entrevista retomada consciente e agora, petrobras?

“O Bolsonaro vai entregar o País menor O plano de Paulo Rabello de Castro Com prejuízo de R$ 48,5 bilhões
do que recebeu”, afirma o economista para estimular a economia a partir no trimestre, empresa tenta se
Luiz Carlos Mendonça de Barros da redução da dívida pública blindar de interferência política

as empresas contra
As fake news
Lideradas por grandes anunciantes globais como Unilever,
Coca-Cola e Pfizer, mais de 650 companhias aderem a movimento
para combater ódio, racismo e notícias falsas nas redes sociais.
Boicote ameaça modelo de negócio do Facebook e pode inibir os
abusos do anonimato na web
Job: BRA0351FINAL003 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: BRA0351FINAL003-AFDC-Convergencia Digital Anuncio Mascara - Revista Isto e Dinheiro-404x266_pag001.pdf
Registro: 199068 -- Data: 17:13:47 01/07/2020
Job: BRA0351FINAL003 -- Empresa: Publicis -- Arquivo: BRA0351FINAL003-AFDC-Convergencia Digital Anuncio Mascara - Revista Isto e Dinheiro-404x266_pag001.pdf
Registro: 199068 -- Data: 17:13:47 01/07/2020
Dinheirodaredação 08 de julho de 2020. Edição 1.178
A PERDA DO DINHEIRO VERDE
Nos últimos dias o País foi tomado pela notícia de que o
mundo não irá mais tolerar os abusos de desmatamento
e queimadas praticados por aqui, com a anuência de um
governo que nada faz para barrar o aumento recorde dos
índices nesse sentido. Os carbonários da floresta estão em
franco avanço. Os conflitos de garimpeiros e indígenas
ampliam-se sem controle e tudo isso terá um custo pesado.
Financeiramente falando. Além dos organismos multilate-
rais e países que protestaram e congelaram recursos para a
região, um grupo de 29 instituições financeiras globais as-
sinou uma carta de alerta deixando claríssimo que não será
mais tolerado o quadro. Fizeram mais: ameaçaram retirar
seus investimentos do Brasil se nada for feito. Não dá para
desconsiderar o time de instituições signatárias da carta.
Juntas elas respondem por mais de US$ 3,75 trilhões, mais
do dobro do PIB nacional, e aplicam quantias consideráveis
em empresas de ponta que atuam por aqui em diversas áre-
as. O desmantelamento de políticas ambientais e de direitos
humanos, como dizem os organismos multilaterais, tem
gerado incertezas e dúvidas generalizadas sobre as reais in-
tenções desse governo em relação a um tema tão caro para a
comunidade global. Fazer pouco caso da demanda ambiental
não é apenas um ameaça à imagem. O dinheiro verde,
que cresce em volume e importância, está fugindo das
economias não compromissadas com tais princípios.
04 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: Leo Correa | Carol Carquejeiro/Valor | Patricia Stavis/Folhapress | Bruno Santos/ Folhapress
O vice-presidente Hamilton Mourão, que assumiu o coman-
do da causa ambiental e pilota grupos de ação nesse sentido,
já começou a correr atrás do potencial prejuízo. Junto ao
Banco Central, está tentando organizar uma videoconferên-
cia com investidores de todo o mundo para esclarecer sobre
os caminhos traçados e serenar os ânimos. O fato é que, até
agora, nem a guarda nacional do ambiente, anunciada em
janeiro com pompa e circunstância por Bolsonaro para coi-
bir os abusos, saiu do papel. Ela só deverá começar a operar
mesmo, segundo a nova promessa, a partir de 2021. É que
faltam recursos. O entrave financeiro foi ainda maior após
a pandemia e esse efetivo policial acabou, provisoriamente,
substituído por militares que não funcionaram a contento.
Para instituir a força nacional, a previsão é de um investi-
mento inicial de R$ 50 milhões, com a expectativa de reunir
de 400 a 500 homens, entre bombeiros e policiais de fron-
teira. Mas ao invés de lançar tal demanda como prioridade
um, o capitão reformado prefere gastar quase R$ 2 bilhões
neste ano e outros tantos nos anos seguintes em aumento de
soldos dos militares. A ordem de preferência de Bolsonaro
segue muito distante daquela que seria a mais adequada para
o desenvolvimento e garantia de investimentos do Brasil.
Carlos José Marques,
diretor editorial
Índice
CAPA
Movimento reúne mais
de 650 corporações
globais que decidiram
suspender campanhas
publicitárias em redes
sociais em boicote
contra a falta de controle
sobre discursos de ódio
nas postagens pág. 24

ENTREVISTA SEMANA
Estudo da FGV mostra que o País entrou em
Ex-ministro Luiz
recessão já no primeiro trimestre deste ano
Carlos Mendonça
de Barros diz que pág. 06
a crise escancarou a
desigualdade de
renda do Brasil — MOEDA FORTE
e prevê país menor Capitalizadas, empresas italianas ensaiam
sob Bolsonaro invasão ao mercado brasileiro
pág. 12 pág. 10

Economia sustentabilidade
Pesquisa mostra que áreas indígenas atacadas
Paulo Rabello são o caminho da devastação da Amazônia
de Castro,
ex-presidente pág. 16
do BNDES, defende
plano de retomada
que pode injetar DINHEIRO EM BITS
R$ 1,4 trilhão na Gigantes tecnológicas não conseguem se livrar
economia da dependência de poucas linhas de receita
pág. 18 pág. 38

COBIÇA
negócios Montblanc lança coleção de relógios de luxo
Roberto Castello inspirada nas montanhas geladas
Branco, presidente
da Petrobras, diz pág. 52
que não aceitará
interferência
política na estatal ARTIGO
que teve prejuízo Dinâmicas profissionais mudam com a
de R$ 48,5 bilhões pandemia e exigem novo perfil de lideranças
pág. 30 pág. 66

CAPA Ilustração: Evandro Rodrigues

Dinheiro 08/07/2020 05
Dinheironasemana
por klester cavalcantI

Economia
FGV: Brasil entra em recessão
Agora, é oficial. A pandemia jogou o Brasil numa recessão. A conclusão é do
Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio
Vargas (FGV). O grupo identificou um pico no ciclo de negócios do País, no
quarto trimestre de 2019, configurando que a economia entrou em recessão
já no primeiro trimestre deste ano. O relatório destaca que esse pico “repre-
senta o fim de uma expansão econômica que durou 12 trimestres”. O texto
se refere ao período que vai do primeiro trimestre de 2017 ao último do ano
passado. São várias as formas utilizadas para identificar quando uma econo-
Brasil
mia entra em recessão. Uma delas é a recessão técnica, quando o Produto
Interno Bruto (PIB) registra dois trimestres seguidos de queda. Uma outra Ministério da Saúde gastou menos
aponta recessão quando há redução generalizada na atividade econômica,
mesmo sem tombo do PIB em dois trimestres consecutivos. Esse é o concei- de 30% dos recursos disponíveis
to usado pelo Codace. Entre os indicadores analisados estão nível de empre- para combater a Covid-19
go, comércio exterior e investimentos. No primeiro trimestre deste ano, o Na semana em que o mundo marcou 6 meses da
PIB do Brasil sofreu redução de 1,5%. E deve piorar. Para o segundo trimes- crise do coronavírus, uma informação – mais uma –
tre, a estimativa é de queda de 9,8%. Para 2020, as projeções para o PIB preocupou o Brasil. Com mais de 60 mil mortos e
nacional vão de baque de 6,54%, do boletim Focus, do Banco Central, a redu- quase 1,5 milhão de infectados no País (na quinta-
ção de 9,1%, segundo o Fundo Monetário Internacional. Se um dos dois feira 2), o governo federal aplicou apenas 29,3% dos
acertar, será o maior tombo da economia brasileira nos últimos 120 anos. recursos que declarou ter disponibilizado ao
Ministério da Saúde para combater a pandemia. Os
dados são do Painel do Orçamento Federal, elabora-
Variação Trimestral do PIB Brasileiro do com informações do Sistema Integrado de
(em %, em relação ao trimestre anterior) Planejamento e Orçamento (Siop). Até agora, o
1,7 Ministério gastou R$ 11,5 bilhões, de um total de
R$ 39,3 bilhões que o governo afirma ter liberado.
O fato de essa verba ainda não ter sido aplicada em
0,8 ações práticas é mais uma evidência da inoperância
0,5 0,4 0,5 0,5 0,4 e da falta de comando do governo, especialmente na
0,0 0,2 0,1 -0,1 0,2 -1,5 área da saúde. Para os especialistas, as interferên-
cias atabalhoadas do presidente do Brasil têm sido
cruciais para agravar o problema. Enquanto isso, o
mesmo governo publicou, na segunda-feira (29), no
Diário Oficial da União (DOU), medida editada por
meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar
1ºtri 3ºtri 1ºtri 3ºtri 1ºtri 3ºtri 1ºtri (ANS) que obriga os planos de saúde a realizar tes-
2ºtri 4ºtri 2ºtri 4ºtri 2ºtri 4ºtri tes sorológicos para detecção do coronavírus. Com
isso, os beneficiários de planos ambulatorial, hospi-
2017 2018 2019 2020 talar ou de referência, com sintomas associados à
Covid-19 – como tosse, fraqueza e febre – podem
realizar o teste sem custos extras.

“Vemos com
preocupação o que
ocorre no Brasil.
Infelizmente,
Bolsonaro subestimou
as consequências da
Covid-19. Agora, estamos vivendo
as consequências”
Francesco Rocca, presidente da Federação
Internacional da Cruz Vermelha

06 Dinheiro 08/07/2020 fotos: Pedro Ladeira/Folhapress | ISTOCK | DIVULGAÇão

Commodities
Via Varejo consegue alongar
dívida de R$ 4 bilhões
Dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, a Via Varejo
divulgou, na terça-feira (30), que conseguiu alongar
R$ 4 bilhões de suas dívidas que venceriam em média
nos próximos 60 dias. Com isso, o prazo médio subiu
para 1,3 ano. A renegociação foi realizada em duas
etapas. Na primeira, a empresa terá de utilizar R$ 1,5
bilhão em debêntures, com vencimento em junho do
ano que vem e junho de 2022. Esse valor será empre-
gado na compra de notas promissórias, com venci-
mento em setembro de 2020. A varejista também
refinanciou R$ 2,5 bilhões de operações de antecipa-
ção a fornecedores, que venceriam ainda no segundo
trimestre deste ano. Houve, ainda, uma capitalização
que somou R$ 4,4 bilhões feita pela Via Varejo. Assim,
as medidas adotadas pela companhia para reforçar
e preservar o caixa chegam a R$ 8,4 bilhões.

NÚMEROS
1 milhão
É a quantidade de cidadãos
brasileiros que, segundo a Receita
Federal, já estão na malha fina do
governo. Isso na quarta-feira 1º,
um dia após o término do prazo
para a entrega da declaração
17,8%
Foi a queda registrada pelo
Ibovespa no primeiro semestre
deste ano, marcado pela
pandemia do coronavírus. Foi
o maior tombo da B3, desde o
segundo semestre de 2015,
quando caiu 18,3%
R$ 100 milhões
É o valor para pagamento de
dividendos, aprovado pelo
conselho de administração da
Transmissão Paulista. O preço
bruto por ação será de R$ 0,1517,
a ser pago no dia 16 deste mês
Energia
Para elétricas, socorro
de R$ 16 bilhões é pouco
Articulado pelo governo federal para socorrer as
distribuidoras de energia impactadas pela pande-
mia, o empréstimo de R$ 16 bilhões não agradou ao
setor. Segundo o diretor da Associação Brasileira
de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee),
Marcos Madureira, o valor não é o bastante para
compensar todas as perdas que as companhias do
segmento tiveram – e continuam tendo – com a crise do coronavírus. O socorro vindo dos
cofres da União, de acordo com Madureira, pode resolver apenas alguns problemas financei-
ros imediatos, mas ainda deixa as concessionárias em situação delicada. Chamada pelo gover-
no de Conta-Covid, o pacote de empréstimos envolve um grupo de bancos e tem a coordena-
ção do BNDES. Madureira destacou que a redução do consumo no País e a queda na economia
nacional que está por vir causarão ainda mais impactos negativos às empresas do setor.
Negócio
Embraer assume controle de empresa de cibersegurança
Na quarta-feira 1º, a Embraer anunciou a assinatura de contrato para investimento no capital da
Tempest Security Intelligence, empresa especializada em cibersegurança. A companhia aérea
passou a ter, assim, participação acionária majoritária na Tempest. O valor do negócio não foi
revelado e sua conclusão está
sujeita ao cumprimento de
determinadas condições usuais
e aprovações. A Embraer já
tinha participação indireta na
Tempest desde 2016, por meio
do Fundo Aeroespacial, criado
pelo BNDES, pela Finep, pela
Agência de Desenvolvimento
Paulista (Desenvolve SP) e pela
própria companhia.

Dinheiro 08/07/2020 07
AF_ISTOÉ DINHEIRO.indd 2 01/07/2020 13:43:32
AF_ISTOÉ DINHEIRO.indd 3 01/07/2020 13:43:34
Moedaforte por hugo cilo

Investe “che te fa bene”

Chi a buon albero s’appoggia, buon ombra lo ricopre. O antigo ditado
italiano (Quem a boa árvore se acolhe, boa sombra o cobre) poderia
explicar as razões que têm inspirado empresários italianos a investir
no Brasil, a despeito da crise. A liberação de mais de 400 milhões de
euros do governo da Itália neste ano para que micro e pequenas
empresas do país se internacionalizem vai trazer uma legião de
companhias para o mercado brasileiro, segundo o presidente da
Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura
(Italcam), Graziano Messana. Pelos seus cálculos, há um potencial
de investimento de R$ 550 milhões neste segundo semestre e de
mais de R$ 8 bilhões em 2021, puxado por companhias como TIM,
Enel, Pirelli, Fiat Chrysler (FCA) e a grife Intimissimi. Atualmente, há
972 empresas italianas em atividade no Brasil. “A Itália está com
muito mais apetite por investir no Brasil. Como o País está atrasado
na superação da crise em relação a outras economias, e o câmbio
está maravilhoso aos estrangeiros, os ativos estão baratos e há
oportunidades em muitos setores”, afirma o siciliano Messana.
Segundo ele, a pandemia desencadeou uma grande injeção de euros
por parte dos governos e bancos centrais no capital das empresas
italianas, que agora querem expandir para novos mercados. “Além
de estar capitalizado e disposto a expandir, o empresário italiano é
acostumado a crises, oscilações e a fortes emoções nos negócios.
Há muita semelhança e afinidade cultural entre Itália e Brasil.”

No diálogo, todos se entendem

Negociar, dialogar, se entender. Nunca houve, provavelmente, um
volume tão grande de acordos extrajudiciais bem-sucedidos no
País durante a pandemia. Apenas na Câmara Brasileira de
Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE), da Associação
Comercial de São Paulo (ACSP), o número de pedidos de acordos
subiu de 30 a 40 por mês para mais de 400, uma média de 20 por
dia. De acordo com Guilherme Giussani, coordenador da CBMAE,
a mediação resolve 92% dos casos em até 30 dias. “A solicitação
de audiências pela internet, inclusive as de disputas trabalhistas,
tem crescido bastante durante a pandemia da Covid-19”, afirma.
“Isso tem ajudado empresários a resolverem conflitos empresa-
riais e a economizar tempo e dinheiro.”

Outro efeito positivo da crise sobre as modelo de negócios. “Percebi a oportu-

Arte para pessoas e as empresas é a busca por
reinventar inovação e criatividade. Tanto é que,
ao enxergar o aumento da procura
o negócio por novas ideias, a artista plástica
e empreendedora Mary Dutra
decidiu criar o projeto de
Consultoria Criativa de Negócio,
uma espécie de workshop para
quem quer reinventar seu
nidade de ajudar pessoas a se reinventa-
rem e acreditarem que é possível inovar
juntando ideias criativas e boas metodo-
logias, mesmo em meio a uma crise”, diz
Mary. “Independentemente do segmento
da empresa, o olhar de uma pessoa de
fora, com uma bagagem empreendedora
e uma mente criativa, pode ajudar a ace-
lerar a realização de um projeto.”

10 Dinheiro 08/07/2020 fotos: ANALUGROSSO I DIVULGAÇÃO

 O ar que dá lucro
Como as UTIs não devem ficar lotadas para sem-
pre, a maior fabricante de respiradores hospitala-
res do Brasil, a Baumer, que fornece para 4 mil
hospital em 36 países, está criando duas novas
frentes de negócios para garantir a longevidade
de sua saúde financeira. A empresa, com sede
em Mogi Mirim, no interior paulista, desenvolveu
cabine de esterilização de roupas e um esteriliza-
dor de ar. O primeiro contrato, segundo a presi-
dente Duda Baumer, foi assinado com a rede de
shoppings Multiplan, que utilizará os esterilizado-
res em suas unidades em São Paulo. “Estamos
recebendo consultas de grandes empresas por-
que a questão de segurança sanitária se tornou
prioridade”, diz a empresária. A expectativa é
produzir 4 mil aparelhos por mês.
Castanha com isotônico
Os irmãos cearenses Rodrigo (à esq.) e Felipe
Carvalho, diretores da Positive Brands, dona das
marcas A Tal Castanha e Jungle, de isotônicos natu-
rais, estão eufóricos com o crescimento das vendas,
principalmente na internet. Depois de aumentar a
receita em 40% no ano passado, a demanda pelo
e-commerce multiplicou por sete desde fevereiro.
“A participação do digital no faturamento, que era
de 2% a 3%, vai chegar a 15% até dezembro”, afirma
Rodrigo. Parte da empolgação se explica pela join
venture criada com a conterrânea Três Corações,
gigante do setor de cafés, que mantém 26 centros
de distribuição no País. A empresa estima chegar
a R$ 75 milhões de receita até o final deste ano.
Veículos aceleram
Aos poucos, as vendas das lojas
de automóveis estão voltando a
crescer no País, de acordo com
levantamento da plataforma
InstaCarro. O segmento já regis-
tra dois meses consecutivos de
alta mesmo com as incertezas
econômicas. Em maio, o cresci-
mento foi de 93% na compara-
ção com o indicador de abril. E
junho aumentou 66% em rela-
ção a maio. Além disso, o per-
centual de lojas de automóveis
que voltaram a operar em junho
é de 98% – o maior índice
desde o início da pandemia, em
março. Ainda assim, 30,43%
dos lojistas acreditam que o
mercado de venda de veículos
se recupere apenas em 2021.
“Mesmo que a pandemia conti-
nue assustando, a mudança de
hábitos provocada por ela está
impulsionando o comércio de
veículos”, afirma Luca Cafici,
CEO da InstaCarro.
Explosão infantiL
Não são apenas as platafor-
mas de filmes e música,
como Netflix e Spotify, que
estão sorrindo à toa com o
isolamento social. Os canais
de conteúdo infantil no
YouTube estão batendo
todos os recordes de audiên-
cia. Um dos mais conhecidos
do País, o canal Gato
Galáctico, atingiu nesta
semana a marca de 3,5
bilhões de visualizações e
mais de 12 milhões de inscri-
tos. A meta é alcançar 15
milhões de inscritos neste
ano. No Instagram (com 1,5
milhão de seguidores) e no
TikTok (1 milhão), com mais
de 20 lives diárias, a partici-
pação também é a maior de
todos os tempos. “Minha
missão é valorizar a arte
como ferramenta de apren-
dizado e crescimento pesso-
al por meio de conteúdos
atrativos e inspiradores”,
afirma
Ronaldo de
Azevedo,
youtuber
e criador
do canal.

CredPago mira em inquilinos inadimplentes

A startup CredPago aposta em uma ferramenta on-line e gratuita para que imobiliárias con-
sigam resolver o problema da inadimplência com seus inquilinos, que disparou 50% desde
o início da pandemia, segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo.
Chamada de Fica Azul, a plataforma permitirá que acordos sejam fechados remotamente.
A estimativa é de que, até o fim do ano, R$ 20 milhões sejam recuperados pela ferramenta.
“Essa solução de negociação foi pensada como forma de tornar as cobranças mais
fáceis, mais humanas e também trazer mais flexibilidade para aquele cliente que
pretende colocar suas pendências em dia”, diz Jardel Cardoso, CEO da CredPago.

Dinheiro 08/07/2020 11
Entrevista|Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES

“Por culpa do governo, o Brasil

será um dos últimos países
do mundo a sair da crise”
Economista afirma que
o enfrentamento da pandemia Economista, ex-ministro das
Comunicações nos governos de
deixa a desejar e que a Fernando Henrique Cardoso e ex-
capacidade de retomada presidente do BNDES, Luiz Carlos
Mendonça de Barros avalia que o
está em xeque diante dos pior da crise já ficou para trás,
atuais desafios brasileiros mas enxerga uma recuperação
mais lenta da economia brasileira
Jaqueline MENDES diante da demora do governo em
reagir. Ele afirma que todos os
líderes do mundo, independente-
mente das posições ideológicas,
tiveram de recorrer à cartilha do
britânico John Maynard Keynes,
que defende quando necessário a
presença do Estado como indutor
do crescimento econômico, por
meio, principalmente, do aumento
dos gastos públicos. Confira sua
entrevista à DINHEIRO:

