ Como é simples! ”, pensei.

Muito satisfeito e ainda dispondo de tempo, resolvi assistir a


uma peça de teatro. Outro espanto. Um número surpreendente
deles por toda a cidade. E o mais notável ainda: ingressos
baratíssimos. Fi quei, contudo, intrigado, querendo saber como
essas casas de espetáculo conseguiam manter-se. O gerente de
uma delas me informou que os teatros eram mantidos pelos
milionários e visavam somen te ao benefício social. Mesmo assim, só
era aceito o número de espectadores que pudessem acomodar- se

7
Self-service.

18
Evangelho do Céu Vol. III

nas cadeiras existentes e assistir confortavelmen te às


apresentações.

Quando entrei, estavam passando dois filmes lançados por


uma companhia cinematográfica à qual estavam associados
Estados Unidos e Japão. O americano versava sobre a vida dos
imigrantes pu ritanos que foram para a América como
coloniza dores. Era um relato histórico partindo do início da
colonização até a guerra da independência dos Es tados Unidos. O
filme japonês gerava em torno da luta de um cientista religioso que
promovera uma revolução na medicina trazendo, como
conseqüên cia, a cura de todas as doenças.

Terminados os filmes, pude ainda assistir pela TV a


algumas apresentações extras. Tratava-se de cenas de peças que
estavam sendo apresentadas em outros teatros.

Em seguida, já cansado, voltei para casa. Dei tei-me e fiquei


meditando sobre todas essas realida des com as quais eu havia
entrado em contato. Cheguei à conclusão de que naquele momento
estava sendo concretizado o sonho da humanidade. Não era
apenas uma utopia. Eu acabara de viven ciar emocionado tudo
aquilo que os homens vi nham imaginando por longos anos.

A partir daí, minha curiosidade ficou mais aguçada. Desejei,


então, conhecer todas as culturas desse Novo Tempo. Comecei a
estudar com afinco.

Você também, meu leitor, deve pensar da mes ma forma que


eu. Procure adquirir conhecimento a respeito de todas as
manifestações da criação divina e do pensamento humano para a
Era do Dia e, como eu, relate tudo o que aprender.

No dia seguinte, um vizinho amigo me con vidou para visitar


um lugar bastante interessante, no centro de uma cidade. Era uma

19
Evangelho do Céu Vol. III

construção enor me e luxuosa, dentro da qual havia teatros,


restaurantes e divertimentos os mais variados possíveis.

Pedindo mais detalhes sobre esse lugar tão especial, o


amigo me disse tratar-se de um espaço público destinado à
recreação do povo. Acrescen tou também haver um ou dois iguais a
este em cada cidade. Como se trata de uma instituição social, os
associados reúnem-se uma vez por semana para tratar de
assuntos gerais relativos aos benefícios dos cidadãos, bem como
para elaborar novos planos visando à expansão da cidade, ou ao
desenvolvi mento de recursos higiênicos, ou ainda tendo em vista
criar novas formas de diversão, além de outras realizações.

Durante o passeio a esse logradouro público, o primeiro lugar


que visitei foi o restaurante. Perce bi, através do sabor dos alimentos
e do aroma das bebidas, ser impossível estabelecer um termo de
comparação entre estes e os de cem anos atrás.

Ainda ouvi de meu amigo o seguinte: se manalmente os


associados se reúnem num dia cha mado "Dia da Felicidade", cujo
deleite e alegria consistem em comida especial para a boca;
música suave para os ouvidos; teatro e dança para os olhos. Sempre
nessas datas as apresentações têm por objetivo mostrar a
habilidade e a técnica que os jovens artistas da casa estão
aprimorando. Todos eles se sentem muito honrados por se
apresentarem nessas ocasiões. Também os profissionais fazem as
suas representações junto com os novatos.

Para que o trabalho artístico do "Dia da Feli cidade" se


concretize, os milionários arcam com as de spesas, contribuindo assim
para o bem da coletivida de.

Ainda mais: nesse novo mundo é surpreen dente a atuação do


turismo, tanto em parques nacionais quanto em regiões
montanhosas, praias ou i has. Visitantes do mundo inteiro as
freqüentam. E xiste uma infra-estrutura altamente desenvolvida, c om

20
Evangelho do Céu Vol. III

meios de transporte adequados, o que facilita o acesso não só às


montanhas como também a lugares isolados. Há bondes, trens,
teleféricos luxuosís simos e confortáveis, por um preço
surpreen dentemente barato, quase de graça. Todas essas
oportunidades de lazer se devem à dedicação das elites que estão
sempre procurando concorrer para o bem-estar geral da sociedade.

Foram essas as explicações que ouvi do meu amigo durante o


período em que estivemos juntos. Fiquei deveras muito emocionado.

Comentários do tradutor:

Assim termina a profecia de Meishu Sa ma a respeito da nova


forma de viver, cujo ponto inicial será o século XXI. Na verdade,
constitui o prenúncio da criação da nova civilização, através da qual
será estabelecido o Reino do Céu na Terra. Será, de fato, o tempo
quando o ser humano expressará intensamen te a sua essência divina
que permaneceu adormecida durante a Era da Noite.
33

21
Evangelho do Céu Vol. III

REINO DIVINO

Mundo da Luz,
Comunhão com Deus,
Homem divino.

Reino Divino
Seu altíssimo
Trono deixando para trás, Deus Miroku
Desceu trazendo a esse mundo a salvação

Água e fogo
Limarão agora a Terra inteira.
Chegou o tempo da construção do
Reino do Céu

Com a presença
Da Luz Divina no plano material,
Cultura e ensinamentos da noite findarão.

Não existindo
Trevas, o sofrimento desaparecerá.
Interferências negativas perderão a força.

Ansiosamente
Esperado há milhares de anos,
Está chegando o iluminado Reino do Céu.

Mesmo que ninguém


Tenha ainda visto, uma imagem
Sutil do Mundo de Miroku começou a brotar.

Meishu Sama

22
Evangelho do Céu Vol. III

CAPÍTULO I - CONCEITUAÇÃO DE DEUS

1 - Deus Supremo

1.1 - Quem é?

1.1.1 - Manifestação de Deus Supremo

Deus Supremo é espírito do espírito. Não possui


configuração formal alguma. Existem, en tretanto, muitas
manifestações d'Ele em forma corpórea.

1.1.2 - Idéia correta de Deus

As religiões ainda não conseguiram transmi tir aos homens a


idéia correta sobre Deus. Ninguém, até agora, O entendeu
claramente e em profundidade; por isso, não sabe qual a maneira
correta de vê-Lo ou louvá-Lo.

Na verdade, religião alguma, desde os tem pos mais antigos,


foi capaz de estabelecer um pon to de vista, ou criar um conceito
verdadeiro para definir objetivamente a essência de Deus. Tudo
permanece ainda num plano muito vago. Por outro lado, aquilo
que a humanidade sempre considerou como o Supremo Senhor não
passava de galhos, ou seja, era apenas o espírito divino secundário.
O próprio pensamento humano a respeito de Deus estava bem
longe da verdade total. Daí a razão de, ain da hoje, principalmente
no Japão, serem cultuados como deuses o tengu, as raposas e os
dragões. A rigor, entre cem templos existentes, em apenas dez
deles se encontra o verdadeiro Deus. Nos demais, domina
unicamente a linha dos jashin. São, portan to, locais com aparência
divina, que julgam estar fazendo o bem, mas, de fato, praticam o
mal.

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Evangelho do Céu Vol. III

1.1.3 - Espírito divino

Mais tarde, pretendo escrever um artigo sobre a análise do


espírito divino, assunto bastante polê mico, do qual ninguém ainda
ousou falar, achando que, caso assim agisse, seria castigado.
Entretanto, se esse ponto não for devidamente esclarecido, tor na-se
impossível entender em profundidade a es sência da fé.

De um modo geral, quando as pessoas se re ferem a Deus,


demonstram ter d'Ele apenas idéias vagas. Julgam-No como uma
divindade à qual te mem ou devem render preito de gratidão, além
de grande número delas continuar pensando não ser permitido
tocar em assuntos que dizem respeito à essência divina. Na
realidade, porém, nunca houve alguém capaz de entender
verdadeiramente que Deus é o Princípio Criador em cujas mãos
está a vida de todos os seres. Não tendo clara essa noção, torna-se
impossível compreender a importância da força vital do ser
humano, bem como todas as de mais questões relativas às doenças,
ou relacionadas ao processo existencial.

Na verdade, até o momento, este ponto mais profundo foi


mantido oculto, mas agora vai ser escla recido por mim. Chegou a
hora de a humanidade conhecer realmente a essência divina. Para
isso, D eus mostrou-me que, temendo-O, o ser humano estava
agindo errado. Deveria, sim, ter medo de si m esmo, do mal
praticado, pois nada existe de mais ter rível que a índole humana;
nunca se sabe quais malefícios podem advir de mentes
conturbadas. O Criador, ao contrário, é a bondade suprema; jamais
vai agir fora da Lei. Ninguém precisa, portanto , ficar apavorado por
causa d'Ele.

A partir do conhecimento da verdadeira es teia divina, pode-


se concluir então que a origem do mal está dentro do ser
humano. Cada um deve, por isso, temer apenas a si mesmo.
Ainda que faça uma análise profunda do espírito divino, nunca
sofrerá punição alguma. Quem se castiga, na verda de, é o próprio

24
Evangelho do Céu Vol. III

homem quando, ao cometer erros, desobedece à vontade de


Deus.

1.1.4 - Monoteísmo e politeísmo

Considerando simplesmente o conceito de espírito divino,


precisa também ser levada em conta a classificação em superior,
médio e inferior, cada uma delas com funções específicas e mil
diversida des. O Xintoísmo, por exemplo, diz que existem oito
milhões de espíritos divinos.

Até agora, contudo, só havia a idéia de Deus fundamentada


ou no monoteísmo cristão, judaico e islâmico (estes três bem
radicais), ou no politeís mo xintoísta e budista. A realidade, porém,
consiste num Deus único dividido em milhares de outros. É, pois,
tanto monoteísta quanto politeísta. Ninguém, contudo, conseguiu ir
além dessas ex plicações.

A conclusão à qual cheguei, após longos anos de pesquisa,


mostra que aquele Deus reverenciado até hoje como Supremo era
apenas um espírito di vino secundário. O verdadeiro e Altíssimo está
sentado muito além das nuvens. A Ele a humanidade reza apenas
de longe e O louva com diversos no mes, tais como: Jeová, Logus,
Deus, Senhor do Céu Infinito, Aquele que aparecerá na Segunda
Vinda de Cristo, o Messias, além de outras denominações.

Nada, porém, está fora do Plano de Deus Supremo, cujo


objetivo é criar na Terra o mundo da Verdade, do Bem e da Beleza.
Para que esse ideal se concretizasse, contudo, foi preciso antes
serem esta belecidas todas as condições necessárias a fim de
tornar plenamente clara a essência divina. Daí a razão de o Pai
Eterno ter esperado durante tanto tempo pelo instante propício à
manifestação do Seu verdadeiro espírito divino.

25
Evangelho do Céu Vol. III

A partir de agora, cabe à humanidade procu rar saber quem é


Deus e conscientizar-se de Sua existência. Para tanto, precisa
urgentemente reali zar a revolução espiritual de si própria.

2 - Messias

2.1 - Quem é?

2.1.1 - Messias, o espírito primordial

O homem que nasce para cumprir missão como salvador


tem sempre espírito primordial de Mes sias. Se fosse apenas a
manifestação de um espírito protetor, não teria condições de realizar
definidamente o trabalho de salvação da humanidade.

2.1.2 - Permanência do espírito primordial

Ministro — Nos salmos, o Senhor fala que Cris to,


Sakiyamuni, Messias e Kannon são Deuses q ue tomaram forma
humana. Nesses casos, ou seja, q uando Deus encarna, o Seu
espírito nasce como o p rimordial da pessoa ou apenas a acompanha
como protetor?

Meishu Sa ma — Conforme já expliquei, nas ce como espírito


primordial, Deus vivo, diferente, portanto, de uma simples
manifestação que, de vez em quando, acontece através de
alguém, a qual é apenas temporária. Em se tratando então de um
Messias, permanece continuamente. No momento, porém, em que a
necessidade da sua presença físi ca se extingue, Ele retorna ao seu
lugar de origem.

2.2 - Relação entre Kanzeon Bossatsu, Komyo Nyorai, Messias


e Miroku

Como está na oração Zenguen Sanji, Kanzeon Bossatsu,


Komyo Nyorai, Messias e Miroku são o mesmo espírito

26
Evangelho do Céu Vol. III

apresentado com nomes diferentes. A essência divina, portanto,


não se altera; apenas amplia a sua área de atividade de acordo
com a época em que se manifesta no mundo. Assim, Kannon,
após aparecer, adquirir notoriedade e ficar bem em evidência
devido à Sua ação como Deus misericordioso, transformou-Se em
Komyo Nyorai. Finalmente, tendo conquistado entre os homens
notável fama e honradez, torna a nascer como Miroku.

Existem, portanto, várias maneiras pelas quais Deus Se


manifesta no Mundo Material.

2.3 - Relação entre Jeová (Pai do Céu) e Messias

Messias é o nome de Deus depois de ter nas cido como ser


humano.

Pai do Céu é Deus Supremo, o espírito do espírito.

3 - Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto

3.1 - Quem é?

3.1.1 - Origem de Kunitokotachi

Na S ua essência, Ele é a personificação de


Ookunitokotachi, o Deus Criador do Universo. Nasceu como ser
humano, recebendo o nome de K unitokotachi no Mikoto.

3.1.2 - Deus justo

No dia do Setsubum, comemorado em 03 de fevereiro,


vários templos xintoístas e budistas joga m feijão torrado, dizendo
que a fortuna fique den tro e o demônio fora. Essa cerimônia tem
como o bjetivo evitar os infortúnios provocados pelos esp íritos
malignos. Entretanto, conforme já expliquei e m outras ocasiões, tal
pensamento está incorreto. A entidade considerada demônio é,

27
Evangelho do Céu Vol. III

de fato, uma grandiosa e importantíssima divindade chamada


Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto, a m esma citada no
salmo de hoje (03/02/1952) só q ue de forma abreviada (Tokotachi
no Kami). Existe ainda outra denominação: Ushitora no Kami.
Todas elas se referem, contudo, ao mesmo Deus J usto —
Kunitokotachi no Mikoto.
47
3.2 - Relação entre Kunitokotachi e Kannon

Ministro — O Senhor já nos orientou a res peito da essência


de Kannon e Kunitokotachi. Gos taria, entretanto, de uma explicação
mais profunda sobre essa relação.

Meishu Sa ma — Kunitokotachi é extremamente justo e


reto. Não permite, por isso, erro al gum. Há muitos anos, nasceu
como ser humano. Após a morte, tornou-Se Enma Daio, passando
a ser, no Mundo Espiritual, o juiz dos mortos. Muito rigo roso, mas
visando à salvação de todos os espíritos, eliminava-lhes as
impurezas, tirando-os, dessa for ma, do Inferno.

Depois de algum tempo, nasceu no mundo físico como


Kannon. A partir daí, passou a realizar o trabalho de salvação com
infinita misericórdia. Sem nunca fazer distinção entre Bem e Mal,
jamais censura os pecados de ninguém. É por essa razão
inclusive que os seguidores de Kannon não devem criticar os erros
dos outros. Caso o façam, estarão contrariando a vontade de
Deus.

Cada ser humano deve, por conseguinte, es tar procurando


melhorar sempre. Dessa forma, não haverá necessidade de
julgamento nem trabalho para Kunitokotachi, que passará a viver
como um Ministro da Justiça demitido por falta de atividade. Em
outras palavras, poder-se-ia dizer que Sua ação seria semelhante à
dos policiais, cujo trabalho tornar-se-ia desnecessário não havendo
criminosos.

28
Evangelho do Céu Vol. III

Da mesma forma , também os tratamentos méd icos perderão


seu objetivo quando não houver mais doenças. Daí o motivo de eu
estar, constantem ente, falando que o ideal verdadeiro consiste em
lutar pela erradicação das causas das enfermidades, e m vez de
promover o progresso da medicina.

Atualmente, porém, tudo está invertido. Ma terialista, a


ciência médica convencional caminha n a direção errada; não
cumpre a sua missão celestial. Deveria, pois, pedir demissão. Fica,
porém, difícil perceber o erro; mesmo que os profissionais da área o
reconheçam, não vão conseguir afastar-se, devido aos problemas
de sobrevivência.

3.3 - A confinação

No fim da Era do Dia anterior (fato ocorrido há três mil


anos), chamada tempo divino, quem governava o mundo era a
divindade Kunitokotachi no Mikoto. Muito rigoroso e justo, não
permitia nada errado, de tal modo que as demais entidades não O
suportavam. Resolveram, por isso, afastá-Lo do comando do
mundo, para assim poderem viver como elas gostariam. Chefiadas
por Amawakahiko n o Kami, revoltaram-se e O prenderam. Seu
espírito ficou confinado na direção do Nordeste, onde foi m orto,
após ser torturado. Só teria direito de retornar ao mundo físico
quando brotasse o feijão torrado. Como é um fenômeno impossível
de acontecer, fica claro que a intenção de Amawakahiko era
impedir para sempre a volta de Kunitokotachi.

Após a rebelião, passou-se a falar do Céu de Jaku (Ama no


Jaku), nome popular de Amawakahiko no Kami, uma personalidade
bastante arrogante, revoltada contra tudo que havia sido
determinado por Kunitokotachi no Mikoto. Ao mesmo tempo, o povo
passou a fugir da direção do Nordeste, por considerá-la o Kimon
(portal do demônio).

29
Evangelho do Céu Vol. III

Interessante notar também que os japoneses evitam mudar-


se para o Nordeste, julgando encon trar má sorte nessa região. O
que, na verdade, acon tece é haver pessoas com muitas máculas, as
quais, ao irem morar num lugar com vibração mais pura e elevada,
sofrem purificações. Por não serem capazes de entender a ação de
limpeza a que foram subme tidas, julgam ter encontrado má sorte.
Pela mesma razão, os japoneses evitam colocar a cabeceira da
cama no lado do Nordeste. Eu, ao contrário, sempre durmo com a
cabeça voltada para essa direção, pois daí vêm idéias brilhantes
emanadas da Luz de Kunitokotachi no Mikoto.

Portanto, para pessoas de bom coração, com objetivos


nobres, nada acontece de errado caso mudem para o Nordeste.

3.4 - Conclusão

Após analisar conscientemente a importância da sábia ação


de Kunitokotachi, orientando o com portamento e a vida na Terra,
pode-se afirmar: quem realmente não estava agindo de acordo
com a ló gica divina era o ser humano. Tinha caído na arma dilha
de um deus especialista em ludibriar e in verter a verdade e a
ordem natural dos fatos.

3.5 - Enma Daio

No período em que ficou impossibilitado de agir


materialmente durante, mais ou menos, três m il anos,
Kunitokotachi no Mikoto permaneceu no Plano Espiritual como
Enma Daio (grande juiz do M undo Espiritual) julgando o Bem e o
Mal, eliminando as impurezas e os pecados dos que já haviam
morrido, com o objetivo de promover a salvação de todo s. Por ser
extremamente justo e correto, sempre c ausou pavor a quem Dele se
aproximava. Tanto que, conforme me dizem os espíritos em
manifestações , se alguém mau olha para Ele sempre o vê com o
semblante carregado, demonstrando braveza. Ao contrário, para os

30
Evangelho do Céu Vol. III

bondosos, aparece sereno e com placente. Fato bastante


significativo!

Depois de quinhentos anos, Enma Daio vol tou ao Mundo


Material como Kannon, na época do Budismo. Veio para atenuar,
através da misericór dia, o sofrimento da humanidade durante a Era
da Noite.

3.6 - A volta de Kunitokotachi como juiz dos vivos

No Ofudesaki, livro psicografado da Oomoto, está escrito que


Kunitokotachi no Mikoto vai apare cer no Mundo Material para julgar
os vivos. Em outros textos, consta que até este momento prote geu
a humanidade, permanecendo oculto, mas agora vai surgir diante
dela, iniciando assim o julgamento no Mundo Físico.

A partir de 1892, Kunitokotachi no Mikoto afastou-se do


Reino Espiritual e já se encontra a um passo do Plano Material.
Assim aconteceu nas três dimensões. Pouco a pouco, foi-se
aproximando de cada uma delas até, enfim, estar prestes a
manifes tar-se diretamente na Terra para julgar os vivos. Hoje, 04
de fevereiro de 1954, é, portanto, o dia do início do julgamento
final. Terrível para quem tem máculas e pensamentos negativos;
bom, maravilho so, para as pessoas de coração verdadeiramente
nobre e correto; excelente para aqueles que estão sendo
perseguidos pelo Mal.

No Ofudesakí, Kunitokotachi no Mikoto diz, com muita


clareza, que vai, desta vez, separar os bons e os maus. Eu
também sempre estou falando sobre esses acontecimentos.

Recentemente têm sido noticiados muitos casos de


corrupção. Tais fatos estão mostrando, com nitidez, a
aproximação do Juízo Final, bem como a manifestação da linha
do fogo de Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto. Como
irradia uma Luz intensa e forte, ilumina o mundo inteiro e, por isso,

31
Evangelho do Céu Vol. III

todas as ações humanas até então pratica das às escondidas vêm à


tona, começam a ser vistas com clareza. Também, pela mesma
razão, a partir deste ano (1954), estarão mais aceleradas as
doenças; o mal causado pelas toxinas dos remédios fica cada vez
mais evidente.

3.7 - Primeira manifestação de Kunitokotachi

Após S eu espírito ter ficado três mil anos impedido de agir


no Plano Material (tempo esse chamado de mundo das trevas),
Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto manifestou-Se, em
1892, através de Não Deguchi, fundadora da Oomoto, gritando
em altos brados que a flor de umê 8, de repente, se abria nas três
dimensões 9 do Universo, pois havia chegado o mundo de
Ushitora no Konjin Kunitokotachi no Mikoto, o Deus justo do
Nordeste. Aos gritos, continuava anunciando estar surgindo um
Mundo Divino, exatamente no momento em que brotava a flor de
umê, e seria governado pelo pinheiro 10, simbolizando ambos
(umê e pinheiro) o estabelecimento de uma vida estável, sem
perturbações, após anos intermináveis de confusões e
incertezas.

Depois dessas primeiras revelações, N ao De guchi foi


levada pela polícia como louca, tendo fi cado presa durante vinte
ou trinta dias. Mesmo assim, teve início, dessa forma, a religião
Oomoto.

3.8 - O trabalho atual de Kunitokotachi

Há pouco mais de dez anos 11, Kunitokotachi no Mikoto


entregou o governo do Mundo Espiritual a Ookuninushi no Mikoto e

8
Ameixeira. Produz um fruto usado em conservas (umeboshi).
9
Três dimensões: Reino de Deus, Reino Espiritual e Mundo Material.
10
Na realidade, dois símbolos muito significativos, pois a flor de umê sempre foi a primeira a
aparecer após um longo período de Inverno; o pinheiro, por sua vez, é uma árvore que não
muda, per manecendo verde durante o ano todo.
11
Contados tendo por base o ano de 1950, data em que foi escri to este Ensinamento.

32
Evangelho do Céu Vol. III

agora se está dedicando à salvação neste plano, o material.


Especialmente a mim sempre dispensa particular proteção. Toda
vez que necessito de algum esclarecimento, Ele me orien ta com
palavras bem singelas. Kunitokotachi no Mikoto possui um poder
tão extraordinário a pon to de nenhum jashin conseguir vencê-Lo.
Ele é, de fato, o Deus do Juízo Final. Dele também se origina o
poder de Kannon.

3.9 - Manifestação de Kunitokotachi através da Messiânica

A Messiânica vai ser a instituição responsá vel pelo


aparecimento, no Mundo Material, de Kunitokotachi no Mikoto.

Durante os três mil anos da Era da Noite, Ushitora — O


Deus Altíssimo — permaneceu num plano inferior. Aproveitando-se
da situação, as di vindades secundárias colocaram-se num lugar
de destaque, passando de galho a tronco. Nessa posição ,
transformaram o mundo num estado infernal. Foi l amentável!

Finalmente, porém, Kunitokotachi no Mikoto vai manifestar,


através da Messiânica, o Seu insondável poder.

3.10 - Kunitokotachi e a expansão da Messiânica

Como já disse, a partir de agora, Ushitora no Konjin


Kunitokotachi no Mikoto vai usar a Messiâni ca como meio para
manifestar-Se no Mundo Físico . Entretanto, conforme está escrito
no Ofudesaki, “de baixo do farol, há trevas ". Tal referência indica ,
na verdade, que a Luz projetar-se-á antes nos pa íses mais
longínquos 12, ou seja, estes é que vão com preender e aceitar em
primeiro lugar o poder de Ushitora.

Conforme as evidências, estamos a um passo do terror.


Mesmo assim, a Messiânica vai ex pandir-se, pois a força
12
Após essa ocorrência, a Luz retornará ao seu ponto de origem, quer dizer, os japoneses
vão acatar o poder de Ushitora no Kami so mente no final.

33
Evangelho do Céu Vol. III

bloqueadora da Luz está en fraquecendo dia a dia. Dessa forma,


pessoas que na da entendiam dos Ensinamentos, embora fossem
explicados dez, vinte vezes, poderão compreendê-los facilmente
após cinco ou seis explanações. N ada, porém, deve causar
espanto, porque as verda des relacionadas a Deus não aparecem
de repente aos nossos olhos; avançam lentamente. A cada ano,
vão ficando mais claras e surgindo com maior rapidez.

Em síntese, a começar deste ano (1954), a Messiânica vai


ser difundida mundialmente. Até aqui, esteve se preparando no
camarim para, agora, poder entrar no palco e começar a projetar-se
no mundo como importante peça de teatro que vai enfocar os Três
Reinos. Conforme já foi expresso no Ofudesaki, tudo realmente muito
verdadeiro. No primeiro ato, havia papel para os bons e também
para os vilões, estes representados pelas pessoas más
infiltradas que sempre atrapalharam as ativi dades de expansão
da Igreja, levando muitos membros a julgá-las apenas como
malfeitoras e prejudiciais à Obra Divina. Na verdade, porém,
desempenharam brilhantemente o seu papel. Se não fossem
ruins, jamais poderiam realizar tão bem as maldades a que se
propuseram. Gostaria, por isso, de agradecer sinceramente a
todas elas.

De agora em diante, entretanto, todos os anos, a partir de


15 de junho, a luz do dia, ou seja, kasso (espírito do fogo) vai
aumentar cada vez mais.

De outra parte, em todo 04 de fevereiro, data na qual se


comemora Ritsun (começo da primave ra), ocorrerá uma
transformação no palco do teatro divino, como se estivesse
passando de um ato para outro. Significa, na verdade, que haverá
grandes mudanças em conseqüência do desenrolar de novos
acontecimentos que vão contribuir para a concretizaç ão do Reino
do Céu na Terra.
3.11 - Kunitokotachi, Kannon e Meishu Sama

34
Evangelho do Céu Vol. III

Ministro — Gostaria de que o Senhor me ex plicasse a


relação entre Kunitokotachi, Kannon e Meishu Sama.

Meishu Sama — Na verdade, não existe. Os três são iguais.


Dependendo do cenário, muda apen as o papel do executor, de um
modo semelhante ao que acontece com os atores. Conforme a
circunstância , podem representar o vilão, o bom, o homem, a
mulher, ou qualquer outra personagem. É uma s ituação parecida
com a que vivo hoje: sou criticad o por médicos e farmacêuticos por
não aceitar s uas teorias e procedimentos no que diz respeito à
cura das doenças. Então, do ponto de vista deles, s ou um vilão e
estou praticando um grande mal.

3.12 - Sunao

Como já falei anteriormente, Ushitora no Konjin


Kunitokotachi no Mikoto ficou confinado na d ireção do Nordeste,
após uma revolta que atingiu a opinião pública geral na época,
cujo chefe foi Am awakahiko no Kami. Essa divindade, o
verdadeiro demônio do Céu, nada singelo, mas bastante
prepotente, distorceu a verdade e imperou na men te e no coração
de todos os seres humanos. Criou uma linha de pensamento
invertida que dominou o mundo durante a Era da Noite. Daí a
razão de, ao ser transmitida, ou aconselhada, alguma nova dou trina
que não esteja de acordo com os preceitos vi gentes, as pessoas a
rejeitarem de imediato ou, em outros casos, julgarem-se capazes
de entendê-la sem grandes explicações. De modo especial entre os
japoneses, tal hábito tornou-se comum. Na verda de, é um indício de
que a maioria segue inconscien temente a linha da inversão da
verdade.

No Ofudesaki há uma recomendação sobre a grande


importância de se ter sunao (disponibilida de de aceitação, de
obediência). É o que acontece com o povo americano. Quando eu
falo a jornalistas desse país sobre a finalidade da Messiânica e a
construção do Tijyotengoku (Reino do Céu na Terra) em Hakone e

35
Evangelho do Céu Vol. III

Atami, ouvem tudo e concordam com as minhas idéias sem


contestação. Pelo mesmo motivo, possuem também poucos
partidos políti cos, cujo número não passa de dois ou três. Já nes te
aspecto, os japoneses são bem diferentes dos anglo-saxões.
Mais divergentes, criam oposição a tudo; eis porque no Japão
existem muitas religiões e um número bem maior de facções
políticas.

Quando, porém, analisado do ponto de vista espiritual, o


povo japonês apresenta maior elevação. Daí o motivo pelo qual o
país está constante mente na mira dos jashin.

36
Evangelho do Céu Vol. III

CAPÍTULO II - KANNON

13
1 - O Mundo de Daikomyo

1.1 - O que é?

O Mundo de Daikomyo ou da Grande Luz é aquele no qual


todas as trevas terão desaparecido; pressupõe uma vida sem
sofrimentos, onde o Mal não prevalecerá.

A propagação desse mundo ideal já vem sendo profetizada ,


há milhares de anos, por muitos homens sa ntos e grandes
religiosos. Até agora, contudo, não fo i possível concretizá-lo ou,
pelo menos, criar um ti po de vida bem próximo dos princípios da
verdadeira felicidade. Daí a razão de os seres humanos terem
julgado tratar-se apenas de uma utopia. Por isso, m uitos até hoje
ainda duvidam de que algo semelh ante possa realmente surgir.

Entretanto, embora reine na humanidade um grande


sentimento de descrédito em relação ao su rgimento do mundo da
Grande Luz, com certeza, ele vai concretizar-se através de
mudanças profunda s, que já começaram a acontecer.

1.2 - Experiências e fortalecimento da fé de Meishu Sama

A verdade sobre o Mundo de Daikomyo me foi revelada por


Kannon, há sete anos (1928, portan to). Naquela época, confesso,
nutria algumas dúvi das a respeito. Mas a confirmação de sua
veracidade me foi mostrada pela ocorrência de inúmeros mila gres.

Vivi incontáveis e profundas experiências que jamais podem


ser explicadas pela razão humana. Por meio de tantos e tão
especiais acontecimentos, Kannon me mostrou não só ser
possível criar o Mundo de Daikomyo, mas também que o meu corpo

13
Este Ensinamento faz parte de uma palestra proferida por Meishu S ama, na inauguração
da sede da Grande Igreja de Kannon, em 1º de janeiro de 1935, no Japão.

37
Evangelho do Céu Vol. III

seria usado como instrumento para a concretiza ção dessa obra


essencial dentro do Plano Divino.

Embora inicialmente incrédulo e meticuloso, diante de


tamanhas evidências, a minha convicção foi sendo fortalecida.

Agora tenho certeza de que terei uma enorme missão a


desempenhar. Serei o instrumento usado por Deus para ensinar os
princípios e mostrar onde reside a essência do mundo da Grande
Luz, cujo alicerce é o poder de Kannon.

Ao ser incumbido de tão grandioso trabalho, fui também


dotado de uma poderosa força divina, jamais antes realmente
manifestada por alguém.

Deve, porém, ficar claro que muitos seres ilu minados, quando
viveram na Terra, pregaram a p rática da misericórdia e a vivência
do amor, ten tando mostrar o verdadeiro caminho. Basta lembrar as
doutrinas de Sakiyamuni e de Jesus. Faltou-lhes, contudo, a
emanação de uma energia vivificadora, que permitisse a
transformação integral de toda a humanidade. Daí a razão de
muitos ensinamentos desses extraordinários mestres terem
permanecido no plano das profecias, mesmo sendo tais doutrinas o
ideal pelo qual viveram.

1.3 - Causas do domínio do Mal

O atual estado de confusão e discórdia em que se encontra


a humanidade advém do fato de as muitas doutrinas existentes não
disporem do poder divino absoluto, o único capaz de promover
mudanças radicais no pensamento e na vida dos seres humanos.

Aqui está também a causa de a maioria das religiões terem


sido vencidas pelo Mal. De fato, não continham ensinamentos
completos e profunda mente poderosos.

38
Evangelho do Céu Vol. III

Agora, porém, está chegando a hora do Céu. O poder divino


absoluto começa a manifestar-se e acontecimentos nunca antes
imaginados abalarão o Universo.

1.4 - Interpretação dos conceitos daijo e shojo

Para entender melhor essas transformações pelas quais a


humanidade já está começando a pas sar, tomemos como exemplo a
interpretação budista dos conceitos daijo e shojo. Ambos foram
entendidos até agora de maneira parcial.

Shojo representa a fé egoísta, centrada no in dividual. Por meio


dela, o praticante procura obter vantagens pessoais. Então, reza
pedindo paz e feli cidade ao lado da família; prosperidade nos
negócios e libertação das doenças. Não se preocupa nem com a
sociedade, nem com o país, nem com a huma nidade.

Por outro lado, a fé daijo sintetiza o altruísmo. As pessoas que


vivem de acordo com essa postura preocupam-se com os
semelhantes, negligenciando, muitas vezes, o próprio bem-estar.
Como almejam dedicar-se ao mundo, não hesitam em separar-se da
família ou, até mesmo, sacrificá-la por seu ideal. Em princípio, tal
despreendimento em prol da grande salvação parece maravilhoso.
Não é, porém, verda deiro, embora haja alguns casos específicos
nos quais alguém forçado pelas circunstâncias seja obri gado a tomar
tal atitude.

Fica, pois, evidente que nem shojo, nem daijo são inteiramente
corretos; a perfeição supõe ambos ao mesmo tempo; quer dizer, para
certas ocasiões, deve-se preferir shojo; para outras, melhor ser daijo,
numa alternativa de comportamento de acordo com tempo, as
circunstâncias e as pessoas.

E preciso, por conseguinte, assumir uma atitu de semelhante a


que tomamos em relação ao clima, quando, em períodos de calor, o
mais adequado são as roupas leves. Já com temperaturas mais

39
Evangelho do Céu Vol. III

brandas, usa-se o traje meia-estação e, no inverno, o certo são os


agasalhos. Por conseguinte, a virtude reside no equilíbrio.

Jamais, portanto, o viver egoísta shojo vai sal var a


humanidade. Pelo contrário, promoverá cho ques e conflitos que
poderão até culminar com uma guerra.

Por sua vez, o comportamento daijo, que con duz ao auto-


sacrifício, tendo em vista o bem do ou tro, também apresenta falhas.
Embora pareça correto, tal modo de agir, às vezes estoicamente
praticado, não propiciou até hoje a concretização do Mundo de
Daikomyo. Concluindo, nunca se deve ser nem daijo, nem shojo,
mas ambos de maneira equilibrada.

1.5 - Começar pelo núcleo

Como já foi visto, um comportamento daijo em relação à fé


pouco contribui para a concretização do Mundo de Daikomyo.

Embora para certas pessoas pareça maravilho so sacrificar-se


em prol da humanidade afastando-se da família, essa atitude leva a
uma espécie de obsti nação. Por outro lado, acaba gerando
desarmonia, afugentando amigos e parentes. Forma-se, assim, um
clima de intransigência e os desentendimentos au mentam,
levando os outros a se afastarem de quem age desse modo. Com
isso, cria-se um isolamento cada vez maior em relação aos
semelhantes. Então, em vez de salvar os demais, são essas
pessoas que precisam ser ajudadas. Em certas situações, ficam
num estado tal, que necessitam do auxílio do próxi mo até para
comer. Há muitos casos semelhantes a esse nas religiões. Dessa
forma, jamais será possível construir o Reino de Deus na Terra.

Para transformar, portanto, este mundo num paraíso, faz-se


necessário começar pela menor unida de, ou seja, considerar cada
indivíduo em particular. A fim de entender melhor esse processo,
basta lem brar que um país é formado por agrupamentos de seres

40
Evangelho do Céu Vol. III

humanos, distribuídos em cidades e vilarejos. Estes, por sua vez,


resultam da reunião de famílias, as quais são constituídas por
indivíduos.

Então, se não for salva cada unidade, nunca vai ser


possível transformar este mundo no Reino do Céu. Daí, uma
atitude daijo que sacrifica a indi vidualidade pessoal, ou um
comportamento shojo visando apenas a benefícios próprios não
convence rem quando praticados isoladamente, sem o perfei to
equilíbrio entre ambas as posições.

Em última análise, quer dizer que, para ele var o mundo a


Deus, é preciso salvar, ao mesmo ïmpo, o indivíduo e a
sociedade.

Faz-se necessário, contudo, em primeiro lugar, olhar o


núcleo, a unidade. Se cada família for protótipo do Reino do Céu
na Terra, a humanid ade inteira estará salva. Tal maneira de
pensar n unca deixou de existir, mas a concretização desse id eal
foi sempre considerada impossível. Agora, porém, com a
manifestação do poder de Kannon, isso tornar-se uma realidade
presente.

Se, então, cada família estiver isenta de doen ças, pobreza e


conflitos, estará formado o alicerce do M undo de Daikomyo, uma
vez que esses três infortúnios correspondem, em grande escala,
a epidemias, fome e guerras. Abolidos tais males, a hu manidade
viverá em paz e feliz.

1.6 - Aproximação do Mundo da Luz

Muitos são, entretanto, os questionamentos tendo em vista


saber se haverá possibilidade real da exi stência de um estado de
vida tão promissor. Eu t ranqüilizo a todos reafirmando, com plena
certeza, que o surgimento do Mundo da Luz está próximo.

41
Evangelho do Céu Vol. III

Embora ainda não tenha sido possível para a maioria das


famílias formar um núcleo isento de máculas e toxinas, já existem
entre os membros muitas pessoas próximas dessa condição.

