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ee re Feta} ea ese iis: “ Mit tot o ond sa Ue colt Hug pea m inal rly a= aM rag Set com nis ‘im ae Conyiah © 2005 ty Dato Tevan Diets neon deco eeradsea DISTRIBUIDOR SECORD DE SERVIQOS DE IMPRENSA SA us Agen 171 Ree na, 20821-30243 2000 ipso no Bast = IsaN As. oLaTBp4 \ Suro es ‘lode leno 20922570 ae Sumério Boa-noite, enbor Penélope Cemitério de Elefantes ‘Uma Vela pata Dario ». ANoite da Paixto Vozes do Retrato 0 Senor Meu Marido ‘Tinta e Sete Noites de Puixéo (© Maior Tarado da Cidade ADoce Inimiga ‘Ultima Corrida de Touros em Curitiba Peruca Loira e Botinha Preta ‘A Faca n0 Corasio Esta Noite Nunca Mais ‘Uma Coroa pata Ritinha Mister Curitiba 0 Despertar do Boémio U1 n a 25 29 4 9 35 6 o 7% at 37 3 103 mL at Feliz ern me c Cemitério de Elefantes A margem exquerda do Rio Belém, nos fandosdo rereadode pee equ so velhoingueizo —lios bébados sao felizes. Curitiba os considera animais sa- _grados, prove és suas necessidades de cachaga ¢ pirao. No trv eontentam-se com assobrat do mercado. Quando ncaa aria ao pont de prturbar a seta, stem do abrigo e, arrastando os pesados po, avram-se3lt pla vida. Enterrar-senomangueaté os jelos na caa ao crangiso ot roma verms- Thanoanespiam a quda ds ings maduros, lefantesralleids, covam as peebas, sem ne huma que, escrrapachados sobre at rales qu tervem decama ecadia. Bebem eblscam peda tho de pete. Cada um temo seu ug, getlente Nto wea mie do Pedro Ian » » , ‘ > . , > 2 . in feo 1 — Foi embora, sabia nto? — Aquihé pouco... — Sentiu que ia se apagar e caiu fora. Eu grit: Vai na fren, Peo, deiza a porta aberta, A flor do lodo borbulhs omangue — os passos de ‘um gigante perdido? Joio dispde no braseiro o peixe cembrulhado em folha de bananeira, — O Cai N’égua trouxe as minhocas? — Sabia no? — Agora mesino ele — Entregoualatae disse: Jona vai dr pescadinha da boa. 1 do sulfuroso Barigui rasteja um elefante mori- undo. — Amigo, venha com a gente ‘Uma raiz no ingazeieo,o rabo de peixe, a caneca de pinga. ‘No siléncio obzzz dos pernilongos assinalao pos- to de um e outro, assombrado com o farol piscando no alto do morro. Distrai-se um deles a enterrar o dedo no tornoze- lo inchado, Puxando os pés de paquiderme,afasta-se ixa— ninguém perturbe os centre adeuses em vor (22) dorminhocos, Estes, quando acordam, nto pergun- tam aonde ojo ausente-E se indagassem, pars levar- Temargaridas do banhado, quem saberia responder? ‘Avvocto carsinho se revela na hora da morte, ‘Aviragio da tarde assanha a varejeiras grudadas nos seus pés dsformes. Nas flhas do ingazero relu- zerlambaris prateados—a0eco da queda do fratos ‘os bébados exguem-se com difculdade eos disputam rolando no p6. vencedor descasea 0 ings, chupa de tho gulosoa fava adocicada.Jamaiscorreusangue 0 cemitério,a fauna na cinta € para descamar pexe. E, 20s brigbes,incapazes de se moverem, basta xingi- sem-se distancia. les que suportam o deliio,a peste, o fel na in- ga, 0 mormago, as climbras de sangue, berram de <6dio contra os pardais, que se sninham entre as fo- Ihas e, antes de dormir, Ihescospem na cabega — 0 seu pipiarieequieto envenena a modorrs. Da margem contemplam os pescadores mergi- Inando os remos. — Um peixinho af, compadre? 0 pescador stra o peie desprezado no fundo da (ar ~ Por que voct bebe, Papa-tsca? = Maldigio de mae, ual — O Chico ndo quer peixe? — Tadinho, a barriga-d'égua. ‘Sem pressa, aparta-se dos companheiros cochilan- do a margem, esquecidos de enfiar a minhoca no anzol CCospe na agua 0 caroso preto do ings, os outros ano o interrogam: presas de marfim que apontam © caminho sio as garrafas vazias. Chico perde-se no cemitério sagrado, as carcacas de pés grotescos surgin- do a0 luar, ba ATT TVLTLIVTIVITI TET TT ET ETT ET TTT That FOS SCSVS FSS VSECCES TS Ve LC eC TCCwwwweee A Noite da Paixaio Netsinho corria as ruas & caga da tltima fémea. ‘Nem uma dona em marcha vagabunda, os bares apa- sados. Na estreitacalgada esbarrou com dois valtos, de- pressa levou a mio ao bolso, Haviam-no apalpado com dedo indisereto, nfo cram ladrées, Voltou-seel cstavam, gesto linguido, voz meliflua: — Onde vai, bonitéo? ‘Agueles dois chamariam bonito a qualquer bicho danoite. Dobrando a esquina, deu com a pracinhado bebedouro antigo — onde as mariposas? ‘A igreja quase deserta, imagens cobertas de pano roxo, Sem se persignar, Nelsinho