Você está na página 1de 31

Conceito de cultura

Hoje assistimos à democratização do vocábulo ou ao seu emprego excessivo: cultura


casamento, cultura desportiva, cultura educativa etc., quando devemos considerar cultura como
um todo e não em áreas especificas.
Para Harriot “cultura é o k resta depois de tudo se ter esquecido”. É uma visão ou um conceito
elitista, individual.
Para o conselho da Europa cultura” é a capacidade que o individuo tem de respeitar os outros
conhecer e respeitar o seu património natal. Ser capaz de se adaptar às mudanças. É uma visão
globalística do conceito (globalização).
Mas o conceito de cultura nem sempre foi atribuído da mesma forma, sendo k se no inicio surgiu
a apalavra conceito surge depois a esta evolução.

Origens históricas do conceito


Assim o termo tem origem na Grécia antiga até XVII – 1ª fase
Os gregos foram os primeiros a usar o termo cultura, sobretudo os atenienses em que culto era
considerado cidadão desde k fosse capaz de adquirir conhecimentos de natureza social,
traduzidos em qualidades pessoais.
Temos neste sentido Sócrates Platão Pitágoras e Aristóteles
Quanto aos romanos o termo aparece em autores como Horácio st. Agostinho que vêm dar à
expressão o mesmo sentido. Os romanos são pragmáticos, homens do dia a dia a cultura
aparece ligada à cultura agrária (agricultura)
Com o sec XVI o termo vulgariza-se e passa a abranger todo e qualquer individuo que domina
tecnicamente uma qualquer área que implique dispêndio de actividade intelectual. Por exemp. O
agricultor não é culto (dispêndio a nível físico e não intelectual). Abrange cultivo das línguas, das
artes das letras e das ciências robert estienne “cultivar o espírito”.
Também na Alemanha no sec. XVII surge uma corrente em torno da palavra bildung cujo
significado está ainda em construção, contudo o k se pretende afirmar é k o homem nasce
individuo e sem nada gravado, sendo k é livre de permanecer neste estado ou pode formar o seu
espírito sendo k se o fizer transforma-se em pessoa, ou seja, o homem nasce individuo
transformando-se em pessoa através de um processo educativo-formativo k o transformará em
ser culto.
A descoberta do homem grego teria sido o ponto de partida para a formação; os elementos
constitutivos da formação humana para os alemães a linguagem a arte as matemáticas a teoria e
a politica.

1
Sec. XVIII ao final do sec XIX
Da-se a II revolução cultural – iluminismo – em k o significado cultural tenderá cada vez mais a
abranger o património universal dos conhecimentos e valores ao longo da historia da
humanidade. O conceito de cultura deixa de se limitar
À formação do espírito passando a abranger comportamentos regras valores enquanto
património comum.
No sec XVIII iluminismo dá- se o gosto pelas viagens e pelo conhecimento dos outros povos, os
termos cultura e civilização vulgarizam.se contrapondo-se aos termos barbarismo, selvajaria e
primitivismo.
A viagem coloca o povo europeu em contacto com outro tipo de indivíduos, sendo k já não
interessa o individuo em concreto mas sim os grupos sociais. Alude-se cada vez mais aos
grupos sociais. Em 1871 edward Taylor cria o conceito/concepção universalista de cultura
definindo-a da seguinte forma: cultura ou civilização, no sentido mais lato do termo é o complexo
de regras, de normas da moral e arte da crença do direito, costumes, e outras capacidades ou
hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade, ou seja, a historia da civilização
ou da cultura era a ascensão do homem de um estádio quase animal à sociedade educada, ao
culto das artes à adopção de valores civilizados e ao livre exercício da razão.

Sec XX 3ª fase relativismo cultural


A concepção de Taylor da cultura levou à renovação do conceito deixando de ser universalista
para passar a ser uma concepção relativista da cultura. Pois hoje é ponto assente k cada cultura
tem a sua validade e coerência e k nenhuma é superior à outra. Todas elas são dotadas de
estilos individualizantes. A cultura deve ser vista como um património de experiencias
consolidadas, de representação e de valores. Cuja transmissão é assegurada através da
linguagem, dos textos escritos e dos monumentos k estão na base de uma memoria individual de
uma determinada comunidade. Os conteúdos da memória podem expressar-se como o conjunto
de imagens do passado k um grupo social conserva e reconhece enquanto elementos
significativos da sua historia. Toda a cultura é a cultura de um grupo dado k esta é k diferencia
um grupo dos demais.
Interpretações do relativismo cultural
Franco crespi defende k os diferentes tipos de definição podem assentar em 2 pilares:
Na característica subjetiva da cultura – valores, modelos, comportamentos, critérios normativos
interiorizados modos de pensar sentir e crer.