Fica, pois, evidente ser possível criar o Mundo da Luz. Basta


que o planeta se encha de famílias li bertas de doenças, misérias e
conflitos. Assim, como uma conseqüência lógica, cada indivíduo
vivenciará concretamente o Reino do Céu na Terra.

Quando esse estado de elevação espiritual for atingido, a


humanidade poderá sentir e apreciar, pela primeira vez, a
verdadeira paz e felicidade nascidas da expansão da Luz.

1.7 - A Luz do Oriente

Corresponde, na verdade, ao poder de Kannon.

Desde a Antigüidade, muitas referências têm sido feitas à Luz


do Oriente. Continua, porém, sen do uma expressão misteriosa cuja
origem é desconhecida. O seu verdadeiro sentido, contudo, me foi
revelado no dia 04 de fevereiro de 1928. Enquanto esperava o tempo
certo para divulgar essa revela ção, estava me preparando
espiritualmente a fim de realizar tão importante incumbência com muita
dignidade.

Todos vocês que me ouvem neste momento 14 devem


conhecer o Sr. Mitsuo Azuma 15 aqui presen te. Um dia, ele me pediu
audiência e fiquei muito su rpreso ao ler o seu nome no cartão que
me fora a presentado. Esse espanto me foi causado pelos no mes
Azuma, que em japonês significa "Oriente", e Mi tsuo, "homem de
luz".

14
Refere-se ao momento da inauguração da Grande Igreja de Kannon, em 1º de janeiro de
1935.
15
O Sr. Mitsuo estava presente à inauguração da Grande Igreja de Kannon, em 1935,
quando Meishu Sama proferiu esta palestra.

42
Evangelho do Céu Vol. III

Conheci-o casualmente no dia 11 de outubro do ano


passado (1934). Nessa ocasião ele me disse que , por revelação de
Deus, já há vinte anos sabia do ap arecimento de uma pessoa
possuidora do poder de Kannon.

Contou-me ainda lhe ter sido também mostra so que essa tal
pessoa havia nascido a leste do bairro de Shibuya, local onde ele,
Azuma, morava. Além lisso, Mitsuo Azuma tinha conhecimento de
que en contraria esse homem divino no ano de 1934. Foi, p or essa
razão, procurá-lo em Kojimachi e alguém lh e falou a meu respeito.

Azuma veio, então, visitar-me em Ooshin-do, local onde eu


morava na época. Conversamos e eu lhe disse que ele estava
certo. Mitsuo tirou algumas f otos minhas. Numa delas, aparece um
desenho de Kannon. Esse fato representa o primeiro passo da
manifestação na Terra da Luz do Oriente.

1.8 - Senju, o Kannon de mil braços

Aconteceu que em setembro do ano de 1934, por ordem de


Kannon, eu devia desenhar Senju, o Kannon de mil braços.

Preparei-me e, no dia 5 de outubro, comecei a executar o


trabalho imediatamente. Já havia reali zado um terço da tarefa
quando, no dia 11, o Sr. Azuma apareceu e, conforme já lhes falei,
me fotogra fou. Com o aparecimento de Senju Kannon numa das fotos,
concluí que eu deveria refazer o desenho de acordo com o que
estava sendo mostrado na fotogra fia tirada pelo Sr. Azuma. E assim o
fiz.

Esse acontecimento foi, na verdade, o primei ro sinal concreto


da ação da Luz do Oriente, dando a conhecer ao mundo o poder de
Kannon e de Sua Obra.

43
Evangelho do Céu Vol. III

1.9 - Origem da Luz do Oriente

E importante que aprofundemos um pouco mais a nossa


compreensão a respeito da origem da Luz do Oriente.
Então, vejamos. Originariamente todas as civi lizações e
culturas até hoje existentes, se consideradas em relação ao Japão,
vieram do Oeste, inclusive a chinesa, e legaram grandes benefícios à
humanida de, de modo especial através do desenvolvimento
científico.

Embora sejamos gratos a esse progresso, não podemos


esquecer que, do lado espiritual, as pessoas tornaram-se egoístas e
foram levadas a um estado deplorável, gerado por incessantes
conflitos.

Recentemente, porém, a humanidade come çou a perceber


o erro da civilização ocidental, tão acentuado no salmo:

"Corrigindo-se
a civilização do Oeste,
surgirá o caminho sempre próspero do Oriente".

Do lado oriental, as primeiras civilizações viveram na


China e na Índia e prosperaram durante muitos séculos,
expandindo-se para o Egito, a :Ásia e outras regiões. Mais tarde,
no Ocidente, desenv olveu-se o Império Romano, que foi o marco
Civilização Ccidental. Assim ficou estabelecido o modelo de duas
grandes culturas, a Oriental e a Ocidental .

É importante atentar também para o signifi cado profundo


que tem a precedência da Civilização Oriental dentro da
realização do Plano Divino.

Outro aspecto fundamental a ser observado diz respeito às


características peculiares a cada um dos dois modelos culturais.
Enquanto a Civilização Oriental se apresenta voltada ao espiritual

44
Evangelho do Céu Vol. III

e à verti calidade, a ocidental se fundamenta no material e na


horizontalidade. Ambas desenvolveram-se suficien temente,
atingindo o ápice da fase de amadurecimento e se encontram
agora num impasse.

Conforme já vimos numa parte anterior, uma atitude


exclusivamente shojo ou daijo não produz resultados satisfatórios.
Daí a razão do dilema. Nes sas condições, somente a intervenção
de Kannon terá o poder de imprimir o rumo certo a ambas as
civilizações. Na verdade, no final vai ocorrer a união de Oriente e
Ocidente, em conformidade com o Pla no de Deus.

Sucederá algo semelhante ao que acontece com um casal.


O noivo Oriente unir-se-á em matri mônio à noiva Ocidente, tendo
ambos Kannon como padrinho. Por fim, será gerado por esse casal
um filho chamado Mundo de Miroku, há muito tempo aguardado
pela humanidade como Reino do Céu na Terra.

Toda a força executora dessa grandiosa obra, que promove


o casamento e faz gerar o filho, é o poder de Kannon.

No momento atual, o mundo está sentindo as dores do parto.


Logo nascerá a nova civilização, tempo no qual será
concretizada a união entre a verticalidade e a horizontalidade.

Esse entrelaçamento será representado por um símbolo


existente desde a Antigüidade — a cruz gamada, cujas pontas são
dobradas — indicando que, após o cruzamento, iniciar-se-á um
movimen to giratório para acionar a ação do Plano de Deus.

Na verdade, a cruz vai rodar na direção dos ponteiros do


relógio, representando a grandiosa força advinda da união do
espírito e do corpo, gerando o poder de Kannon — a Luz do Oriente.
As culturas que se encontram em estado deplorável serão
purificadas.

45
Evangelho do Céu Vol. III

A partir daí, a humanidade unificada passa rá a vive r em


harmonia, trilhando o caminho da Luz eterna mente próspero. Terá,
então, nascido a nova nação. De maneira diferente da originária,
partirá do Oriente encaminhando-se para o Ocidente.

1.10 - Comentários de Meishu Sama

Quero ainda fazer alguns comentários gerais de certos


aspectos que merecem ser levados em cons ideração:

1.10.1 - A Luz do Oriente

Hoje (01/01/1935) inaugura-se o plano da Luz do Oriente,


o qual, acredito, daqui para frente, se expandirá com muita força. O
misterioso, porém, é que, há dois mil anos, já se usava essa
expressão.

1.10.2 - Senju Sengan Kannon

Senju Sengan Kannon significa o poder que, através de mil


braços, dá vida a todas os seres e, por mi l olhos, irradia Luz para
salvar o mundo.

1.10.3 - 0,99 e 0,01

Até agora a civilização ocidental avançou girando no


sentido anti-horário na mesma direção, portanto, em que a matéria
precede em importância o espírito. Atingiu noventa e nove por
cento (99%) de desenvolvimento; agora se encontra num beco
sem saída, pois qualquer massa girando no sentido contrário aos
ponteiros do relógio se esfarela, não se une. Eis a razão por que a
humanidade não conse gue ficar coesa.

Neste momento de total dispersão, surge o poder de


Kannon, simbolizado pelo ichirin, cujo valor é de 0,01 (semelhante
a um ponto no centro de um círculo). Quer dizer: a civilização

46
Evangelho do Céu Vol. III

começa, de repente, a ganhar nova vida, a girar no sentido


horário; está, de fato, recebendo emanações da Luz de Kannon.

1.10.4 - A cruz gamada

Neste local, onde está sendo inaugurado o Templo da


Grande Igreja de Kannon, a cruz gama da, símbolo da união entre
vertical e horizontal, co meça a girar na direção dos ponteiros do
relógio. Esse movimento vai construir a civilização perfeita, sem
falhas, concretizando um plano preparado por Deus há muitos
milênios, o qual somente agora está começando a manifestar-se,
porque já chegou final mente o tempo adequado.

1.10.5 - Ichirin

O símbolo do ichirin (ou 0,01) é, na verdade, o trabalho de


Senju Kannon. Esse fato me ficou mui to claro quando, no dia 23
de dezembro do ano passado, (1934), entronizei a imagem de
Senju Kannon e, dois dias depois, uma pessoa que me era
totalmente desconhecida trouxe-me uma moeda de itchirin (um
centavo). Mostrei-a a um antiquário que disse a estar vendo pela
primeira vez, embora fosse sido cunhada há mais ou menos
trinta ou quar enta anos. Era, portanto, bastante rara. Através sse
sinal, pude sentir Deus me revelando que o itchirin simbolizava o
poder de Kannon.

1.10.6 - Corpo de Kannon

Originariamente o corpo de Kannon é peque no mas dotado


de grande poder. Daí a razão de o templo de Assakussa possuir
o maior número de devotos, mesmo tendo uma estátua de
Kannon de ape nas cinco centímetros e seis milímetros (5,6 cm) de
altura, o que, pela medida japonesa, equivale a um sum e oito bu
(=18).

47
Evangelho do Céu Vol. III

Comentários do tradutor:

a) O Deus Criador do Universo, o Pai do Céu, na express ão


cristã, era cultuado no Oriente sob o nome de Kannon.

Durante a Era da Noite, principalmente, manifestava- se como o


Deus da Misericórdia, realizando muitos milagres.

Ninguém, contudo, soube dizer quem era Kannon.


Permaneceu apenas como divindade misteriosa e dotada de imenso
poder.

b) Mais tarde, o próprio Kannon revelou a Meishu Sama que


Ele é o Pai do Céu, o Deus Onipotente, Criador do Universo. A seguir,
o primeiro passo foi expor ao Mestre o mistério da criação do homem
e a causa das doenças, uma vez que somente Ele, o Criador,
conhece a origem de todos os seres existentes no Universo. Daí
provêm inclusive todos os Ensinamentos sobre doenças, saúde e
motivos das purifica ções.

c) Kannon ensinou também a Meishu Sama como solucionar


todos os sofrimentos da humanidade, eliminando do enças, misérias e
conflitos. A seguir deu-lhe os fundamentos para construir o Reino do
Céu na Terra, que será um mundo pleno de saúde, abundância,
beleza e paz.

2 - Poder de Kannon

2.1 - Myochi

Desde antigamente, ouve-se falar do poder de myochi, parte


integrante da potencialidade divina de Kannon. Nota-se também
nunca ter sido menciona da em palavras claras a força de Amida,
divindade lunar, a mais importante do mundo búdico, duran te a Era
da Noite. Da mesma forma, nunca se fez referência específica

48
Evangelho do Céu Vol. III

16
aos prodígios de Sakiyamuni ou de Dharma , fundadores,
respectivamente, do Budismo e do Zen-budismo.

É, pois, bastante misterioso que a expressão “poder de


Kannon". esteja relacionada somente a Kannon. De ve haver,
portanto, alguma razão divina muito esp ecial para que assim
aconteça. Além disso, não tem quaisquer documentos nem relatos
da tradição oral explicando o porquê da expressão "poder de
Kannon".

Eu mesmo , há tempo, tinha dúvidas com respei to a essa


questão; porém, à medida que fui ap rofundando a minha fé,
comecei a entender corre tamente a lógica de Deus; por isso, quero,
agora, escla recer este assunto a vocês todos.

Também permanecia com outra dúvida rela cionada à


Bodhisattva Kannon. Sempre as pessoas m e perguntavam se era
uma divindade masculina ou feminina. De fato, manifesta-se, ao
mesmo tempo , como homem e mulher, numa dualidade insepa rável
intimamente relacionada ao poder que po ssui.

2.2 - Significado do poder de Kannon

Desde a Antigüidade, sabe-se da existência de du as forças


distintas, yang (homem) correspondente ao fogo, que queima
verticalmente; yin (mulher), relac ionada à água, que corre
horizontalmente. Durante toda a Era da Noite, ambas essas
tendências per maneceram separadas; agora chegou o momento de
elas se unirem através do cruzamento da verticalidade com a
horizontalidade, formando uma cruz. O que eu estou dizendo
significa a transfor mação do mundo da Noite para o Dia, em
conseqüên cia do aumento de intensidade da Luz, resultante da
fusão de fogo e água. Assim, então, quanto maior for a quantidade
de kasso (fogo) mais forte será a luminosidade; por isso eu afirmo

16
Dharma (ou Daruma em japonês), mestre budista indiano. Pre gou o Zen-budismo na
China em 526 d.C

49
Evangelho do Céu Vol. III

que no mundo do Dia, devido ao aumento da quantidade de


kasso, a Luz fica mais potente.

Da mesma forma, quando Bodhisattva Kannon transforma-


se em Komyo Nyorai, está, de fato, manifestando o ponto de
cruzamento entre o vertical e o horizontal, de onde surge a
verdadeira força da Luz de Deus (= poder de Kannon).

É interessante também analisar o ideograma que simboliza


poder. Nele, a linha horizontal cruza ao meio com a linha vertical;
depois dobra à direita e, repentinamente, dispara em direção ao
alto. As sim:

Dobra à direita

Dispara em direção ao alto


Dobra à direita

Significado: no ponto de cruzamento surge a força que vai


girar da esquerda para a direita, como os ponteiros do relógio.

Esse ideograma contém, portanto, o sentido profundo de


tudo que acabei de lhes dizer.

Verdadeiramente, então, somente Bodhisattva Kannon possui


a dualidade — vertical, horizontal, cuja união gera a poderosa força
da Luz de Deus.

O costume de recitar, repetidas vezes, em for ma de prece as


palavras "Nenpi Kannon Riki..." (“pedimos o poder de Kannon”)

50
Evangelho do Céu Vol. III

está fundamentada lesse mesmo princípio, qual seja, o aspecto


dual da essência divina de Kannon.

2.3 - Transformação de Bodhisattva Kannon em Komyo


Nyorai

Bodhisattva Kannon, depois de transformar- se em Komyo


Nyorai, manifestou-se como Miroku, co m um poder trino: de fogo, de
água e de terra.

Conforme já falei antes, a Luz resulta da fusão do fogo e da


água. Entretanto, somente a junção desses dois elementos limitaria
o trabalho de Kannon, deixando-o restrito ao espírito. Com o
acréscimo da terra 17, entra também a ação do corpo físico; como
conseqüência, manifesta-se aquele po der trino representado pela
Bola de Luz denomina da mani, cujo significado é força capaz de
realizar todas as vontades (ver A Arte do Johrei, página 21).

Miroku pode, por isso, ser entendido como cinco, seis, sete
(5, 6, 7) em que cinco (5) correspon de a fogo, seis (6) à água e sete
(7) à terra.

Com base nessa mesma interpretação, dá para deduzir


também o significado profundo da profecia de Sakiyamuni dizendo
que o Reino de Miroku co meçaria após 5 bilhões, 670 milhões de
anos de sua morte. Embora fosse um grande profeta, seria impos sível
a ele profetizar um futuro astronômico de tantos bilhões de anos, nem
teria sentido lógico, pois as pro fecias, na realidade, só têm valor
para, no máximo, alguns milhares de anos.

Portanto, o que conta, de fato, nessa seq üência é a ordem


correta em que os números estão colocados e o segredo que
escondem. Na verdade, cinco, seis, sete (5, 6, 7) significam fogo,
água e terra, ou seja, a presença de Ooshin Miroku que está
constan temente mudando de acordo com as circunstâncias. Daí a
17
Este elemento terra é representado pelo corpo de Meishu Sama.

51
Evangelho do Céu Vol. III

razão de, a partir de agora, poderem ser obser vadas milhares de


transformações.

Ainda sobre o número cinco, seis, sete (5, 6, 7), quero


acrescentar que podem ser substituídos por três, seis, nove (3, 6,
9). Ambas as sucessões, quando somadas, equivalem a dezoito
(18) que, por sua vez, é composto de dez (10), representado, em
japonês, pelo símbolo + (cruzamento), mais oito (8), exp ansão.

2.4 - Feitura de imagens e construção dos templos

Desde antigamente, a feitura das imagens de ouro, de


Bodhisattva Kannon obedeciam a uma me dida preestabelecida:
isun-hatibu, ou seja, 1,8 (=1 pi + 8 bu) em que sun = 3,03 cm; bu-
0,303 cm. Fazendo -se o cálculo, a imagem deveria ter pouco mais
de 5 cm.

Cálculo = 3,03 + (8 x 0,303) = 3,03 + 2,42 = 5,45

Seguindo o mesmo padrão, os templos dedi cados a


Kannon eram construídos na forma quadrada com 18 ken de lado.
Um ken equivale a 1,80 m. F azendo-se, então, o cálculo 1,80 x 18
temos 32,48 m. Portanto os templos tinham sempre trinta e dois
metros e quarenta e oito centímetros de lado.

Todos esses fatos conduzem a uma meditação profunda


sobre o significado do número 18, que passo u a ser a
representação de Kannon.

3 - Kannon e Meishu Sama

3.1 - Simpatia por Kannon

Freqüentemente as pessoas, tanto de fora, quanto adeptos


querem saber se, para chegar ao nível de Grande Mestre, eu tive,

52
Evangelho do Céu Vol. III

desde o início, uma fé bastante fervorosa em Kannon. Já se tornou


um hábito todos me fazerem idêntica pergunta.

Maior surpresa lhes causo, porém, ao respon der-lhes que eu


não tinha fé alguma em Kannon, mas apenas Lhe devotava uma
simpatia muito espe cial pelo fato de apresentar feições serenas,
aparência atraente e delicada, mostrando-se, ao mesmo tempo,
uma figura pomposa, cheia de graça e per feição. É sempre dessa
forma que Kannon Se apresenta, sendo também assim
reverenciado nas várias tendências do Budismo. Permanece,
contudo, acima de todas elas, sem tomar nenhum partido.

3.2 - Presença de Kannon

Eu me surpreendi bastante ao saber que o es pírito de


Kannon está constantemente ao meu lado e, também pelo fato de,
a partir dessas informações, inúmeros milagres terem começado a
ocorrer na minha vida, todos eles relacionados a Kannon. À
medida que o tempo adequado for chegando, anun ciarei aos poucos
tais manifestações prodigiosas.

Uma dessas ocorrências extraordinárias a mim relacionadas


foi o conhecimento de que a essência de Kannon é Izunome no
Kami. Fiquei sabendo também mais estas particularidades: num
determi nado período, visando à salvação da humanidade,
Izunome se manifestou camuflado em Kanzeon Bosatsu; mais
tarde, retornaria ao mundo divino, para ocupar o seu trono
original.

Pelo fato de Kannon ter permanecido ao meu lado desde


1925, acompanhando-me de perto, come cei, a partir daí, a tomar
conhecimento de diversas verdades sobre o presente, o passado e o
futuro. E le também me ordenava o cumprimento de alguns p lanos
sem explicar-me com detalhes o porquê de tai s determinações.
Dispunha, então, livremente do teu corpo para pôr em prática o
trabalho de salvaç ão da humanidade.

53
Evangelho do Céu Vol. III

Kannon ainda continua me utilizando como veículo para


concretizar o plano de Deus. Por essa razão, posso afirmar que
hoje sou um Grande Mes tre, não pela minha fé em tão poderosa
Divindade, mas pelo fato de ser usado por Ela como instrumen to em
prol de um grande trabalho de ajuda a todos os meus semelhantes.

Na verdade, sou um substituto de Kannon no mundo. Ele,


entretanto, age como dono e senhor; dispõe de mim da maneira
que melhor Lhe aprou ver, sem que eu tenha a liberdade de decidir
sobre o que e como fazer. Simplesmente manifesta, através de
mim, o poder de Sua misteriosa sabedoria (myochi), sem
obstáculos nem limites. Por isso, sob esse ponto de vista, eu não
desfruto daquela auto nomia segundo o conceito das pessoas
comuns. Em compensação, usufruo plenamente da Grande
Liberdade compartilhada apenas por aqueles que se
submetem à inteira vontade de Deus. É um es tado peculiar da
minha alma, difícil de ser traduzi do em palavras e, por isso, a
maioria das pessoas não tem capacidade nem para imaginar
como esses fenômenos acontecem.

3.3 - Interferências misteriosas

Outro aspecto muito particular da minha ma neira de ser diz


respeito a ações misteriosas que sempre marcaram o
comportamento daqueles com missões especiais a desempenhar.
Desde a Antigüi dade, é notório, todos os iniciados e homens santos
procuraram conservar, escondidas, guardadas so mente para si
mesmos, as várias ocorrências relacionadas às suas vidas. Com isso,
pareciam dar a impressão de que, mantendo-se envoltos em
mistério, seriam mais reverenciados pelos seguidores ou adeptos.

Eu, porém, não cultivo tal hábito e até supo nho estar
semelhante postura relacionada à Era da Noite. Nos dias atuais,
o povo não aceita, mesmo em se tratando de assuntos de Deus
ou de fé, nada que não seja pesquisado através de métodos de
investigação científica.

54
Evangelho do Céu Vol. III

Para comprovar essa minha colocação, basta observar o


seguinte: hoje está sendo muito difícil a líderes em geral ou a
dirigentes da sociedade orien tar o povo somente através de formas
sutis e misteriosas. Por esse motivo, eu digo que Kannon levou em
consideração a época atual e se adaptou, através de mim, a uma
nova maneira de agir.

Com respeito a essa nova postura de Kannon de acordo


com o momento, sempre ocorrem, duran te o meu trabalho na
Obra Divina, fatos bem pecu liares, dentre os quais um pode ser
citado como ex emplo: há pouco tempo, havia alguém que
declaradamente queria destruir nossa Igreja. Tentou, de divers as
maneiras, atingir esse objetivo. Uma pessoa sem pre me informava
sobre tal intento e eu não consegu ia parar de rir. Na verdade, era um
tolo querendo brigar com Kannon. Estava demonstrando ap enas
uma absurda coragem sobre a qual não há pa lavras com que se
possa tecer algum outro comen tário.

Considerando, então, o procedimento do nos sso adversário


como uma atitude de tamanha falta de bom senso, recomendei a
quem me dava as indicações que o deixasse agir livremente; eu
iria aco mpanhá-lo apenas como mero espectador.

3.4 - Tranquilidade de espírito

Com freqüência, tenho percebido pessoas das mais


variadas tendências querendo usar a Igre ja para a satisfação
pessoal de suas ambições, ou inter pretando de maneira incorreta
os Ensinamentos, as minhas atitudes, ou decisões.

A causa da interferência de tantos mal entendidos deveu-se


ao fato de a Messiânica ter-se pro pagado repentinamente,
trazendo, como conseqüência , um certo tumulto interno, fenômeno
inevitável em período de transição.
Eu, porém, consigo viver no meio dessa agita ção toda 87
mantendo o meu espírito tranqüilo. Ao mesmo tempo, cultivo

55
Evangelho do Céu Vol. III

profunda curiosidade que rendo saber de que modo Kannon irá pôr
fim a ta manhas confusões.

3.5 - Postura discreta

Um outro fato digno de nota foi eu ter perce bido que Kannon
mostra de diversas formas (kata ou modelo) como ficará a situação
do mundo, quais transformações vão ocorrer na sociedade, qual o
destino de cada pessoa, além de outras inúmeras ocorrências
vindouras.

Dentre essas muitas manifestações de Kannon, algumas


podem ser publicadas, mas a respeito de muitas outras nada devo
falar porque estão relacio nadas a personalidades ilustres, a
fenômenos natu rais que abalarão o mundo e também ao destino
das religiões até então existentes.

Como serão acontecimentos profundos e mar cantes, se


forem revelados antecipadamente, pode rão tornar-se motivo de
interpretações erradas e causar, por isso, muita intranqüilidade à
população.

3.6 - Relacionamento com Kannon

Como há muita gente interessada em saber qual é a


relação entre mim e Kannon, a partir de agora vou explicar.

Comecei a seguir a religião Oomoto em 1918, mas, devido a


certas circunstâncias, afastei-me durante um período de mais ou
menos cinco anos.

Em 1923, retornei. Cerca de seis meses mais tarde, fui


procurado por um topógrafo desejoso de informações sobre a
Oomoto que, na época, se expa ndia rapidamente. Em meio à
conversa, olhando-m e fixamente no rosto, perguntou-me se a
doutrina Oomoto tinh a alguma ligação com Kannon.

56
Evangelho do Céu Vol. III

Respondi-lhe negativamente dizendo-lhe que a Oomoto era


xintoísta e Kannon, budista. Insistindo n o assunto, afirmou O estar
vendo à minha direita.

Na verdade, como o topógrafo possuía a fa culdade da


vidência, a sua visão espiritual se abriu n aquele momento e ele foi
capaz de perceber a presen ça de Kannon ao meu lado.

A seguir ainda me disse tê-Lo visto me acom panhar quando


me levantei para ir ao banheiro; soltou depois junto comigo e
permaneceu sentado p róximo a mim.

Para ter certeza, pedi-lhe mais alguns detalhes . Ele


respondeu que a Divindade estava de olhos fe chados; o rosto e o
corpo eram exatamente iguais a os dos desenhos ou esculturas.

Após esse nosso primeiro encontro, sempre que o


topógrafo pensava em vir à minha casa, Kannon lhe aparecia
repentinamente.

Ao saber desses fatos, fiquei um pouco intri gado, pois, até


então, jamais havia imaginado me devotar a Kannon. A partir daí,
começaram ocorrên cias misteriosas que me levaram a admitir uma
ligação mais íntima entre Kannon e mim.

Certo dia, um dos membros da Oomoto disse ter visto uma


espécie de remoinho acima da minha cabeça, no centro do qual
estava Kannon, trazendo, às costas, uma cruz.

Naquele momento, não me fora possível en tender o


significado de tão estranha visão. Logo depois, contudo, fui vítima
de uma séria persegui ção religiosa que me causou enorme
sofrimento. Compreendi assim o sentido da vidência: eu fora
colocado no meio de um tufão e deveria enfrentar uma luta bastante
renhida.

57
Evangelho do Céu Vol. III

Cerca de três meses mais tarde, várias divin dades começaram


a manifestar-se por meu intermé dio, entre elas Izunome, a essência de
Kannon. Foi Ele quem revelou que eu seria usado como instru mento
para realizar a grandiosa missão de salvar a humanidade.

Também fiquei sabendo pelas mensagens re cebidas de


Izunome que há dois mil e seiscentos (2600) anos, época do
nascimento de Sakiyamuni, Kannon havia morado na montanha de
Fudaraka, na índia, onde ensinou o caminho da salvação como
Kanjizai Bosatsu.

Todos esses fatos a mim revelados são extre mamente


peculiares; vou esclarecê-los, porém, só no tempo adequado.

3.7 - O Dragão Dourado


Agora quero relatar um fato curioso referen te ao Dragão
Dourado, o Protetor de Kanzeon Bosatsu. Jamais esquecerei
esse acontecimento, ocorrido em 1929, quando eu era ainda
fervoroso seguidor da religião Oomoto.

Não me recordo, com exatidão, do dia, mas acho que foi 19


de abril, data em que a Oomoto realiz ava o grande festival da
Primavera.

O líder espiritual Seishi Sama (=mestre sagrado , Onissaburo


Deguchi) oficiaria um culto, do qual iria participar, no templo xintoísta
da localidade que nascera o fundador da Oomoto.

Entre a cidade de Kameoka, onde me encon trava, e o


templo, havia uma distância de aproxima damente oito
quilômetros, os quais percorri de au tomóvel, na companhia de um
outro membro da Oo moto chamado Jinmamoru (=guardião de Deus 18).
18
Jin = Deus, mamoru = que protege. Na verdade, era um protetor mand ado para defender
Meishu Sama caso houvesse alguma ameaç a contra as verdades dos Ensinamentos que
Ele estava divulgando; t ambém no Budismo existem quatro guardiões principais que vi giam
constantemente as direções norte, sul, leste, oeste.

58
Evangelho do Céu Vol. III

No momento da partida, chegou a esposa de deputado


federal, o Sr. Shiga. Tinha vindo do Estado de Saitama, norte de
Tóquio, e nos pediu carona para ela e o marido.

O carro partiu. Em seguida, veio-me o pensa mento de estar


ocorrendo algo misterioso com o nome Shiga, pois era também a
denominação do lugar onde se realizaria o culto. Imaginei então
que deveria haver alguma coisa em comum entre a cerimônia a
qual iríamos assistir e o lago Biwa, existente no mesmo local.

Depois da Celebração, o mestre Deguchi diri giu-se


imediatamente para o lago Biwa, à beira do qual havia um famoso
restaurante (de cujo nome não me lembro), propriedade de um
membro da Oomoto.

Antes de voltar para casa (em 20 de abril), Deguchi


escreveu quatro ideogramas e os deixou no restaurante: " A água
do lago se enfurece e sobe até o céu ".

No dia seguinte (21 de abril), forte tempesta de desabou


misteriosamente sobre o lago Biwa, chegando a afundar quarenta e
sete barcos pesqueiros. O fato foi noticiado pelos jornais da época.

A causa de tamanha tempestade, segundo a revelação que


recebi, foi a subida ao céu do Dragão Dourado, mergulhado há
milhares de anos, no fun do do lago Biwa. Então, no momento em que
ia saltar da água, veio voando o Dragão Vermelho (conforme a Bíblia,
Satanás) para derrubá-lo. Violenta batalha foi t ravada entre ambos,
até a vitória do Dragão Dou rado e a fuga do Dragão Vermelho para
além do norte do Japão.
3.8 - O desafio do Dragão Vermelho

Um mês após o incidente no lago Biwa, por vol ta do meio-


dia, desabou um vendaval em Tóquio, ond e eu morava na época e, a
partir desse momento, o D ragão Dourado tornou-se o meu Protetor.

59
Evangelho do Céu Vol. III

Três anos mais tarde, na primavera de 1932, um jovem que


eu não conhecia, adepto da Oomoto, ac usou-me de estar causando
grandes transtornos de ntro da instituição. Aos gritos, condenava-
me estar fazendo Omamori 19 — símbolo de grande importância para
a Religião Oomoto — e distribuind o-os aos membros. Segundo ele,
minha atitude cons tituía séria profanação. Não poderia, por isso,
permitir que eu continuasse vivo. Ameaçou, então, m atar-me caso
eu continuasse fazendo Omamori. Repetia euforicamente que,
embora sacrificando a v ida dele, tiraria a minha. Ao proferir essas
palavras, sacou do bolso uma pequena espada e a cra vou no
tatami.

Quando estava nesse estado de revolta, o jovem tinha pescoço


e rosto avermelhados; não parecia uma pessoa normal. Os olhos
saltados, cor de san gue, faiscavam raivosamente. Tive, naquele
instante, a nítida certeza de que o Dragão Vermelho se havia
encostado nele para me destruir. Na verdade, viera desafiar o
Dragão Dourado.

Decidi nessa hora que não me deixaria derro tar por Satã. Eu
havia sido autorizado pelo próprio mestre Deguchi a fazer os
Omamori. Recusei-me, por isso, terminantemente a atender as
exigências do Dragão Vermelho.

De repente, no momento quando o jovem pa recia estar


prestes a cometer o assassinato, a cor do seu rosto mudou e ele se
agachou, gemendo ago niado. Perguntei-lhe o que sentia.
Respondeu-me dizendo tratar-se de uma insuportável dor de
barriga. Disse-lhe, então, para continuar deitado que eu iria curá-lo.
Comecei a ministrar-lhe Johrei; logo depois, melhorou.

A seguir, o jovem mudou completamente de atitude.


Acalmou-se e me pediu para acompanhá-lo, no dia seguinte, à sede
19
A palavra Omamori significa em japonês talismã. Mais tarde, Meishu Sama a substituiu
por Ohikari (Luz) para evitar confusão de sentido, uma vez que no Ocidente talismã tem
outra conotação.

60
Evangelho do Céu Vol. III

da Oomoto em Kameoka, Kyoto, pois queria falar com o mestre


Deguchi.

Estando já diante de Deguchi, ouvimos dele a seguinte


afirmação: " Eu mesmo não posso fazer Omamori. Tal permissão
só foi concedida por Deus. à minha filha Kyoshu Sama, que será a
terceira líder espiritual da Oomoto. Naturalmente, também os
membros não poderão confeccioná-lo. Okada-San (Meishu Sama),
contudo, é uma pessoa muito especial , Procure, então, aparecer o
menos possível ".

Com essas palavras, o jovem obteve a confir mação do que eu


já lhe havia explicado e a questão foi en cerrada.

61
Evangelho do Céu Vol. III

CAPÍTULO III - A NOVA CIVILIZAÇÃO

1 - Momentos iniciais da transição

1.1 - Fim do mundo

"Arrependei-vos porque o fim do mundo se ap roxima”;


“Está próximo o Reino do Céu " foram prodecias feitas por Cristo,
cerca de dois mil anos atrás. O verdadeiro significado, porém,
desses alertas nunca foi devidamente esclarecido, pois os tempos
não eram adequados. Reinava ainda a Era da Noite. Agora,
finalmente, chegou o momento de anunciar o "fim do mundo" e o
que este aco ntecimento significa. Na verdade, é a Transição da Era
da Noite para a Era do Dia.

Portanto, quando Cristo falou em "fim do Mundo", referiu-


se ao término da longa Era da No ite, época de trevas e repleta de
sofrimentos. Ao anunciar o "Reino do Céu", estava fazendo alusão à
Era do Dia, ambiente cheio de luz e alegria do qual terão sido
eliminados todos os males, infortúnios e pecados.

Ao ouvir esta explicação, o homem de fé prontamente vai


entendê-la e aceitá-la. O mesmo não ocorrerá com os
materialistas. Por se tratar de u ma ocorrência de origem divina,
jamais a comp reenderão.

1.2 - Início da Transição

Pela ordem, a Transição da Noite para o Dia começou no


Reino de Yuguen (um nível divino, bem rarefeito e extremamente
alto). Refletiu-se depois no Mundo Espiritual e, a seguir, no Material.
A primeira mudança, a do Reino de Yuguen, ocorreu em 1881 20; a
segunda, isto é, a do Plano Espiritual, em 1931 21. A próxima e

20
Ano em que se iniciou a preparação para que o espírito divino de Meishu Sama fosse
concebido no Mundo Material
21
Em 15 de junho de 1931, Meishu Sama recebeu de Deus, no Mon te Nokoguiri, a revelação
de que se aproximava a Era do Dia.

62
Evangelho do Céu Vol. III

grande transformação, que já está bastante iminente, acontecerá no


Mundo Material 22. Em suma, estamos no alvorecer de um Novo Dia,
aguardando o surgir do Sol no Oriente.

É importante notar também que, durante o período da


Noite, prevaleceu o espírito da água, mas agora, com o início da
Era do Dia, vai imperar o espírito do fogo, símbolo da mudança das
trevas para a luz.

1.3 - Mutações profundas

Outro ponto fundamental diz respeito às transformações


que acontecerão na Terra: não vão se limitar apenas ao
surgimento de uma Nova Era. Na verdade, ocorrerão mutações
profundas, acarre tando um processo de destruição sem
precedentes.

Por outro lado, o Plano Espiritual, devido ao aum ento do


poder da Luz, sofrerá também uma intensa pu rificação, cujos reflexos
serão sentidos no Mundo Ma terial em forma de catástrofes de
proporções inc alculáveis. À medida que o espírito do fogo for
tornando-se mais forte, esses métodos violentos de limpeza agirão
de maneira cada vez mais profunda, a ponto de o Bem e o Mal, o
certo e o errado, se apresen tarem, a cada instante, com maior
nitidez. Daí nenhum pecado ficará impune. Contudo, como
resultado dessa enorme ação purificadora, surgirá, p ara a
felicidade dos bons, uma nova forma de vive r nunca antes
experimentada pela humanidade.

1.4 - Purificações severas

Como as doenças constituem basicamente o maior


processo de eliminação das toxinas, é natural q ue pessoas com
grande acúmulo de impurezas sof ram, em conseqüência do

22
Meishu Sama anunciou esta grande transformação no dia 15 de junho de 1952.

63
Evangelho do Céu Vol. III

aumento do espírito do fogo, severas purificações. Também não se


deve esquecer o fato de, até hoje, as moléstias terem agido como
formas lentas de limpeza, através de gripes , tosses, dores de
cabeça, ou alguma outra ação leve, sem grandes ameaças à vida.
No final dos tempos, porém, dificilmente haverá quem possa
resistir; as doenças serão violentas e com vários sinto mas
simultâneos. Acontecerão problemas gravíss imos; os médicos não
vão saber diagnosticar a c ausa, e a morte repentina será inevitável.
Portanto, em conseqüência dessas grandes purificações, toda a
humanidade passará por um período de horror indescritível, com
uma quantidade inumerável de vítimas.

Foi exatamente sobre esses fatos a advertência de Cristo, feita


já há tantos anos, quando se refe riu ao "fim do mundo". Entretanto
até hoje os homens não entenderam o significado do Juízo Fi nal
nem sabem a época em que vai ocorrer. Por essa razão, a maioria
ainda não despertou. Agora, po rém, o tempo está se aproximando.
Deus permitiu, por isso, que eu soasse um estridente alarme ao fa lar
de modo claro sobre o verdadeiro sentido do "Grande Juízo".

De outra parte, será também um período du rante o qual o


imenso amor divino poderá salvar o maior número possível de
pessoas, uma vez que Deus, como executor da grande mutação,
terá em Suas mãos o destino de toda a humanidade. Entre tanto,
para que a misericórdia suprema se manifes te, os homens
precisam, desde já, arrepender-se e entreguar-se irrestritamente
ao Criador, pedindo- Lhe perdão pela enorme carga de máculas
acumuladas. Eis a única maneira de poderem ultrapassar, ilesos,
essa fase. Não haverá outro caminho.

A mim coube, como propulsor desta fase final do Plano de


Deus, alertar, pela última vez, a huma nidade. Quem não quiser ouvir
essas advertências, estará automaticamente escolhendo a
autodestruição, porque, para arrependimentos de último instante,
nãoo haverá tempo. Será tarde demais.