1412 Dinheiro
Dinheiro
28/08/2019
08/07/2020 foto:
Fotos: Carol Carquejeiro/Valor I Edu Andrade/Fatopress/Folhapress
DINHEIRO – Qual a sua análise do cenário
macroeconômico durante a pandemia?
Luiz Carlos Mendonça de Barros —
Estamos vivendo uma situação total-
mente inesperada. Mais que isso, nunca
vivida. Tenho 50 anos de vida profissio-
nal e eu nunca tinha presenciado uma
crise com essas características. A pande-
mia gerou uma recessão por meio do
afastamento de consumidores, de traba-
lhadores, da atividade normal. Isso pro-
vocou um vácuo de renda na economia.
Falta renda ao trabalhador, falta renda
para as empresas.
A situação não relembra outras crises?
Não. A crise de 2008, por exemplo, é
muito diferente. Felizmente, a crise do
subprime permitiu que se estabelecesse
um padrão de ação em
momentos críticos como
os que estamos vivendo,
Banco Central. Roberto Campos Neto
principalmente por parte
dos bancos centrais. (foto) foi craque em tudo que fez até agora”
Os bancos centrais estão
mais preparados no sentido
de regulação?
Não só regulação. Digo no
sentido de que os bancos
centrais estão mais prepa-
rados para jogar dinheiro
na economia. É um proto-
colo keynesiano [teoria do
economista britânico John
Maynard Keynes] que está
sendo seguido à risca
agora. Acredito que as
ideias de Keynes são hoje exploradas com
mais intensidade até do que ocorreu em
2008. Na crise atual, todos os bancos cen-
trais agiram muito rápido para evitar um
pânico financeiro e uma crise bancária.
Comparando os dois cenários, a crise de
2008 foi de origem bancária, que detonou
uma recessão. Dessa vez, não houve crise
bancária em nenhum lugar do mundo.
Então, isso permitiu que a primeira onda
de choque fosse rapidamente acomodada.
De certa forma, isso facilitou o enfrenta-
mento da crise. O problema é que ocorreu
esse vazio de renda que nunca tinha acon- o Financial Times trouxe uma matéria
tecido. Até mesmo a crise de 1929 e 1930
começou como crise bancária. Desta vez,
algumas atividades econômicas despen-
caram 20%, 30%, 40%.
Há setor, como o da aviação, que caiu
mais de 90%...
É um negócio muito complicado. Por isso
os governos estão resgatando os protoco-
los keynesianos, que estavam meio esque-
cidos. Diante da gravidade, mesmo em
países ultraconservadores, como a
Inglaterra, a injeção de grandes volumes
de dinheiro na economia é fundamental.
Injetar dinheiro na economia não contraria
a ideologia econômica de países que se
dizem de direita, como o Brasil?
Não existe outra alternativa. Todo o pen-
samento de Keynes vem dessa questão de
um vácuo de renda na sociedade. E foi ele
que ensinou que, nesse momento de
vácuo de renda, o único ente que pode
equilibrar a economia e evitar um colapso
“A melhor parte do governo é o
é o governo. Ao analisar os pacotes fiscais, horas de crise desse tipo, tem que preen-
inclusive o daqui, vimos que, seja governo
de esquerda ou de direita, injetar dinheiro mia. Os governos não agiram rápido na
na economia é a única saída.
O Brasil tomou a decisão correta?
Infelizmente, por culpa da demora do
governo em reagir à pandemia, o Brasil
será um dos últimos do mundo a sair da
crise. Países como Alemanha e Inglaterra, O ministro Paulo Guedes [Economia]
que têm tradição bastante ortodoxa em
termos fiscais, são os que foram mais
longe na definição desse protocolo. Aliás,
dizendo que o primeiro ministro Boris
Johnson admitiu que o homem que ele
segue hoje é o Franklin Roosevelt. Isso
mostra que, acuados diante de uma crise,
os políticos acabam sendo menos ideoló-
gicos e mais pragmáticos. Tiveram de
fazer sua conversão forçada.
A dose de injeção de recursos no Brasil é
adequada?
É muito difícil dizer sobre acertos e erros.
Todos os países reagiram no susto. Foi
uma corrida. Mas aqui tem um problema
adicional. A crise escancarou a desigual-
dade social e de renda no Brasil. Hoje 60%
das pessoas estão sem dinheiro para viver
o dia a dia. Os R$ 600 do auxílio emergen-
cial, para muitos, é o único dinheiro dis-
ponível. Certamente esse dinheiro vai ser
replicado por mais alguns meses.
Esse dinheiro é suficiente para manter a
economia girando?
Não. O Brasil tem um
problema mais sério, que
é o sistema bancário
concentrado. E os ban-
cos, em qualquer que
seja a situação, não assu-
mem riscos. Não adianta
o governo colocar
dinheiro nos bancos.
Eles não emprestam.
Isso ruim?
É ruim, em certos
momentos. Porque se o
sistema bancário não
reciclar o dinheiro do
Banco Central, o dinhei-
ro fica parado. Então, o
problema é que, nessas
cher o buraco negro de renda na econo-
crise de 1929. Com as economias colapsa-
das, surgiram o fascismo e o nazismo.
Nessa hora, os governos têm que correr
atrás do protocolo que já mencionei.
É o que o Brasil está fazendo?
também teve que se reinventar e cedeu.
Está convencido que precisa colocar
dinheiro em circulação. Mesmo assim, o
Brasil vai demorar para sair da crise por-
que demorou a reagir quando a pandemia
surgiu. Se olharmos para a China, os
dados da indústria e do setor de serviço já
mostram recuperação. Uma recuperação
Dinheiro 08/07/2020 13
Entrevista| Luiz Carlos Mendonça de Barros
em V, com indicadores de produção até
superiores aos de antes da pandemia.
O que está claro hoje é que a pandemia
gerou um vácuo curto. Quando a gente
olha para a velocidade do combate à crise,
enxergamos por que os Estados Unidos
também estão atrasados. É uma pena,
porque é tempo perdido.
Se 2020 será um ano de forte queda do PIB,
pode-se imaginar recuperação em 2021?
As projeções da OCDE já deram a curva
de recuperação. Tanto que, pela primeira
vez, eles fizeram projeções para dois anos.
Há uma queda brutal, com o ano de 2020
perdido. Praticamente
todo mundo vai terminar “O setor exportador, os que têm alguma
com PIB no fim de 2020
inserção no mercado internacional, estão
menor que no fim de 2019,
com exceção da China. E
mesmo a recuperação de
2021 vai fazer com que o
PIB seja menor que o de
2019.
E o Brasil?
Aqui, se o governo não
andar rápido com o com-
bate à pandemia, o
Bolsonaro vai para as elei-
ções de 2022 com o PIB
menor do que o de 2019.
Ou seja, vai entregar o
Brasil menor do que quan-
do ele o pegou. Estamos muito atrasados
com a recuperação por culpa dele tam-
bém, não só por culpa da pandemia.
O papel do Banco Central, na sua avaliação,
tem sido correto?
A melhor parte do governo é o Banco
Central do Brasil. Até porque tem uma
burocracia lá muito boa. O Roberto
Campos Neto foi craque em tudo o que
fez. Como a chave do sucesso está no
fiscal e não no monetário, estamos
aqui sofrendo muito.
Em quanto tempo, na sua avaliação,
o País sairá dessa?
O PIB vai cair uns 6% neste ano e vai
subir cerca de 3% no ano que vem. Só que
quando cai seis e sobe três, quer dizer que
14 Dinheiro 08/07/2020 Foto: Rubens Chaves/Folhapress
o PIB anda muito para trás. Vamos ter um compra e venda de empresas. Mas para
período muito difícil se o governo não que isso comece, precisa voltar uma certa
agir mais rápido. A crise vai contaminar estabilidade. E isso só vai acontecer quan-
o mandato todo do Bolsonaro. do essa pandemia sumir do mapa com o
surgimento da vacina. Nesse cenário é
Quais são os setores da economia que vão que virá a reconstrução criativa. Quem
sair mais rápido e quais devem demorar? sobreviver, será mais eficiente. Com
Primeiro, o setor agrícola ganhou. A des- muito capital sobrando, a reconstrução
valorização do câmbio foi de tal ordem criativa vai ser muito forte.
que aumentou a rentabilidade do setor.
Para se ter uma ideia, com essa taxa de Existe, realmente, capital sobrando no
câmbio, o custo de levar a soja do Mato
mundo, mas esse dinheiro não está
Grosso para o Porto de Santos ficou mais
fechando na ponta.
baixo do que nos EUA. E o câmbio deu
Mas vai chegar. Não vai chegar via banco
uma ajuda boa para o governo. comercial. Vai chegar via grandes bancos
de investimento. Vai ser
tarde demais para
alguns, mas, uma coisa
que eu aprendi é que não
ganhando por causa do câmbio agora” se pode apostar contra a
economia de mercado.
Ela dá cada baita susto.
O americano, que nunca
poupou, passou a poupar.
O que era 3% do PIB, com
a crise chegou a 35%.
Imagine o volume de
dinheiro. Essa é a grande
força que eu vejo, mais
para frente, em um pro-
cesso de mudança na
estrutura das economias
de mercado e a nossa
também. Agora, muita
O ganho com as reservas é expressivo. O empresa vai se enfraquecer. Mas ela volta.
setor industrial exportador, aqueles que O Brasil vai ter de se reinventar. As
têm alguma inserção no mercado interna- empresas vão ter de se reinventar. O
cional, também ganham por causa do Brasil tende a ser mais dinâmico, a indús-
câmbio. Agora, a grande maioria vai per- tria, mais moderna. Esse será o legado
der por causa da queda da demanda, espe- positivo dessa pandemia.
cialmente setores como o de hotel, restau-
rante e companhias de aviação. Haverá A concorrência, principalmente no setor
uma desconstrução criativa, como se fala. bancário, vai aumentar?
Sem dúvida. Já está aumentando. Está
O que significa? muito divertida essa briga do Itaú com a
Numa crise dessa magnitude, normal- XP. É uma briga de gente grande. Os gran-
mente quem sobrevive sai mais eficiente des bancos que usaram seu poder de
do que era antes. Isso vai acontecer. monopólio estão passando um calor
Haverá grandes transformações. E tem danado. Essa briga é quase briga de mari-
uma vantagem, o capital está sobrando no do e mulher porque os dois são sócios
mundo todo. Com o juro zero, vai come- quase na mesma proporção. Com juro
çar um grande volume de investimento baixo e menor concentração, haverá um
em saneamento, fusões e aquisições, grande avanço da concorrência.
 entrev
“Mesmo iSt A: DAviD
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e desce, o Her
um dos mercom sobe
mundo”, dizcados mais prom Brasil é
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fundador: Domingo Alzugaray

retomad
a econômico a diversida esforços para amp
a oferece poucde, mundo corporat liar
o para a caus ivo
a LGBTI+
(1932 - 2017)

EDITORA CARTAS, e-mails

Catia Alzugaray
e redes sociais “Investim
centro
os US$ 25
milhões

presidente executivo
onde criam de pesquisa no no
os produtos Brasil,
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no Brasil

Reportagem de capa O NOVO GÁS DA

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O crescimento saudável gigante de ramento global

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Acho que agora efetivamente ameaça
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celso masson
de ASSinA
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A
1 jul/202
0 – Ano 20
– nº 1177
R$ 18,00

suas concorrentes diretas.

DIN1177_Capa
.indd 1

Texto
Redator-chefe: Edson Rossi
Editores: Carlos Eduardo Valim, Hugo Cilo, Klester Cavalcanti
Anelis Cruz 6/24/20
11:00:29
PM

e Paula Cristina
editor-assistente: Sérgio Vieira
Reportagem: Angelo Verotti, Beto Silva, Jaqueline Mendes, Gosto da marca e acho que eles Como contratar se os prefeitos e
Marcelo de Paula e Sueli Osório
tomaram decisões muito boas de governadores fecharam tudo? Tem que
Arte marketing, imagem e comunicação cobrar dos políticos essa conta aí.
Diretor de Arte: Jefferson Barbato
Designers: Christiane Pinho e Raul Silva com os consumidores. Fábio Pastore
Ilustração: Evandro Rodrigues (chefe) e Fabio X
Projeto Gráfico: Ricardo van Steen (colaborou Bruno Pugens) Sandra Vilela

istoé dinheiro on-line

Editor executivo: Airton Seligman
Toda empresa alimentícia deveria O mais novo asset do Safra
Editor: Pedro Souza focar mais no Brasil. O mercado Boa escolha do Safra, espero que o
Redatores: Aryel Fernandes, Diego Felix e Thaís Fernandes
consumidor é gigantesco e o potencial ex-ministro faça por merecer o cargo e
fotografia
Pesquisa: Sidinei Lopes Arquivo: Eduar­do A. Con­ceição Cruz
de crescimento ainda é enorme. perca essa imagem negativa que
Edson Ruballo ganhou após o período no governo
cti: Silvio Paulino e Wesley Rocha
Dilma. Conheço o profissional e sei da
Apoio Administrativo Aqui cabem bilhões de reais capacidade. Boa sorte na nova jornada.
Gerente: Maria Amé­lia Scarcello Secretária: Terezinha Scarparo
Assistente: Cláudio Monteiro Eu não sei dizer ao certo se haverá Janaína Salles
tanto apelo para a iniciativa privada.
Tenho minhas dúvidas sobre a Artigo: Dados prevêem novas
Mercado leitor e logística
Diretor: Edgardo A. Zabala rentabilidade de algumas cidades, ondas de oportunidades após
Diretor de Vendas Pessoais: Wanderlei Quirino
Gerente Geral de Venda Avulsa e Logística: Yuko Lenie Tehan principalmente com a questão a recessão
dos blocos. Sei que é difícil pensar nisso agora,
Central de Atendimento ao Assinante: (11) 3618-4566 de 2a a 6a
feira das 9h às 20h30. Carlos Almir quando as pessoas estão com medo e
Outras Capitais: 4002-7334
Outras Localidades: 0800-888-2111 (exceto ligações de celulares)
inseguras. Mas concordo muito com o
Assine: www.assine3.com.br Acho que essa mudança só vai ajudar texto e acho que demorou para a nossa
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as empresas grandes, que vão poder sociedade — e seus modelos de trabalho
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Diretor nacional: Maurício Arbex Secretária da diretoria de publici-
comprar água direto da fornecedora e negócios — se reinventar.
dade: Regina Oliveira Assistente: Valéria Esbano Gerente executiva: e fazer girar o mercado livre. Sueli Silva
Andréa Pezzuto Diretor de Arte: Pedro Roberto de Oliveira
Coordenadora: Rose Dias Contato: publicidade@editora3.com.br Robson Caetano Paes
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Daniel Borges ta­manho ou clareza.

Dinheiro 08/07/2020 15
 3-P
1-P
2-A 4-P

Sustentabilidade por ingrid biasioli e SUELI osÓRIO

9-P
4-A
3-A

Reservas sob
2-P 8-P 5-A

7-P 10-P 7-A

pressão
8-A 6-P
5-P
6-A
1-A 9-A
Terras Ameaça (A) Pressão (P)
Indígenas Fev 2020 a Abr 2020 Fev 2019 a Abr 2019 Fev 2020 a Abr 2020 Fev 2019 a Abr 2019

Ti Uru-Eu-Wau-Wau (RO) 1º 19 8 4º Ti Yanomami (RR/AM) 1º 72 3 8º

Ti WaiWái (RR) 2º 16 9 3º Ti Alto Rio Negro (AM) 2º 51 -
Ti Trombetas/Mapuera (PA/AM/RR) 3º 14 10 2º Ti Raposa Serra do Sol (RR) 3º 25 4 3º
Ti Yanomami (RR/AM) 4º 14 18 1º Ti Uaçá I e II (AP) 4º 20 -
Ti Trincheira/Bacajá (PA) 5º 13 - Ti Kayapó (PA) 5º 18 1 18º
Ti Kaxarari (AM/RO) 6º 12 - Ti Mundurucu (PA) 6º 15 3 9º
Ti Parakanã (PA) 7º 11 - Ti Évare I (AM) 7º 14 -
Ti Jacareúba Katawixi (AM) 8º 10 6 7º Ti Cachoeira Seca do Iriri (PA) 8º 12 2 11º
Ti Aripuanã (MT) 9º 9 3 21º Ti Médio Rio Negro I (AM) 9º 11 1 25º
Ti Waimiri Atroari (RR/AM) 10º 9 7 5º Ti Apyterewa (PA) 10º 9 -

Número de células 25 25 Número de células Número de células 85 6 Número de células

O novo recorde de desmatamento Das dez Áreas Protegidas (AP) da quando as leis ambientais são
alcançado este ano na Amazônia tem região que mais sofreram pressão cumpridas, as Terras Indígenas
um alvo claro: as Terras Indígenas (TIs). pela derrubada de árvores criminosa, funcionam como barreiras para o
Essa é a conclusão de um novo estudo cinco são TIs. Para o coordenador desmatamento, o que não ocorre
elaborado pelo Instituto do Homem e do Programa de Monitoramento da quando os direitos dos povos indígenas
Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., são desrespeitados. Essa tem sido a
Fonte divulgação: Imazon e SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento)

logística reflorestamento
Encomendas sem carbono Recuperação da
A Amazon anunciou a criação de um fundo de US$ 2 bilhões para atenuar os Mata Atlântica
efeitos das mudanças climáticas. Os recursos serão destinados a desenvol- O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
ver alimentos e tecnologias sustentáveis. O investimento faz parte do Climate (PNUMA) está apoiando uma ação para a plantação
Pledge da empresa, projeto anunciado em setembro de 2019 que tem como de 1 trilhão de árvores no mundo. A iniciativa, realiza-
objetivo tornar a Amazon neutra em da pela plataforma global TerraMatch, irá ajudar a
carbono até 2040 e atingir as metas Mata Atlântica brasileira, florestas do México, do Peru
do acordo climático de Paris. e de países africanos. No Brasil, governos locais e
Inicialmente, o fundo será destina- organizações parceiras estão se unindo para restau-
do a empresas que fornecem pro- rar a biodiversidade da Mata Atlântica com árvores
dutos e soluções que reduzam as originais. A plataforma faz uso de algoritmo que com-
emissões de gases que contribuem bina as ofertas com os projetos gerenciados por líde-
para o efeito estufa, além da ado- res experientes, possibilitando a chegada de árvores
ção de medidas de transição para certas aos terrenos adequados para o cultivo.
uma economia de baixo carbono.

16 Dinheiro 08/07/2020 infográfico: Evandro Rodrigues FOTOs: Istock | Divulgação

 10-A
9-P 6-P
2-P
9-A 1-A 7-A
5-A 7-P
6-A 5-P
4-P
UNIDADES 8-P
3-P

DE 2-A
3-A
1-P
4-A 10-P
CONSERVAÇÃO 8-A

FEDERAL Ameaça (A) Pressão (P)

Fev 2020 a Abr 2020 Fev 2019 a Abr 2019 Fev 2020 a Abr 2020 Fev 2019 a Abr 2019

APA dos Tapajós (PA) 1º 24 8 8º APA dos Tapajós (PA) 1º 51 21 1º

Parna Mapinguari (AM/RO) 2º 19 14 3º Flona do Amanã (PA/AM) 2º 17 -
P. Campos Amazônicos (AM/RO) 3º 18 5 11º Flona do Jamanxim (PA) 3º 12 7 2º
Flona do Jamanxim (PA) 4º 17 16 1º Resex Alto Juruá (AC) 4º 12 -
Flona do Aripuanã (AM) 5º 14 14 2º Flona de Altamira (PA) 5º 9 2 3º
Flona do Iquiri (AM) 6º 14 11 5º Resex Verde para Sempre (PA) 6º 9 -
Flona do Tapajós (PA) 7º 13 1 27º Flona do Crepori (PA) 7º 7 -
Flona do Jatuarana (AM) 8º 13 6 9º Resex Chico Mendes (AC) 8º 6 1 9º
Flona de Balata-Tufari (AM) 9º 12 3 14º Parna do Jamanxim (PA) 9º 5 1 11º
Flona de Roraima (RR) 10º 11 12 4º Rebio Nascentes da Serra do 10º 4 2 4º
Cachimbo (PA)

Número de células 30 20 Número de células Número de células 60 25 Número de células

postura do governo atual. “Desde o ano de Alerta de Desmatamento (SAD) do com desmatamento de fevereiro a
passado a invasão de Terras Indígenas Imazon identificou um total de 885 abril de 2020 é 216% superior ao
tem aumentado devido a garimpos km² de desmatamento na Amazônia – registrado no mesmo período de 2019.
clandestinos, extração ilegal de 53% das células de desmatamento O instituto usa o termo “pressão”
madeira e grilagem de terras”, diz apontam ameaça e 47% mostraram a quando há desmatamento dentro da
Souza Jr. De fevereiro a abril,o Sistema pressão em APs. O número de células área protegida.

CALçaDOS filantropia
MODA sustentável Arte sobre tanques de harley-davidson
Sapatos respondem por menos de Uma ação solidária resultou da iniciativa Arte Sobre Tanques, promovida pela
10% do valor movimentado pela Harley-Davidson do Brasil. Oito artistas foram selecionados para criar peças úni-
indústria da moda no mundo, mas cas a partir de peças de motos do modelo Softail. Os tanques de gasolina repin-
geram um quinto dos impactos do setor tados foram doados a concessionárias serão usadas em rifas. O valor arrecada-
no meio ambiente, segundo dados da consultoria do irá para instituições como a Rede Feminina de Combate ao Câncer, em
suíça Quantis. Disposta a reduzir a pegada ambien- Campo Grande (MS), Hospital do Câncer de Goiânia (GO) e Instituto do Câncer
tal da marca de calçados e acessórios que há 20 de São Paulo (SP), além da organização Médicos Sem Fronteiras.
anos leva seu nome, a empresária Paula Ferber fir-
mou uma parceria com a Material Lab, que criou
indicadores de sustentabilidade desde a matéria-
prima até os processos de produção. “À medida que
a empresa assume compromissos ousados para
reduzir seus impactos, a colaboração com os forne-
cedores passa a ser fundamental”, afirma Paula.

Dinheiro 08/07/2020 17
Economia
retomada
estratégica
Bombardeada pela pandemia e pela falta de liderança do governo, a atividade
econômica recua. Apesar das baixas, o momento é único para um ataque
ordenado que permita redirecionar renda, abrir crédito e rever a estrutura fiscal.
Isso garantirá novos investimentos e a retomada do terreno perdido
D
esde o início da pandemia da Covid-19 muito se fala
em “guerra contra o vírus”. A alusão à maior batalha
da saúde pública em 100 anos é óbvia: inimigo letal, o
coronavírus já provou mais de 60 mil mortes no Bra-
sil em menos de quatro meses. Além de tirar vidas,
ele tem destruído a economia. Na última semana, o
número de brasileiros sem ocupação (87,7 milhões) superou pela
primeira vez o dos que têm emprego (85,9 milhões). Cinco séculos
antes de Cristo, o general e fiósofo chinês Suz Tzu já alertava que
“sem estratégia, as chances de vencer uma guerra são ínfimas”. Por
isso um plano de ataque é imperativo para minimizar as perdas
provocadas até agora e permitir que o custo desse combate não
penalize ainda mais os brasileiros. Essa é a ideia do Programa de
Retomada Consciente elaborado pela RC Consultores, do econo-
mista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES. Dividida
em pontos estratégicos e com um cronograma bem delimitado,
o plano pretende atacar não apenas os efeitos da pandemia. Sua
intenção é eliminar problemas estruturais da economia brasileira
que o País consiga crescer de forma sustentável. Ele prevê dar
suporte financeiro emergencial aos vulneráveis economicamente,
rever a estrutura fiscal pensando no longo prazo e acelerar investi-
mentos em empregos.
Todas essas medidas se apoiam em um tópico central: é preciso
deixar de lado a ideia de que o governo não tem capacidade de
investimento. Segundo Paulo Rabello de Castro, é possível que os
18 Dinheiro 08/07/2020 FOTO: Patricia Stavis/Folhapress
Paula CRISTINA e Celso MASSON
governos federal, estadual e municipal elevem a proporção de in-
vestimento em relação ao PIB, que há anos está estagnada em 15,8%.
Para isso é preciso criar o que ele chama de “poupanças forçadas”,
redirecionando os impostos para investimentos públicos, em vez de
usar a receita apenas para cobrir despesas correntes. “Se o governo
brasileiro fizesse como na China, onde os impostos financiam a
construção de pontes, hospitais e escolas, ele estaria fazendo pou-
pança forçada”, afirma. Para o economista, o Brasil faz o contrário:
usa nossa poupança para pagar suas contas. “Esse é o fulcro de toda
a estagnação desde os anos 1980, quando chegou ao fim o ciclo de
poupança forçada pelo governo para induzir desenvolvimento.”
A primeira medida para inverter essa lógica, segundo o eco-
nomista, é criar um limitador emergencial de 10% sobre todas as
despesas correntes do governo, de forma linear. “Esse corte, de
R$ 760 bilhões, seria suficiente para cobrir o custo da pandemia,
incluindo a extensão do auxílio emergencial de R$ 600.” Segundo
ele, essa cartilha já foi seguida por Angela Merkel na Alemana e
Barack Obama nos Estados Unidos para equilibrar o orçamento.
“Nosso programa mobiliza valor próximo a R$ 1,4 trilhão, o dobro
do anunciado pelo governo federal.” Com isso seria possível con-
cretizar as outras medidas do plano da RC Consultores. É o caso da
ajuda às pessoas físicas e jurídicas, aos estados e municípios. Para
que esse esforço se sustente, viriam ajustes fiscais e, por fim, pro-
jetos de longo prazo nas áreas de infraestrutura e educação para o
trabalho (confira os detalhes do plano no quadro à página 20).
a
Na avaliação do professor de macroeconomia da Fipecafi, Sil-
vio Paixão, a forma como as políticas de estímulo econômico têm
sido conduzidas terão pouco efeito sobre a retomada. Ele prevê
que o crescimento do PIB em 2021 ficará entre 1% e 2%. “Hoje, o nosso
que se pode prever é que a recuperação econômica, quando come-
çar, será gradual e contínua, mas muito lenta”, afirma. Nas contas
programa
de Rabello de Castro, caso as medidas do seu Programa de Retoma- mobiliza
da Consciente sejam adotadas, o PIB este ano recuará 2,3%, para
crescer 4,3% em 2021.
valor
próximo a
Estados e municípios Na guerra contra o coron-
vírus, os estados e municípios combatem no front, tanto
R$ 1,4 trilhão,
para evitar baixas quanto para contabilizá-las. O problema o dobro do
é que eles já entraram no campo de batalha sem munição: anunciado
muitos já estavam debilitados, com dívidas astronômicas.
As despesas com folha de pagamento cresceram em ritmo pelo governo
superior ao PIB e se tornaram impraticáveis. Para se ter uma federal”
ideia, em abril de 2020 a dívida consolidada dos 26 esta- paulo rabello de castro,
dos (sem contar o Distrito Federal) somou R$ 975 bilhões, economista, ex-presidente do
BNDES e autor do programa
com tendência de elevação brusca em função da pandemia. de retomada consciente
Apesar do número alarmante, apenas Rio de Janeiro (R$ 294
bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 183 bilhões), Minas Gerais
(R$ 170 bilhões) e São Paulo (R$ 149 bilhões) somam 81%
desse rombo. Segundo Rabello, o primeiro passo seria um
deságio de 30% nessas dívidas. “Com os juros baixos e aval