avangou pela nave, ‘ranger da areia debaixo do sapato. Arriado de sua ‘cuz, alio velho Cristo, entre quatro cfrios acesos. No. banco as megeras, véu preto e preta mantitha, olho (29) fen sombra da mao na testa. Uma prostrou-se no cimen- to, depositou beijo amoroso na chaga do pé Nelsinho escotheu a nota menor, deixou-a cair na bandeja.Espreitado pelas guards ferozes do defun- to, completou o iro, sovina de beijo. Observou aima- ‘gem pavorosae reprimia, nfo solugo de dor, engulho de néusea: Por tua culpa, Senos, todos os bordéisfe- chados. Pamposa boneca de cachinho. Flas desangue, ‘6Senhor,e no sengras—asvitivas nem espantavam as moscas na ferida aberta, Escdndalo das beatas, inclinou-se a visitante, saia preta, blusa verde, casaco vermelho. Cabele ‘ombro,cada gesto um esalo de couro,beijoue pé tre’ passado, Nao olhou para Nelsinhos por mais que se ignorassem, eram os escolhidos.O her6iatravessou 0 templo, deteve-se nos trés degraus. Com a estiagem, brithavam no largo abandonado a isas pedras negras ‘Aseu lado o furtvo farfalhar da courama.Fixando em frente, ele murmurou: = Onde € quea gente vai? — Alina esquina, Pequena pausa. = Quanto tempo? soltano (20) — Orresto da vida, Madalena, Desceram os degraus,a bela transferiua bolsa para ‘oombro esquerdo, enfiow-lhe a destra no brago. Ele indicou um casardo decrépito: — Sabe qusm mora aqui? A grande paixto da ‘minha vida — uma tal Marta. Casada com um ban- citio, Petrdnio. — Nio fque triste, querido, Todinka do amor. Foi bem de Pascoa? — De Péscca ainda nao fui. — Ah,eu pense... Nao € hoje a Péscoa? — Hoje ¢ sexta-eira, minha flor. Que horas sio? = Quase onze. — A propria noite da paixto. Amanha ¢ Aleluia. = Quea geate ganha ovos? — Dia de malhar Judas. Porventura sou eu, Se~ hor? Envergonhada, apertow-lhe o brago: — E,sim, meu bem. No fundo do corredor uma harpia nariguda atris damesa, — Vio pousart (Os quartos da frente reservados por meia hora. i RAE EEAAEAEEEEEEEEEECEEEECECEEEEALAIE ) , ) ) , ) > > ; > : 1 > , > : » >» 7 , ' : : > : ‘ , . . ’ — Meu tempo esté no fim, ‘Avvelha pediu & dama de couro a revista, que re- ppontava ¢a bolsa, e apanhou no escaninko a chave iimero nove, Nelsinho estendeu uma nota para a bruxa, apoiou-se na escrivaninha. A revista disputa- da entre as duas até que, sem aviso, a patroa correu 0 tampo e prendew-Ihe 0 dedo. — Machucou, bem? — ac revista na mio. — Nio—com umacareta dedor sopravaa unha. — Foi sem querer. Entregou a chavea sua companheira eo troco para le. La se foram 0s dois para o famoso quarto,a cama de casal encostada & parede. Ao canto, a bacia no tri- és debaixo dela, o jarro com Agua, Cabelo no olho,a mulher ndo se mexia —Q — Tao triste que podia morrer. ‘A patroa confiscara a fotonovela, nunca mais iria avelha, jubilosa, devolves, — Devolve, sim. — Nio a primeira vez. Ele suspendew-Ihe o queixo, Escondia o rosto até (a1 que o olhou esorriu, amorosa. Com susto, descobri, «que era banguela, Nem um dente entre os caninos superiores — terei de beber, 6 Senor, deste céice? Para esconder perturbagio foifechar a porta. Mal «se voltou, ela veio a0 seu encontro, envolvendo-0 em. couro timido ecarme rangosa. Que serd de mim, Deus Go céu? Pobre consolo,imaginou a dona mais fabu- Joss na cama, Esperanga de ganhar tempo: — Nio tem medo, minka filha? = De vot, querido? — Castigo do céu.A noite santa. amor émaldito. — O perdio dos meus pecados. Léa igreja — Nao minta, vai para o inferno. Quantas vezes centro e saiu da igreja? A caga de homem, — Deus me livre! Agarrow-lhe acabesa — Tao mocinho! Libio grosso de mulher... Bel- jar tua boca, — Se fosseo diabo? Perdera sua alma? — Conversa é essa? Néo gostou de mim. E isso? Cho frio e perverso gue, a uma palavra indisere- ta, se incendiaria de firia. O her6i acovardou-se — salvasio € apagar a luz [33] Desvencithou-se dela sacouo palet6, sentou-sena cama, A tipa conchegou-se, epuxow-ihe a eabesa, entrou a mordé-loralino pescogo a aha dos dents. — Temorder todinho. — aca isso nao — suplicou, espavorid. — Tirar sangue! Montada nos seus joelhos, completamente vesi- da, os pinotes fasiam estralar a cama. — Tome ¢ coma isto €0 meu corpo. — Voot oamign da Joanat — Nem Joana nem Suzana — Entio é meu. "Nalsinho abriu-se em sortsos — eis 0 homem! [Nao quis perder o entusiasmo, pos-se de pé. Abr 0 Jago da gravata. la puxou-o pela camisae,8 suamer~ «é,voltou