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Análise e Modelagem de Sistemas de

Potência em Alta Tensão

Proteção de Sistemas Elétricos

Mariana Nalesso Gonçalves


Aspectos Gerais de Proteção de Sistemas Elétricos

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Transformadores

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
As proteções que precisam ser aplicadas num transformador dependem da sua
capacidade nominal e da importância da carga que alimenta.

De forma geral, os transformadores de potência normalmente são dotados de


proteção de sobrecorrente, que pode ser instalada tanto do lado da tensão
superior como lado da tensão inferior.

Os relés de sobrecorrente sozinhos não são os dispositivos de proteção mais


adequados para a proteção de transformadores. Se um transformador apresentar
um defeito interno, o relé de sobrecorrente instalado no primário não seria
suficientemente sensibilizado para atuar abrindo o disjuntor.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Tipos de falhas nos transformadores
• Internas
As faltas internas ao transformador são aquelas que ocorrem entre as buchas de
tensão superior e inferior, ou ainda todas as falhas que ocorrem dentro da zona de
proteção diferencial. São elas:

• Associadas à temperatura e pressão: são originadas por deficiências em uma ou mais


partes do transformador. Podem ser divididas em:
• Sobreaquecimento, por falhas no sistema de ventilação forçada, perda de óleo refrigerante
devido a vazamentos, entre outros.

• Sobrepressão, resultado de curto-circuito entre espiras com baixa corrente de defeito que forma
gases e estes se acumulam no tanque do transformador.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Tipos de falhas nos transformadores
• Internas

• Falhas súbitas e que demandam a intervenção do sistema de proteção para que os danos
sejam reduzidos.
• Curtos-circuitos entre espiras do enrolamento, originados de impulsos de descargas atmosféricas
ou de manobras na rede.

• Curtos-circuitos entre fases e entre qualquer parte viva interna ao transformador e a carcaça.

• Formação de arco elétrico entre as buchas primárias e secundárias.

• Avarias no tanque, nas buchas e na isolação entre as chapas do núcleo.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Tipos de falhas nos transformadores
• Externas
São todas as falhas que afetam o transformador, mas ocorrem fora da sua zona de
proteção diferencial. São defeitos cuja corrente normalmente é muito elevada, e passa
através das bobinas primárias e secundárias, podendo ocasionar danos se o tempo não
for limitado aos valores máximos do transformador. As principais faltas são:
• Curtos-circuitos

• Sobrecargas

• Sobretensão

• Subfrequência

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
De forma geral, os transformadores de potência devem ser protegidos contra os
seguintes eventos:

- Sobrecarga.

- Curto-circuito: entre fases e entre fase e terra.

- Sub e sobretensão.

- Presença de gás: relé de Buchholz.

- Sobrepressão: óleo e gás.

- Temperatura do ponto mais quente e do topo do óleo.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
O grau de proteção dos transformadores é definido por custo-benefício.

O número de funções que deve ser empregado depende da potência nominal do


transformador e do nível de confiabilidade que se quer obter. Alguns exemplos de funções
aplicadas à transformadores são:
• Função 26: proteção térmica.
• Função 27: proteção contra subtensão.
• Função 50/50N: proteção de sobrecorrente instantânea.
• Função 51/51N: proteção de sobrecorrente temporizada.
• Função 59: proteção contra sobretensão.
• Função 71: detector de nível de óleo do transformador.
• Função 81: proteção contra subfrequência e sobrefrequência (dispensada quando instalada na geração).
• Função 87T: proteção diferencial de sobrecorrente.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
Além destas funções, é necessário que os transformadores de potência sejam protegidos
contra descargas atmosféricas através de para-raios de sobretensão.

Dependendo da potência do transformador e do grau de importância da subestação,


podem ser empregadas uma ou mais das proteções descritas a seguir:

• Proteção por fusível

São utilizados para proteger contra correntes de curto-circuito de natureza externa, e não
protegem contra faltas internas nem contra sobrecargas prolongadas.
Em geral, os fusíveis são utilizados em transformadores com potência de até 7,5 MVA e tensão
nominal menor ou igual a 138 kV.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção por relés de sobrecorrente (funções 50 e 51)

Os relés de sobrecorrentes são utilizados na proteção de transformadores de forma


econômica, porém pouco confiável, principalmente para defeitos externos a esses
equipamentos.