Dinheiro 08/07/2020 19
 Economia

Sabemos do
guerra à momento difícil da
recessão economia e da
As armas para atacar a crise
saúde, mas nunca
FASE 1: Plano Helicóptero deixamos de lado
Transferência de renda,
desonerações e refinanciamentos nosso olhar sobre
Valor: R$ 315 bi o endividamento”
Crédito novo, socorro aos setor joão Doria,
financeiro e mercado de capitais governador de são Paulo
Valor: R$ 180 bi
Sustentação de IFs, comércio
exterior e rolagem da dívida dos secundário do governo federal, vai formar fila para estado mais industrializado do País e com
estados comprar essas dívidas, no Brasil e no exterior. Isso uma população que supera 45 milhões de
Valor: R$ 250 bi acaba com o ‘pires na mão’ dos governadores e pessoas, Doria acredita ser necessário que
instala uma nova mentalidade. A dívida dos esta- o governo estadual dê impulsos para que a
Impacto total do PIB dos já está no Tesouro, só que hoje o governo tem engrenagem econômica pegue no tranco.
2020 1,5 p.p. papel sujo na mão.” Para isso, ele cita a importância do capital
2021 0,4 p.p. O endividamento do estado São Paulo está em estrangeiro. “Ele será fundamental nessa
149% das receitas correntes e já há perigo de com- retomada”, disse. E parece ser isso que o
FASE 2: Plano “Flutuadores” prometimento da liquidez em um cenário em que as governador tem buscado. Segundo a agenda
Manutenção do equilíbrio fiscal
de longo prazo receitas estão e continuarão impactadas pela Covid-19. pública de Doria, há planos de viagens aos
Segundo o governador João Doria (PSDB), a questão Emirados Árabes e à Alemanha no início
Ajuste geral na despesa pública
do endividamento e as alternativas para que não haja de 2021, dando continuidade à rota de
Ganho fiscal: R$ 75 bi
um descontrole são debatidas constantemente com a eventos internacionais em que o governa-
Contenção emergencial de equipe econômica. “Sabemos do momento difícil da dor participou desde o início do mandato e
despesas economia e da saúde, mas nunca deixamos de lado nos- que resultaram na atração de investimentos
Ganho fiscal: R$ 155 bi so olhar sobre o endividamento público”, disse Doria bilionários ao estado.
Repactuação da dívida federativa à DINHEIRO. Para ele, a capacidade de recuperação Se o aforismo de Sun Tzu está correto e
Valor: R$ 600 bi de São Paulo é fantástica, e a proximidade do chamado as chances de vencer uma guerra sem estra-
Impacto total do PIB “platô do contágio” – quando o número de infectados tégia são ínfimas, o Brasil está condenado
atinge um ponto alto, segue horizontal por um período à derrota. O que se vê é um pelotão despre-
2020 0,2 p.p.
e depois começa a cair – fará com que o estado possa ter parado com um líder que nem sequer reco-
2021 0,8 p.p.
uma retomada mais forte. nhece o poder de destruição do inimigo. E,
FASE 3: Plano Patton em vez de buscar as alianças que permitam
Aceleração de investimentos e “precisamos preservar os negócios” Por o bom combate, queima cartuchos no alvo
empregos trás do planejamento estadual está Henrique Meirel- errado. Maior prova disso foi o anúncio feito
Matriz de ações: Brasil visão 2035 les. À reportagem, o secretário da Fazenda do estado pelo governo federal na semana passada, de
Financiamento da infraestrutura afirmou que a balança entre aumentar o endivida- reajustar em até 73% a bonificação dos mili-
via reservas mento sem perder o controle faz parte do jogo. “O que tares. A despesa extra, em cinco anos, chega-
Simplificação tributária geral é melhor? deixar o endividamento subir ou deixar o rá a R$ 26,5 bilhões. “E o governo é incapaz
Centro de educação para o estado e a economia entrarem em colapso?”, questio- de conceder R$ 5 bilhões para socorrer as
trabalho na. Para o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do micro, pequenas e médias empresas”, diz
Banco Central, o importante mesmo é evitar a depres- Paulo Rabello de Castro. Como já se disse, o
Impacto total do PIB são econômica, impedindo que as empresas quebrem. Brasil trava hoje duas guerras: uma é a dos
2020 0,5 p.p. “Precisamos preservar os negócios e o parque produtivo. brasileiros contra a Covid-19; a outra, do
2021 2,6 p.p. E depois efetuar a retomada”, afirma. Governador do governo contra o próprio País.

20 Dinheiro 08/07/2020 FOTO: NELSON ALMEIDA/AFP

 LIVE
Fernando
Cirne
CEO DA LOCAWEB

6.julho • Segunda
ÀS 17HORAS
A TRANSFORMAÇÃO
Tema DIGITAL DAS PEQUENAS
E MÉDIAS EMPRESAS.

Juliano
Ohta
CEO DA TELHANORTE

9.julho • Quinta
ÀS 16HORAS
O AQUECIMENTO
DO SETOR DE MATERIAIS
DE CONSTRUÇÃO.
Tema

Transmissão ao vivo e simultânea nas redes sociais

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Finanças

A armadilha da
inflação
Ao fixar em 3,25% a meta para 2023
o Banco Central mostra confiança
sobre o controle de preços no longo
prazo. A dúvida é se, com isso, haverá
incentivos para estimular a economia
ou se o dragão sairá da toca
Carlos Eduardo VALIM

A
armadilha de liquidez é considerada uma “doença” de país
rico. No Japão dos anos 1990, quando a população já havia
ascendido ao alto poder aquisitivo graças à recuperação
do pós-guerra, uma bolha imobiliária fez muita gente
perder dinheiro. A reação dos japoneses criou uma cultura
de forte poupança. Nenhum estímulo monetário ortodoxo, como
o corte da taxa de juros básica, conseguia incentivar o consumo.
Cenário parecido acometeu grande parte dos países desenvolvidos
depois da crise financeira de 2009. Para evitar o pior, os bancos
centrais despejaram recursos por toda a economia — que se
acostumou com o excesso de liquidez. Economista-chefe do Banco
Inter, Rafaela Vitória diz que hoje há “países desenvolvidos com

Ainda não estamos maduros o

suficiente para atingir o nível de preços de
países desenvolvidos de forma estrutural”
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating

60
22 Dinheiro 08/07/2020 Ilustração: fabio x
dificuldade para estimular a economia Agostini. “A armadilha de liquidez existe Agostini. “Ainda não estamos maduros o
de forma a cumprir uma meta de infla- no Brasil. Mas, enquanto nos países suficiente para atingir o nível de preços
ção de 2%”. Antes mesmo da chegada desenvolvidos isso ocorre devido a uma de países desenvolvidos de forma estru-
da pandemia, economistas já discutiam poupança melhor, aqui o ‘empoçamen- tural”. Talvez não precisemos esperar
se o Brasil não estaria indo no mesmo to’ de recursos acontece, neste primei- 2023 para ver o dragão sair da toca.
caminho. Agora, essa questão se tornou ro momento, pelo medo da perda do
mais preocupante. emprego, não por cautela”, diz. Para ele,
Depois de três anos de baixa de juros não há dúvida de que as pessoas voltarão Dragão domado?
(desde os 14,25% em 2016), a economia a gastar tão logo a pandemia arrefeça.
brasileira não decolou. O crescimento Isso ocorreria não por falta de educação Metas da inflação*
do Brasil e IPCA
tímido de 1,1% do PIB em 2019 acen- financeira, mas pelas necessidades que efetivo
deu o sinal de alerta. Com os efeitos foram congeladas com a quarentena. (em %)
desconhecidos da repentina interrupção Se isso ocorrer, o Banco Cen-
do consumo e da circulação de pessoas tral terá de sair rapidamente
causados pela Covid-19, há pouco con- do esforço em elevar a infla-
senso sobre como os estímulos fiscais e a ção para uma luta contra
redução dos juros, agora em 2,25%, vão o aumento da taxa em
impactar o crescimento. A deflação do 2021. Uma prova desse
IPCA em abril e maio deu mais seguran- aquecimento rápido deve
ça para o Conselho Monetário Nacional aparecer com a divulgação do
(CMN) continuar com o seu plano de IPCA de junho. Outros indica-
ir baixando a meta de inflação em 0,25 dores já anunciados mostram
ponto percentual, ano a ano — algo que que a economia está saindo da
acontece desde 2018, depois de o alvo deflação causada pela
ter sido 4,50% de 2005 a 2018. No fim Covid-19 mais rapi-
de junho, o CMN divulgou que a meta de damente do que
era esperado (o Cumpriu* Não cumpriu
Banda superior Banda inferior
centro da Meta IPCA efetivo
2023 será de 3,25%, aproximando o Bra-
sil de países com a inflação controlada. IGP-M, mais sensível ao câmbio, dispa-
2009 4,50 4,31
É um cenário bem diferente de ape- rou de maio para junho, de 0,28% para 2010 4,50 5,91
nas cinco anos atrás, quando a meta foi 1,56%). O Banco Inter previa IPCA de 2011 4,50 6,50
descumprida ao registrar uma inflação 1,8% para este ano e um índice mais 2012 4,50 5,84
de 10,67% para núcleo previsto de 4,50% próximo da meta para 2021, em 3,2%. A 2013 4,50 5,91
(ver tabela). Nos últimos dois anos, a previsão para 2020 pode subir devido a
dificuldade do BC tem sido estimular pressões com o dólar alto. Dessa forma,
2014 4,50 6,41
a economia o suficiente para a inflação a Selic também precisaria subir. O 2015 4,50 10,67
subir para a meta. “No ano passado, só mercado já previ 3,50% em 2021. 2016 4,50 6,29
foi alcançada depois de uma alta inespe- O Brasil, então, estaria preso a duas 2017 4,50 2,95
rada dos preços da carne (por conta de armadilhas: a de liquidez, no curto
um problema de oferta com os rebanhos prazo, e da volta do dragão dos preços no
2018 4,50 3,75
da China)”, diz Vitória. Foi a única vez longo. Esse risco pode ser intensificado 2019 4,25 4,31
que o Banco Central conseguiu acertar o se o governo não retomar o controle 2020 4,00 1,63**
centro da meta na última década. fiscal após o pico da crise atual. “O Brasil 2021 3,75 3,00**
Antes de decretar que o Brasil já tem está conseguindo trazer a meta de infla- 3,50**
2022 3,50
uma doença de país rico, é bom lembrar ção para baixo não por meios convencio-
que as coisas nunca costumam ser tão nais, com ganho de produtividade e de
2023 3,25 3,25**
simples por aqui. Esse é o alerta do escala, de forma que possamos produ- *Faixa de tolerância foi de 2 pontos percentuais, entre 2006 e
2016, e baixou para 1,5 ponto a partir de 2017
economista-chefe da Austin Rating, Alex zir mais com menos custos”, afirma **Projeção Boletim Focus-Bacen

Dinheiro 08/07/2020 23
 Coolidge Corner Theatre
The Hershey Company
Spiders and Milk
Gerardo
ecoRI News
Viber
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capa
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Puma
Edgewell

sociais
Adidas
HP
Heidi Howarth
Ford
Pfizer
Upwork
Mozilla
Patagonia
Mais de 650 empresas em todo The North
o mundo, inclusive no Brasil, Levi’s
Pepsi
se unem contra páginas na
Diageo
internet que divulgam ou
fazem vistas grossas a
Verizon
conteúdos de ódio, racismo Ben & Jerry’s
e fake news. A ofensiva é um Hershey’s
xeque-maººte a gigantes como Honda Motor
Facebook e Twitter, que Starbucks
Coca-Cola
afirmamº não conseguir
controlar esses crimes
Beto Silva e Hugo Cilo

24 Dinheiro 08/07/2020 ilustração: istock

Unilever
r Dinheiro 08/07/2020 25
capa

Não há lugar para o

racismo no mundo e não
há lugar para o racismo
nas mídias sociais.
Esperamos mais
responsabilidade
e transparência de
nossos parceiros”
James QuinceY
CEO DA COCA-COLA

i
mportante teórico da comunicação do século 20, o canadense Marshall Assim como Unilever e Coca-Cola, a gigan-
McLuhan (1911-1980) ganhou notoriedade com seus estudos sobre o te Microsoft decidiu suspender os anúncios
“fluxo de informações da aldeia global”. Uma de suas análises mais nas redes sociais nos Estados Unidos e expan-
destacadas é a de que “o homem cria a ferramenta, e a ferramenta recria diu a postura para seus escritórios pelo mundo.
o homem” – um conceito que considera a interferência do desenvolvi- A empresa de Bill Gates, porém, não aderiu
mento tecnológico na cultura e nas estruturas econômicas e políticas. formalmente ao movimento Stop Hate For
A tese foi formulada num momento em que não havia internet, mas que Profit. A preocupação principal está na colo-
poderia representar com exatidão o cenário vivido nos últimos dias. Na cação de seus anúncios ao lado de determina-
quarta-feira (1º), mais de seis centenas de empresas, entre elas gigantes dos conteúdos considerados negativos e não
como Coca-Cola, Unilever, Microsoft, Verizon, Ford, Honda, Starbucks, necessariamente contra o Facebook. Segundo
Pepsi, Diageo, Levi’s, Pfizer e Adidas, colocaram em prática um grande a Pathmatics, especializada em inteligência e
boicote publicitário às redes sociais, principalmente o Facebook. estratégia em marketing digital, a Microsoft
Durante todo o mês de julho, os maiores anunciantes do planeta gastou US$ 116 milhões em anúncios no Face-
não colocarão nem um centavo na companhia de Mark Zuckerberg. A book no ano passado, sendo a terceira maior
razão é clara: se a plataforma não utilizar ferramentas para filtrar con- anunciante na rede social, depois de Amazon
teúdos de ódio, racismo, notícias falsas, fanatismo religioso e político, e Procter&Gamble (P&G). “Nossa experiência
entre outras mensagens inadequadas sob ótica da lei e dos bons modos, nos diz que o meio mais impactante de realizar
as companhias não irão associar suas marcas ao Facebook. “Continuar mudanças genuínas e de longo prazo é por meio
anunciando nessas plataformas não acrescentaria valor às pessoas e à do diálogo direto e de ações significativas com
sociedade”, justificou a anglo-holandesa Unilever, uma das signatárias nossos parceiros de mídia, incluindo a suspen-
da ação e que investiu US$ 42,3 milhões nas redes sociais em 2019. O são de investimentos em marketing”, escreveu
coro contra o Facebook ganhou novas vozes. “Não há lugar para o racis- o CMO da Microsoft, Chris Capossela, em uma
mo no mundo e não há lugar para o racismo nas mídias sociais”, afirmou rede de comunicação interna da corporação.
o CEO global da Coca-Cola, James Quincey, que prometeu reavaliar sua A Verizon, de telecomunicações, suspen-
política de marketing. “Esperamos responsabilidade de nossos parcei- deu os anúncios na rede social. Afirmou que a
ros em mídias sociais”, completou o executivo. A companhia cancelou “tolerância é zero” quando suas políticas de
os anúncios em mídias socais em julho em todos os países. conteúdo são violadas. “Estamos pausando

26 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: PATRICK KOVARIK/AFP | Antonio Molina /Fotoarena/Folhapress | Ben Hendren/Anadolu Agency

nossa publicidade, até que o Facebook possa criar uma solução acei-
tável que nos deixe à vontade e seja consistente”, disse John Nitti,
diretor de mídia da Verizon. A companhia aplica US$ 1 bilhão por ano
em publicidade, em diversos meios e plataformas. A Ford, que gasta
US$ 2,9 milhões por ano em plataformas como o Facebook, também
foi enfática. “A existência de conteúdo que inclui discurso de ódio,
violência e injustiça racial em plataformas sociais precisa ser erradi-
cada”, afirmou a montadora, em comunicado.
Essa primeira iniciativa sincronizada da Era Digital de empresas
contra a maior rede social do mundo surtiu efeito. O Facebook anunciou
mudanças após suas ações caírem 8,3% na sexta-feira (26), de US$ 235,68
para US$ 216,08. Com isso, a companhia perdeu US$ 74 bilhões em valor
de mercado – mais do que o faturamento total em 2019 – e, por conse-
quência, seu fundador viu sua fortuna diminuir US$ 7 bilhões num
único dia. Mas, em quatro pregões, o preço das ações já havia se recupe-
rado. Na quinta-feira (2), no fechamento desta edição, as ações operavam
acima de US$ 235, num claro sinal de que o
mercado recebeu bem o contra-ataque de Zu-
ckerberg. A batalha, no entanto, não está defi-
nida. A expectativa é de que o movimento ganhe
musculatura global, com pressão das empresas
nos cinco continentes. E já tem chegado ao
Brasil, com a participação das subsidiárias
dessas companhias globais no boicote. Isso
porque o País vem ganhando holofotes da mí-
dia internacional e se consolidado como um
epicentro da produção e disseminação de fake
news. A proliferação de notícias falsas em ritmo
PROTESTOS
pandêmico está, inclusive, sob investigação no
NAS RUAS Supremo Tribunal Federal (STF), no Tribunal
Nos últimos meses, Superior Eleitoral (TSE) e no Congresso por,
manifestantes pró- supostamente, ter influenciado a eleição que
democracia saíram
às ruas para se
resultou na vitória do atual presidente da Re-
posicionar contra pública, Jair Bolsonaro. Sob protestos de apoia-
retrocessos dores do mandatário, as ações foram retomadas
no TSE no último dia 30. No dia seguinte, hou-
ve também a prorrogação do inquérito das fake
news, por mais 180 dias no STF.
A criação de mecanismos de controle do
conteúdo publicado na internet, sem que haja
cerceamento da liberdade de expressão, é o
movimentos grande desafio das redes sociais nesse momen-
antirracistas to de fogo cruzado. O trunfo dessas plataformas
Convocadas pelas
para gerar engajamento é, exatamente, o pon-
redes sociais, milhares
de pessoas em todo o to da discórdia: dar voz a todos, mesmo aos que
mundo protestaram não estão, necessariamente, qualificados a
contra a morte de opinar. “O Facebook, com seus incríveis algo-
George Floyd, nos EUA
ritmos, tem total condição de criar mecanismos
para filtrar publicações que ultrapassem os
limites da ordem”, afirma o economista e in-
vestidor Norberto Zaiet, fundador da correto-
ra Picea Value Investors, em Nova York. “O
problema é que, ao fazer isso, a companhia vai
contra seu próprio modelo de negócio, no qual,
quanto mais as pessoas, anonimamente, leiam
e comentem na plataforma, mais há tráfego e
geração de receita”.
Esse suposto ambiente de anonimato, po-
rém, é o que gera a falsa sensação de impuni-
dade. “Há muito tempo, crimes na internet,
sejam por ações de roubo de informações, sejam
por calúnia e difamação, são passíveis de pu-
nição no Brasil e no mundo”, afirma o advoga-
do Daniel Figueiredo Filho, especialista em
direito criminal e cibercrimes. O problema é
que a lei ainda é frágil sobre o tema.
Dinheiro 08/07/2020 27
capa

políticos
na mira
Ações contra a
O Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, prevê proteção da Muitas delas ao lado de manifestações a
divulgação em
massa de notícias privacidade e dos dados pessoais, inviolabilidade da intimidade e da vida favor da democracia, contra o ódio e de notícias
falsas têm o privada, entre outros pontos regulamentados da vida on-line. Apesar verdadeiras. A coalizão de entidades sociais
objetivo de avaliar disso, essa lei não prevê punições para quem viola os direitos dos usuá- iniciou, então, a campanha contra o imobilis-
se houve influência
rios da internet. Outra legislação que tende a reforçar a segurança mo das plataformas digitais, que deixam pro-
nas eleições
de 2018 contra crimes na internet é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP), pagar sem controle esse conteúdo nocivo. O
que entraria em vigência em agosto deste ano e foi adiada para 2021. A grupo enviou mensagem às grandes companhias
lei chegará com o objetivo de aumentar a segurança para dados pessoais. que anunciam no Facebook, com alerta sobre
Para a advogada Natália Brotto, especialista na LGPD, a nova legislação os riscos envolvidos na publicidade na gigan-
trará uma mudança de paradigma para dar outros direitos aos donos de te americana, que também é dona do Instagram.
dados no Brasil. Segundo ela, embora a Constituição já garantisse direi- “Todos os dias, vemos anúncios de empresas
tos e o Marco Civil a garantia da proteção de dados, não havia lei geral colocadas ao lado de conteúdo odioso, ocu-
que protegesse as pessoas físicas de compartilhamento de dados. pando o mesmo espaço que grupos extremis-
Nos últimos meses, com a explosão de protestos antirracistas em tas de recrutamento e campanhas de desin-
todo o mundo, a situação parece ter chegado ao limite. Antes mesmo formação prejudiciais”, diz a carta. “Seus
de lançar um xeque-mate em Zuckerberg, as empresas aderiram ao dólares para compra de anúncios estão sendo
movimento Stop Hate For Profit (“pare de dar lucro ao ódio”, em tra- usados pela plataforma para aumentar seu
dução livre), liderado por grupos de direitos civis dos Estados Unidos,
entre eles Anti-Defamation League, NAACP, Color of Change, Common
Sense, Free Press e Sleeping Giants. Começou no dia 17 de junho, após contra-ataque
o assassinato do segurança negro George Floyd pelo policial branco Depois de perder bilhões
em um único dia, fundador
Derek Chauvin, que o sufocou com o joelho no pescoço. A ação foi
do Facebook reage
gravada com celular por testemunhas e o caso correu o mundo. Os e recupera grande
protestos iniciados nas ruas dos Estados Unidos se espalharam pelo parte dos prejuízos
planeta, graças às convocações por meio das redes sociais – em uma
prova de que o mundo virtual propaga também coisas boas. “A reação
da rede social vai mostrar o que ela quer ser. Ela vai ter de decidir se
será responsável pelo que veicula ou se compra a briga com as empre-
sas e seja apenas uma plataforma para divulgar esse conteúdo”, apon-
ta Alexandre Bessa, professor de canais digitais da pós-graduação da
ESPM.Por outro lado, ao mesmo tempo em que as passeatas tomam
as ruas, inúmeras postagens preconceituosas, de supremacia branca
e de fake news continuaram a ser disseminadas.