acavalg-lo, sla nova rangendo. Ao retirar 0 casaco,a desgracada fedia que era uma earniga.In- linou-se sobre ele, 0 eadiver no ca ‘lima carpidera. — Teu corpinho feito para o amor? — Esta noite minha fia, o amor é pecado. Esta noite ele gera monstos. — Tema lbia do dsbo. 0 velado pela bal = Tuo disseste— e entregou-se ao sacrifico. = Quer que eu fagat ‘Agarradaa cle, sentados na cama, a stia acima do joelho, esfregava-lhe a perna grosseirae éspera. — Que eu faga? — gritou terceira vez. [Na agonia do amor, sofresse até o dltimo alento. — Faca tudo, querida. = Tudo 0 qué? — Ogquesebe. “Apressada, desabotoava-lhe a camisa, Riscou-lhe nas costasa unba afiada —a do mindinho mais longa. Antes que reflet'sse no mistério,a sua voz impaciente: = Apago alu? Cheio des bateu-se em desespero: — Espere um pouco. Perdia abotoadura. ‘Tirou a camisa, de calgae meia. Foi acariciar-Iheo seio, Espantou- , , , 7 ; > > > , , , > > > : , > P , > > , dela, mesma siuagso da outa, enetada Ina Suga pelo bem-ama lo, desgracido machsta.E,apesar da pésima prova, raduado por meds, com distinglo em Literatura. Essa mesme que ciosa de sua dignidade, reeitara uma carona de moto, a0 verque le se vai, dela esque «ido, quer segusé-lo — tarde demas. Na fantasia doi- da, aleanga-oe slt-the na garupa, agarrada firme & cintura,Léseguem os dois, abragados, capa deaven- tras. Depois que le recolhea moto na garagem.e dorme Serenamente na cama, ela continua na dura garupa. Condenada a vigi-o,a guardé-o,semprea espero. Caminha descalga pelo inferno de brasas vvas ‘Uma série vergonhosa de casos ft6grafo homo, pin- torfuturist profesorimpotente, sil poetabébado. E, kima tentativa de reconquistar 0 seu amor, acaba de publicar na Revista de Letras um artigo em ‘que sustentaataigio de Capit. ‘A sonsa, a cbligua, a perdida Capit, Essa mu- Iherinha toa. 250) O Estripador No sabado, pelas cinco da tarde, a moga voltava da Igreja Adventista Filhos de Jesus. Pouco antes da casa da patroa, vito tipo mal-encarado, Correndinha atravessou a rua. ‘Accasa em murosaltos eum pequeno corredor na entrada, Com a chave na mao, diante da porta, foi alcangada pelo cara, que Ihe encostou uma faca na cintura: — Nem um pio. Que eu te furo! Um dia fio, ela estava de jaqueta, mesmo assim docu fininho. O cata apertou mais a arma: — Bumassalto, Dé a olsa. Bla estendeu a pobre bolsa: sete reais em notas ¢ moedas. 0 tipo achou poitco. Gracas a Deus, vinha umn casal na sua diregio. — Bem quieta, voce. Feche a bolsa. [2511 Daf passot 0 caminhso do lixo. Ela tentou fazer ‘um sina O cara percebeu, ¢ cutueando o punhal: — Olha prac. Disfargando, ele acenou para lixero, pendurado lino estibo: — Oi, tudo bem? Em seguida surgiu um énibus amarelio, Ele igno- rou. A espera do seguinte, no sentido bairro. Voz for- tee grossa: — Vocé vem comigo. Ou te sangro aqui mesmo! Suplicante, ela etorcia as maos: — Sou a babé do menino. Ele ests doentinho. Precisa de mim, Girava no dedo o ancl: confessar que era noiva? Em pinico, obrigada a subir com ele no dnibus. Perna trémla,abriu a boca para gitar. tinha per- dlido a voz. Da boca aberta nadinha de som. ‘Maso seu coragio dava bertos. icaram de pé, Ela sentia a faca ali furando a ja queta nova de couro. No terceiro ponto, ele tocou a campainha. Os dois desceram. ‘Andaram duas quadras, Ele viu 0 terreno baldio. |Lannos fundos, uma e outra casa. Ainda era dia claro: [sa] — No. Aquino. O tempo ineirorezava muda. Todssasprecesni- ‘ma s6 palavra — Jesus. Entregou a alma ao Filho ¢a0 Pai Ele caminhava depress. Agerrave-acom forgapelo brago, Outro terreno vario,S6 uma casa de porta e jinelas fechadas. Assim que avangaran uz da va- anda fo ces. Ele bate em retirada. Mais um terreno com pesoasnas sas. le cont suou abuse. Laadiante: = faqui, ‘Tudo deserto.Notinba, Um barrac sem ninguém. AN entlo, fe esperanga haviam-na amparado. Cau em desespero — Tirea roups la nfo queria Fechou bem as pernas. Ele erguct a mina e rasgou a manga do blusao. — Pra mim, matar€ fc. Escola ‘A moa tremia tod, Chorava muito, De jctho € rio posta — Tenha d6, Em nome de Jesus Cristinho, Leve a boksa ea jaquta Por favor. $6 me dsne i. [253] A Volta do Filho Prodigo ‘0 Lucas, XV, 11 432 COMOPAT — $6 tu foges de mim, Nao és o filho preferido? — Jé fai pelo meu caminho, pai. Estou de volta, — Ab, filho ingrato,ndo vieste por mim, tua mie, ‘teus irmios. Fechada a porta do bordel, nfo tinhas outa casa, — Bstou cansedo de softer. Nao posso mais. — Meu filho foi-se de mim e no existe = Se soubesses, pu. — Nio quero saber. — .10 que softi longe de casa, — Em casa fugias de mim, como um pardal que, sche ofereso pio, no quer..