Apresentam limitações quanto à sensibilidade dos ajustes para faltas internas.

Os ajustes do relé de sobrecorrente de fase para transformadores devem ser balanceados


entre a necessidade de continuidade do fornecimento e a proteção desse equipamento.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção por relés de sobrecorrente (funções 50 e 51)

Ajustes muito próximos à capacidade do transformador oferecem maior proteção ao


equipamento, deixando, no entanto, o sistema mais vulnerável a uma desconexão
intempestiva, no caso de sobrecargas, que são fenômenos naturais no sistema de
potência.

Os ajustes de tempo normalmente são selecionados considerando os tempos de


coordenação com os outros elementos de proteção instalados na rede, respeitando
sempre o limite técnico relativo à temperatura dos enrolamentos acima do qual não se
deve ajustar o tempo do relé.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção por relé diferencial de sobrecorrente (Função 87)

A proteção diferencial é fundamentada na comparação


entre as correntes elétricas que circulam entre os dois
terminais de um equipamento ou de um sistema que se
deseja proteger.

Caso haja diferença de módulo entre essas correntes, o relé


envia um sinal de atuação para o disjuntor, que desliga o
sistema.

A seção do sistema compreendida entre os dois terminais é


denominada de zona protegida, isto é, qualquer defeito que
ocorra entre os terminais deste relé fará com que os seus
contatos operem.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção por relé diferencial de sobrecorrente (Função 87)

A proteção diferencial pode ser aplicada também em motores,


geradores, barramentos ou em qualquer parte do sistema
elétrico, necessitando apenas de que existam dois conjuntos de
transformadores de corrente limitando a zona de proteção
desejada.

Os defeitos mais frequentes e mais difíceis de serem eliminados


sem provocar grandes avarias nos transformadores são aqueles
que afetam apenas uma espira do enrolamento, cuja corrente
resultante é muito inferior à corrente de carga nominal do
equipamento.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção por relé de sobretensão

Os para-raios instalados do lado da fonte e do lado da carga são proteções adequadas


contra sobretensões resultantes das descargas atmosféricas do tipo indireta.

Para proteção contra descargas atmosféricas diretas, normalmente são utilizadas haste do
tipo Franklin ou cabos para-raios instalados sobre o transformador.

Para a proteção contra as sobretensões de origem dentro do sistema elétrico, devem ser
utilizados relés de sobretensão, Função 59.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção de Transformadores
• Proteção por imagem térmica

Os transformadores são equipamentos cuja vida útil depende fortemente da temperatura


do óleo e a dos enrolamentos. A temperatura interna do transformador depende da
temperatura externa e da temperatura resultante do efeito Joule devido à corrente de
carga.

Para necessário manter o controle da temperatura a fim de evitar reduzir o tempo de vida
útil do transformador e danos precoces das isolações.
- Proteção através de relés secundários.
- Proteção intrínseca do tipo térmica.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção de Transformadores
• Proteção por imagem térmica

A proteção através de relés secundários utiliza normalmente um relé microprocessado do tipo


multifunção.

O relé funciona pelo princípio da imagem térmica, função 49RMS, utilizando a corrente de carga
suprida pelo transformador. O relé de imagem térmica protege o transformador contra o
sobreaquecimento excessivo dos condutores que formam as suas bobinas.

O relé digital de imagem térmica opera a partir de um software residente que simula as
características térmicas do equipamento que se quer proteger, ou seja, motor, gerador e
transformador, nas condições de operação a quente e a frio, protegendo-os contra sobrecargas.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção de Transformadores
• Proteções intrínsecas

As proteções intrínsecas, por sua vez, são inseridas ao corpo do transformador durante a
sua fabricação, e a quantidade de funções utilizadas depende da potência do
transformador e da importância da carga que ele alimenta.