64
Evangelho do Céu Vol. III

1.5 - Aquecimento do Globo Terrestre

1.5.1 - Elevação da temperatura

Há muito tempo venho alertando para essa realidade. O


mundo, durante milhares de anos, esteve mergulhado na Era da
Noite, fria, e governada pelo espírito da Lua. Agora começou a mudar
para a Era do Dia, regida pelo espírito do Sol e, por isso, mais
quente. De fato, esse aquecimento aconteceu primeiro no Plano
Espiritual, mas atualmente afetando, de modo bastante sensível, a
parte física .

Trata-se, pois, de uma ocorrência muito inte ressante e da


qual eu sou um exemplo vivo. Basta obse rvar, por exemplo, o que
dizem as pessoas a resp eito de mim quando, no inverno, entro
num aposent o e ele começa, aos poucos, se aquecer devido à minha
ha presença. Eu mesmo me dou conta de que, ao per manecer
durante um determinado tempo num local, a temperatura ambiente
começa a subir, fato, conforme já expliquei várias vezes, decorrente
da Bola de Luz que existe dentro do meu ventre, cujo c alor irradiado
é intensamente forte. Mesmo quando estendo a mão para ministrar
Johrei a centenas de pessoas, muitas delas, segundo me relatam,
transpiram bastante.
103
Outro ponto fundamental a ser considerado é que as religiões
existentes são protegidas pelo Deus Lunar e, por isso, ao realizarem
curas, aliviam somente os sofrimentos físicos, através da
solidifi cação das toxinas, num processo semelhante ao da
medicina. Na Messiânica, todavia, acontece exatamente o oposto.
Como tem a proteção do Deus Solar, dissolve as toxinas por meio
da febre, elimi nando-as logo depois.

1.5.2 - Conseqüências

A partir de agora, devido ao aumento da temperatura da


Terra, as purificações vão ficando mais intensas.

65
Evangelho do Céu Vol. III

Como o aquecimento do planeta se está tor nando notório,


até mesmo os meios de comunica ção já começaram a falar a
respeito dele. O jornal da NHK, rádio estatal japonesa, em sua
edição de 15 de dezembro de 1952, publicou um artigo dizendo
que cientistas do mundo inteiro afirmam estar o Globo Terrestre
esquentando.

Outra comprovação importante é que a tem peratura média de


Tóquio, comparada à dos inver nos anteriores, está mais alta,
embora, nos últimos tempos, tenha feito muito frio, principalmente
pela manhã e à noite.

Recentemente um jornal dos Estados Unidos noticiou que o


Real Instituto Geográfico da Dinamarca publicou um estudo
segundo o qual o calor da T erra aumenta, pouco a pouco, em
conseqüência da radiação solar. Também no Chile, um cientista
constatou que a intensidade dos raios solares está permitindo o
aquecimento paulatino do Globo Terrestre . Na Suécia, outro
estudioso, baseando-se em obser vações efetuadas em várias
partes do mundo, afirma poder comprovar que o planeta está
ficando cad a vez mais quente.

Esse estudioso sueco diz também que o nú mero de dias


nos quais a temperatura caiu abaixo de zero, numa cidade do
norte de seu país, corresponde à metade daqueles em que idêntico
fenômeno vinha ocorrendo nos últimos setenta e cinco ano s,
nesse mesmo local. Acrescenta ainda: o gelo da Gro enlândia está
derretendo lentamente, fato já conhe cido há bastante tempo.

Outro episódio digno de nota é que no Mar Morto, ao norte


da Rússia, e na Baía da Bósnia, no norte da Escandinávia, o
período de congelamento po lar encurtou nos últimos anos. Em
conseqüência, prolongou-se para três ou quatro semanas a mais
o tempo em que a navegação pode ser efetuada n essas regiões.

66
Evangelho do Céu Vol. III

Um biólogo americano, professor universitá rio, realizou uma


pesquisa com animais selvagens, chegando também à mesma
conclusão, qual seja, a Terra está esquentando. Suas afirmações se
baseiam no fato de ser cada vez maior o número de espécimes que
passaram a viver no norte não só dos Estados Unidos, mas
também do Canadá, ambas regiões de clima notadamente frio.

1.5.3 - Conclusão

Com base em todas as pesquisas realizadas, os cientistas


estão comprovando que a temperatura do Globo Terrestre se
eleva dia após dia, deter minando mudanças evidentes em todos
os setores da vida na Terra. E eu afirmo: nem mesmo os
descrentes podem duvidar desse fato.

2 - A civilização atual

2.1 - Cultura materialista

A cultura atual, que já vem sendo desenvolvi da há mais de dois


mil anos, quando observada nas suas manifestações exteriores,
deslumbra e fascina. Do ponto de vista do conteúdo principalmente
espiritual, nota-se, entretanto, uma contradição. Ao analisarmos o
Bem e o Mal reinante no coração do homem de hoje, temos a
impressão de que os anti gos eram seres bem mais evoluídos. Tal
constatação corresponde a uma realidade demasiado séria
encontrada muito além dos nossos dotes imaginati vos. Representa
a causa de todas as desgraças que afligem a humanidade.

Verificando, então, o sofrimento existente no mundo, tais


como guerras, doenças, pobreza, crim inalidade, tufões,
terremotos, percebemos uma ten dência de aumento, cada vez
maior, desses infor túnios.

Realmente estranho também é a cultura espi ritual não ter


acompanhado o progresso científico. N ão há dúvida, o ser humano

67
Evangelho do Céu Vol. III

foi seduzido pelo des lumbramento sempre crescente do


materialismo ace lerado que impediu até mesmo religiosos,
intelectuais e estudiosos em geral de despertarem para verdades
espirituais. Por isso, há poucas pessoas no mundo que conseguem
perceber com mais clareza os fatos. A maioria permanece apática,
julgando próprio da natureza humana suportar o caos ne ssa
situação vigente.

2.2 - Desejo de felicidade

O maior desejo do ser humano sempre foi a busca da


felicidade e, para alcançar esse intento, tem usado toda a sua
inteligência, todos os meios po ssíveis. Primeiro, buscou o seu bem-
estar na religião. Como vislumbrou impossibilidades, tentou,
através do desenvolvimento material, criar utopicamente um mundo
ideal.

Visando ao mesmo objetivo, surgiram na China e na


Europa teorias educacionais, éticas, filosóficas, econômicas,
representadas, no Oriente, pelo isamento de Confúcio, Mêng-Tzu,
Chu-Tzu; no Ocidente, por Sócrates, Kante, Hegel e outros. Tais
doutrinas filosóficas contribuíram para que a hu manidade criasse,
em torno de si, uma enorme ex pectativa de felicidade. Nada de
mais profundo, entretanto, foi concretizado.

2.3 - Predomínio do materialismo

No Ocidente, o desenvolvimento materialis ta começa a vir à


tona a partir do século XVII e, nos seguintes, promove grandes
transformações em to dos os setores da sociedade, chegando ao
auge com a revolução industrial. O mundo inteiro fica des lumbrado
com o avanço científico e a humanidade, em vez de pegar um
caminho de buscas mais pro fundas, preferiu ficar no palpável,
achando-o incom paravelmente melhor para a criação de uma vida de
felicidade plena. Além disso, como uma espécie de prova desses
fatos, os povos foram percebendo que os países nos quais tal

68
Evangelho do Céu Vol. III

cultura se desenvolvia se tornavam ricos e prósperos, conseguiam


ter arma mentos poderosos, eram respeitados no âmbito inter nacional,
e as pessoas desfrutavam de abundantes recursos materiais.

As demais nações, então, pressionadas e dominadas pela


força do desenvolvimento tecnológi co, se propuseram à conquista
de uma posição semelhante. À vista disso, a evolução científico-
materialista, cada vez mais evidente, chegou aos dias de hoje. E
o ser humano embriagado por ela acreditou piamente nos seus
postulados. Como conseqüência, o lado espiritual ficou vazio,
sem alma . Nos dias de hoje, a maioria só busca o visível, o con creto.
A moral e a ética caíram num nível tal de degradação, que levaram
o homem a tornar-se esc ravo da ciência materialista.

Como se pode observar, nos dias de hoje, em vez de dominar


a ciência, o ser humano é governa do por ela. Daí a razão de a
sociedade estar a um p asso da maior conturbação mundial,
colocando em perigo o seu próprio futuro.

Analisando mais profundamente o estado atual, percebe-


se que a vida humana se encontra num beco sem saída. É uma
situação irônica: quanto m ais progresso cultural promove, mais
longe fica da felicidade. Tudo isso está acontecendo porque a
humanidade se desviou de seu objetivo principal, q ual seja, a busca
do bem através do aprimoramento do espírito.

Embora, no início, o homem tivesse tentado criar, pela


cultura espiritualista, o Reino do Céu, n ão lhe foi possível atingir
esse objetivo. Então, im aginou poder concretizá-lo através do
desenvol vimento científico, mas, em vez disso, chegou a um úl timo
estágio de destruição, mais terrível que o p róprio inferno. Outra
marca evidente desse estado é a bomba atômica.

Mesmo vivendo num mundo de horrores, a humanidade


não desperta. Na verdade, já falhou tanto na cultura espiritualista

69
Evangelho do Céu Vol. III

quanto na materialis ta, mas não se arrepende. Enfrenta uma


situação trágica. O que fazer para resolvê-la?

2.4 - Ausência de "alma"

2.4.1 - Maru ni chom

2.4.1.1 - Simbologia

Para explicar esse assunto, em primeiro lugar, vou


discorrer sobre a simbologia do maru ni chom .

Como o leitor pode ver, o símbolo é representado por um


círculo com um pontinho central. Se fosse apenas um desenho,
não teria grande sig nificado. Na verdade, porém, essa forma
contém um mistério bastante profundo. Uma parte do enig ma está
no círculo e a outra, no pontinho.

Vejamos, primeiro, o sentido do círculo.

Observando-se atentamente, dá para perce ber que, dentro


do Universo, todos os corpos celes tes têm forma circular como, por
exemplo, o Sol, a Lua, os planetas.

Até mesmo o espírito do ser humano, ao dei xar a matéria


após a morte, ou quando se transpor ta de um lugar para outro,
assume a forma de cír culo. Em japonês esse fenômeno é
conhecido como hitotama, ou seja, o corpo espiritual sob a forma
de uma bolinha. Também as divindades, quando se di rigem a
diferentes locais, tomam a aparência circular ; mas, nesse caso,
como se trata de uma divin dade, o círculo é uma bola de luz. Se
estiver, contudo , relacionado ao ser humano, será uma forma sem
luz, indefinida como a névoa, nas cores branca relac ionada à
mulher e amarela em se tratando de home m, correspondendo,
respectivamente, à Lua e Sol.

70
Evangelho do Céu Vol. III

2.4.1.2 Significado do símbolo

A partir deste ponto, vou deter-me especifica mente ao


assunto principal, qual seja, o significado símbolo maru ni chom

Conforme já se tem conhecimento, a const ituição corpórea


do ser humano assemelha-se a um cír culo que, desprovido de
alma, se torna oca, como se fosse um vácuo. Ao ser, porém,
colocado o ponto , passa a ter vida e a pessoa assume as suas
atividades peculiares. É que, de fato, dentro do vazio , entrou a
alma.

Bastante interessante observar também que, desde


antigamente, os artistas costumavam usar a ex pressão "colocar
alma". Daí o motivo de os desenhos de Kannon sempre serem
finalizados com a coloca ção do pontinho representando o olho.

2.4.1.3 - Importância fundamental do "pontinho"

Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito ao


fato de até hoje nunca ter existido, no mundo, o ponto centralizado
no círculo. Por essa razão, há tempos escrevi sobre as
características da cultura atual, mostrando que ela não vai além
da forma, da aparência externa. Só desenvolveu a casca.

Esse aspecto formal aparece em todas as mani festações


culturais presentes na atualidade. Inclusive o tratamento das
doenças se detém nos sintomas. Daí, pois, serem aplicadas
injeções que atingem somente o lado de fora. O mesmo acontece no
caso de dores ou coceiras: passa-se remédio na parte exter na.
Quando surge febre, esfria-se com gelo. Nesses casos, o processo
de purificação é interrompido porque, com o emprego de
remédios, desaparecem temporariamente os sofrimentos
causados pela doença. Com o passar do tempo, porém os
sintomas ressurgem pois, de fato, o centro (o pontinho do círculo)

71
Evangelho do Céu Vol. III

não foi atingido. É por isso que, com o tratamento apenas da


"casca", torna-se impossível debelar por completo uma doença.

Reafirmo, então: uma tentativa de cura sem buscar a


origem da moléstia não produz efeito al gum; apenas a prolonga
indefinidamente. Por essa razão, pode ser comprovado com
absoluta certeza que a causa da doença está no pontinho central
do círculo ( ). Entretanto, até agora, ninguém desco briu nem foi

capaz de entender esse princípio.

Também com relação à criminalidade, ocorre um processo


mais ou menos semelhante. Embora, nos dias atuais, se
empregue o castigo como meio d e preveni-la, não passa de um
tratamento sintom ático, como o usado pela medicina. É por isso que
geralmente os malfeitores cometem várias, ou até dez enas de
vezes o mesmo crime. Por esse mesmo m otivo, a maioria dos
criminosos mais cruéis perm anece grande parte do tempo de
suas vidas na c adeia. Como nunca se trata a causa do problema
que está no pontinho central do círculo, essas c riaturas infelizes não
têm oportunidade alguma de rec uperação.

Nos tempos de guerra, a situação é também semelhante.


Normalmente um dos lados inimigos procura estabelecer tréguas
temporárias, quando desc obre que o seu adversário possui ou está
desenvolv endo armamentos mais poderosos. Os opositores e m
geral agem assim ao perceberem a impossibilid ade de vencer a
batalha. Nessas condições, ocorre, é fato, apenas uma solução
aparente do problema, u ma vez que a tentativa de resolvê-lo atinge
somente o s sintomas. Na verdade, é um meio de adiar a guerr a para
mais tarde recomeçá-la. Essa realidade é bem e vidente no mundo
atual e pode ser comprovada través do processo evolutivo da
humanidade.

72
Evangelho do Céu Vol. III

2.4.1.4 - Civilização oca

A partir de todas as constatações a respeito da importância


do "pontinho", pode-se concluir sem erro que a cultura humana,
até agora, só se preocupou com o "círculo". Nunca deu atenção ao
"pontinho ". Daí o motivo de eu sempre estar pre gando sobre a
simbologia do 0,99 (o círculo) e 0,01 (o pontinho).

Nos dias de hoje, o domínio do mal é de 0,99, mas pode ser


transformado pela força 0,01 do bem. Assim o "círculo" inteiro que, no
momento, está qua se todo preto poderá ficar completamente branco em
conseqüência da ação do poder do "pontinho".

Transportando essa simbologia para o plano universal, pode-


se afirmar que a civilização atual está vazia, oca. Encontra-se no
estado de um cadáver: morta. É preciso, pois, dar-lhe vida, colocando-
lhe alma. Em outras palavras, significa ser necessário criar
oportunidades para o nascimento de um novo mundo.

2.5 - Luta entre bem e mal

2.5.1 - Kobukurin (0,99) e ichirin (0,01)

a) 0,99 corresponde ao atual estado de vida materialista e


influenciado pelo mal.

b) 0,99 + 0,01 = 1 (inteiro, total): representa a nova


civilização, completa, impregnada pelo bem.

2.5.2 - Influência do espírito secundário

Todo ser humano possui um espírito de origem animal advindo


especialmente dos quadrúpedes. Pode também provir de aves e,
mais raramente, de insetos e peixes. Esse espírito, chamado
secundário, gov erna no homem as funções e desejos corporais;
manipulado pelo chefe do mundo dos jashin, uma vez que está

73
Evangelho do Céu Vol. III

diretamente ligado a essa entidade nega tiva através de fios


espirituais.

Trata-se, con tudo, de um mal necessário. Constitui em si a


causa das guerras e das discórdias presen tes no mundo e no
interior de cada pessoa. Por isso, desde tempos arcaicos, a
humanidade tem-se deb atido entre o Bem e o Mal, em maior ou
menor inten sidade, conforme a influência exercida pelos jahin.
Estes, por estarem classificados em hierarqu ias diferenciadas em
escalas, que vão de um grau infer ior até um superior, dominam o
ser humano. D esse modo, pode-se concluir: é o nível espiritual de
cada pessoa que vai determinar a presença de um espírito
secundário mais forte ou mais fraco, bem co mo o poder de
atuação demonstrado pelo espírito pimordial para "domesticar" o
secundário.

2.5.3 - Domínio do mal

2.5.3.1 - Na história humana

Observando-se através da História, dá para perceber que,


durante milhares de anos, a influência do Mal foi mais forte e
sempre pressionou o lado das divindades benignas, embora no final
acabasse per dendo. Também, se não fosse assim, o mundo já
estaria destruído; jamais poderia ter chegado ao e stágio no qual
se encontra hoje. Entretanto, a mai oria das pessoas não presta
atenção a esses fatos; não consegue perceber que a História
constitui um registro contínuo de êxitos e malogros, tendo por
base a prática de maldades.

Até certo ponto, contudo, justifica-se o triunfo do Mal, uma


vez que o mundo vivia inteiramente mergulhado na Era da Noite.
Sem a Luz necessária para refrear os erros, foi possível ao ser
humano alcançar alguns de seus objetivos por meio de ações
escusas. Eis a razão de muitos se terem iludido jul gando que a
prática de crueldades fosse o caminho mais curto para o sucesso.

74
Evangelho do Céu Vol. III

Para alguns, inclusive, atos criminosos passaram a significar bom


senso na conduta existencial.

Com base nessa mesma inversão de valores, na Era das


Trevas, muitos iluminados e mestres foram sacrificados. Uma
das maiores vítimas foi Jesus Cristo. Talvez até eu, se tivesse
nascido na queles tempos, encontrasse sei lá que tipos de
dificuldades!

2.5.3.2 - Na ciência materialista

Agora que já estamos no limiar da Aurora, os sofrimentos


são mais leves e a minha obra poderá progredir conforme está
previsto. Apesar dessa fa cilidade evidente, importa salientar que o
plano dos jashin não se limita somente à guerra e à violência, mas
vem sendo executado em todos os campos. O mais bem sucedido
é o da ciência materialista; na verdade, constitui a maior arma
dessas entidades ne gativas, pois, através dela, oferecem
prodígios à humanidade e assim conseguem ganhar a confiança
da maioria.

2.5.3.3 - Na vida do ser humano

Atualmente, os jashin estão tentando manter a utoridade


absoluta através do controle total sobre a vida humana. Para
conseguir esse objetivo, im pulsionaram um progresso vertiginoso
da medicina na tentativa de curar todos os tipos de doença.
Entretanto, jamais conseguirão realizar um trabalho efetivo porque,
de fato, o restabelecimento completo da saúde nunca acontecerá
por meios materialistas apenas.

Como até agora, porém, nenhum cientista vislumbrou essa


verdade, continuam sendo elaboradas hábeis e engenhosas
teorias sobre a ação das doenças no organismo; além disso, sem
medir esforços, empregam-se os mais avançados recursos
tecnológicos e medicamentosos na tentativa de realizar curas

75
Evangelho do Céu Vol. III

definitivas. No entanto, quando se procura saber a causa de certas


moléstias, as respostas são sempre obscuras. Na realidade, os
médicos não têm condições de oferecer uma explicação exata. O
mesmo acontece em se tratando da cura: não há como garanti-la.
E, quando existem algumas previsões seguras, nove, em cada dez
casos, evoluem de lodo inesperado, segundo comprova a nossa
experiência.

2.5.3.4 - Na agricultura

Outro problema advindo da lógica científica diz respeito


aos agrotóxicos, os quais têm sempre um efeito temporário. Só no
começo produzem al gum resultado aparentemente satisfatório.
Por essa razão, os agricultores foram enganados e o uso de
fertilizantes e inseticidas se difundiu de maneira as sustadora,
trazendo enorme destruição ao Planeta.

2.5.3.5 - Através da guerra

A guerra também constitui um mal avassala dor, pois homens


ambiciosos tentam ser os regentes supremos e, para isso,
sacrificam muitas vidas. Embora malogrem no final, alcançam
sucessos mo mentâneos que deixam marcas profundas na histó ria
dos povos.

2.5.4 - Poder do 0,01

Podemos concluir, a partir de uma análise minuciosa da


ação do mal, que os jashin estão a um passo da concretização
integral dos seus objetivos. Entretanto, agora é chegado o tempo
da intervenção de Deus para interromper o desenvolvimento da
cultura materialista. Há um plano divino insondável e misterioso,
visando a uma mudança no rumo da vida do Universo. Em outras
palavras, as entidades malignas só detêm 0,99 do poder. As hostes
de Deus as superam em 0,01. Com essa supremacia, o quadro se

76
Evangelho do Céu Vol. III

inverte. Equivale a dizer que a cultura de hoje es tará sob o domínio


do Mal só até 0,99.
Ao término desse período (o fim do mundo do qual Jesus
falou), surgirá, no Plano Espiritual, uma nova ordem sem
precedentes a mover Céus e Terra, trazendo a todos que
acreditarem nessa verdade muita alegria e paz. Uma revolução na
medicina . vai substituí-la pelo Johrei. A partir daí, os doen tes à
beira da morte serão restabelecidos pela força da Luz de Deus.

Por outro lado, esse mesmo poder da Luz Divina eliminará


os pontos errôneos da cultura atu al, acumulados durante séculos.

Dessa forma, as trevas da noite serão elimina das e um sol


vibrante brilhará.

Bem-aventurados os que crerem!

3 - A transição

3.1 - Dia e Noite

Sempre existiu no Universo uma diferença entre "Dia" e


"Noite" não apenas vista como um fen ômeno da natureza, mas
também, simbolica mente. Dessa forma, então, "Dia" significa o
concreto, o dinamismo, o momento das realizações, da clareza,
da alegria, do trabalho; de outra parte, a idéia de "Noite" está
ligada à introspecção, ao silên cio, à calma, à hora da meditação, do
descanso, da escuridão.

Assim, durante espaços longos ou curtos, de um, dez, cem,


mil ou dez mil anos sempre houve, intercalados, "Dias" e "Noites",
ou seja, períodos de maior clareza , maior discernimento e épocas
mais escuras em que os homens não conseguiam enxer gar
distintamente a verdade.

77
Evangelho do Céu Vol. III

Desta vez, o mundo ficou na Era da Noite durante três mil


anos. Agora já está começando a clarear. Entretanto, não significa
que durante esses milênios não tivesse havido alguns períodos
mais claros e outros mais escuros. Por exemplo, se compa rarmos a
Idade Média com o Renascimento, notare mos uma diferença
marcante na maneira como o homem pensava e agia nessas duas
épocas distintas.

Realmente o Cosmos tem mistérios infinitos para os quais


não existe muita possibilidade de es clarecimento através de
palavras. E, além disso, continua numa constante evolução,
processando mudanças ora maiores, ora médias, ora menores.

3.2 - Transição da Noite para o Dia

Agora, depois de três mil anos, está sendo iniciada a


mudança da Noite para o Dia. Pode-se dizer que o tempo das
trevas pareceu eterno ao ser humano, embora fosse, na verdade,
muito curto, diante das inúmeras transformações pelas quais o
mundo passou. Durante esses três milênios, os homens viveram,
morreram e reencarnaram repetidas vezes. Mas este momento de
transição é único para nós ; estamos diante de uma enorme
mudança. Por só, quem está vivendo agora e se dedicando à
Obra de Deus pode considerar-se uma pessoa plena de felicidade,
pois participa de um momento gra ndioso o qual nossos
antepassados não tiveram oportunidade de presenciar.

Por essa mesma razão, fica muito difícil para as pessoas


entenderem tais transformações e faze rem com que os outros
também as compreendam. S e forem, porém, dadas explicações
claras e sim ples, qualquer um poderá aceitá-las, vendo nelas
possibilidades de serem verdadeiras. Como se trat a de um
Ensinamento novo, que não pertence ex clusivamente nem à
religião, nem à filosofia, posso dizer, numa explicação meio
forçada, que é uma filosofia religiosa. Com base nesse princípio,
abrir o satori significa perceber a passagem da Noite para o Dia.

78
Evangelho do Céu Vol. III

Até agora quem teve uma visão, embora nu blada, dessa


mudança foi Cristo, ao se referir ao Reino de Deus na Terra, e
também Sakiyamuni, ao prever o desaparecimento do Budismo,
quando chegasse o tempo das grandes transformações. Assim
aconteceria por ter sido uma doutrina divulga da através da
pregação e, por isso, só serviu para salvar na Era da Noite.

Como os princípios messiânicos são Ensina mentos para a


Era do Dia, enxergam melhor a es sência da verdade. Por isso, a
sua lógica é bastante fácil de ser entendida, embora nos pareça
difícil aceitá-la de início.

3.3 - Purificações aceleradas

Quero alertar-lhes para a ocorrência de purifi cações


aceleradas que, num futuro próximo, atingi rão o mundo inteiro.
Pouquíssimos terão condições de salvar-se, pois, em lugar de
receberem Johrei, procurarão remédios. Com isso, as toxinas
serão solidificadas e impedidas de serem expulsas do or ganismo.
Então, quando chegar esse tempo, vão ocorrer sofrimentos fora
dos limites, suportáveis por poucos. A maioria das pessoas não
sobreviverá.

Tomem, como exemplo, a diminuição da mor talidade causada


pela tuberculose, hoje tão comenta da. Esse fato está sendo
atribuído ao emprego de medicamentos mais poderosos. Na
verdade, porém, não passam de venenos potentes que estão
conseguindo, através de solidificações violentas, deter
temporariamente a purificação e, com isso, protelar a cura definitiva,
só conseguida pelo Johrei.

Sem o recebimento da Luz de Deus, passado algum tempo,


ocorrerá novo processo eliminatório visando à expulsão daqueles
venenos, os chamados remédios mais eficazes. Formar-se-á,
desse modo, um círculo vicioso: surgimento de novas purifica ções,

79
Evangelho do Céu Vol. III

busca de medicamentos cada vez mais fortes, os quais, por sua


vez, provocarão outras doenças e assim sucessivamente.
Esse processo vai conduzir a humanidade a uma época de
horrores, porque chegará o momento em que a medicina nada
mais poderá fazer. Será tempo do Juízo Final profetizado há
tantos séculos . Muito poucos terão condições de salvar-se, po is,
embora aparentem boa saúde, têm toxinas solidi ficadas. E, quando
começarem a ser dissolvidas, sob revirá uma tragédia de proporções
incalculáveis.

Daí, pois, a necessidade do recebimento fre qüente do


Johrei, a Luz de Deus, única força capaz de, gradativamente e de
forma definitiva, dissolver as toxinas já solidificadas e impedir que
outras se a cumulem no organismo.

Fiquem, portanto, atentos e procurem seguir as


recomendações dos Ensinamentos de Deus.

3.4 - Juízo Final

Cristo falou sobre o Juízo Final, mas não dis se quando, nem
como ocorreria. Durante séculos, muitos — especialmente os
cristãos — procura ram, sem resultado, elucidar o enigma. Agora
que a época se aproxima, foi-me dada por Deus a mis são de
esclarecer a verdade ante a qual os homens ficarão deveras
espantados. Como, neste caso, o "juízo" significa julgamento, as
pessoas imaginam que Deus venha para condená-las ou absolvê-
las. Não será assim. Conforme já estou falando há tem po, até agora
vivemos no mundo da Noite. Che gou finalmente a hora da
transição para o Dia. Esse acontecimento iminente é, na verdade, o
Juízo Final e consistirá numa grande ação purificadora de âm bito
mundial.

Segundo lhes disse algumas vezes, a data de 15 de junho


de 1931 marcou, no Mundo Espiritual, o início da gradual passagem
para a Era do Dia. No final desse processo, haverá a grande

80
Evangelho do Céu Vol. III

purificação no mundo inteiro, para que possa ocorrer a real


mudança da Noite para o Dia. Vai ser uma transforma ção em três
etapas: em primeiro lugar no Reino Divino; a seguir, no Espiritual e
finalmente no Plano Material.

123
3.5 - Surgimento do Mundo da Luz

O Mundo da Luz atingiu o limiar da última etapa nesta data


em que lhes estou falando (15 de junho de 1951). Portanto, a Luz
Divina está come çando a penetrar no Plano Material. Nos próximos
anos, será, então, estabelecida a base do Reino do Céu na Terra.
Contudo, da alvorada até o surgir do Dia, a mudança se efetuará
passo a passo, mas fir memente.

Assim, à medida que o Mundo Espiritual for clareando, mais


forte se torna a purificação e, ao mesmo tempo, maior o efeito
do Johrei. Por isso, o número de milagres está aumentando a
cada dia e as curas ocorrem com muita rapidez, se comparadas
às de um ou dois anos atrás. Desse modo, po dem-se perceber na
sociedade purificações cada vez mais intensas, acompanhadas de
mudanças também muito violentas.

Por que acontecem essas transformações tão idas?

Pela seguinte razão: todos os seres vivos es tão expostos à


Luz e cada um a assimila de acordo com o seu nível espiritual.
Assim, aqueles que têm muitas máculas irão decaindo pouco a
pouco e não con seguirão suportar as grandes purificações; ficando ,
por conseguinte, sem possibilidades de combater a força da natureza.
Não terão outra alternativa sen ão despedir-se deste mundo,
enquanto os mais pu ros conseguirão superar o Mal e sobreviver a
todas as catástrofes, fazendo o Bem prevalecer.

Pode-se, portanto, concluir que o Juízo Final será terrível


para quem tiver muitas máculas, mas, ao mesmo tempo,

81
Evangelho do Céu Vol. III

maravilhoso para aqueles com ba stante elevação espiritual.


Conseqüentemente, as pessoas puras viverão jubilosas no Reino do
Céu na Te rra, que sucederá a essa etapa de mudanças
marcantes.

A partir, então, do conhecimento da verdade sobre o Juízo


Final, dá para descobrir o objetivo fun damental da Messiânica.
Não é outro senão capaci tar o maior número possível de pessoas
para ul trapassarem o período de intensas ações purificad oras. E
essa missão me foi dada pelo infinito amor de Deus. Quero, pois,
mostrar-lhes que o único meio pelo qual podem ser formados
homens aptos a suportar um período tão conturbado consiste na
prática consciente do Johrei que não cura apenas as doenças, mas
também queima as máculas espiritu ais e fortalece a alma. Por
essa razão, quem sabe do trabalho messiânico pode reconhecer
nele a Arca de Noé da grande salvação.

4 - Era do Dia

4.1 - A verdadeira civilização

4.1.1 - Conceito

Todos acham que a sociedade atual está em franco


progresso. Não constitui, porém, um desen volvimento genuíno. A
verdadeira civilização, do fato, é um mundo ideal em que não
subsiste o me nor resquício de selvageria.

A humanidade, contudo, parece apaixonada pela cultura do


momento e a considera extraordiná ria, achando que essa forma
vertiginosa de progres so desordenado criará uma vida melhor.

O mundo ideal a que eu me refiro é bem dife rente deste,


entretanto. Corresponde a um ambiente no qual os homens
poderão viver em segurança; bem oposto, portanto, ao dos dias
atuais, com pes soas vivendo sujeitas a terríveis ameaças, tais como

82
Evangelho do Céu Vol. III

bomba atômica, armas bacteriológicas, Juízo Final. A o contrário, um


estado de paz e fraternidade, sem rumores de guerras ou de
qualquer outro infortún io.

A nova civilização corresponderá, portanto, a um mun do em


que o processo social, bem como todas as demais instituições, terão
o seu desenvolvimento pautado em valores culturais autênticos e
dignos. E o tempo de sua concretização já chegou. A razão de a
Messiânica falar de uma vida isenta de doenças, pobreza e conflitos é
ensinar também que todas as desgraças enfrentadas pela
humanidade têm sua origem nas doenças não só físicas, como
também nas espirituais. Para tanto, basta observar a prolif eração,
neste ano (1951), de moléstias contagio sas, juntamente com o
aumento do temor causado pela incidência acentuada de
tuberculose e dis enteria.

Se até agora ainda não foram debeladas tan tas enfermidades,


como será, então, possível criar um mundo civilizado? Na verdade,
caso a situação atual continue assim, nem daqui a cem ou mil anos
será concretizada a civilização ideal.

4.1.2 - Origem da pobreza e dos conflitos

De acordo com a minha maneira de ver os fatos, as


doenças em geral são a causa da pobreza, ass im como os
problemas de ordem espiritual dão origem às guerras. Embora a
História apresente os homens que deflagram guerras como heróis
por serem poderosos e mostrarem-se dotados de inteli gência
excepcional, não passam de doentes mentais necessitando de
tratamento.

É preciso, por conseguinte, curar tanto os males físicos,


quanto os espirituais para que o mun do possa realmente se tornar
melhor. A medicina, por sua vez, dedica maior atenção às doenças
físicas, mas a cura dos problemas mentais, muito mais sérios, não
tem sido objeto de idêntica preocupação.

83
Evangelho do Céu Vol. III

Por meio do Johrei, entretanto, ambos os casos — físicos e


espirituais — são resolvidos facilmente. E uma vez curadas todas as
doenças, torna-se possí vel criar uma nova civilização.

4.1.3 - O mundo atual

Corresponde, exatamente, ao oposto de tudo que poderia


ser considerado como ideal. O progres so tornou o mundo
selvagem. As guerras são hoje mais aterrorizantes do que nos
tempos primitivos. A atual civilização desenvolveu-se apenas na
superfície e a humanidade deixou-se iludir pelas aparências ; o
conteúdo, porém, continua na barbárie. Assemelha-se, por isso, a
uma mulher ricamente tra jada que a todos deslumbra pela elegância;
uma vez despida, porém, exibe um corpo coberto de pústulas
sifilíticas. Assim se encontra hoje o mundo.

Na verdade, a civilização hodierna conseguiu apenas sair


do estágio de rudeza dos povos primitiv os, que andavam nus e
pintavam o corpo. N ão chegou, porém, ao ponto de oferecer
completa segurança à vida. Nem mesmo as religiões as qua is,
em parte, ajudaram os homens a sair do nível se Ivagem, dispõem
de força suficiente para criar a ve rdadeira civilização. Tanto é que
as magníficas des cobertas científicas são, na sua maioria, usadas
para o Mal; poucas vezes, promovem o Bem. A bom ba atômica,
por exemplo, consegue matar milhares de pessoas. Já uma
diminuta fração da mesma ener gia, quando usada para beneficiar a
humanidade , pode mover trens e automóveis por muitos dias,
colaborando assim para o bem-estar geral. Não há, .inclusive, meio
de transporte mais rápido e eficaz que o a vião, mas é também usado
para lançar bombas.

Falta, portanto, algo essencial a essa cultura científica


vigente para torná-la capaz de transformar o M al em Bem. Desse
modo, deixará de acarretar tantos sofrimentos à humanidade e, ao
mesmo tempo , terá condições de estabelecer uma maneira
magnífica de viver.

84
Evangelho do Céu Vol. III

Até agora, contudo, nenhuma religião conse guiu resolver os


problemas que afligem os povos; gr andes mestres, iniciados e
filósofos apareceram no curso dos séculos; os problemas,
entretanto, continu am porque ninguém ainda teve condições de
colocar , no âmago da questão, a essência, a alma. Foi com essa
missão, qual seja, despertar os homen s, que surgiu a Messiânica.
Não veio simplesmente como mais uma religião, mas trouxe uma
nova postura de vida que permitirá à humanidade encontrar a
trilha do bem.

4.1.4 - A nova civilização

Cristo já falava da aproximação do Reino do Céu; Buda


referia-se ao aparecimento de Maytrea (Miroku em sânscrito). A
concretização desse ideal, contudo, não foi possível porque o
mundo ainda deveria ser preparado. Agora, porém, chegou o
momento propício. Na parte da cultura material, já se fazem
presentes todos os requisitos necessários para o estabelecimento
de uma civilização realmen te verdadeira. Falta, entretanto, a parte
essencial — a alma — através da qual toda a cultura materialis ta vai
ser transformada em prol do bem da humani dade inteira.

4.1.5 - Divulgação da nova cultura

Com esse objetivo comecei, há seis meses, a escrever um


livro intitulado Criação da Civilização, cujo objetivo é mostrar que
atualmente a bagagem cultural da humanidade não é autêntica.

Na obra em questão, abordo toda as áreas de


conhecimento, tais como Medicina, Política, Arte, Educação,
Filosofia, História. A parte referente à Medicina já está
praticamente concluída. Até o final do ano (1951) pretendo
completar o trabalho na ín tegra. Quando estiver pronto, quero que
a obra seja traduzida para o inglês e distribuída nos meios
científicos, nas universidades e também enviada ao m aior número
possível de eruditos do mundo inteiro , pois, através da divulgação

85
Evangelho do Céu Vol. III

desse livro e, ao m esmo tempo, da prática do Johrei, será


possível cu rar as doenças.

4.1.6 - Finalidade do Johrei

Não é apenas a cura das enfermidades. O es sencial consiste


em fortalecer a alma para que a selv ageria não mais a domine e,
como resultado, o ser h umano possa comprazer-se na prática das
boas aç ões. Dessa forma, deixará de lado a desonestidade ,
passando a usar a sua inteligência não apenas p ara vencer na
vida mas, principalmente, como uma forma de vivenciar virtudes e
assim contribuir p ara a felicidade do outro.

4.1.7 - Valor da fé

Em outras épocas, eu nunca me preocupava em ajudar


meu semelhante. Queria apenas vencer na vida. Entretanto, à
medida que fui aprimorando minha fé, pude compreender
profundamente as leis de Deus e, em conseqüência, mudei, de
maneira radical, o meu modo de pensar. A partir daí, nasc eu em
mim o desejo de beneficiar o próximo; por isso, sempre procurava
um jeito de levar as pessoas a se ntirem-se felizes, alegres,
satisfeitas. Como resuItado dessa minha mudança de atitude,
sucedera m-me acontecimentos extraordinários e o meu des tino
melhorou muitíssimo. O mais notável ainda é que toda essa
satisfação de vida aconteceu antes de eu me ter decidido dedicar
exclusivamente à re ligião.

Então, por sentir tamanha felicidade, achei que deveria


compartilhar com os meus semelhantes as experiências adquiridas
não apenas em relação à existência de Deus, mas também com
respeito ao amor que Ele devota às Suas criaturas. Dessa forma, fui
conduzido a um aprofundamento maior da mi nha fé através de
várias ocorrências, a partir daí. Ao mesmo tempo, Deus me revelou
claramente a gran de missão que deveria desempenhar. Agora

86
Evangelho do Céu Vol. III

estou trabalhando para concretizar meu objetivo por in termédio da


Messiânica.

