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FONTES ARTIFICIAIS DE RADIAÇÃO

A radiação solar pode ser usada para tratamentos ou para provas em doentes
suspeitos de sofrerem de fotodermatoses. Isto tem, no entanto, vários
inconvenientes que resultam, em primeiro lugar, da grande variabilidade da sua
orientação ao longo do dia e, em segundo lugar, da imprevisibilidade da sua
intensidade, que depende da hora do dia, da estação do ano, das condições
climatéricas, da latitude e da altitude. Por todas estas razoes, utilizam-se
habitualmente fontes artificiais de radiação, embora nenhuma tenha um
espectro sobreponível ao do sol.
As lâmpadas usadas em fotodermatologia são de dois tipos: lâmpadas de
incandescência e lâmpadas de descarga.
As primeiras possuem um filamento que é aquecido pela passagem da
corrente eléctrica, emitindo muita radiação infravermelha, alguma visível e
pouca ultravioleta. Por este motivo são pouco úteis e servem apenas como
fontes de radiação visível na generalidade dos casos.
Nas lâmpadas de descarga a corrente eléctrica passa através dum gás,
excitando as moléculas desse gás, de que resulta a emissão de radiação
electromagnética. As características da emissão dependem não só da
natureza do gás, mas também da sua pressão.
Lâmpada de carbono - nesta fonte existem dois eléctrodos, que lhe dão o
nome, saltando a corrente através do ar, sem que haja qualquer invólucro.
Tem uma emissão próxima da do sol, mas o facto de os eléctrodos se
gastarem, provoca alterações no espectro, o que obriga a afinações
frequentes. Além disso emite gases e cheiros muito activos, o que torna
a utilização desagradável. Dado que emite grande quantidade de radiação
visível, ainda é bastante usada na indústria, mas em fotomedicina foi
abandonada.

Lâmpada de vapor de mercúrio de média e alta pressão -- Tem um


invólucro de quartzo, permeável à radiação com menor comprimento de onda
e resistente à alta pressão que o gás atinge no interior, e contém vapor de
mercúrio. É uma das fontes mais úteis e emite um espectro descontínuo
desde os ultravioletas até aos infravermelhos, com picos nos 254, 263, 297,
303 e 365 nm, entre outros. Dada a extensão do espectro, serve para quase
tudo, especialmente se combinada com filtros adequados. Tem o
inconveniente de a irradiância ser fraca entre os picos da emissão, embora
aumente nas que trabalham com maior pressão. Esta pode ir de 1 a 300
atmosferas.
É a lâmpada ideal para quem possa dispor apenas duma.
Lâmpada de Wood - é basicamente uma lâmpada de mercúrio de média
pressão cuja radiação é filtrada por um filtro de Wood, constituído por vidro
com óxido de níquel. Este filtro limita a emissão a uma faixa entre 340 e 450
nm, com um pico nos 365 nm.
É usada no diagnóstico de tinhas microspóricas e da pitiríase versicolor,
bem como em provas de «screening» das porfírias.

Lâmpada de vapor de mercúrio de baixa pressão - Trabalha com mercúrio


vaporizado, a pressão inferior a 1 atmosfera. Emite quase exclusivamente
radiação com 254 nm de comprimento de onda, devendo o invólucro ser
permeável a esta radiação.
Tem acção germicida pelo que é usada na esterilização de material e em
blocos cirúrgicos. Dada a sua actividade sobre microorganismos, é muito
utilizada em investigação fotobiológica.

Lâmpadas fluorescentes - Têm habitualmente a configuração dum tubo, no


interior do qual existe vapor de mercúrio a baixa pressão (inferior a 1 atm.) e
cujas paredes são revestidas por material fluorescente que absorve a radiação
de 254 nm e a reemite com comprimento de onda superior. Fazendo variar a
composição do revestimento, podem obter-se radiaçöes predominantemente
na faixa dos UVB, dos UVA, ou visível e, dentro desta, com várias tonalidades.
As primeiras são chamadas lâmpadas solares e servem para fototerapia e
para provas fotobiológicas.
As segundas são lâmpadas de UVA e servem, quer para tratamento, como
no PUVA, quer para diagnóstico como, por exemplo, na irradiação de provas
epicutâneas. Algumas destas fontes são pintadas, de modo a que a radiação
visível seja filtrada, chamando-se lâmpadas de luz negra, por a sua
emissão só se tornar evidente após fluorescência.

Lâmpada de xenon - contém xenon dentro do invólucro, a uma pressão


entre 20 e 40 atmosferas. Emite um espectro muito próximo do solar,
embora com um segmento de ultravioleta muito mais rico. Com alguns
dispositivos de correcção constitui o que se designa por simulador solar, fonte
muito útil mas que tem o inconveniente de apenas irradiar áreas pequenas e
necessitar de frequentes afinações. Usa-se também na alimentação dos
monocromadores, aparelhos que permitem seleccionar faixas estreitas de
radiação, com 5 a 10 nm de «espessura».

Laser - a radiação laser é uma radiação electromagnética com propriedades


muito especiais que a tornam ímpar.
É, em primeiro lugar, uma radiação monocromática pura, o que significa que é
constituída apenas por um comprimento de onda. Compreende-se que se um
fenómeno depender desse comprimento de onda, a sua eficácia é muito
grande, pois não há radiação supérflua.
Além disso, é coerente, ou seja, a radiação desloca-se no espaço toda na
mesma fase de vibração e é assim que atinge o alvo, de que resulta maior
eficácia. As duas propriedades referidas são responsáveis pelos elevados
rendimentos dos sistemas fotoquímicos em que intervém a radiação laser.
Finalmente diremos que é uma radiação colimada, dado que os fotões viajam
no espaço praticamente sem se dispersarem, mantendo-se a densidade
energética ao longo do trajecto do feixe, densidade essa que é muito grande,
mesmo depois de atravessar meios em que não é absorvida.
Os lasers são todos concebidos de forma idêntica, gerando-se a radiação por
excitação, de forma especial, de algumas substâncias que lhes dão o nome.
Os mais usados em Dermatologia são os de anidrido carbónico, neodímio,
argon e os de corantes. São utilizados em terapêutica, para destruir lesões,
aproveitando a monocromaticidade, que lhes confere grande especificidade
na acção. A aplicação ao diagnóstico de fotodermatoses está ainda em fase
experimental.

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