2
Na característica objectiva – hereditariedade social, depósito de saber, superfície geográfica.
Sendo que as duas características justapostas levam-nos
À dimensão descritiva cognitiva da cultura – crenças representação sociais da realidade, natural
e social.
À dimensão prescrita da cultura que designe os valores e as normas de acção e prosseguir pela
comunidade, regras princípios morais e acção jurídica que indicam como o individuo se deve
comportar.
Não obstante tudo isto se funde e dá definição de cultura.

Nas ultimas décadas o conceito de cultura sofre alterações/transformações sendo k alguns


autores têm entendido cultura como um produto da mente humana. Mas isto é uma noção
meramente abstracta da cultura.
Entre vários autores que definem distintamente cultura encontramos white defensor da chamada
“culturologia” ou ciência da cultura que associa o símbolo e a cultura como 2 elementos
inseparáveis. Contudo luís Pina vem defender qua a cultura não é um dado natural, não existe
inata no individuo, não é genético, a cultura é superorganica é uma resultante da vida social.
A cultura não se exprime somente através da língua e consequentemente da palavra, mas tb
através de padrões comportamentais, ou seja a cultura é superorgânica pq é as relações que
todos nós mantemos (médicos, advogados, professor etc.) é as relações estabelecidas pelos
diferentes órgãos, está para além de nós.

Factores da cultura
Os factores da cultura são quatro:
Anthropos que significa o homem na sua realidade individual e pessoal. Não há cultura sem
acção humana o individuo é a variável de todas as situações sociais e culturais.
Ethos o homem precisa de uma estrutura física que o sustente e essa estrutura é a sociedade ou
seja o aglomerado de indivíduos, é a comunidade, é a família, o grupo, o parentesco, o povo e a
nação.
Oikos representa o habitat, o pais a nação é a unidade cultural, é uma forma para que todos os
países se respeitem e acabem com as guerras.
Chronos é o tempo que actua sobre a formação da cultura ou seja a cultura tem um tempo no
qual se desenvolve sendo k este tempo é entendido na sua tríplice dimensão: presente,
passado, futuro

3
A cultura é o passado e o presente um longo passado, um presente e virtualmente nenhum
futuro.

Conceito de identidade
Regra geral as crises de cultura aparecem como crises de identidade mas os conceitos não se
confundem pois a cultura pode mesmo ser anterior à identidade. O conceito de identidade é algo
imposto pelas autoridades políticos, que permite diferenciar um português e um estrangeiro.
O conceito de identidade tem 2 elementos:
Território: tem que estar perfeitamente definido (Israel ainda não está)
Poder político consolidado que domina em todo o território (Iraque não domina)
Por exemplo algo k nos identifica é a língua portuguesa. (em Espanha já não é assim há varias
línguas dependendo de região, o castelhano é geral

Para definir identidade temos duas teorias:


Objectiva a cultura não tem, consciência do seu percurso ao contrário da identidade que conduz
a uma norma de pertenças consciente, ou seja defende que os elementos identitários não
mudam permanecem eternos.
Critica: se a sociedade não é estática porque é que os elementos de identidade não mudam?
A corrente subjectiva defende k a identidade ao contrário do k diz a teoria objectiva, não é
apenas, não depende apenas de critérios objectivos tais como a língua, a cultura, a religião a
psicologia colectiva, mas sim também pode depender de factores subjectiva, pois a identidade,
não é outorgada somente de uma vez, ou seja não é estática mas sim evolui é flexivel e no rígido
como defende a teoria objectivista. A identidade é o resultado de um processo histórico , que de
umas vezes bruscamente outras paulatinamente vai adquirindo a forma como conhecemos hoje.
Falar em identidade portuguesa hoje não é a mesma coisa que falar em identidade na sociedade
oitocentista. Se tivemos uma monarquia até 1910, de 1910 a 1926 tivemos a 1ª republica e de
1926 a 1974 tivemos o estado novo e de 74 aos dias de hoje uma democracia.
Para k seja possível formar identidade é necessário 3 pressupostos:
Expressão politica; ter território determinado; e que a autonomia politica nesse território
permaneça de forma continua durante um período de tempo.

