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APRESENTAÇÃO

Este documento aborda os aspectos históricos, teóricos, metodológicos e os


conteúdos estruturantes da disciplina “Ciências”, e inclui uma seleção de trabalhos
elaborados e desenvolvidos no Colégio Estadual Cora Coralina ao longo do 1º, 2º e 3º
Bimestres de 2008, pela professora Ana Paula Barcelos Reinaque, responsável pelo
ensino de Ciências nas turmas de 8ºs e 9ºs anos do Ensino Fundamental - período
vespertino .

INTRODUÇÃO

1. O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS

1.1. ASPECTOS HISTÓRICOS


O ensino de Ciências Naturais, ao longo de sua curta história na escola
fundamental, tem se orientado por diferentes tendências, que ainda hoje se expressam
nas salas de aula. Ainda que resumidamente, vale a pena reunir fatos e diagnósticos que
não perdem sua importância como parte de um processo.
Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases n. 4.024/61, m inistravam –se
aulas de Ciências Naturais apenas nas duas últim as séries do antigo curso ginasial. Essa
lei estendeu a obrigatoriedade do ensino da disciplina a todas as séries ginasiais. Apenas
a partir de 1971, com a L ei nº.: 5.692, Ciências Naturais passou a ter caráter obrigatório
nas oito séries do primeiro grau.
Quando foi promulgada a L ei n. 4.024/61, o cenário escolar era dom inado pelo
ensino tradicional, ainda que esforços de renovação estivessem em processo. Aos
professores cabia a transm issão de conhecimentos acumulados pela humanidade, por
meio de aulas expositivas, e aos alunos, a absorção das informações. O conhecimento
científico era tom ado com o neutro e não se punha em questão a verdade científica. A
qualidade do curso era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados. O principal
recurso de estudo e avaliação era o questionário, ao qual os alunos deveriam responder
detendo-se nas idéias apresentadas em aula ou no livro-texto escolhido pelo professor.
As propostas para o ensino de Ciências debatidas para a confecção da lei
orientavam -se pela necessidade de o currículo responder ao avanço do conhecimento
científico e às dem andas geradas por influência da Escola Nova. Essa tendência
deslocou o eixo da questão pedagógica, dos aspectos puramente lógicos para aspectos
psicológicos, valorizando a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem.
Objetivos preponderantemente inform ativos deram lugar a objetivos também
formativos. As atividades práticas passaram a representar importante elemento para a
compreensão ativa de conceitos.
A preocupação em desenvolver atividade experimental começou a ter presença
marcante nos projetos de ensino e nos cursos de form ação de professores. As atividades
práticas chegaram a ser proclamadas com o a grande solução para o ensino de Ciências,
as grandes facilitadoras do processo de transmissão do saber científico.

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O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a ser o de dar condições
para o aluno identificar problemas a partir de observações sobre um fato, levantar
hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma
a tirar conclusões sozinho. O aluno deveria ser capaz de “redescobrir” o já conhecido
pela ciência, apropriando-se da sua form a de trabalho, compreendida então com o “o
método científico”: um a seqüência rígida de etapas preestabelecidas. É com essa
perspectiva que se buscava, naquela ocasião, a democratização do conhecimento
científico, reconhecendo-se a im portância da vivência científica não apenas para
eventuais futuros cientistas, mas também para o cidadão comum .
É inquestionável a importância das discussões ocorridas nesse período para a
mudança de mentalidade do professor, que começa a assimilar, mesm o que num plano
teórico, novos objetivos para o ensino de Ciências Naturais. Porém , a aplicação efetiva
dos projetos em sala de aula acabará se dando apenas em alguns grandes centros.
Mesmo nesses casos, não eram aplicados na sua totalidade, e muitas vezes ocorriam
distorções. É o caso da aplicação de material instrucional composto por textos e
atividades experimentais, em que se “pulavam” as atividades e estudavamse apenas os
textos, também porque era já acentuada a carência de espaço e equipamento adequado
às atividades experimentais.
A ênfase no “método científico” acompanhou durante muito tempo os objetivos do
ensino de Ciências Naturais, levando alguns professores a, inadvertidamente,
identificarem metodologia científica com metodologia do ensino de Ciências.
As concepções de produção do conhecimento científico e de aprendizagem das
Ciências subjacentes a essa tendência eram de cunho empirista/indutivista: a partir da
experiência direta com os fenômenos naturais, seria possível descobrir as leis da
natureza. Durante a década de 80 pesquisadores do ensino de Ciências Naturais
puderam demonstrar o que professores já reconheciam em sua prática, o simples
experimentar não garantia a aquisição do conhecimento científico.
Ainda em meados da década de 70, instalou-se uma crise energética, sintoma da
grave crise econômica mundial, decorrente de uma ruptura com o modelo
desenvolvimentista deflagrado após a Segunda Guerra Mundial. Esse modelo
caracterizou-se pelo incentivo à industrialização acelerada em todo o mundo, custeada
por empréstimos norte-americanos, ignorando-se os custos sociais e ambientais desse
desenvolvimento. Problemas ambientais que antes pareciam ser apenas do Primeiro
Mundo passaram a ser realidade reconhecida de todos os países, inclusive do Brasil.
Os problemas relativos ao meio ambiente e à saúde começaram a ter presença
quase obrigatória em todos currículos de Ciências Naturais, mesmo que abordados em
diferentes níveis de profundidade e pertinência.
Em meio à crise político-econômica, são fortemente abaladas a crença na
neutralidade da Ciência e a visão ingênua do desenvolvimento tecnológico. Faz-se
necessária a discussão das implicações políticas e sociais da produção e aplicação dos
conhecimentos científicos e tecnológicos, tanto em âmbito social como nas salas de aula.
No campo do ensino de Ciências Naturais as discussões travadas em torno
dessas questões iniciaram a configuração de uma tendência do ensino, conhecida como

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“Ciência,Tecnologia e Sociedade” (CTS), que tomou vulto nos anos 80 e é importante até
os dias de hoje.
No âmbito da pedagogia geral, as discussões sobre as relações entre educação e
sociedade são determinantes para o surgimento das tendências progressistas, que no
Brasil se organizaram em correntes importantes, como a Educação Libertadora e a
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. Foram correntes que influenciaram o ensino de
Ciências em paralelo à tendência CTS. Era traço comum a essas tendências a
importância conferida aos conteúdos socialmente relevantes e aos processos de
discussão em grupo. Se por um lado houve renovação dos critériospara escolha de
conteúdos, o mesmo não se verificou com relação aos métodos de ensino/aprendizagem,
pois ainda persistia a crença no método da redescoberta que caracterizou a área desde
os anos 60.
A partir dos anos 70 questionou-se tanto a abordagem quanto a organização dos
conteúdos. A produção de programas pela justaposição de conteúdos de Biologia, Física,
Química e Geociências começou a dar lugar a um ensino que integrasse os diferentes
conteúdos, buscando-se um caráter interdisciplinar, o que tem representado importante
desafio para a didática da área.
Ao longo das várias mudanças, as críticas ao ensino de ciências voltavam-se
basicamente à atualização dos conteúdos, aos problemas de inadequação das formas
utilizadas para a transmissão do conhecimento e à formulação da estrutura da área.
Nos anos 80 a análise do processo educacional passou a ter como tônica o processo de
construção do conhecimento científico pelo aluno. Correntes da psicologia demonstraram
a existência de conceitos intuitivos, espontâneos, alternativos ou pré-concepções acerca
dos fenômenos naturais. Noções que não eram consideradas no processo de ensino e
aprendizagem e são centrais nas tendências construtivistas. O reconhecimento de
conceitos básicos e reiteradamente ensinados não chegavam a ser corretamente
compreendidos, sendo incapazes de deslocar os conceitos intuitivos com os quais os
alunos chegavam à escola, mobilizou pesquisas para o conhecimento das representações
espontâneas dos alunos.
Desde os anos 80 até hoje é grande a produção acadêmica de pesquisas voltadas
à investigação das pré-concepções de crianças e adolescentes sobre os fenômenos
naturais e suas relações com os conceitos científicos. Uma importante linha de pesquisa
acerca dos conceitos intuitivos é aquela que, norteada por idéias piagetianas, se
desenvolve acompanhada por estudos sobre História das Ciências, dentro e fora do
Brasil. Tem-se verificado que as concepções espontâneas das crianças e adolescentes
se assemelham a concepções científicas de outros tempos. É o caso das explicações de
tipo lamarckista sobre o surgimento e diversidade da vida e das concepções semelhantes
às aristotélicas para o movimento dos corpos.
A contrapartida didática à pesquisa das concepções alternativas é o modelo de
aprendizagem por mudança conceitual, núcleo de diferentes correntes construtivistas.
São dois seus pressupostos básicos: a aprendizagem provém do envolvimento ativo do
aluno com a construção do conhecimento e as idéias prévias dos alunos têm papel
fundamental no processo de aprendizagem, que só é possível embasada naquilo que ele
já sabe. Tais pressupostos não foram desconsiderados em currículos oficiais recentes.