¢ vai bicar a maga ainda verde. — Nio sou digno, eu, a vergonba de meu pail (3) — Dei-teconselhos para fcares. Bem que teimas- te ouvir = Eram mits vores pi, Como disingir entre todas a ust = Tefoste por fntasia, sem a minha bengao. Nao era det que fugi.O pa de muito longe te ache! mais prt. — Aende ao meu sermio,Imita 0 exemplo do limo mas velho,© nfo srs ofilho sem alma. — Quando mas me perdi foi que a encontes€ disse comigo: Estou salvo. — Tua viagem nio foi va, ainda que a mesma li- ‘io eu te ensinara, na tua propria casa — € a prego bem menor. — Nao é verdad, pai. Que sabes da fore s6 apla- cada pelos frutos selvagens? — Meu filho. Ah, meu filhot — Soameia casa longe dela. Agora volto em paz. — Dispensa ir pelo mundo para achar bem tio préximo — um erro muito dispendioso. — Meu erto, pai — Ai dos pais se todos os filhos falassem com tua boca chela. A verdade mora na casa do pai ma) — Aspalavras, por mais sibias, nada podem con- ‘ra uma s6 estrada, dinica érvore, to logo néo sejam as tuas. — Meu mardamento qual era? — Ni... N30. — Nao fugir, meu filo. — Arrependido, eis-me de joelhos. — Presta conta: Que fizeste do dinheiro que tan- to me custou ganhar? — Com ele desfrutei as doces dlicas da estrada, — Ai de teu pai que no gozou na vidal Que fim levaram os meus preciosos bens? — Perdi-os, meu pai. — Em troca de que? — Denada. Voltei para Curitiba — JA no falo de mim, Tua mae nao apagou o fo- go para que, de dia, a famaga de uma chaminé e, noite, o clardo de uma janela revelassem o teu cami: tno. Meu filho, pede perdao de teres fugido. — Nio mais poder pedi-lo.. sem que seja ordem tua. — Corrias a:rés de delicias eo irmao mais velho trabalhava duas vees, por ele e por ti ts) - - - - - - e o - ~ > 7 > > 2 7 > > > ° > > C > 7 > > : > : 7 > : > ’ ’ C : ’ . > > — Por que aumentas minha vergonbs, pai? No ‘ati palmas na porta de cat — B eu nio sacrifique 0 bezerro gordo pela tua chegada, 6 ingrato? "— Nio nego, meu pai nfo nego. = sedei o banquete foi para que mea filho sou- besse o que havia perdido. Na casa tens a eguranga dos bons sentimentos. Meu gritoj& nto clama por ti centre estas paredes,eis-te de joelhos. Os que ficam ‘nfo consolam os pris do filho que se fi. — Nao perguntas da viager, pail — Nto.O disbo é mau perdedor — sete deixou ‘em paz um de nés sé de querer em troea, — Nio & certo, pai. Por falar em dlsbo.~ ‘— Proibo-te de mencionar tua viagem a qualquer dends, = Sim, meu pei “— Nem uma palavraa teu irméo mais velo. — Te obedeso, pai. COM 0 IRMAO MAIS VELHO — Oa, por qu: nto te vais? Nao te chamei, — Vim morter em casa. 1116) — Nunca se deve desertar os pais — Nacasa eu definhava, Nea eu erao apelido do 2¥6,0 éculo da mae o bigode do pai. — Ors, e quem sou eu? — Nao queria ser igual at — Orguiho... que te perdeu — Somos diferentes. — Somes irmios. — Fithos do mesmo pai eda mesma mie, irmios € que nfo, Tens todos os defitos ¢ nem uma s6 das qualidades do pai. Nao te aborreces na tua seguranga? — Reparo na tua mo um anel maior do que 0 meu. — Tio-o do dedo e jogo — vs? — pela anela — Ingrato! De todas as janes a mie te chamou, ‘A mim, certo, no fazes falta. A casa progrediu na tua auséncia, Ser tua, por seres meu irmdo, parte de mi- ‘ha riqueza. — Para que a quero se mio para gistar? — fs entio um perdido? $6 aprendeste 0 mal? — Apritica do mal me livrou da sedugao do mal = Contaei ao pai se nao te portas dreto, Que audéciaa tua ao dissipates os bens dele! 7) — Bram muito meus, — Agora queres parte dos meus, nao 6 De mim nada terés. — Meu itmio, meu iemio, nada quero do que € teu. — His de ganar 0 pio com suor¢ légrims. — Nao € diffi, se nfo quero outra coisa. Venbo cansado, Nao discutiremos — hoje io. — Nao contestards minha autoridade? = Quero paz. — Nao cobigaris minha mulher? Nao roubaris 0 ‘meu bolso quando esteja dormindo? — Por que me tentast — Nao desviarés o irmao menor? Cuida de tua lingua sot “— Ainda no 0 vi, Quem sabe esteja mais a salvo do que tu. — Sou mais forte, eu, do que as tentagdes. — 56 pude com a tentagio quando 0 pecado no me quis. — Tens de respitar a lei de morar na casa, — Respeitate, o