Contudo a identidade tb exige um conjunto de segmentos que definem a cultura é o caso:


Elemento geográfico; elemento politico; elemento sociólogo; elemento comportamentais.

4
A identidade ultrapassa o individuo é um instrumento do estado, criado pela administração
publica porque reconhece só uma identidade cultural capaz de se afirmar como identidade
nacional.

Civilização
A cultura é entendida como o conceito que está ligado ao progresso individual (comunidade
individual) ao contrario da civilização k por sua vez está vocacionada para os progressos
colectivos (várias comunidades) ou seja a civilização numa dada área geográfica engloba um cj
de várias culturas de povos bem diferentes k partilhem a mesma civilização. Por exemplo a
civilização ocidental.
A civilização. Representa o esforço dos povos tendentes ao melhoramento das instituições, da
legislação e da educação.
Com o ingresso dos territórios coloniais emancipados na onu nos finais da II GM a onu tende a
ser constituída por todos os povos, ou seja por todas As culturas, quer dizer a civilização.

Cultura portuguesa
Tal como Joaquim de Carvalho diz “A Escola constitui sempre um factor basilar da vida
intelectual e social de um povo”. A educação funciona como um barómetro cultural de um povo.
Com o surgimento do sentimento de nacionalidade Portuguesa no séc. XII, surgem as
instituições de ensino de uma forma rudimentar, mas foi assim que aparece a preocupação de
formar e informar e educar.
Em 1128, com a batalha de S. Mamede assistimos a uma conquista do território do norte ao sul
a 2 tempos.
1º pela politica militar: para se conquistar tinha que se expulsar os árabes.
2º Povoamento pela Igreja (paroquias e freguesias) a função da igreja era a fixação de
aglomerados sociais, assim como o ensino; sendo que é neste contexto que elas iam criando
escolas onde ensinavam latim.
Assim a Igreja ia criando escolas catedrais – que funcionam na proximidade das Sés, e que
dependiam dos bispos. Aqui ensinavam: Gramática, Dialéctica, retórica. Nesta época os
estudantes viviam em regime de internato. Nestas escolas ensinavam-se a sagrada escritura,
espiritualidade e talvez medicina.
Surgem escolas paroquiais, e as escolas.
Escolas monacais (mosteiros) sendo que esta já não eram escola rudimentares o que se
pretendia com elas era mesmo a divulgação da religião.

5
Assume particular importância o mosteiro Santa Cruz de Coimbra (1131)
O ensino nestas instituições tinha sobretudo o objectivo de formar indivíduos para suprir as
necessidades actos litúrgicos. Também pretendiam o ensino do latim pela aprendizagem
gramática, a participação nos actos litúrgicos era feita através do canto.
Surgem os colégios estes formam instituições para particulares sendo que o mais antigo é o de
Lisboa 1291, criado pelo bispo D. Domingos Anes Jardo. Nesta escola o ensino resumia-se ao
ensino da gramática, da retórica e da dialéctica.
É fundada a Universidade Portuguesa – a criação das universidades era fundamental para
permitir a saída de funcionários altamente qualificados. Muitos clérigos tinham formação fora do
reino procurando universidade qualificadas por ex. Paris.
A universidade Lisboa, é uma das primeiras 18 do séc. XIII, que tem como fundamento a criação
do estudo geral para isso os priores dos mosteiros e reitores da Igreja, redigiram uma petição ao
papa Nicolau IV, informando que estavam interessados na fundação de um estudo geral
localizado em Lisboa. O papa responde autorizando a criação de um estudo geral com a
excepção da teologia, essa continuava sob a alçada da igreja.
O que foi suficiente para que a universidade Portuguesa fosse tão reconhecida quanto a de
paris. Em 1 de Março 1290, D. Dinis funda a Universidade. Em 5 de Agosto de 1290, o papa
responde afirmativamente. A universidade portuguesa é formada com cariz democrático. Todas
aquelas instituições são criadas pela Igreja e são da responsabilidade da Igreja. Já a
universidade é da responsabilidade politica ainda que sob a fiscalidade da Igreja.
A tese clássica é defendida por autores que entendem que das faculdades criadas (direito,
cânones, gramática, medicina, etc.), não fazia parte de teologia, esta viria a acontecer em 1400,
ou seja, somente será licito falar em universidade plena a partir de 1400 uma vez mais que era
necessário a teologia para que se pudesse considerar a Universidade Lisboa-Coimbra da
mesma forma como era considerada a de Paris.
A tese de José Antunes defende que foi em 1290, que a faculdade estava criada, pois apesar de
a teologia estar a ser ensinada nos Mosteiros.
A tese de Rui de Pina tal como defende José Antunes, que a teologia já estava a ser ensinada
antes, o que apenas foi pedido foi a confirmação. A petição tinha como objectivo dar a
universidade uma expansão europeia e não apenas interna. Ou seja, tinha como intuito licenciar
os escolares, ou seja, facultar o poder de ensinarem qualquer parte do mundo cristão sem
necessidade de submeter à realização de um exame suplementar.
A universidade medieval portuguesa era na Universidade que se deslocava entre Lisboa e
Coimbra. Onde se instala definitivamente pela ordem D. João III no séc. XVI.