4.1.8 - A separação e o julgamento

Permanece, de maneira muito natural, o pen samento de que


Deus vai aparecer neste mundo para julgar os homens. Tal idéia
não corresponde à verdade.

O que de fato vai haver é a separação entre os elementos


pertencentes à civilização da Noite e os próprios da Era do Dia. Tais
ocorrências abrange rão tanto o Mundo Material, contactado pelos
cinco sentidos, quanto o Mundo Espiritual. Na verdade, dar-se-á
uma renovação de acordo com a qual tudo que pertencia à Era da
Noite torna-se desnecessário e, por isso, será destruído para dar
lugar à civiliza ção da Era do Dia. Ocorrerá algo parecido com a ção
das lâmpadas. Quando irrompe a claridade, não mais precisam
ficar acessas.

4.1.9 - Eliminação das nuvens espirituais

Qualquer purificação obedece a leis divinas 23. Lssim, todos


aqueles cujas almas estiverem enco bertas por máculas terão,
forçosamente, de eliminá- las à medida que o Mundo Espiritual
comece a c larear. Tal processo implica sofrimento e, por out ro
lado, mostra a impossibilidade de a alma per tencer ao Mundo do
Dia, caso lhe falte a luz de Deus devido ao excesso de impureza.

4.1.10 - A realidade espiritual

Até agora, a humanidade em geral pouco entendeu das


verdades espirituais, em especial das pertinentes à alma, a
centelha divina presente no ser humano.

23
Ver Lei da Purificação, volume II, página 51

87
Evangelho do Céu Vol. III

Da mesma forma, as relações entre o mundo invisível e o


concreto também permanecem ainda adormecidas. Para
exemplificar, ontem (21 de maio ide 1951), encontrei-me com uma
pessoa que não via há tempo. Um pouco antes, viera-me à cabeça
a imagem dela. Na verdade, era o seu espírito que aparecia,
chegando a mim pelo fio espiritual. Este é um tipo de comunicação
ou contato sobre o qual a inda vou falar com mais detalhes. Trata-
se, na ver dade, de um relacionamento muito importante. Daí o
porquê de ser uma realidade espiritual cuja com preensão torna-se
indispensável a quem vai viver na Era do Dia.

4.1.11 - Ocorrência de intensas purificações

Quando as nuvens espirituais começarem a ser dissipadas


proporcionalmente ao aumento da claridade no mundo invisível, a
purificação virá sob a forma de muitas doenças que se
manifestarão ao mesmo tempo. Vai acontecer, então, de muitas
pessoas não resistirem e acabarem morrendo, pois serão ações
purificadoras violentas, acompanhadas de gran des sofrimentos;
poucos conseguirão ultrapassá-los. Tais ocorrências, é que, na
verdade, correspondem ao Juízo Final.

Daí a razão de eu estar incumbido pela infini ta misericórdia de


Deus de alertar a humanidade a respeito dos acontecimentos
relativos ao final dos tempos. Meu trabalho tem, portanto, o
objetivo de preparar para a salvação o maior número possível de
pessoas. Assim, poderão ser evitadas situações deveras trágicas.

Importante notar que, inclusive, muitos pro fetas já se


referiram a tais eventos, mas eu sou o executor do Plano de
Deus para a salvação da hu manidade. Fui enviado ao mundo
para lançar as linhas mestras do Reino do Céu na Terra. Creio não
ter existido antes, na História, alguém com tantas
responsabilidades. É certo, porém, que as profecias se
concretizarão quando minha tarefa for executada.

88
Evangelho do Céu Vol. III

Por outro lado, não me agrada muito anunciar


acontecimentos tão peculiares. Preciso, entretanto, divulgá-los
para que a maior parte possível da humanidade seja salva.

4.1.12 - Concretização do Juízo Final

Será um acontecimento semelhante ao que ocorreu nos


tempos de Noé.

Como vocês já sabem, Deus comunicou a Noé que


haveria um grande dilúvio e o incumbiu de salvar o maior número
possível de pessoas; m andou-lhe, para isso, construir uma arca.

Noé, então, seguindo as instruções de Deus, transmitiu a


todos o que lhe fora anunciado, mas n inguém lhe deu ouvidos.
Somente ele e sua famí lia obedeceram à determinação do
Criador. Logo em seguida, começou a chover e as águas caíram
durante quarenta dias e noites, tendo sido salvos ipenas os que
se encontravam protegidos dentro da arca 24. Os demais se
afogaram ou foram devorad os por animais ferozes.

Também no Japão, existe um relato sobre duas divindades


que remexeram o mar com suas espadas, dando origem a ilhas e
a diversos países. Essa história, tenho certeza, também ocorreu
na mesma época do dilúvio.

Quero lembrar-lhes ainda que o Apocalipse e diversas


outras profecias se referem ao batismo pela água praticado por
São João Batista. Desta vez, porém, a grande purificação, ou
Juízo Final, corresponderá ao batismo pelo fogo, em conseqüência
do aumento da intensidade da Luz tanto no Mundo Espiritual,
quanto no físico.

24
Dos que foram salvos na arca descendem, sobretudo, os ocid entais.

89
Evangelho do Céu Vol. III

4.2 - Luz do Oriente

4.2.1 - A profecia

Cerca de dois mil anos atrás, em alguma par te da Europa,


surgiu a expressão "Luz do Oriente" que, aos poucos, se espalhou
pelo mundo. Hoje é um enunciado corrente, mas o seu verdadeiro
sentido continua sendo um enigma.

O que significa "Luz do Oriente"?

Na verdade, é uma profecia sobre a minha vinda à Terra.


Vou ilustrar essa afirmação falando primeiramente do lugar do
meu nascimento e das minhas sucessivas mudanças de
residência. Nasci num lugarejo humilde chamado Hashibacho,
parte mais oriental de Assakussa, bairro localizado a leste de Tóquio,
capital do Japão, país que fica no extremo O riente do Globo
Terrestre. Quando eu tinha oito ano s, minha família começou a
mudar de cidade e o fez por dez vezes, sempre em direção ao
oeste.

Doravante buscarei, cada vez mais, o Ociden te; irei primeiro


à China e mais tarde chegarei à Europa.

4.2.2 - Nascimento de Nichiren

É interressante verificar que a maioria das cul turas existentes


até agora no Japão nasceu no oeste, de senvolveu-se e depois se
transferiu para o leste.

O mesmo ocorreu com as religiões: o Cristia nismo, o


Xintoísmo, o Budismo e suas ramificações n asceram no oeste e se
dirigiram para o leste. Por ser originariamente a finalidade do
Budismo (regid o pelo Deus Lunar), a salvação durante o período d o
mundo da noite, justifica-se o seu encaminham ento nessa direção.

90
Evangelho do Céu Vol. III

Mas, como o tempo da Transição da Noite p ara o Dia já


estava se aproximando, nasceu a leste um a única religião que se
chamou Nichiren 25. Esse acontecimento tem um sentido profundo,
explicado p elo fato de tudo acontecer antes no Mundo Espiritua l, o
que, na verdade, já ocorreu setecentos anos a trás, quando
surgiram os primeiros raios da aurora da Nova Era. Aqui está o
verdadeiro sentido do nascimento de Nichiren Shoonin e a razão
por que, após o seu aprimoramento, ele tomou a firme deci são de
divulgar o Sutra do Lótus Branco (Hooke Kyo).

Primeiramente Nichiren voltou a Abo, onde nasceu, escalou


o monte Kiyossumi 26, perto do mar, e rezou em voz alta Namu
horenguekyo ao nascer do Sol, voltado para o Leste. A partir de
então, passou a divulgar o poder e as graças do Sutra do Lótus
Branco e fundou uma escola de Budismo que existe até hoje. Essa
grande obra de Nichiren representou o lançamento da pedra
fundamental da Luz do Orien te e mostra que, embora o Mundo
Espiritual ainda estivesse na Era da Noite, o Sol emitira um
pequeno raio, antes mesmo de nascer. Foi um aconteci mento
invisível aos olhos humanos, mas deveras importante para o
mundo inteiro: um passo à frente no Grande Plano Divino.

4.2.3 - Ocorrência em Nokoguiri

Seis séculos após o aparecimento de Nichiren, eu,


acompanhado de outras trinta pessoas, escalei o monte Nokoguiri,
situado ao leste do Japão, como montanha irmã do monte
Kiyossumi, onde Nichiren esteve. Ali, ao nascer do Sol, rezei
Amatsu Norito.

Ocorreu, então, um fato misterioso sobre o qual ainda não


posso falar, embora seja um acontecimento que faz parte do plano
de Deus para o momento da Tran sição da Noite para o Dia.
25
Lê-se Nitiren
26
Meishu Sama falava Seicho porque lia o kanji conforme o som chinês. No Japão,
entretanto, o mesmo monte era chamado de Kiyossumi. Como não havia, antigamente,
letra, mas somente o som, conclui-se que o nome do monte é de fato Kiyossumi.

91
Evangelho do Céu Vol. III

4.2.4 - A cultura japonesa

Toda a cultura que inicialmente se desenvol veu no Japão


veio da China e da Coreia, regiões loc alizadas a oeste, em relação
ao território japonês; as sim aconteceu com o Budismo, o
Confucionismo, a medicina Kampoo. A única exceção foi a doutrina
Nichiren, que surgiu no leste. Mais recentemente, fo ram
importados valores culturais do Ocidente.

Entretanto, como se observa, apesar de quase toda cultura


japonesa ter tido sua origem no Oeste, não foi capaz de criar um
ambiente de felicidade e paz. Não se pode negar, contudo, que se
trata de uma civilização maravilhosa do ponto de vista mate rial,
embora em nada traga total tranqüilidade ao ser humano. Daí a
razão de eu continuar pensando que, da mesma forma como
progrediu a cultura material, será também possível conseguir, no
futuro, a tão sonhada paz.

Até agora, entretanto, as pessoas não manti veram


esperança alguma que brotasse realmente do fundo do coração. Ao
contrário, estão vivendo num clima de intranqüilidade interior
profunda. Mesmo assim, a maioria dos homens ainda se atém na
procura do verdadeiro caminho. Ao encontrá-lo, com certeza, vão
se colocar no centro da Luz do Oriente onde, de fato, se encontra o
ardoroso desejo de feli cidade tão intensamente buscado por todos os
seres humanos.

4.2.5 - A verdadeira cultura

Conforme já escrevi, até agora a cultura teve por base um


movimento contrário, ou seja, partiu do oeste e se encaminhou
para o leste. Entretanto, observando o comportamento da Grande
Natureza, vê-se que todos os fenômenos têm sua origem no leste,
dirigindo-se depois para o Oeste, num pro cesso permanente e
ininterrupto. Veja-se, como exemplo, o movimento do Sol e da Lua
que sempre giram nessa direção.

92
Evangelho do Céu Vol. III

Então, o constante aspecto comportamental da Grande


Natureza mostra claramente que o surgimento das civilizações no
leste corresponde à verdade eterna. Aceitar e seguir, portanto, esse
caminho constitui a maneira certa de adquirir a ver dadeira
felicidade.

Em síntese, simbolicamente, a água impura que correu do


oeste para o leste, uma vez purifica da, retornará para o oeste,
criando, dessa forma, um mundo cristalino.

4.3 - Verticalidade e horizontalidade

4.3.1 - Yin e yang

Todas os seres presentes no Universo se ma nifestam sob


dois aspectos distintos: yang que é verti cal e yin, horizontal.

Em síntese, pode-se dizer que Sol, fogo, Orie nte, espírito,


homem, Budismo, vermelho, montanha , dia correspondem à
verticalidade, enquanto Lua , água, Ocidente, corpo, mulher,
Cristianismo, branco , mar, noite estão ligados à idéia de
horizontal idade.

Como o Oriente é vertical, presta culto aos antepassados,


respeita os superiores, lega patrimô nio aos descendentes e mantém
um rigoroso sistema hierárquico. Já o Ocidente tem na união do casal
(marido e mulher) a base do amor ao próximo, o qual, a partir
deste ponto, se propaga sucessiva mente, numa expansão sempre
horizontal até atin gir toda a humanidade.

Do mesmo modo, em conseqüência da verti calidade, no


Oriente, o poder do homem é absolu to e a mulher a ele se submete,
bem ao contrário do Ocidente que, por ser horizontal, admite a
autoridade da mulher, razão de ambos os sexos terem direi tos iguais.

93
Evangelho do Céu Vol. III

Então, pelo exposto, pode-se concluir que, até hoje, o Oriente se


ateve à linha vertical e o Ocidente seguiu o caminho da
horizontalidade. Entretanto, uma e outra tendências apresentam
falhas. Vai chegar, porém, um dia em que deverá ocorrer o
cruzamento dessas duas linhas, a vertical e a horizontal,
determinando a fusão da espiritualidade oriental com o
materialismo ocidental. Como resultado desse entrelaçamento,
surgirá uma nova cultura, perfeita, completa, superior. Eis aqui
também o significado oculto da cruz, símbolo do Cristianismo, ou da
cruz gamada no Budismo.

4.3.2 - Espírito e matéria

A mesma id éia de interligação exemplificada pela cruz


explica também a formação do ser huma no, cujo espírito é vertical
e o corpo, horizontal. A união matéria / espírito gera uma energia
vital, ex pressa em japonês pelo vocábulo tikara (poder), for mado por
dois elementos distintos: ti e kara. A partícula ti significa sangue
e, ao mesmo tempo, espírito, ambos de cará ter vertical; kara tem o
significado de casca. Ainda em japonês, a idéia de corpo físico vem
expressa pela palavra karada, que tem na sua formação o termo
kara; portanto, o corpo físico assemelha-se a uma casca. Por isso,
quando a pes soa morre, o espírito (ti) se afasta e o sangue deixa
de circular; o corpo fica vazio e é denominado nakigara (naki =
nada; gara - corpo).

Há outra palavra japonesa bastante significa tiva: hito


(homem). No estudo oculto dos sons, hi corresponde a espírito, à
alma; to, a parar. Então, quando a partícula imaterial se liga ao
corpo, surge hito (homem). Assim, o conceito de ser humano
corresponderia à alma fixada (parada) na matéria.

A mesma id éia está no vocábulo kototama, em que koto


(palavra) contém a partícula to (parar); ma significa espírito. Logo,
kototama quer dizer, na v erdade, espírito que reside, permanece na
palavra.

94
Evangelho do Céu Vol. III

Voltando às considerações anteriores, relativas a ti e kara,


pode-se concluir que a postura ereta do homem vivo se deve à
verticalidade da circula ção sanguínea, como forma materializada
do espí rito. Este, contudo, no momento da morte, se afasta do
corpo, que então assume as suas características próprias e volta
à posição horizontal. Pelo mesmo motivo é que, em pé, o homem
sente calor, pois está absorvendo a energia do fogo, de natureza
vertical. Quando, porém, se deita, sente frio e precisa cobrir-se
porque, nessa posição, absorve mais a energia da água que flui
horizontalmente.

4.4 - Os símbolos: Sol e Lua

4.4.1 - Significado

Vou falar sobre o significado de Sol e Lua do ponto de vista


religioso. Como, porém, há nessas duas manifestações da
natureza um mistério muito grande, a explicação poderá parecer um
pouco for çada. Fiquem, portanto, bastante atentos.

No Japão, desde a Antigüidade, a esfera, a espada e o


espelho são objetos sacros. A esfera simboliza o Sol porque tem a
mesma forma dele. A espada, em formato de quarto minguante,
represen ta a Lua. O espelho, que é octogonal, corresponde à Terra,
evocando as oito direções: Norte, Sul; Leste, Oeste; Nordeste,
Noroeste; Sudeste e Sudoeste.

Quanto ao símbolo da Terra, não há necessi dade de maiores


explicações porque está bastante claro. Deter-me-ei, contudo, nos
objetos que repre sentam o Sol e a Lua, pois encerram um significado
bastante profundo.

A fim de a minha explanação tornar-se bem compreensível,


vou me apoiar nos fundamentos da religião Tenrikyo, fundada no
século XIX, por Nakayama. De acordo com essa doutrina, o termo
tsuki (Lua) significa empurrar, levar a golpe de bai oneta, digladiar.

95
Evangelho do Céu Vol. III

Por outro lado, o vocábulo hi (Sol) tem o mesmo sentido de hiku


(puxar, atrair, retroceder). É, a meu ver, uma interpretação muito
interessante porque, no mundo da noite, tudo se faz aos
empurrões, em grandes escalas, com muito sacrifício.

Até mesmo as guerras surgem para levar as nações a se


digladiarem e, quando acontecem coli sões, acidentes ou qualquer
outro revés, as pessoas se desentendem, gerando contendas
intermináveis. Além disso, antigamente havia lutas cujo
instrumento de combate era a espada (tsurugui). Desse mesmo
vocábulo japonês, origina-se uma outra palavra de som idêntico na
raiz, embora com grafia diferente: tsukisusumu, que significa
"atacar avanç ando" e é sinônimo de tsuki (Lua), expressão do
Mundo da noite.

Por outro lado, os termos hiki e hiku têm o sentido de atrair,


retroceder, curvar-se, perder; exa tamente o contrário de tsuki (Lua).
Por isso, "atrair" corresponde a uma operação da Era do Dia, como
também "perder", que representa a humildade. De modo
semelhante, retroceder, curvar-se equivale a uma atitude de
dignidade, porque impede discór dias e elimina motivos de conflito,
criando condições para o surgimento de um mundo harmonioso.
Pela mesma razão, posso afirmar ser muito provei toso passar por um
kaseiwohiku, ou seja, apanhar um resfriado, pegar uma gripe, pois
é uma forma de puxar as toxinas do organismo.

De outra parte, torna-se fundamental cada um ter


consciência do significado da Messiânica, de essência solar, quer
dizer, sua principal atividade consiste em promover a ação do
espírito do fogo.

Então, todos devem agir de modo a despertar o maior


número possível de pessoas, tornando-se esféricos como o Sol, ou
seja, plenos de harmonia, serenidade e alegria. Dessa forma, será
atingido o objetivo da Messiânica: a criação de um mundo isento
de doenças, pobreza e conflitos.

96
Evangelho do Céu Vol. III

4.4.2 - Associação juvenil Tenrikyo

Os jovens da Tenrikyo mantêm uma associa ção


denominada Tsuki-hi (Clube da Lua e Sol). Certa vez, lhes sugeri
que a chamassem de Jitsu Guetsu (Sol e Lua) seguindo a ordem
lógica. Não entende ram a minha colocação e, durante algum
tempo, curiosos, indagavam a respeito do porquê de eu ter falado
sobre uma mudança na ordem do nome da associação.

De fato, a minha sugestão se fundamentava no seguinte: o


kototama de tsu-ki (Lua) é igual a tsu-ru-gui (espada) que ao ser
abreviado fica tsu-ki. Então, espa da e Lua têm o mesmo som, são a
mesma coisa. Além do mais, a espada tem ainda a forma de uma
meia-lua. Talvez por isso, ainda hoje, a Tenrikyo ameaça os
membros dizendo que morrerá toda a família, se algum deles se
afastar da fé. Simbolica mente, essa atitude corresponde à espada
da língua coagindo e impondo a permanência na igreja pela
intimidação. É um comportamento típico da Era da Noite e de uma
fé lunar.

De outra parte, o Mundo do Dia, regido pelo Sol (hi), está


ligado a hiku (atrair). De acordo com esse princípio, as pessoas
serão conduzidas a parti cipar da Messiânica sem ameaça alguma;
esponta neamente se reunirão chamadas pela força de hiku
(poder de atração). Nesse momento, como sempre falo, todas
viverão o izunome — a união dos dois la dos: Sol e Lua. É também
exatamente por isso que passei a chamar-me Meishu (Sol e Lua) 27.

4.5 - Presença da Messiânica

4.5.1 - Princípios

A Messiânica não é simplesmente uma reli gião. Na verdade,


possui uma parte mística, mas não se restringe só a esse
aspecto. Seu principal o bjetivo resume-se na salvação da
27
A explicação está na página 222.

97
Evangelho do Céu Vol. III

humanidade, es tando, por isso, fundamentada em princípios que


visam a criar felicidade. Exerce, pois, uma tarefa sem precedentes
na história mundial.

Para entendê-la melhor, basta pensar um pou co no


desenvolvimento da civilização. Desde tempos imemoráveis, têm
aparecido na raça humana perso nalidades altamente capazes que
jamais mediram esforços para colocar em prática idéias grandiosas
em benefício do progresso. Foi assim estabelecida uma civilização
brilhante, cujos valores deveriam tocar fundo no coração dos
homens, enchendo-os de gratidão. Estranhamente, porém, não é
o que ocorre, pois o desenvolvimento atual não traz feli cidade e o
ser humano continua vivendo em meio a angústias incalculáveis.
Nem precisaria, portanto, dizer: há lacunas profundas em pontos da
civilização hodierna.

Essas falhas é que me foram reveladas por Deus. Onde


reside então o erro? Exatamente na ig norância do lado espiritual. A
parte material flores ceu, mas representa apenas a metade. A outra
foi ignorada por completo.

Tudo, entretanto, tem a sua razão de ser . De acordo com o


Plano de Deus, para que a cultura material pudesse desenvolver-
se, foi preciso, du rante algum tempo, obstruir a cultura espiritual.
Agora, porém, que o materialismo atingiu o nível previsto no Plano
Divino, Deus permitirá à espiri tualidade dar, de uma só vez, um
grande salto a fim de acompanhar, par e passo, a cultura material.
Assim ambas, interdependentes, criarão o verdadeiro mundo
civilizado.

4.5.2 - Uma nova interpretação

Na Messiânica são observadas diferenças mar cantes. Não se


trata, porém, de normas estabelecidas há milhares de anos. Além
de ser uma orientação nova, procura apontar as falhas dos demais
preceitos religiosos até agora existentes. São, inclusive, princípios

98
Evangelho do Céu Vol. III

que não ficam alheios ao desenvolvimen to da vida no Planeta. Sob


este aspecto, ao contrário dos outros credos, a Messiânica
preocupa-se com o progresso da humanidade em todos os campos.
Para isso, incentiva a dedicação à Agricultura da Grande Natureza,
à jardinagem, à arquitetura, ao canto, à música, à dança, à pintura,
à escultura, ao teatro, ao cinema, às ciências em geral, enfim a
todas as for mas de expressão da cultura humana.

Portanto, embora a Messiânica tenha caráter religioso, este


constitui apenas uma das partes a serem consideradas. Em outras
palavras, é um conhecimento que abrange todos os aspectos da
evolução do Universo e tem como objetivo criar uma civilização
verdadeiramente celestial, livre de sofrimentos e conflitos.
Representa, pois, um poder inovador geral que, uma vez bem
compreendido, p ossibilitará a cada um dos seguidores fazer outros
cem, colaborando dessa forma na propagação de verdades
eternas.

4.5.3 - Explicações de Meishu Sama sobre a doutrina

Sempre ouço falarem que na Messiânica não existe doutrina.


Tal comentário advém do fato de as pessoas a entenderem apenas
como uma religião igual às demais existentes. Na verdade, ela
não se constitui somente um credo; por isso, torna-se des necessário
estabelecer normas de conduta ou regu lamentos a serem seguidos.

Em primeiro lugar, a própria palavra "Dou trina" não engloba


a ideia exata daquilo que real mente pretendo. A Messiânica vai
além dos simples preceitos ensinados até agora pelas outras
religiões. Estas, embora possuindo teorias bem elaboradas, não
foram capazes de transformar as condições de vida do ser
humano. Daí a razão de os sofrimentos continuarem.

Ultimamente, o jornal Shizuoka Mimpo começou a escrever


alguns artigos falando a respeito do meu trabalho. Num deles, o
autor lembra algo muito interessante: quando jovem, discutia, numa

99
Evangelho do Céu Vol. III

reunião de estudos sobre a Bíblia católica, a respeito de mi lagres,


nos quais não conseguia acreditar. Apagou, então, todas as
referências feitas a eles. Tornou a ler a Bíblia e percebeu que não
era mais um livro reli gioso, mas apenas um compêndio de moral.
Perdeu assim completamente o interesse pelo estudo que vinha
fazendo.

Achei o fato em questão muito bem colocado. Explicando-o


melhor, quer dizer que, se a religião transmitir somente princípios
doutrinários, torna-se um tratado de moral. Na sua essência, deve
existir, portanto, além da moral, algo misterioso, funda mentado
nos milagres. Quanto maior for o núme ro deles, tanto mais valor terá
a religião. É, contudo, um aspecto bastante delicado e difícil de ser
compreendido em profundidade.

Analisando com mais detalhes as posturas das diversas


religiões existentes no Planeta, percebe-se que são semelhantes às
atitudes correntes nos meios sociais de elaborar códigos de leis para
manter a ordem e impedir o surgimento de criminosos, através da
imposição de penalidades. Exatamente assim fazem as doutrinas
religiosas. Impõem proce dimentos através de cláusulas
determinantes do que pode, ou não, ser praticado.

Todas as imposições legais foram iniciadas com os Dez


Mandamentos de Moisés. São eles as pri meiras determinações em
forma de leis prescreven do o que as pessoas deviam fazer, sob
pena de serem castigadas, caso houvesse transgressão.

Por outro lado, as penalidades impostas pelas leis de caráter


religioso estão ligadas à parte espiritual ; não se trata, portanto, de
castigos físicos. Por exemplo, a Bíblia diz que, só pelo fato de pensar
em outr a mulher, já se está cometendo adultério. Quer dize r, então:
qualquer um que tenha pensamentos de t raição estará sendo
submetido a uma espécie de tort ura espiritual. Não pretendo,
entretanto, incen tivar a prática de atos perversos. Desejo apenas
opinar que ninguém deve deixar de praticar maldad es por medo de

100
Evangelho do Céu Vol. III

castigo. Se agir assim, estará ten do uma atitude semelhante à de


quem se sacrifica p ara não tomar bebidas alcoólicas por as
considerar veneno. O certo, neste caso, é apenas não as ing erir
por uma decisão pessoal consciente, sem t er conseqüência
alguma.

Fica bastante claro, portanto, que as religiões regidas por


normas preestabelecidas ainda se encon tram num plano bem
inferior. As crenças de ca ráter superior não precisam de
mandamentos. Os eus adeptos abandonam os hábitos insensatos
simplesmente porque querem, desejam seguir o caminho do bem.

Na verdade, quem comete erros gosta de per manecer no


nível das iniqüidades. Os desonestos, por exemplo, sentem-se bem
na prática da corrup ção. A eles é mais agradável ganhar dinheiro
de formas ilícitas, na clandestinidade. Além de não serem
pessoas verdadeiras, vivem espiritualmente num plano infernal.
Possuem ainda uma natureza animal bastante acentuada e, por
isso, têm muito pouco sentimento humano puro. Daí tornarem-se
perigosos e precisarem ser regidos por leis. Mesmo assim, apesar
de estarem numa jaula, a quebram sem receio algum. Se fossem
bons jamais agiriam dessa forma e, portanto, não necessitariam de
regulamentos.

Falando claramente, os corruptos, bem como os que pautam


sua vida pelo orgulho, tais como políticos, eruditos e todos
aqueles que se compra zem nas perversidades, do ponto de vista
espiritual, se encontram num plano bem inferior. Uma alma pura,
nobre não pratica nada errado. Nunca vai precisar de leis ou
temer castigos. Simplesmente não vê prazer nos atos maldosos,
mas usufrui de imensa alegria promovendo o bem, fazendo os
outros felizes. Portanto, mesmo não sendo vigiados, nada fazem
de errado: de fato, uma alma digna, em momento algum, se
preocupa com penalidades.

101
Evangelho do Céu Vol. III

4.5.4 - Objetivo principal da Messiânica

O objetivo principal da Messiânica sempre foi criar o homem


verdadeiro. Naturalmente, tor na-se quase impossível gerar, de
imediato, seres tão maravilhosos. Faz-se ainda necessária a
existência de alguns princípios doutrinários, mas a meta
primordial está além, num nível superior. Daí o motivo de eu falar
que a Messiânica não é apenas uma religião.

Como até agora não apareceu outro movi mento tão


extraordinário visando ao bem da humada de inteira, fica difícil
fazer com que todos entendam o verdadeiro objetivo da
Messiânica, mesmo na eficácia do Johrei, como um método d e cura
integral das doenças, as pessoas acreditam . Embora diante de
resultados evidentes, a ma ioria quer entendê-los apenas através
da lógica, us ando, portanto, um método inferior de interpretação
da verdade. Não conseguem admitir que fatos são superiores. De
outra parte, os intelectuais, em vez de pesquisarem, simplesmente
negam, porqu e não encontram explicações coerentes com a sua
maneira de pensar. Daí surgirem grandes obstáculos impedindo a
aceitação plena do Johrei. Quando, porém, for entendido de
verdade, ninguém vai conse guir abandoná-lo e o principal objetivo
messiânico será então compreendido por todos.

4.6 - Missão da Messiânica

4.6.1 - Concretização do Reino do Céu na Terra

Agora já está bem próximo o momento da criação da nova


cultura. Torna-se, pois, necessário o conhecimento
pormenorizado de toda a grandiosi dade do Plano Divino para a Era
do Dia. Uma vez q ue, para concretizá-lo, Deus vai usar o ser
humano, fica muito evidente a razão do surgimento da
Messiânica e de eu ter recebido a incumbência de s er o executor
de tão grandiosa obra, cujo objetivo visa ao estabelecimento na
Terra do Reino do Céu.

102
Evangelho do Céu Vol. III

Por esse motivo , a cada instante, o Criador me reve la


detalhes, e eu os vou executando conforme os Seus desígnios.
Assim é que, da cultura atual, fica rão apenas os elementos úteis à
nova vida; alguns deles terão de passar por transformações. Todos
os demais causadores de maldades vão sofrer impla cável
extermínio. Esses acontecimentos correspon derão, portanto, a
situações terríveis e, ao mesmo tempo, contraditoriamente
maravilhosas. Será o momento muito especial de demonstração
clara do infinito amor de Deus por todas as criaturas que vivem de
acordo com a Sua Vontade.

Nenhum outro é, pois, o objetivo fundamen tal da Messiânica,


a não ser a criação do Reino do Céu na Terra. Para tanto, cada ser
humano precisa ser transformado, tornando-se assim apto a viver
num plano ideal. No momento em que a humani dade inteira atingir
essa qualificação, será concreti zado aquele mundo de Verdade,
Virtude e Beleza, isento de doenças, misérias e conflitos, cujos
alicerces estão propostos nos Ensinamentos a mim reve lados por
Deus.

4.6.2 - A verdade através dos Ensinamentos

Ao serem anunciados os Ensinamentos como revelação


direta de Deus Criador, os materialistas os atacam e os rejeitam.
Não deixo, porém, de dar razão a eles, pois, durante séculos, a
humanidade só teve experiências culturais, ora fundamentadas
no espiritual, ora no material. Fica difícil, por isso, ac eitar, de
imediato, uma Nova Cultura que não se incl ina para nenhum dos
dois lados.

De outra parte, o ser humano ainda se depa ra com uma


situação de dualidade. De um lado, há aqueles que criticam os
materialistas, colocando-os n a condição inferior, por acreditarem ser
a busca da satisfação espiritual uma atitude mais elevada; jí
contentarem-se apenas com dogmas e teorias e laborados
intelectualmente por meio de palavras d ifíceis. Tal postura religiosa,

103
Evangelho do Céu Vol. III

entretanto, não possibi litou até hoje a salvação da humanidade;


ainda pe rmanece no plano teórico, distante da prática.

Por outro lado, os materialistas, voltados ape nas para o


concreto, não acreditam no invisível e afirmam ser superstição
tudo o que foge ao plano fí sico. Negam, por isso, a existência de
Deus. Assim v ivem as maiorias dominantes. Os políticos do Ja pão,
por exemplo, quando entram em contato com a Messiânica, julgam-
na extremamente supersticio sa e lançam críticas através da
imprensa falada e escrita. Há, inclusive, alguns grupos que
proíbem as pessoas de se aproximarem de nós. Por sua vez, o
povo, enganado, não consegue compreender a verdade por nós
divulgada; fica receoso e não faz referência alguma à Messiânica.

Então, observando mais atentamente os fatos, podemos


perceber que a maioria dos intelectuais, em bora sem querer, impede a
criação da nova cultura.

Essa mesma atitude está presente tanto no Oriente quanto


no Ocidente. Que o digam todos os precur sores de idéias
revolucionárias!

Interessante notar também o aparecimento de algumas


teorias um pouco acima do nível da época. Se tiverem por base os
conceitos da cultura atual, são sempre bem aceitas, aplaudidas e
elogiadas; para completar, os autores de tais princípios recebem,
muitas vezes, até o prêmio Nobel. No entanto, quando se propõem
preceitos altamente inovadores suge rindo mudanças nas posturas
preestabelecidas, seus autores são vítimas de perseguições e
ataques cruéis, chegando, muitas vezes, a fatalidades irreversíveis.
Foi o que aconteceu com Jesus, Sócrates, Galileu, Copérnico,
Lutero, além de outros.

Imaginem, então, os Ensinamentos da Mes siânica! São


conceitos bem mais revolucionários que os dos meus
predecessores. Estão dois séculos à frente dos conhecimentos

104
Evangelho do Céu Vol. III

vigentes. Por isso, quem os ouve pela primeira vez, se estiver


dominado pela cultura atual, fica boquiaberto e nem tenta verificar a
possibilidade de serem verdadeiros; de imediato, já os coloca no
campo da superstição. Entretanto, apesar das críticas adversas,
acrescidas da opressão das autoridades e de inúmeros caminhos
espinho sos, a construção do Reino do Céu na Terra progride além
das expectativas. Poderá haver fundamentação maior que essa
para sua veracidade?

Daí também a razão de eu afirmar, sem a menor sombra


de dúvida, que as ocorrências dentro d a Messiânica não podem ser
facilmente entendidas e aceitas pela mera lógica humana. Como
explicar, por exemplo, o fato de uma pessoa absolutam ente comum,
ao se tornar mamehito , ser capaz de o perar verdadeiros milagres,
tal qual os grandes mest res registrados pela história da
humanidade? Além disso, a verdade que divulgo desperta a alma,
dá sentido à vida, tornando-a mais feliz.

Ao conhecer os Ensinamentos a mim revela dos por Deus,


qualquer pessoa consegue transformar o seu cotidiano e passa a
ter alegria no coração, ta mbém, por vislumbrar um futuro mais
promissor, adquire tranqüilidade e paz verdadeiras. Inclusi ve,
com o passar do tempo, até a aparência física se torna melhor; o
rosto passa a transmitir a beleza d ivina pelo fato de ter ocorrido
uma intensa purific ação do sangue que, por sua vez, determinou
o fortalecimento da saúde. Acontece inclusive uma melhora da
personalidade, pois a pessoa se torna virtuosa, desaparecem-lhe
as preocupações; sua credibilidade aumenta e ela passa a agir
como um autêntico habitante do Mundo Divino.

4.6.3 - Valorização da espiritualidade

Para que o Reino do Céu possa ser estabeleci do na Terra, a


Messiânica deve cumprir a missão de promover o desenvolvimento
da espiritualidade, em todos os aspectos da vida terrena. É

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Evangelho do Céu Vol. III

impossível, por isso, compará-la, sob qualquer ponto de vista, a


outras doutrinas estabelecidas.

Então, a partir de agora, torna-se fundamen tal despertar os


homens para o poder de Deus sobre todas as criaturas, princípio
esse, por longo tempo, adormecido. Não se trata, contudo, de um
trabalho fácil porque a maioria dos povos civilizados, tendo a alma
fascinada pela ciência, negligenciou a existência de Deus. Daí ser
necessária uma força supra- humana para sacudir as mentes e os
corações. A esse prodígio renovador eu chamo de milagres. São
ocorrências comuns na fé messiânica e operadas pelo poder absoluto
de Deus Supremo, que realiza trans formações extraordinárias nos
seres humanos, fazen do-os ingressar numa nova era de
prosperidade.

Como conseqüência do desenvolvimento da cultura


espiritual, surgirão as soluções para os erros do materialismo. Ao
mesmo tempo, serão resolvi dos também os três grandes
infortúnios humanos — doença, miséria e conflito. A partir daí,
concreti zar-se-á o mundo verdadeiramente civilizado, o Reino do
Céu na Terra.

4.6.4 - Criação da cultura do "Meio"

A solução dos sérios problemas que estão afetando a


vivência no Planeta deveria ser a preocu pação mais urgente do ser
humano nos dias de hoje. É preciso reconhecer os erros do
passado, a fim de que seja iniciada a cultura do "Meio", constituíd a
por uma nova forma de desenvolvimento no qual matéria e espírito
formarão um todo sem inclinar-se para nenhuma das partes.
Somente através de uma civilização diferente, apoiada tanto no
progres so material quanto no espiritual, é que poderá ser
estabelecido o Reino do Céu na Terra.

Atualmente o mundo já se encontra na fase de transição.


Vai, por isso, haver mudanças muito pro fundas, nunca antes

106
Evangelho do Céu Vol. III

ocorridas na história da hum anidade. Naturalmente que não há


condições de vislumbrar, pela razão humana, como será essa
nova Era. Todas as transformações serão realizadas po r Deus
Supremo, cujo poder absoluto é reconheci do, em cada povo, por
diferentes nomes, tais co mo, Jeová, Messias, Salvador do Mundo,
Segund a Vinda de Cristo.

Em qualquer circunstância, entretanto, o ob jetivo de Deus


Supremo continua sendo a criação d o mundo ideal, pleno de
Verdade, Virtude e Bele za. E para concretizar o Seu plano, o
Criador vem preparando todas as condições até que o tempo
adequado se faça presente.

Por sua vez, a humanidade precisa reconhe cer que o


momento já está chegando; cada pessoa deve, portanto, começar
uma revolução dentro de si mesma.

Para termos certeza de que o tempo esperado por Deus se


aproxima, basta observarmos os avanços da civilização materialista
no campo da comunica ção e dos transportes, determinando o
encurtamen to de distâncias, a eliminação de fronteiras, a
integração entre os habitantes do mundo inteiro. Tais fatos
indicam a necessidade de antes ser estabelecida total
aproximação entre os povos, para depois tornar-se possível a Deus
Supremo transmitir, de maneira transparente e universal, a idéia
realmente verdadeira do Reino do Céu na Terra.