28 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: MAURO PIMENTEL/AFP | DIDA SAMPAIO/ESTADãO CONTEúDO | Anthony Quintano

domínio no setor às custas de comunidades
vulneráveis e marginalizadas, que muitas
vezes são alvos de grupos de ódio no Facebook.”
A ação das instituições que pressionou os
anunciantes não levou ninguém às ruas. Tudo
foi feito com muito engajamento justamente
na internet. “O meio é a mensagem”, já ensi-
nava Marshall McLuhan.
COMPLIANCE Enquanto a maioria das em-
presas aderiu formalmente ao movimento,
outras, como a Microsoft, resolveram suspen-
der os anúncios conforme orientação sugerida
pelo grupo de organizações, mas não efetivaram
ligação com ele. Em comum, todas as corpora-
ções empresariais que declararam guerra às
fake news e aos conteúdos violentos evitam se
associar a plataformas digitais que vão contra
suas políticas de governança e compliance, com
incentivo à diversidade e à inclusão. Neste
momento de pandemia, em que mais de 2 bilhões
de pessoas no mundo estão em algum tipo de
isolamento, as redes sociais ganharam impor-
tância e audiência. E a sensibilidade aos temas
expostos, inegavelmente, também têm maior
relevância. “Havia a necessidade de atitudes
mais práticas para combater a intolerância.
Acordamos”, afirma José Maurício Conrado,
doutor em Comunicação e Semiótica e profes-
sor de Publicidade e Propaganda da Universi-
dade Mackenzie. “O desafio colocado ao Face-
book é ser mais transparente e alinhado às
necessidades da sociedade”, diz.
o presidente do brasil
e o gabinete do ódio
O presidente Jair Bolsonaro é o líder mais popular no Facebook na
América Latina, com cerca de 10 milhões de curtidas e 13 milhões de se-
guidores, segundo o ranking World Leaders on Facebook, feito pela Burson
Cohn&Wolfe (BCW), agência global de comunicações. No Instagram, o
presidente possui 17 milhões de seguidores e no Twitter,
6,6 milhões. Mas isso não é uma boa notícia para ele. Sua
popularidade virtual tem sido alavancada por polêmicas,
A lei pela suspeita de uso de robôs para espalhar de forma rá-
pida e em massa mensagens que, muitas vezes, contêm
contra informações falsas. Utilização indiscriminada e por agen-
as fake tes públicos nas plataformas que também é criticada pelo
movimento Stop Hate For Profit. “As marcas perceberam
news que as redes sociais são usadas como instrumento políti-
co e geopolítico, com grande força principalmente no Bra-
Aprovado pelo Senado na sil”, afirma o professor José Maurício Conrado, especialista
terça-feira (30), o Projeto em comunicação digital na ESPM.
de Lei foi para a Câmara dos A própria eleição de Bolsonaro, em 2018, é questio-
Deputados. Para os nada pela possibilidade de uso de fake news. O caso é
defensores, a proposta investigado por senadores e deputados em Comissão
combate as notícias falsas; Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instaurada em
para os críticos, pode gerar setembro de 2019. Os congressistas apuram os ataques
censura na internet cibernéticos que atentam contra a democracia e a uti-
lização de perfis falsos para influenciar os resultados da
eleição. Cometimento de crimes de ódio também está en-
TEXTO BASE tre os objetos de investigação, que tem prazo até outubro
para concluir os trabalhos. Uma das linhas de averiguação
Rastreamento de é a de que Bolsonaro alimenta o chamado “gabinete do
mensagens ódio”, estrutura que estaria montada dentro do Palácio do
reencaminhadas em Planalto, gerida por assessores ligados à família do presi-
aplicativos de conversa dente, principalmente dos filhos Flávio (senador), Eduardo
(deputado) e Carlos (vereador no Rio de Janeiro). O modus
Regras para operandi, denunciado por ex-apoiadores, funciona com a
impulsionamento e criação de perfis e mensagens falsas com o objetivo de
propaganda nas redes sociais
atacar adversários e aliados considerados incômodos, in-
clusive ministros. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e
Proibição de perfis falsos
o STF (Supremo Tribunal Federal) são alvos constantes do
e de robôs para
enganar o público grupo. “É uma estratégia pensada, ensaiada. É assim que
se propagam as fake news e a campanha de ódio”, afirmou
Exclusão de conteúdo a relatora da CPMI das Fake News, a deputada Lídice da
que promova risco de: Mata (PSB-BA), ao site Congresso em Foco. A parlamentar
dano imediato de difícil vê as digitais do presidente Jair Bolsonaro na dissemina-
reparação; segurança da
ção de ataques. “O gabinete do ódio, o presidente da Re-
informação ou do
usuário; violação pública e seus filhos estão diretamente envolvidos.”
Paralelamente, o Congresso Nacional analisa projeto
a direitos de crianças
e adolescentes; prática de lei que promete combater as fake news. A proposta
de crimes previstos visa implantar um marco inédito na regulamentação do
nas leis de racismo uso das redes sociais, criando a chamada Lei Brasileira de
Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.
As plataformas digitais, como Facebook, Twitter e What-
sApp, deverão colocar em prática uma política de controle da dissemina-
ção de notícias falsas da internet. Com alguns trechos retirados, o Senado
aprovou o texto base na terça-feira (30). O avanço do projeto é considera-
do uma derrota para o governo Bolsonaro, que é contra a iniciativa.
Dinheiro 08/07/2020 29
negócios

ENTRE A
política
e o vírus
Presidente da Petrobras explica planos da companhia
após trimestre de prejuízo de R$ 48,5 bilhões
Sérgio VIEIRA

M
aior companhia do Brasil e uma
das principais petrolíferas do
mundo, a Petrobras vive hoje um
momento de apreensão. Parte por
causa da queda da demanda de
combustíveis no País a partir do
isolamento social imposto pela
pandemia da Covid-19. A isso se
somou o preço global em queda
do barril do petróleo. O terceiro
ingrediente é o mais corrosivo deles: o temor de interfe-
rência na gestão da companhia de seu maior acionista, o
governo federal, que em momentos de crise econômica
tenta fazer da empresa pilar da retomada e de resposta
aos solavancos da administração pública. “Não vou tolerar
interferências políticas em minha gestão”, disse o presi-
dente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em webinar
realizada na terça-feira (30) pela Câmara Americana de
Comércio (Amcham Brasil), ao responder questionamento
da DINHEIRO.
A dúvida é saber o quanto o discurso corresponderá aos
fatos. Porque no ano passado não foi assim. A interferên-
cia política, aliás, vinha sendo algo recorrente nas últimas
gestões presidenciais e a marca negativa da companhia. No
início do atual mandato, o mesmo presidente da Petrobras
teve de assistir à intromissão do chefe do Executivo na
decisão do reajuste do diesel, em abril 2019, em 5,7%. Dias
depois, ele admitiu que interferiu para que o preço não su-
bisse, seguindo a linha de Dilma Rousseff (PT) e que foram
alvos de constantes críticas.
A participação do atual governo federal em uma decisão
que caberia apenas aos dirigentes da companhia resultou, à
época, em queda imediata de 5% no preço das ações da Pe-
trobras. Neste ano, entre 2 de janeiro e 2 de julho as ações da

30 Dinheiro 08/07/2020 FOTO: Mauro Pimentel / AFP


empresa saíram de R$ 30,70 para R$ 22,14 (até o fechamento
desta edição), redução de 28%, tendo operado na casa dos
R$ 11 em 18 de março, início da pandemia. Para o analista
Raphael Guimarães, head de renda variável da RJ Investi-
mentos, dificilmente os preços deverão alcançar índices pré-
pandemia. “A Petrobras está vivendo momento conturbado,
principalmente pela desregulação da oferta e da demanda.”
Roberto Castello Branco diz que a administração tem
“respeitado” a Petrobras. “Não temos, em nossos quadros,
indicados políticos. Se houver alguma iniciativa de subsidiar
algum setor da atividade econômica, deve partir do Tesouro
Nacional”, diz o presidente da companhia. “Não é função de
uma empresa subsidiar quem quer que seja.”
Após registrar, em 2019, o maior lucro de sua história,
com resultado que alcançou R$ 40,1 bilhões, a Petrobras viu
esse patrimônio escorrer pelas mãos em apenas três meses,
quando registrou, no primeiro trimestre deste ano, prejuízo
BLINDAGEM
Roberto Castello Branco
diz que não há mais
espaço na companhia
para interferência política
de R$ 48,5 bilhões, contra lucro líquido de R$ 4 bilhões no
mesmo período do ano passado, e R$ 8,15 bilhões registrados
no 4º trimestre de 2019. A dívida bruta aumentou 2,4% em
relação aos quatro últimos meses de 2019, alcançando US$
89,2 bilhões no período de janeiro a março de 2020. O resul-
tado dos primeiros três meses deste ano é ainda pior do que
o registrado no 4º trimestre de 2015, com prejuízo de
R$ 36,9 bilhões, no auge da operação Lava Jato, um dos
maiores casos de corrupção da história, quando a empresa
sofreu “assalto”, nas palavras de Roberto Castello Branco, e
que segundo o Tribunal de Contas da União (TCU) signifi-
cou rombo de R$ 29 bilhões nas contas da companhia.
POSTOS VAZIOS Evidentemente, o efeito da pandemia
também foi desastroso. Menos carros nas ruas representa-
ram menos combustíveis deixando as bombas de postos para
os tanques de automóveis e caminhões. Dados da Agência
Dinheiro 08/07/2020 31
negócios
venda de
ativos
Por conta da queda da
receita registrada no
trimestre, a Petrobras
decidiu paralisar 62
plataformas e
renegociar contratos.
Mas manteve plano de
desinvestimento,
como a BR
Distribuidora, hoje com
37,5% de participação
societária da
companhia
Nacional de Petróleo (ANP) confirmam
o tombo monumental. Em abril, pri-
meiro mês cheio a partir do isolamento
social, a queda na venda de gasolina foi
de 28,8% em relação ao mesmo mês
de 2019, menor patamar de abril desde
2009. No diesel, a redução foi de 14,6%.
No mês seguinte, o ritmo da perda
desacelerou, e o recuo nas vendas de
gasolina foi de 20,4% em relação a
maio de 2019. No diesel, a retração foi
de 9,1%. Mas ainda com efeitos da qua-
rentena, a partir do freio da movimen-
tação de veículos para tentar conter o
avanço no novo coronavírus no Brasil.
E a queda foi global. Segundo a
Agência Internacional de Energia
(AIE), a redução na demanda do petró-
leo em abril foi de 25 milhões de barris
diários, o equivalente a um quarto do
consumo diário mundial, de 100 mi-
30 Dinheiro 24/06/2020 Fotos: divulgação
lhões de barris, por causa do confina-
mento de mais de 4 bilhões de pessoas,
o que significou um dos piores cenários
em um mês dos últimos 25 anos. Agra-
va o cenário o desentendimento entre
Rússia e Arábia Saudita – o aumento
da produção de petróleo por parte dos
árabes fez com que o preço do barril
atingisse o que o presidente da Petro-
bras chamou de “fundo do poço”.
Outro indicativo do momento deli-
cado da companhia e da economia foi a
decisão da Petrobras de cortar US$ 3,5
bilhões em investimentos para este ano,
caindo de U$ 12 bilhões para US$ 8,5 bi-
lhões. Segundo o presidente, no entan-
to, não haverá paralisação de projetos,
mas a diminuição do ritmo no emprego
dos recursos. Também foram interrom-
pidos os trabalhos em 62 plataformas,
além de renegociação de contratos com
ROMBO
Prejuízo da empresa
nos primeiros três
meses de 2020 foi
ainda maior do que o
apontado no último
trimestre de 2015, no
auge da Operação Lava
Jato, quando alcançou
a cifra negativa de
R$ 36,9 bilhões
FOTOs: Divulgação Petrobras / ABr | Marcello Zambrana/Agif/Folhapress | tupungato | istock
fornecedores. “Postergarmos iniciativas
e estamos fazendo avaliação integral
de projetos, principalmente a médio e
longo prazo, que precisam se mostrar
viáveis aos novos preços do petróleo”,
diz o dirigente da companhia.
ENCOLHIMENTO A Petrobras
anunciou, também, a maior baixa
contábil (revisão de sua perspectiva
de resultados) de ativos da história da
companhia, de US$ 13,2 bilhões. “São
ativos que não valiam mais o que esta-
va escrito nos livros contábeis, diante
de um cenário mais conservador de
preços”, diz Castello Branco. A questão
é se o péssimo resultado do trimestre
poderá resultar também na diminuição
de ritmo do plano de investimentos da
companhia, que envolve R$ 100 bilhões
nos próximos dois anos. Segundo o
presidente, o processo não para, ainda
que em tom mais moroso. Em julho de
2019, a Petrobras vendeu, por R$ 9,6
bilhões, o controle da BR Distribuido-
ra, maior do País, com 7,7 mil postos,
reduzindo sua participação de 71%
para 41%. Com a venda de mais um
lote de ações, a companhia hoje possui
participação societária de 37,5% da BR.
Relatório do banco BTG Pactual
de 21 de maio aponta que a Petrobras
“continua comprometida em cumprir
seu plano de venda de ativos, incluindo

a fase vinculativa da venda das refina-
rias antes do fim do ano”. Mas também
citou o risco de interferência externa,
vinda do Palácio do Planalto. “Nas
últimas semanas, a política de preços
de combustíveis da Petrobras voltou
ao escrutínio público depois que a em-
presa anunciou aumentos de gasolina
e diesel, aumentando a preocupação
dos investidores sobre a independência
política da empresa.”
Fato é que, na quarta-feira (1º), a
companhia anunciou reajuste médio
de 6% para diesel vendido em suas re-
finarias e 3% no aumento da gasolina, a
partir do registro de pequena melhora
na demanda. Na prática, também é
resultado do aumento do preço do
barril, que chegou a ser cotado perto de
US$ 15 em abril, para uma recuperação
num patamar de US$ 40 por barril.
O analista de energia da Tendência
Consultoria, Walter de Vitto, afirma
que a retomada será em ritmo lento. “A
menor capacidade de consumo, a partir
do aumento do desemprego, reflete na
cadeia de combustíveis. O cenário é de
dificuldade, com recuperação bem gra-
dual”, diz. “Mesmo que haja repique na
demanda, a perspectiva é de até anos
mais desafiadores.”
Ainda que em um cenário incerto,
Roberto Castello Branco lembrou que
a companhia vem alcançando bons ín-
dices de produção, com 822 mil barris
de óleo diário, anunciado no dia 27 de
junho, no Campo de Búzios, no pré-sal
da Bacia de Santos. Para o presidente
da Petrobras, não há mais espaço para
solavancos políticos que influenciem
decisões técnicas da companhia. “Uma
empresa não deve se nortear por
questões políticas. Procuramos fazer o
melhor para os acionistas. E temos 700
mil acionistas.” O governo federal tem
36,75% do capital da Petrobras e 50,5%
das ações votantes. “Todos nós, brasi-
leiros, somos acionistas da Petrobras”,
diz o presidente da empresa.
Roberto Castello Branco apro-
veitou a recente leitura do livro The
Great Society para criticar governos
populistas nos Estados Unidos e em
outros países, o que chamou de “um
grande mal”. Mas talvez valha para o
movimento
O isolamento social a
partir do aumento de
casos da Covid-19 no
Brasil fez com que a
venda de gasolina
caísse 28,83% em abril
em relação ao mesmo
mês de 2019, segundo
a Agência Nacional
do Petróleo
PETROBRAS
EM NÚMEROS
Corte de
US$ 3,5 bilhões
em investimentos em 2020
62
plataformas hibernadas
Receita de
R$ 75,46 bilhões
no 1º trimestre de 2020
(queda de 7,7% sobre o 4º trimestre de 2019)
Prejuízo de
R$ 48,5 bilhões
no 1º trimestre de 2020
(contra lucro de R$ 8,15 bilhões no 4º trimestre
de 2019)
Escândalos de corrupção desviaram
R$ 29 bilhões
dos cofres da companhia, segundo
Tribunal de Contas da União
Fonte: Empresa e Tribunal de Contas da União
presidente da petrolífera incluir como
leitura o recente artigo do Financial
Times que apontou que o populismo
do atual presidente da República está
prejudicando não só a economia como
a imagem do Brasil no Exterior. Para
a Petrobras, boa imagem mundo afora
é sinônimo de boa governança. E isso
exclui decisões de políticos.
Dinheiro 24/06/2020 31
negócios

a reinvenção
70
dos seguros
65

60

55

50

45

40

Mar/20
Mai/20
Nov/16

Jan/20
Nov/18

Nov/19
Mar/16

Mar/18

Mar/19
Mai/16

Mai/18

Mai/19
Nov/17
Mar/17
Jan/16

Jan/18

Jan/19
Set/16

Mai/17

Set/18

Set/19
Jan/17

Set/17
Jul/16

Jul/18

Jul/19
Jul/17

Índice de sinistralidade No segmento de seguro auto, a média oscilava em torno de 60% nos últimos dois anos.
Em abril e maio deste ano, caiu para 44%. No acumulado de 2020, o índice está em 55%, ante 61% em 2019
Fonte: Susep
Covid-19 cria assimetria entre as
diferentes modalidades de cobertura
oferecida pelas seguradoras. Queda nas
receitas estimula empresas a adotar
novas tecnologias e a oferecer produtos
mais adequados às novas demandas
Sueli Osório
O
setor de seguros foi impactado de maneiras distintas
pela Covid-19. Em maio, as receitas totalizaram R$ 17,35
bilhões, queda de 23,2% em relação ao mesmo mês do
ano passado. No acumulado do ano, a baixa foi de 6,7%
ante o mesmo período de 2019. A queda de receita, po-
rém, foi largamente compensada pela redução nas despesas com pa-
gamento de indenizações, sobretudo no setor de automóveis, já que
a quarentena tirou de circulação milhões de carros em todo o País.
Dados das secretarias de Segurança Pública dos estados confirmam
diminuição tanto no número de acidentes quanto de veículos rou-
bados. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep),
autarquia federal que regula o setor, o índice de sinistralidade do
segmento auto, que vinha oscilando em torno de 60% nos últimos
dois anos, caiu para 44% em abril e maio (gráfico à esquerda).
Embora sem números oficiais, outro segmento, o de fiança loca-
tícia, teve comportamento oposto, com aumento de despesas devido
ao pagamento de indenizações para proprietários que deixaram de
receber o aluguel, sobretudo de estabelecimentos comerciais. Com
seus pontos fechados desde o início da quarentena, donos de bares,
restaurantes, salões de beleza e academias viram-se sem caixa para
honrar os pagamentos, obrigando as seguradoras a cobrir os valores,
como faz um fiador tradicional. Agora, as empresas estão executan-
do os devedores — o que pode levar muitos deles à falência. Segundo
especialistas, essa assimetria deveria ser compensada pelo órgão
regulador por meio da criação de um fundo para auxiliar os empre-
sários que estão sem renda e já com o nome sujo. Aliviar o bolso dos
segurados pode ser bom para o setor no longo prazo, evitando que
mais pessoas saiam do sistema.
Por enquanto, o que as seguradoras têm feito é readequar
a oferta de produtos e serviços às novas demandas. A Bradesco
Quem tem carro hoje está pagando seguro sem usá-lo.
Com o ‘pay per use’, o valor é calculado de acordo com o uso”
Seguros transformou rapidamente a operação de vistoria nos seg-
mentos de automóveis, residencial e empresarial. “Intensificamos
o modelo de autovistoria. Percebemos que essa maior agilidade
e segurança na prestação do serviço aumentou a satisfação dos
nossos segurados”, afirma Rodrigo Herzog, superintendente exe-
cutivo da Bradesco Auto e Ramos Elementares do Grupo Bradesco
Seguros. Implementada pela BRQ Digital Solutions, a autovistoria
entre os clientes do Bradesco saltou de 2,5 mil em janeiro para 50
mil em junho.
Presidente da Suhai Seguradora, Fernando Soares afirma ter
sentido queda de 30% nas vendas em abril. A empresa, que atua
nos segmentos de motos, automóveis e caminhões, percebeu uma
grande mudança no contato com os clientes. “A procura se am-
pliou muito pelos meios digitais”, diz Soares. “Como a nossa venda
é feita por corretores, muitos deles autônomos, a seguradora os
ajudou a digitalizar o atendimento usando ferramentas como o
WhatsApp e vídeos para redes sociais”. Para a superintendente da
Susep, Solange Vieira, inovar é o caminho para o setor. “Buscamos
estimular a inovação no mercado por meio de oportunidades como
o edital do Sandbox, que acaba de ser lançado e flexibiliza as nor-
mas para a entrada de novos players, produtos e serviços”, afirma.
SEGURO-COVID Na visão de Jorge Sant’Anna, presidente da
BMG Seguros, a pandemia ajudou a antecipar tendências que le-
variam mais tempo para chegar ao Brasil. Uma delas é a do seguro
intermitente. Regulamentada no ano passado, a modalidade deve
ganhar força no mercado agora. “Quem tem carro hoje está pagan-
do seguro sem usá-lo. Com o seguro ‘pay per use’, o valor a ser pago
é calculado de acordo com a utilização”, disse Sant’Anna. Segundo
ele, na Europa até decisões judiciais sobre acidentes de trânsito
já são tomadas com base nos dados dos seguros dessa modalidade,
pois é possível acompanhar a velocidade do veículo e o comporta-
mento do motorista por meio de telemetria.
A pandemia trouxe também o “Seguro-Covid”, modalidade
para empresas médias apoiarem funcionários que foram acometi-
dos pela doença e que não tiveram cobertura adequada do plano de
saúde. Entre os benefícios há exames e terapias.
Embora no Brasil não seja possível receber em dinheiro o
valor do bônus que o cliente ganha das seguradoras quando não há
sinistros, a startup Lemonade, de Nova York, já aponta um caminho.
Ela devolve o bônus em cashback ou doando o valor a instituições de
caridade escolhidas pelo cliente. “São tendências que ainda devem
demorar um pouco para chegar ao País”, avalia Sant’Anna.
Jorge Sant’Anna, presidente da BMG Seguros
fotos: divulgação | istock Dinheiro 08/07/2020 35
negócios
tempo de
descompasso
Após surpreender o mercado nos últimos três anos,
calçadista gaúcha Usaflex prevê queda de 40% nas vendas
em 2020 e redução no plano de expansão de franquias
Angelo VEROTTI
O
crescimento constante da fabri-
cante de calçados de conforto
Usaflex chamou a atenção do
setor nos últimos anos. Adqui-
rida pela gestora de fundo de
investimentos Axxon Group, em novembro
de 2016, a empresa gaúcha viu o faturamento
saltar de R$ 288 milhões à época para R$ 390
milhões em 2019 – avanço de 35%. Empol-
gado, o CEO Sergio Bocayuva projetava alta
de 15,4% na receita deste ano (para cerca de
R$ 450 milhões), mas o cenário mudou com
o advento da pandemia. A previsão, agora,
é de retração de 40% em 2020 (para R$ 234
milhões), com redução também no plano de
expansão física, de 80 franquias para, no má-
ximo, vinte. São 226 unidades no momento
pelo País e a meta é chegar a 400 em 2023. “A
operação foi muito prejudicada por causa da
paralisação de quatro meses (março a junho).
E a gente percebe que a retomada será lenta
e gradual, talvez inferior ao que tínhamos
programado”, diz o CEO.
36 Dinheiro 08/07/2020 foto: divulgação
sergio bocayuva
“Quando olho para o
futuro, vejo que o Brasil
tem enorme potencial.
Sou otimista”, diz o CEO
A companhia é líder de mercado, com
70% de share na produção de calçados
femininos de conforto e até 480 modelos
lançados anualmente. Com a pandemia, a
Usaflex demitiu 820 colaboradores, 25% da
mão de obra, que era de 3,2 mil, e a produção
foi reduzida de 25 mil pares diários para
18 mil. “Se, a partir de julho, o mercado do
Sudeste (que concentra 70% das vendas) re-
tomar o ritmo anterior à pandemia, consigo
recontratar até setembro no mínimo 50%
das pessoas dispensadas”, afirma Bocayuva.
ATUAÇÃO GLOBAL
Franquias: Países de atuação:
226 52
480 produtos
(4,8 mil variações)
Fonte: Empresa
plano de voo
A empresa será
socorrida pelo
BNDES e outros
bancos
Como aconteceu em praticamente púbilcos
todos
e privados
os segmentos, o e-commerce cresceu. No
caso, 250%. “Até as lojas que não reabriram
continuam performando muito bem com
as transações por WhatsApp”, diz. “Fomos
um dos patrocinadores do Big Brother Brasil
2020. Como as lojas estavam fechadas na
época, o nosso e-commerce vendeu muito.”
Mas as transações no canal on-line ainda têm
participação irrisória no faturamento, corres-
pondendo a 1% (R$ 3,9 milhões) em 2019 e,
neste ano, devem ser de 5% (R$ 11,7 milhões).
FRANQUIADOS A preocupação da Usaflex
com a retomada se estende aos seus fran-
queados. A companhia vai consumir R$ 60
milhões até o fim do ano para financiar o sis-
tema, em ações como apoio técnico e jurídico
aos parceiros nas negociações dos contratos
com os locadores das lojas. Além do Brasil, a
empresa atua em 52 países, por meio de lojas
multimarcas, além de 17 lojas licenciadas
somente com produtos da Usaflex. No ano
passado, as operações internacionais repre-
sentaram 8% das vendas (R$ 31,2 milhões).
Antes da pandemia, a previsão era de que
essa participação chegasse a 10% em 2020.
Bocayuva acredita que 30% dos fabrican-
tes do setor calçadista no Brasil (são 6 mil no
total) vão quebrar por não terem diferencial
competitivo e já trabalhavam com sistema
de caixa e liquidez muito frágil. Para ele, a
falta de alinhamento de uma estratégia para
o combate da Covid-19 pelo governo federal
prejudica bastante. “Existe uma incerteza
aprofundada pela dinâmica de condução do
nosso presidente que gera cria um ambiente
conturbado”, afirma. “Mas, quando olho
para o futuro, vejo que o Brasil tem enorme
potencial. Sou muito otimista.” Apesar desse
otimismo, a Associação Brasileira das Indús-
trias de Calçados (Abicalçados) prevê queda
de 29% no setor em 2020. Serão fabricados
645 milhões de pares, contra 908 milhões de
2019. Segundo o presidente-executivo Harol-
do Ferreira, o segmento deve perder até 57
mil postos (são 269 mil diretos) se a crise se
mantiver – o setor já demitiu 36 mil pessoas.
Esses passos para trás farão o segmento
voltar aos patamares de 2004.
 MOVI _
MENTO
Vidas negras
precisam respirar.