6
A arte românica em Portugal…
Com Carlos magno surge uma nova concepção do poder real… o rei assume como verdadeira
missão tornar-se guia espiritual da cristandade ao ponto de k pela primeira vez nos livros
litúrgicos se começa a utilizar pela primeira vez a expressão imperium cristianum. A politica de
Carlos magno é encarada como instrumento da unificação da fé, pois preocupa-se com a
organização eclesiástica e com o ressurgimento intelectual do clero. No Natal de 800 é coroado
imperador pelo papa leão III. Com a morte de Carlos magno em 814, tendo este deixado a
politica ao serviço da igreja surge uma nova mentalidade religiosa que tem reflexos profundos na
arte no seu conjunto e em particular na arquitectura. Emerge uma nova arte de natureza religiosa
que se contrapõe à velha arte carolíngia
Borgonha, freguesia de cluny, Guilherme duque de Aquitânia funda um mosteiro em 910 cujo
nome ficou de cluny I porque se tornou insuficiente para alojar os membros da igreja, sendo
necessária a construção de 1 nova abadia - cluny II, sendo não obstante a construção deste,
logo de seguida foi necessária a construção de uma nova abadia cluny III. Contudo foi com cluny
II 963 – 981 por abade S. Bernou que houve efectivamente a ruptura com a arte carolíngia que
utilizava revestimento de parede, utilização de mosaico, utilização de estuque e pinturas, pois há
uma nova visão espacial equilibrada e técnica.
Cabeceira de absides escalonadas, nave central, naves laterais simples, transepto estreito com
torre no cruzeiro. Assim é neste período por volta do ano 1000 que surge a nova arquitectura
classificada de pré românica na Europa, que vai permitir a passagem da arte carolíngia para a
arte românica. Este período é explicado por uma serie de acontecimentos entre os quais a
estabilização dos bárbaros que se convertem ao cristianismo, a reconquista da península ibérica
aos árabes leva à expansão da cristandade, abertura do báltico à expansão económica,
conversão dos húngaros. Adrien gerville descrevia a nova arquitectura como sendo grosseira,
pesada, desnaturada e sucessivamente degradada. Esta construção arquitectónica parte da
antiga basílica romana usada para fins públicos, contudo para os fins litúrgicos/religiosos a que
se propunha agora, teve de sofrer alterações, por forma a ter uma visão mais conveniente e
funcional, entre as quais a abobada em pedra em todos os elementos do edifício sustentada por
contrafortes, a cabeceira é constituída por um nº variado de absidíolos onde eram guardadas as
riquezas da igreja. Os pilares românicos dividem longitudinalmente o corpo da igreja em naves.
Há várias escolas românicas a nível da Europa entre elas a escola de Lombarda, Aquitânia,
Peiton, Normandia e Borgonha que vão influenciar o românico em Portugal.