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Esse modelo tem merecido críticas que apontam a necessidade de reorientar as
investigações para além das pré-concepções dos alunos. Não leva em conta que a
construção de conhecimento científico tem exigências relativas a valores humanos, à
construção de uma visão de Ciência e suas relações com a Tecnologia e a Sociedade e
ao papel dos métodos das diferentes ciências.
Tais críticas não invalidam o processo de construção conceitual e seus
pressupostos. São úteis, sobretudo, para redimensionar as pesquisas e as práticas
construtivistas da área.

1.2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA


Numa sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e
com a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de um
cidadão crítico à margem do saber científico.
Mostrar a Ciência como um conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e
suas transformações, para reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta
que se propõe para o ensino da área na escola fundamental. A apropriação de seus conceitos e
procedimentos pode contribuir para o questionamento do que se vê e ouve, para a ampliação
dasexplicações acerca dos fenômenos da natureza, para a compreensão e valoração dos modos de
intervir na natureza e de utilizar seus recursos, para a compreensão dos recursos tecnológicos que
realizam essas mediações, para a reflexão sobre questões éticas implícitas nas relações entre
Ciência, Sociedade e Tecnologia.
É importante que se supere a postura “cientificista” que levou durante muito tempo a
considerar-se ensino de Ciências como sinônimo da descrição de seu instrumental teórico ou
experimental, divorciado da reflexão sobre o significado ético dos conteúdos desenvolvidos no
interior da Ciência e suas relações com o mundo do trabalho.
Durante os últimos séculos, o ser humano foi considerado o centro do Universo. O homem
acreditou que a natureza estava à sua disposição. Apropriou-se de seus processos, alterou seus
ciclos, redefiniu seus espaços. Hoje, quando se depara com uma crise ambiental que coloca em risco
a vida do planeta, inclusive a humana, o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma
reconstrução da relação homem-natureza em outros termos.
O conhecimento sobre como a natureza se comporta e a vida se processa contribui para o
aluno se posicionar com fundamentos acerca de questões bastante polêmicas e orientar suas ações
de forma mais consciente. São exemplos dessas questões: a manipulação gênica, os desmatamentos,
o acúmulo na atmosfera de produtos resultantes da combustão, o destino dado ao lixo industrial,
hospitalar e doméstico, entre muitas outras.
Também é importante o estudo do ser humano considerando-se seu corpo como um todo
dinâmico, que interage com o meio em sentido amplo. Tanto os aspectos da herança biológica
quanto aqueles de ordem cultural, social e afetiva refletem-se na arquitetura do corpo. O corpo
humano, portanto, não é uma máquina e cada ser humano é único como único é seu corpo. Nessa
perspectiva, a área de Ciências pode contribuir para a formação da integridade pessoal e da
autoestima,da postura de respeito ao próprio corpo e ao dos outros, para o entendimento da saúde
como um valor pessoal e social, e para a compreensão da sexualidade humana sem preconceitos.
A sociedade atual tem exigido um volume de informações muito maior do que em qualquer
época do passado, seja para realizar tarefas corriqueiras e opções de consumo, seja para incorporar-

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se ao mundo do trabalho, seja para interpretar e avaliar informações científicas veiculadas pela
mídia, seja parainterferir em decisões políticas sobre à pesquisa e ao desenvolvimento de
tecnologias e suas aplicações.
Apesar de a maioria da população fazer uso e conviver com incontáveis produtos científicos
e tecnológicos, os indivíduos pouco refletem sobre os processos envolvidos na sua criação,
produção e distribuição, tornando-se assim indivíduos que, pela falta de informação, não exercem
opções autônomas, subordinando-se às regras do mercado e dos meios de comunicação, o que
impede o exercício da cidadania crítica e consciente.
O ensino de Ciências Naturais também é espaço privilegiado em que as diferentes
explicações sobre o mundo, os fenômenos da natureza e as transformações produzidas pelo homem
podem ser expostos e comparados. É espaço de expressão das explicações espontâneas dos alunos e
daquelas oriundas de vários sistemas explicativos. Contrapor e avaliar diferentes explicações
favorece o desenvolvimento de postura reflexiva, crítica, questionadora e investigativa, de não-
aceitação a priori de idéias e informações. Possibilita a percepção dos limites de cada modelo
explicativo, inclusive dos modelos científicos, colaborando para a construção da autonomia de
pensamento e ação.
Ao se considerar ser o ensino fundamental o nível de escolarização obrigatório no Brasil,
não se pode pensar no ensino de Ciências como um ensino propedêutico, voltado para uma
aprendizagem efetiva em momento futuro. A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e,
nesse sentido, conhecer ciência é ampliar a sua possibilidade presente de participação social e
viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro.

1.3 – CONTEÚDOS ESTRUTURANTES


Os conceitos da área de Ciências Naturais, que são conhecimentos desenvolvidos
pelas diferentes ciências e aqueles relacionados às tecnologias, são um primeiro
referencial para os conteúdos do aprendizado. Estão organizados em teorias científicas,
ou em conhecimentos tecnológicos, que não são definidos, mas se transformam
continuamente.
A grande variedade de conteúdos teóricos das disciplinas científicas, como a
Astronomia, a Biologia, a Física, as Geociências e a Química, assim como dos
conhecimentos tecnológicos, deve ser considerada pelo professor em seu planejamento.
A compreensão integrada dos fenômenos naturais, uma perspectiva interdisciplinar,
depende do estabelecimento de vínculos conceituais entre as diferentes ciências. Os
conceitos de energia, matéria, espaço, tempo, transformação, sistema, equilíbrio,
variação, ciclo, fluxo, relação, interação e vida estão presentes em diferentes campos e
ciências, com significados particulares ou comuns, mas sempre contribuindo para
conceituações gerais. Por isso, adotou-se como segundo referencial esse conjunto de
conceitos centrais, para compreender os fenômenos naturais e os conhecimentos
tecnológicos em mútua relação.
Um terceiro referencial para os conteúdos nas Ciências Naturais são as
explicações intuitivas, de senso comum, acerca da natureza e da tecnologia. São
conceitos que importam e interferem no aprendizado científico.

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São procedimentos os modos de indagar, selecionar e elaborar o conhecimento.
Implicam observar, comparar, registrar, analisar, sintetizar, interpretar e comunicar
conhecimento.
As atitudes em Ciências Naturais relacionam-se ao desenvolvimento de posturas e
valores humanos, na relação entre o homem, o conhecimento e o ambiente.
Sendo a natureza uma ampla rede de relações entre fenômenos, e o ser humano
parte integrante e agente de transformação dessa rede, são muitos e diversos os
conteúdos objetos de estudo da área. Faz-se necessário, portanto, o estabelecimento de
critérios para a seleção dos conteúdos, de acordo com os objetivos gerais da área e com
os fundamentos apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais. São eles:
• Os conteúdos devem se constituir em fatos, conceitos, procedimentos, atitudes e valores
compatíveis com o nível de desenvolvimento intelectual do aluno, de maneira que ele
possa operar com tais conteúdos e avançar efetivamente nos seus conhecimentos;
• Os conteúdos devem favorecer a construção de uma visão de mundo, que se apresenta
como um todo formado por elementos interrelacionados, entre os quais o homem, agente
de transformação. O ensino de Ciências Naturais deve relacionar fenômenos naturais e
objetos da tecnologia, possibilitando a percepção de um mundo permanentemente
reelaborado, estabelecendo-se relações entre o conhecido e o desconhecido, entre as
partes e o todo;
• Os conteúdos devem ser relevantes do ponto de vista social e ter revelados seus
reflexos na cultura, para permitirem ao aluno compreender, em seu cotidiano, as relações
entre o homem e a natureza mediadas pela tecnologia, superando interpretações
ingênuas sobre a realidade à sua volta.

1.4. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ESTUDO DAS


CIÊNCIAS DA NATUREZA
Os objetivos de Ciências Naturais no ensino fundamental são concebidos para que o aluno
desenvolva competências que lhe permitam compreender o mundo e atuar como indivíduo e como
cidadão, utilizando conhecimentos de natureza científica e tecnológica.
O ensino de Ciências Naturais deverá então se organizar de forma que, ao final do ensino
fundamental, os alunos tenham as seguintes capacidades:
• compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante e agente de
transformações do mundo em que vive;
• identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de vida, no
mundo de hoje e em sua evolução histórica;
• formular questões, diagnosticar e propor soluções para problemas reais a partir de elementos das
Ciências Naturais, colocando em prática conceitos, procedimentos e atitudes desenvolvidos no
aprendizado escolar;
• saber utilizar conceitos científicos básicos, associados a energia, matéria, transformação, espaço,
tempo, sistema, equilíbrio e vida;
• saber combinar leituras, observações, experimentações, registros, etc., para coleta, organização,
comunicação e discussão de fatos e informações;
• valorizar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a construção coletiva
do conhecimento;

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• compreender a saúde como bem individual e comum que deve ser promovido pela ação coletiva;
• compreender a tecnologia como meio para suprir necessidades humanas, distinguindo usos
corretos e necessários daqueles prejudiciais ao equilíbrio da natureza e ao homem.