que é diferente de crernela — Tends de rezar [8] — Minha prece ¢ feta de palavras que no sabes. Deus ania ao que nao peca ¢ no foge de Curitiba. — Nao sabes da pardbolat — £ falsa. Ele ndo preferiu o perdido ao salvo. De ‘que valiaentao estar a salvo? — Rangeste os dentes quando cheguei. Nao qui- seste entrar em casa até que o pai te puxou pela mi Matou ele acaso algum bezerro para te banquetear a ti, meu iemtot — Tremo pela casa coma tua volta. His de traba- thar. Nao terés tempo de sonhar com a estrada além do muro, Bem que sinto pena de ti, mas & a fami ‘que defendo, Bro menciones tua viagem a nenhum dengs. — Meu bom irmao, eu sei de cada historia! — Silencio, é uma ordem, COM A MAE — Ab, meu filho, como € que um fh foge de seu pai ede sua mae? — Mae, aqui estou. (9) REA eaeSeeeeseseseseeeeeeeseeeeeeavesvee — Tanto soft port, De manha pod avar 0 rs- to nas igrimas. — Também eu chorei dures ligrimas. Nio pelos outros, éverdade, mas por mim. — Entio sabes, rae filo, que € se inflizt — Pobre mfezishal A fome, a doensa, 0 ques — Pois nto levaste 0 cobertor de lit = Séeveio que erameu. = Fsbanjaste o dinheiro de teu pai. — Era meu, Foi ele quem me dev. — Muito se queixou de que o emprestaste para devolver no dia seguinte;e em vez, fost. — Nao devo negar meu pa que sou tua mie? — Mentes mi — Jé no me interessa ter razio, mie, Dé-me a pat, — Nao hé paz se nfo em casa, No teu lugar me- sa, Na tua cama quente. — Sim. # a paz. — Nao sabias de verdade tio simples? — Nao era verdede., antes. — Gasteia ingua com palavras que ndo ouviste? (120) — Minha mae, minha mie, no me censures.Er- rei eis que me artependo, — Querido filho, Teus cabelos esto brancos. Mas. que € feito da corrente de ouro? = Sera de ouro com ela comprei — Frio pecado, meu filo. — Confesso-me a ti, Por teu perdio volte. Tew amor, mferinha, inventava o meu anjo da guarda. — Becerto que pecaste contr. — Pequei os poucos pecados que aprendi em — Nio blasfemes. Tudo te perdbo, se no desvias 6 iemao menor. — Por que 0 menor? O maior me parece bern precisado, = O maior é um santo. © menor esse no trou ‘0s olhos do tew ane, do manto de pirpura com que 0 pai te escondeu as feridas, Banquet nfo via como © de tua volta. = Nao Ihe dis conselhos? — Ouve, como tu, 0 oho parado na jane — Um beijo.. um puxio de orelha.. ensinam mais que todos os consehos. ua) — A mao pesada do pai, apesar das marcas no teu corpo, ndo te prendew ao pé da mesa. — A mio pesada do pai... Como a achei leve {quando servi a outros patrées! — Ah, so tists os teus olhos. A chuva assentou 1s teus cabelos rebeldes. De que te valeu 0 dinheiro do pait — Em busca da alegria e dos prazeres gastei 0 meu dinheiro. — Com a dédiva de tua volta eu aceitava — Perdiio, 6 mae. — no fora 0 receio pelo menor. — B uma crianga = Com a tua idade quando te foste. — Protegido pelo maior, © pa, 08 teus avisos, se, para que temer? — Fuibeij-lo hd pouco. De olho aberto no escu- +10, Bem como tu, antes de partires. — Nip sabe o caminho. = Seta, meu filho,a ele nfo 0 ensinares. — Nunea o soube eu também. A estrada € que me levou com ela no seu corpo de deliciosas curvas. [ay — Ahy ele vigia a estrada do alto da maciira. In- ‘quieto como o pio dos pardais antes da chuva. Se tu falasses.. — Flare, se me pedes. As palavras contra o azul? Os pardai — Argumeata com 0 horror do pecado, da fome, da peste. = Porque voltei, mae, tremes a tua cabega de modo. = Todos 0s flhos da casa no podem contra @ béngio de tua volta, Nao quero te perder de nove. na fuga do irmiozinbo. — Nem que seja & forsa impedirei que ele se afte — Morde a lingua Estés em tua casa — Mae, se soubesses, o mundo é tio maior que Curitiba — Erro, flo meu, A casa é mais que tudo. Nao te esquesas deeasinar ao menor:0 mundo é Curitiba, ‘Dobra tua cabesa,e repete comigo: Pai nosso que es- tisem casa — Pai nosso que estis em casa, (33) PERRET ETETAYEAETATs4e : > > > , 5 2 2 > > > > . > : ° ° 7 > > 7 . Ee ee COM 0 IRMAO MENOR — Dormes irmforinho, de olho aberto no escurot — Meu pai te mandout — Nao. — Foiamae? = Pobre mfezinhat — Abo irmio maior..Ora, por que néo te vast [Nilo te chamei. — Pequeno quando me fui, és meu irmio. — Fithos do mesmo pai eda mesma mie, iemos € que nio. — Teu rosto jf foi o mets...com essa pequena ruga na testa “— Bcapaz uma viagem de mudar tanto? — Depois de me perder, arependido eu volte. — Por