4.7 - Cultivo da sabedoria divina

4.7.1 - Ausência de dogmas

Abraçar uma religião diferente da anterior mente professada


representa sempre, em maior ou menor escala, um motivo de
aflição para muitas pessoas. Aliviar a angústia de quem se
converte constitui, portanto, uma parte importante do trabalho de
salvação.

107
Evangelho do Céu Vol. III

Uma análise minuciosa revela-nos onde se encontra o


ponto focal dessa intranq üilidade: nos inflexíveis dogmas de
certas religiões proibindo seus adeptos de se interessar por
outras crenças.

Tenho explicado freq üentemente que todos os preceitos


religiosos têm uma parte shojo e outra daijo. Shojo é fogo, pertence
à linha vertical e atribui grande importância aos dogmas; por isso,
gera inquietação. Daijo, ao contrário, é água, horizontal e salienta
o princípio da liberdade, sem atribulação alguma porque, em
qualquer circunstância, a busca será sempre o Supremo Deus, seja
Ele denominado Jeov á, Tao, Buda ou Alá. À vista disso, no decurso
dos tempos, Deus enviou para cada povo ou doutrina religiosa
representantes especiais: Cristo, Gau tama, Maomé e outros
sábios iluminados. Cada um deles possuía um grau específico de
espiritual idade. A essência de todos os ensinamentos difundid os
por esses mestres, entretanto, é sempre a me sma.

De outra parte, os seres humanos apresentam níveis


diversos de evolução e, por isso, cada pessoa ac eita uma crença de
acordo com o seu estágio de apri moramento. Por conseguinte, há
algumas que podem satisfazer-se com doutrinas ou
ensinam entos de grande profundidade. Outras, contudo,
necessitam de algo mais popular, cujos rituais inc luam danças e
cantos acompanhados de tambores de algum instrumento musical.
Inclusive no que c oncerne a gostos, tradições e culturas, observam-
se diferenças marcantes de povo para povo.

Um homem de fé shojo comete, portanto, grande erro ao criar


limitações que o escravizam e acarre tam-lhe sofrimentos
desnecessários. Além do mais, semelhante atitude reduz ao extremo
a sua capacida de de perceber o incomensurável amor de Deus.

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Evangelho do Céu Vol. III

4.7.2 - Universalidade da fé

Nota-se atualmente, na maioria das religiões , uma


acentuada tendência shojo. Quase todas elas apresentam
imperfeições, maiores ou menores, que as impedem de manifestar
ao mundo o grande amor do Pai Supremo. Não há, de fato, uma fé
inteiramente daijo. Se existisse, os sofrimentos da huma nidade já
teriam sido eliminados e o Reino do Céu estaria presente na Terra.
Neste aspecto, encontra- se também uma das causas dos
incessantes atritos entre idéias religiosas diferentes. Essas
divergências provocaram, especialmente na época medieval e
renascentista, guerras absurdas e ainda hoje geram disputas
intermináveis entre as várias facções de um mesmo credo.

A partir da constatação de tantos conflitos re ligiosos, pode-se


concluir como são terríveis os con ceitos de uma fé shojo. Daí a razão
de, na Messiânica, antepor-se a visão daijo. Não há preceitos, nem
restrições ou coação de espécie alguma. São princípios voltados a
um plano universalista que abarcam toda a humanidade.
Absolutamente livres, não impedem seus adeptos de conhecer
outras crenças. Os mem bros gozam de plena autonomia para
estudar as de mais religiões. Caso encontrem alguma que julguem
superior, podem a ela converter-se sem receio. Por outro lado, se
alguém entre aqueles que haviam abandonado os ensinamentos
messiânicos quiser retornar, poderá fazê-lo a qualquer momento.
Será recebido com muito amor e dignidade.

Atitude religiosa verdadeira é, portanto, a que permite o


surgimento de uma fé pura, espontâ nea, sem amarras ou
imposições, advinda do fundo do coração. Incutir idéias de que
conversão constitui pecado significa impor um comportamento por
meio de ameaças à consciência de liberdade. Tal ira religiosa não
é autêntica, nem corresponde à von tade de Deus. Exatamente por
esse motivo a Me ssiânica coloca em destaque o princípio daijo.

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Evangelho do Céu Vol. III

4.7.3 - Discernimento no agir

Embora alguém me advirta sobre as atitudes maldosas de


determinadas pessoas e me aconselhe a tomar cuidado, não me
afasto delas. Continuo uti lizando-me do seu trabalho porque, de
um ponto de vista mais amplo, elas estão desempenhando uma
missão importante.

Nos ensinamentos da religião Oomoto, en cntram-se


referências ao "Grande Teatro dos Três Reinos", ou seja, ao inter-
relacionamento dos mundo s divino, espiritual e material. É
realmente algo m uito interessante, pois, nas verdadeiras tramas
dramáticas, sempre há personagens boas sendo ví timas das
mesquinharias, simbolizando a luta cons tante entre o Bem e o Mal.

Sob esse prisma, pode-se perceber, na Messiâ nica, a


existência de pessoas agindo exatamente como os vilões do teatro.
Embora julguem estar aju dando as demais, na verdade fazem o
contrário: devido à falta de sabedoria, tomam atitudes desca bidas,
na suposição de estarem trabalhando para a Obra Divina.

Convém, portanto, que todos aprimorem cons tantemente a


alma a fim de terem condições de agir com discernimento.

Algumas explicações mais detalhadas ajuda rão a


compreender melhor o sentido profundo des sas verdades. Por
exemplo, quando duas pessoas discutem, faz parte da trama
teatral o fato de ambas poderem estar com a razão. Daí o motivo
pelo qual nunca se deve definir comportamentos sob o ponto de
vista do Bem ou do Mal. Atitude pior ainda con siste em dizer que
alguém está dominado por um jashin. Jamais deveria sair da boca
de um membro tal informação. Muitas vezes, essas entidades
negativas são utilizadas por Deus para realizar algum trabalho
indispensável à salvação da humanidade. Em qualquer
circunstância, o mais importante de tudo é que ninguém se torne
um jashin.

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Evangelho do Céu Vol. III

4.7.4 - Não-interferência no Plano de Deus

Como já falei e escrevi muitas vezes, estará invadindo o


terreno pertencente a Deus quem dis ser estar determinada pessoa
possuída por um espí rito maligno. Além disso, constitui blasfêmia
tentar colocar-se numa posição superior à divina.

A partir dessas constatações, posso declarar sem erro: estará


realmente dominada por um jashin a pessoa que fizer comentários
maldosos a respeito de outra.

De fato, nenhum ser humano tem possibilida de de saber se o


seu semelhante está ou não vivendo sob o domínio de uma
entidade negativa. Às vezes, trata-se apenas do encosto de um
espírito animal necessário ao trabalho divino, o qual será
eliminado pelo próprio Deus, assim que tiver cumpr ido a sua
missão.

Muito difícil, portanto, determinar quem é bom ou mau.


Pode-se até pensar que alguém tenha encosto de um jashin, mas
tecer comentários a resp eito, afirmando estarem determinadas
pessoas po ssuídas por espíritos malignos, constitui um grand e erro,
um enorme pecado.

4.7.5 - Sujeição total à vontade de Deus

Kannagara Tamatihae Masse. Através desta frase,


fazemos uma oração especial em que prome temos cumprir a
vontade de Deus, obedecendo-lhe as ordens (Kannagara); pedimos
também o fortaleci mento e a ampliação da nossa alma (Tamatihae
masse).

Esse pequeno trecho contém, na verdade, a essência da


Amatsu Norito. Então, em momentos de urgência ou em horas de
grande perigo, pode-se rezar somente essa parte, curta e rápida.
Muitos be nefícios traz também repetidas várias vezes durante o dia.

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Evangelho do Céu Vol. III

É uma maneira de estarmos pedindo que a Luz de Deus nos


envolva e, assim, a nossa alma se amplie.

Parece incrível, mas poucas pessoas têm id éia de que


muitas vezes a alma fica pequena, não conse gue expandir-se por
estar envolta em nuvens espes sas. Somente depois de serem
eliminadas, haverá a possibilidade de ampliação da nossa centelha
divina, bem como do surgimento de condições especiais para que
a aura de cada um de nós se torne mais compacta. Dessa forma,
fica também muito fácil vi vermos de acordo com a vontade de
Deus.

4.7.6 - Grau de Kenshinjitsu

4.7.6.1 - Para os líderes

Estou tentando fazer os membros e, de modo especial, os


líderes entenderem que o objetivo da fé consiste em alcançar, o mais
rápido possível, o grau de Kenshinjitsu, pois, para quem atingiu este
nível, os acontecimentos se tornam muito claros. Passa a ser um
estado semelhante ao de alguém que, estan do num ponto bem alto,
consegue enxergar ampla mente tudo ao seu redor e também nos
lugares mais baixos.

Quando alguém chega, então, ao grau de Kenshinjitsu


entende o aspecto verdadeiro da vida e começa a compreender os
mistérios de Deus. Sen do, porém, quase impossível atingir
plenamente esse estado, já deu um grande passo quem dele se
aproximar.

Mesmo Sakiyamuni e Cristo, nascidos na Era da Noite,


chegaram apenas ao nível médio. Pelo fato de viverem num
período de escuridão, não lhes foi permitido por Deus conhecer o
grau superior de Kenshinjitsu.

112
Evangelho do Céu Vol. III

Mas agora que está próxima a Era do Dia, devem todos os


mamehito, em especial, os reverendos e ministros, responsáveis
mais diretos pela propagação da Messiânica, esforçar-se para obter,
pelo men os, o primeiro grau de Kenshinjitsu.

Conforme já expliquei através do exemplo da pirâmide, o


nível superior de Kenshinjitsu correspo nde ao ponto máximo. Para
atingi-lo, todos pas am por diversos estágios, como acontece com
os conhecimentos científicos adquiridos também a p artir de
categorias inferiores, médias e superiores; h á, porém, uma
diferença: as verdades que estou en sinando constituem uma
ciência mais profunda, mais elevada, diferente da atual, passível de
crítica, pelo fato de ainda se encontrar num plano inferior.

4.7.6.2 - Para a humanidade em geral

Quando for estabelecido na Terra o Reino de Deus — o


Mundo de Miroku — quase toda a huma nidade chegará ao estado
de Kenshinjitsu. Nesse instante, então, todos os homens,
evoluindo passo a passo, alcançarão a parte superior da pirâmide.
Compreenderão, inclusive, o motivo de não terem enxergado
quase nada quando estavam no chão. Assim, conhecendo a
verdade vão concluir também que praticar o mal não vale a pena.

4.8 - Soonen

4.8.1 - Soonen e Reino Divino

Para que o Reino de Deus se estabeleça na Ter ra, precisa ser


primeiro criado dentro de nós mesmos. Jamais será possível fazê-lo
surgir externamente, de um momento para outro, devido a inúmeras
circunstâncias impostas pela vida neste mundo ou mesmo por causa
de problemas familiares.

O nosso coração, entretanto, não depende de ninguém. É


nele, então, que se encontra a semente original para o

113
Evangelho do Céu Vol. III

estabelecimento do Reino do Céu na Terra. Será, portanto, a partir de


cada um dos cora ções humanos, construído inicialmente na família;
depois, como resultado, no país e, mais tarde, no mundo todo.

Insisto, por isso: em primeiro lugar, antes de tudo, cada ser


humano deverá criar no próprio co ração o Reino de Deus.

5 - A anterior Era do Dia

5.1 - O antigo mundo divino

Na Antigüidade, já houve uma época em que o ser humano


possuía qualificação divina. Pode esse período ser chamado de a
anterior Era do Dia, uma realidade bem definida, formada por
seres com alto grau de evolução espiritual. Quem gover nava esse
Mundo Divino era Kunitokotachi no Mik oto, um Deus
extremamente justo, que adotou a linha de orientação política
segundo a qual não era permitido erro algum.

Diante de tamanha rigidez na forma de go vernar de


Kunitokotachi, milhões de outros deuses co meçaram a se revoltar,
planejando aprisioná-Lo, su irgiu, em conseqüência, um intenso
movimento de oposição que passou a manifestar a insatisfação
incontida de todas as divindades, as quais diziam não estar mais
suportando tanta rigorosidade. Ess as vozes divinas juntaram-se às
do povo em geral, fo rmando-se, assim, uma opinião pública coesa
que passou a imperar no mundo dessa época, dominado pela
influência de Amawakahiko no Kami, espe cialmente uma grande
área centralizada no Japão.

5.2 - Idéia de Deus

Quero ressaltar também que, na anterior Era do Dia,


quando se falava de deuses, a referência estava voltada aos
seres humanos, possuidores, nessa época, de espírito altamente
desenvolvido. Com o passar do tempo, porém, durante longos

114
Evangelho do Céu Vol. III

anos, foram acumulando impurezas no corpo físico e máculas no


espírito. Dessa forma, ao findar a an terior Era do Dia, as pessoas
tinham caído num ní vel espiritual bem baixo e passaram a viver
uma nova Era da Noite 28.

28
Na verdade, corresponde a este período no qual estamos vi vendo.

115
Evangelho do Céu Vol. III

CAPÍULO IV - SENSIBILIDADE ARTÍSTICA LIGADA À


ESPIRITUALIDADE

1 - A missão da arte

Todas as obras da criação de Deus visam ao bem da


humanidade. Exercem, por isso, uma missão celestial.
Naturalmente, a arte não constitui exc eção. Daí que o artista
deveria tomar consciência de seu papel e desempenhá-lo com
perfeição, contrib uindo, dessa forma, para o estabelecimento de
uma sociedade melhor.

Não é, porém, o que acontece. Fico at ônito ao ob servar a


atitude dos artistas em geral. Há, com ce rteza, muitos entre eles
excelentes; a maioria, contu do, se esquece de sua verdadeira
missão, ou sim plesmente não a leva em conta. Considerando-se
criaturas especiais, julgam que a vivência de sua snsibilidade seja
expressão de individualismo, ou d ê gênio. Assim pensando, agem
como bem entend em, sem o menor discernimento. A sociedade, por
sua vez, os trata como seres especiais e tolera neles q uase tudo, o
que os torna cada vez mais vaidosos; e sse comportamento social
os impede de terem as m ais elevadas qualidades espirituais,
característica que deveria ser natural na personalidade do
verdadeiro artista.

Como, desde os primórdios, o homem vem modificando


passo a passo a sua maneira de viver, está chegando a um mundo
mais civilizado. Nesse sentido, o progresso representa a
eliminação da bestialidade dos tempos bárbaros, marca
obsessiva do comportamento humano. Essa brutalidade sem
limites é, inclusive, uma das causas que mantém a humanidade
exposta a ameaças incessantes de guerras. Neste aspecto, a missão
da Arte será a de contri buir para o despertar de elevadas virtudes
através da contemplação da Beleza.

116
Evangelho do Céu Vol. III

2 - O papel do artista

O artista tem uma importante missão a cum prir. A sua arte


deve ser incentivo à eliminação da bestialidade humana, bem
como um recurso pelo qual todos possam conquistar sentimentos
mais nobres. Assim então, a literatura, o teatro, o canto, a dança, a
pintura deverão ser caminhos pelos quais os valores espirituais do
artista, expressos através de sua sensibilidade, tocarão a alma do
povo, esta belecendo-se entre ambos um elo de sentimentos e
emoções altamente dignos.

Cabe, pois, ao artista o papel de orientador do verdadeiro


comportamento a ser seguido pelos demais membros da
sociedade. Daí se conclui que, caso a sua vida espiritual não seja
muito aprimora da, jamais os sentimentos do povo poderão tornar-
se melhores. É neste ponto que reside a dignidade da Arte, ou a
sua vulgaridade.

Por outro lado, não há exagero ao se afirmar que os artistas


são os responsáveis pelo agravamento dos males sociais, tendo em
vista a falta de autenticid ade expressa através das obras por eles
criadas.

Reafirmando meu ponto de vista, recomendo a vocês todos


que analisem e percebam quão grande é a falta de expressividade
na voz e na música da m aioria dos nossos cantores. Quantas cenas
eróticas pr esentes em textos literários, no teatro e no cinem a!
Tamanha monstruosidade nas pinturas e escultu ras!... Não houve,
portanto, exagero nas minhas p alavras.

Peço também, em especial, aos artistas para meditarem


profundamente em tudo o que acabei de lhes falar.

117
Evangelho do Céu Vol. III

3 - Reino do Céu, um mundo de beleza

3.1 - O belo e o feio

O objetivo de Deus é a criação de um mundo ideal, pleno de


verdade, virtude e beleza. As forças demoníacas, ao contrário,
lutam por uma vida fal sa, cheia de males e com um aspecto
desagradável. Os conceitos de maldade e falsidade são
amplamente conhecidos, mas, em se tratando de feiúra, importam
algumas explicações.

No mundo, há muitos conceitos enganosos como, por


exemplo, a idéia de que verdade e virtu de estão ligadas à fealdade.
Também, por isso, desde a Antigüidade, muitas pessoas virtuosas,
devotadas ao mundo e aos semelhantes, levaram uma vida
extremamente simples, alimentando-se mal e vi vendo em
choupanas. Evidentemente, há casos em que esse tipo de vida
constitui a única alternativa. Não é, contudo, recomendável
permanecer nesse estado sem necessidade.

Ainda hoje, existem religiosos que levam uma vida de


abstinência, julgando tratar-se de um excelente meio de
aprimoramento. São até olhados com respeito e admiração. Na
verdade, porém, tal maneira de agir não está correta, porque
onde há verdade, virtude e fealdade, negligencia-se a importância
da beleza. Por essa razão, todos devem manter o mais belo
possível o lar, as roupas, enfim o ambiente ao redor de si.

3.2 - Conceito de beleza

Geralmente as pessoas colocam, em primeiro lugar, as


necessidades físicas. Algo semelhante acon tece também com as
obras de arte. Quando muito requintadas, não atraem. Desenhos
antigos, contu do, feitos apenas com uma ou duas pinceladas,
encantam pela simplicidade.

118
Evangelho do Céu Vol. III

Há dois ou três dias, uma pintora, amiga de minha mulher,


trouxe-me um quadro cuja temática é um bambuzal entre musgos.
Não gostei, porque exagerou ao ocupar o espaço todo com o
desenho . Parecia mais a demonstração de um trabalho anual
qualquer do que a pintura de um autêntico bem- sucedido artista.

Na minha concepção, a Arte verdadeira deve ser manifestada


através de poucas pinceladas, dand o a impressão de a tela inteira ter
sido preenchida. O mesmo digo dos desenhistas. Verdadeiros são
aqueles que, na simplicidade dos traçados, conseguem traduzir
algo além da vivacidade própria da N atureza.

Também as pessoas muito tagarelas, que se comprazem


falando sem parar, não são capazes de sensibilizar o seu interlocutor.
Já aquelas mais discre tas, com muita facilidade, penetram no fundo do
coração dos ouvintes, estimulando-os à prática do bem.

3.3 - Beleza nos alimentos

Os produtos alimentícios devem ser puros, saborosos,


atraentes, escolhidos entre os melhores de acordo com as
possibilidades. Com esses cuida dos, a vontade de Deus estará
sendo respeitada sempre e a beleza cultuada através da escolha e
preparo dos alimentos.

3.4 - Beleza na aparência pessoal

Todos devem ficar bem conscientes de que a beleza apraz


não somente a si mesmo, mas também aos outros e, por isso,
representa uma forma de vir tude. Assim, quanto mais alto o nível de
uma civi lização, maior será o culto devotado ao belo. Basta ver, por
exemplo, a vida dos povos bárbaros, onde sempre imperou a
rudeza de atitudes.

Pode-se, portanto, afirmar que o valor de uma cultura


corresponde, em parte, ao desenvolvi mento do senso de beleza.

119
Evangelho do Céu Vol. III

Daí, então, ser importan te homens e mulheres cuidarem


adequadamente de sua aparência a fim de transmitirem aos outros
uma impressão cada vez mais agradável. As mulheres,
especialmente, devem procurar tornar-se dia a dia mais belas.

3.5 - Beleza no interior das casas

A casa precisa estar sempre limpa e em or dem, nunca se


permitindo a presença de poeira ou teias de aranha, bem como
móveis desarrumados e fora de lugar. A desordem ofende a vista,
causa mal-estar e angústia. Por outro lado, um ambiente
harmonioso proporciona prazer não só à família, como também
aos visitantes; além disso, cria um sentimento de respeito e estima
ao dono da casa.

3.6 - Beleza externa das residências

A parte externa da residência também deve ser mantida em


bom estado de conservação. Não há necessidade de reformas
dispendiosas; basta a pre ocupação com uma paisagem atraente
que traga uma sensação de bem-estar aos passantes e contribua
para a política nacional do turismo, como acontece , por exemplo, na
Suíça. Esse país recebe anualmente inúmeros visitantes atraídos
pelo encantamento de suas cidades, jardins e parques sempre
muito lim pos e bem conservados.

3.7 - Aprimoramento através da beleza


O senso de beleza deve ser cultivado por to das as pessoas
para que a família, a nação, a socie dade e o mundo recebam
influências construtivas e, c omo resultado do embelezamento do
ambiente, os h omens aprimorem a sua maneira de viver. Surgirá,
assim, um mundo sem tragédias ou atos abomin áveis. Eis como
deverá ser o Reino do Céu na Terra.

Foi por essa razão que sempre pautei a minha vida de acordo
com os princípios da beleza. Desde a infância fui um amante do belo.

120
Evangelho do Céu Vol. III

Mesmo nos tempos de vida pobre, costumava cultivar canteiros de


flores, desenhava e pintava nos momentos de folga. Sempre que
podia, visitava museus e exposições de arte. Na primavera me
deleitava com as floradas; no outono, com as folhagens
avermelhadas.

Hoje, com a graça de Deus, disponho de recursos para


apreciar o belo da maneira que melhor me apraz. Posso, inclusive,
empregar o verdadeiro conceito de beleza na realização do meu
trabalho na Obra Divina. Esse é um dos motivos pelo qual mui tas
pessoas acham minha vida luxuosa. Estranham o meu
comportamento, especialmente quando me comparam a
fundadores de antigas religiões, os quais difundiam as suas
doutrinas praticando asce tismo e sofrendo privações. Na verdade,
aqueles fo ram os tempos da Era da Noite, em que a fé se
confundia com um estado infernal. Agora, porém, estamos
ingressando na Era da Luz, durante a qual a tarefa da salvação se
processará num ambiente ce lestial.

Meditemos, pois, profundamente sobre essa verdade para


podermos incorporá-la à nossa vida diária.

4 - Arte e religião

4.1 - O cultivo da arte

Muitas pessoas acreditam não existir entre religião e arte


ligação alguma, o que, a meu ver, constitui um erro. Na verdade,
a arte tem como objetivo elevar os sentimentos, tornar a vida
mais copiosa, proporcionar alegria e revalorizar o senti do de
dignidade da existência humana.

Quando alguém de certa cultura artística contempla as


flores da Primavera, as folhagens co loridas do Outono ou qualquer
outra paisagem natural, sente brotar dentro de si uma alegria
incontida. Deve, por isso, exprimir de alguma forma es sas

121
Evangelho do Céu Vol. III

sensações para que os demais percebam aí um refle xo do Reino


de Deus na Terra e o sintam como um m undo ideal composto de
Verdade, Virtude e Beleza.

Por que, então, hoje, muitos religiosos não cultivam a arte?

Antigamente não acontecia assim. Em geral , os sacerdotes


sabiam desenhar, eram hábeis escultore s, elaboravam os projetos
arquitetônicos dos templos e, dessa forma, exprimiam maravilhoso
gênio no campo da beleza.

Entre os artistas religiosos, o Príncipe Shotoku foi o que


mais se destacou. Há mil e du zentos anos, construiu em Nara
(antiga capital do Japão) o Templo Horyu, uma autêntica obra-prima
com magníficas pinturas e esculturas. Ainda hoje, esse trabalho
artístico continua a deslumbrar quem o contempla.

Por outro lado, muitos sacerdotes budistas e vários santos


levaram uma vida de ascetismo: ali mentavam-se frugalmente e
vestiam-se com andra jos. Além disso, através de seus
ensinamentos, pregavam só a verdade e a virtude; desprezavam o
belo, elemento indispensável para a construção do Reino de Deus na
Terra. Eis por que insisto na ne cessidade de, a partir de agora,
cultivarmos tam bém a Arte, a verdadeira forma de expressão da
beleza autêntica.

4.2 - Perfeição e alegria

Temos de trazer sempre presente em nossos corações o


objetivo da religião, qual seja, levar o homem a tornar-se perfeito ou,
como dizia Sakiyamuni, acordado, isto é, um satori; assim, na
medida em que for adquirindo maior qualificação, atingirá o grau
de kakusha (homem despertado).

Embora, desde o início, a meta das religiões tenha sido


despertar no homem a consciência divi na, o caminho seguido não

122
Evangelho do Céu Vol. III

era o certo, pois foram sempre incentivadas a devoção ao


sofrimento, a prática de ascetismo e de penitência. Então, para
conseguirem aperfeiçoar-se, os homens têm-se iso lado nas
montanhas, feito jejum ou mortificações. Na Messiânica, ao
contrário, o aprimoramento da alma é exercido por uma dedicação
prazerosa que proporcione bem-estar e suavidade, levando o ser
humano a um estado de intensa alegria. Em síntese, os
Ensinamentos messiânicos conduzem a um modo celestial de
viver, tendo por objetivo criar o Reino do Céu na Terra. Por essa
razão, difere de tudo o que até agora existiu.

Alertamos, pois, os mamehito a ficarem bem conscientes


desse preceito.

Uma maneira de colocar em prática o Ensina mento


relacionado à alegria e à perfeição na manei ra de agir consiste em
visitar museus onde sejam encontradas obras de grande valor
artístico. Deleitan do-se na apreciação da Beleza, estarão todos
polindo o espírito e elevando a alma.

5 - Arte e cultura

5.1 - A Arte teatral japonesa

5.1.1 - Meijin

Meijin: artista incomum, que supera os demais numa forma


qualquer de arte.

Desde antigamente existe o meijin, embora não seja muito


fácil tornar-se um deles; por isso há, na verdade, pouquíssimos
artistas merecedores d esse título.

Eu sempre achei a contribuição dos meijin enorme para a


humanidade; devemos, pois, render-lhes gratidão por tão grande
valor.

123
Evangelho do Céu Vol. III

Os meijin, na verdade, resultam do esforço e aprimoramento


dos gênios, ou seja, são pessoas muitíssimo talentosas na arte à
qual se dedicam. Há alguns artistas com menor aptidão que
chegam a ser bons, mas jamais podem ser considerados meijin,
em especial, como os de antigamente. Nos dias de hoje, não
conheço nenhum. Por essa razão, quero falar sobre um que eu vi e
do qual até agora não me esqueci. Foi o nono Danjuro do teatro
Kabuki. Famosíssimo!! Não há necessidade de discor rer sobre a sua
vida neste momento. Quero apenas registrar minhas impressões
sobre a sua arte de re presentar.

5.1.2 - Sensibilidade artística de Danjuro IX

5.1.2.1 - Arte da Barriga

Danjuro: artista tradicional do Kabuki, que é um estilo de


teatro japonês.

Aos meus vinte anos, assisti a uma das peças mais famosas
de Danjuro IX, denominada Juhachiban (repertório de dezoito obras
clássicas). Nessa época, ele já havia atingido a maturidade
artística, era muito famoso e só representava obras importantes e
de valor incontestável. Sua arte diferenciava-se da dos demais
atores. Quando aparecia no palco, permanecia aparentemente
imóvel, procurando transmitir através de movimentos quase
imperceptíveis o que estava vivendo naquele instante. Diziam dele os
críticos que praticava a Arte da Barriga (Haraguei), pois, na verdade
sem nenhum grande gesto, atraía e emocionava, cem por cento, a
platéia, fazendo voltarem-se exclusivamente para si todas as
atenções como se ele fosse o palco inteiro.

A arte de representar de Danjuro IX gravou, no meu coração,


profundas impressões. Vou des crever três delas, ainda muito vivas
em mim. Ele gostava de viver o papel de heróis ou de pessoas
ilustres. Era esse um dos traços marcantes de sua personalidade
artística.

124
Evangelho do Céu Vol. III

5.1.2.2 - Interpretações inesquecíveis

Há algumas passagens das representações de Danjuro IX


das quais nunca me esqueci. Entre elas, vou citar as personagens:

a) Benkei, guerreiro de grande força física, da peça


Kanjincho (documento falsificado).

b) Sakai Saemonnojo (nome de um senhor feu dal), da peça


Sakai no Taiko (o tambor de Sakai).

c) Kiichihoogan (nome de um personagem), d a peça


Kikubatake (plantação de crisântemos).

5.1.2.3 - Principais personagens vividas por Danjuro IX

a) Sakai Saemonnojo

De acordo com o conteúdo da peça, Sakai era um senhor


feudal cujo castelo fora atacado por tropas inimigas. Ao ser avisado do
perigo, pegou um tambor e começou a tocá-lo harmoniosamente. Em
seguida acendeu inúmeras tochas, deixando o castelo todo
iluminado. Depois, abriu os vários portões do caste lo, dando a
impressão de perfeita normalidade. Após essa audaciosa atitude,
esperou tranqüilo o tempo passar, embora estivesse sendo
advertido, a todo instante, pelos seus auxiliares, muito nervosos e
desesperados, de que havia perigo iminente. Di ante de tal
circunstância, o inimigo se afastou, pen sando tratar-se de uma
perigosa estratégia de Sakai.

Para viver esse papel e passar ao público a aparente


indiferença de Sakai diante de tamanha tragédia, Danjuro IX
sentava-se sozinho no meio do palco, de frente para o público, com
o olhar leve mente voltado para baixo e permanecia calado, sem
mexer nem mesmo a sobrancelha. Essa incrível ca pacidade de

125
Evangelho do Céu Vol. III

concentração dominava de tal modo a platéia, fazendo as atenções


fixarem-se exclusiva mente nele, como se fosse ele o dono
absoluto da cena. No final da peça, já sem a presença dos atores
auxiliares, ficava sozinho no palco num silêncio absoluto, dando
a impressão de estar morto. Do outro lado, a platéia, atônita,
imobilizada, esperava uma reação da personagem, querendo
saber qual seria o próximo ato de Saemonnojo.

Nesse instante em que Danjuro IX, quase em êxtase,


manifestava a sua extrema sensibilidade na arte de representar, eu
ficava a imaginar como seria possível, num palco como o do teatro
Kabuki, apenas um ator sentado no meio, sem se mexer, sem rir,
sem pronunciar palavra alguma, atrair e manter o domínio das
emoções de tal modo a deixar extasia do o espectador. Essa cena
me emocionou muitíssi mo e eu cheguei à conclusão de que Danjuro
IX era um autêntico Meijin.

b) Kiichihoogan (da peça Kikubatake)

Este personagem era um estrategista que tra balhou para o


Heike (uma força militar) na guerra contra Guenji (outra força
militar). Embora estivesse serv indo ao Heike, desejava de coração
o ressurgimento do Guenji.

Segundo o conteúdo da peça, o chefe do Genji, chamado


Ushiwakamaru, usando o nome falso de Torazo, vai morar com um
dos auxiliares de Kiichihoogan para roubar um livro Rikutoo Sanryaku
(livro de estratégias de guerra escondido num depósito de
propriedade do Heike). Nesse ínterim, a princes a Minazuru, filha de
Kiichihoogan, apaixona-se por Torazo, o qual consegue, pela mão
da amada, os três v olumes do livro desejado. O pai da princesa
fica ex tremamente feliz com toda essa situação, embora n ada
possa deixar transparecer, pois estava servindo a o Heike.

126
Evangelho do Céu Vol. III

Quando Danjuro IX representava essa cena, fo ra


extraordinário ao transmitir ao público a imensa s atisfação de
Kiichihoogan pelo amor que sua filha d edicava a Torazo. Passava
essa emoção sem deixá-la t ransparecer na fisionomia, apenas dando
a entender à platéia o verdadeiro sentimento da personagem.
Nesta forma de representar é que reside, de acordo com teatro
japonês, o conceito de "Arte da Barriga". Não tenho palavras para
descrevê-la, quando Danjuro IX fazia o papel de Kiichihoogan.

c) Mitookomon (importante conselheiro do governo na época


da dinastia Edo).

Nesta cena, Fujiimondayu pede a Mitookomon que o mate.


Então, num só golpe, ele executa o as sassinato, limpa o sangue
da espada, coloca-a na bainha e, sem olhar para o cadáver de
Fujiimondayii, deixa a ponte onde ocorreu a tragédia cantando uma
canção chamada Yookyoku (A Dança do Dragão).

Ao viver essa personagem , Danjuro IX esteve incrível.


Tamanha foi a sua capacidade expressiva de tranqüilidade ao
descer da ponte montada no palco que o público chegou a prender
a respiração. Em mim também causou um sentimento estranho,
uma emoção tão forte da qual até hoje não me es queci.

d) Tametomo (nome de um comandante do Guenji)

Aqui a história é a seguinte: Tametomo encontrava-se em


perigo junto com o filho. Então, para salvá-lo, amarrou-o numa
pipa enorme e soltou-a ao vento, fazendo-a subir ao céu. Quando
já estava bem no alto, cortou o cordão. Desse modo, a pipa voou
para longe e o filho ficou livre do perigo. Tametomo permaneceu
ainda por algum tempo olhando fixamente para o alto, vendo a
pipa desa parecer no horizonte.

Ao representar essa cena, Danjuro IX manteve uma


tranqüilidade fisionômica sem precedentes da qual parecia brotar

127
Evangelho do Céu Vol. III

um sentimento extremo de amor de um pai pelo filho, fazendo-o


tomar uma atitude aparentemente absurda. Foi, de fato, uma
manifestação sem igual da Arte da Barriga.

5.1.2.4 - Força expressiva de Danjuro IX

Sem sombra de dúvidas, posso afirmar que a capacidade de


representar de Danjuro IX tinha uma mi steriosa força expressiva
que emocionava inteir amente qualquer platéia. Muito difícil
descrevê-la através de palavras.

Nessa mesma época, ouvi comentários segun do os quais, se


ele estivesse no palco trabalhando e o público o aplaudisse, no dia
seguinte, mudava total mente a maneira de conduzir o espetáculo.
Então eu concluí que o objetivo da arte de Danjuro IX não era o
aplauso, mas levar a platéia toda a viver com ele aquele momento
de extrema emoção. Tratava-se, portanto, de uma forma de arte
dirigida a pessoas com capacidade de discernir em profundidade
a essência do verdadeiro sentimento humano.

5.1.2.5 - Supremacia artística de Danjuro IX

Após a morte de Danjuro IX, perdi o interes se pelo teatro


Kabuki, pois, para quem viu o traba lho desse artista, todos os
demais atores, embora talentosos, se tornam menores. Pude
considerar apenas mais um chamado Nakamura Ganjiro como
Meijin, quando viveu a personagem Kamiya Jibei da peça Tojuro no
Koi (amor de Tojuro). Demonstrou também grande força expressiva
da qual até agora não me esqueci.

Falando, porém, com franqueza, minha de cepção pelo


teatro Kabuki nos dias de hoje está na ausência do dom espiritual
dos atores. A maioria deles revela falta de autenticidade ao
representar, atitude que inferioriza o nível artístico.

128
Evangelho do Céu Vol. III

Atualmente, se observarmos bem, grande par te dos atores se


movimenta demais no palco e exagera nos gestos. Danjuro IX, ao
contrário, não dava importância ao comportamento formal.
Tentava transmitir através do coração, da vivência interna, toda a
sinceridade de sentimentos e atitudes das personagens que
representava. Essa maneira de atuar eleva ao máximo o nível da
arte, por estar centrada no lado espiritual.

Outro aspecto importante a ser considerado no trabalho de


Danjuro IX é que ele não só fazia o papel de uma personagem
ilustre, mas tornava-as personalidades vivas, de tal modo que a
cena deixa va de ser um disfarce; a ficção confundia-se com a
realidade e o episódio vivenciado pelos heróis pa recia estar
acontecendo, de fato, naquele instante.

Ah! como eu gostaria de que aparecesse, pelo menos, mais


um Meijin durante a minha vida para eu poder apreciá-lo!

5.1.3 - Matsui Sumako, atriz Meijin

Quero, finalmente, falar sobre uma atriz Meijin: Matsui


Sumako.

Quando ela começou, era muito jovem. O seu primeiro


trabalho foi Nora, da peça Casa de Boneca, de Ibsen. Fiquei
bastante emocionado ao assistir a representação e admirei o
grande talento de um a artista tão promissora. Depois não
consegui acomp anhar todos os demais papéis interpretados po r
ela. As últimas duas peças dela a que assisti e ram: Mulher do
Açougue e uma adaptação para te atro da Ópera Carmem, ambas
de autoria de Jakamura Kitchizo. Nessas duas obras, o clímax
reside num assassinato. Em Mulher do Açougue a personagem é
assassinada pelo marido ciumento e em Carmem sucumbe, vítima de
José.

129
Evangelho do Céu Vol. III

Aconteceu que dois dias após ter vivido essas bersonagens,


Matsui suicidou-se de maneira miste riosa, dando a entender que
havia uma certa relaçã o entre o assunto da cena e o seu destino
pessoal. Muito marcante para mim em tudo isso foi a total
impassibilidade demonstrada por Matsui, dois dias antes, enquanto
representava. Nenhum sinal de desarmonia ou perigo iminente
parecia abalar o seu estado emocional. Impressionantemente
tranqüila, foi dona absoluta do palco durante todo o espetácu lo. Meijin
perfeita!

5.2 - Museu de Hakone

5.2.1 - Edificação

Graças à proteção de Deus e à dedicação de vocês,


finalmente, concluímos a construção do Shinsen-kyo (modelo do
Reino do Céu em Hakone).

Agora estou muito feliz porque se completou a edificação do


Museu de Arte. Significa, na verdade, um passo em direção ao
Reino de Deus na Terra. Embora seja minúsculo, este pequeno
modelo se expandirá pouco a pouco e chegará a todas as partes do
mundo, pois nada existe de mais maravilhoso pelo elevado valor
artístico das obras que possui e das quais podemos,
internacionalmente, nos orgulhar.

Outro aspecto interessante a ser observado diz respeito à


rapidez com que o museu foi construído: em apenas pouco mais de
oito meses. Acredito não haver outro exemplo de construção tão
veloz quan to essa.

Quando o observamos, fica quase impossível admitir ter sido


feito em tão curto espaço de tempo. E, se considerarmos ainda que
o Planeta está a um passo da grande catástrofe, a nossa atitude
revela- se bastante paradoxal; parece absurdo nos estarmos

130
Evangelho do Céu Vol. III

dedicando, de corpo e alma, à construção, enquan to, por outro


lado, o mundo se encaminha para a destruição.