2. O ENSINO DE BIOLOGIA

2.1. ASPECTOS HISTÓRICOS


O ensino de Ciências no Brasil teve como referência inicial na sua organização a
participação de Domenico Agostinho Vandelli, da cidade de Pádua, que chegou a
Portugal em 1764 contratado pelo Marquês de Pombal para participar da reforma do
ensino após a expulsão dos jesuítas (BIZZO, 2004).
Iniciou-se, assim, o estudo de história natural para o qual foi indicado Alexandre
Rodrigues Ferreira que aportou em terras brasileiras em 1783 empreendendo uma
viagem filosófica pela Amazônia, por Cuiabá e Belém, onde coletou e remeteu inúmeros
espécimes de animais e plantas para Portugal. Em virtude dos conflitos enfrentados por
Portugal naquele momento, tais espécimes acabaram por cair em mãos francesas que
elaboraram manuais didáticos de ciências os quais foram utilizados nas escolas
brasileiras. Somente no início do século XX, o professor Mello Leitão publicou o livro
“Zoologia”, apresentando críticas aos registros apresentados pelos franceses sobre a
fauna brasileira, retratada nos manuais franceses de forma confundida com elementos da
natureza da África, Ásia e Oceania.
Krasilchik (2004) discute o ensino de Biologia no Brasil nas décadas de 1950,
1960, 1970 e 1990, no qual nos basearemos para os relatos que se seguem.
Para essa autora, “na década de 50, a biologia era subdividida em botânica,
zoologia e biologia geral, tópicos que compunham com mineralogia, geologia, petrografia
e paleontologia a disciplina história natural”. Nesse período, o ensino era livresco, teórico,
memorístico, estimulando a passividade. Estudavam-se os vários grupos de organismos
separadamente e suas relações filogenéticas e as aulas práticas tinham como meta
principal ilustrar as aulas teóricas. Mantinham-se as propostas de alterações no ensino
decorrentes do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, de 1932, destacando-se a
incorporação de conteúdos científicos decorrentes do avanço da ciência pós Segunda
Guerra Mundial, os quais permaneciam distantes dos alunos das escolas, e a
transformação das aulas de laboratório para que estas auxiliassem os alunos na
compreensão de conceitos e não apenas como ilustrativas.
Na década de 60, conforme a autora mencionada, três fatores provocaram
alterações no ensino de ciências: o progresso da biologia, a constatação internacional e
nacional da importância do ensino de ciências como fator de desenvolvimento, e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 2 de dezembro de 1961, que
descentralizou as decisões curriculares. A tradicional divisão de botânica e zoologia
passou do estudo das diferenças para a análise dos fenômenos comuns a todos os seres
vivos, desde sua constituição molecular até a comunidade. Passam a ser incluídas a
ecologia e genéticas de populações, a genética molecular e a bioquímica. Destaca-se,
neste período, a importância dada ao método científico e a preocupação com a formação
do cidadão.

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Paralelamente, ainda na década de 60, surgem os centros de Ciências. A iniciativa
destes centros partiu de um grupo de professores da Universidade de São Paulo que se
organizou e instituíu o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC). A partir
disso, foram criados pelo Ministério da Educação outros centros visando a melhoria do
ensino de ciências. Estes centros trabalharam inicialmente com produção de materiais
didáticos acreditando que estes promoveriam a transformação do ensino, o que não
ocorreu. Passaram então, a trabalhar com cursos de atualização e treinamento de
professores.
Com relação à formação de professores, a Área de Ciências Biológicas no Brasil,
teve sua regulamentação em 1962, quando o Conselho Federal de Educação (CFE) fixou
o Currículo Mínimo e a duração dos cursos de História Natural no País (Parecer nº
325/62). Esses cursos destinavam-se à formação de profissionais que atendiam às
demandas de pesquisa e ensino no 3º grau, ao ensino da Biologia no 2º grau e de
Ciências Físicas e Biológicas no 1º grau.
Dois anos depois (1964), o CFE fixou o Currículo Mínimo para o Curso de Ciências
Biológicas (Licenciatura), adequando o antigo curso de História Natural às exigências da
especialização e da demanda referente à separação das Áreas Biológicas e Geológicas.
Em 1969, o Conselho Federal de Educação estabeleceu a organização dos cursos
de Ciências Biológicas prevendo duas modalidades: licenciatura e bacharelado, sendo a
última na modalidade biomédica. A partir de então a denominação do curso passou a ser
Curso de Ciências Biológicas.
Na década de 70, as questões ambientais decorrentes da industrialização
desencadearam nova visão sobre o ensino de Ciências. Passou-se a discutir as
implicações sociais do desenvolvimento científico. O sistema de ensino brasileiro sofreu
mudanças significativas com a promulgação da LDB 5.692/71. “A escola secundária deve
servir agora não mais à formação do futuro cientista ou profissional liberal, mas
principalmente ao trabalhador, peça essencial para responder às demandas do
desenvolvimento” (KRASILCHIK, 1987).
Em virtude da nova LDB, o CFE foi obrigado a repensar os cursos de Licenciaturas
das Universidades. A Resolução nº 30/74 (CFE, 1974), tornou obrigatória a unificação das
Licenciaturas da área de Ciências Físicas e Biológicas e de Matemática, convertendo-as
em uma única Licenciatura de Ciências com habilitação específica para o 1º grau ou para
o 1º e 2º graus, gerando um grande conflito com as instituições superiores, pois
comprometeu o sistema de formação de professores, que passou a ser feito por escolas
sem estrutura e sem um corpo docente qualificado.
Com a unificação das Licenciaturas, as aulas práticas foram reduzidas e muitos
acadêmicos não as tiveram em sua formação. Conseqüentemente, adotaram para suas
aulas uma metodologia teórica que utilizava livros-texto os quais não apresentavam um
nível adequado ao ensino pretendido. O ensino através de estudo dirigido foi muito
utilizado, porém, composto por questões de múltipla escolha que exigiam apenas leitura
ou por questões dissertativas que requeriam transcrição literal do texto.
Ainda em decorrência da LDB, que, por um lado considerava o ensino de Ciências
importante componente para a preparação de um corpo qualificado de trabalhadores, por
outro, estipulava uma série de disciplinas que pretendiam ligar o aluno ao mundo do

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trabalho sem que os estudantes tivessem base para aproveitá-las. A formação básica foi
danificada sem que houvesse um correspondente benefício para a profissionalização.
(KRASILCHIK, 2004).
Em 1979 ocorreu a regulamentação da profissão de Biólogo pela Lei nº 6.684, que
determinou sua atuação técnica e educacional nas diversas áreas de conhecimento
biológico.
A década de 80 no Brasil foi marcada por crise econômica e mudanças
significativas, com a transformação do regime totalitário para a construção de uma
sociedade democrática. Em 1988 foi promulgada a nova Constituição Federal do Brasil,
em vigor até a presente data. Fatos registrados da época mostram diversas mudanças
sociais, políticas, econômicas e medidas que levaram a uma nova estruturação em
diversos setores do país. Para o sistema de ensino, a Constituição regulamentou algumas
questões para o Ensino Fundamental e Superior, não fazendo o mesmo para o Ensino
Médio. Esta modalidade permanece numa situação de falta de identidade e permeada por
um dualismo que a divide entre a preparação para o trabalho e a preparação para a
continuidade dos estudos (vestibular).
A LDB 9394 foi promulgada em dezembro de 1996. Com ela, o sistema de ensino
passou a ser organizado em Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio) e o Ensino Superior. O Ensino Médio passou a ter finalidades específicas,
sendo etapa final da Educação Básica e etapa de consolidação e aprofundamento de
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, bem como, de conhecimentos
tecnológicos e de formação profissional.
Algum tempo depois foi promulgada as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (DCNEM – Resolução CNE/CEB 03/98), para normatização da LDB e
publicou-se os Parâmetros Curriculares Nacionais. O ensino passou a ser organizado por
áreas de conhecimento, ficando a Biologia disposta na área de Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias. Enfatizou-se, naquele documento, o desenvolvimento de
competências e habilidades, em detrimento de uma abordagem profunda dos
conteúdos/saberes historicamente acumulados pelos diferentes campos do
conhecimento.
O documento tinha como princípios a interdisciplinaridade e contextualização dos
conteúdos, porém não aprofundava estes conceitos, abordando-os superficialmente.