➢ Térmica

São empregados termômetros de temperatura do óleo e dos enrolamentos para enviar sinais de
alerta quando o limite térmico do equipamento é atingido.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção de Transformadores
• Proteções intrínsecas

➢ Mecânica
➢Proteção por relé acumulador de gás, função 63 (relé Buchholz) - são aplicados na proteção de
transformadores de potência com equipamentos com conservadores de óleo e sem espaço de
gás dentro do tanque.
A principal função do relé é a proteção do transformador quando ocorre um defeito entre
espiras, entre partes vivas, entre partes vivas e terra, queima do núcleo, vazamento de óleo
no tanque ou no seu sistema de resfriamento. O relé de gás atua perante a formação de
gases e na condição de súbita variação do nível de óleo, em virtude de operação anormal
do transformador.
Na ocorrência de defeitos, surgem bolhas de gás que se acumulam no relé e desencadeiam a
sua atuação.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
• Proteção de Transformadores
• Proteções intrínsecas

➢ Mecânica
➢Proteção por relé detector de gás – normalmente são instalados na tampa dos transformadores de
potência e detectam a presença de gases desenvolvidos por arcos elétricos de baixa energia (ex:
defeitos entre espiras).

➢Proteção por relé de súbita pressão de gás (função 63A) e óleo – tem como função detectar a
variação da pressão do gás e do óleo, respectivamente, desenvolvidos por arcos elétricos de alta
energia resultantes (ex: curtos circuitos entre fases).

➢ Válvula de explosão – sua finalidade é aliviar a pressão interna do tanque sempre que a formação
de gases atingir um valor que ameace a integridade do equipamento. A pressão é aliviada através
de uma membrana que é rompida, permitindo que o óleo seja expelido para fora do transformador.

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PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES

• Proteção de Transformadores
• Barreira Corta-Fogo

Objetiva evitar que em caso de explosões ou


incêndios, que os transformadores instalados ao
lado sejam atingidos.

As dimensões da barreira corta-fogo devem cobrir


toda a área do tanque, compreendendo radiadores e
tanque de expansão do maior transformador da
subestação.

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Geradores

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PROTEÇÃO DE GERADORES
Os geradores são máquinas de grande importância dentro de um sistema de
potência, e sua falha ou saída intempestiva provoca graves consequências no
sistema elétrico se não houver geração disponível para substituir a unidade
defeituosa.

Os dispositivos de proteção de geradores síncronos devem atender a dois


requisitos básicos: evitar a ocorrência de defeitos e, se eles ocorrerem, minimizar
os danos decorrentes.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Tipos de falhas nas unidades de geração

• Externas

-Sobrecargas contínuas. -Sobrevelocidade causada por perda de carga.


-Curtos-circuitos nas linhas de transmissão. -Perda de sincronismo.
-Rejeição de carga. -Vibração do eixo do conjunto máquina
-Sobretensões de origem atmosférica. primária-gerador.
-Sobretensões por manobra no sistema de -Temperatura externa elevada.
potência. -Deficiência do meio refrigerante.
-Perda de excitação. -Instalação do gerador em superfície
-Desequilíbrio de carga entre as fases. inadequada.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Tipos de falhas nas unidades de geração

• Falhas Internas • Equipamentos agregados

- Curto-circuito no rotor. - Curto-circuito nos transformadores de corrente.


- Curto-circuito no estator. - Curto-circuito nos transformadores de potencial.
- Curto-circuito nos terminais. - Curto-circuito no transformador elevador.
- Curto-circuito no serviço auxiliar.
- Defeito na máquina primária

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PROTEÇÃO DE GERADORES
Independente de sua classificação, um sistema de proteção para geradores deve
apresentar as seguintes características básicas:

- Não atuar para faltas além da zona de proteção.

- Limitar a corrente de defeito fase-terra para valores compatíveis com a


suportabilidade dos equipamentos elétricos.

- Operar com extrema rapidez para defeitos internos ao gerador.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
O número de funções de proteção adotadas para um gerador é uma questão
técnico/econômica. Algumas funções que podem ser empregadas são:
- Função 12: proteção contra sobrevelocidade. -Função 50/50N: proteção instantânea de fase e
- Função 21: proteção distância. neutro
- Função 25: dispositivo de sincronização. - Função 51: proteção temporizada de fase e neutro.
- Função 27: proteção contra subtensão. - Função 51G: proteção contra sobrecorrente
- Função 32P: proteção direcional contra potência temporizada de terra.
ativa: antimotorização. - Função 59: proteção contra sobretensão.
- Função 32Q: proteção direcional contra potência - Função 60: proteção contra desequilíbrio de tensão.
reativa. - Função 61: defeitos entre espiras do estator
- Função 37: proteção contra perda de excitação. -Função 78: proteção contra perda de sincronismo.
- Função 46: proteção contra desequilíbrio de - Função 81: proteção contra sub e sobrefrequência.
corrente, também conhecida como proteção de - Função 86: relé de bloqueio de segurança.
sequência negativa. - Função 87G: proteção de sobrecorrente diferencial.
- Função 49: proteção de imagem térmica.
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PROTEÇÃO DE GERADORES