5.2.2 - Aquisição das obras de arte

Quem visita o museu de Hakone se surpreen de com a


preciosa coleção constituída de obras de arte tão raras. Quero,
por isso, discorrer sobre o as sunto desde o início, para mostrar-
lhes como tudo aconteceu.

Comecei a adquirir os exemplares logo após o término da


Segunda Guerra Mundial, época em q ue houve uma mudança
econômica radical na soc iedade japonesa. Essa transformação
resultou da d ecadência dos aristocratas, dos burgueses, dos
senhores feudais e de grandes grupos empresariais.

Por terem de pagar pesados impostos sobre suas fortunas,


as classes privilegiadas entraram repentinamente em dificuldades
financeiras. Daí te rem sido obrigadas, mesmo com muito pesar, a
vender suas pinturas e várias outras obras de arte, até então
mantidas como um tesouro inestimável. Eu mesmo sentia muita
pena da situação em que se encontrava a elite social japonesa. Não
havia, entre tanto, para elas outra saída, senão vender seus
objetos artísticos raros e preciosos.

Então, quando eu comprava algumas dessas obras, pagava


o preço que me pediam, sem pechin char. Estava, dessa forma,
colaborando para evitar um sofrimento ainda maior a essas
pessoas. Por outro lado, ao negociar diretamente com antiquá rios
ganaciosos, não lhes permitia obterem lucros exagerados através
de preços absurdos. Foi assim que, apenas como um amador,
consegui, aos pou cos, colecionar preciosidades. Desde jovem,
contudo, já apreciava a Arte.

Assim, mesmo sem grande experiência de compra, não


sabendo avaliar o preço exato do mo mento, ia adquirindo somente

131
Evangelho do Céu Vol. III

exemplares dos quais mais gostava. Foi a atitude certa, pois


quase todas as aquisições são de grande valor artístico.

Profissionais do ramo, que visitam o nosso Museu,


elogiam-no sem demagogia, por possuir obras de excelente
qualidade. Afirmam também não poderem dizer o mesmo das
outras institui ções, onde são encontradas peças de valor duvido so.
Até mesmo o chefe do Departamento Oriental do Museu
Metropolitan de Nova York, visitando Hakone, teceu elogios com
base nessas observações.

No tempo durante o qual fui colecionando os vários estilos de


obras de arte, comecei, aos poucos, a perceber o seu valor e beleza
verdadeiros. Foi daí que, há mais ou menos três anos, me veio a
idéia da construção de um museu de arte.

Também, a partir dessa época, misteriosamente diversas


peças chegaram-me às mãos por meios muito além das minhas
expectativas. Sempre entendi tais ocorrências como um sinal
evidente de que Deus estava colaborando na concretização do
meu objetivo.

5.2.3 - Acervo artístico

5.2.3.1 - Nota preliminar

Tenho a relatar inúmeros milagres que acon teciam


enquanto estava compondo o acervo artísti co do Museu de
Hakone. Como não vai ser possível relatar todos eles, vou citar
apenas os de maior des taque.

5.2.3.2 - Maki-e

Bem no começo, um antiquário especializado em maki-e


começou a trazer-me, com freqüência, ob ras excelentes. Eu
ficava surpreso e o próprio an tiquário achava tudo muito

132
Evangelho do Céu Vol. III

misterioso. Mesmo sendo um tempo favorável (época da


decadência das classes aristocráticas), ainda assim conseguia
adquirir peças raríssimas por um preço muito baixo . Tais obras
hoje são avaliadas em centenas de v ezes acima do valor pelo
qual foram adquiridas.

Todos os trabalhos em maki-e, que agora se encontram no


Museu, eu os adquiri em menos de meio ano. Há, dentre eles,
duas amostras do autor e grande mestre Shirayama Shousai.
Tenho ainda outras peças guardadas para serem expostas mais
tarde. Os trabalhos de Shirayama são tão raros que, atualmente,
quem os possui não os vende, mas os conserva apenas para
apreciação e deleite.

5.2.3.3 - Cerâmica Ninsei

Sempre gostei muito dos trabalhos da escola Rimpa e das


cerâmicas Ninsei. Essas obras, com o pas sar do tempo, foram se
tornando raras e bastante va lorizadas. Nos dias atuais, não estão
mais à venda.

Eu, contudo, adquiri um número relativa mente grande delas.


Logo após o término da Segunda Guerra, em meio àquela confusão
reinante, pude comprá-las bem barato. Esse fato evidencia a
atuação do poder de Deus, fazendo chegar infalivelmente às minhas
mãos todas as obras cuja aquisição eu julga va importante para o
museu de Hakone. Cada vez que um antiquário me trazia alguma
peça preciosa, ele tecia comentários sobre o encontro misterioso de
tal raridade, achando tratar-se mesmo de um milagre.

5.2.3.4 - Gravuras

Acontecimento digno de nota foi terem che gado às minhas


mãos as gravuras das Cinquenta e Três Estações de Tokaido
(região entre Tóquio e Kyoto) de autoria de Hiroshigue, as quais eu
estava querendo há tempo. Certo dia, procurou-me um antiquário

133
Evangelho do Céu Vol. III

especializado em gravuras, mostrando- me algumas desse autor.


Após examiná-las, disse- lhe apenas que se fossem a primeira
impressão das Cinquenta e Três Estações, eu as compraria.
Surpreendentemente, no dia seguinte, ele as trouxe,
dizendo-me ter acontecido a ele algo miste rioso: no dia anterior, ao
deixar minha casa, uma pessoa lhe trouxera exatamente a obra
da qual eu lhe havia falado. Afirmou ainda que o ocorrido lhe tinha
causado um enorme susto, pois estava procu rando essas gravuras
há quarenta anos. Eu também fiquei muito emocionado com esse
grande milagre. De fato, tal raridade estava muito bem guardada
nas mãos de um renomado senhor feudal. E para completar a
surpresa, a obra veio num álbum mag nífico elaborado pelos ancestrais
do seu rico e famo so proprietário.

5.2.3.5 - Cerâmicas e porcelanas chinesas

Com relação às cerâmicas e porcelanas chine sas, nunca


demonstrei muito interesse; não possuía o olho clínico para avaliá-
las, embora fosse indispens ável ter no Museu algumas peças
representativas dessa arte. Reuni, por isso, durante um ano,
apenas algumas das que hoje estão expostas.

Como já disse, no início não tinha muita habi lidade para


analisá-las. Então as escolhia através da explicação dos
antiquários e pelas impressões do meu sexto sentido.
Atualmente, os especialistas se admiram ao ver reunidas tantas
cerâmicas e porce lanas maravilhosas. Diante de tal fato, não
tenho palavras para expressar minha gratidão pela ajuda infinita
de Deus na concretização deste trabalho.

Há ainda muitos outros prodígios a serem relatados, mas


agora os deixo por conta da imagi nação de vocês.

5.2.4 - Ajuda espiritual na organização do museu

134
Evangelho do Céu Vol. III

Gostaria de contar-lhes como tão misteriosa ajuda se fez


presente.

Na verdade, no Mundo Espiritual, tanto os autores das


obras selecionadas, quanto os seus apreciadores realizaram um
trabalho especial de dedicação com o objetivo de colocar em
minhas mãos uma produção artística imensa, valiosa e rara. Assim,
como resultado de tamanho esforço, todos esses espíritos poderão
ser salvos, atingindo um ní vel espiritual mais elevado.

Aqui está a causa que tornou possível a cons trução de um


dos mais extraordinários museus em tão pouco tempo. É, na
realidade, marcante o surgi mento de um espaço artístico dentro de
condições deveras especiais. Já outros de renome internacional só
puderam ser concretizados com o auxílio de grandes fortunas e por
colecionadores que a eles se dedicaram durante a vida inteira.

Rendamos, pois, gratidão profunda a Deus Criador.

6 - Elevação espiritual através da Arte

6.1 - Influência exercida pela Arte

Quando alguém entra em contato com obras de arte de


autores de altíssimo nível, está aprimo rando a própria alma; quem
as aprecia, na verdade, se aproxima dessas obras e assimila o
mesmo grau de consciência do artista que a compôs. Esse tipo de
aprimoramento produz um efeito idêntico ao con quistado pela fé.
Diferente, porém, do adquirido por meio de penitências ou
ascetismos, correspondente a uma espécie de fé infernal, própria
da Era da Noite, através da qual se exigem muitos sacrifícios das
pessoas.

O que eu estou ensinando, entretanto, é um método de


viver celestial, de deleite, de prazer. Traz o mesmo resultado

135
Evangelho do Céu Vol. III

conseguido pelos antigos religiosos por meio de jejum, banhos na


água gelada ou rea lização de qualquer outro ritual de sofrimento.

Concluindo, quero acentuar que Deus se uti liza


intensamente da Arte para tornar o homem feliz e fazê-lo elevar a
alma.

6.2 - Príncipe Shotoku e o papel da Arte

Mil e duzentos anos atrás, o Príncipe Shotoku já achava que a


apreciação da beleza constituía uma forma de elevação espiritual.
Entretanto, mesmo tendo causado grande efeito no
comportamento das pessoas, suas idéias foram bastante
prematuras para a época na qual viveu; por isso, não prospera ram.
O mundo ainda continuava na Era da Noite. Ficaram, porém,
todas elas registradas de modo muito especial na construção do
maravilhoso Tem plo Hooryu, na cidade de Nara, antiga capital do
Japão. Daí a razão de, ainda hoje, a obra do Príncipe Shotoku
exercer grande influência nos visitantes, que ficam extasiados diante
da extrema beleza des se templo.

Foi uma grande pena o pensamento do Prín cipe Shotoku ter


frutificado antes do tempo! O que eu estou fazendo agora, contudo,
acontece na hora exata, isto é, no raiar da Era do Dia. Aqui reside
também o grande valor de artistas como Miyamoto Musashi e
outros famosos do momento os quais também estão manifestando
a sua capacidade cria dora em nível espiritual bastante elevado,
exatamente no tempo em que se aproxima da Terra o Reino de
Deus.

6.3 - Desenvolvimento dos dotes artísticos

Quando alguém atinge um alto nível de de senvolvimento


em uma determinada categoria ar tística, conseqüentemente
também o alcança em outras. Assim, por exemplo, sendo um
grande cantor, poderá tornar-se um excelente músico ou compositor.

136
Evangelho do Céu Vol. III

Fiz uma observação semelhante, quando há três dias, comprei um


desenho de Miyamoto Musashi, um dos maiores espadachins do
Japão. Examinando depois os seus outros trabalhos, surpreendeu-
me a perfei ção; achei-os equivalentes a pinturas famosas da
época da dinastia chinesa Song e Yuan; posso, por tanto, dizer que
foi também um excelente pintor. Vou, por isso, expor agora, no
nosso museu, a obra cujo motivo é Daruma, fundador do Zen-
budismo.

Existe ainda um outro desenho de Miyamoto considerado


tesouro nacional do Japão.

Analisando, então, o artista Miyamoto Musashi, sob vários


ângulos, pode-se concluir que, ao pintar, agia como um
espadachim, tendo atingido desse m odo a elevação máxima
também na pintura. Esse feito comprova a minha afirmação inicial.

É muito importante, pois, entender bem a inter-relação que


existe no processo de desenvolvi mento dos vários tipos de
habilidades. Da mesma form a, como há diversas categorias
artísticas, a saber: escultura, dança, música, literatura, também a
vida cotidiana do ser humano apresenta, em todos os sentidos,
vários e diferentes níveis nos quais é p ossível atuar. Se alguém
conseguir realizar-se com perfeição num deles, certamente o fará
também em outros. Foi por isso que Miyamoto atingiu na pintu ra o
mesmo nível de elevação conquistado como espadachim.

Algo semelhante ao ocorrido com Miyamoto pode ser


observado com as pessoas que se dedicam à caligrafia. Ao fazerem
qualquer outro tipo de de senho, vão demonstrar a mesma
qualidade, tal como acontece comigo: qualquer trabalho ao qual
me dedique, seja a feitura de um jardim, seja a cons trução de um
prédio, fica ótimo, perfeito. Isso se deve ao polimento da minha
alma, que já se encon tra num nível superior de espiritualidade.

137
Evangelho do Céu Vol. III

É muito necessário, portanto, entender bem este


Ensinamento: embora a pessoa não estude to das as
manifestações do conhecimento humano (ocorrência quase
impossível de acordo com a lógi ca), se atingir, contudo, um nível
de experiência a ltamente desenvolvido numa determinada
categoria, conseguirá realizar bem qualquer outro trabalho.

6.4 - Aprimoramento do tieshokaku

A alma de quem contempla grandes obras de arte sempre


entra em contato com a sensibilidade do artista e autor dos
trabalhos apreciados. Assim, a sua capacidade individual e
própria de sentir a beleza fica cada vez mais aprimorada.

Ao alcançar esse estágio, quaisquer pessoas passam a


observar também as outras realidades de maneira mais sensível.
Atitude tal resulta não só do fato de terem observado obras de
elevado valor ar tístico, mas também da evolução do próprio
discernimento. Ao valorizar a Arte, acabam apri morando o
tieshokaku. Então, a partir desse nível, passam a ver as outras
ocorrências com olhos críti cos e, ao mesmo tempo, adquirem
capacidade para separar o bom do mau, o verdadeiro do falso. É
muito necessário, portanto, aperfeiçoar cada vez mais o tie.

Nesse sentido, quem sabe apreciar obras de arte já


conseguiu certa evolução espiritual. Por isso também, o Museu que
construí possui um valor inestimável; tem por objetivo promover a
elevação do tieshokaku dos seus freqüentadores.

7 - A Arte na prática

7.1 - Ikebana, um exemplo

7.1.1 - Gosto pessoal

138
Evangelho do Céu Vol. III

Aprecio muito arranjo florais. Faço, por isso, q uestão de


preparar todas as ikebanas dos quartos e s alas da minha
residência. Também eu mesmo as m onto para as aulas de
cerimônia do chá que minha e sposa e minha empregada recebem
em casa.

139
Evangelho do Céu Vol. III

Sigo, entretanto, um método de arranjos ex tremamente


simples, contrariando a tendência atual voltada para uma direção
muito estranha que usa galhos e flores pintados. Creio ser um hábito
resultante da influência de Pablo Picasso. Embora se tenha tornado
moda, acredito tratar-se de um fenê meno passageiro.

Mesmo assim, pretendo revolucionar a arte da ikebana e,


para tanto, planejo registrar por meio de fotografias os meus
arranjos. Já fiz pouco mais de dez fotos coloridas; através de
"slides", quero divulgá-las em todos os Templos e difusões.

7.1.2 - Técnica de montagem

Meu método é muito rápido e simples. Em uma hora e meia


aproximadamente, posso fazer até dez Ikebanas, incluindo o tempo
de colheita das flores e galhos no jardim. Em cada vaso, costumo
demorar, no máximo, cinco minutos. O melhor resultado obtenho
quando consigo efetivar minha arte em curto espaço de tempo, fato
que permite às flores permanecerem mais vívidas.

Normalmente os professores de ikebana falam da


necessidade de mudar, várias vezes, a posição das flores até se
conseguir um arranjo mais artísti co. Tal orientação não corresponde
à verdade. É um princípio idêntico ao que considera necessário
adubar as plantas, ignorando a força vital específica da Grande
Natureza.

À vista disso, agradam-me bem mais os ar ranjos que faço


em um ou dois minutos. Para conse gui-los, antes de começar a
executá-los, procuro visualizar a melhor forma de harmonizar
recipien te e flores. Corto-as então no tamanho certo e colo co-as de
imediato, dentro do vaso. Naturalmente que, para um principiante,
agir dessa forma, não é fácil, mas, se mantiver o pensamento firme,
consegue criar belos arranjos. A Ikebana obtida dessa maneira
fica maravilhosa; as flores conservam-se mais vivas e naturais.
Quero, por isso, através de "slides", não só transmitir qual a

140
Evangelho do Céu Vol. III

melhor maneira de se fazer arranjos florais, mas também ensinar um


método que faz parte da concretização da verdade divulgada pelos
Ensinamentos.

Sempre me aprofundo o máximo possível a fim de atingir o


âmago daquilo que aprecio. Quan do o resultado obtido não me
satisfaz — maneira de colocação dos galhos e flores, por exemplo —
deixo-o como está. Algumas horas depois ou, no mais tard ar, uma
noite, o arranjo se ajeita. Tal ação só oco rre, porém, quando não
há interferência manual que irá determinar qual deva ser a sua
posição correta no vaso. Como as flores têm vida própria, de dentro
delas, brota uma força peculiar que as faz harmoniza rem-se com o
ambiente. Se forem, contudo, dem asiadamente manipuladas,
jamais conseguirão m anifestar a própria energia vital.

Fenômeno idêntico ocorre com os demais se res vivos. Todos


possuem um poder extraordinário. Eu identifico facilmente essa
verdade ao podar flo res e plantas do jardim de Hakone. Se erro,
cortando-as demais, não procuro corrigi-las. Deixo que elas
próprias se ajeitem da melhor forma.

7.1.3 - Posição das plantas no jardim

Muitas vezes, acontece de o local onde deve ser plantado


certo tipo de vegetação estar sendo prejudicado pela presença de
uma rocha ou de ou tro obstáculo qualquer. Daí surge muitas
vezes a impossibilidade de a planta ser colocada com a "frente" 29
voltada para quem a observa.

Então, quando me deparo com uma situação semelhante a


essa, planto a árvore "de lado". Embo ra não fique bonito no
momento, deixo-a como está. Mais tarde, ela mesma se ajeita
naturalmente, bus cando a posição mais adequada para quem vai

29
. Meishu Sama afirma que toda planta tem uma parte "de trás" e uma parte "da frente";
esta corresponde àquela que tem a forma mais bonita de se ver.

141
Evangelho do Céu Vol. III

apreciá-la. Tal ocorrência desperta muita curiosida de e, ao mesmo


tempo, mostra que as plantas têm vida e sentimento próprios.

7.1.4 - O pinheiro

No pinheiro, não deve ser cortado o galho que o ponteia.


Fiz isso um vez na minha residência de Atami e fiquei observando
como o defeito iria ser corrigido.

Não demorou muito e um novo galho come çou a brotar e foi


encobrindo o vazio deixado pelo corte.

Um processo semelhante ao do pinheiro ocorre com a


ikebana: as flores e galho se corrigem por si mesmos.

É bom, portanto, analisar detalhadamente a força vital das


plantas. De posse desses conheci mentos, qualquer pessoa
poderá montar lindos ar ranjos sem desperdício de tempo.

7.1.5 - Aproveitamento das flores

Como medida de economia, devem ser evita das flores fora


de estação, pois são bem mais caras. A lém disso, é importante
ainda aproveitar, ao máximo, a beleza de cada flor na sua melhor
forma, evitand o também usá-las em demasia. Eu, por exemplo, utilizo
em pequenas quantidades, mais ou menos um terço do que no
geral usam os demais ikebanistas . Evito assim o desnecessário e
obtenho um e feito de maior beleza nos arranjos.

De outra parte, por ser a ikebana semelhante à p intura de um


quadro, maior expressão artística se o btém quando não há
mistura de flores e galhos; também o tamanho do tokonoma 30 e a
cor da pared e devem ser levados em consideração para efeito d e

30
Tokonoma: parte mais elevada do assoalho nas casas de estilo japonês, geralmente com
diferença de um degrau, onde ficam expostas obras de arte ou outros objetos de valor.

142
Evangelho do Céu Vol. III

conjunto. O vaso, porém, pode ser até uma tigela de qualquer tipo
ou tamanho, desde que combine com os galhos e flores utilizados.

Na prática da ikebana, é preciso, portanto, considerar


todos os itens acima descritos, para que se possa realmente obter
um trabalho artístico de boa qualidade. De um modo geral, os
professores de ikebana não se referem a tais detalhes; talvez até os
ignorem.

7.1.6 - Material utilizado

Gosto muito de usar bambu, embora as flori culturas não o


recomendem por acharem-no de pouca durabilidade; secam
facilmente. Tal idéia não corresponde à verdade. Quando eu os
corto, e coloco imediatamente no vaso, duram até uma se mana. É
certo também que, ao fazer os arranjos, dos meus dedos jorra
intensa Luz Divina. Eis a grande diferença! Mesmo assim, saibam:
os bambus, mate rial fácil de ser encontrado, não duram porque, via
de regra, são excessivamente manipulados. Contri buem, contudo,
grandemente para a feitura de su gestivas ikebanas.

8 - Apreciação das obras de arte

8.1 - Olho artístico

Ao serem contempladas obras de arte, especialmente as


criadas por grandes artistas, ocorre, de imediato, uma ligação entre
a alma do autor e a de quem as aprecia. Desse modo, através do
contato estabelecido entre ambos, a capacidade de discerni mento
do apreciador se eleva, ficando mais aguçada.

Assim, o desenvolvimento do "olho artísti co" faculta ao


observador distinguir entre o sublime e o medíocre, entre o
autêntico e o falso não só no campo da Arte, mas também em
outras áreas. Por tanto, a sensibilidade artística encontra-se entre

143
Evangelho do Céu Vol. III

as valiosas características do ser humano. Daí uma das razões de


termos construído o museu de Arte.

144
Evangelho do Céu Vol. III

CAPÍTULO V - MEISHU SAMA, O EXECUTOR DA CONSTRUÇÃO


DO REINO DO CÉU NA TERRA

1. Personalidade

1.1 - Agudeza de raciocínio

Dizem que o Príncipe Shotoku tinha cabeça excelente, pois


era capaz de ouvir, ao mesmo tem po, até oito pessoas. Nesse
aspecto, sou bastante semelhante a ele, embora eu saiba ser
exagero dar atenção a tanta gente num único instante.
Compa rando-me, porém, ao geral dos homens, que normalmente
têm um intelecto muito obscuro, eu tenho, na verdade, grande
sutileza de raciocínio.

1.2 - Certeza nas decisões

Orgulho-me de não ser uma pessoa indecisa . Mesmo que


aconteça algum problema mais sério, quase nunca fico em dúvida.

Sempre decido, de imediato, a respeito das necessidades


mais urgentes olhando-as ou ouvindo alguma sugestão. Por isso,
sou muito rápido quand o vou fazer as minhas compras. Entrando
num shopping, em seguida já sei quais artigos quero e os compro
num instante. Minha esposa, ao contrário, olha e revira tudo e, no
final, escolhe exatamente aquelas mercadorias pelas quais eu já
havia decidi do desde o início.

1.3 - Rapidez nas decisões

Nunca tive dúvidas no que se refere à cons trução do Museu


de Arte ou à maneira de fazer os jardins. Ao chegar ao local,
instantaneamente, todo o projeto fica bem claro para mim. Por essa
razão, o construtor não consegue entender como é possível eu ter
tanta certeza e resolver tudo de uma manei ra tão simples. Ele
está sempre me questionando; não aceita quando lhe digo não

145
Evangelho do Céu Vol. III

ter refletido antes sobre o assunto para depois deliberar sobre


qual caminho seguir. Mas é a verdade. As decisões sur gem de
repente, no momento em que vou dar a ori entação. Essa rapidez
significa clareza de raciocínio.

Então, comparados a mim, lentos são os ou tros. Também


por ser muito ágil, consigo cumprir várias tarefas num curto
espaço de tempo.

1.4 - Agilidade nas realizações

As pessoas estão sempre me questionando: o senhor tem


tantos trabalhos a realizar e nunca está atarefado. É simples, faço
em um minuto aquilo que vocês demoram uma hora para
executar.

Na verdade, é uma questão de discernimen to. Embora o


homem tenha de levar em conside ração o tempo e o espaço, não
pode preocupar-se exageradamente com esses entraves; precisa,
sim, ter consciência de que, quanto maior for o apego, menor
será o período disponível para a execução do próprio trabalho.

1.5 - Valorização do tempo

Quando vou comprar objetos de arte, também não perco


muito tempo. Foi assim que, em poucos m inutos, me decidi pela
aquisição de um biombo de se is dobras, a ser agora exposto no
Museu de Hakone.

Certa vez, o dono dessa obra manifestou o desejo de


vendê-la a mim. Então, quando visitei o M useu de Kyoto, onde
esse biombo estava guardad o, pedi que abrissem apenas um lado
dele para eu p oder analisá-lo e apreciar o seu valor artístico,
gastei apenas cinco minutos nessa avaliação e deci di comprá-lo. Em
seguida, retornei a outras ativida des sem perder tempo algum. Até
mesmo eu achei ter sido uma decisão demasiado rápida.

146
Evangelho do Céu Vol. III

1.6 - Aversão a conversas repetitivas

Hoje pela manhã, comentava com uma visita sobre o fato de


eu não gostar de que falem várias vezes a mesma coisa. Quando
percebo tratar-se de uma pessoa exagerada nesse sentido, evito
conversar com ela. Quem repete persistentemente um assun to,
está achando o ouvinte capaz de compreendê-lo somente desse
jeito e, por isso, faz comigo a mesma coisa. Nessa hora, me rendo,
fico sem ação, pois te nho certeza de que se trata de alguém de
cabeça muito ruim.

1.7 - Felicidade evidente

Acredito não existir atualmente no mundo pessoa mais feliz


do que eu. Por isso estou sempre agradecendo a Deus tão
precioso dom.

Qual a causa da minha felicidade?

De fato, sou bastante diferente dos demais, pois recebi de Deus


uma missão importantíssima a cujo cumprimento me dedico dia e
noite. Os mamehito sabem como, através do meu trabalho, tenho
conseguido salvar inúmeras criaturas. Contudo, vocês também,
mesmo sendo pessoas comuns, poderão tornar-se muito felizes.
Vou um dia escrever sobre esse assunto mais detalhadamente.
Neste momento, porém, quero expressar apenas o que me vai na
alma.

Desde criança, gostava de proporcionar ale gria aos outros.


Essa maneira de agir sempre foi uma característica peculiar da
minha personalidade e eu, em todos os momentos, a venho
praticando quase como um hobby. Vivo constantemente pensando
e procurando descobrir meios pelos quais eu possa tornar felizes os
meus semelhantes.

147
Evangelho do Céu Vol. III

1.8 - Sinceridade

A palavra "simpatia", quando pronunciada, causa uma


sensação agradável no coração de quem a ouve. Meditando sobre
este fato, podemos dizer que transmiti-la espontaneamente ao
próximo é mu ito importante; proporciona ao mundo um am biente
tranqüilo. Com efeito, a atmosfera simpática em anada das pessoas
poderia não somente mudar o destino individual, mas também de
toda a coletivid ade.

Quando encontramos alguém que desperta em nós


emoções causadoras de prazer, sentimos bem-estar e uma
agradável impressão de liberdade. Este sentimento se expande de
pessoa para pessoa, podendo finalmente formar uma sociedade
aprazível, com astral elevado. As questões difíceis de serem
solucionadas, especialmente os conflitos e a crimina lidade, poderiam,
desta forma, ir desaparecendo aos poucos, e começaria então a
surgir o paraíso.

Tentar, porém, criar simpatia de uma forma superficial,


somente na aparência, traria um efeito temporário apenas. Para ser
permanente, é necessá rio muito sentimento de makoto nascido no
fundo do coração; em suma, vivenciar a essência do amor
altruístico cuja raiz está na alma.

Para elucidar meu pensamento, vou relatar o que ocorre


comigo.

Sinto-me constrangido em falar de mim mes mo. Desde a


minha juventude, porém, ao encontrar quaisquer pessoas, nunca
ocorrem fatos que as le vem a se indispor comigo ou a me achar
antipático. Pelo contrário, a minha presença produz prazer e
afabilidade. Eu suponho estar essa reação ligada à minha conduta
de sempre colocar o próprio benefício ou os meus interesses pessoais
em plano secun dário e procurar somente satisfazer e contentar os
outros. Tal maneira de ser não advém de razões moralistas ou

148
Evangelho do Céu Vol. III

preceitos religiosos. São sentimentos que brotam espontaneamente


dentro de mim. Em suma, constituem a essência da minha
natureza. Em outros termos, o fato de sempre me preocupar com a
felicidade alheia tornou-se uma espécie de hobby na minha vida.
Observando-me, as pessoas dizem que tenho um dom
privilegiado; e eu real mente acredito nessa afirmação. Aliás, após ter
iniciado a minha missão, essa postura se acentuou ainda mais em
mim.

Por isso, toda vez que me deparo com o sofri mento de um


doente, não consigo ficar insensível. Imediatamente peço permissão
a Deus para curá-lo. Ao ministrar Johrei com um pensamento tão
nobre, o enfermo sara e me agradece. A alegria daí decor rente se
reflete no meu coração e eu me sinto feliz.

Antigamente, porém, esse meu comportamen to altruístico


criava muitos problemas e me fazia sofrer. Assim acontecia
quando, a pedido da famí lia, teimava em querer ajudar os doentes,
embora achasse que não tinham mais cura e, daí, a melhor solução
fosse desistir do caso o mais rápido possível. Mesmo nessas
condições, desconsiderava as perdas e danos que poderiam advir,
viajava até longe para atender pedidos, perdendo tempo e
gastando dinheiro. Além disso, não conseguindo resultados
satisfatórios, acabava provocando frustração nos familiares de
alguns doentes, os quais se voltavam contra mim. A cada ocorrência
dessas, eu me repre endia, buscando ser mais realista e menos
sentimental.

Por outro lado, minhas atitudes altruísticas me ajudaram na


construção do protótipo do Reino do Céu na Terra e do Museu de
Arte, razão de eu ter entendido por que Deus me havia dado este
dom deveras especial.

Outro exemplo: quando aprecio obras artís ticas de grande


valor, ou paisagens magníficas, não fico satisfeito e me sinto até
deprimido por contemplá-las sozinho. Nesses momentos, surge

149
Evangelho do Céu Vol. III

uma vontade enorme de levar também o maior número possível


de apreciadores a se deleitarem com elas. A satisfação e a alegria
das outras pessoas sempre provocaram em mim um grande
contentamento.

1.9 - Atenção ao bem-estar do próximo

Ao me levantar pela manhã, minha primeira atitude é


observar o estado de espírito dos meus familia res. Basta um deles
estar mal-humorado para eu não me sentir satisfeito. Então,
também neste parti cular, pareço contrário aos demais. De modo
geral, são os outros membros que percebem o humor do chefe da
família. Eu, porém, nunca consigo impor-me como dono da casa.
Invade-me, por isso, muitas vezes, uma estranha sensação de
desconforto em relação às pessoas com as quais mantenho
contato.

Na verdade, quase ninguém procura perce ber o meu estado


de espírito. Eu, sim, sempre tenho consciência de como estão se
sentindo as pessoas com as quais me relaciono. Pela mesma razão,
também se torna para mim muito difícil suportar um ambiente de
gritarias, xingamentos, reclamações e lamúrias, bem como ouvir
várias vezes a repetição de um mesmo assunto.

Esse desvelo constante com o bem do outro mostra que a


minha natureza deseja paz e felicida de para todos os seres
humanos.

1.10 - Compaixão ante as lamúrias

Como resultado da característica específica da minha


essência humana, qual seja, o profundo sentimento de alegria e
felicidade, sinto uma imen sa dor no coração ao escutar lamúrias e
perceber nas pessoas a total ausência de discernimento quan to ao
mal que estão causando não só a si mesmas, mas especialmente
aos outros. Em tais circuns tâncias, brota dentro de mim uma

150
Evangelho do Céu Vol. III

decepção pro funda pela falta de sabedoria demonstrada por


grande parte dos seres humanos. Poucos são, por tanto, capazes
de compreender que uma queixa, um grito, uma bronca, não
proporciona alegria a ninguém. Pelo contrário. Só cria infelicidade.

Por essa razão, um dos objetivos fundamentai s do meu


trabalho para o estabelecimento do Reino do Céu na Terra
consiste em difundir esse e stado de paz e felicidade, próprio da
minha nature za. Quero que todas as pessoas vivam o prazer de
sentirem-se felizes, pois, dessa forma, estarei esparg indo a alegria
e o bem-estar pelo mundo inteiro.

1.11 - Observador atento

Certa vez, aconselhei os meus auxiliares a fi carem tão


espertos quanto um "batedor de cartei ras". Se eu fosse um desses
larápios, tenho certeza de que teria sucesso, pois sou muito rápido
no agir.

Não estou, é claro, sugerindo a ninguém rou bar os pertences


dos outros, mas apenas tornar-se tão ágil e tão eficiente que, sem
perder tempo al gum, descubra o ponto focal de tudo. Sob este
aspecto, polir a alma quer dizer ter capacidade de resolver
rapidamente qualquer problema. Os pre ceitos da Oomoto nos
ensinam a sermos cuidadosos e ficarmos atentos a tudo.
Entretanto, para muita gente, a ação do intelecto é lenta e, por
isso, quase ninguém percebe pequeninas situações de grande
importância.

É preciso, portanto, treinar a atenção e a rapi dez mental.


Assim, será possível notar grande diferen ça na habilidade de encontrar
o ponto focal de tudo.

Uma vez adquirida bastante sutileza para descobrir a parte


essencial em qualquer ocorrência, será fácil perceber qual a
intenção das pessoas ao abordarem algum assunto, ou que

151
Evangelho do Céu Vol. III

capacidade de discernimento possuem, observando apenas a


maneira como falam. Da mesma forma, devem vocês tentar
descobrir rapidamente qual o objetivo de um visitante, ouvindo-lhe
dizer algumas poucas pala vras. Se conseguirem, é sinal de que a
atenção já está bastante aguçada.

Quando forem à casa de alguém, poderão ficar a par da


situação financeira da pessoa, sem perguntar nada, observando
somente pequenos detalhes, como, por exemplo, o estado do sapato
que usa, ou o lanche servido às crianças.

Querendo perceber o nível de sensibilidade artística de um


homem, eu observo o desenho da gra vata ou o modo como a usa. Se
em ordem e adequa damente combinada, concluo tratar-se de
alguém caprichoso e com certo grau de espiritualidade.

Vocês precisam, porém, manter bem claro na mente que esse


tipo de observação só traz benefícios quando lhes proporcionar
esclarecimentos a respei to da alteração do pensamento, ou da
estagnação da fé das pessoas com quem estão tratando. Na
verdade, é apenas uma maneira de vocês percebe rem, com mais
clareza, quais as verdadeiras inten ções do seu interlocutor.

2 - Espiritualidade l

2.1 - O Senhor da Luz

2.1.1 - Mudança de nome

a) Até 02 de abril de 1950 - eu, Meishu Sama, era chamado


pelos adeptos "Dai Sensei" (= Grande M estre). A partir dessa data,
mudei, por ordem de K annon, o meu nome para Meishu Sama (o
Senhor d a Luz) denominação formada de Mei, que corresponde
ao ideograma ( ), e ( ) (= a Sol e Lua respectivamente); <<figura>>
e Shu (Senhor, dono) representado pelo ideograma <<figura>>

152
Evangelho do Céu Vol. III

Sama é apenas uma forma de tratamento res peitoso,


aplicável a qualquer pessoa.

Para entender melhor:

ou seja:

A força do fogo unida à da água gera Luz. Da mesma forma,


o poder de Kannon origina-se da fusão desses dois elementos
(fogo e água). Portan to o nome Meishu Sama significa o próprio
poder de Kannon.

SHU - É representado pelo ideograma , cujo significado é o


seguinte:

153
Evangelho do Céu Vol. III

No centro do ideograma forma-se uma cruz (+)


representada pelo cruzamento das linhas vertic al (=fogo) e
horizontal (=água) simbolizando a união do Oriente com o
Ocidente, do Yin com o Yang. O ponto ( ) acima do ideograma
é Deus Supremo transcendendo aos três reinos como Senh or
absoluto.

b) O ideograma (= tatsu ou ryu) quer d izer dragão. Foi


quem, na Era da Noite, dominou o mundo. As duas linhas que
permanecem na verti cal simbolizam a dualidade — Oriente /
Ocidente; fog o / água; matéria / espírito; — que caracterizou e sse
período de trevas. Com a chegada da Era do Dia, vai haver a
fusão dos dois extremos, surgindo uma nova ordem no mundo,
cujo símbolo ideográfico passará a ser Senhor ( Shu).

Obs. O ideograma , sem a marca acima, significa rei


(falta-lhe ainda o chom para ser o Senhor).

c) Como Grande Mestre Meishu Sama, tornei- me orientador


espiritual de duas igrejas, cada uma delas com tendência
específica, a saber:

Tengoku Kai - vertical, solar.

Miroku Kai - horizontal, lunar.

Aconteceu que, na época da mudança do meu nome (02 de


abril de 1950) para Meishu Sama, houve também a unificação
dessas igrejas, sendo, in clusive, elaborado um novo estatuto. A
partir daí, passei a ser o verdadeiro líder espiritual e chefe da
organização que recebeu o nome de Sekai Meshiya Kyokai (Igreja
do Messias para o Mundo).

154
Evangelho do Céu Vol. III

Essas duas tendências significam, na verda de, um kata


(pequeno modelo) em que Miroku Kai representa o Capitalismo e
Tengoku Kai, o Comu nismo. Aqui está também a explicação do
porquê, na Rússia, predominar o misticismo e, nos Estados Unidos,
o materialismo.

2.1.2 - A minha Luz

Tenho escrito sobre vários temas relaciona dos ao Budismo,


aos quais até agora ninguém se ref eriu. Evidentemente que eu
também só os conheci através da revelação divina. Também não
foram mencionados antes porque o tempo propício ainda não havia
chegado; quer dizer, o momento da transiç ão da Era da Noite para
o Dia estava por vir. Ag ora, porém, já nos encontramos no ponto
exato: o M undo do Sol Brilhante está se aproximando e as trevas,
que perduravam há milênios, começam lentamente a desaparecer.

Durante a longa Era da Noite, a luz da Lua dominou. Como


a luminosidade lunar é sessenta vezes menor que a solar, o ser
humano só conseguia en xergar a realidade até certo ponto e, por
isso, nutr ia muitas dúvidas, sentindo-se inseguro e algumas ve zes
até descrente. Com o raiar da Luz, porém, os fatos todos ficarão bem
claros e as pessoas poderão d escobrir a verdade facilmente. Então,
ao ser incumbi do de criar a civilização da Era do Dia, foi-me revela do
tudo o que até agora permanecia oculto.

Para esclarecer melhor a relação existente en tre mim e o


mundo da Era do Dia, devo dizer-lhes q ue dentro do meu corpo há
uma bola de Luz, con hecida no Budismo desde a Antigüidade.

