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RESUMO 3 | ATIVIDADE DE DIREITO EMPRESARIAL III | MATUTINO

RAIQUE LUCAS E CAMILA INGRID

No procedimento de falência, a arrecadação é o meio pelo qual um administrador


judicial passa a representar a massa falida, fazendo o levantamento de todos os bens,
livros fiscais e documentos da empresa cuja falência foi decretada. A prerrogativa legal
para o ato, encontra-se consubstanciada nos art. 75 e 103 da Lei de Falências. Uma vez
assinado o termo de compromisso, cabe ao administrador judicial, arrecadar os bens e
documentos e a avaliação dos bens, que ficaram sob sua guarda ou de terceiro que por
ventura venha a ser escolhido por ele. A lei ainda garante que o falido acompanhe o
processo de arrecadação.

No art. 109, podemos observar uma prerrogativa para que o estabecimento seja lacrado,
uma vez que exista o risco de que os bens da massa falida sejam prejudicados,
inviabilizando, com isso, a arrecadação.

Em termos gerais, “interessante observar que, os bens comporão o acervo da massa


falida para posteriormente serem alienados com objetivo de pagar o passivo” 1. Por isso,
os livros fiscais e os outros documentos são necessários, primeiro para que se avalie a
situação factual da empresa, depois para levantar as dívidas, e até mesmo para abertura
de processo de verificação e habilitação de créditos, bem como a fim de recolher provas
em uma eventual caracterização de crimes falimentares.

Em síntese, podemos dizer até aqui, que:

A arrecadação é o complexo de atos tendentes à efetivação do


desapossamento dos bens, retirando do devedor o poder de deles
dispor e submetendo-os à guarda do administrador judicial, ou, sob
sua responsabilidade, a pessoa de sua escolha, ou, ainda, em depósito
em mãos do falido ou de seus representantes, para, após avaliação,
serem vendidos e realizados os pagamentos dos credores que
compõem a massa concursal. A lacração somente deve ser realizada se
houver risco à arrecadação ou for necessária à preservação ou do
interesse da massa falida2.

1
Valor Consulting. Arrecadação e custódia de bens na falência. Disponível
em: https://www.valor.srv.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=200. Acesso em: 10/06/2020.
2
NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito empresarial. 9. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019
Por uma facilidade na quitação das dívidas, o juiz poderá permitir que os credores, uma
vez que subsiste um patente interesse na massa falida, adquira o adjudique, de imediato,
os bens arrecadados, desde que pelo valor da avaliação realizada e atendida todas as
regras de classificação e preferência (art. 111).

Como um critério de preservação da massa falida, será permitido também que os bens
perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que sejam de
conservação arriscada ou dispendiosa, sejam vendidos antecipadamente, desde que por
autorização judicial após a arrecadação e avaliação (art. 113).

De acordo com a dicção do art. 139, realizado todo o procedimento da arrecadação e


não havendo mais ressalvas, os documentos devem ser juntados aos autos do processo
de falência para que se dê início a realização do ativo. Entendemos por realização do
ativo, o “conjunto de ações destinadas à conversão do patrimônio do falido em dinheiro,
com o escopo de pagamento aos credores”3. Isso quer dizer que, em princípio,

[...] a realização do ativo é regida pelo intuito de obter o máximo de


dinheiro possível com a liquidação do ativo para que o maior número
possível de credores possa ser pago de acordo com a ordem legal.
Quanto mais ágil o processo de liquidação do patrimônio, maior a sua
eficiência econômica4.

O art. 140 estabelece as formas pelas quais a realização do ativo poderá ser realizada,
observada a ordem de preferência, in verbis:

I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em


bloco;
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades
produtivas isoladamente;
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos
estabelecimentos do devedor;
IV – alienação dos bens individualmente considerados.

Em relação as modalidades, estas deverão ser ordenadas pelo juiz, podendo ser: leilão,
propostas fechadas ou pregão (art. 142). O Ministério Público deve se fazer presente, do
contrário será decretada a nulidade (art. 142). Uma vez recebida as quantias, essas

3
GUERRERO, Luis Fernando. Da realização do ativo: art. 139. Art. 139. Disponível em:
https://www.direitocom.com/lei-de-falencias-lei-11-101-comentada/capitulo-v-da-falencia-do-artigo-75-
ao-160/artigo-139-4#:~:text=Princ%C3%ADpio.,acordo%20com%20a%20ordem%20legal. Acesso em:
10 jun. 2020.
4
Ibidem.
deverão ser prontamente depositadas em conta remunerada de instituição financeira,
observada a lei e as normas de organização judiciária (art. 147).

Sobre o pagamento, a lei estabelece que só depois de realizadas as restituições e pagos


os créditos extraconcursais, que as importâncias recebidas poderão ser usadas para
quitar as dívidas com os credores, atendendo a classificação do art. 83. Se ainda depois
disto, restar alguma remanescente a título de reserva, estes ficarão depositados até o
julgamento definitivo do crédito. Uma vez pagos todos os credores, restando ainda
saldo, enfim, este será entregue ao falido. Concluída a realização de todo o ativo e a
distribuição entre os credores, o administrador judicial terá trinta dias para apresentar ao
juiz as suas contas, para que sejam julgadas e, a partir daí, seja lavrado o relatório final
indicando o valor do ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos
pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades
com que continuará o falido. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência
por sentença, que será publicada em edital, cabendo ainda apelação.

O Art. 158, finalmente, prescreve que extinguirá as obrigações do falido, quando se


configurar, uma das seguintes situações:

I – o pagamento de todos os créditos;


II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50%
(cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao
falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem
se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento
da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime
previsto nesta Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto
nesta Lei.

Disto, uma vez que se identifique a ocorrência de qualquer das hipóteses acima, restará
ao falido requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por
sentença. Ao fim, cumpre ressaltar, que também o sócio de responsabilidade ilimitada
poderá requerer que seja declarada por sentença a extinção de suas obrigações na
falência.

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