que voltast? — Nao tinha aonde ir. Vim morrer em casa. — Morrer em casa ow longe dela, qual a di- ferenga? — Jé ouvi essas palavras.. — De quem? — Na estrada, Um mogo a cujo lado vise. (4) — Aonde ia ee? Ab, ndo respondes. Alguém por certo mais corajoso que tu. — Na tua cama quente 0 que sabes do longe sem fim? — Bscuto as vozes do vagabundo, da estrada e— 0 que émais —adivinko. = Irmaozinho, onde queres chegar? — Mais longe que tu. A um lugar de que no pos- savoltar, — Nao hé tal lugar. Eu sei, posso diver — Nido és dono da estrada. Até a curva ela € do pai, A margem do ledo direito ¢ do irmao maior. E depois da curva sera de quem tiver pés ligetos. Mes- smo tua ela jf foi. — Bons tempos. = Que hi, me conta — se és meu irmio — que ‘hd depois da curva? = O outro lado da curva — Ascidades com suas torres, as pragas de misi- ays bailarinas. de oura ¢, da cidade, 6 vés os teus porcos. 1125) — Viaje’ todas as Curitbas, — Hi uma delas que ndo descobriste.Esbanjaste, sem velo dinheto que ia ser meu. Ndo tenho he- sanga para levar comigo. — Onde? Ondet — Nio sei. Podia usar algum sina da estrada, uma casa de pouso, certa estes, — Nos meus descaminhos dei com esta porta — Tua volta quase me perdeu. A mie nio ssi da jancla, © pai atizou no pozo as chaves do porto, = Querem o teu bem. Limpar a estrada diante de tus pés a estrade reta do pio de cada ia. — O paie o outro nto sabem: hé uma fome que no € de pao e sim do frutoselvagem. — Sou igual a eles. = Un dele, eu si o que vaime delatar, Nene 1a cast me fecharé no seu pequeno patio. — Irmiozinho, dorme. No teu sono visjrés pela cidade que bem quiseres. — $6 invento uma Curitiba que existe. Nao me intimidas — hoje eu me vou! — Dito que te induzia fim de me vingar — Olha a farsa do potrto! [126] — Leva-me contigo, irmaozinho. Te carregarei no ‘ombro quando estes cansado. — Deixa-me, que me aborreces. O canto do pri- meiro galo — 6 hora da partida — Serei envotado, espera por mim. Reftescarei num rio que se as teus pés malferidos, — Enxuga as higrimas de nossa mae. Adeus, meu inmto. — Irmaozinho, por favor. Hle ji se fo... Bstou s. Ai, maldito seja eu porque voltei! (771 LTTLVLVVLVLVVVVTITTITT TTT TTT TATE TTT eT Tee comsomi cop sen93 soones So Mahar epi © 2096 by Dan Teva cps: Deeabor Se POTY Diesel os esto esas ela EDITORA RECORD LTDA. Ron oc 171 Rid ni 2082-390 Te: 25852000 Inge ne Bes ISoNsso101566 ‘Ba ‘IDOS FELD REEBOLSO POSTAL Cain otal 2352 = ings neti) 20270 Sumério (O Senhor Meu Marido 7 Grévide Porém Virgem 13, AMorte do Reida Casa 23 © Beijo do Carrasco 29 Ligrimas de Noiva 33 APartiha 41 ‘TentagBes de uma Pobre Senhora 45 Devanios do Professor de Filosofia 51 OLeito de Espinhos 55 O Pai,o ChefevoRei 59 0 Mattiio de Jozo da Sia 63 © Anjo da Perdigio 69 OCrimePerfeito 81 (© Monstro de Gravata Vermetha 89 ‘Agonias deVirgem 95 ANormalista 99 Ate da Solidi 107 ANoiva do Diabo. 111 ts] te, Foi alegada inexperincia, A estranha palidee na igreja de iolente crise nervosa —a mie tina sade perfeta, Maria iudiu-se que era desastre passagei- ro. i dela, assim nio foi: noite ap6s noite Joao re- petiu o fiasco. Arrenegava-se de trapo humano, nio ‘tomava banho nem faziaa barba. A pobre moga bus- cou recuperi-lo para os deveres de estado. Uma noite, cenvergando a capa sobre o pijame, saiu de éculo es- e e ~ - - - - ~ Gravida Porém Virgem [NAVOITA DA LUA-DE-MEL, Maria em légrimas con- fessou A mfe que ainda era virgem. Lembrava dora Sinhara como 0 noivo se apresen- tou pilido na igrja, por demais nervoso? Justifcou ‘que filho amoroso, muito se allgia com a mae doen- te. Nodnibus,a mdosuada, eesquecido danoiva,olha- va paisager. Primeira noit0 varfo fracassou vergonhosamen- 131 : > > 7 , 4 , > > > , 7 5 , b , » : » » | curo,a noite inteiraentregue as praticas do baixo es- Pi smo. = O queme conta, minha filha! Me nego a acre- ditar Joo, um rapaz tio simples, tio dado... Dona Sinhara evocava 0 noivo delicado ede fina educasio. — B para a senhora ver, mae! Dia seguinte ao casamento um tipo esquisito, que vivieafito. Uma fitee outra feta, submeteu a moga ‘a proves de intimidade, as quais nfo foram além do enstio. Mais que se enfeitasse para agradé-lo, indiferente ‘os encantos de Maria, De vez em longe, sem resulta- do, perseguia o impossivel ato. Depois a acusava de ‘inica culpeda, Suspeitando-a de tragao com o pri- mero noivo,agredida a