• Proteção Diferencial de Corrente (Função 87G)

A proteção diferencial de corrente em geradores tem como objetivo reduzir os danos


internos à máquina para defeitos bifásicos e defeitos à terra.

Os relés diferenciais protegem os geradores contra os seguintes defeitos:

- Defeitos nos condutores instalados na zona de proteção diferencial.


- Defeitos internos ao gerador, com exceção de falta entre espiras.
- Defeitos monopolares à terra em qualquer ponto dos enrolamentos do estator, com
exceção das faltas próximas ao ponto neutro do gerador.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Diferencial de Corrente (Função 87G)

Os relés diferenciais não protegem os geradores contra os seguintes defeitos:

- Defeitos entre espiras dos enrolamentos.

- Defeitos externos à zona de proteção do relé.

- Rompimento das conexões dos enrolamentos.

- Defeitos monopolares entre enrolamentos e carcaça no caso de geradores isolados da


terra.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Faltas na Rede Elétrica

A proteção de sobrecorrente de geradores não oferece segurança e confiabilidade, sendo


considerada uma proteção de segunda linha ou de retaguarda.

Entretanto, se o gerador não possui neutro acessível e não há transformadores de


corrente de proteção incorporados a ele, não é possível instalar a proteção diferencial.

Nesse caso, a proteção de sobrecorrente assume importância fundamental contra


sobrecargas e curtos-circuitos, sendo considerada proteção de primeira linha.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Sobrecarga

Uma forma de proteger os geradores contra o aquecimento dos enrolamentos ocasionado


por sobrecargas é o uso de relés de imagem térmica, funcionam com base em um
software que simula as características térmicas dessas máquinas e atuam calculando a
temperatura interna dos enrolamentos do gerador.

Os enrolamentos também podem ser afetados pela obstrução dos canais de ventilação,
ocasionando aquecimento e queima da isolação.

Essa forma de aquecimento não é detectada pelos relés de sobrecorrente ou de imagem


térmica. Para proteger os geradores submetidos a essa condição são instalados pares
termostatos no interior de cada enrolamento, também conhecidos como resistências
detectoras de temperatura (RTD).

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Cargas Assimétricas (Função 46 – Proteção contra desequilíbrio
de corrente)

O rotor de um gerador pode sofrer um sobreaquecimento inadmissível quando o estator


está submetido à componente de sequência negativa devido ao desequilíbrio da carga
elétrica que ele alimenta, provocando tensões de fase também desequilibradas.

As componentes de sequência negativa induzem correntes no rotor com o dobro da


frequência nominal. Consequentemente, o rotor fica submetido a um torque de frenagem
equivalente à elevação da carga nos terminais do gerador.

Além disso, as correntes de desequilíbrio provocam a vibração do conjunto motor-


gerador.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Motorização

O fenômeno de motorização de um gerador tem como causa principal a falha de


acionamento da máquina primária, que faz com que, sem a intervenção da proteção, o
gerador passe a funcionar como um motor, acionando agora a máquina primária.

A potência necessária para que isso aconteça é muito baixa, e assim, quando os
reservatórios das hidrelétricas, por exemplo, atingem um nível muito baixo, em que a
queda d’água passa a ser insuficiente para movimentar adequadamente as turbinas
hidráulicas, é necessário retirar de operação todas as máquinas, a fim de evitar o
processo de cavitação (formação de bolhas) das turbinas e a vibração decorrente.

A proteção indicada para essa situação operacional é o relé direcional de potência, função
32G.

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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Sub (Função 27) e Sobretensão (Função 59)

Os relés de sobretensão (função 59) são destinados a proteger sistemas e equipamentos


elétricos submetidos a níveis de tensão acima de seus valores máximos.