2.2 . FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA-METODOLÓGICA


É objeto de estudo da Biologia o fenômeno vida em toda sua diversidade de
manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um conjunto de processos organizados
e integrados, quer no nível de uma célula, de um indivíduo, ou ainda, de organismos no
seu meio. Um sistema vivo é sempre fruto da interação entre seus elementos constituintes
e da interação entre esse mesmo sistema e os demais componentes de seu meio. As
diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações que ocorrem no tempo e no
espaço, sendo, ao mesmo tempo, transformadas e transformadoras do ambiente.
Ao longo da história da humanidade várias foram as explicações para o
surgimento e a diversidade da vida, de modo que os modelos científicos conviveram e

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convivem com outros sistemas explicativos como, por exemplo, os de inspiração filosófica
ou religiosa.
Elementos da História e da Filosofia tornam possível, aos alunos, a compreensão
de que há uma ampla rede de relações entre a produção científica e os contextos sociais,
econômicos e político. É possível verificar que a formulação, a validade ou não das
diferentes teorias científicas está associada a seu momento histórico.
No século XX presenciou-se um intenso processo de criação científica, inigualável
em tempos anteriores. A associação entre Ciência e Tecnologia se ampliou, tornando-se
mais presente no cotidiano e modificando cada vez mais o mundo e o próprio ser
humano. Questões relativas à valorização da vida em sua diversidade; à ética nas
relações dos seres humanos entre si, entre eles e seu meio, e o planeta; ao
desenvolvimento tecnológico e sua relação com a qualidade de vida, marcaram
fortemente nosso tempo, pondo em discussão os valores envolvidos na produção e
aplicação do conhecimento científico e tecnológico.
O conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e reflexão de
questões polêmicas que dizem respeito ao desenvolvimento, ao aproveitamento de
recursos naturais e a utilização de tecnologias que implicam em intensa intervenção
humana no ambiente, levando-se em conta a dinâmica dos ecossistemas, dos
organismos, enfim, o modo como a natureza se comporta e a vida se processa.
Sabe-se que desde o surgimento do planeta Terra, a espécie humana, ou homo
sapiens, não foi o ser predominante, e muito menos, o ser vivo mais importante dentre
todos os diversos seres vivos que por aqui passaram. Por outro lado, ao longo deste
processo de humanização, que durou aproximadamente três milhões de anos, o homem
criou a linguagem, a escrita e a fala, diferenciando-se de todas as demais formas de vida.
Isso possibilitou ao homem a socialização, a organização dos espaços físicos, a
fabricação de instrumentos utilitários e o início das atividades agrícolas. Enfim, a
humanidade organizou-se em sociedade.
Com o surgimento e desenvolvimento do modo de produção capitalista e sua
lógica produtiva baseada na exploração intensa da natureza, os seres humanos tornaram-
se consumidores (reais ou imaginados), fragmentados em diferentes classes sociais,
alienados dentro de sua própria existência. Pior ainda, não percebem quantas
necessidades são criadas pela sedução das inovações tecnológicas e, o quanto estão
submetidos aos apelos do mercado de consumo. As organizações sociais, sob a égide do
capitalismo, estão permeadas, cada vez mais, pelo espírito do individualismo e, de forma
concreta não enfrentam os problemas causados pela racionalidade do lucro às custas da
destruição da natureza.
Morin, diz que:
A difusão dos mais diversos tipos de tecnologias propagou a ilusão de que a
espécie humana libertou-se definitivamente da natureza. Não é bem assim. A
crescente miscigenação das populações e sua progressiva independência dos
ecossistemas locais evidenciaram o fato de que hoje a sobrevivência de toda a
espécie humana depende do bom funcionamento de um único e imenso
ecossistema global, onde inúmeras espécies cooperam para manter a vida em
geral e sobretudo a da vida humana. (MORIN, 1999, p.147).

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Assim, seguindo esta linha de pensamento, fica explícito que o atual modelo de
desenvolvimento capitalista está ameaçando a sobrevivência de todos os recursos
naturais, podendo até exauri-los pela sua exploração desenfreada e inconseqüente, cujo
objetivo de lucro insiste em se fazer cego.
Cabe ressaltar qual é o papel da Ciência e da sociedade como pontos
articuladores entre a realidade social e o saber científico. Cabe aos seres humanos,
enquanto sujeitos históricos atuantes num determinado grupo social, reconhecerem suas
fragilidades e buscarem novas concepções sobre a natureza que os levem a quebrar
estes paradigmas impostos pelo modo de produção capitalista. É preciso que estes
sujeitos percebam que sua sobrevivência, enquanto espécie, depende do equilíbrio e do
respeito a todas as formas de vida que fazem do planeta o maior ser vivo conhecido.
Embora os discursos das tecnologias limpas e do desenvolvimento sustentável
venham nos acenando com promessas de solução mágica, é preciso lembrar que a
racionalidade do modo de produção capitalista torna impotente quaisquer soluções que
porventura venham a ser propostas pela ciência ou pela tecnologia. Reatar uma relação
de equilíbrio com a natureza pressupõe que a sociedade desenvolva relações solidárias
internas e isso depende de um posicionamento crítico diante da organização social que
está posta pelo capitalismo. Somente quando o ser humano sentir-se parte da biosfera
deste planeta Terra, terá consciência dos seus atos, usará sua inteligência com criticidade
para, quem sabe, reorganizar os processos de produção relacionados com o consumo e
trabalho, para que esta sociedade em que vivemos se torne justa e respeitosa com todas
as formas de vida.
Desta perspectiva percebe-se que, na escola, a Biologia deve ir além das funções
que já desempenha no currículo escolar. Ela deve discutir com os jovens
instrumentalizando-os para resolver problemas que atingem direta ou indiretamente sua
perspectiva de futuro. Afinal, o currículo do Ensino Médio que queremos deve formar
sujeitos críticos, capazes de entender e analisar o mundo, de contribuir para a melhoria
da qualidade de vida pessoal e de sua comunidade.
Krasilchik (1983, p.14) afirma que “[...] de acordo com essa concepção, os
objetivos do ensino de Biologia passariam a ser: aprender conceitos básicos; vivenciar o
método científico; e, mais, analisar as implicações sociais da ciência e tecnologia”.
Para a discussão de todas estas características socioambientais e do papel do
ensino formal de Biologia, as relações estabelecidas entre professor-aluno e aluno-aluno
são determinantes na efetivação do processo ensino-aprendizagem, e para isto, há
necessidade de leitura e conhecimento sobre metodologia de ensino para que as aulas de
Biologia sejam dinâmicas, interessantes, produtivas, e resultem em verdadeira
aprendizagem.
Pensar criticamente, ser capaz de analisar fatos e fenômenos ocorridos no
ambiente, relacionar fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais exige do aluno
investigação, leitura, pesquisa. No ensino de Biologia, diferentes metodologias podem ser
utilizadas com este propósito. A metodologia de investigação, por exemplo, permite ao
aluno investigar a realidade buscando respostas para solucionar determinados problemas.
Krasilchik apresenta diferentes “modalidades didáticas” que poderão ser
estabelecidas para o desenvolvimento das atividades do professor. Esta escolha irá

11
depender do “conteúdo e dos objetivos selecionados, da classe a que se destina, do
tempo e dos recursos disponíveis, assim como dos valores e convicções do professor”
(KRASILCHIK, 2004).
A autora apresenta diferentes maneiras de se estabelecer uma modalidade
didática para o ensino da Biologia. Dentre elas:
- para transmissão de informações = aula expositiva, demonstração;
- para realizar investigações = aulas práticas, projetos;
- para analisar as causas e implicações do desenvolvimento da Biologia = simulações e
trabalhos dirigidos. (KRASILCHIK, 2004).
Outra forma pode ser estabelecida conforme o tamanho do grupo de alunos:
- atividades para grandes grupos, ou seja, para a classe total: aulas expositivas,
demonstrações;
- atividades para pequenos grupos: seminários, aula;
- trabalhos individuais, projetos. (KRASILCHIK, 2004).
Sendo assim, o professor de Biologia terá dentre estas propostas, diferentes
metodologias possíveis de serem aplicadas em suas aulas pensando sempre nos
objetivos do ensino, na motivação do aluno e qual delas será mais apropriada para seus
alunos num determinado momento da realização da sua prática docente.
Além desta proposta, outras metodologias de ensino podem ser utilizadas.
Aprofundar o conhecimento nesta área favorecerá o desenvolvimento de aulas
interessantes propiciando melhor aprendizagem ao aluno. O mais importante é sempre
abordar o conteúdo de forma significativa para o aluno, incentivando-o a refletir sobre a
situação problema que envolve a discussão crítica do tema, despertando no aluno o
interesse e a vontade para aprofundar as pesquisas e buscar alternativas para a questão
em pauta.