Em primeiro lugar e para maior clareza, pre ciso explicar-lhes que a


Luz desta "bola", em sua essência, resulta da junção de dois
elementos: Sol e Lua. Portanto, não é exclusivamente orginária do
Sol, como normalmente se admite. Então, ao juntar- se à "bola"
alojada no meu corpo, essa Luz forma uma trindade composta pelos
elementos fogo, água e terra.

155
Evangelho do Céu Vol. III

Importa saber também que, mesmo as pessoas comuns, não


são constituídas apenas do espírito da terra. Cada qual tem,
portanto, a sua Luz embora fraca e pequenina; mas a que existe
dentro de mim tem um poder incomparavelmente maior. Posso,
por isso, transportá-la, através da minha letra, a uma folha de
papel.

Mais admirável ainda é que de posse de um desses


pequenos pedaços de papel, contendo a pa lavra Luz escrita por
mim, qualquer pessoa será capaz de ajudar espiritual e
materialmente centenas de outras. E, mesmo sendo os Ohikari
distribuídos a milhares, o seu efeito não diminuirá.

Por esta rápida explanação, vocês podem ter uma pequena


ideia da força da minha Luz. Não é fácil, contudo, explicá-la na
sua totalidade. Procurem, pois, polir a alma, eliminando as
máculas. Assim vocês poderão adquirir sabedoria e compre ender
mais profundamente o que lhes acabei de dizer.

2.2 - Sabedoria

2.2.1 - Visão em profundidade

Vou fazer uma explanação mais detalhada sobre esse


assunto.

Quando uma pessoa começa a enxergar a arte mais


profunda da fé, o seu poder espiritual a umenta e ela se fortalece.
Para entender melhor, v amos considerar o exemplo da pirâmide:
quem e stá se dedicando à obra de Deus, encontra-se
aproximadamente no meio; um pouco mais acima, já em um nível
de sabedoria maior e um poder espir itual bastante forte. Acima
desse ponto, bem próxi mo do ápice, a pessoa atinge o estado de
Kenshinjitsu e é capaz de enxergar e compreender o mistério de toda
a criação divina. A ponta da pirâ mide corresponde ao grau máximo:

156
Evangelho do Céu Vol. III

Deus Supremo. Aí não existe nada incompreensível. Até agora,


entretanto, ninguém atingiu esse nível.

2.2.2 - Inspiração

Quando se fala de capacidade mental, geral mente a


referência diz respeito a um poder indivi dual do homem. Não é,
porém, uma idéia correta. Eu mesmo não creio que possua uma
inteligência extraordinária.

Quando visito, por exemplo, os protótipos do Reino do Céu,


nos quais estou trabalhando, as idéias necessárias à sua
concretização simplesmente me vêm à cabeça, ou melhor,
cruzam-na. Assim, prefiro chamá-las de sabedoria divina ao invés
de inteligência humana. É difícil explicar. Trata-se, na realidade, de
um poder divino, que tem sido chamado de Myochiriki de Kannon
(misterioso poder da sabedo ria de Kannon). Sem esta sabedoria
divina, não me seria possível criar obras importantíssimas como
estes "protótipos" em tão curto espaço de tempo.

2.2.3 - Kenshinjitsu

Até mesmo religiosos, filósofos, educadores acham


impossível saber exatamente o que é certo e passar, em nível
profundo, a essência da verdade, ou seja, tocar o núcleo
misterioso, lógico de qual quer conhecimento.

Sakiyamuni, fundador do Budismo, disse ter atingido o


estado de Kenshinjitsu aos setenta e dois anos. Como
conseqüência desse conhecimento, pre viu a extinção do Budismo e o
nascimento de Miroku. Cristo não falou claramente sobre esse
estágio, mas profetizou a sua segunda vinda quando estiver pró ximo
o Reino de Deus na Terra.

Somente as pessoas que atingem o nível de Kenshinjitsu


são capazes de entender essa profecia, bem como compreender o

157
Evangelho do Céu Vol. III

porquê do aparecimento, desde os mais remotos tempos, de


tantos homens sábios, bem próximos desse grau de espiritualidade.

Para que vocês possam assimilar melhor essa lógica,


imaginem uma pirâmide: quanto mais performance do ápice, maior
o campo de visão. Quem atinge estágio de Kenshinjitsu encontra-
se num ponto em alto e, por isso, consegue enxergar, amplamente
e com clareza, a verdade.

Aqui não posso deixar de fazer uma referên cia a mim


mesmo. A partir dos quarenta e cinco ano s, quando atingi o nível
de Kenshinjitsu, comecei a ver claramente todos os erros do
passado, bem c omo o mundo do futuro e a maneira de vida dos
seres humanos, nos próximos milênios. Não posso, p orém, contar
ainda tudo o que consegui saber, porque Daiba (Satanás) continua
criando obstáculos ao meu trabalho. Então não tenho outra
alternativa, senão dar esclarecimentos dentro de certos limites.

À vista desses entraves que me obrigam a calar,


provavelmente vocês, leitores, por sentirem falta de algumas
explicações a mais, encontrem cer ta dificuldade para entender os
Ensinamentos. Não existe, porém, jeito de mudar a seqüência do
plano de Deus. Lendo-os, entretanto, com calma, dá para vocês
perceberem a diferença entre a Messiânica e o que foi pregado por
outros mestres.

2.2.4 - Meu pensamento

Quando tenho algum projeto em mente , costumo analisá-lo


cuidadosamente sob todos os ângulos, antes de pô-lo em prática. A
maioria das pessoas não tem paciência para esperar. Fica
ansiosa para executar o plano o mais rápido possível. Confiando na
sorte, esperam que tudo dê certo. Na prática, porém, as
realizações nem sempre correm da ma neira desejada e o projeto
muitas vezes acaba sendo malsucedido. O perigo reside

158
Evangelho do Céu Vol. III

precisamente no fato de só contarem com o sucesso e não


pensarem na possibilidade de fracasso.

Eu, ao contrário, sempre penso, desde o co meço, na


eventualidade de um malogro e tomo as devidas precauções. Por
isso, se o projeto não der certo, aguardo um tempo mais propício.
Evito, as sim, os golpes fatais e, no caso de insucesso, posso
reerguer-me sem grandes problemas.

Adoto o mesmo procedimento no que diz respeito ao


dinheiro. Divido o capital disponível em três partes, duas das quais
ficam como reserva. Assim, se na primeira etapa faltar recursos
para a conclusão de um trabalho, emprego a segunda par te do
numerário em disponibilidade. E, se esta tam bém não for suficiente,
recorro à terceira. Deste modo, ainda que o custo ultrapasse em
muito o or çamento inicial, não corro o risco de ficar arruinado.

Antes de concretizar qualquer resolução, faço também todos


os preparativos necessários e estudo com atenção os diversos
pormenores. À primeira vista, o meu método pode parecer
excessivamente lento; mas, como não há falhas e a execução
dos planos é rápida, acabo evitando despesas extraordi nárias, além
de economizar tempo e mão-de-obra.

Todos esses cuidados, no final, representam um lucro


considerável. Conforme vocês sabem, seguid amente estou
planejando grandes empreendimentos e sempre consigo realizá-los
com alegria e sem p reocupações.

Mesmo depois de todo o projeto elaborado, não o


concretizo de imediato. Aguardo o momento oportuno, sem me
apressar. Na hora exata, começo a executá-lo com todo o
emprenho, mas sem impa ciência e afobação.

O ser humano deve evitar a intranq üilidade na medida do


possível, porque ela conduz à preci pitação. Além disso, decisões

159
Evangelho do Céu Vol. III

impensadas nunca trazem bons resultados. Observando aqueles


que malograram na vida, a causa do insucesso está sem pre
relacionada à impaciência e à tentativa de forçar situações.

A propósito, convém recordar o que aconte ceu com o Japão


na Segunda Guerra Mundial. De início, tudo corria bem. Mas os
dirigentes militares se envaideceram com as vitórias obtidas.
Quando os fatos começaram a tomar um rumo desfavorável, eles
não perceberam que a maré se havia invertido e passaram a forçar
a situação de maneira cada vez mais irrazoável, até chegar a um
resultado trágico. Na época, quando começaram a afobar-se, eu já
sabia que tudo estava perdido. Se tivessem pensado, desde o
começo, na possibilidade de perder a guer ra, a situação não teria
ficado tão desconcertante.

A derrota deveu-se, pois, à imprudência dos chefes


militares.

Quem observa o método pelo qual realizo o meu trabalho


acha que, em certos momentos, sou muito arrojado e em outros,
bastante pacato. Essa minha maneira de agir deixa as pessoas
confusas, pois jamais conseguem prever qual será o próximo
lance. Dessa estratégia depende, até certo ponto, a rapidez com
que as minhas obras são executadas, embora tudo se deva
realmente à grande proteção de Deus.

2.3 - Comunhão com Deus

2.3.1 - Minhas experiências pessoais

Ultimamente tenho percebido que eu falo com simplicidade,


sobre assuntos relevantes; quem os ouve não dá, contudo, muita
importância; entre tanto, quando malogram nas suas decisões,
lembram de imediato das minhas palavras.

160
Evangelho do Céu Vol. III

Por outro lado, sempre foi comum a funda dores de religiões


dizerem ter, primeiro, perguntado a Deus para depois revelarem a
seus seguidores as orientações recebidas. Procedendo assim,
impressionavam a todos eles que, à vista disso, procu ravam cumprir
à risca as determinações ouvidas. No meu caso, porém, oriento
com simplicidade; não uso "enfeites" e, talvez por isso, as pessoas
não prestam muita atenção no que eu falo.

Eu também não rezo ao Pai do Céu, como os demais


mestres, pois O tenho dentro de mim; por essa razão, tudo que
falo ou faço, na verdade, é o C riador quem está fazendo ou falando;
não preciso, portanto, dirigir-me a Ele. Os meus anelos se
identificam com a Vontade do Supremo Deus. Posso mesmo
afirmar que me encontro num estado de perfeita comunhão com o
Pai Eterno como nunca existiu antes na história humana.

A manifestação de Deus torna-se, por isso, evidente nas


obras que realizo. Por exemplo, quan do simplesmente escrevo
letras, elas se movimen tam e emitem luz. Em outras religiões, esse
mesmo ato, ou até a feitura de um talismã, viria acompa nhado de
rituais, tais como orações e vestimentas apropriadas. No meu
caso, porém, não há necessidade de nenhuma cerimônia
específica, mesmo em se tratando da confecção do Ohikari.
Nunca uso também roupas especiais e, muitas vezes, quando o
calor está bastante forte, visto-me de uma maneira bem
despojada.

Até agora, tenho evitado tocar em assuntos tão delicados


como esse sobre o qual acabei de lhes falar. Sempre percebo,
porém, a falta de atenção das pessoas em geral achando que
minhas explanações não correspondem a uma revelação divina. Na
verdade, eu começo a explicar qualquer assunto sem dar a
impressão de estar transmitindo as manifesta ções da vontade de
Deus. Tenho, contudo, plena consciência de que Ele fala através
das palavras emitidas por mim.

161
Evangelho do Céu Vol. III

Nota do tradutor:

A partir de 15 de junho de 1950, Meishu Sama entrou em


estado total de perfeita comunhão com Deus. Então, dessa data em
diante, nunca mais precisou ser orientado pelo Pai Criador, nem
necessitava do auxílio do Protetor para realizar o seu trabalho, pois
levava uma vida de total identidade com Deus, de tal modo que todos
os seus pensamentos, palavras e ações, correspondiam à própria
manifestação divina agindo em toda plenitude.

Tendo em vista tais fatos, é perfeitamente possível entender


a lógica deste Ensinamento, ora em estudo.

2.3.2 - Seguir a Deus

Antigamente, quando alguém falava mal de mim ou tecia


algum comentário a meu respeito, ao ficar sabendo, ria muito,
achando estranho e até engraçado o que diziam. Não me
decepcionava, portanto; ao contário, sentia pena dessas pessoas
e, ao mesmo tempo, pelo fato de eu me divertir com a situação, elas
perdiam o interesse relacionado a tais conversas às quais
normalmente eu não dava crédito.

Ainda hoje há muita gente que tem o prazer de ameaçar ou


importunar os outros. No meu caso, porém, não me preocupo com
essas atitudes. Quem fica constrangido com as referências
maldosas que lhe fazem, está ainda vivendo um nível superficial
de fé; por isso, segue a opinião dos homens, e não a v ontade de
Deus.

Na sociedade atual, percebe-se, com muita freqüência,


determinadas pessoas não serem valor izadas, embora se
dediquem de todo coração ao semelhante. Dificilmente, porém,
conseguem atinar a razão de tal atitude. Parece mesmo quase
impossível ao ser humano compreender que a essência da v erdade
reside no viver para Deus, sem se preocu par com a opinião dos

162
Evangelho do Céu Vol. III

outros. O importante é, pois, ser amado por Deus; e, para


conseguir tamanha b enesse, torna-se urgente colaborar para a
salvação dos semelhantes. Mesmo que apenas um doente seja
ajudado na recuperação de sua saúde, já é um grande trabalho. Se
alguém conseguir, ainda, salvar centenas, tanto mais será
agraciado por Deus.

Devotar-se, então, amorosamente ao trabalho de ajuda a um


grande número de pessoas, num es forço sem complicações,
representa a maneira mais correta e simples de agir.

2.3.3 - Vontade de Deus e tempo adequado

Vou mostrar agora como a vontade de Deus sempre se


manifesta na hora exata. Daí a razão de nunca me afligir quando
estou em dúvida sobre a maneira de resolver algum problema
relacionado à construção. Chegando o tempo, tudo se esclarece
com muita facilidade.

Esse fato referente ao momento certo me dei xa ver claramente


que até a forma do terreno para a construção do Templo e do
Palácio de Cristal, por exemplo, foi preparada nos mínimos detalhes
por Deus. O local é uma bonita colina formada, na parte voltada para
o mar, por dois platôs separados por um vale suave. No lado
oposto, apresenta-se um pouco mais elevada, parecendo uma
pequena mon tanha.
Num desses planaltos, chamado Seiseidai, será construído o
Templo Messiânico; no outro, o Tembodai, ficará o Palácio de
Cristal. Unindo os dois, haverá uma passarela pela qual as pessoas
poderão ir normalmente de um lado para o outro.

Além disso, é preciso um lugar próprio para a preparação dos


oficiantes por ocasião das cerimô nias religiosas, bem como dos
artistas que farão apresentações ao público, após o culto.
Primeira mente, pensei fazê-lo dentro do Templo, mas dimi nuiria o
espaço da nave que deverá ser o mais amplo possível. Então, por

163
Evangelho do Céu Vol. III

isso, resolvi construí-lo no Tembodai. Aí surgiu outro problema: como


atravessar a passarela nos dias de chuva?

Veio-me, assim, a idé ia de construir um túnel, saindo do


Tembodai, passando pela parte de trás da colina e chegando ao
Seiseidai exatamente no lugar onde estará o altar e o palco. Vai ficar
uma arquitetura tal, que ninguém perceberá quando saiu de um lug ar e
entrou no outro. Este caminho destina-se ao uso exclusivo de
oficiantes e artistas nos dias de culto.

Pretendo começar as edificações nessa colina, no início do


verão deste mesmo ano (1952); portan to, daqui a três ou quatro
meses. Será uma obra de m ais ou menos mil e oitocentos metros
quadrados, em estrutura de ferro e concreto.

Analisando todos esses detalhes sobre os quais acabei de


falar, dá para ver claramente a ma nifestação da vontade de Deus,
resolvendo tudo com muita naturalidade e no tempo certo.

3 - Missão especial de Meishu Sama

3.1 - Necessidade de aprimoramento constante

3.1.1 - Importância da eliminação das toxinas

No dia primeiro deste mês (agosto de 1952), tive dores na


barriga e uma diarréia abundante. Inicialmente pensei tratar-se
de uma intoxicação alimentar, mas não havia ingerido nada
diferente do que normalmente como. Além do mais, nenhu ma outra
pessoa da minha família sofreu qualquer reação, embora tivesse
se alimentado das mesmas iguarias.

Qual então a causa da diarr éia? É que eu tenho, na região


occipital, uma solidificação proveniente dos remédios que tomei na
minha juventude, quan do fiz um tratamento dentário. Ao perceber
esse problema, passei a ministrar muito Johrei no local e as toxinas

164
Evangelho do Céu Vol. III

começaram a dissolver-se. Daí ter surgido a diarréia como uma forma


natural de eliminação.

Por outro lado, os messiânicos já sabem por experiência


que, ao começarem a ser expelidas, as toxinas solidificadas há
muito tempo têm o seu vo lume aumentado consideravelmente.
Tornam-se, por isso, tão abundantes, e parecem não acabar
mais. Também noto uma reação semelhante quan do essas
impurezas são eliminadas por outros mé todos como pus, catarros,
corizas, por exemplo. Com base nessas evidências, quero
lembrar aos membros que uma purificação violenta não deve ser
motivo para preocupações.

Há quem estranhe a severidade de certas eliminações de


toxinas, achando que, pelo fato de es tar se dedicando à Obra
Divina, não deveria passar por tais infortúnios. Muito pelo contrário.
Quando alguém se propõe a trabalhar pela salvação da
humanidade, Deus lhe concede, como graça muito especial a
aceleração das purificações. Assim pode rá tornar-se, o mais
rapidamente possível, um cola borador perfeito do plano divino.

3.1.2 - Cinquenta anos de solidificação de toxinas

Aos dezoito anos sofri uma inflamação no diafragma.


Através de um procedimento médico, foram tirados do meu corpo
200 ml de água. Para tanto, fizeram uma perfuração na minha
ilharga (parte lateral e inferior do baixo-ventre). Também, n a
mesma ocasião, foi usado, como coadjuvante ao t ratamento, um
anti-séptico. Apesar desses cuida dos, após um ano, a mesma
doença voltou. Então tomei remédio.

As toxinas dos medicamentos usados duran te as duas fases


a que me submeti a cuidados médi cos solidificaram-se, mais ou
menos, no meio das costas e nas axilas. Decidi, então, dissolvê-las
através do Autojohrei. Eram, no início, solidificações , muito duras,
mas, pouco a pouco, foram ficando mais moles. E, também, cada

165
Evangelho do Céu Vol. III

vez que ocorria uma leve dissolução vinha, infalivelmente,


acompanha da de diarréia. Embora quase não sentisse dor algu ma,
a presença da disenteria era tão evidente quanto a marca de um
carimbo. Tal ocorrência se justifica pelo fato de um dos pontos
focais da diarréia estar localizado nas costas.

3.1.3 - Poder do Johrei e eliminação das toxinas

As purificações pelas quais passo servem para todos


entenderem um ponto básico: as toxinas solidificadas no organismo
humano não desa parecem, mesmo após longo tempo. No meu
caso, começaram a ser eliminadas apenas agora, aos ses senta e oito
anos. Ainda assim, só foi possível pelo fato de o Johrei me ter sido
revelado por Deus. Em outras condições, essas impurezas
permaneceriam no meu corpo até a morte.

Toda vez que tais solidificações são elimina das pela diarréia,
sinto-me bastante aliviado. Vivi, porém, um longo período sem
nada perceber, achando tudo muito normal. Entretanto, ao tomar
consciência do fato, senti uma reconfortante sensação de bem-estar
e contentamento. Tenho até a im pressão de que minha vida foi
prolongada por mais uns vinte ou trinta anos.

Por outro lado, sinto também uma clareza acentuada na


minha capacidade intelectiva. Agora consigo escrever melhor do
que antes.

Dá, portanto, para saber, a partir dessas puri ficações


ocorridas comigo, que, se o Johrei não for ministrado, as toxinas
nunca vão desaparecer; per manecerão no corpo humano durante
a vida toda.

3.2 - O escolhido

Para executar o plano de salvação — profeti zado desde a


Antigüidade por muitos mestres, ho mens santos e sábios — eu

166
Evangelho do Céu Vol. III

(Meishu Sama) fui o escolhido. Até agora só havia predições, mas


finalmente chegou o tempo da sua concretização. Eu vim como
executor, ou seja, o incumbido de subs tanciar as profecias.

Essa minha afirmação pode parecer bombás tica, mas eu


tenho plena convicção do que digo, pois o Supremo Deus me
outorgou a sabedoria e as faculdades necessárias para atingir essa
meta. E ainda inundou-me de um poder sobre-humano, jamais
antes experimentado por alguém. É uma força plena da qual me
utilizo irrestritamente para realizar inúm eros milagres.

Por sua vez, qualquer pessoa, tornando-se adepta da


Messiânica, poderá participar imediata mente desse poder divino,
para ajudar na salvação da humanidade. Assim estará
colaborando para que os doentes sejam curados, os pobres se
tornem opulentos, os sofredores se transformem em pessoas felizes
e cheias de gratidão pelas inúmeras bênçãos de Deus.

Importa, contudo, primeiramente, que cada um conheça os


Ensinamentos a mim revelados por Deus. Dessa forma, à medida
que a Messiânica se for expandindo, cada aglomeração humana
(lar, país, comunidade, sociedade) se tornará um pequeno núcleo
isento de doenças, pobreza e conflitos, pleno de paz e felicidade.
Então será concretizado na Ter ra o Reino do Céu, o supremo
objetivo divino.

Neste momento, entretanto, estamos apenas no limiar do


novo tempo, a Era do Dia.

3.3 - Alma de Ichirin

Ministro — No Ofudesaki está escrito que Céu é seis;


Terra e Mundo Intermediário também. Qual o significado dessa
correspondência numérica?

167
Evangelho do Céu Vol. III

Meishu Sama — Alegoria bastante significa tiva! Na verdade,


quer dizer que tanto o Céu quanto a Terra e o Plano Intermediário
estavam mergulhados na Noite. Agora, porém, que a Alma de
Ichirin desceu à Terra, esta passou a ser repre sentada por sete
(7) enquanto o Céu ficou sendo cinco (5).

Tem, portanto, um sentido muito profundo a presença na


Terra da Alma de Ichirin que, de fato, sou eu. Uma ocorrência de
vinte anos atrás esclarece esta verdade. Eu ainda estava na
Oomoto. Ganhei três moedas antigas: um Ichirin (=um centavo),
um Tempo de 1830, ano em que nasceu a fundadora da Oomoto, e
uma moeda de ouro do ano IV da Era Meiji, data do nascimento de
Seishi Sama (esposo da Segunda Líder Espiritual Kyoshu Sama 31,
filha da fundadora da Oomoto, Não Deguchi).

Analisando o ocorrido, pude perceber a rela ção de


significados que estava manifestando, pois a fundadora da Oomoto
nascera na época do Tempo e Seishi Sama, no ano IV da Era Meiji;
por conseguin te, o presente a mim ofertado confirmava que eu era o
Ichirin. Guardei, por isso, com muito carinho, as três moedas.

O Ofudesaki faz referência a kubukurin, que significa 99% de


presença do materialismo, ou seja, do domí nio dos jashin; fala
também de ichirin, que corres ponde a um por cento (1%) de
espiritualidade, através da qual Deus vai inverter a ordem até então
imante.

Na realidade o kubukurin simboliza a medicina . Por esse


motivo, no mundo atual, ninguém colo ca em dúvida os seus
princípios. Eu, entretanto, vou inverter essa crença fazendo
prevalecer a verd ade de Ichirin.

Ministro — É a primeira vez que aparece, neste mundo, a


Alma de Ichirin?
31
Kyoshu Sama é um título. Significa líder espiritual. Aqui está se referindo a Sumiku
Deguchi (2 a Líder).

168
Evangelho do Céu Vol. III

Meishu Sama — Não! Esta já é a segunda. Daí também a


razão de o Ofudesaki falar em nova abertura da porta do Céu a
fim de todos os planos da Alma de Ichirin se concretizarem, uma
vez que, numa época anterior, o seu trabalho falhou por não ter sido
verdadeiro.

Ministro — Qual é o pensamento do pessoal da Oomoto


sobre a Alma de Ichirin? Para eles, quem seria?

Meishu Sama — É uma incógnita. Cada um deles tem visão


diferente. Alguns julgam ser a Ter ceira Líder Espiritual; outros,
Hidemaro (casado com a Terceira Líder).

O Ofudesaki fala que o poder vai surgir no les te32 e o mal não
conseguirá escondê-lo; por isso, cer ta vez, o pessoal da Oomoto veio
me procurar.

Ministro — De fato, soube que Kyoshu Sama 33 (neta da


fundadora) veio visitá-lo.
Meishu Sama — Isso mesmo! Já houve a aproximação de
um passo. Até agora, porém, a for ça verdadeira de Deus não foi
ainda totalmente ma nifestada.

Ministro — Soube também que, na manhã da chegada de


Kyoshu Sama, estava nublado e, quan do ela foi embora, começou a
chover.

Meishu Sama — Sabe o motivo desse acontec imento? É que o


espírito da fundadora estava com ela, protegendo-a.

Agora vai cruzar a verticalidade da fundado ra34 com a


horizontalidade de Seishi Sama, manifes tando assim o verdadeiro
32
Esse poder é Meishu Sama que nasceu em Tóquio, localizado a leste de Ayabe, onde
está a sede da Oomoto.
33
Naohi Deguchi.
34
Fundadora da Oomoto — sempre bem vertical, sentada reto, muito objetiva. Seichi Sama,
genro da fundadora, — horizontal, ficava deitado para ditar seus ensinamentos.

169
Evangelho do Céu Vol. III

poder. Sempre que o vertical cruza com o horizontal, começa uma


ação giratória da esquerda para a direita criando, ao mesmo
tempo, uma força extraordinária.

3.4 - Meishu Sama, a Alma de Ichirin

O Ofudesaki fala do plano de Deus como send o um


acontecimento da Oomoto, quer dizer, nela que deveria surgir a
Alma de Ichirin através da q ual ocorreria a inversão do mundo.
Seria um ato se melhante ao realizado pela palma da mão que,
estando voltada para cima, vira-se para baixo.

Sou eu, portanto, a Alma de Ichirin à qual o O fudesaki se


refere.

4 - Atividades na Obra Divina

4.1 - Produção escrita

Eu não só escrevo os Ensinamentos, mas tam bém reviso os


artigos para o jornal e a revista, bem como todos os testemunhos
que me são enviados pelos membros. Além disso, peço ao meu
assisten te que os leia novamente para eu ouvi-los e fazer as
correções necessárias e, se for preciso, algumas ob servações.
Componho ainda, em média, cinquenta salmos em uma hora. Faço
também o Suntetsu, uma espécie de sátira humorística aos
acontecimentos sociais e às pessoas. Este é o trabalho mais
difícil, porque tenho de dizer exatamente qual o ponto fo cal da
crítica, fazendo os leitores entendê-la para assim provocar o riso.

Sempre estou escrevendo e o faço incessante mente.

No início da publicação do jornal Hikari (Luz) formei uma


equipe, chamada Kanechika. Tinha tam bém um assistente. As
pessoas comentavam que, normalmente, qualquer jornal, ao
chegar ao trigési mo número, começa a encontrar dificuldades e fica

170
Evangelho do Céu Vol. III

difícil continuá-lo por falta de assunto para as suas matérias. Essas


observações foram feitas quando atingimos o número cinquenta.
Todos se admira vam por não estar havendo escassez alguma.

No meu caso, nunca faltou motivo para es crever. Agora já


estamos no número 184 do jornal e os assuntos continuam
surgindo naturalmente, um após o outro, pois são tantas as falhas
nas pessoas e no mundo, que os temas se tornam ilimitados.

Desse modo, dá para perceber também quan to a


humanidade está mal.

4.2 - Confecção de Ohikari

Todos os dias preparo três tipos de Ohikari. Num coloco o


ideograma "Luz"; noutro "Luz Divi na" e no terceiro, "Grande Luz
Divina". Basta al guém receber um deles para que imediatamente
o poder de curar doentes se manifeste. Essa força pro vém da Luz
irradiada através do ideograma grava do por mim, quando
confecciono os Ohikari.

Também, ao executá-los, não faço oração nem assumo


atitude de prece. Apenas desenho rapidamente, levando em
média sete segundos para pre arar cada um deles. Assim produzo
quinhentos por hora com muita facilidade.

4.3 - Orientação às pessoas

Nada é difícil para mim. Nunca tive dificul dades para


responder a qualquer pergunta. Muitos d oentes me pedem ajuda
enviando telegramas de localidades longínquas e recebem
graças. Assim que um pedido me chega aos ouvidos, um
segmento da minha Luz se expande e vai de encontro à pes soa
necessitada através dos fios espirituais. Por mais distante que ela
se ache, será beneficiada por essa radiação de Luz, num processo
semelhante ao disparo de um projétil. Só que, ao contrário das

171
Evangelho do Céu Vol. III

balas que matam, as minhas fazem reviver, além de terem uma


força ilimitada, bem diferente das de mais.

4.4 - Divulgação da Messiânica

Os arquitetos atuais dizem ser quase impos sível haver tanta


harmonia e perfeição entre o tama nho e o peso daquele pagode de
cinco andares, do Templo Horyu em Nara, cuja construção foi
orientada pelo Príncipe Shotoku, de acordo com o que ele ia
sentindo.

Eu mesmo, quando visitei, no ano passado, esse Templo,


observei detalhadamente a torre e percebi que existe absoluta
proporção entre a altu ra de cada andar, o peso, a forma do
telhado e o tamanho. Nada pode ser criticado.

Próximo desse pagode, existe uma outra cons trução, o


Yumedono (Palácio dos Sonhos), onde o príncipe morava e fazia
muitas meditações. Aí se encontra também a estátua de Guse
Kannon (o Kannon que salva o mundo) que foi conservada por mil e
duzentos anos acondicionada em um pano, como um Buda
misterioso o qual, segundo a tradi ção, não poderia ser tocado. Há
mais ou menos cem anos, pesquisadores americanos conseguiram
permissão do Templo Horyu para abrir o embrulho da imagem.
Ficaram admirados com tamanha beleza e perfeição e com o enorme
valor artístico dessa obras de arte.

Relacionando a minha vida à do Príncipe Shotoku, dá para


perceber a existência de pontos semelhantes entre as nossas
idéias porque, na ver dade, eu sou uma reencarnação dele. Mesmo
aquela estátua do Palácio dos Sonhos, que ficou por longos anos
oculta, indica simbolicamente o meu nascimento como um Guse
Kannon, isto é, um sal vador da humanidade.

A diferença, porém, está no fato de o prínci pe ter começado a


divulgar o Budismo no Japão e ter introduzido aí a arte búdica

172
Evangelho do Céu Vol. III

proveniente da China, estabelecendo como centro de divulgação de


suas atividades a cidade de Nara (antiga capital do Japão).

A partir daí, os princípios básicos do Budis mo foram


ensinados através de pregações e reprentavam uma religião nova
para o Japão, que sempre tinha sido um país xintoísta.

Eu, porém, estou utilizando a Arte para rea lizar


mundialmente aquilo que o Príncipe Shotoku fez em âmbito
nacional. Além dos Ensinamentos, ainda divulgo um método de
curar doenças através do Johrei, bem como um tratado sobre
agricultura isenta de impurezas.

Como vocês já viram, para propagar o Budis mo, fizeram-se


pregações baseadas na interpretação do Sutra, através das quais foi
possível elevar espi ritualmente muitas pessoas. Trata-se, pois, de
um trabalho já realizado e do qual, no momento, não se tem mais
tanta necessidade. Da nossa parte, contu do, estamos mais
preocupados com a cura das doenças, para que a humanidade
possa ser recuperada no todo, ação impossível por meio de
palestras so mente.

4.5 - Avaliação, escolha e aquisição de obras de arte

4.5.1 - Avaliação

Sempre fui um perito na avaliação de obras de arte, a tal


ponto de surpreender os antiquários, tamanha a minha
capacidade de discernimento.

Eu aprecio qualquer gênero, o que já é uma atitude


diferente dos demais colecionadores. Estes em geral só se
dedicam a uma ou duas modalida des artísticas no máximo. Assim
então, há quem só goste de chaki (objetos usados durante a
cerimônia do chá); outros apreciam somente pintura. Com
referência ao desenho, alguns gostam de ukiyo-e (gravuras

173
Evangelho do Céu Vol. III

japonesas) ou de suiboku (arte de pintar com sumi 35). Ainda


existem os seguidores da escola de Korin (pintor) ou da linha
Yamato-e totalmente originária do Japão, ou ainda aqueles que
preferem o típico estilo japonês, nishiki-e.

Eu, porém, admiro a beleza de qualquer um desses estilos


e, por isso, busco exemplares de todos eles, além de porcelana e
cerâmica chinesas e está tuas de Buda.

Por esse motivo, os colecionadores dizem não existir, em


outro lugar do mundo, um museu mais perfeito que o nosso, pois
abrange, de um modo geral, praticamente todas as tendências
artísticas, inclusive as de fora do Japão.

Mesmo verificando catálogos dos museus da Inglaterra e


dos Estados Unidos, nada se encontra tão completo quanto este
organizado por mim. Os demais mostram apenas determinadas
tendências artísticas, fato que se justifica por encontrarem os
museólogos muitas dificuldades, especialmente p ara colecionar a
arte japonesa. Deste ponto de vista , podemos afirmar que o melhor
museu particular de arte do mundo é o de Hakone.

Por outro lado, cada uma das obras expostas corresponde


ao que há de melhor no gênero. Assim, um exemplar de maki-e 36, um
laqueado em ouro, é um .rabalho de altíssimo valor, a máxima
qualidade entre os existentes no mundo. O mesmo se pode dizer
dos objetos chineses e das estátuas de Buda. São os de nível
artístico mais elevado dentro de cada modalidade.

Por isso eu afirmo: quem visitar o museu de Hakone vai se


surpreender com a impressionante perfeição das obras de arte
nele expostas.

35
Preparado feito com a fuligem tirada da chaminé, a qual é misturada ao sharon (resina),
formando-se assim uma espécie de pedra.
36
Técnica de laqueado em que se utiliza uma espécie de resina vegetal.

174
Evangelho do Céu Vol. III

4.5.2 - Escolha

Quando comecei a estudar e colecionar um dos gêneros


artísticos, tornei-me um expert no assun to. Não precisei, portanto,
comprar muitas obras para aprender a dar-lhes o devido valor.
Bastava- me olhar para imediatamente reconhecer qual a
autêntica. Mesmo sendo um exemplar bem feito, no momento em
que o examinava, já conseguia saber se era, ou não, verdadeiro.
Por esse motivo, no nos so museu, não existe nada falso.

Tamanha habilidade de escolha me ocorre em qualquer


circunstância porque, nessas horas, penetra em mim uma intensa
vibração espiritual que me faz perceber o pensamento negativo do
falsificador. Este, na verdade, enquanto comete a fraude, já su põe
enganar muitas pessoas e habilmente ganhar bastante dinheiro
vendendo um produto falsifica do. Como eu uso sempre essa
minha capacidade espiritual para avaliar qualquer trabalho, nunca
me engano na ocasião da compra, ou da apreciação de uma obra
de arte.

Os colecionadores, entretanto, comumente dizem ser


preciso "pagar muita mensalidade ", isto é, gastar muito dinheiro,
comprando obras falsas até apreender, para depois, com o tempo,
poderem perceber quais as falsas entre as autênticas. Eu, po rém,
nada comprei errado; portanto aprendi "de graça".

Por essa razão, o nosso museu, tem proporci onado sensações


extasiantes e maravilhosas a muita gente.

4.5.3 - Aquisição

A respeito de tudo o que eu preciso saber, sempre alguém


me informa. Assim acontece em relação à compra de obras de
arte. Devo essa facili dade ao fato de, nos dias de hoje, no mundo
espiritual, os autores falecidos estarem fazendo uma competição
muito grande a fim de trazer para o n osso museu os seus

175
Evangelho do Céu Vol. III

trabalhos. Acontece, porém, s erem os proprietários terrestres


dessas obras basta nte gananciosos e quererem ganhar muito
dinheiro com a venda. Daí a razão de eu não as comprar quando
estão demasiado caras. Essa minha atitude, c ontudo, causa muita
ansiedade ao espírito do au tor. Mesmo assim, não tenho pressa;
espero até o preço abaixar e o dono resolver vendê-las em
condições mais acessíveis.

Muito interessante observar este procedimen to: quando uma


obra está com um valor acima do normal, ou caso um vendedor
me venha oferecer alguma de autenticidade duvidosa,
infalivelmente alguém me alerta sobre isso dizendo que, tempos
atrás, o preço era menor. E acontece de um modo muito especial
para eu ficar sabendo com antece dência a verdadeira intenção
do antiquário, qual seja, ganhar muito dinheiro. Então, mesmo
gostando, não a compro. Assim, embora eu não tenha a intenção
de consegui-las mais barato, todas as obras de arte que desejo
acabam muito naturalmente nas minhas mãos a preço de
mercado.

Como já expliquei, existem diversos g êneros de Arte sobre


os quais é impossível saber tudo re pentinamente. Para mim,
todavia, ocorre como se já conhecesse muito bem cada modalidade.
Por isso, os profissionais ficam cismados, imaginando que eu
pesquiso muito e, dessa forma, consigo saber tanto sobre o
assunto. O que ocorre, na verdade, é alguém me dar às vezes um
toque ou me surgir de repente uma idéia esclarecedora. Dessa
forma, procedo como se já tivesse estudado por longos anos e me
tornado um expert, o que não deixa de ser muito interessante.
Aconteceu assim no ano passado. Nessa época, ad quiri alguns
exemplares de ukiyo-e de valor inestimá vel, embora nada
conhecesse dessa técnica, nem tampouco de obras de arte
estrangeiras.

4.6 - Construções

176
Evangelho do Céu Vol. III

4.6.1 - Decisões seguras e tranqüilas

No que diz respeito às construções, o projeto sempre surgiu


na ordem e no tempo devidos, tal qual um cronograma. Quando
chegava a hora cer ta, sabia exatamente o que fazer, como se
tivesse planejado tudo em detalhes. Foi assim que, em re lação às
estradas, aos jardins e ao paisagismo em geral, adotei o mesmo
procedimento empregado para construir o templo e o museu; quer
dizer, se gui a inspiração vinda de Deus mostrando-me a todo
instante o que e como deveria ser feito. Então, enquanto passeava,
cerca de meia hora por vez, pelos locais das futuras construções,
as idéias me apareciam e se tornavam planos completos após
duas ou três visitas. Tudo era decidido à medida que caminhava
contemplando cada local sem pensamento consciente, nem esforço
do meu intelecto.

4.6.2 - Esboço dos projetos

Assim que estabeleço a diretriz de um proje to, a linha geral


da sua realização surge claramente na minha cabeça.