A proteção de primeira linha contra as sobretensões normalmente é oferecida pelo


regulador de tensão do próprio gerador, que reduz a excitação de campo.

Adicionalmente, utiliza-se um relé de sobretensão de ação temporizada. A atuação do relé


deve ser realizada sobre o disjuntor do gerador e o disjuntor da excitatriz.

Os relés de subtensão (função 27) são destinados a proteger sistemas e equipamentos


elétricos submetidos a níveis de tensão abaixo dos valores mínimos que garantam as
suas necessidades mínimas de operação. Os níveis mínimos de tensão admitidos num
sistema de potência são de 80 a 90% do valor nominal.
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PROTEÇÃO DE GERADORES
• Proteção Contra Sobrevelocidade (Função 12)

Durante a saída de um grande bloco de carga os geradores ficam submetidos ao


movimento de aceleração. Esse movimento depende de fatores como a carga
rejeitada, o momento de inércia da máquina girante e do regulador de velocidade.

O relé de sobrevelocidade, função 12, que deve ser ajustado para valores de 3 a 5%
da velocidade nominal do gerador.

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Motores

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PROTEÇÃO DE MOTORES

A proteção para motores de baixa tensão de pequena potência pode ser realizada
por meio de disjuntores termomagnéticos apropriados ou relés térmicos
associados a contatores.

Para potências superiores, bem como para motores isolados em média tensão, as
proteções devem ser aplicadas com maior número de recursos.

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PROTEÇÃO DE MOTORES
As principais funções aplicadas à proteção de motores elétricos são:
- Função 21: proteção de distância. -Funções 50/50N: proteção instantânea de fase e
- Função 23: dispositivo de controle de neutro.
temperatura. - Função 51/51N: proteção temporizada de fase e
- Função 26: proteção térmica. neutro.
- Função 27: proteção contra subtensão. - Função 59: proteção contra sobretensão.
- Função 37: proteção contra perda de carga. - Função 59N: proteção contra deslocamento de
- Função 38: proteção de mancal. tensão de neutro.
- Função 46: desbalanço de corrente (corrente - Função 66: monitoramento do número de
de sequência negativa). partidas por hora.
- Função 47: proteção de sequência de fase de - Função 78: medição de ângulo de fase/perda de
tensão. sincronismo.
- Função 48: proteção contra partida longa. - Função 86: relé de bloqueio de segurança
- Função 49: proteção térmica para motor. - Função 87M: proteção diferencial de máquina.

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PROTEÇÃO DE MOTORES
• Proteção Contra Sobrecorrentes

O relé de sobrecorrente de fase deve proteger o circuito do motor contra correntes de


curto-circuito trifásico.

A proteção contra sobrecargas não se mostra eficiente para a proteção do motor, sendo
mais indicada a utilização de proteção de imagem térmica.

A proteção contra curtos-circuitos fase e terra utilizando relé de sobrecorrente de neutro


depende do tipo de aterramento do sistema de alimentação do motor.

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PROTEÇÃO DE MOTORES
• Proteção Contra Sobrecorrentes

• Relés Diferenciais de Sobrecorrente

Este tipo de proteção é a mais adequada para defeitos internos. Entretanto, é necessário
para aplicar a proteção diferencial que os seis terminais do motor estejam acessíveis.

A proteção diferencial não é sensível às correntes elevadas de partida dos motores e não é
necessário estabelecer nenhum critério de coordenação.

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PROTEÇÃO DE MOTORES
• Proteção Contra Sobrecorrentes

• Relés de Distância

Em motores que acionam cargas com tempos de partida elevados em relação ao tempo de
rotor bloqueado, as proteções de sobrecorrente não poderiam ser aplicadas, uma vez que
deveriam ser desconectadas no período de partida.

Neste caso, podem ser adotados relés de distância para proteção contra rotor bloqueado,
aproveitando a variação da impedância do motor durante a partida.

Os relés de distância tem seu tempo de atuação proporcional à distância entre o ponto de
instalação do relé e o ponto de defeito, a partir da impedância “vista” no condutor. Esses
relés são alimentados por tensão e corrente do circuito protegido (V/I).
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PROTEÇÃO DE MOTORES
• Proteção através de Detectores de Temperatura

Para proteger os motores elétricos contra o aquecimento anormal dos seus enrolamentos
são utilizados relés de imagem térmica e dispositivos térmicos que se mostram sensíveis
ao nível de temperatura máxima que o motor pode atingir.