2.3. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES


Os conteúdos estruturantes são entendidos como os saberes mais amplos da
disciplina que podem ser desdobrados nos conteúdos pontuais que fazem parte de um
corpo estruturado de saberes construídos e acumulados historicamente e que identificam
a disciplina como um campo do conhecimento.
Dentro da perspectiva dos conteúdos escolares como saberes, o termo "conteúdo"
não se refere apenas a fatos, conceitos ou explicações destinados aos alunos para que
estes conheçam, memorizem, compreendam, apliquem, relacionem, etc. Hoje, o critério
que decide se certos conhecimentos concretos devem ser incluídos no currículo não se
restringe ao seu valor epistemológico e aceitação como conhecimento válido: a relevância
cultural, o valor que lhes é atribuído no âmbito de uma cultura particular em um
determinado momento histórico, entra em cena.
Estabelecer os conteúdos estruturantes para o ensino de Biologia requer uma
análise desse momento histórico, social, político e econômico que vivemos; da relevância
e abrangência dos conhecimentos que se pretendem serem desenvolvidos nessa
modalidade de ensino; da atuação do professor em sala de aula; dos materiais didáticos
disponíveis no mercado; das condições de vida dos alunos e dos seus objetivos.
A decisão sobre o que e como ensinar Biologia no Ensino Médio deve ocorrer de
forma a promover as finalidades e objetivos dessa modalidade de ensino e da disciplina

12
em questão. Não se trata de estabelecer uma lista de conteúdos em detrimento de outra
por manutenção tradicional ou por inovação arbitrária. Referimo-nos aos conceitos e
concepções que têm a ver com a construção de uma visão de mundo; outros práticos e
instrumentais para a ação, e ainda aqueles que permitem a formação de um sujeito
crítico. Precisaremos estabelecer conteúdos estruturantes que, por sua
abrangência, atendem às realidades regionais e, ao mesmo tempo garantem a identidade
da disciplina.
Para Krasilchik, as Ciências Biológicas têm apresentado uma expansão em seus
conteúdos no decorrer dos tempos.
De uma ciência que se concentrava na descrição e nos conhecimentos
qualitativos, com o desenvolvimento na bioquímica e na biofísica, de processos
experimentais e de mensuração, bem como da análise estatística, a biologia
passou a ser um campo de conhecimento com leis gerais, o que alargou e
aprofundou suas dimensões, tornando muito difícil para o professor decidir o
que deve ser fundamental, por tanto incluído em seu curso e o que deve ser
acessório, podendo conseqüentemente ser deixado de lado. (KRASILCHIK,
2004)
A autora relata sobre as alterações de conteúdos anteriores à década de 70 e a
partir dela com as mudanças e preocupações ambientais que fizeram aumentar o
interesse pela ecologia. São incorporados às discussões temas como biodiversidade,
biosfera e evolução. A evolução cultural também interfere no modo de vida das
populações sendo o homem responsável pela ocupação de diferentes habitats de maneira
a não comprometer a sua sobrevivência e a de outras espécies.
Cabe ao professor, enfim, diante das transformações sociais, políticas,
econômicas e ambientais acompanhar os avanços científicos decorrentes e estabelecer
os conteúdos fundamentais para o ensino de Biologia.

2.4. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NO ESTUDO DA


BIOLOGIA
Representação e comunicação
• Descrever processos e características do ambiente ou de seres vivos, observados em
microscópio ou a olho nu.
• Perceber e utilizar os códigos intrínsecos da Biologia.
• Apresentar suposições e hipóteses acerca dos fenômenos biológicos em estudo.
• Apresentar, de forma organizada, o conhecimento biológico apreendido, através de
textos, desenhos, esquemas, gráficos, tabelas, maquetes etc
• Conhecer diferentes formas de obter informações (observação, experimento, leitura de
texto e imagem, entrevista), selecionando aquelas pertinentes ao tema biológico em
estudo.
• Expressar dúvidas, idéias e conclusões acerca dos fenômenos biológicos.

Investigação e compreensão
• Relacionar fenômenos, fatos, processos e idéias em Biologia, elaborando conceitos,
identificando regularidades e diferenças, construindo generalizações.
• Utilizar critérios científicos para realizar classificações de animais, vegetais etc.

13
• Relacionar os diversos conteúdos conceituais de Biologia (lógica interna) na
compreensão de fenômenos.
• Estabelecer relações entre parte e todo de um fenômeno ou processo biológico.
• Selecionar e utilizar metodologias científicas adequadas para a resolução de problemas,
fazendo uso, quando for o caso, de tratamento estatístico na análise de dados coletados.
• Formular questões, diagnósticos e propor soluções para problemas apresentados,
utilizando elementos da Biologia.
• Utilizar noções e conceitos da Biologia em novas situações de aprendizado (existencial
ou escolar).
• Relacionar o conhecimento das diversas disciplinas para o entendimento de fatos ou
processos biológicos (lógica externa).

Contextualização sócio-cultural
• Reconhecer a Biologia como um fazer humano e, portanto, histórico, fruto da conjunção
de fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos e tecnológicos.
• Identificar a interferência de aspectos místicos e culturais nos conhecimentos do senso
comum relacionados a aspectos biológicos.
• Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações intencionais por
ele produzidas no seu ambiente.
• Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam à preservação e à
implementação da saúde individual, coletiva e do ambiente.
• Identificar as relações entre o conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico,
considerando a preservação da vida, as condições de vida e as concepções de
desenvolvimento sustentável.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAPTISTA, G.C.S. Jornal a Página da Educação, ano 11, nº 118, dez 2002, p.19

BASTOS, F. História da Ciência e pesquisa em ensino de ciências. In: NARDI,R.


Questões Atuais no Ensino de Ciências. São Paulo: Escrituras,1998.

BIZZO, N. Manual de Orientações Curriculares do Ensino Médio, MEC, Brasília, 2004.

BERNARDES,J.A .& FERREIRA, F. P. de M. Sociedade e Natureza. In: CUNHA, S.B. da


& GUERRA,A.J.T. A Questão Ambiental.Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2003.

FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho.


Secretaria de Educação Média e Tecnológica – Brasília: MEC, SEMTEC, 2004.

KRASILCHIK, Myriam. Prática de Ensino de Biologia. 4ª ed. revisado e ampliado. – São


Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

KRASILCHIK, Myriam. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Editora da


Universidade de São Paulo, 1987.

KUENZER,A . Z. Ensino Médio: Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho.
São Paulo: Cortez, 2002.

14
MEC/SEB – Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Brasília, 2004.

MORIN,E. O Pensar Complexo e a Crise da Modernidade. In: GUIMARÃES, M. A


formação de Educadores a Ambientais Campinas, São Paulo: Papirus, 2004.

SIDEKUM,A. Bioética: como interlúdio interdisciplinar. Revista Centro de Educação.


vol.27, n.º 01, 2002.

Colégio Estadual Cora Coralina

15
PLANEJAMENTO DE CURSO
Disciplina: Biologia
Professora: Ana Paula Barcelos Reinaque
Coordenação: Profa. Robélia
Ano Letivo: 2007 Turno: Matutino.

“O estudo das Ciências Biológicas precisa se constituir em ferramenta interdisciplinar que


estimule a busca de informações, sua compreensão, o desenvolvimento de competências,
habilidades e apropriação de valores, permitindo aos educandos atingirem capacidades cada
vez mais elaboradas de conhecer e atuar no mundo físico e social”.

Goiânia, 2007.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Série: 2º Colegial
Nº. de aulas semanais: 02

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I Bimestre:

 Apresentação da Disciplina.
 Metodologia Científica: construção e preparação de pesquisas, relatórios e seminários.
 O estudo da Biodiversidade – Características dos Seres Vivos.
 Diversidade de Vida;
 Categorias Taxonômicas e Nomenclatura Científica.

 Os Reinos dos Seres Vivos – Caracterização, morfologia e fisiologia.


 Os Vírus;
 Reino Monera – bactérias e algas procarióticas;
 Reino Protista – protozoários e algas unicelulares eucarióticas;
 Reino Fungi – fungos e liquens;

II Bimestre:
 Reino Animal :
 Espongiários,
 Cnidários,
 Platelmintos,
 Nematelmintos,
 Anelídeos,
 Artrópodes,
 Moluscos,
 Equinodermos

III Bimestre:
 Continuação – Reino Animal:
 Cordados - Peixes, Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos

 Reino Vegetal:
 As plantas e a conquista do meio terrestre;
 Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas;
 Morfofisiologia Vegetal

IV Bimestre:
 Fisiologia Humana – Caracterização, morfologia e função.