AR
O ódio racial envenena o ar.
Intoxica, maltrata e asfixia cada
um que nasceu com a pele escura.
O racismo subverte os fundamentos
da dignidade humana.

Um sentimento tóxico que se espalha

e corrói, feito um tumor.
Mata inocentes, destrói sonhos
e possibilidades. Marginaliza
negros e negras numa sociedade
que os tem como maioria.

A tão necessária reparação histórica

não pode ser um fardo nas costas
de quem mais precisa dela.
É hora de todos assumirem
a responsabilidade pelas
transformações desse tempo que urge.

O mundo grita:
vidas negras importam.
Nós ecoamos e respondemos:
sim, importam. Mas também
precisam de atitudes concretas.

Ações objetivas capazes de combater

o racismo na sua raiz. Só assim teremos
ar puro para encher os pulmões livremente.
Oxigênio para trabalhar, estudar, existir.

Queremos respirar.

Vidas negras precisam de ar.

Antirracismo.
Ações responsáveis.
Atitudes reais.

Governo e sociedade civil assumindo

medidas práticas para combater o racismo.
Seja parte da mudança em:

WWW.MOVIMENTOAR.COM.BR
#VIDASNEGRASIMPORTAM

Organização Apoio

Movimento_Ar_202x266.indd 1 01/07/20 20:16

Dinheiroembits por Edson ROSSI

Myintelligence
aposta no Brasil
Multinacional de tecnologia com foco em marketing digi-
tal, a Myintelligence inaugura sede em São Paulo e aposta
no Brasil como hub latino-americano. O primeiro cliente
no País é a TIM. A direção da empresa afirma não temer
a retração econômica provocada pelo coronavírus.
“Esperamos crescer este ano, tanto em empregos
quanto nos negócios”, diz o CEO, Carlo de Matteo.
“Inovar processos antigos em uma economia fraca é o
oxigênio para impulsionar resultados, gerar receitas mais
altas e reduzir custos.” Criada para oferecer soluções ao
mercado de mídia, a plataforma se diferencia por centra-
lizar em um mesmo ambiente 100% das operações. De
origem italiana, a multinacional presente em 30 países
tem como chairman e fundador Andrea Pezzi. No Brasil,
o country manager será o ítalo-argentino Marcos Saurin.

QUEM 92%
MEXEU 98%
Spotify
NO MEU Facebook
(Premium)

QUEIJO? (publicidade)

FATIAS DE RECEITAS DAS

EMPRESAS ON-LINE e DE 4
TECNOLOGIA EM CADA
LINHA DE PRODUTO ou
Am
serviço. No Face, (ma
a maior parte VEIO
de publicidade. Na
Microsoft, houve maior
diversidade dentro
do portfólio total.
Dados sobre o primeiro
trimestre de 2020
segundo o Statista
62%
Alibaba
(market place)

50%

38 Dinheiro 08/07/2020 INFOGRáfico: fabio X | fotos: Istock | divulgação


E-commerce
cresce 65,7%
Desde o início da pandemia
mais de 125 mil lojas aderi-
ram às vendas pelo e-com-
merce. Os dados são da
ABComm (Associação
Brasileira de Comércio
Eletrônico). A média men-
sal antes da pandemia era
de 10 mil lojas por mês.
Entre os setores em alta
estão Moda, Alimentos e
Serviços. Marcas que não
tinham soluções próprias
adotaram parcerias com
marketplaces. De janeiro a
91%
PayPal
(transações)
49%
Amazon 35%
arket place)
Microsoft
(nuvem)
Apple
(iPhone)
maio, a ABComm e a
Compre&Confie – movi-
mento mantido por empre-
sas que certifica a excelên-
cia das compras on-line –
registraram aumento de
65,7% no número de pedi-
dos e de 56,8% em fatura-
mento. Os cinco maiores
crescimentos foram em
Beleza & Perfumaria
(107,4%), Móveis (94,4%),
Eletroportáteis (85,7%),
Eletrônicos (68,4%) e
Esporte & Lazer (66,8%).
84%
Twitter
(publicidade)
82%
Google
(publicidade)
rumo
a Marte
Marte não é logo ali,
mas neste julho três
lançamentos são
previstos para trans-
portar sondas até lá: Logística
os projetos Mars
2020 (americano), da IoT
Tianwen-1 (chinês) Em um estudo intitu-
e o Emirates Mars lado Next-Generation
Mission (dos Wireless in Logistics,
Emirados Árabes conduzido pela gigan-
Unidos). O programa te global DHL (63
espacial dos EAU bihões de euros de
rumo ao planeta tem faturamento em
apenas seis anos, 2019), 800 líderes de
mas a sonda mais Supply Chain foram
avançada: a Al-Amal. entrevistados. Para
60% deles, a visibili-
dade que têm sobre a
cadeia de suprimen-
tos é insuficiente e
75% afirmam que
pretendem imple-
mentar pelo menos
80%
uma tecnologia de
rede sem fio de últi-
ma geração no futuro
eBay
próximo para cumprir
metas de visibilidade.
(market place)
“A revolução digital
agora está mudando
rapidamente as
indústrias com mais
ativos físicos (asset-
heavy industries)”, diz
Markus Kückelhaus,
vice-presidente
de Pesquisas de
Inovações e
Tendências da DHL
Customer Solutions &
Innovation. “Desde
fabricantes de auto-
móveis e empresas de
manufatura até pres-
tadores de serviços
da área da saúde.”
Dinheiro 08/07/2020 39
TECNOLOGIA

Mão N
ão peça a Marcelo Nicolau – ou aos sócios Thiago Burgers e
Romulo Perini – que fique de fora de qualquer um dos projetos
sob gestão na Play Studio. Colocar a mão na massa é premissa
na empresa, cujo lema é “tirar a ideia do papel”. Pode parecer
simples. Esqueça. É dos maiores nós nas grandes corporações.

na
“Identificamos oportunidades e criamos as soluções”, diz Nicolau. E o primei-
ro ganho é o de tempo. “O que numa companhia levaria dois anos e meio faze-
mos em seis meses.” Redução de 80%. Esse tipo de performance atrai gigantes
como Carrefour, Nestlé e Visa.
A Play é um misto de consultoria de inovação com venture builder –
modelo em que a presença do investidor não se dá apenas por meio do

massa
aporte, mas também com a participação integral na construção da startup,
da plataforma ou da solução. Em português trata-se do bom e velho colocar-a-
mão-na-massa. Em alguns casos, literalmente, como no projeto Vem de Bolo.
O desafio colocado pela Nestlé era o de criar uma vitrine para dar suporte ao
negócio de pequenas boleiras e confeiteiras. A resposta da Play foi a platafor-
ma Vem de Bolo, marketplace que começa a ganhar musculatura.
Play Studio aposta
100% fora Lançada em dezembro de 2018, ainda está ativa apenas na
no modelo venture cidade de São Paulo e reúne numa ponta profissionais que produzem doces e
builder e projeta bolos e na outra os consumidores. Pedro Santelmo é o head da operação e diz
que o objetivo estratégico da Nestlé – investidor por trás da Vem de Bolo – é
RECEITA 140% MAIOR entender esse segmento, tão forte dentro da economia informal. “Aqui é tudo
eM DOIS ANOS 100% operado fora da Nestlé”, afirma Santelmo. Isso traz ganhos e respostas
que não aconteceriam se a estruturação e a modelagem se dessem dentro
Edson ROSSI da multinacional. Desde cadastro de fornecedores a prazos de recebimento,
policies comuns em toda grande empresa. A conta é simples: a mulher que faz
bolo e sempre vendeu na vizinhança seria barrada por nem ter CNPJ.
Esse é um ponto decisor para que gran-
des empresas busquem soluções de venture
builder como as da Play. Não adianta ter
área de inovação, é preciso ter cabeça de
inovação. É por esse motivo que (quase) toda gigante dizendo querer
ser startup é equivalente ao tiozão querendo pagar de rapper. Pode
dar certo, mas a probabilidade é baixa. A Play monta uma estrutura
apartada do pipeline de inovação, com baixo risco e baixo custo. As ini-
ciativas nem sequer levam a marca da empresa ‘sponsor’, assim como
não carregam sua estrutura de custos. O faturamento da empresa saiu
de R$ 5 milhões em 2018 para a previsão de R$ 12 milhões este ano.
Salto de 140%. E o share que vem de venture builder cresce em relação
ao de consultoria. “Grandes empresas têm aquele medo de ser o
primeiro a pular na piscina”, diz Nicolau. Mas como isso já
aconteceu, a busca pelo modelo ‘building’ deve crescer.
Talvez seja melhor se jogar na piscina.

40 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: Istock

 Apresentado por SENAI

Abertura
Gradual e
Segura

Governos e empresas fazem

planejamento para retomar
atividades de forma sustentável
e sem colocar vidas em risco.

CONFIRA TAMBÉM
▶ Como a indústria está se preparando para proteger os trabalhadores
▶ SESI e SENAI desenvolvem ações de combate à pandemia em todo o Brasil

publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 1 7/1/20 4:04 PM

 ▼ Artigo
Na direção da
retomada gradual
▶ Robson Braga de Andrade
empresário e presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI)
A Covid-19 provocou um abalo de
proporções inéditas na vida das pes-
soas e na economia global. Mas o
ser humano é resistente, venceu
outras crises ao longo de sua histó-
ria e não será derrotado pelo novo
coronavírus, por mais devastador
que ele seja. Aos poucos, seguindo
as orientações dadas pelas autorida-
des da área de saúde e fazendo todas
as adaptações necessárias, as roti-
nas de trabalhadores, de suas famí-
lias e das empresas voltarão ao mais
próximo possível do normal. Será
um processo lento, porém com di-
reção certa: a preservação da saú-
de dos brasileiros e a recuperação
econômica.
As primeiras iniciativas para a
retomada gradual da atividade já es-
tão sendo concretizadas pelos gover-
nos e pela iniciativa privada, num
planejamento que deve levar em
consideração a realidade sanitária
publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 2
de cada local e as especificidades
dos setores econômicos. Verifican-
do os avanços e recuos da doença
nas cidades, os governos estaduais
e as prefeituras têm autorizado a re-
abertura progressiva de segmentos
do comércio e dos serviços, o que
vem levando as pessoas de volta ao
trabalho e ao consumo. Essas deci-
sões, desde que implementadas de
forma segura, são cruciais para ga-
rantir saúde, emprego e renda para
os trabalhadores.
Além de contribuírem enorme-
mente com os esforços nacionais
contra a pandemia, a partir do dire-
cionamento da produção para itens
essenciais no combate ao corona-
vírus e diversas outras ações, as in-
dústrias brasileiras estão adaptan-
do seus processos produtivos. As
fábricas se organizaram em turnos
de trabalho, reforçaram as medidas
de higiene e de prevenção, forne-
ceram equipamentos necessários à
proteção da saúde dos operários e
tornaram corriqueiros atos como a
medição de temperatura, um maior
distanciamento entre os funcioná-
rios e o monitoramento médico de
eventuais sintomas.
Os protocolos das indústrias
para a retomada da atividade estão
de acordo com as melhores práti-
cas internacionais, verificadas em
países que já enfrentaram a fase em
que o Brasil se encontra hoje. Esta-
mos aprendendo com a experiência
de nações que foram muito afetadas
pela Covid-19 e que tiveram a econo-
mia quase completamente paralisa-
da, em virtude das restrições sociais,
para diminuir a velocidade de conta-
minação. Em processo de superação
da etapa mais aguda da epidemia, es-
ses países estão, agora, flexibilizando
os controles e permitindo uma pau-
latina volta do comércio.
Os estados brasileiros fazem
um bom trabalho de organiza-
ção e planejamento para a reto-
mada gradual da economia, sem-
pre contando com a cooperação
das federações estaduais das in-
dústrias. Juntas, federações, as-
sociações setoriais e a Confede-
ração Nacional da Indústria (CNI)
colaboram com autoridades dos
três níveis de governo. Apresenta-
mos aos poderes da República 68
propostas para o enfrentamento
da recessão que certamente virá
como reflexo da pandemia. Mui-
tas sugestões emergenciais foram
adotadas. É preciso igual empe-
nho para viabilizar, também, as
de caráter estrutural.
“
Os estados brasileiros
fazem um bom trabalho
de organização e
planejamento para
a retomada gradual
da economia, sempre
contando com a
cooperação das
federações estaduais
das indústrias.
A indústria brasileira e seus
representantes não têm dúvidas
de que, com trabalho árduo, pla-
nejamento e investimentos em ci-
ência e tecnologia, a pandemia
de Covid-19 será contida. Pouco
a pouco, com responsabilidade,
compromisso com a vida e deter-
minação no que precisa ser feito,
seremos capazes de reconquistar
o terreno perdido na economia
e voltar a crescer. Quando essa
crise sem precedentes passar –
e ela vai passar – estaremos mais
fortes e solidários para construir
um futuro bem melhor para to-
dos nós. ■
7/1/20 4:05 PM
 Indústria prepara-se
para retomar produção
de forma bem segura
COM base nas experiências de ou-
tros países alguns estados brasi-
leiros começaram a retomar ou
planejar o reinício das atividades
econômicas. Mato Grosso, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e São Paulo são alguns dos
estados que já iniciaram, de modo
cauteloso, programas de reabertu-
ra econômica.
Em vigor desde a primeira quin-
zena de maio, o modelo de distancia-
mento controlado do Rio de Grande
do Sul estabeleceu protocolos de pre-
venção à disseminação do novo coro-
navírus conforme a cor da bandeira
que indica o risco em cada uma das
20 regiões em que o esta-do foi di-
vidido num programa de monitora-
mento. Os municípios foram classi-
ficados entre as bandeiras amarela
(risco baixo), laranja (médio), verme-
lha (alto) e preta (altíssimo). Em to-
dos os casos, entretanto, são obriga-
tórios o uso de máscaras de proteção,
os limites de ocupação nos estabele-
cimentos e o distanciamento de dois
metros entre as pessoas.
Gilberto Petry, presidente da Fe-
deração das Indústrias do Estado do
Rio Grande do Sul (FIERGS), explica
que a elaboração do plano de distan-
ciamento controlado contou com a
participação do setor privado.
Em Minas Gerais, onde o governo
publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 3
◀
Medidas de proteção
dos funcionários
têm permitido o
funcionamento de setores
importantes da cadeia de
suprimentos essenciais,
como a alimentação
Foto: JBS
estadual lançou o plano de reabertu-
ra Minas Consciente, cuja a adesão
dos municípios é voluntária. Flávio
Roscoe, presidente da Federação das
Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG), afirma que o diálogo do go-
verno com o setor privado foi impor-
tante para elaborar uma proposta de
abertura consciente.
Amilcar Tanuri, professor da
Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro (UFRJ), defende que a quaren-
tena já cumpriu o seu papel e con-
seguiu achatar a curva de casos. “A
quarentena perdeu a força. É preci-
so uma nova estratégia, como vários
governos estaduais estão tentando”,
diz ele. Segundo Tanuri, entretanto,
é preciso fazer isso analisando a si-
tuação caso a caso. “A queda de inci-
dência da doença tem que ser acom-
panhada de uma maneira muito
mais precisa pelos órgãos, inclusive
com estudos para medir a incidência
quinzenalmente. É preciso um pla-
no responsável de abertura”, opina
o professor da UFRJ.
Flávio Calife, economista-che-
fe da Boa Vista SCPC, avalia que o
processo de reabertura da econo-
mia brasileira já incorpora parte da
experiência internacional. “Os pro-
tocolos elaborados por outros pa-
íses estão sendo bem adaptados à
realidade brasileira que manter o
distanciamento, evitar aglomera-
ções, usar máscaras e aumentar
as medida de higiene funciona”. O
maior desafio, entretanto, é o pro-
cesso de abertura na cidades maio-
res, onde há maior aglomeração de
pessoas, diz ele.
O PAPEL DAS PREFEITURAS
Em Mato Grosso, onde a suspen-
são de atividades econômicas ficou a
cargo dos prefeitos, devido a uma de-
cisão da justiça estadual, as empresas
industriais estabeleceram protocolos
de segurança com o apoio do Servi-
ço Social da Indústria (SESI). “Esses
protocolos ajudaram a reduzir os ca-
sos em fábricas de alimentos e outras
indústrias que não puderam parar”,
afirma Gustavo de Oliveira, presiden-
te da Federação das Indústrias do Es-
tado de Mato Grosso (FIEMT).
Na avaliação de Robson Andrade,
presidente da Confederação Nacio-
nal da Indústria (CNI), o Brasil tem
estados e regiões em diferentes si-
tuações em relação à pandemia do
novo coronavírus, o que dificulta sa-
ber exatamente em quais locais essa
retomada é possível hoje. Segundo
ele, o momento é de preservar a vida
e a saúde das pessoas, mas também é
preciso planejar essa volta com base
em dados e critérios técnicos, sem
uma politização do tema. “É preci-
so planejar o retorno das atividades
econômicas segmentando por seto-
res da indústria, levando em conta as
peculiaridades e a situação de cada
uma com relação à pandemia”, afir-
ma Robson Andrade.
▲ Amilcar Tanuri (UFRJ) diz que a quarentena
perdeu força e apoia novas estratégias como
as iniciadas por alguns governos estaduais
7/1/20 4:05 PM
 COMO A INDÚSTRIA
ESTÁ SE ADAPTANDO
PARA PROTEGER OS
TRABALHADORES
TRANSPORTE E VIAGENS

Veículos têm limpeza reforçada e álcool em gel

para higienização das mãos

Assentos são ocupados de forma alternada

para manter o distanciamento entre as pessoas

Motoristas estão sendo orientados a reforçar a

higiene e os cuidados pessoais, além de zelar
pela limpeza de locais muito manuseados,
como maçanetas, câmbio e volante

DESINFECÇÃO E LIMPEZA DE
AMBIENTES DE TRABALHO

Locais mais expostos ao toque das

mãos, como maçanetas, corrimões e
botões de elevador, estão sendo
limpos a cada duas horas

Álcool em gel está disponível em

vários locais da fábrica

Há estímulo para que se lave as mãos

mais vezes ao dia
SINALIZAÇÃO E LAYOUT
Os ambientes estão mais ventilados DO LOCAL DE TRABALHO

Marcações no chão ajudam a garantir

distância mínima de dois metros
entre as pessoas, como em filas de
refeitório ou de elevadores

Estações de trabalho são alternadas

entre os turnos para assegurar o
distanciamento

Onde é possível, foi suprimido o uso

de maçanetas, catracas e qualquer
superfície de contato com as mãos

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 MEDIDAS PARA REFORÇAR O DISTANCIAMENTO

Houve redução do número de pessoas juntas nos elevadores

Há preferência por reuniões em teleconferência, em vez de presenciais

Horários são escalonados e alternados para evitar aglomerações

Jornadas de trabalho presenciais são menores na retomada das atividades

NOS REFEITÓRIOS

Trabalhadores que preparam e servem as refeições

devem utilizar máscara e luvas, com rigorosa higiene
das mãos

Ao servirem suas refeições, os trabalhadores também

devem usar máscaras

Houve aumento do tempo das refeições para diminuir

o número de pessoas no refeitório a cada momento

COMUNICAÇÃO, TREINAMENTO
E ORIENTAÇÕES
Protocolos de cuidado estão sendo enviados aos
trabalhadores antes do retorno ao trabalho

Há treinamentos e encontros virtuais para

passar orientações sobre novos procedimentos

CUIDADOS COM O GRUPO DE RISCO

Trabalhadores dos grupos de risco estão sendo mantidos preferencialmen-

te em teletrabalho. Se não for possível, deve-se priorizar a esses funcioná-
rios trabalho interno sem contato com clientes

CUIDADOS GERAIS

Há acompanhamento de casos sintomáticos por

meio de teleatendimento, teleconsulta e testagem
Existe um esforço para identificar, o quanto antes,
a contaminação por Covid-19

São identificados contextos de maior contamina-

ção, grau de subnotificação e impacto da Covid-19
na saúde do trabalhador

Fontes: CNI, ABIA e Abicalçados

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 Confira as principais ações de
combate à pandemia desenvolvidas
por SESI e SENAI nas 27 unidades
da Federação

DEPARTAMENTOS regionais do SESI e do SENAI, localizados nos

26 estados e no Distrito Federal, têm desenvolvido diversas ações
em todo o país de apoio a governos e à população no combate à
pandemia da Covid-19. Esse trabalho é realizado sob a coordena-
ção das federações estaduais, com apoio da Confederação Nacio-
nal da Indústria (CNI) e, em grande parte dos casos, em parceria
com empresas industriais.

Entre as ações estão produção de máscaras cirúrgicas e de uso co-

mum, fabricação de vestimentas hospitalares, conserto e manu-
tenção de respiradores, produção de álcool antisséptico e apoio às
empresas que mudaram sua linha de produção para atender de-
mandas decorrentes da pandemia.

Mais detalhes sobre a atuação do SESI e do SENAI contra o coro-

navírus em todas as regiões brasileiras podem ser acessadas na
Agência CNI de Notícias, por meio do QR Code ao lado.