Agora, por exemplo, após ter concluído em Hakone o


Shinsen-kyo (modelo do Reino de Deus na Terra), meu objetivo é a
construção de uma Sede Central.

Já comprei, há uns quatro anos, um terreno de mais ou


menos trinta mil metros quadrados, si tuado no lado oposto ao
Shinsen-kyo, logo após ultrapassar a linha do "bonde a cabo" que
passa nesse local. É uma suave colina, com muitas azáleas e um
pequeno bosque de cedros. Leves inclinações late rais formam um
aprazível vale, com um atraente riacho cristalino. Esse é o lugar
onde quero construir o Templo Central todo branco. Vai ser uma
paisagem de beleza indizível; à frente, bem no alto, uma casa cor
de neve; ao fundo uma floresta azul- esverdeada. Será uma
construção muitíssimo dife rente de tudo que está sendo realizado
em Atami ou Hakone.

177
Evangelho do Céu Vol. III

Com esse esboço, dá para vocês perceberem claramente


que antes mesmo de eu começar a fazer alguma coisa, tudo já fica
pronto na minha cabeça. Entretanto, como existe uma distância
muito gran de entre a idéia e a sua efetivação, eu sinto uma es pécie
de tédio, mas, ao mesmo tempo, tenho enorme satisfação pela
facilidade com que prevejo meus projetos realizados.

4.6.3 - Exatidão dos projetos

Há um diálogo muito interessante ocorrido entre os


funcionários do escritório e o Sr. Shino, o en carregado da
construção, que vai ser publicado no próximo número do jornal
Hikari (Luz), cujo as sunto está relacionado à altura do Templo
Messiânico a ser edificado em Hakone.

Há poucos dias, veio o arquiteto fiscalizar a planta


orientada por mim e verificar se o cálculo das medidas estava
exato. Após um exame minuci oso, concluiu não haver erro algum.
Embora esses doutores em arquitetura digam que, para calcular
adequadamente essa metragem, levam em média dois meses, eu
gastei apenas cinco minutos. Primei ro fiz um pequeno modelo e, em
seguida, surgiu a idéia determinando quantos metros deveria ter
a altura. Essa informação apareceu sem eu pensar, depois de ter
examinado o esboço do projeto todo. O mesmo aconteceu com
relação à espessura das colunas. À primeira vista, já sabia que o
ideal seriam oitenta e quatro centímetros. Esse é um dado mui to
importante para elaboração de uma planta. Por ele, os arquitetos,
através de cálculos e consideran do o peso e o tamanho da
construção, determinam qual deva ser a grossura das colunas.

No caso específico da análise desta minha planta, todos os


engenheiros ficaram muito surpre sos por terem chegado,
exatamente, à metragem idêntica àquela estabelecida por mim.

178
Evangelho do Céu Vol. III

Essa lógica explica também o porquê de, às vezes, um


doente, desenganado pelo médico, conseguir ser curado com um
pouco de Johrei apenas.

4.6.4 - Minúcias dos projetos no tempo exato

Sempre que chega o tempo exato, surgem ins tataneamente


as minúcias dos projetos elaborados mim.

Quando dei orientação sobre o preparo do terreno onde vai ser


construído o Museu de Arte de At ami, o fiz de uma forma bem
simples. Fui lá som ente duas vezes, demorando, em cada visita,
de trinta minutos a uma hora. Assim pude estabelecer a maneira
correta de como seria o caminho de aces so ao Templo. Foi um
pouco difícil no início, por tratar-se de um terreno bastante
íngreme. Agora, porém, todos estão surpresos por ter sido
possível elaborar um projeto tão bom e perfeitamente adequado à
estrutura do terreno. Depois de totalmen te pronto, vocês vão
entender o porquê dessa dificuldade e também o modo como
Deus, desde muito tempo atrás, preparou esse local para ser
construída uma escadaria em zigue-zague pela qual se chegará ao
Templo.

Mudando um pouco de assunto: no momento, estou


planejando o Templo Messiânico de Atami. Já tenho estabelecidos
na minha cabeça o tamanho e a altura. Foi uma decisão muito fácil
uma vez que, do lado espiritual, já estava tudo determinado como
deveria ser feito.

Importa também não esquecer que as minhas decisões


advêm de Deus, nunca dos meus conheci mentos. Por esse motivo,
a construção do Templo deve ser realizada de acordo com o
plano divino: nem muito alta nem muito baixa. O mesmo vai
acontecer em relação às colunas: nem grossas, nem finas. Com
respeito ao corrimão que será construí do circundando o caminho
pelo qual se chegará ao Templo, eu não tinha, de início, nenhuma

179
Evangelho do Céu Vol. III

ideia de como projetá-lo. Chegando, porém, ao local, veio- me de


imediato à cabeça a maneira adequada de fazê-lo. Todos acharam
o desenho muito interessan te: uma mureta de concreto, ladeando a
escada em zigue-zague, com aberturas ovais simetricamente
dispostas, cortadas ao meio por um fino cano de ferro que servirá
de sustentação à estrutura e, ao mesmo tempo, proporcionará
maior beleza ao conjunto. Trabalho muito simples, cuja execução
ficará barata, mas, do ponto de vista arquitetônico, cons titui uma
perfeita obra de arte, com qual todos vão ficar encantados.

À vista de fatos deveras evidentes, não tenho como explicar


em palavras o aparecimento tão cla ro dos detalhes, a não ser por
um processo misterio so ocorrido exatamente quando surge o
tempo certo. Por esse motivo, também não adianta eu que rer
imaginar com antecedência como vou resolver certas minúcias,
pois só no momento adequado é que elas se esclarecem
facilmente. Acontece assim por ser Deus a Ordem para todas as
realizações.

Mesmo em se tratando daquele terreno vizinho 37, cujo dono


não nos quer vendê-lo e que está aparentemente sendo um
obstáculo à construção do protótipo do Reino de Deus em Atami,
com certeza, nesta hora, não nos é necessário. Quando c hegar o
tempo exato, porém, o proprietário virá o ferecê-lo a nós.

Posso afirmar, portanto, que o esboço geral da construção


pode ser projetado com antecedênc ia; as particularidades, contudo,
só se concretizam no momento propício.

4.6.5 - Príncipe Shotoku e eu

Uma semelhança marcante entre a minha vida e a do


Príncipe Shotoku diz respeito às cons truções.

37
Esse terreno, ao qual Meishu Sama se refere, estava situado num local que impedia o
acesso mais fácil ao alto da colina, onde seria realizada a construção de Atami. Foi preciso
fazer, de início, um desvio, mas não demorou muito tempo para que o dono viesse vendê-lo
a Meishu Sama. Tudo, então, foi resolvido naturalmente.

180
Evangelho do Céu Vol. III

Enquanto os arquitetos procuram uma ma neira científica,


elaborando cálculos para o esboço de um projeto, eu o faço através
da intuição. Assim determinei a altura e o tamanho do Templo,
imaginando criar nas pessoas o máximo de recolhimento, reverência
e respeito, ao adentrarem à nave. Então, de acordo com esse
pensamento, surgiram na minha cabeça, de maneira muito natural,
quais condições seriam as melhores. Assim, pois, ao pisar no
lugar onde seria construído o Templo, senti que a altura
estabelecida por mim e também a forma do teto em semicírculo
ficariam perfeitas. O mesmo se deu em relação ao diâmetro das
colunas: observando a construção como um todo, veio-me a
exatidão da espessura. Tudo isso coincide rigorosamente com os
cálculos dos arquitetos que, através da ciência, de moram anos e
anos para aprender e, só depois, che gar a uma conclusão. O que
eu faço, contudo, é muito rápido, realizado no local e na hora
porque sei, desde o início, o resultado de todos os cálculos.
Esse processo segue a mesma lógica do Johrei que
consegue curar, em pouco tempo, doentes tra tados por médicos
há anos.

4.7 - Agricultura da Grande Natureza

4.7.1 - Perniciosidade dos adubos

Lendo relatórios de testemunhos dos agricul tores, encontrei,


descrita num deles, a diferença entre o arroz cultivado com e sem
adubo.
Através de uma foto, contendo de cinco a seis grãos de cada
exemplar, ampliada em mais ou me nos três centímetros, trazida
junto com o relatório, pude perceber que os grãos adubados se
encontra vam esburacados e corroídos, ou apenas pela meta de. Os
produzidos sem adubo, entretanto, estavam perfeitos.

Esse fato relacionado à irregularidade e ao estado dos grãos


produzidos com fertilizantes nos faz con cluir que, caso alguém se

181
Evangelho do Céu Vol. III

alimente durante o an o inteiro de arroz cultivado com aditivos


químicos ou orgânicos, vai certamente ter problemas com
lombrigas no intestino. Eis uma das razões de eu e star sempre
incentivando a Agricultura da Grande N atureza.

4.7.2 - Inutilidade dos adubos

Há alguns dias, recebi a visita do Sr. Yuuji Komatsu, ex-


deputado federal, eleito pela cidade de Atami. Veio falar-me a
respeito de um adubo, segundo ele, de efeitos magníficos, que fora
produzido por um amigo seu, a partir do apodrecimento da batata-
doce.

Na verdade, o Sr. Yuuji queria a minha cola boração para


divulgar esse produto. De imediato lhe disse que o melhor seria
não realizar tal intento, pois qualquer tipo de adubo pode trazer
temporariamente um aumento da produção; mas, após al guns
anos, tudo volta a ficar como antes ou até pior. Assim acontece
porque a batata-doce foi colocada na Terra para alimentar o ser
humano. Daí ser uma atitude totalmente contrária à vontade de
Deus, apodrecê-la para fazer adubo.

É preciso, portanto, saber que todos os seres criados agem


de acordo com a Lei Divina, quer di zer, existem para uma finalidade
específica. Além d isso, tudo que produz resultados temporários não
é bom. Eis a razão de eu afirmar que esse fertilizante do qual o Sr.
Komatsu me viera falar não passa de um produto inútil, da mesma
forma como os remédios também nada valem.
Se, então, for usado um adubo como esse pro posto pelo Sr.
Komatsu, vai ocorrer, com certeza, um processo semelhante ao do
emprego do sulfato de amônia: no início, determina um aumento
bastante acentuado da produção, levando os agriculto res a acreditar
que se trata de um fertilizante extraordinário. Com o passar do
tempo, porém, deixa de corresponder aos efeitos anteriores. Nem
com isso, entretanto, os plantadores percebem onde se encontra o
ponto focal da queda de produção. Acontece algo parecido com a

182
Evangelho do Céu Vol. III

atitude do gato que vai tomar sol no telhado, onde o calor é mais
intenso. Mesmo após os raios solares terem desapareci do, não
estando mais a aquecer-lhe o corpo, permanece ainda deitado no
exato lugar de antes. Assim ocorre também com o adubo. Embora
a sua ação já não traga o efeito esperado, os agricultores continuam
pensando que ele faz bem.

Pode-se, perfeitamente, rir do gato que não sofre prejuízo


algum com sua atitude descompro missada. O ser humano,
contudo, precisa ficar alerta, pois os danos causados pelos adubos
são irreparáveis.

4.7.3 - Toxinas de adubos e remédios

Meu maior objetivo está sendo agora promo ver uma


revolução na medicina. Não é porém nada fá cil. Acredito, contudo,
que, após a divulgação da Agricultura da Grande Natureza no
Japão inteiro, s eja possível também o surgimento de reações con tra
os enganos da medicina. Tal ocorrência vai estar dentro da lógica,
uma vez que a perniciosidade dos adubos nas plantas, assim como
a degeneração do organismo, causada pelos remédios, são
exatamen te iguais. Ambas produzem o enfraquecimento da saúde
tanto da terra, quanto do ser humano.

Divulgar, portanto, a ação maléfica exercida pelos adubos,


ajuda a esclarecer as divergências da medicina com respeito à cura
das doenças. Em ou tras palavras, estou querendo dizer que o
mesmo prejuízo causado à saúde humana pelos alimentos
contaminados por agrotóxicos é também produzi do pelo uso de
remédios. Tenho, por isso, cons tantemente alertado sobre os
efeitos perniciosos das toxinas dos medicamentos. Na verdade,
quero di zer que não só as drogas usadas na agricultura, mas
também as simplesmente ingeridas causam danos irreparáveis ao
organismo.

183
Evangelho do Céu Vol. III

A vitalidade do ser humano está, portanto, sendo


danificada por dois poderosos venenos: os adubos e os
remédios.

4.7.4 - Tratamento respeitoso às plantas

As pessoas em geral não sabem que, além dos animais, as


plantas também possuem sentimentos, são capazes de raciocinar e
ter idéias artísticas. A única diferença está no fato de elas não se
expressa rem como os animais. Têm sua liberdade limitada por não
poderem movimentar-se de um lado para o outro. Dá, entretanto,
para saber quais são as suas vontades. Por exemplo, quando eu
faço um arran jo floral, às vezes, o resultado não me satisfaz; mas,
como sempre tenho muitas tarefas a cumprir, dei xo-o assim mesmo.
Um tempo depois, exatamente o ponto do qual eu não havia gostado
aparece cor rigido de maneira adequada. As plantas possuem, na
verdade, um comportamento muito habilidoso e sutil.

Ontem mesmo (14 de janeiro de 1954), colo quei dois narcisos


num vaso e notei que o conjunto não se harmonizava. Como tinha
outros afazeres, deixei-os como estavam e acabei me esquecendo
deles. No dia seguinte, quando os olhei, já se acha vam
convenientemente arrumados.

Também acontece com muita freq üência de, em razão de


certas condições locais, eu mandar o jardineiro plantar algumas
árvores ao contrário, isto é, com a frente voltada para trás, ou de
lado. Às vezes, o ambiente me obriga a fazer isso. Com o pas sar do
tempo, entretanto, elas se ajeitam e a parte que estava atrás vira-se
para a frente. Demonstram, dessa forma, terem elas vida e vontade
próprias.

De suma importância é, portanto, tratar bem as plantas,


amando-as e respeitando-as. Essa atitud e humana as deixa
contentes e faz surgir nelas o d esejo de se tornarem cada vez

184
Evangelho do Céu Vol. III

mais belas. Dessa fo rma, procuram demonstrar a nobreza de


sentimento que, de fato, possuem.

A mesma realidade relativa ao desenvolvi mento das


plantas está presente também no processo de fecundação da
terra. Se for tratada com respeito e carinho, fica contente e trabalha
bastante. Com relação ao ser humano, o comportamento é
idêntico. Sendo constantemente menosprezado e judiado, torna-
se infeliz e não será capaz de produ zir nada de proveitoso.

Pode-se, então, concluir sem dúvida alguma que tanto a


terra, quanto as plantas e o ser humano, possuem um ponto em
comum, quase impalpável, muito delicado e sutil, que constitui a
grande dife rença nas reações comportamentais e nos resultados
das ações de cada um deles em particular.

Como dedução lógica, a partir dessa caracte rística própria


de cada ser, qual seja, aquele ponto meio misterioso de
perspicácia, é certo que, jogan do excrementos de toda espécie
sobre a terra, ou adicionando-lhe a violenta toxina do sulfato de
amônia, ela vai ficar irritada e sem vontade de cola borar com os
agricultores. Em conseqüência, os re sultados das colheitas serão
desastrosos. Nesse aspecto, as plantas agem semelhantemente
aos de mais trabalhadores, fazendo greve como uma ma neira de
se revoltar contra os adubos que lhes causam tanto mal.

185
Evangelho do Céu Vol. III

4.7.5 - Resultados satisfatórios

Os relatórios deste ano (1954) sobre agricultu ra revelam


acentuada melhora de produção, quando comparados com os do
ano anterior.

Esses resultados mais satisfatórios são, na ver dade,


conseqüência da mudança que está ocorrendo no Mundo Espiritual.
Em virtude do aumento de kasso (espírito do fogo), o calor, a cada
dia, se torna mais forte.

Ontem (14 de janeiro de 1954) fui ao jardim das ameixeiras


(ume). Já se encontravam em plena florada, o que, em outras
épocas, normalmente acontecia no final de janeiro. Entretanto,
devido à intensificação de kasso, o clima se tornou mais quen te, vindo
a favorecer o desenvolvimento das plantas e beneficiar
consideravelmente as colheitas.

Muitas vezes, no entanto, o bom resultado da produção


agrícola fica prejudicado pelo emprego de adubos. Se, ao
contrário, não forem adicionados fertilizantes orgânicos ou químicos
de espécie algu ma, as nuvens do Mundo Espiritual das lavouras
diminuem, fazendo aparecer rapidamente os efei tos do Bem e do
Mal. Ao mesmo tempo, surge muito clara a distinção entre um e
outro. Quer dizer, o agricultor que estiver agindo errado, usando
agrotóxicos, encontra dificuldade na obtenção de resultados
satisfatórios. Por sua vez, aquele que segue os ditames da
Grande Natureza, mantendo a terra pura, consegue ótimas
colheitas.

O principal, então, a partir deste ano (1954) é mostrar com


bastante clareza a excelência do culti vo sem fertilizantes
paralelamente ao progressivo insucesso das plantações
adubadas. Essa realidade, a cada ano, deverá ficar mais evidente,
chegando a um ponto de não haver meios de negá-la.

186
Evangelho do Céu Vol. III

O mesmo processo vai ocorrer também em relação às


doenças. Assim quando, num futuro pró ximo, o auge do problema
for atingido, acontecerá algo semelhante ao percebido agora na
agricultura: o resultado da medicina será oposto ao esperado, da
mesma forma como uma terra adubada nada de bom produz.
Quando chegar esse tempo, a humani dade toda conseguirá
entender a minha colocação.

Os primeiros esclarecimentos, contudo, preci sam estar


relacionados à agricultura; mais tarde, vi rão os entendimentos sobre
a verdadeira medicina.

4.7.6 - Vigorosidade do corpo humano

Este Ensinamento coloca em evidência um ponto


importante. Notem como o Criador fez o cor po do ser humano
extremamente forte e vigoroso. Apesar de todas as toxinas que
ingere por meio de remédios, consegue viver com relativa
facilidade.

Além disso, ainda são acrescentadas ao orga nismo as


impurezas dos fertilizantes através da ali mentação contaminada.
Mesmo quem não toma medicação alguma, está, no mínimo três
vezes ao dia, colocando toxinas de adubos no corpo ao consumir
produtos contendo agrotóxicos. É óbvio, portanto, ocorrer a
proliferação, por exemplo, de vermes na barriga, ou mesmo de
quaisquer outros tipos de doença.

Observando, então, tantas pessoas com o cor po cheio de


toxinas solidificadas, trabalhando sem grandes dificuldades, a mim
me causa muita admi ração.

Como é forte realmente o corpo do ser humano!

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Evangelho do Céu Vol. III

4.7.7 - Soonen e agricultura

As condições para gerar colheitas abundan tes ou carência


de produção são criadas pelo com portamento do ser humano.

Possuindo, por conseguinte, um coração su blime, que


constantemente cultive o sentimento de gratidão aos produtos
agrícolas, todos terão ali mentos com fartura. Na verdade, o
agradecer inten so não desperdiça, não cria negatividade e, por
outro lado, conduz à maneira correta de lidar com o solo. Se fosse,
então, cultivada constante atitude de profunda gratidão à
agricultura, haveria supri mentos suficientes, e com sobras, para o
mundo inteiro.

O homem de hoje, porém, tem uma atitude totalmente


oposta. Age através de um soonen erra do, de carência, de avareza,
de egoísmo, com o qual gera a escassez de produção. Cria também
todos os desastres agrícolas, bem como a própria desarmo nia
climática da qual resultam as mais variadas intempéries.

5 - Perenidade da presença de Meishu Sama

5.1 - Luz do Johrei

Certa vez, em conversa com alguns visitantes, expliquei


sobre o Johrei respondendo a perguntas que me foram feitas:

Visitante — Quando o Johrei é ministrado, a Luz vai na


direção do receptor. E depois? Volta para quem a está
ministrando?

Meishu Sama — Não, não é assim que acon tece. A Luz


penetra e ultrapassa o corpo de quem a recebe, saindo, de
maneira ilimitada, da bola que tenho no meu ventre.

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Evangelho do Céu Vol. III

Visitante — Essa "bola" da qual está falando só o Senhor a


possui?

Meishu Sama —Sim, somente eu.

Visitante — Suponhamos então: daqui a cem anos, o


Senhor vai para o Mundo Espiritual. O que acontecerá?

Meishu Sama — Nada de diferente. Tudo será igual.


Continuarei, de lá, irradiando, intensa mente, a mesma Luz, porém
com muito mais facili dade, porque já não terei os obstáculos do
corpo físico.

Comentário do visitante: Ah! Então os mes siânicos


podem ficar tranquilos...

5.2 - Curas

Há quatro ou cinco dias, recebi a visita do pessoal


encarregado do Departamento Religioso do Ministério da Educação
e Cultura, juntamente com a de repórteres ligados à parte cultural
dos jornais Asahi, Mainiti e Jiji, num total de sete pessoas. Com
eles dialoguei durante algum tempo respondendo a perguntas
que me fizeram sobre vários assuntos, entre os quais o seguinte:

Visitante — O Senhor cura as doenças atra vés do Ohikari,


mas, quando for para o Mundo Es piritual, não vai mais haver quem
o faça. Como fica, então?

Meishu Sama — Continuarei manifestando um poder


idêntico da Luz que possuo, de lá mes mo, do Mundo Espiritual.

Comentário de Meishu Sama — Todos os visitantes


balançaram a cabeça demonstrando dúvi das sobre a minha
resposta.

189
Evangelho do Céu Vol. III

5.3 - Eu, Meishu Sama

É importante que os mamehito saibam quem sou eu, Meishu


Sama. Quando tiverem convicção absoluta do meu poder, a sua
alma ficará sólida como um diamante. Ao mesmo tempo, a
capacida de de atuação de cada um aumentará consideravel mente.
Assim todos conseguirão colaborar na Obra Divina.

Devem vocês, portanto, procurar entender do fundo do


coração estas minhas palavras e, depois, colocá-las em prática o
maior número possível de vezes.

190
Evangelho do Céu Vol. III

PROPOSICAO FINAL

UNIÃO COM DEUS

Alegremo-nos profundamente!
Estamos começando a viver no
Reino de Miroku

A mão de Deus está reconstruindo a cultura


Atual dominada pela açao das
Entidades negativas

A partir de agora, amor e poder


Verdadeiros, somente serão encontrados
Na União com Deus

Não nos afastemos nunca da verdade!


Procuremos demonstrar a todo instante
Perene gratidão ao Pai Criador!

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Evangelho do Céu Vol. III

ADENDO

MEISHU SAMA

É o fundador da Messiânica. Nasceu na parte mais oriental


de Tóquio, capital do Japão, no bairro de Hashiba, em 23 de
dezembro de 1882. Até os 40 anos de idade, foi um homem comum
que se dedi cava a atividades comerciais e a estudos artísticos.

Em 15 de junho de 1931, recebeu de Deus não só a revelação


de que estava aproximando-se a Era do Dia, marco inicial de uma
nova civilização, mas também toda força necessária para ensinar
como podem ser eliminadas, do mundo todo, as causas das
doenças, misérias, conflitos, sofrimentos esses que, há muito
tempo, vêm afligindo a humanidade, impedindo-a de ser feliz.

Então, a partir de 15 de junho de 1931, Meishu Sama


passou a dedicar-se inteiramente à propagação dos Ensinamentos
que lhe foram transmitidos por Deus, com objetivo de proporcionar
aos seres humanos os meios corretos para o estabeleci mento de
uma vida repleta de saúde, abundância e paz, plena de verdade,
virtude e beleza.

JOHREI

É um método de canalização de Luz através da palma da


mão. Essa Luz resulta inicialmente da junção de duas energias:
espírito do fogo (Kasso) e da água (Suisso), os quais, ao
penetrarem no interior de um ministrante (pessoa que aplica
Johrei), se unem ao espírito da terra (Dosso) do qual é feito o
corpo humano, formando uma Luz única que, ao ser irradiada
através da palma da mão, tem o poder específico de queimar
máculas e eliminar toxinas. Por isso, o Johrei é um ato possível
somente pela comunhão entre Deus e o homem.

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Evangelho do Céu Vol. III

Portanto seu principal objetivo é despertar os homens para o


poder de Deus sobre todas as criatu ras, princípio esse, por longo
tempo, adormecido. Não se trata, contudo, de um trabalho fácil,
porque a maioria dos povos civilizados, tendo a alma fas cinada pela
ciência, negligenciou a existência de Deus. Daí ser necessária uma
força supra-humana para sacudir as mentes e os corações. A esse
prodígio renovador, Meishu Sama denominou milagres. São
ocorrências comuns na fé messiânica e operadas pelo poder absoluto de
Deus Supremo, que realiza transformações extraordinárias nos seres
humanos, fazendo-os ingressar numa nova era de prosperi dade.

MESSIÂNICA

Não é simplesmente uma religião. Natural mente, ela tem uma


parte mística, mas não se restringe só a esse aspecto. Seu principal
objetivo é a salvação da humanidade, estando, por isso,
fundamentada em princípios que visam a criar felicidade. É, pois, uma
tarefa sem precedentes na história mundial.

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Evangelho do Céu Vol. III

GLOSSÁRIO

Agricultura da Grande Natureza: é uma maneira natural


de cultivo do solo, mostrado por Deus a Meishu Sama. De acordo
com essa revelação, a pró pria terra, associada à energia solar e
lunar, bem como à ação da água, já contém todos os elementos
indispensáveis à fertilização e desenvolvimento das plantas. Tem
também idêntica competência para produzir a energia necessária
ao fortalecimento da vida do ser humano, a fim de que ele possa
cumprir plenamente a missão para a qual foi destinado nes te
mundo. Quando o homem ingere alimentos con taminados por
elementos químicos presentes nos adubos e inseticidas,
automaticamente se intoxica. Mesmo em pequena quantidade,
essas substâncias penetram no sangue e produzem toxinas que
se acumulam no corpo, ao longo dos anos. Em conseqüência ,
formam-se nuvens na parte espiritual e lentamente a saúde vai
sendo abalada.

Amatsu Norito: ou oração do Céu. É composta de uma


combinação de sons que geram energia com poder de purificar o
espaço, possibilitando a liga ção entre o Céu e a Terra, Deus e o
homem.

Amita: Amitabaha (= luz infinita) em sânscrito. Em japonês,


Amida, a divindade budista mais popular no Japão. É, de fato, uma
divindade lunar que che fiou, durante a Era da Noite, o Joodo, reino
espiritual que se encontra na direção oeste. Segundo uma idéia
bem antiga, como o Sol nasce no leste e mor re no oeste, da
mesma forma o espírito humano, após a morte, vai para o Joodo
(no oeste), tendo sido, por conseguinte, salvo por Amita.

Bosatsu: (Bodhisattva em sânscrito) Na sua origem, a


palavra é a própria pronúncia sânscrita re presentada em kanji
(escrita chinesa). Denomina o ser humano que procura a
iluminação (satori). Historicamente, a idéia de bosatsu
desenvolveu-se ao lado do Budismo Mahayana (daijo), há mais ou

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Evangelho do Céu Vol. III

menos dois mil anos. Enquanto o pensamento budista mais vertical


(shojo) limitava a denominação de bosatsu apenas à vida de
Sakiyamuni em reen carnações anteriores, o Budismo Mahayana
começou a usá-la para se referir a todos aqueles que procuram a
iluminação.

Daijo: palavra japonesa formada por dai (= grande) e jo (=


veículo). Significa, portanto, grande veículo, ou seja, visão ampla,
horizontal.

Daikomyo: Grande Luz de Deus

Era Meiji: (1868-1912) período de reinado do Im perador Meiji


(Japão).

Espírito: vibração energética inerente à matéria, presente


em todos os elementos que compõem o Uni verso. Corresponde,
portanto, ao corpo espiritual (ou simplesmente espírito) dos
seres. É comum também a palavra ser empregada significando
alma, isto é, a essência divina, com luz própria, pre sente no ser
humano.

Espírito da Água: é, na verdade, a energia advinda de


suisso, partícula essencial proveniente da Lua. Durante os mais
ou menos três mil anos da Era da Noite, o seu poder prevaleceu,
dominando e enco brindo kasso.

Espírito da Terra: força emanada do centro do Glo bo


Terrestre. Origina-se de dosso, partícula essencial que entra na
formação da Terra. O poder de dosso foi sempre ignorado e, por
isso, o solo continua, até hoje, sendo considerado apenas como
uma massa composta de areia e barro, que não contém nada
especial. Vem daí a idéia do adu bo químico ou orgânico e o
desconhecimento total de que o verdadeiro fertilizante é dosso.

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Evangelho do Céu Vol. III

Espírito do Fogo: energia não material, originária de kasso,


cujo significado é essência de uma partícula proveniente do Sol. Essa
energia, comumente chama da de Espírito do Fogo, corresponde, na
realidade, à Bola de Luz que estava com Meishu Sama na Terra e
ainda continua com Ele no Mundo Divino, aum entando, cada vez
mais, em tamanho e potencia lidade, até envolver, um dia, o
Universo inteiro tanto o imaterial, quanto o físico. Na verdade,
kasso é a própria Luz do Johrei que queima as máculas espirituais
e dissolve as toxinas do corpo humano. Muitas vezes, por isso,
quem recebe Johrei sente calor refletido até fisicamente. A luz de
kasso geralmente é vista na cor branca, se melhante à dos raios
solares. Produz sempre muita alegria no coração, alívio interior, e faz
brotar um intenso amor a todos os seres, traduzido num sen timento
misericordioso que supera a dualidade Bem / Mal, certo/errado
norteadora das atitudes humanas.

Do ponto de vista religioso, a expressão "batismo pelo fogo"


simboliza a purificação por meio da luz de kasso.

Ainda, com relação ao poder de kasso, Meishu Sama


profetizou, há cinquenta anos, o aquecimento do Globo Terrestre
em conseqüência do aumento des sa luz.

Por desconhecerem o fato, cientistas e ecologistas tentam


atualmente explicar que o aumento da tem peratura se deve à
concentração de gás carbónico (CO 2) na atmosfera, teoria esta
incompleta, pois fal ta-lhe, ainda, considerar a revelação divina.

Espírito Primordial: expressão usada por Meishu Sama para


indicar a alma, a partícula divina, ou seja, o pequeno deus presente
em cada ser humano.

Ikebana: maneira de manifestar, através de arran jos florais, o


senso de beleza. É uma forma de arte tridimensional, bem próxima da
escultura, que bus ca criar um espaço artístico, utilizando
conjuntamente flores, vasos, cestas, ambiente e espaço.

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Izunome: nome de um imperador do Japão (aproxi madamente


há 2.600 anos). Quando chegaram os in vasores, não querendo fazer
guerra, fugiu para a Índia, onde propagou uma doutrina que, mais
tarde, serviu de base para a fundação do Budismo. Os seus
seguidores o chamavam de Avalokitesvara (Kannon).

Jashin: entidades negativas que contestam a Luz da Era do


Dia e, por isso, atrapalham, de todas as for mas possíveis, aqueles
que procuram a verdade.

Kampoo: método de medicina chinesa que utiliza remédios


extraídos de ervas, cascas, raízes, insetos, animais e minerais.
Surgiu durante a dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.).

Kannon: Avalokitesvara em sânscrito. De acordo com a


origem do nome, é uma divindade tanto masculina, quanto
feminina que, observando todas as leis regentes do Universo,
salva livremente os povos. Dessa forma, quando Seu nome é
pronun ciado, prontamente vem em socorro daquele que O invocou.
Dependendo do auxílio solicitado, pode manifestar-Se de forma
diferente em qualquer par te do mundo. É reverenciado desde
tempos remo tos, especialmente no mundo oriental. Sempre
responde às necessidades imediatas, quer dizer, àquilo que o ser
humano está, de fato, precisando no momento.

Kanzeon: o mesmo que Kannon. Na verdade, é uma das


denominações de Avalokitesvara .

Kenshinjitsu: máximo grau de sabedoria possível de ser


atingido. Quem chega a esse nível consegue enxergar a realidade
presente, passada e futura, transcendendo, dessa forma, a
noção de tempo e espaço.

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Kunitokotachi no Mikoto: é a denominação japo nesa do


Deus Ushitora que, de acordo com o Ofudesaki, se manifestou
através de Nao Deguchi, fundadora da Oomoto.
Em épocas mais remotas, foi cultuado como o Deus ancestral
da humanidade e governante da Terra. Sempre foi temido por
muitos outros deuses pelo seu enorme senso de justiça e infinito
poder.

Lei Divina: princípio estabelecido por Deus no momento


da criação. Através dela o Universo se movimenta e evolui. É
inviolável e imutável.

Lógica Divina: o mesmo que princípio divino que rege o


Universo (Lei).

Máculas: o mesmo que nuvens espirituais.

Makoto: palavra japonesa que não tem uma tra dução


exata. A idéia que contém é a seguinte: levar em consideração, em
primeiro lugar, os outros; de pois a si mesmo. Daí expressar um
conceito amplo de amor ao próximo.

Mamehito: palavra japonesa formada por mame (=


verdadeiro) e hito (=homem). Engloba, pois, em seu significado, todo
aquele que se inicia na Messiânica, estuda e pratica os Ensinamentos
de Meishu Sama, procurando tornar-se uma pessoa possuidora
de makoto, um homem verdadeiro, cheio de amor, sin ceridade e
autenticidade.

Miroku: (ou Maitreya , o buda do futuro), palavra usada para


designar o Deus vivo, com individuali dade e forma humana.
Somente através de uma manifestação concreta de Deus é que vai
ser possível estabelecer na Terra o Reino do Céu.

Mundo de Miroku: o mesmo que Reino de Deus na Terra.

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Evangelho do Céu Vol. III

Nichiren: (1222-1283) a palavra significa flor de Lótus do


Sol. Foi um mestre religioso e profeta. Pro pagou uma doutrina com
base no Budismo. Teve grande número de adeptos.
Nuvens Espirituais: são máculas ou impurezas que
recobrem a alma (centelha divina do ser humano), geradas pela
violação dos princípios da Lei de Deus. É um processo
semelhante ao que ocorre no Plano Físico onde, muitas vezes, as
nuvens re cobrem os raios solares, impedindo-os de iluminar a
Terra. Da mesma forma, quando uma pessoa pos sui muitas nuvens
espirituais, não tem capacidade para discernir entre o Bem e o Mal,
o certo e o erra do, porque lhe falta Luz.

Nyorai: (Tathagata em sânscrito). Denominação de um buda


perfeito, ou de iluminados de alto grau, quer dizer, daqueles que já
atingiram a verdade ab soluta.

Ofudesaki: livro psicografado por Não Deguchi, fundadora


da religião Oomoto, no qual estão ex postos os fundamentos da
doutrina.

Ohikari: palavra japonesa que significa Luz Divina. É também


para os messiânicos um símbolo físico da Luz que cada mamehito
carrega no coração e com a qual pode ajudar aos semelhantes.
Nesse sentido, é composto de um estojo em forma de medalha onde
está acondicionado um pequeno pedaço de papel que traz escrito
o ideograma Luz.

Oomoto: religião fundada por Nao Deguchi no Ja pão (1892;


ano 25 da Era Meijï), com duas sedes: uma em Ayabe (mais antiga)
e outra em Kameoka, ambas províncias de Kyoto.

Purificação: ato de limpeza de máculas do espírito e toxinas


do corpo. É realizada pelas doenças, por sofrimentos ou infortúnios
com os quais o homem se depara durante a vida terrena.

Sakyamuni: fundador do Budismo (566 - 486 a.C).

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Evangelho do Céu Vol. III

Satori: palavra japonesa muito usada no Zen-budis mo.


Significa despertar ou acordar a consciência divina no ser
humano. Quem atinge o estado de satori já é um iluminado.

Senju Sengan Kannon: uma das formas de manifes tacão de


Kannon com mil braços (Senju) e com mil olhos (Sengan} para poder
salvar toda a humanidade.

Shojo: palavra japonesa formada por sho (=peque no) e jo


(=veículo). Significa, portanto, pequeno veí culo ou, simbolicamente,
visão vertical, restrita.

Soonen: palavra japonesa composta de soo (=idéia) e nen


(=desejo). É, de fato, um pensamento, que pode ser tanto negativo
quanto positivo, associado à von tade, ao amor, ao ódio, formando, no
conjunto, um sentimento único que pode gerar uma força
extraor dinária direcionada para o Bem ou para o Mal, ca paz de
resolver qualquer problema, ou prejudicar a vida do outro.

Shotoku: (574 - 622) introdutor do Budismo no Ja pão.


Governou o país com sabedoria, tendo estabe lecido a primeira
constituição japonesa composta de dezessete capítulos. Deu início
assim à organização político-social do país. Construiu também
grandes templos, os quais até hoje atraem pela beleza e pela
tecnologia empregada em suas construções.

Sunao: palavra japonesa que engloba as acepções de


obediência, honestidade, franqueza, naturali dade, meiguice,
simplicidade, docilidade.

Tenrikyo: religião ligada ao Xintoísmo iniciada no Japão por


Miki Nakayama e oficialmente reconhe cida em 1908.

Tieshokaku: palavra japonesa formada por tie (=


sabedoria) e shokaku (= certo, correto). Significa, na interpretação

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Evangelho do Céu Vol. III

de Meishu Sama, profunda capaci dade de discernimento que vai


permitir a distinção entre Bem e Mal, certo e errado.

Yang: palavra chinesa. Indica a polaridade positiva ou


masculina presente no Universo. Corresponde à essência do Sol,
do dia, do céu, do homem, do ve rão, do calor, do leste e do norte.
Só se concretiza quando ligada ao seu oposto yin.

Yin: palavra chinesa. Indica a polaridade negativa ou


feminina presente no Universo. Corresponde, na verdade, à
essência da Lua, da noite, da Terra, da mulher, do inverno, do frio,
do sul e do oeste. Está sempre ligada ao seu pólo oposto, yang,
sem o qual não existe.

Zen-budismo: é uma ramificação do Budismo di fundida,


inicialmente, na China. Mais tarde, foi di vulgada no Japão de uma
forma muito peculiar, diferente da chinesa. Trouxe uma contribuição
marcante para a cultura tipicamente japonesa, tendo exercido
grande influência na arte de cozinhar, na pintura, na caligrafia, no
ritual da cerimônia do chá, na feitura de ikebanas, entre outras.

Zenguen Sanji: única oração composta por Meishu Sama


para ser rezada pelos mamehito e seguidores como uma forma de
louvor ao espírito de Kannon reecarnado no próprio Meishu Sama.
Para entendê- la melhor basta substituir a expressão Kannon por
Meishu Sama.

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Evangelho do Céu Vol. III

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