7
Quanto ao românico português
O românico português é da influência da escola de Borgonha, ordem de cluny. Como Portugal
nasce de norte para sul é natural que encontremos as sés no norte nomeadamente Sé de Braga,
Sé do Porto e Sé de Coimbra. A igreja românica portuguesa emana de um ambiente ruralizante,
uma vez que a época referida é uma época economicamente pobre, há pouca população, sendo
que essa construção de edifícios religiosos parte das famílias nobres. As construções surgem a
partir de meados do SecXI. os edifícios românicos portuguesas não obedecem a um cânone
único pois são influenciados por circunstancialismos regionais e em outros aspectos contextuais
quer quanto ao espaço forma Arquitectura) e decoração. A arte românica é uma decoração
exterior. Apesar da influência da escola de Borgonha, em Portugal o românico é regional, com
duas fronteiras, por rios e por diocese, sendo que não devemos falar de escolas mas de regiões,
pois se no alto Minho o românico é todo igual, descendo já é diferente já tem elementos típicos
da região, que podem assentar no enquadramento por via fluvial ou por diocese.
Quanto à arquitectura temos igrejas no norte com uma só nave de abside rectangular de
ambiente pré românico, mas 80% das igrejas têm uma só abside e quadrangular. 90% dos
templos românicos têm uma só nave, sendo k com duas naves apenas temos a igreja de aguas
santas.
Quanto à escultura ou decoração o elemento mais importante é o pórtico de entrada – pórtico
de entrada porque é a linha de fronteira entre o profano e o sagrado - é imponente pela
abundância da escultura incorporada na geometria arquitectural, tem varias arquivoltas sobre
colunelos adossados com decoração profusa com motivos fitomórficos (vegetalista),
zoomórficos(animais) que por vezes aludem aos pecados humanos ou pode surgir o macaco que
é o símbolo da luxúria, antropomórficos(homem), e representações geométricas. Para além de
ser arquitectónico na medida em k as figuras ocupam o lugar devido, é tb ornamental.
O portal de entrada é uma representação da vida celeste ou vida eterna. Aí encontra-se
normalmente Cristo em majestade julgando os que entram na Igreja, lugar de baptismo e de
casamento, sendo k a ideia fundamental é a de preparar o homem no tempo secular para o
tempo além túmulo.
No portal das igrejas românicas assume particular destaque o tímpano, onde Cristo em geral
observa e julga preventivamente as acções humanas. Por vezes pode surgir o sol e a lua que
representam o domínio de deus sobre o homem. Os capiteis (interior/exterior) são
profundamente decorados tendo tb como motivos os mesmos que o pórtico, contudo as figuras
encontram-se em regra atarracadas forçadas pelo espaço que lhes é atribuído, ao contrario do

8
pórtico em que estas são hirtas. A combinação dos elementos homem animais e aves significam
a primaria representação da relação do homem com a natureza.
A igreja românica de Bravães tem uma só nave chama-se igreja salão

A arte gótica em Portugal


Primariamente a arte gótica é essencialmente uma manifestação artística com origem das
cidades e para servir as cidades, sendo alguns elementos k identificam as cidades a câmara
municipal, o mercado e a catedral.
Na cidade vive a burguesia mercantil que ligam o oriente à Europa através das suas redes
mercantis. Sendo k são particularmente importantes os centros comerciais da Alemanha,
Flandres, França, Inglaterra e Itália.
Também outro factor que leva ao esquecimento do românico e ao surgimento de uma nova
mentalidade é o aparecimento das universidades entre o sec. XIII e XIV.
A catedral é o elemento com maior relevo da arte gótica, sendo k a construção das mesmas foi
motivada pelos bispos e financiada pelos ricos mercadores, daí que sejam o símbolo do
esplendor da arte. A catedral gótica surge como uma evolução estética das formulações
românicas, contudo sem qualquer continuidade pois trata-se de modos de construir
absolutamente antagónicos. As principais características são a utilização do arco quebrado em
ogivas da abobada de cruzaria de ogivas e da planta basilical, assim como a iluminação interior
do templo e o adelgaçamento dos pilares que permitia um maior espaço interior. Apesar desta
arquitectura surgir no sec. XII não lhe chamavam gótico, sendo k este termo apenas começou a
ser usado no sec. XVI pelos humanistas nomeadamente por lorenzo de valla e giorgio vasari,
mas era num sentido pejorativo uma vez que gótico é a arte dos godos (bárbaros) arte
germânica, que surge na idade média na idade das trevas.

Em Portugal
A arte gótica surge no sec XIII até ao sec. XV, sendo que a passagem da arte românica para a
arte gótica não se deu de uma forma abrupta mas sim paulatinamente, e deveu-se a
circunstancias criadas por motivos políticos, geográficos, económicos e religiosos. Temos alguns
edifícios híbridos em que começaram a ser construídos à luz do românico e terminaram com
características do gótico. Mas o gótico não é só uma arte essencialmente urbana, é também
monacal ou rural, são o exemplo disso a Abadia de Stª Mª de Alcobaça e o Mosteiro da Batalha.
A abadia de Alcobaça segue as características peculiares criadas por bernardo aquando criação
de um novo perfil de abadia – Gótico monacal. Final do sec. X em cluny surge a ideia de purificar