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 AÇÃO VOLUNTÁRIA E CAMPANHA PARA
PIAUÍ APOSTA PI
ARRECADAR RECURSOS NO ACRE EM TESTES RÁPIDOS
Um projeto que nasceu da vontade de ajudar
O t  este rápido da Covid-19 (IgG/IgM) n
  as indústrias é
os trabalhadores da indústria tomou gran-
SERGIPANOS SE uma das prioridades da Federação das Indústrias do
RECEBEM
des proporções MÁSCARAS
entre os colaboradores do Estado do Piauí (FIEPI). Por isso, a entidade inaugu-
Sistema Federação
O SENAI de Sergipe tem dasrealizado
Indústrias do Esta- rou, em junho, um serviço de testagem em maior
a interlocução
do do
com AcreCimatec
o SENAI (FIEAC). da Voluntários da FIEAC, escala, operacionalizado pela área de saúde do SESI
Bahia para a manutenção
de respiradores da rede hospitalar sergipana. Há local. O serviço se soma a várias ações desenvolvidas
IEL, SESI e SENAI se uniram para aprender
uma projeção de distribuição de 25 mil máscaras de pela instituição no combate à pandemia, entre elas
e confeccionar máscaras para serem distri- a doação de impressoras 3D, 130 kg de PLA e
tecido produzidas pela instituição em parceria com
buídas
a gratuitamente,
indústria a fiOm
têxtil local e o SESI. dejáproteger
SESI distribuiu ào máscaras produzidas em 3D para a rede de saúde
máximo de pessoas possível do setor
população 10 mil máscaras de tecido, produzidas contra pública, a doação de máscaras de tecido e descartá-
a Covid-19.
em O projeto,
parceria com iniciado
o SENAI, além emnos
de atuar abril, foi veis confeccionadas no SENAI, além da doação de 3
proto-
colos de retorno às atividades. mil litros de água sanitária para sanitização de
executado na sala do curso de confecções da Escola SENAI. Parte da produção também foi
espaços públicos.
destinada ao uso dos colaboradores e a trabalhadores da indústria. Liderado pela FIEAC,
CARTAZES ORIENTAM
Fecomércio e FEAEC, o setor produtivoRR do estado
RNtambém
DESENVOLVElançou uma campanha para ar-
TRABALHADORES EM RR
recadar recursos para fortalecer o sistema de saúde do estado.
RESPIRADOR PARA CASOS RN
Em Roraima, o SENAI vem desenvolvendo inúmeras
ações em parceria com órgãos dos governos
GRAVES DE COVID-19
estadual e federal, além de organizações não Em fase de testes, um respirador desenvolvido pelo
governamentais, para contribuir no combate à PLANOS
SENAI DE Grande
do Rio ENFRENTAMENTO
do Norte e por À universidades
pandemia. Equipamentos estão sendo consertados COVID-19
do PERSONALIZADO
estado aguarda aprovação daPARAAgência Nacional
e recuperados e máscaras e aventais vêm sendo de Vigilância
CADA Sanitária.EM
INDÚSTRIA O projeto
ALAGOAS para a produção de
produzidos, em muitos casos com a participação de respiradores foi desenvolvido por meio do Instituto
voluntários. Além disso, o SESI-RR disponibilizou,
O SESI Alagoas lançou o Plano de Enfren-
SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
para as empresas, materiais gráficos para contribuir Otamento
protótipo à Covid-19,
de respiradorelaborado
mecânicoconforme
invasivo –
com o enfrentamento à pandemia. o perfi l de cada indústria,
equipamento usado no tratamento para deajudar nas
pacientes
atividades
com Covid-19 produtivas
que precisam em ser
tempos de pan-
entubados em
PARCERIA COM EMPRESAS RO Unidades
demia. Ode Terapia
SESI também Intensiva
cedeu (UTIs) – está do
o ginásio em
VOLUNTÁRIAS EM RONDÔNIA avaliação de calibração e testes. O respirador, entre-
Trapiche, onde o governo do Estado mon-
tanto, foi aprovado em edital da Petrobras e do
O SENAI de Rondônia, em parceria com a Termonor- tou umade
Instituto Central deeTriagem
Petróleo para síndromes
Gás e Biocombustíveis (IBP),
te e a Energisa, iniciaram a manutenção de ventila-
gripais. Na unidade SENAI Poço, já foram produzidos 26 mil face shields, além de 2,4 mil
que garantirá recursos para acelerar a produção de
dores pulmonares em Porto Velho. O presidente da
litros de álcool em gel e líquido para doação a hospitais
Federação das Indústrias do Estado de Rondônia
unidades. e instituições. Em parceria com o
SebraeMarcelo
(FIERO), e o Sindvest,
Thomé, já foram
afirma queproduzidas
a manutenção 100 mil máscaras de uso comum, gerando renda
PERNAMBUCO PE
e proteção
de equipamentoscontraé umo dos
coronavírus.
compromissos O SENAI
do setortambém já consertou dois respiradores mecâ-
EQUIPA HOSPITAIS
nicos
no do Hospital
enfrentamento daUniversitário
pandemia. “O SENAI e prestou
mantém consultoria e apoio material para desenvolver o
uma rede de manutenção que, somada a empresas Em Pernambuco, a Federação das Indústria do
protótipo do Respiral, um respirador mecânico de baixo custo. Além disso, a campanha
multinacionais, se engajaram na cadeia voluntária estado (FIEPE) liderou a campanha Pelos Heróis da
‘SESI e SENAI Dando essa Força’
+Manutenção para garantir o funcionamento dos
segue no ar, com uma série de alternativas online para a
Saúde, que arrecadou R$ 633 mil, usados para a
indústria e as pessoas
respiradores”, diz o dirigente. enfrentarem desafi os nesta pandemia.
aquisição de mais de 328 mil Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) que foram doados a dez
MATO GROSSO ATUA MT hospitais públicos. O SENAI do estado produziu 30
EM DIVERSAS FRENTES mil face shields e consertou 12 respiradores mecâni-
APOIO FUNDAMENTAL PARA
cos da rede pública de saúde. Para acelerar as
COMBATE
O À PANDEMIA
Serviço Nacional NO AMAPÁ Industrial entregas, desde abril a manutenção dos aparelhos é
de Aprendizagem
Desde que
(SENAI) a crise
de Mato provocada
Grosso pela pandemia
transformou seu maior feita em parceria com a fábrica Jeep. Já o SESI-PE
auditório em uma área
de coronavírus tevede produção,
início, comefabricação
o SESI o SENAI espera aplicar 12,5 mil testes de Covid-19 em indus-
diária de 34 mil máscaras. Até aqui, foram produzi-
Amapá têm trabalhado para executar ações triários.
das mais de 1,7 milhão de unidades. Também foram
que ajudem
fabricados a combater
2.500 protetoresa faciais
doença e no estado.
está sendo
TOCANTINS MOBILIZA
Entre as frentes de atuação, já viabilizaram
feita a manutenção de 139 respiradores. O Serviço
PARCERIAS E DOAÇÕES TO
o conserto
Social de 12(SESI)
da Indústria respiradores
no estado dostem hospitais
atuado na
CONTRA A PANDEMIA
orientação
públicos, às indústrias
com o apoiosobre
daprotocolos
logística de traba-
militar;
lho seguro, por meio de consultoria, campanha e O Sistema da Federação das Indústrias do Estado
doaram mais de 2 mil de protetores faciais
diversos eventos virtuais. Já o Instituto Euvaldo Lodi
a do Tocantins (FIETO) já devolveu sete respiradores e
profide
(IEL) ssionais da saúde,
Mato Grosso e seguem
ofereceu produzin-
mentoria gratuita 20 equipamentos para unidades de saúde, após
do o equipamento em impressoras
para empresários. Além disso, a Federação 3D; tam-
das reparos gratuitos realizados pela General Motors.
bém doaram
Indústrias máscaras
do Estado (FIEMT)de tecidoo ecomitê
integra de TNTde Por meio de ações em parceria, foram produzidas
crise do governo de
à comunidades Mato Grosso,
carentes; mantém um
entregaram site
2.650 mais de 84 mil máscaras e 5 mil frascos de álcool,
atualizado com informações de apoio ao empresá- imunizados 6.851 trabalhadores (influenza) e
cestas básicas e itens de higiene e limpeza;
rio e trabalhadores e junto com universidades atua doadas 10 mil cestas básicas para os municípios.
e estão
em produzindo
um grupo científicosabão a partir do
para subsidiar reapro- “Esse trabalho continuará até que consigamos
autoridades
veitamento
na tomada de de óleo de
decisões comcozinha parabaseadas
informações doar à vencer esse mal”, afirma o presidente do Sistema
população.
em dados científicos. FIETO, Roberto Pires.

publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 7 7/1/20 4:07 PM

 Amazonas concentra esforços
em respiradores pulmonares
Depois de desenvolver um protótipo de respirador eletropneumá-
tico, como alternativa aos modelos utilizados nos hospitais, que
precisam expandir o atendimento, o SENAI Amazonas participa da
rede voluntária Iniciativa + Manutenção de Respiradores, que re-
cebe agora suas primeiras demandas no Estado. Liderado pelo De-
partamento Nacional do SENAI, no Amazonas o movimento tem a
parceria das empresas Geradora de Energia do Amazonas S/A (Gera
Amazonas), Companhia Energética Manauara (CEM), Iontec – Ser-
viços de Engenharia Clínica e Manutenção de Equipamentos Médi-
co-Hospitalares e 3M Manaus Indústria de Produtos Químicos Ltda.
Foi para suprir as necessidades que o SENAI passou a desenvolver,
no Estado, equipamento para corte e produção de membranas para
uso nas válvulas dos respiradores pulmonares, o que vai reduzir o
tempo no processo de manutenção desses aparelhos.

70 mil testes rápidos serão aplicados

na indústria baiana
O SESI começou a realizar testes rápidos de Covid-19, que detec-
tam anticorpos contra o coronavírus em indivíduos que não apre-
sentam sintomas, mas que tiveram contato prévio com o vírus. No
total, 70 mil testes IgM/IgC e também o exame RT PCR serão reali-
zados em trabalhadores. Além disso, disponibiliza serviços como
blitz setoriais, com checklist e plano de ação online, e plano para
manutenção e retomadas das atividades produtivas. As ações fa-
zem parte do Programa SESI e Indústria Juntos Contra a Covid-19,
cuja meta é atender 1,4 mil empresas e 100 mil trabalhadores. O
SENAI Bahia tem sido responsável pela captação, coleta e entrega
dos respiradores pulmonares, recuperados por uma equipe que atua no SENAI CIMATEC. A ação devolveu mais
de 200 equipamentos ao estado. Também realiza testes RT PCR e doou mais de 70 mil litros de álcool em gel e
20 mil máscaras face shield a unidades de saúde do estado. O CIMATEC também desenvolveu e entregou apro-
ximadamente 20 túneis de desinfecção, utilizados exclusivamente para hospitais e unidades de saúde da Bahia.

Campanha arrecada R$ 12 milhões

para hospitais do Ceará
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) realizou uma
campanha junto ao empresariado cearense e arrecadou mais de R$
12 milhões para a compra de equipamentos e insumos hospitala-
res, que estão sendo doados ao poder público. Em outra iniciativa,
o IEL Ceará arrecadou cerca de 25 toneladas de alimentos para do-
ação a famílias em situação de vulnerabilidade social no interior do
estado e na capital. O SENAI Ceará desenvolveu o protótipo de um
capacete de respiração assistida de baixo custo, batizado de Elmo,
que minimiza o avanço de dificuldades respiratórias em pacientes
com covid-19. Além disso, o SENAI Ceará atuou consertando res-
piradores (88 já retornaram à rede de saúde), produzindo EPIs (44
mil protetores faciais “face shield”, 30 mil máscaras de TNT e 3.500
aventais), 2 mil litros de álcool em gel e 8 túneis de desinfecção que
foram doados a hospitais públicos. O SESI Ceará adquiriu testes rá-
pidos para disponibilizar a indústrias cearenses, confeccionou 100
mil máscaras de tecido, promoveu capacitação de médicos, ginásti-
ca online para empresa, disponibilizou materiais pedagógicos on-
line e elaborou cartilhas para orientar as empresas.

publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 8 7/1/20 4:08 PM

 Testes gratuitos para indústrias
da capital brasileira
A Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIBRA) trabalha
desde o início da crise de saúde da Covid-19 dando apoio ao indus-
trial. Faz parte do comitê criado pelo governo do DF para buscar so-
luções para os desafios econômicos e sociais provocados pela pan-
demia, levando às autoridades públicas informações qualificadas.
O SENAI, em parceria com a Secretaria de Saúde do DF, está repa-
rando ventiladores pulmonares e já consertou 19 aparelhos. Com
parceiros, produziu mais de 8 mil face shield para distribuição gra-
tuita para a rede de saúde. O SESI iniciou o programa + Diagnósti-
co, que faz testes de Covid-19 gratuitos em trabalhadores da indús-
tria. Após os testes, aplica um protocolo que garante a segurança
de todos nas atividades. Em parceria com o governo do DF, o Banco
de Brasília e o Instituto BRB, o IEL-DF coordena uma ação que en-
volve o Senai-DF para a produção de mais de um milhão de másca-
ras de tecido, que são distribuídas gratuitamente para a população.

Inovação e corrente de doações

fortalecem o ES
A Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES) instituiu um
Comitê de Crise para deliberar as medidas necessárias para pre-
venção e controle da Covid-19. Com apoio do Movimento Capixa-
ba pela Inovação e da FINDES, a Vent Logos ampliou a produção de
aparelhos respiratórios, de 30 para 300 ao mês. Em uma ação con-
junta com indústrias e instituições de ensino, como Ufes e Ifes, fo-
ram produzidos e doados 150 mil protetores faciais ao sistema de
saúde. O Centro da Indústria do Espírito Santo lançou a campa-
nha “Tá Limpo!” para captar recursos e comprar de kits de higiene
para famílias em situação de vulnerabilidade social. Já foram do-
ados 2.700 kits em parceria com a ONG Central Única das Favelas.
Pelo movimento #industriadobem foram doadas 27 mil máscaras
a hospitais, além de 1 mil cestas básicas, 1 mil kits de higiene pes-
soal e limpeza, 2 mil cestas de café da manhã e 1 mil kits de lan-
ches para Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer.

Campanha solidária arrecada mais

de 60 toneladas de alimentos
O projeto FIEG Mais Solidária, da Federação das Indústrias do Es-
tado de Goiás (FIEG), arrecadou e doou mais de 60 toneladas de ali-
mentos desde o início da pandemia. A campanha tem o apoio de
sindicatos, empresários e cidadãos. Em outra iniciativa, a FIEG en-
tregou mais de 12 mil máscaras de proteção facial, das quais 5 mil
para a Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade
e 7 mil para entidades filantrópicas. As máscaras foram produzi-
das pelo SENAI e pela Di Paula Fitness. Integrante da rede voluntá-
ria nacional de manutenção de respiradores, o SENAI de Goiás já
reparou mais de 20 aparelhos. Na última ação, foram entregues 10
ventiladores para o Hospital Maternidade Senador Canedo. A próxi-
ma leva, com 20 respiradores, vai para o Hospital de Campanha de
Águas Lindas, no entorno do DF. A instituição também está cons-
truindo o Laboratório de Biologia Molecular do IST Alimentos, em
Goiânia, que poderá aplicar 1,2 mil testes de diagnóstico molecu-
lar da Covid-19 por dia.

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 Mobilização para reativar a economia
maranhense no pós pandemia
Além das iniciativas relacionadas à saúde e à prevenção ao coro-
navírus – produção e doação de EPIs, testagem, vacinação contra
o H1N1 –, a Federação de Indústrias do Estado do Maranhão (FIE-
MA) iniciou conversas com o poder público para criar medidas que
assegurem a sobrevivência das empresas e a manutenção do em-
prego. Também atuou junto aos bancos para a facilitar o acesso ao
crédito e reduzir custos de financiamento. Na educação, os alunos
do SESI estão em aulas online e, em educação profissional, estão
abertos diversos cursos EaD para preparar os trabalhadores para
o retorno às atividades. Na área da cultura, o projeto Janela Cultu-
ral leva o SESI para dentro dos condomínios de São Luís, com apre-
sentações teatrais, shows, missas e cultos e até o São João foi curti-
do pela janela, com a presença do Bumba Meu Boi.

Mais de 1,8 milhão de máscaras

produzidas em Mato Grosso
O SENAI de Mato Grosso transformou seu maior auditório em uma
área de produção, com fabricação diária de 34 mil máscaras. Até
aqui, foram produzidas mais de 1,8 milhão de unidades. Também
foram fabricados 2,5 mil protetores faciais e 139 respiradores pas-
sam por manutenção. O SESI tem atuado na orientação às indús-
trias sobre protocolos de trabalho seguro, por meio de consultoria,
campanha e diversos eventos virtuais – e vai intensificar a atuação,
oferecendo um programa de gestão e monitoramento da saúde dos
trabalhadores da indústria. Já o Instituto Euvaldo Lodi ofereceu
mentoria gratuita para empresários. Além disso, a Federação de
Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT) integra o comitê de
crise do governo de Mato Grosso, mantém um site atualizado com
informações de apoio ao empresário e trabalhadores e, junto com
universidades, atua em um grupo científico para subsidiar autori-
dades na tomada de decisões com informações baseadas em dados
objetivos e com inteligência.

Mais de 26 municípios beneficiados com

ações do SESI e do SENAI em MS
No Mato Grosso do Sul, os esforços têm sido concentrados em fabri-
car equipamentos de proteção individual e reparo de respiradores
para hospitais. O SESI já doou 240 mil máscaras de tecido para 26
municípios do estado, sindicatos da indústria, instituições parcei-
ras e bairros em situação de vulnerabilidade social, todas adquiri-
das da indústria têxtil local. A estrutura do SENAI já ajudou a fazer
o corte industrial de 217,2 mil máscaras, fabricou outras 8,2 mil,
assim como viabilizou a produção de 40,5 mil litros de álcool para
doação. Na iniciativa + Respiradores, o SENAI estadual e as empre-
sas parceiras já fizeram a manutenção de 108 respiradores de hos-
pitais de 15 cidades do Mato Grosso do Sul.

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 Em Minas, foco é prevenção e
ampliar capacidade de tratamento
A Federação de Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e o
SESI realizam campanhas entre as indústrias mineiras para a ado-
ção de medidas preventivas, visando à saúde dos trabalhadores e da
população. A Federação lidera um movimento que viabiliza ações
de proteção à sociedade. Aproximadamente R$ 200 milhões já foram
levantados, entre recursos e iniciativas como a construção de mais
1 mil leitos para tratamento de pacientes e a doação de 1,5 mil ven-
tiladores mecânicos. O SESI comprou mais de 300 mil testes rápi-
dos de Covid-19 para a população. Além disso, o SENAI já produziu,
para doação para o serviço público de saúde mineiro, 245 mil más-
caras, 6 mil aventais e mais de 54 mil litros de álcool em gel. A enti-
dade também reparou 165 respiradores e participa da desinfecção
de ruas da Região Metropolitana de BH. A FIEMG atuou também na defesa do emprego, realizando acordos his-
tóricos com as três maiores centrais sindicais do país e assegurando a manutenção de 300 mil postos de trabalho.

Consultorias em saúde e gestão

auxiliam empresas no Pará
O SENAI Pará já realizou desde abril a manutenção de 57 respirado-
res, em parceria com a empresa Biomeditech. Em uma ação con-
junta SESI e SENAI, foram doados até agora 6,6 mil face shields para
profissionais de saúde. Com a Sococo, 28 mil caixinhas de água de
coco foram doadas a instituições de saúde de Belém e Ananindeua.
O SESI também tem apoiado as indústrias com orientações médicas
sobre a Covid-19 e atendimentos psicossociais. Desde março, mais
de 9 mil trabalhadores de 49 indústrias foram imunizados contra
o H1N1. Outra ação do SESI é o trabalho de prevenção de Covid-19
para trabalhadores da construção civil, que já beneficiou 583 traba-
lhadores de 12 empresas. Por último, o SESI Pará também atua na
produção de material educativo sobre Covid-19 em Saúde e Seguran-
ça do Trabalhador, somando 88 empresas atendidas. Para ajudar a
superar a crise nas indústrias, o IEL dará consultoria gratuita para
ajudar a melhorar os resultados das empresas na área de gestão.

Túnel de desinfecção chega

a hospital de João Pessoa
O SENAI na Paraíba realizou a entrega do primeiro Túnel de Des-
contaminação para um hospital do estado, projetado e desenvolvido
pela equipe técnica do Instituto SENAI de Tecnologia em Automa-
ção Industrial que também tem realizado manutenção em respi-
radores. Já foram confeccionadas e doadas para sindicatos indus-
triais e órgãos públicos de saúde, máscaras de tecido, face shields,
EPIs e álcool gel. Também foram distribuídas pelo SESI cartilhas
de orientação e do Protocolo de Segurança das Atividades Indus-
triais em Tempos de Covid-19.

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 Sistema Fiep investiu R$ 2 milhões
no combate à pandemia
O Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) já investiu R$ 2
milhões em ações no combate à pandemia. Entre elas estão a entrega
de 100 mil máscaras e 3 mil litros de álcool em gel para indústrias; a
compra de 24 toneladas de tecido para a confecção de 8 milhões de
máscaras cirúrgicas por 150 indústrias. Unidades do Sistema Fiep,
em parceria com empresas parceiras, produziram 27 mil peças (su-
portes e face shields) entregues a profissionais de hospitais e uni-
dades de saúde. O SENAI, em parceria com a TNS Nanotecnologia,
desenvolveu spray que cria revestimento antiviral em superfícies,
reduzindo o risco de contágio. E, em parceria com a Hi Technolo-
gies, criou o Hilab, equipamento que diagnostica o coronavírus em
apenas 10 minutos. O teste foi disponibilizado a preços acessíveis às indústrias e sindicatos, por meio do SESI.
O Edital Saúde Tech PR, parceria do SENAI e do governo do Paraná, destinou R$ 1 milhão para o financiamento
a dez projetos que visam o combate à pandemia.

Pernambucanos fazem campanha para

arrecadar recursos contra a Covid-19
Em Pernambuco, a Federação de Indústrias do Estado de Pernambu-
co (FIEPE) liderou a campanha “Pelos Heróis da Saúde”, que arreca-
dou mais de R$ 633 mil. O recurso foi usado na aquisição de 328 mil
EPIs. Todos os equipamentos foram doados a 10 hospitais. Também
com o apoio da FIEPE, o SENAI confeccionou 40 mil máscaras de
tecido para indústrias e colaboradores das instituições. Além disso,
desde abril, o SENAI recuperou 12 respiradores e, em maio, a ins-
tituição uniu forças com a Jeep, em Goiana, para acelerar a entre-
ga. Juntas, as instituições já receberam mais de 140 equipamentos
para conserto. Atuando para minimizar o risco de contágio, o SESI
espera aplicar 12,5 mil testes em industriários do estado. A institui-
ção também realizou ações de promoção de saúde em dois bairros
do Recife, localizados próximos a unidades do SESI. Ao todo, mais
de 500 pessoas foram beneficiadas com aferição de pressão, medi-
ção de glicose e testagem para a Covid-19.

Piauí passa a contar com testagem

rápida do SESI
A Federação de Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI) iniciou em
junho o serviço de teste rápido da Covid-19 (IgG/IgM) nas indús-
trias, por meio da área de saúde do SESI. O serviço se soma a vá-
rias ações desenvolvidas pela instituição no combate à pandemia,
entre elas a doação de impressoras 3D, 130 kg de insumo para im-
pressoras e máscaras produzidas em 3D para a rede de saúde pú-
blica. O SENAI também produziu e doou milhares de máscaras de
tecido e descartáveis, além de 3 mil litros de água sanitária para sa-
nitização de espaços públicos.

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 Novo método testará várias
pessoas ao mesmo tempo
O SENAI, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Química Ver-
de, e a Petrobras disponibilizaram gratuitamente o protocolo de base
científica para implementação de novo método de testes em massa
de Covid-19. O Pooling Multiplex é mais ágil e econômico, permitin-
do a avaliação de várias pessoas simultaneamente. A Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) mobilizou empresas
de diversos setores para garantir a doação de 36 mil litros de álcool
a hospitais. Nas Regiões Metropolitana e Serrana do Rio, a federa-
ção fez grande doação de álcool, produtos hospitalares, como más-
caras e luvas, de limpeza e de higiene pessoal. A instituição cedeu
à Prefeitura do Rio de Janeiro por um ano a unidade SESI Honório. O local, fechado desde 2017, tem 31 mil m2 e
está em uma área de grande densidade populacional com alto índice de vulnerabilidade social. Todas as ações in-
tegram o Programa Resiliência Produtiva, conjunto de ações elaboradas pela FIRJAN para enfrentar a pandemia.