• Relé de Imagem Térmica

A proteção de imagem térmica normalmente é utilizada com melhor desempenho e


segurança que os relés de sobrecorrente.

Para avaliar a temperatura interna dos enrolamentos do motor, o relé de imagem térmica
processa através de um algoritmo a somatória das perdas de efeito Joule e a dissipação
térmica da máquina, gerando uma grandeza proporcional à temperatura.
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PROTEÇÃO DE MOTORES
• Proteção Contra Rotor Bloqueado

Normalmente, o tempo apresentado nos catálogos de motores elétricos apresentam como


tempo máximo suportável pelo motor na condição de rotor bloqueado variando entre 9 e
15 s.

Assim, o tempo de ajuste do relé de sobrecorrente deve ser igual ou inferior ao tempo de
rotor bloqueado.

No entanto, há situações operacionais em que a carga exige do motor um tempo de


partida superior ao tempo de rotor bloqueado. Nesse caso, torna-se necessário o bloqueio
da proteção de sobrecarga.

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Sistemas de Transmissão

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

As usinas de geração de energia elétrica de fontes hidráulicas normalmente são


construídas longe dos centros de consumo, e, para fluir a potência gerada é necessária a
construção de linhas de transmissão de grandes comprimentos.

As linhas de transmissão de grandes extensões são susceptíveis às incidências de defeitos


como descargas atmosféricas e queimadas.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Para minimizar os efeitos desses eventos, as linhas de transmissão são protegidas ao longo
do seu percurso e nas duas extremidades pelos seguintes dispositivos:

• Cabos-guarda, posicionados na parte superior das torres.

• Para-raios de sobretensão contra ondas incidentes oriundas de descargas atmosféricas ou


surtos de manobras.

• Disjuntores associados a relés de proteção contra sobrecorrente e sobretensões.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

As proteções das linhas de transmissão devem utilizar, a princípio, relés muito rápidos.

A utilização desses relés na proteção de linhas depende da transmissão de dados entre os


dois terminais que estão a quilômetros de distância, envolvendo custos adicionais
elevados com aplicação de meios transmissores das informações, tais como onda
portadora (carrier).

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Independentemente do nível de tensão, as proteções mais utilizadas nos terminais das


linhas de transmissão são:

• Função 21: proteção de distância. • Função 51N: proteção temporizada de


• Função 21N: proteção de distância de neutro. neutro.
• Função 27: proteção contra subtensão. • Função 59: proteção contra sobretensão.
• Função 32P: direcional de potência ativa. • Função 67: proteção direcional de fase.
• Função 46: desbalanço de corrente de sequência • Função 67N: proteção direcional de neutro.
negativa. • Função 79: religamento
• Funções 50: proteção instantânea de fase. • Função 85: proteção auxiliar de carrie
• Funções 50N: proteção instantânea de neutro. (bloqueio de abertura do disjuntor).
• Função 50BF: proteção contra falha de disjuntor. • Função 86: bloqueio de segurança. Função
• Função 51: proteção temporizada de fase. 87L: proteção diferencial de linha

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobrecorrente

A proteção de sobrecorrente é empregada praticamente em todos os níveis de tensão,


associada a outros tipos de proteção de primeira linha, como proteções por distância,
direcional e diferencial.

Pode-se utilizar unidades temporizadas e instantâneas, a depender da necessidade do


projeto de coordenação.

49
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Direcional de Sobrecorrente

Se um sistema de potência é composto de uma única linha de transmissão conectando


duas subestações, e a fonte de geração é aplicada em somente uma subestação, não há
necessidade de utilização de relés direcionais de sobrecorrente, pois a corrente flui
somente no sentido da geração para carga.

Se há uma segunda fonte geradora conectada à outra subestação é obrigatória a instalação


de relés direcionais de sobrecorrente nas duas extremidades da linha de transmissão, já
que o fluxo de corrente pode ocorrer nos dois sentidos.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Direcional de Sobrecorrente

Critérios básicos para definir a aplicação de um relé direcional na proteção de linhas de


transmissão:

• Proteção instantânea: quando a corrente inversa for superior a 80% da corrente que deve
fluir no sentido normal.