9
a regra (estatuto) de S. bento que era aplicado pelos beneditinos de uma forma mt flexível
interpretavam e acrescentavam ou mesmo omitiam, sendo que alguns cluniacenses achavam
uma atitude perversa e resolveram pela cisão, ou seja pela criação de uma nova ordem que teve
o nome de fundação de Cister, em que o objectivo era seguir à risca a regra e não interpreta-la.
Entre eles estava o monge roberto e vários monges tendo-se deslocado para um local deserto a
sul de Dijon sendo k este local foi apelidado de novo mosteiro ficando a abadia com o nome de
sister. Contudo estes religiosos próximo de um certo fanatismo retiram-se para locais desertos
no interior das florestas inacessíveis ou no interior dos pântanos. Faltavam os alimentos as
doenças apareciam e eles acabavam por convalescer. Sendo que foi bernardo de ascendência
rica, como queria dedicar-se totalmente a deus, e se os beneditinos blasfemam Cister é porque
Cister é amada por deus. Assim bernardo funda uma nova abadia, Claraval = Cister, que
depende dos bispos e não directamente do papa, tal como cluny. E quando a cria fá-lo com
características peculiares, uma arte sui generes, que se reflete nas construções como no caso
do mosteiro de Alcobaça. Se há dinheiro k sobra é para dar aos pobres, sendo k os cálices em
ouro entre outras coisas são desnecessários para a religião. Por isso S. Bernardo reage contra
torres, altura dos oratórios, decorações excessivas, as imagens, pinturas com motivos profanos,
representação zoomórfica no interior das igrejas dizendo k a igreja é para os homens e não para
os animais, elementos pagãos. As abadias em seu entender devem ser ornadas pela oração.
Se S. Bernardo é contra o gosto profano, e contra a beleza material dos templos, assim S.
Bernardo funda a abadia Claraval em Borgonha com o objectivo de purificar a regra de S Bento.
Características: a igreja é a expressão fiel do pensamento doutrinal, o transepto é largo, não há
sino, a pedra é iluminada pela pureza da sua forma, pedra nua e bela cria um clima favorável à
oração em k nada trava os olhos, mas tudo preenche a alma. A luz atravessa os vitrais incolores,
monocrómicos.
A arquitectura cisterciense não existe antagonismo entre o espírito e a forma como não existe
divisão entre o corpo e a alma.
Para S. Bernardo na arte cenobítica deve reinar a pureza, pois a riqueza e o brilho de que seduz
os olhos destina-se ao homem profano. É com base nestes princípios da simplicidade e
funcionalidade k o artístico decorativo das abadias cistercienses serão construídas.

Mosteiro de Stª Maria de Alcobaça


Os monges de Cister chegam a Portugal em pleno período de reconquista, d. Afonso Henriques
doa-lhes território entre os rios alcoa e baça com o objectivo de fixar a Ordem no território e

10
promover o seu povoamento. Os cistercienses construíram dois edifícios o primeiro é Alcobaça I,
da autoria do monge Desidério, em Abril de 1153 aqui permaneceram os monges de habito
branco em situação precária até à conclusão da obra do mosteiro de Alcobaça II cujas obras
começaram em 1178 e concluíram em 1252.
Esta abadia foi é o primeiro edifício religioso de estilo gótico mas ke não foi influencia nas
restantes obras arquitectónicas.
Por motivos de ordem moral, para a libertação terrestre dos monges, e por motivos de natureza
económica, na medida em k os dinheiros gastos nas construção de abadias ricas podiam ser
distribuídos pelos necessitados, os monges de Cister todos os aspectos ornamentais e opulentos
das catedrais e mosteiros
Assim o mosteiro de Alcobaça é caracterizado pela cruz latina; transepto amplo; naves laterais
da mesma altura k a central; as naves são abobadadas, as colunas são mais estreitas na base,
para permitir melhor visão, a luz é penetrante. Na fachada dos elementos iniciais, temos o portal
constituído por sete colunas estreitas de cada lado, nas quais se apoiam outras tantas
arquivoltas quebradas, pelo exterior o reforço é feito pelos contrafortes ou seja arcobotante. O
edifício é elevado mas sem decoração, O pórtico de entrada não tem qq escultura, há um
elemento novo no pórtico de entrada k é o arco quebrado pq a construção é mais alta e mais
pesada.