Respirador a la
potiguar
O SENAI desenvolveu um respirador mecânico invasivo, o Canin-
ga, destinado a casos graves de Covid-19 em UTIs. Criado em par-
ceria com as universidades federais do Rio Grande do Norte e de
Campina Grande, o projeto está em testes para ser submetido à An-
visa e foi aprovado em edital do IBP e Petrobras. Além disso, pro-
duziu 5 mil máscaras face shields para a rede hospitalar, doou 150
mil máscaras de tecido e consertou 118 respiradores. O SESI rea-
lizou 2,9 mil testes rápidos na indústria e imunizou 2 mil pessoas
contra Influenza. O IEL mantém atendimento online com consul-
toria empresarial, em estágio e educação. A Federação de Indús-
trias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) elaborou o Plano
de Retomada Gradual da Economia, adotado pelo governo estadu-
al, e o caderno de Protocolos de Bioprevenção para retorno das ati-
vidades econômicas, fez a Campanha Sistema FIERN Solidário e
oferece plantões de assessoria jurídica, psicológica e empresarial
durante a pandemia.

Gaúchos têm rigor na prevenção e apostam

em tecnologia contra Covid-19
O SESI lançou o Programa de Gestão de Casos de Covid-19, que in-
clui triagem e testagem rápida. O Autodiagnóstico de Boas Práti-
cas para Controle e Prevenção da Covid-19 realiza um diagnóstico
quanto ao cumprimento das orientações dos órgãos governamen-
tais e auxilia as indústrias na adoção das medidas. O SOS Psicosso-
cial Coronavírus é um serviço gratuito de saúde mental para ajudar
o bem-estar dos trabalhadores. Com apoio do Edital de Inovação
contra o coronavírus, o SENAI e a indústria estão desenvolvendo
luvas; um sistema de triagem inteligente para reduzir a contami-
nação de profissionais de saúde durante o atendimento; e um sis-
tema que identifica e rastreia sem contato pessoas hipertérmicas
em ambientes com aglomeração. O SENAI e parceiros produziram
3 mil protetores faciais, 1,9 mil uniformes hospitalares, 67 mil más-
caras de TNT, 4,5 mil máscaras de tecido e 1,6 mil unidades de ál-
cool glicerinado 80% . O SENAI também consertou 55 equipamen-
tos hospitalares.

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 SESI ajuda empresas na retomada
em Rondônia
Em Rondônia, as entidades desenvolveram diversas ações para au-
xiliar a indústria e a população. O SESI criou uma consultoria para
orientar as empresas na retomada das atividades com segurança,
por meio de seis protocolos sobre Medidas Legais; Medidas Gerais
de Prevenção; Medidas de Comunicação; Medidas de Controle; Me-
didas de Higiene. Já o SENAI concentrou esforços na fabricação de
EPIs que atendem os protocolos sanitários do Ministério da Saúde.
Em Parceria com as empresas Termonorte e Energisa, promove a
manutenção de respiradores artificiais e outros equipamentos da
rede pública do Estado.

Mentoria gratuita para superar os desafios da

pandemia em Roraima
Em Roraima, o SESI atua na orientação às indústrias sobre protoco-
los de trabalho seguro e formas de prevenção, realizou a campanha
de imunização contra gripe, com atendimento de 3 mil trabalhado-
res de 50 indústrias, disponibilizou gratuitamente a Ginástica Labo-
ral, por meio do atendimento on-line e está adquirindo 5 mil testes
rápidos para Covid-19. O SENAI tem firmado parcerias com empre-
sas e instituições para efetivação de ações voluntárias de confecção
de 31 mil máscaras, aventais e EPIs hospitalares, fez a manutenção
de 55 equipamentos hospitalares, e instalou um Túnel de Desinfec-
ção no Hospital de Campanha do Exército. Já o IEL oferece mento-
rias gratuitas para apoiar empresas e trabalhadores nos desafios em
meio a pandemia. Além disso, a Federação de Indústrias do Estado
de Roraima (FIER) mantém articulação permanente para a flexibi-
lização do funcionamento das indústrias, participação no plano de
retomada total das atividades e realizou três pesquisas com empre-
sas industriais para subsidiar as tomadas de decisão.

Indústria busca segurança no retorno e

manutenção de empregos em Santa Catarina
As ações da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
(FIESC), SESI, SENAI e IEL visam assegurar a segurança na reto-
mada das atividades econômicas, a garantia de empregos e do de-
senvolvimento de projetos para o enfrentamento da Covid-19. A
FIESC articulou a criação do Fundo Empresarial para Reação Ar-
ticulada de Santa Catarina Contra o Coronavírus, para receber do-
ações. Negocia com governos, trabalhadores, Ministério Público e
outras instâncias as formas de reinício das atividades e adiamen-
to e parcelamento de compromissos tributários. O SESI desenvol-
veu o Protocolo Corona, com serviços para garantir mais seguran-
ça no ambiente de trabalho. O SENAI presta consultoria ampliar
a produção de ventiladores, conserta equipamentos, dá consulto-
ria técnica para a produção de 500 mil de face shields, 24 milhões
de máscaras cirúrgicas e de 26 milhões de máscaras comuns por
mais de 70 empresas. O IEL mantém um portal, com central de
atendimento para esclarecer dúvidas das indústrias.

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 Mais de 7,6 milhões de refeições gratuitas
chegam a comunidades carentes de SP
Para ajudar no combate ao coronavírus, mais de mil profissionais do
SESI produziram 6,5 milhões de refeições para comunidades caren-
tes em todo o estado. Em julho, a estimativa é chegar a 7,6 milhões
de refeições oferecidas gratuitamente. A Federação de Indústrias
do Estado de São Paulo (FIESP), por meio do SESI, vai distribuir 100
mil cobertores. Além disso, as unidades do SESI e do SENAI estão
recebendo doações para ajudar pessoas em vulnerabilidade social.
O SENAI está produzindo mais de 1 milhão de frascos de álcool em
gel distribuídos às comunidades carentes e 1 milhão de máscaras
cirúrgicas para hospitais e Santas Casas. Além disso, a unidade da
Vila Leopoldina, na capital paulista, faz parte de uma rede que está
reparando mais de mil respiradores em todo o Brasil. Até agora a
unidade recuperou 157 aparelhos. A escola também treinou profis-
sionais das montadoras para realizar esse trabalho.

Sergipe discute caminhos para

retomada econômica
O SENAI de Sergipe tem realizado a interlocução com o SENAI CIMA-
TEC, da Bahia, para a manutenção de respiradores da rede hospita-
lar do estado. Há uma projeção de distribuição de 25 mil máscaras
de tecido, produzidas pela instituição em parceria com a indústria
têxtil local e SESI. O SESI distribuiu à população sergipana 10 mil
máscaras de tecido, produzidas em parceria com o SENAI, além de
atuar nos protocolos de retorno às atividades e continuidade. A Fe-
deração de Indústrias do Estado de Sergipe (FIES) solicitou a am-
pliação dos prazos para pagamentos de despesas processuais para
os industriais e, junto com outras instituições, solicitou ao gover-
no estadual um plano que preserve a economia e a geração de em-
pregos. Representantes da Federação também têm participado de
várias reuniões virtuais para discutir com a sociedade sergipana os
caminhos para retomada das atividades econômicas. O IEL Sergipe
tem realizado palestras virtuais, apresentando propostas especial-
mente voltadas para o tema inovação e gestão de pessoas em tem-
pos de pandemia.

Parcerias intensificam ações

contra Covid-19 no Tocantins
A Federação de Indústrias do Estado de Tocantins (FIETO), o SESI,
o SENAI e o IEL no Tocantins firmaram parcerias com indústrias,
empresários, instituições públicas e privadas com foco na preven-
ção da doença por meio da distribuição de mais de 84 mil másca-
ras, 12 mil frascos de álcool 70%, 9 mil frascos de sabão líquido e
mil jalecos. Para auxiliar os municípios, foram doadas 10 mil ces-
tas básicas com o apoio da CNI. Em parceria com a General Mo-
tors, o SENAI já realizou a manutenção gratuita de 13 respiradores
e 20 monitores. Mais de 6,8 mil trabalhadores da indústria foram
imunizados contra H1N1 em ação que busca evitar casos graves no
caso de contágio pela Covid-19. Além disso, os 42 cursos online de
aperfeiçoamento disponibilizados somam mais de 4 mil matrícu-
las. Para orientar o empresário a ter acesso ao crédito mais de 500
atendimentos online já foram feitos desde o início da pandemia.

publi_SENAI_istoe_dinheiro_202_266_V2.indd 15 7/1/20 4:12 PM

Cobiça Tempo de sofisticação
por klester cavalcanti Com mais de 160 anos de tradição, a Montblanc é uma das grifes de luxo mais respeitadas
do mundo, célebre por seus relógios robustos e elegantes. Das fábricas da marca, nas
montanhas suíças do Vale do Jura, acaba de sair uma nova linha, cuja inspiração são as
geleiras e os ambientes nevados. Segundo a companhia, a linha 1858 continua o legado
da história da Minerva, fábrica adquirida pela Montblanc, em 2008, “unindo o passado
e o presente por meio de design, estilo e inovação técnica”.

 Geosphere
O Geosphere é um dos
principais ícones da linha
1858, com dois globos
giratórios. Na coleção 2020,
é feito de titânio grau 5 –
leve e ultrarresistente – e
combina detalhes em tons
de azul e gelo, inspirado nas
cores das geleiras. Segundo
Monopusher Chronograph
a grife, esses elementos Essas duas peças pertencem à mesma série, a
criam uma aparência ao Monopusher 1858, um dos pilares técnicos da marca.
mesmo tempo fria e O nome remete ao fato de ambos possuírem apenas
moderna. Para reforçar a um botão empurrador (daí, o “monopusher”) para as
elegância, a peça tem uma funções do cronógrafo. Na versão atual, a Montblanc
estilosa pulseira de couro reinterpretou um modelo histórico, criado nos anos
1930. O novo Monopusher 1858 apresenta mostrador
italiano, produzida em
preto e dois contadores. Com design vintage, a linha
Florença, na Itália. A caixa
possui ponteiros revestidos de ouro rosé e caixa de
tem 42mm, moldura 42mm. A diferença entre eles está na pulseira.
canelada de aço inoxidável, Um (acima à esq.) tem a nova pulseira Nato, feita
aprimorada com uma de tecido trançado, num tom bege e confeccionada
cerâmica azul brilhante, na França. Com edição limitada a 1858 unidades,
e mostra os quatro pontos seu preço sugerido é R$ 32,9 mil. O outro relógio
cardeais luminescentes. tem pulseira de legítimo couro de bezerro,
O relógio custa R$ 34,1 mil. produzida em Florença, e custa R$ 28,6 mil.

Clássico e valente
Nos anos 1960, os carros da montadora italiana Alfa Romeo faziam
sucesso em todo o mundo, tanto dentro quanto fora das pistas. Uma
das máquinas emblemáticas da época era o cupê GTA Giulia Sprint.
Fabricado em 1966, trata-se de um elegante sedan esportivo,
US$ 575 mil
desenhado pelo departamento de automóveis de corrida da Alfa
Romeo e pintado com um vermelho intenso. Esse belíssimo senhor
de 54 anos acaba de ser colocado à venda pela Gooding
& Company, famosa por seus leilões
de carros clássicos. Com
motor de 4 cilindros, caixa
manual de cinco marchas e
potência de 170 cavalos, não
sai por menos de US$ 575 mil
(R$ 3 milhões).

56 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: divulgação

 Um Patrimônio em forma de anel
Considerado um dos mais belos e intrigantes monumentos arqueológicos do mundo, as formações
de Stonehenge (no detalhe), na Inglaterra, acabam de virar joia. Esse Patrimônio da Humanidade
de cerca de 5 mil anos foi replicado dentro de um anel. A peça foi criada pelo estúdio britânico
Theo Fennell, que fabrica joias na Fulham Road, em Londres, há mais de 40 anos. Feito de ouro
18 quilates, o anel tem uma abertura na parte superior que, ao ser levantada, revela a réplica perfeita
de Stonehenge. Ele foi projetado para celebrar o solstício de verão, quando, segundo a arqueologia,
os povos antigos da região faziam seus rituais entre as enormes rochas da construção – algumas pesam
mais de 50 toneladas –, uma das edificações megalíticas mais fascinantes do planeta.
Com tanta beleza e riqueza histórica juntas, não é de se estranhar o preço do anel: US$ 28 mil.

Gin de alma espanhola

Criado a partir de sete destilações – muitas delas centradas em plantas
cítricas –, o Le Tribute é um gin vibrante, com notas de capim-limão e
zimbro. É importante destacar que foi desenvolvido pelo mesmo time que
criou o internacioalmente celebrado Gin Mare, também produzido pela
destilaria espanhola MG. Todos os ingredientes do Le Tribute são
criteriosamente selecionados, desde a colheita. A bebida usa dois tipos de
laranjas da região de Valência e limões de Sevilha, ambas as frutas
marinadas juntas, para garantir um destilado perfeitamente equilibrado.
Também são utilizados três tipos de uvas, toques de gengibre e kumquat,
pequena fruta cítrica de origem asiática. Tudo isso sobre uma base
alcoólica de trigo e cevada da mais alta
qualidade. O resultado
é uma bebida deliciosa e
extremamente refrescante.
E ainda há a belíssima
garrafa. Desenhada
para se parecer com
um frasco de
remédio antigo,

“O luxo tem de é feita de vidro

canelado, com

ser confortável.
detalhes de cobre.
Com 700 ml, custa
em torno de
Ou não é luxo” 40 euros.

Coco Chanel

Dinheiro 08/07/2020 57
ESTILO

Palácio sobre
as águas
Klester CAVALCANTI

Com 140 metros de comprimento, o Flying Fox é o maior iate do mundo

disponível para aluguel e tem todo tipo de mordomia, incluindo spa,
alta gastronomia e clínica a bordo. E custa US$ 4 milhões por semana

S
eus hóspedes podem desfrutar de um belo spa de dois anda-
res, um centro de mergulho profissional, cinema dois heli-
pontos, a maior piscina transversal do mundo, uma clínica
médica e cinco chefs de cozinha. Não. Não estamos falando
de um hotel. Tudo isso está à disposição dos felizardos a
bordo do Flying Fox, o maior iate disponível para aluguel
do mundo. Com 140 metros de comprimento, esse fabuloso barco foi
construído sob encomenda para um bilionário cuja identidade jamais
foi revelada. O que se sabe é que ele queria um iate para surpreender
e deslumbrar a todos os seus convidados. Até hoje, ninguém se de-
cepcionou. O melhor de tudo é que o Flying Fox pode ser alugado por
qualquer mortal, desde que esse mortal possa pagar os US$ 4 milhões
que custa uma semana a bordo dessa mansão dos mares.
Com seis andares, o barco teve sua viagem inaugural no ano
passado e dispõe de todas as comodidades de luxo que se possa
imaginar. E outras que a gente nem imagina. Na parte traseira,
o grande destaque é uma piscina transversal de 10 metros de
comprimento – a maior de qualquer iate do planeta –, com uma
parede retrátil que pode dividir o espaço ao meio. Com isso, você
pode escolher, de acordo com o seu humor e o clima do dia, se quer
tomar banho de água doce ou salgada e se quer água quente ou
fria. A suíte master, localizada no convés principal, tem 30 metros
quadrados e conta com lareira a gás e jacuzzi privativa. Para o caso
de você ser dono de um helicóptero, há duas áreas de aterrissagem.
A principal fica na popa e tem 60 pés (pouco mais de 18 m) e a
outra, localizada na proa, tem 49 pés (15 m).

58 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: divulgação

 Nem parece um barco A suíte master (à esq.) tem
30 m2, lareira e jacuzzi. O iate ainda possui cinema (acima)
e áreas comuns espaçosas e decoração sóbria (abaixo)

personagens Na sala em que Chopin tocou

sua última mazurka (acima), hoje há um piano em
A construção do Flying Fox levou três anos e foi totalmen- homenagem ao gênio da música. Napoleão
te coordenada pela Imperial Yachts, uma das mais respeitadas (abaixo) também frequentava a joalheria
companhias do setor no mundo. “A idéia era fabricar um iate com
design sofisticado e meticulosamente projetado para encantar”,
divulgou a empresa, quando da inauguração do barco. Um dos mui-
tos pontos altos da embarcação é a harmonia perfeita entre a mais
alta tecnologia de arquitetura e comodidade. Há um terraço de
quase 40m2, que à noite se transforma em pista de dança para ba-
ladas, com equipamentos de som e de luz de última geração. O spa
tem dois andares e dispõe de lobby com piso de calcário aquecido
digitalmente e painéis de carvalho. Seus corredores levam à área
onde ficam a sauna, o banho turco, a jacuzzi e a sala de relaxamen-
to, com uma varanda que se projeta sobre o mar. Bem ali ao lado
está o centro de mergulho, que inclui uma câmara de descompres-
são para até três pessoas e equipamentos profissionais que per-
mitem descer a até 80m de profundidade. E todas essas atividades
são monitoradas por uma equipe altamente preparada. No Flying
Fox, todos os instrutores de esportes, ginástica e mergulho são ex-
atletas olímpicos ou ex-militares britânicos. São 54 funcionários a
bordo para servir o máximo de 25 convidados. Ou seja, são mais de
duas pessoas trabalhando para cada viajante.

PRAZER À MESA Entre esses 54 tripulantes, há um time médico

permanente, que atua numa clínica sempre conectada a um hospital
em terra firme. Mas nenhuma equipe recebe tantos elogios dos
convidados quanto a turma que trabalha na cozinha, localizada na
boa vida A piscina (acima) é a maior do mundo num iate. Entre as
popa, ao ar livre. Há cinco tipos de fornos mordomias, cinco chefs e centro de mergulho profissional (abaixo)
– incluindo um para pizza e duas churras-
queiras –, comandados por cinco chefs, com
especialidades que vão da gastronomia espa-
nhola à árabe e à oriental. Já houve jantares
a bordo com foco na cozinha japonesa, nos
quais os sushis foram preparados com pei-
xes que haviam acabado de ser pescados. Um
dos rotisseries pode levar até um cordeiro
inteiro ao fogo. Com tantos atrativos, o difí-
cil vai ser desembarcar do Flying Fox. Agora,
só falta arrumar os US$ 4 milhões.

Dinheiro 08/07/2020 59
 LIVE

Major Olímpio Michel Temer

Gomes
SENADOR DA REPÚBLICA
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

7.julho • Terça ÀS 15HORAS 7.julho • Terça ÀS 17H

A ATUAÇÃO DO A POLÍTICA
Tema SENADO NO COMBATE Tema BRASILEIRA EM
AO CORONAVÍRUS. TEMPOS DE PANDEMIA.

Camilo João
Santana Amoêdo
GOVERNADOR DO CEARÁ FUNDADOR DO NOVO

10.julho • Sexta ÀS 15HORAS 10.julho • Sexta ÀS 17HORAS

Tema COMO OS GOVERNADORES

ESTÃO ENFRENTANDO A COVID-19.
Tema COMO A COVID-19 AFETA
A POLÍTICA BRASILEIRA.

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anuncio_LIVE_istoe_Major_Temer_Camilo_Amoedo.indd 2 7/1/20 11:42 AM

FUNDOS IMOBILIÁRIOS A casa de análises Suno Research anunciou
a criação do índice Suno 30 FIIs (SNFI) com o objetivo de ser uma referência para o mercado de fundos de investimentos imobiliários.
Ele é composto pelos 30 ativos de maior patrimônio líquido entre os fundos que fazem parte do IFIX, o índice de referência dos
investimentos imobiliários. O SNFI prevê distribuição igualitária das fatias dos participantes e revisões trimestrais da carteira. A criação
da referência da Suno acontece num momento de forte crescimento de investidores e de necessidade de mais informações sobre o
mercado. No início de 2017, o número de investidores nessa categoria de ativos pouco superava os 100 mil. Agora, são mais de 848 mil.

17,8% Perdedoras e
vencedoras
Depois de seis circuit breakers, a maior quantidade já
Saiba quais ações registraram maior
registrada num ano, e de uma queda acentuada de ações queda e maior alta no semestre
seguida por uma rápida recuperação, o primeiro semestre (em %)
de 2020 terminou, enfim, com uma baixa de 17,8% do Baixas
Ibovespa. Os agitados últimos seis meses das negociações -71,8 -65,5 -59,0 -58,6 -57,9
na B3 trouxeram a maior queda semestral desde a
segunda metade de 2015. Além disso, o dólar se elevou em
35,6%, a maior alta desde o segundo semestre de 2008.
A maior valorização, no entanto, foi a do ouro, com 53%.
Esses resultados históricos poderiam ter sido ainda mais IRB Brasil Azul Embraer CVC Cia. Hering
fortes se não fosse a veloz retomada dos preços dos ativos
ocorrida no segundo trimestre. O Ibovespa subiu 31%, Altas
entre abril e junho, recuperando grande parte das perdas 70,3
do ano. Desde o vale mais profundo, em 23 de março, a 50,3 46,8
recuperação ficou acima de 40%. Mesmo assim, a bolsa 37,1 29,3
brasileira foi a que mais se desvalorizou em dólares no
ano, entre os principais países emergentes, tendo atingido
39,5% de queda, contra 29,1% do México, 23,1% da África B2W Magazine Luiza Weg Via Varejo B3
do Sul, 21,7% da Rússia e 21,1% da Argentina. Fonte: B3

O volume alocado pela indústria de fundos em investimentos no exterior atingiu, em maio,

o valor R$ 278,5 bilhões, o equivalente a 5,65% do patrimônio total do setor. Como forma de
comparação, a fatia dedicada a ações é de 8,5%, segundo levantamento da Economática.
INVESTIR NO Ao fim de 2019, a indústria de fundos alocava R$ 146,9 bilhões em investimentos no exterior.
Dessa forma, houve crescimento de 89,59% no ano, até maio. O Itaú Unibanco tem o maior

EXTERIOR volume em investimentos externos, R$ 59,9 bilhões, tendo realizado um crescimento de

525% no valor desde o fim de 2019. Na sequência, vêm a Canvas Capital (R$ 33,6 bilhões) e a
BW Gestão (R$ 26,5 bilhões).