17
 Sistema Digestório;
 Sistema Cardiovascular;
 Sistema Respiratório.
 Sistema Excretor;
 Sistema Nervoso;
 Sistema Esquelético e Muscular
 Sistema Endócrino.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA


APRENDIZAGEM DE BIOLOGIA – 2ª ANO
A diversidade da vida
No tema proposto pretende-se que o estudante possa compreender a diversificação das espécies
como resultado de um processo evolutivo, identificando os diversos graus de complexidade dos
seres vivos.
É de fundamental importância observar que a intervenção humana tem reduzido essa diversidade,
ameaçando a sobrevivência da própria vida do planeta.
• Identificar, através de esquemas e fotos, as principais diferenças entre a célula procariota e
eucariota.
• Identificar, através de esquemas e fotos e/ou observação de material vivo, as principais diferenças
entre as células animais e vegetais.
• Identificar os processos de obtenção de energia pelos seres vivos ( fotossíntese e respiração
celular) como processos oriundos de transformação da energia solar.
• Reconhecer as principais características dos representantes de cada um dos cinco Reinos,
identificando especificidades relacionadas às condições ambientais.
• Pesquisar a importância das bactérias e fungos na indústria de produção de alimentos e
farmacêutica.
• Interpretar gráficos e tabelas sobre a incidência de doenças causadas por bactérias, protozoários e
fungos, associando-as as condições de saneamento básico e identificando as formas de prevenção;
• Comparar a estrutura viral e a estrutura celular, estabelecendo a sua relação de dependência,
identificando as principais doenças produzidas por vírus
• Realizar um levantamento de dados sobre a incidência do vírus HIV na população do nosso estado
relacionando-o com as formas de contágio e de prevenção.
Aprimoramentos:
• Reconhecer a importância da classificação biológica para a organização e compreensão da enorme
diversidade dos seres vivos, percebendo que é uma tentativa de estabelecer o grau de parentesco
entre os seres vivos e que não passa de uma idéia que, como toda idéia tem suas limitações.
• Realizar pesquisa sobre as mudanças de critérios de classificação dos seres vivos ocorridas através
dos tempos.
• Analisar, através de gráficos e tabelas, a influência dos fatores que interferem no processo de
fotossíntese.

A diversidade dos processos vitais

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O desenvolvimento do tema sugerido deverá permitir ao aluno a compreensão das funções
vitais básicas, realizadas por diferentes estruturas, órgãos e sistemas, comparando as adaptações que
permitem a vida nos diversos meios. Ao abordar as funções vitais básicas é importante dar destaque
ao corpo humano, focalizando as relações que se estabelecem entre diferentes aparelhos e sistemas
e entre o corpo e o ambiente, conferindo integridade ao corpo humano, preservando o equilíbrio
dinâmico que caracteriza o estado de saúde. É de grande importância frisar que cada pessoa é única
e deve-se, portanto, estimular o desenvolvimento de atitudes de respeito ao próprio corpo e ao do
outro.
• Identificar os processos de obtenção e transformação de matéria-prima para a construção do corpo
e energia para a realização de suas atividades (nutrição – digestão – respiração).
• Identificar os principais problemas relacionados à nutrição analisando dados sobre a desnutrição e
a obesidade.
• Identificar os principais problemas relacionados ao sistema digestório como: vômito, prisão de
ventre e diarréia.
• Relacionar os efeitos do fumo e da poluição do ar na saúde do sistema respiratório utilizando
dados publicados em jornais e revistas.
• Identificar o processo da circulação sangüínea como responsável pela distribuição de substâncias
para todas as partes do corpo, bem como, pelo recolhimento de resíduos que se formam no
metabolismo celular.
• Relacionar o sangue com a defesa do corpo através da leitura de um hemograma.
• Identificar a importância dos processos artificiais de defesa do organismo – soro e vacina.
• Coletar dados entre os moradores da região para identificar os efeitos do sedentarismo e da
nutrição na saúde do coração.
• Reconhecer a excreção como o processo que retira do sangue: resíduos produzidos pelas células e
substâncias estranhas ao corpo.
• Reconhecer, através de modelos, as estruturas relacionadas ao processo da reprodução humana e
as modificações cíclicas do sistema reprodutor feminino.
• Relacionar os avanços científicos com a gravidez assistida e gravidez múltipla
• Discutir a gravidez na adolescência e as formas de contracepção e de prevenção das principais
doenças transmitidas sexualmente.
• Reconhecer que os hormônios são substâncias lançadas no sangue e que influenciam na atividade
de vários órgãos, sendo responsáveis pela auto-regulação do organismo.
• Reconhecer os mecanismos de ação da insulina e da reposição hormonal no corpo humano.
• Identificar que a integração entre os diversos órgãos do nosso corpo e a percepção do mundo
exterior dependem da coordenação realizada pelo sistema nervoso.
• Realizar um levantamento de informações para identificar os efeitos das drogas psicotrópicas e do
álcool no organismo humano.

Aprimoramentos:
• Associar a ação do sistema imune aos processos de rejeição que podem ocorrer nos transplantes de
órgãos.
• Identificar os mecanismos utilizados pelos animais para suprir seu organismo de oxigênio e de
remover o dióxido de carbono.
• Identificar os mecanismos utilizados pelo nosso organismo na contenção das hemorragias.

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ESTRATÉGIA, METODOLOGIA E AVALIAÇÃO.
 Aulas expositivas, com auxílio de recursos didáticos ( transparências, modelos anatômicos,
espécimes, filmes, etc.);
 Aulas práticas: laboratório e visitas;
 Análises, debates e exposições de publicações científicas;
AVALIAÇÕES:
Avaliação da produção do aluno: trabalhos propostos, interesse, participação, organização,
desenvolvimento de exercícios em sala e tarefas.
Avaliação através de prova.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Série: 3º Colegial
Nº. de aulas semanais: 03

I Bimestre:
 Apresentação da Disciplina.

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Metodologia Científica: construção e preparação de pesquisas, relatórios e seminários.
 Revisão Geral – Citologia e Bioquímica Celular.
 Introdução à Genética:
 1ºLei de Mendel / Probabilidade aplicada à Genética;
 Alelos Múltiplos;
 2º Lei de Mendel;
 Herança Ligada ao Sexo

II Bimestre:
 Continuação – Genética:
 Expressões Gênicas e Citogenética
 Engenharia Genética

III Bimestre:
 Origem da vida e Evolução Biológica.
 Genética de Populações e Especiação.
 Evolução Humana.

IV Bimestre:
 Ecologia:
 A Energia e os Ecossistemas;
 Dinâmica de populações;
 Os principais biomas da Terra;
 Problemas Ecológicos.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA


APRENDIZAGEM DE BIOLOGIA – 3ª ANO

A genética e a manipulação gênica


Neste tema abordamos a natureza química do material hereditário, o modo de ação desse
material e os mecanismos básicos de sua transmissão ao longo das gerações.
O conhecimento da estrutura molecular da vida e dos mecanismos de perpetuação permite
aos alunos um posicionamento criterioso relativo ao conjunto das construções e intervenções
humanas que tem ocorrido na atualidade como as tecnologias de clonagem, engenharia genética e
outras ligadas à manipulação do DNA.
• Identificar os cromossomos como as estruturas responsáveis pelo material hereditário das células,
através de fotos e representações esquemáticas, bem como, relacionar a função do núcleo no
controle das características com o processo de clonagem de células.
• Descrever o mecanismo básico de duplicação do DNA através da construção e manipulação de
modelos.

21
• Identificar o gene como um trecho da molécula de DNA que se expressa através da produção de
proteínas e que estas são responsáveis por todas as características genéticas dos seres vivos.
• Analisar esquemas que relacionem a molécula de DNA aos diferentes tipos de moléculas de RNA
e o mecanismo da síntese de proteínas.
• Reconhecer a divisão celular por mitose como o processo de reprodução celular que não altera a
bagagem genética da célula ocorrendo durante o crescimento do indivíduo e na renovação celular
do corpo.
• Reconhecer a divisão celular por meiose como o processo responsável pela produção de gametas
com o número cromossomial reduzido à metade, para que este número se restabeleça no zigoto.
• Relacionar o processo meiótico com a variabilidade genética das espécies que apresentam
reprodução sexuada.
• Identificar algumas características de animais e plantas distinguindo as hereditárias das adquiridas.
• Reconhecer que durante o desenvolvimento do indivíduo, o potencial genético (genótipo) recebido
dos pais não é o único fator atuante pois o meio ambiente também exerce influência na formação
das características (fenótipo).
• Analisar, a partir de resultados de cruzamentos, os princípios básicos que regem a transmissãode
características hereditárias condicionadas por um par de alelos (1a lei de Mendel).
• Analisar alguns aspectos da genética humana que causam distúrbios metabólicos como a
fenilcetonúria e reconhecer a importância do “teste do pezinho” , obrigatório por lei e realizado
gratuitamente nos serviços públicos de saúde nos primeiros dias após o nascimento.
• Analisar a transmissão hereditária dos grupos sangüíneos do sistema A, B, O e do fator Rh e suas
incompatibilidades nas transfusões de sangue e na comunicação materno-fetal.
• Relacionar a diferença entre os dois sexos com os cromossomos sexuais e compreender que em
todos os mamíferos o sexo é determinado no momento da fecundação pelo tipo de cromossomo
sexual ( X ou Y ) presente no espermatozóide .
• Identificar, a partir da leitura de textos de divulgação científica ou entrevistas com
profissionais da área, a participação da engenharia genética na produção de plantas e animais
transgênicos, de hormônios, vacinas e medicamentos, bem como na detecção precoce de doenças
genéticas e testes de DNA para os casos de determinação de paternidade e investigação criminal.
• Proceder à análise desses fazeres humanos identificando aspectos éticos, morais, políticos e
econômicos envolvidos na produção científica e tecnológica, bem como na sua utilização.
• Avaliar a importância do Projeto Genoma Humano, listando seus objetivos.