O Mosteiro da Batalha
Tem na origem uma promessa feita por d. João I no dia em que foi travada a batalha de
Aljubarrota, 14 Agosto de 1385 em que foi adquirida a quinta do pinheiro em 1388 por D.Joao I e
entregue à ordem de S. Domingos para a construção do monumento por Afonso Domingues
arquitecto régio sucedido posteriormente por Mestre Huguete de origem europeia cujo contributo
foi algo inovador. Desde logo no portal representa a igreja triunfante conjugando a imagem de
apóstolos e dos santos com a representação hierárquica celeste; quanto ao tímpano envolto todo
ele em figuras celestes é preenchido em relevo com uma figura deus que segura na mão
esquerda o globo do mundo simboliza a igreja. O corpo da igreja tem 3 naves obedecendo ao
esquema de cruz latina,
A nave central divide-se em 2 andares, a cabeceira é constituída por 4 absidiolos, o exterior é
trabalhado com vários elementos arquitectónicos, a abadia é construída com blocos de calcário.
Os contrafortes da fachada principal são profundamente decorados, tornando-se mais finos
quanto mais altos estiverem.

11
O mosteiro da batalha representa uma dualidade de estéticas de duas mentalidades que se
complementam embora não se confundam.
A fachada do mosteiro da batalha afirma se uma arquitectura, escultura, a religião e o poder
politica de uma época rica na cultura portuguesa.
O mosteiro da batalha é um dos mais importantes monumentos da Europa.

A arte tumular Alcobaça


A escultura gótica portuguesa tem uma infinidade de pontos de interesse, nomeadamente os
túmulos de Alcobaça referentes a D. Pedro e D. Inês de Castro. Não sabemos quem foi o autor
de tal obra majestosa, mas a certeza de que nas obras religiosas medievais, tanto de escultura,
de pintura e de bordados a igreja é k era a grande mestra dava as instruções e os artistas
executavam.
no tumulo de d. Inês tem anjos k ladeiam o seu corpo, tem três cães k são o símbolo da
fidelidade, o tumulo assenta em 6 animais híbridos, com rosto humano e corpo de quadrúpede.
O tema que encontramos no tumulo de d. Inês de castro é a vida de Cristo, desde o seu
nascimento até à crucificação. Diziam os conselheiros de estado k a morte de Inês por uma
causa justa daria paz ao reino por 200 anos, era de alguma forma comparado à vida de Cristo.
O tumulo de d. Pedro tem características próprias, mostra um rosto austero, atento vigilante,
pronto para intervir na defesa da sua amada. É ladeado de anjos e cão labreu. Os nichos frontais
retratam S. Bartolomeu protector dos gagos, uma vez que o monarca era gago. A morte de d.
Inês esta representada no tumulo de d.pedro que sugere que este se sente culpado pela morte
da amada que teria sido decapitada.

A cultura no sec. XV
Com a ascensão do homem pelos descobrimentos, este procura ser agora mais culto, e o
império da oralidade começa a perder terreno face ao da escrita, sendo k nesta altura já se
encontravam implantadas algumas corporações de livreiros e escribas.
É este período de vivencia cultural que vemos nascer a cultura no tempo da dinastia de Avis.
Desde os reis d. João I e d. Duarte, aos infantes d. Pedro todos se tornaram escritores ou se
dedicavam a traduções de obras imprescindíveis para a cultura e educação da nobreza.
Efectivamente a corte portuguesa do sec. XV transformou-se num foco de cultura.

12
O resultado traduziu-se numa serie de trabalhos que espelham a problemática religiosa, politica,
moral, psicológica, e sobretudo o gosto pela cultura.
As obras de d. João I – 1357-1433 LIVRO DA MONTARIA

É um tratado sobre o desporto da caça. O inverno era longo e dedicavam-se à caça que era uma
actividade lúdica e também paramilitar, na medida em que constituía um treino quer para o
cavalo quer para o cavaleiro uma vez que lhes dava a destreza necessária para a ultrapassagem
de obstáculos, pontaria e adaptação aos terrenos sinuosos o k os tornaria aptos para as
eminentes guerras no ano seguinte.
O livro da montaria fica consagrado como um verdadeiro monumento da nossa literatura
desportiva. Nesta obra mais do k o desporto dá-nos aspectos da cultura, da organização politica,
da convivência entre os grupos sociais.