Dinheiro 08/07/2020 61
Dinheiroemação Por cArlos eduardo valim

bolsa
maiores altas da semana*

Pague Menos pode Ação Setor

HERCULES Industrial 78,00
%

sair na frente em IPOs

TEX RENAUX Têxtil 59,04
HAGA S/A Industrial 51,40
SPRINGER Industrial 38,61
A rede de farmácias Pague Menos, BTG BANCO Financeiro 37,19

fundada em Fortaleza pelo empresá- maiores baixas da semana*

rio Deusmar de Queirós, pode fazer a Ação Setor %
primeira oferta inicial de ações na B3 ALFA CONSORC Financeiro -10,00
do segundo semestre. Ela entrou com EUCATEX Industrial -10,52
pedido de registro de ações na ACO ALTONA Industrial -13,13
AZEVEDO Industrial -19,12
Comissão de Valores Mobiliários e tem ELEKEIROZ Energia -31,48
previsão de listar as suas ações até o Fonte: Austin Rating * 23/06 a 30/06

fim de agosto. A empresa vem, há

mais de cinco anos, preparando um
IPO e quer aproveitar a janela de opor- Termômetro do mercado
tunidade para captar R$ 1,5 bilhão. o ibovespa em um ano * pontos
Ibovespa 96.203
Com isso, promoveria a saída do investimento da gestora General Atlantic e a Mínima 63.570
Máxima 119.528
chance de levantar caixa. Já a Aura Minerals prepara a oferta de Brazilian
Fonte: Economática *01/07/2020
Depository Receipts (BDR), papéis de empresas sediadas no exterior, para se tor-
nar a primeira mineradora de ouro na B3. Com operações em Brasil, Honduras e I B OV E S P A em milhares de pontos

México, ela tem ações negociadas no Canadá. Já a Caixa Seguridade vê uma jane- 1200
la de oportunidade para o seu IPO em outubro, segundo Pedro Guimarães, presi-
dente da Caixa. Outro movimento envolvendo empresas brasileiras aconteceu 950
com a XP protocolando, na segunda-feira (29), na Securities and Exchange 700
Comission (SEC), prospecto para follow-on de ações. JUn 19 Dez 19 Juni 20
*Até 23/06/2020

Automação Pensão

Robôs ajudam braço financeiro VRB lança o primeiro fundo

da VW a renegociar contratos
A área de crédito no Brasil da Volkswagen Financial
Services, operação financeira da montadora Volkswagen,
passou a utilizar robôs no processo de renegociação de con-
tratos. O objetivo é reduzir o tempo de trabalho pela metade,
num momento em que empresas da cadeia de fornecimento
e clientes sofrem com os efeitos da crise por conta da Covid-
19. Com a aquisição de software de RPA (Automação de
Processo Robótico, na sigla em inglês) desenvolvido pela
UiPath, conseguiu concluir a renegociação de mais 1 mil
contratos de um mesmo cliente em apenas cinco dias.
de fundos previdenciários
O VRB, projeto de investimento com impacto social, lançou
um fundo formado por um conjunto de fundos de previdên-
cia, cuja meta de rentabilidade anual flutuará entre CDI
+3% e CDI +5%. Com apenas R$ 5 mil o investidor terá aces-
so, na plataforma da XP, à inteligência de alocação dos maio-
res gestores de fortuna do País, como Turim MFO, UBS
Consenso, BWGI, Tera Capital e XP Advisory. Para ser clien-
te, é necessário ter entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões de
patrimônio. O produto tem viés social, já que um terço da
taxa de administração do fundo é revertida para projetos.

desempenho Melhor Desempenho % 30 dias % 12 meses PIor Desempenho % 30 dias % 12 meses

Consumo e Varejo 10,38 59,94
das empresas Tecnologia e Internet 30,68 43,21
por setor Papel e Celulose 3,50 24,32
de atividade Telecomunicações 7,34 18,07
Mineração 5,12 1,15
Imobiliário e Construção 23,33 -15,67
Industrial 17,38 -18,66
Petroquímico 0,67 -23,55
Petróleo e Gás 11,04 -24,56
Financeiro 9,36 -38,52
Fonte: Austin Rating de 30/jun/2020

62 Dinheiro 08/07/2020 fotos: Jarbas Oliveira/Valor i divulgação

Recuperação judicial Impostos

Entidade pede extensão do IOF zero

A Receita Federal deveria estender a alíquota zero do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) até dezembro deste ano, pediu a
Associação Comercial do Rio de Janeiro. Segundo a entidade, seria o
prazo ideal para que mais de 1 milhão de pequenos e médios empre-
sários, responsáveis por 60% dos empregos formais no País, possam
ter crédito barato, além de reduzir perdas de lucratividade e enfren-
tar as dificuldades de fluxo de caixa decorrentes das políticas de dis-
tanciamento social. A medida de desoneração do Ministério da
Economia, que deve gerar um impacto de R$ 7 bilhões nas contas
Santander tem exposição de públicas, era válida para operações de crédito contratadas até o fim
de junho. O mercado, no entanto, percebeu uma queda de 20% nas
500 milhões de euros à Latam operações de crédito de MPEs junto ao BNDES.

O grupo Santander está exposto em quase 500 Captação

milhões de euros à Latam Airlines, companhia aérea
de controle chileno que pediu recuperação judicial no
último mês. A informação é no jornal espanhol
A.Gutierrez levanta US$ 30 milhões
Expansión. O impacto se deve principalmente na ope- Na sexta-feira (27), a Andrade Gutierrez International captou US$
ração do banco europeu no Chile, onde tem parceria 30 milhões no mercado internacional. A iniciativa ocorreu por meio
no programa de milhagens da Latam. Por enquanto, o da reabertura de operação realizada emRISCO-PAÍS
dezembro do ano passado,
Santander não planeja reavaliar ou reconhecer per- que somou US$ 425 milhões, com rendimento EMBI de 9,5%
+ BR (fimedevencimento
mês)
480.0
das desses ativos, mas prevê que uma possível quebra em 2024. A captação permitiria pagar os cupons dos papeis que ven-
da empresa aérea traria problemas a seus negócios. A ceram em 30 de junho, no valor de US$386.6
20,7 milhões, e de outros que
companhia aérea pediu recuperação judicial no Chile, vão vencer em 30 de dezembro, de mais293.3
US$ 22,1 milhões. O aumen-
Equador, Peru, na Colômbia e nos EUA. to da emissão tem ações da CCR detidas200.0
pela AG como garantia.

Jun/19
Jul/19
Ago/19
Set/19
Out/19
Nov/19
Dez/19
Jan/20
Fev/20
Mar/20
Abr/20
Mai/19
30/Jun/20
As 10 mais negociadas do Ibo­v es­pa rentabilidade dos títulos públicos (%)
JUROS
*30/jun/20 (inclui JS = Juros Semestrais)
FUTUROS 30/06/2020

Ação Classe Co­ta­ção (R$) *% mês % ano % 12 M % Índice % ao ano

Título Venc. Indexador 2,15Últim. 30 dias ano * 12 meses
Vale ON - - 4,9 7,0 10,700
Tesouro Selic 01/03/2021 Selic
2,10 0,21% 1,73% 4,58%
ItauUnibanco PN - - -29,1 -25,2 7,006
Tesouro Prefixado (JS) 01/01/2021 Prefixado 0,26% 3,34% 7,64%
B3 ON - - 31,4 49,5 6,537 Tesouro IPCA+ (JS) 15/08/2020 IPCA 2,05 0,92% 0,64% 5,01%
Petrobras PN - - -28,6 -18,7 5,662 Tesouro IGPM+ (JS) 01/04/2021 IGP-M 2,49% 5,43% 12,06%
Bradesco PN - - -36,6 -36,0 5,127
2,00
Tesouro Prefixado 01/01/2021 Prefixado 0,26% 3,40% 7,81%
Petrobras ON - - -30,2 -24,3 3,830 Ago/20 Out/20 Dez/20 Fev/21
Ambev S/A ON - - -24,3 -18,5 3,579
Magaz Luiza ON - - 50,3 173,4 2,756 RISCO-PAÍS BACEN//DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL
Brasil ON - - -38,3 -37,9 2,651
EMBI + BR (fim de mês) Em % do PIB
Itausa PN - - -29,3 -20,5 2,505 480.0
Fonte: Economática *01/07/2020 83,0
386.6
293.3 79,5

bolsas no mundo 200.0 76,0

30/06/2020 Cotação (moeda local) Variação (US$)
Jun/19
Jul/19
Ago/19
Set/19
Out/19
Nov/19
Dez/19
Jan/20
Fev/20
Mar/20
Abr/20
Mai/19
30/Jun/20

Mercado Índice Pontos % mês % ano % 12 m. % mês % ano Mai/18 Mai/19 Mai/20
Brasil Ibovespa 95.056 8,76% -17,80% -6,20% 9,75% 11,67%
BACEN//RESULTADO PRIMÁRIO S. PÚBLICO
Brasil IBrX 40.213 8,97% -18,28% -4,30% 9,97% 11,02%
JUROS FUTUROS 30/06/2020
Em % do PIB
EUA Dow Jones 25.813 1,69% -9,55% -3,39% 1,69% -9,55%
% ao ano
EUA Nasdaq 10.059 5,99% 12,11% 24,32% 5,99% 12,11% 2,15 16,6
Japão Nikkei 22.122 1,11% -6,49% 1,69% 1,11% -7,13%
2,10
China CSI 300 4.164 7,68% 1,64% 5,76% 8,80% 0,16%
8,3
Alemanha DAX 30 12.311 6,25% -7,08% -1,68% 5,04% -7,06% 2,05
França CAC 40 4.936 5,12% -17,43% -11,35% 3,93% -17,42%
2,00 0
Reino Unido UKX 6.170 1,53% -18,20% -18,38% 1,12% -12,61%
Fonte: Austin Rating Ago/20 Out/20 Dez/20 Fev/21 Mai/18 Mai/19 Mai/20

BACEN//DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL Dinheiro 08/07/2020 63

Em % do PIB
Dinheiroemfoco por marcelo de paula
indicadores econômicos

nú m ero da s em a n a PIB Crescimento (Fonte: Banco Central) 1° Tri/20 4° Tri/19 3° Tri/19 2° Tri/19 2019

37,4%
PIB (dessaz.) -1,5% 0,4% 0,5% 0,5% 1,1%
Será a redução no lucro operacional médio PIB em US$ bilhões * 1.781,0 1.840,0 1.850,1 1.823,9 1.840,0
de companhias brasileiras em 2020, segun- Atividade ** mai/20 abr/20 mar/20 fev/20 No ano
do projeção do Banco de Compensações Produção Industrial (IBGE) - -27,2% -3,7% -0,4% -8,2%
Internacionais (BIS), por causa da paralisa- Volume de vendas no varejo restrito (IBGE) - -16,8% -1,1% 4,7% -3,0%
ção da atividade econômica global causada pela Covid-19. Em seu Taxa de desemprego - PNAD Contínua (IBGE) 12,9% 12,6% 12,2% 11,6% -
relatório anual, o BIS também prevê que a escassez de financia- Utilização da Capacidade Instalada (CNI) - Dessaz. - 69,6% 76,2% 78,5% -
mento pode chegar a 31,8% no Brasil. O estudo envolve informa- Inadimplência *** mai/20 abr/20 mar/20 fev/20 Média
em 2020
ções de 33.250 companhias de 19 das maiores economias do
Pessoa Física até 90 dias 4,7% 4,9% 4,8% 4,3% 4,6%
mundo. Foram realizadas simulações baseadas em balanços e
Pessoa F. acima de 90 dias 5,5% 5,5% 5,2% 5,0% 5,2%
comunicados das empresas envolvidas. Os especialistas respon- Pessoa Jurídica até 90 dias 1,8% 2,6% 2,1% 2,2% 2,2%
sáveis pelo relatório observam que, no mundo todo, a freada brus- Pessoa J. acima de 90 dias 2,4% 2,4% 2,3% 2,3% 2,3%
ca da atividade reduziu os ganhos muito além do que aconteceu
maio/20 abr/20 mar/20 fev/20 jan/19
em recessões anteriores. Rolagem de dívidas e novos emprésti- Contas públicas (% pib)* (A) a jun/19 a mai/19 a abr/19 a mar/19 a fev/19
mos podem ajudar, mas em muitos casos não serão a solução. Resultado Nominal 8,82% 7,49% 6,24% 6,02% 5,98%
Dessa forma, muitas empresas ao redor do planeta correm o risco Resultado Primário 3,91% 2,26% 0,87% 0,80% 0,72%
de não sobreviver ao impacto da pandemia, mesmo se usarem mai/20 abr/20 mar/20 2019 2018
todos os instrumentos disponíveis no mercado. O relatório aponta Dívida bruta do governo geral 81,90% 79,83% 78,51% 75,79% 76,53%
ainda que as companhias em geral, inclusive no Brasil, pouparam Dívida bruta interna 71,81% 69,79% 68,39% 66,18% 66,77%
dinheiro em caixa equivalente a dois meses de receita, exceto na Dívida bruta externa 10,09% 10,04% 10,12% 9,61% 9,76%
China, onde a reserva equivale a quatro meses.
Contas Externas (US$ milhões) jun/20 mai/20 abr/20 mar/20 No ano
Investimento direto estrangeiro - 2.552 234 6.188 20.595
Exportações 17.912 17.939 17.816 18.543 102.430
Importações 10.449 13.392 11.606 14.518 79.395
me rcado e m n ú m eros Saldo comercial
Saldo em transações correntes
7.463
-
4.547
1.326
6.211
3.344
4.025
157
23.035
-11.334

R$ 7,1 bilhões Reservas internacionais líquidas

Dívida externa total
-
-
345.706 339.317 343.165
313.946 321.468 326.093
345.706
313.946
É o saldo da poupança registrado pelo sistema de * Acumulado nos últimos 12 meses.
** Em relação ao mesmo período do ano anterior, exceto utilização de capacidade instalada e taxa de desemprego.
cooperativas de crédito, Sicoob, até o fim de maio. De *** Em proporção do volume de crédito concedido. - Recursos Livres
acordo com a instituição, o montante é 30,8% maior do (a) Superávit = (-) e Déficit = (+), conforme notas econômicas do BACEN

que o alcançado há um ano. Em maio, os depósitos em principais índices

poupança no Sicoob foram de R$ 411 milhões contra R$
99,9 milhões no mesmo mês de 2019, aumento de 300%. Pesquisa Inflação jun/20 mai/20 abr/20 No ano 12 meses
do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 65% IPC - Fipe - -0,24% -0,30% -0,05% 2,38%
dos brasileiros ainda optam pela poupança como investimento. IGP-M (FGV) 1,56% 0,28% 0,80% 4,39% 7,31%
IGP-DI (FGV) - 1,07% 0,05% 2,89% 6,81%
92% IPCA (IBGE) -
-
-0,38%
0,02%
-0,31%
0,10%
-0,16%
1,01%
1,88%
2,55%
IPCA - núcleo MM suavizado
Foi o percentual de queda do lucro do ressegurador IRB
no primeiro trimestre de 2020. O balanço, apresentado Juros/Aplicação (em %) jun/20 mai/20 abr/20 No ano 12 meses
na terça-feira (30), aponta que, no período, o lucro CDI 0,24% 0,28% 1,54% 4,87%
líquido foi de R$ 13,87 milhões, contra R$ 177,9 milhões TLP 0,24% 0,22% 1,06% 2,94%
obtidos nos três primeiros meses de 2019. O prêmio Poupança 0,22% 0,22% 1,20% 3,57%
emitido pelo ressegurador no trimestre foi de R$ 1,996 bilhão,
TJLP 0,40% 0,40% 2,07% 5,50%
crescimento de 13% em relação ao mesmo período do ano
CDB/RDB - Taxa prefixada média 0,19% 0,22% 1,26% 3,90%
passado. Os prêmios ganhos foram da ordem de R$ 1,499 bilhão
contra R$ 1,241 bilhão entre janeiro e março de 2019. Câmbio/Petróleo 30/06/2020 No mês No ano 12 meses
Reais/US$ (comercial venda) 5,476 -0,91% -26,39% -30,25%

US$ 1,2 bilhão US$/Euro

Iene/US$
1,124
107,78
1,15%
0,00%
-0,02%
0,70%
-0,62%
0,59%
É o valor que o serviço de mensagens Telegram terá de Petróleo à vista Brent (US$/barril) 41,15 16,47% -37,65% -36,75%
devolver a acionistas por causa do projeto de
criptomoeda planejado pela empresa, que teria burlado Mercados Futuros 01/07/2020 ago/20 out/20 dez/20 fev/21
regras da Securities and Exchange Commission (SEC), Câmbio (R$/US$) 5,334 5,344 5,353 5,361
agência dos Estados Unidos que regula serviços de ago/20 out/20 dez/20 fev/21
câmbio e mercados de valores. Além disso, o Telegram também DI de 1 dia (% a.a.) 2,15 2,08 2,06 2,07
terá de pagar multa de US$ 18,5 milhões ao órgão regulador. ago/20 out/20 dez/20 fev/21
Chamada Gram, a criptomoeda foi oferecida no mercado Ibovespa (pontos) 96.397 96.682 96.977 97.266
americano antes de ser de fato registrada para operar, o que,
JUL/20 SET/20 dez/20 mar/21
segundo a agência, é uma falha grave.
Café Arábica (60kg - ICF) 119,05 111,50 112,95 117,70
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64 Dinheiro 08/07/2020 FOTOs: divulgação

EN TREVISTA da s em a n a Renato Ramalho, CEO da KPTL

“Fintech que vive de crédito puro está

sofrendo. Mas é um problema setorial
e não da empresa em si”
A KPTL (pronuncia-se capital) é uma gestora de investimentos em startups de inova-
ção e tecnologia, com ativos de R$ 1,2 bilhão completamente domiciliados no Brasil
em 47 empresas. Em entrevista à DINHEIRO, Renato Ramalho, CEO da gestora, fala
sobre os planos de aportes dos próximos dois anos.
Qual é o foco da KPTL?
Sempre focamos nossos investimentos em empre-
sas voltadas à tecnologia e inovação. Somos líderes
em alguns segmentos como o agronegócio.
Também temos bastante investimento em saúde.
Acompanhamos os principais bolsões tecnológicos
do País, como Belo Horizonte, Florianópolis,
Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São
Paulo. Depois de 18 anos no mercado, cerca de 75%
de tudo que a gente investe chega até nós, sem
precisarmos procurar pelas oportunidades.
Qual tem sido o desempenho na pandemia?
Os investimentos aceleraram. Isso porque a
demanda por tecnologia aumentou. É difícil encon-
trar um setor que não esteja com esse tipo de pre-
ocupação. O empresário precisa trabalhar com
menos gente. Aquela tecnologia que possibilita
desenvolver o mesmo produto com menos funcio-
nários, mas que seria comprada só daqui a dois
anos, está sendo adquirida agora.
Houve uma grande corrida?
Todo mundo está desesperado em inovar, em fazer
uso da tecnologia para se manter vivo. A quarente-
na fez as pessoas perceberem que muita coisa pre-
cisava ser alterada. Tecnologia virou o item número
um na estratégia dos principais grupos.
Qual a expectativa para este ano?
Pretendemos investir em torno de R$ 300 milhões
em aproximadamente 20 empresas. Até o momen-
to, investimos em sete. No ano passado, foram R$
200 milhões em 15 startups. Ao longo de nossa his-
tória, já investimos em 100 companhias.
Atualmente, estamos com 50. Temos R$ 1,2 bilhão
em gestão. Queremos atingir R$ 1,9 bilhão até o fim
de 2020 e R$ 2,5 bilhões em 2021.
Mas, se há todo esse apetite, por que algumas
fintechs reclamam das dificuldades em fazer
captação de recursos?
Muitas pessoas perderam o emprego e isso fará a
inadimplência aumentar substancialmente. Então,
por que eu vou dar mais dinheiro para aquela finte-
ch emprestar em um momento de inadimplência
ímpar? Não faz sentido. Fintech que vive de crédito
puro está sofrendo e isso faz sentido. Mas é um
problema setorial e não da empresa em si.
Qual o nível das fintechs brasileiras?
Cada lugar tem uma competência. O Brasil tem
competência em vários mercados. O agronegócio é
o melhor exemplo que podemos usar. Mas há
outros segmentos nos quais também somos muito
bons, como finanças, governamental e saúde. Há
competências que são criadas por necessidade.
Quem é Renato Ramalho
CEO da KPTL
Formado em administração pela
Faculdade de Economia e Administração
da USP
Mestre em economia pela Fundação
Getulio Vargas (FGV)
Cada vez mais empresas brasileiras vão se tornar
mundialmente relevantes.
São boas as condições do mercado brasileiro?
O custo do capital baixou significativamente e o
dinheiro está buscando alternativas de rentabilida-
de, mesmo que isso traga mais riscos, como o de
colocar recursos em empresas novas. Mas nem
tudo é perfeito. Ainda temos monopólios que terão
de se preparar para a competição. Os órgãos regu-
ladores, como BC e CVM, vão ter de mostrar que
estão antenados para funcionar em ambiente de
maior concorrência e competitividade.

Aquisição
XP vai às compras e
incorpora fintech Antecipa
A XP Inc. anunciou na terça-feira (30) a compra de fatia majori-
tária da plataforma digital de antecipação de recebíveis
Antecipa, que tem sede na Bahia. O valor da transação não foi
informado, mas a XP disse que a compra é oportunidade para
ampliar a grade de produtos e reforçar a presença nos segmentos
de médias e grandes empresas no Brasil. Fundada por Camilo
Telles e Michel Borges, que vão ser mantidos no comando da fin-
tech, a Antecipa tem como foco ajudar as empresas a antecipar
recebíveis em sua cadeia de fornecedores. Pela plataforma, a fin-
tech integra fornecedores e compradores e oferece financia-
mento entre as companhias sem a necessidade de ter um banco
como intermediário, minimizando os custos da operação como
um todo. A aquisição ainda depende de autorização do BC.
Aporte
Banco Inter vai aumentar
capital em R$ 13 milhões
Em aviso aos acionistas emitido na segunda-feira (29), o Banco
Inter informou que vai aumentar o capital social em R$ 13,82
milhões. A medida, aprovada por seu Conselho de Administração,
visa à emissão de 1,502 milhão de novas ações. Desse total, 779.201
serão ordinárias e 723.514 serão preferenciais. A adesão às ações
será realizada por meio de subscrição particular. O banco também
informou que “será assegurado o direito de preferência na subscri-
ção das novas ações aos acionistas que compuserem a posição acio-
nária no banco em 3 de julho de 2020”. A instituição determinou
que as ações ordinárias serão precificadas em R$ 8,604 por papel,
com um deságio de 20% sobre a cotação média dos últimos 10 pre-
gões até a data. As ações preferenciais serão negociadas a R$ 9,844
por papel, também com deságio de 20%.

Dinheiro 08/07/2020 65
ARTIGO Por Gisselle RUIZ*

Uma nova liderança para um novo mundo

De repente, vimos nossa rotina ser alterada por conta da pandemia
do novo coronavírus. As relações pessoais ganharam novos vieses e
as profissionais, dinâmicas até então impensáveis.
Nossa geração não se preparou para uma pandemia, muito menos Vale ainda citar os papéis exitosos desempenhados por lideranças
na proporção como a da Covid-19. Então tivemos que nos adaptar. A de países como Alemanha, Islândia e Nova Zelândia, com mulheres
crise nos revelou lacunas — e os grandes líderes foram desafiados pela como chefes de Estado e que já se tornaram exemplo de sucesso na
necessidade de inovar e se adiantar ao que estava por vir. nova economia. Algumas características foram indispensáveis para
Os primeiros grandes desafios, logo que os casos começaram a isso como a capacidade de tomar iniciativas, resiliência, investimento
surgir pelo mundo, foram analisar a pandemia de forma preditiva e no autodesenvolvimento, foco nos resultados e demonstrações abertas
medir os seus impactos no dia a dia. de integridade e honestidade, como aponta um estudo realizado pela
A criatividade e agilidade foram fundamentais para as ações consultoria de desenvolvimento e líderes Zenger|Folkman.
iniciais. Era hora de assumir riscos. As ações tiveram que ser agéis Diante de um ce-
(afinal, o vírus tomou o mundo de sobressalto), o home office começou nário sem preceden-
a fazer parte do cotidiano das corporações e as lideranças tiveram tes como o que vive-
que se desapegar de práticas tradicionais para apostar mos, não há como
em novas estratégias e conceitos, buscando ignorar as habilida-
sempre suportar a adaptação das (novas) des dos líderes e es-
realidades dos funcionários. Uma equipe quecer as inovações
conectada e integrada é fundamental tecnológicas que de-
nesse momento. sempenham papel urgente para
A pandemia mostrou que a que as atividades sejam rea-
famosa “zona de conforto” não lizadas remotamente, con-
existiria mais. Ela provou forme recomendação da
também que nossa capaci- Organização Mundial de
dade de se adaptar ainda Saúde (OMS), e também
está longe do limite. Resi- responsáveis por servi-
liência virou palavra de ços, ferramentas e infra-
ordem dentro e fora das estruturas importantes
empresas, novos conheci- para o combate ao novo
mentos precisaram ser ad- coronavírus.
quiridos e outros, reaprendi- Sem a tecnologia não
dos. Isso é primordial para teríamos mecanismos para
análise e tomada de decisões. manter a saúde dos colabo-
Reconhecer a importância de radores e das corporações. É
sentimentos para o momento, como em momentos altamente dinâ-
empatia e pertencimento, é essencial micos que precisamos inovar de for-
para a valorização e segurança dos membros ma ágil e colocar à prova nosso potencial
de uma corporação, e fazem a diferença em situ- de adaptação. É assim que traremos novas
ações de crise. Isso é parte das “seis inteligências” listadas soluções para um mundo completamente novo.
recentemente pelo Fórum Econômico Mundial: contextual; moral;
social e emocional; generativa; tecnológica; e transformadora. Cada
uma delas é imprescindível e a sua combinação gera o verdadeiro
poder da liderança inteligente. *Gisselle Ruiz é diretora geral da Intel Brasil

66 Dinheiro 08/07/2020 ilustração: evandro rodrigues