Aprimoramentos:
• Reconhecer que o número, o tamanho e a forma dos cromossomos são constantes para os
indivíduos de uma espécie e qualquer alteração nos cromossomos é considerada uma mutação ou
aberração cromossômica, geralmente afetando o funcionamento celular e causando doenças.
• Relatar, a partir de uma leitura de referência, as hipóteses antigas sobre o processo de formação de
novos indivíduos até a descoberta dos gametas em 1675 pelo holandês von Leeuwenhoeck.
• Reconhecer que divisões mitóticas descontroladas podem resultar em processos patológicos
conhecidos como cânceres.
• Relacionar o processo de quimioterapia, que consiste em atacar as células cancerosas que estão em
constantes divisões, com seus efeitos colaterais em células com elevada taxa de multiplicação como
os glóbulos vermelhos (anemia) e as células do bulbo capilar (queda de cabelos)

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• Analisar textos históricos para identificar concepções pré-mendelianas sobre a
hereditariedade.
• Identificar que a cor de pele na espécie humana deve-se não apenas à maior ou menorexposição ao
sol mas também à herança quantitativa.
• Reconhecer outras características humanas que apresentem grande variedade de fenótipos,sendo
condicionada por herança quantitativa.
• Resolver questões simples que envolvam a interação de dois pares de genes que determinam maior
ou menor produção de melanina.
• Identificar, a partir de estudos de textos didáticos científicos, as principais tecnologias
utilizadas pela engenharia genética para transferir o DNA de um organismo para outro utilizando
enzimas de restrição, vetores e clonagem molecular.

Origem e evolução dos seres vivos


Neste tema são abordadas as escolas de pensamento que abrigaram diferentes idéias sobre o
surgimento da vida na Terra. É importante relacioná-las ao momento histórico em que foram
elaboradas, reconhecendo os limites de cada uma delas na explicação do fenômeno.
A teoria sintética de evolução é utilizada para explicar como as espécies se transformam ao
longo do tempo e por que a sobrevivência de cada tipo de ser vivo está relacionada as adaptações
que ele apresenta no ambiente em que vive.
Este tema é dos mais instigantes, pois permite que através de leituras e debates em aula os
alunos se posicionem confrontando diferentes explicações sobre o assunto, de natureza científica, de
ordem religiosa, de consenso popular, entre outras.
• Reconhecer que até meados do século XIX muitos cientistas acreditavam que os seres vivos eram
gerados espontaneamente através da matéria bruta.
• Avaliar a importância das experiências dos cientistas F. Redi e L. Pasteur e analisar os argumentos
utilizados por eles na construção da idéia da biogênese.
• Reconhecer que, nas condições da Terra primitiva, as associações entre moléculas formavam
substâncias cada vez mais complexas, que resultaram na formação de sistemas químicos nos mares
primitivos e possivelmente originaram os primeiros seres vivos.
• Comparar as idéias evolucionistas dos cientistas J. B. Lamarck e C. Darwin, identificando as
semelhanças e diferenças.
• Explicar o processo de evolução dos seres vivos, considerando os mecanismos de mutação,
recombinação gênica e seleção natural.
• Identificar que a observação da anatomia e fisiologia de um ser vivo revela adaptações que
garantem sua sobrevivência em determinado ambiente.
• Reconhecer que o ser humano vem, deliberadamente, selecionando as variedades de animais e
plantas com as características genéticas que lhe interessam, fazendo reproduzir as de sua
preferência.
• Apontar benefícios e prejuízos da transformação do ambiente e da adaptação das espécies animais
e vegetais aos interesses da espécie humana.
• Reconhecer à luz do conhecimento científico que, apesar das semelhanças, o ser humano não
descende de espécies semelhantes às espécies dos macacos atuais, mas ele e outros antropóides de
hoje descendem do mesmo ancestral.

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• Distinguir através de fotos, esquemas ou vídeos as principais diferenças entre o ser humano e os
demais primatas, como a capacidade de se apoiar e se locomover sobre os membros posteriores por
períodos prolongados e o polegar em oposição aos outros dedos, entre várias outras, reconhecendo
as vantagens que essas diferenças proporcionaram à adaptação do homem ao ambiente.
• Construir a árvore filogenética dos hominídeos, baseando-se em dados recentes sobre os ancestrais
do ser humano.
• Reconhecer o papel desempenhado pelo desenvolvimento da inteligência, da linguagem e da
aprendizagem na evolução do ser humano.
• Identificar que a evolução cultural é resultante da capacidade que o homem possui de transmitir os
comportamentos aprendidos e que a evolução biológica decorre de alterações na freqüência dos
genes.

Aprimoramentos:
• Avaliar que os cientistas Oparin e Haldane, para elaborarem suas hipóteses sobre a origem da
vida, recorreram a diferentes campos do conhecimento como a Geologia, a Física e a Astronomia.
• Analisar a hipótese heterotrófica, identificando a provável evolução das vias metabólicas nos seres
vivos.
• Construir explicações sobre o que poderia determinar a formação de novas espécies, numa
população em certas condições de isolamento geográfico e reprodutivo.
• Avaliar que na espécie humana não faz sentido falar em raças, uma vez que não houve entre os
indivíduos atuais isolamento geográfico por tempo suficiente para formar raças ou subespécies.
• Identificar que a idéia de “raça pura” , além de absurda é indesejável pois resultaria em indivíduos
geneticamente muito parecidos o que ameaçaria sua sobrevivência pela pequena variabilidade
genética entre eles.

A interação entre os seres vivos


Os seres vivos e o meio interagem entre si, formando um sistema único e dinâmico, cujo equilíbrio
está constantemente ameaçado. O objetivo deste tema é proporcionar a compreensão de que as
intervenções ocorridas neste sistema podem gerar modificações nas interações existentes,
ocasionando danos por vezes irreparáveis e cujas conseqüências ameaçam a vida no planeta. Assim,
é fundamental proporcionar ao aluno informações que permitam seu posicionamento crítico e sua
participação perante as questões de ordem ambiental.
• Caracterizar um ecossistema, identificando a dependência existente entre os componentes bióticos
e abióticos de um ambiente conhecido (jardim, parque, praia).
• Realizar pesquisa sobre diferentes ecossistemas (jardim, parque, praia) identificando a influência
da luz, água e temperatura nos organismos.
• Identificar as relações alimentares existentes entre os organismos de um ecossistema,
interpretando e/ou construindo esquemas representativos de cadeias ou teias alimentares.
• Reconhecer as relações alimentares como formas de transferência de matéria e energia dentro do
ecossistema.
• Reconhecer que a transferência de energia ocorre de maneira unidirecional, isto é, há uma perda
de energia a cada transferência de nível trófico.
• Reconhecer que a alimentação vegetariana permite a disponibilidade de alimento para maior
número de pessoas.

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• Construir esquemas que mostram o deslocamento de determinados materiais (água, carbono,
hidrogênio e nitrogênio) entre o mundo orgânico e inorgânico, evidenciando seu caráter cíclico.
• Representar graficamente as transferências de matéria e energia nos ecossistemas.
• Identificar o papel dos decompositores na reciclagem da matéria, usando como modelo o estudo
de um biodigestor.
• Identificar as relações existentes entre os seres vivos de um ecossistema, reconhecendo que tais
tipos de interações resultam da adoção de um critério artificial criado pela ciência.
• Reconhecer que a ação humana pode desequilibrar o ritmo de trocas de materiais com o ambiente,
gerando alterações (efeito estufa, destruição da camada de ozônio, diminuição da taxa de oxigênio,
eutroficação) que ameaçam a integridade dos ecossistemas.
• Identificar as fontes promotoras dessas alterações, propor e avaliar medidas que minimizem seus
efeitos, distinguindo as de responsabilidade individual e as de responsabilidade coletiva e do poder
público.
• Através da leitura de textos publicados em jornais e revistas reconhecer a importância da
preservação da biodiversidade e sua relação com a biopirataria e direitos de propriedade sobre o
patrimônio genético.

Aprimoramentos:
• Caracterizar os biomas brasileiros, relacionando suas condições abióticas com as espécies neles
existentes;
• Distinguir, centre os fatores determinantes dos tamanhos das populações, os que promovem o
crescimento daqueles que promovem a redução das mesmas.
• Comparar curvas de crescimento de população de países industrializados com a de países em
desenvolvimento, identificando a relação entre a taxa de natalidade e a de mortalidade em ambos os
casos.
• Reconhecer que as populações humanas apresentam uma grande complexidade de fatores que
interferem no seu crescimento.