bofetio e pontapé: — Tem de apanhar bastante, Maria. Voce é uma cal Profbide de pinta olhotingir ocabelo, usar saia curte ecalga comprida, sem que elechegesseaconhe- cera noivinba. Pretendia arrast-la a0 sucidioa fim de esconder 0 seu desastre. Em provocagio soprava-lhe no rostoa aa igarco. Com a brasa queria marear-The & fumaga do i ser valdosa. ‘bochecha para que deixasse de “— Por que judia de mim, querido? — Bem sabe por que, sua cedelat quarenta dia decasada,vinteem viagem evin~ teem eas ali estava Maria, mais inteira das don- elas Ter uma conversa com esse sueitino — bra- dow furiosa dona Sinhara. "Nio era tudo:comprowcoesiodefotnspornogral- cas obrigada a admir-as uma por uma, Nem asim prestou-se aos capichos do oivo — ram qusdos Hemundose pecaminosos. Suspendendo pelo celo oo afoqando agargants, lea consrangiaas suasloucs n> tasias. Saciado, era jogada a0 cho, dali erguida cos bofettes — Abjo teupaiquessiba Sinhara. ‘Na volta da lua-de-mel, Jodo em Iigrimas confes- que a noiva nfo era pra, Desdea primeira acusava-o de trair 0 _— persignou-sedona souamie: noite, mais carinhoso que fosse, sen ideal, $6 havia casado para se livrar dos pais ¢ ‘merece o titulo de esposa. (st — Por que judia de mim, queridat — Vocé nao soube ganhar o meu amor. ‘Ao exigir satisfacdes,ouvin dela que tinha caspana sobrancelha, Censurava-o por deixs-lafria emanites- tava repulsa fisica. Se insist em tomécla nos bragos, atacada dos nervos,atirava-seao chdo em convulsGes. i animé scaina pene bat de eve Nao era a ele que amava e sim a0 primeiro noivo, de quem se separou por exigéncia dos pais. Tes dias antes do casamento,estivera commie na casa de Joa- quim, propusera com ele fugis,mas outro respondeu ‘que era tarde, Além do mais, segundo dona Sinkara, todos os comvies jf distribuidos : [Nao quetiaconfessar obrigadarevelavatodaaver- dade — somente nojo sentia por ele, os seus dentes ram amarelos: — Depois que me beija tenho de cuspir trés io saia do espelho,olho pintado, desaiacurta ou «alga comprida, 0 cabelo retinto de loro: — Nasci para artista, Nao mulher de vost, um pobretio! lus) Reclamando de sua presenga no leito conjugth {mplicava com o assobio do narz torto de Joao: — Vaivoct ou vou eu paras sala? Porter comidosalada de cebola — lembrava-sea ndezinha de como gosta de bife sangrento? — forsa- do. dormir no soft. = Oqueme conts,meufihot tar. Maria, moga tio querida, tte dad. Educada no colégio de freras, oda aca ogra: um beifinho aqui, um abraci jenegoaactedi- ‘cuidados com a fut sho ali — B para ver me! Usa roupa de baisn que a se- hora nao imagina. Sendoa deisasseem pez, Maria acabava seus das engolindo vidro modo, escrevia com batom no espe- tho que eraocu'pado. antiga icra para oss0gros que, ao visita, conversivam apenascom afi, nem ‘camprimentavem 0 pobrerapaz,como se ausent es tivesse. Uma tarde surgilhe osogro porta adentro, bradando que recolhera a mogs desabelada. Quedia saber o que Ihe fizera para que ficss to choross Se ‘era verdade que the marcava a coxa com brasa 2 c- ut RERRRR OR RRR BRERA RRRRREREEEEEREEEEE i sarro,se lhe surrupiavao dinheiro da bolse se ao sait de casa apagava todas as luzes, Sem esperar a respos- ta,berrou que tinha meis dua filhas para casare ba- tea aporta. — Ter uma conversa com essa sujeitinha — acu- iu furioss dona Mirazinhe, com a mio no peito, so- fia de palpitacio. (Qual a sua surpresa: a néusea da noiva era. de sta — Grévidat! — espantou-se dona Sinhara. Gravida apesar de virgem? (O incrivel resultado de um ato falho do noivo, se- ‘gundo Maria, tanto bastou para concepsio. — Grévidat! — surpreendeu-se dona Mirazinha, —E ainda pretende que évirgem? — Para a senhora ver, mae, quem ela é ‘Ap6s a confissio do filho, Maria foi vsitada pela sogra: — Buvivo para Cristo.Néo para oimundo deseu filhot ‘Apés a confissio da fil, Joao recebeu a visita de dona Sinhara, que se instlou na compankia dos noi- vos. A moga no deu a menor atengio a Jodo assim tisy nfo fosse ore da fara. Ele passavao dia no taba- tho e, de volta, queria cera liberdade: i estava a mal- dita sogra. Negando-se a moga a i para 0 quarto, ficavam bocejando na sala diante da televsio, até que dona Sinhara os mandava dormir, Ble nfo exercia poder sobre a noiva: nem bife sangrento nem cebola na mest. Bem desconfiou que ela era amante da propria tia, Zea, Revoltou-se contra a atitude da noiva