• Proteção temporizada: quando a corrente inversa for superior a 25% da corrente que flui
no sentido normal.

51
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância

A proteção por sobrecorrente pode não ser efetiva em algumas situações de operação, em
que a impedância do sistema é alterada e, consequentemente, a corrente de curto circuito,
que é a grandeza de parametrização destes relés.

A proteção de distância possibilita alcançar a coordenação desejada numa linha de


transmissão, independentemente de qualquer condição operacional, utilizando relés de
distância associados a esquema de teleproteção.

Cabe ao projetista a seleção do tipo de relé de distância que irá adotar em função das
particularidades da linha de transmissão em que trabalha.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância
1ª zona: corresponde a 80% do comprimento da linha 1, podendo chegar a 90%.
Valores superiores podem fazer a atuação da 1ª zona alcançar indevidamente as proteções
da extremidade oposta da linha de transmissão, perdendo a coordenação e seletividade.

2ª zona: corresponde a 100% de alcance da linha 1 e mais 20% a 50% de alcance da linha 2.

3ª zona: corresponde a 100% de alcance da linha 1, mais 100% de alcance da linha 2 e mais
20% da linha 3.

4ª zona: corresponde à zona reversa, quando o alcance do relé está no sentido inverso ao
anteriormente adotado, limitando-se ao secundário do transformador.
53
PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Distância

A ocorrência de falhas do sistema de proteção por distância se da por defeitos que


ocorrem muito próximos da barra da subestação onde está instalada a proteção de
distância, pela resistência de arco que altera a impedância vista pelo relé, impedância de
defeito à terra muito elevada, impedância mútua entre os condutores das linhas de
transmissão paralelas, grandes oscilações de potência, entre outros.

Estes fatores podem conduzir à falhas como sobrealcance de atuação do relé, se a


impedância vista pelo relé for superior à impedância da linha de transmissão e então o relé
não atuará; ou subalcance de atuação do relé, se a impedância vista pelo relé for inferior à
impedância da linha de transmissão, em que naturalmente o relé atuará.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

A proteção diferencial de linha de transmissão emprega o mesmo princípio da proteção


diferencial utilizada em transformadores de potência, em que são comparados os valores
de corrente que circulam numa extremidade da linha de transmissão com os valores de
corrente que circulam na extremidade oposta.

Os relés empregados nesse tipo de proteção utilizam a função 87L e são instalados nas
duas extremidades das linhas de transmissão e interligados por um dos meios de
comunicação.

Esses relés devem comparar as correntes local e remota de fase e de sequência para
permitir a operação num tempo esperado muito curto.
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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

Os relés diferenciais podem operar em faltas desequilibradas com fluxo de corrente


inferior ao valor da corrente de carga da linha de transmissão, e a compensação entre os
transformadores de corrente pode ser realizada por ajustes no próprio relé.

Os relés também possuem detecção de falha de fusíveis do TP e dos TCs no que se


referem aos terminais abertos ou em curto-circuito.

Os relés 87L ainda são dotados de funções de medição de tensão, corrente, potência ativa,
potência reativa, potência aparente e fator de potência, e localização da falta.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção Diferencial de Linha

A proteção diferencial de linha pode ser aplicada em linha de transmissão com dois ou três
terminais, e a proteção diferencial pode evitar a perda da linha para uma falta da linha de
derivação.

Deve-se coordenar a atuação do diferencial de linha com a atuação do relé instalado na


derivação.

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PROTEÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
• Proteção de Sobretensão

Os sistemas de potência estão sujeitos a níveis de sobretensão elevados, normalmente


resultantes do rompimento do equilíbrio energético entre a quantidade de energia que
está sendo gerada e injetada na barra de geração e a quantidade de energia que está
sendo consumida nas barras de consumo.

O desequilíbrio pode ser ocasionado pela abertura de um disjuntor, que remove uma
grande quantidade de carga do sistema. As sobretensões muitas vezes são acompanhadas
de sobrefrequências.

Para estabelecer os ajustes dos relés de sobretensão, são necessários estudos do sistema
em regime dinâmico.
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