ESTRATÉGIA, METODOLOGIA E AVALIAÇÃO.


 Aulas expositivas, com auxílio de recursos didáticos ( transparências, modelos anatômicos,
espécimes, filmes, etc.);
 Aulas práticas: laboratório e visitas;
 Análises, debates e exposições de publicações científicas;
AVALIAÇÕES:
Avaliação da produção do aluno: trabalhos propostos, interesse, participação, organização,
desenvolvimento de exercícios em sala e tarefas.
Avaliação através de prova

Colégio Estadual Cora Coralina

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PLANEJAMENTO DE CURSO
Disciplina: Ciências da Natureza
Professora: Ana Paula Barcelos Reinaque
Coordenação: Profa. Lúcia Vilela
Ano Letivo: 2007 Turno: Vespertino.

Goiânia, 2007.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Séries: 9º A e B. Número de aulas semanais: 03


I Bimestre:
 Apresentação da Disciplina.
O ESTUDO DA QUÍMICA:

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Matéria e energia;
 Propriedades da matéria;
Mudanças de estado físico;
Substância X mistura;
Soluções;
Separação de misturas.

II Bimestre:
QUÍMICA
 Modelos atômicos;
Distribuição eletrônica;
Número atômico e número de massa;
Íons , cátions e ânions;
Isótopos, isóbaros e isótonos;
Massa atômica e massa molecular;
Tabela periódica e suas propriedades;
Ligações químicas: iônicas, colantes e metálicas.

III Bimestre:
O ESTUDO DA FÍSICA
Unidades de medida: espaço, massa e tempo
Movimento e repouso.
Movimento Retilíneo Uniforme e Variado
Forças e sistemas de forças
 Energia mecânica potencial e cinética
Trabalho e potência.
 Eletricidade.

IV Bimestre:
O ESTUDO DA BIOLOGIA
 Características dos Seres Vivos;
 A célula como unidade de vida;
 Reprodução: Modalidades Reprodutivas;
 Tipos de reprodução;
 Sistema genital, formação e caminho percorrido pelos gametas;
 Doenças Sexualmente Transmissíveis e Métodos Anticoncepcionais.

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA


APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS DA NATUREZA- 9º ANO

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1. QUÍMICA:
 Identificar as principais formas de energia utilizadas no cotidiano diferenciando matéria de energia.
 Conceituar as propriedades gerais e específicas da matéria
 Reconhecer que as transformações envolvem troca de energia promovendo ou não mudanças de
estado físico.
 Identificar as causas da mudança de estado físico da matéria.
 Representar graficamente as mudanças de estados físicos no gráfico de temperatura X tempo.
 Diferenciar substância de mistura de modo geral e a partir do conceito de temperatura de fusão,
temperatura de ebulição e densidade.
 Diferenciar substância de mistura usando o conceito de constituinte.
 Reconhecer as substâncias simples e compostas a partir de modelos gráficos.
 Reconhecer e classificar os tipos de misturas heterogêneas e homogêneas.
 Compreender as soluções como um tipo especial de mistura.
 Identificar os principais processos de separação de misturas
 Compreender como são construídos os modelos em ciências
 Identificar os modelos atômicos de Dalton e de Rutherford
 Reconhecer a estrutura básica da matéria como sendo os constituintes e que estes são formados por
átomos
 Identificar as principais estruturas do átomo com suas respectivas massas e cargas elétricas (prótons,
nêutrons e elétrons)
 Compreender o processo da distribuição eletrônica e a sua importância.
 Entender o que são elementos químicos e os conceitos a eles ligados. (número atômico e número de
massa)
 Reconhecer a diferença entre um átomo e um íon.
 Compreender o que são isótopos, isóbaros e isótonos.
 Consultar a tabela periódica para retirar dela informações como número atômico e massa atômica
 Reconhecer a regra do octeto e a estabilidade dos gases nobres.
 Compreender o que é afinidade eletrônica para explicar como os elementos combinam-se entre si
através de ligações químicas.
 Saber representar uma ligação através do esquema de Lewis.

2 – FÍSICA:
 Recordar as principais unidades de medidas de espaço, massa e tempo.
 Identificar as unidades de medida do sistema internacional. (SI)
 Usando os conceitos básicos da matemática converter as unidades de medida em seus múltiplos e
submúltiplos.
 Reconhecer o conceito básico do movimento: movimento, repouso, referencial.
 Diferenciar o movimento retilíneo uniforme do movimento uniformemente variado.
 Resolver problemas que envolvam o movimento acelerado e retrógrado.
 Utilizar a equação horária da velocidade e da posição para resolver problemas simples.
 Resolver problemas de queda livre.
 Reconhecer as unidades de força e suas transformções.
 Calcular a resultante de um sistema de forças.
 Identificar força peso como força gravitacional.
 Conceituar e calcular a energia cinética e potencial.

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 Conceituar e calcular a energia gravitacional de um objeto.
 Conceituar trabalho, em Física, como medida da quantidade de energia transformada ou transferida
em um sistema físico.
 Calcular o trabalho realizado por uma força para deslocar um objeto.
 Conceituar potência como a variação de energia em dado intervalo de tempo.
 Resolver problemas simples que envolvam os conceitos de trabalho e/ou potência.
 Diferenciar os tipos de energia.
 Compreender os conceitos de energia elétrica e suas transformações.
 Entender a conta de energia elétrica e calcular os gastos domiciliares com energia.

3 – BIOLOGIA
 Identificar a organização celular como característica fundamental de todas as formas vivas, utilizando
a observação de fotos e/ou material biológico ao microscópio óptico.
 Identificar a célula como sistema que troca substâncias com o meio, obtém energia e se reproduz.
 Conhecer os diferentes níveis de organização da vida, da célula à biosfera, identificando-os através de
ilustrações.
 Compreender os fenômenos reprodutivos.
 Conhecer o funcionamento do sistema reprodutor humano;
 Relacionar adolescência como o período de maturidade sexual e compreender os aspectos da
sexualidade;
 Conhecer os principais tipos de doenças sexualmente transmissíveis e os métodos anticoncepcionais

ESTRATÉGIA, METODOLOGIA E AVALIAÇÃO.


 Aulas expositivas, com auxílio de recursos didáticos ( transparências, modelos
anatômicos, espécimes, filmes, etc.);
 Aulas práticas: laboratório e visitas;
 Análises, debates e exposições de publicações científicas;
AVALIAÇÕES:
Avaliação da produção do aluno: trabalhos propostos, interesse, participação, organização,
desenvolvimento de exercícios em sala e tarefas;
Avaliação através de prova

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1. Listas de Exercícios

Objetivos:
 Reforçar os conteúdos abordados em sala;
 Permitir que o aluno interrelacione o conteúdo ao seu dia-a-dia;
 Possibilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas;
 Estimular o raciocínio lógico.

LISTA 01 - Física
Conteúdos abordados: - Intervalo de tempo;
 Cinemática – Movimento e Repouso - Espaço percorrido;
- Velocidade;
- Aceleração.

LISTA 02 - Física
Conteúdos abordados:
 Forças e Sistemas de Forças;
 Leis de Newton;
 Força de Atrito

LISTA 03 - Biologia
Conteúdos abordados:
 Sexualidade e Reprodução;
 Ação Hormonal;
 Anticoncepção e Prevenção de DST`s.

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Colégio Estadual Cora Coralina
NOME:_______________________________Nº.:_______ Série: 9º ANO____
Disciplina: Ciências (Física) Profª.: Ana Paula Barcelos Reinaque

ATIVIDADE AVALIATIVA
1. Por que um objeto solto no espaço próximo à superfície terrestre “cai” no chão?
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2. No esquema representado a seguir, calcule o valor da força resultante:

15 N

20 N
3. Explique por que ao lançarmos uma esfera metálica num chão plano e horizontal
ela não permanece em movimento retilíneo indefinitivamente, contrariando o
princípio da inércia.
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4. Admitindo que g = 10 m/s2, calcule:


a) O peso de um objeto de massa 45 kg.
b) A massa de um objeto de 380N

5. Admitindo que g = 10 m/s2, determine:


a) O peso de um garoto de massa 38 kg.
b) O peso desse garoto na Lua, onde g = 1,67 m/s2

DISCIPLINA: ____________________________ SÉRIE:_______________


TÍTULO: ____________________________________________________

CONTEÚDOS ABORDADOS:
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OBJETIVOS DO TRABALHO:
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RESULTADOS E COMENTÁRIOS:
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DATA: _______/_______/______

ASSINATURA: ________________________________________________

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Colégio Estadual Cora Coralina

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Portifólio

Profª. Ana Paula Barcelos Reinaque

Disciplinas: Ciências e Biologia

Ano Letivo: 2007

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