qu, ins- tigada pela mic se negava a cumpri 0 dever conju- ‘al arrependida de ter casado to novinha quando podia aproveitar a vida ; Sempre na casa do pai, Maria confidenciava que Joso dormia a manhatinteira. A tardeyem vez deirpara ‘o-emprego, escondido na esquina espava sea pobre ‘moganno recohia o€x-noivo Joaquim. Mostrava uma fotha em branco,exigia Ihe evelasse o que estava es crito,eram palavras em tintainvsivel—bom pretexto para tentaresgand-laa todo custo. Existe um motivo para’o noive sentir cite, pen- soudona Sinha énio ser ore da casa. Bradou para Deus e 6 mundo que Jodo néo era homem bastante para sua filha, 91 (© moso confidenciou para a mae que, na tarde anterior entraraa noiva batendo a porta (6 fia que tanto bate a porta) egritando bem alto: — Fomos a uma parteira, Ela provou que sou virgem! (0 pobre rapazdiscutiu com o sogro que era deta- The para ser esclarecido, — Quantos anos voce tem, Joao? — Vinte e tres sim seahor. — Com essa idade, Jodo, nio sente vergonha de sums esposavirgem? — Virgem, porém grivida, 0 velho indignado exigiu a filha de volta. Res- ppondeu Jodo que Maria estava muito bem com ele. 0 sogro berrou que se retirasse imediatamente, €a partir daquele dia, proibido de pisar nos seus do- rinios. Dona Mirazinha perguntow a uma amiga: — Como vaia grande cadela? Porque a chamava de cade Maria nunca mais foi visit ‘Cada um se queixa do outro para a respetiva fa- alia, Ora, a familia de Maria esté a0 Indo dela. Ba (201 familia de oto ao lado dle. Casados de tréspara qa- tromesese Maria, segundo ela, semprevirgem.Como pode set, contesaJoio, sees grivida? ‘Um mistério que até hoje nao fo dcifrad. uy RELALALALALTITIFCP PEPER ERELETTTTTIT? sins drat ‘conret0by itor een covery Die ett seman iSite Skt ae savicos DenRA A Rega 01380 Ree Te SSO an | aN ssatauess eitiere ecg SUMARIO. Primo 7 0 Cagula, 1 Questo de Familia 15 Acasa de Lill 18 ‘Angtistia do Viivo 21 Duas Rainhas 25 ‘AvMargem do Rio 29 © Esto 31 ‘Uma Vela para Dario 38 Olamar 2 ‘Ao Naseer do Dia 45 Dinord, Moca do Prazer 48 Os Botequias $4 AArmacitha 58 Beto 62 © Rovpio, 66 © Balle 72 Caso de Desquite 76 (© -Coracio de Dorinha 84 Dia de Matar Porco 88 Dailarina Fantasia 91 A Visa 96 Cemitrio de Elfantes 100 0 JANTAR | Coxesioo A monte, evra se sie fontr, o malig pods cours de gun Gora cn sue asenblqure¢ poss olde gota — As coisas vao. ee Dit ia mile pred tera: mt peel da tema: sen ue pase » penta, Gsm ‘phe ces tice Darth on- sane ede te dn som tac ndo be ae a ie and des ees 2 ‘— De amores como vai? A pergunta ofmndeu-o tanto como um dos ar rotos do pai: era filho de ninguém. — Nao tenho amor. do easar antes dos trinta, ndo detzar 0 vinho no copo, Beveu até a Ultima gota — Que me conta da poesia? Gragas ao seu dinheiro o filho tem o dom de sonhar. — Vai mal. Todo filko & uma prova contra o pat. — Ora, Gaspar, Bobagem. © allio 'estrab.co de Gaspar era bobagem para ‘le, que tinha sels dedos no pé. =A poesia fede. ‘A familla chccava um ovo gorado sob o signo saerossanto na parede da cozinha — “Deus aben- foe esta casa”. = Fol & missa, Gaspar? ‘Se meu pat abre a Boca para falar, sei as pa~ tavras que dird, 2 antes do que ele. — Nao, senhor. ‘Se ele sabe, por que pergunta? Descobria 0 gosto de romper nos dentes um pedago de carne sangrenta, “'"Eu Ihe pedi, nfo pedi? Por que nfo me ‘escuta? "— Nio erelo em Deus! Desterrado de meu reino, fugindo de mim, en- contre! na estrada minha mae, depois meu pai ¢ depois o fantasma de meu av6. ‘Borborinhos na barriga do pal — ou do filho? =" aniversivio da morte de sua mie! Fitho, meu fitho, desiste de tutar contra mint. H& mais de mim. em vooé que de vooé mesmo. B THPELEC FRCL LEC RRR EES ett + ae 2 ee er eee — Sua mie nunea me compreendeu, meu f- Iho. Gaspar ouvindo no sébado & noite os ruidos ‘no quarto do casal ‘Sem mie e sem dinheiro no bolso, — Minha pobre mulher... = O senior tem algum para me emprestar? Com a dor de dentadas furiosas no coragdo — um dos fithos do Conde Ugotino, © pal levou a mao 20 bolso, abriu a carteira, eseolheu uma nota, alisou-a entre os dedos: trinta Ainheiros mais pobre, 0 ittho observou a Santa Cela na parede, Judas com 0 saquinio em punko, — 0 vinko € sangue de Cristo, bebamo-to! ois estranos, Vai sair? = Vou. s dois alisarami a aba do chapéu, um com 0 gesto do outro, “4

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