Obras de d. Duarte
d. Duarte é considerado o primeiro filosofo português. É um homem de ciência, lê bons livros.
Esteve muito cedo associado ao oficio da governação finanças e justiça, estando ao lado do pai
d. João I, tendo assumido o pleno poder em 1433 com 42 anos. D. Duarte foi um príncipe mt
católico e amigo de deus. D. Duarte recebia os sacramentos, ouvia os ofícios divinos, cumpria as
obras de misericórdia e foi piedoso. Dentro da igreja exigia certos formalismos e rituais, quer
comportamentais quer na organização do coro, o que nos mostra um príncipe organizado. D.
Duarte é um homem culto que demonstra interesses por assuntos diversos. A sua preocupação
foi aconselhar em matérias como religião, administração, preferências do rei, historia social,
economia financeira…
Obras ensinança de bem cavalgar toda a sela
Dá-nos a forma como ler um livro com substancia em que para se entender, deve ler-se pouco
de cada vez e não de uma só vez, aconselhando-se a releitura como forma de apreensão das
matérias.
Leal Conselheiro
Não se trata verdadeiramente de um livro, mas de uma compilação de anotações mentais k ia
fazendo ao longo da vida.
Leal conselheiro é um a b c de lealdade no qual se definem as três linhas mestras do seu
pensamento: os poderes e as paixões de cada um, o bem que percorre os servidores das
virtudes e bondades e os males e os pecados.

13
Leal conselheiro trata dos seguintes assuntos: humor melancólico, tristeza, enfadamento,
diferença entre novo e tristeza, saudade e amizade.
Leal conselheiro é d. Duarte com o seu espírito fundamentalmente bom feito de virtude e de
lealdade. Lealdade para d. Duarte significa fidelidade a deus, expressão viva da religiosidade do
espírito cristão; amizade que considerava um valor supremo, contra o ódio e deve ser cultivada;
dimensão moral, sentimento de confiança e optimismo, garantia do futuro do mundo português.
As mensagens não chegaram aos destinatários, pois a rainha d. Leonor levou consigo as obras
primeiramente para castela e depois para paris onde permaneceram durante séculos.

Infante d. Pedro
Assumiu um papel importantíssimo na vida politica portuguesa não só como conselheiro de seu
irmão d. Duarte mas também enquanto regente do reino durante a menoridade de d. Afonso V
filho de d. Duarte
d. Pedro é um homem muito viajado, conhecedor de cortes de reis e imperadores, conhecedor
de uma Europa em profunda transformação. Escreveu uma obra virtuosa benfeitoria k sofreu
alteração por frei João verba, uma vez k essa obra mostra pretender conduzir Portugal no
caminho da modernidade, o k contraria a sua formação e informação.

Cronistica sec.XV
Surge em Portugal a actividade cronistica sec XV. Entando o rei d. Duarte em Santarém nomeou
Fernão Lopes, cronista mor do reino, para escrever a historia dos soberanos.
Fernão Lopes escrevia de uma maneira simples e despretensioso e quase preso à descrição dos
acontecimentos e sua aparição imediata pouco propenso a divulgações teóricas. Todavia faz da
crónica uma construção politica assaz importante, levando Alexandre Herculano a proclama-lo
pai da historiografia portuguesa. O cronista mor procedeu ao levantamento de uma caterva de
fontes k podem ser agrupadas em 3 níveis: Fontes narrativas; fontes de natureza
diplomática(documentos de chancelaria, diplomas oficiais tratados); outros
testemunhos(memorias dispersas). Fernão Lopes imprimiu um cunho juridico-notarial ao seu
trabalho, onde o binómio verdadeiro/falso é destrinçado através do apoio documental recolhido
em todo o tipo de fonte.
A Fernão Lopes são atribuídas três crónicas: crónica de são pêro, crónica de d. Fernando,
crónica de d. João I. As crónicas são trabalhos encomendados e pagos pelo poder régio. Os
manuscritos permanecem inéditos durante dois séculos. A impressão da crónica de d. João I
acontece somente no sec. XVII e só teriam sido dadas à estampa no sec. XIX. A atribuição da

14
autoria das crónicas foi feita pelo humanista Damião de Góis que após uma analise minuciosa
atribuiu a Fernão Lopes a paternidade da obra. António saraiva descobre em Fernão Lopes uma
linha de pensamento k vai no sentido de apresentar uma teoria biológica de patriotismo, que
assenta na distinção entre naturais de Castela e naturais de Portugal. Em Fernão Lopes o k está
em jogo é o partido k os grandes do reino formam, na medida em k ou são fieis a d. João I e
portanto a causa de Portugal e à sua independência e autonomia politica, ou se aliam a d. João
de Castela por não acreditarem na vitoria dos portuguesas. Assim Fernão Lopes encontra nesta
perspectiva uma justificação para bipolarizar a sociedade portuguesa. Na crónica de d. João I,
Fernão Lopes transporta os heróis de 1383 a 1385 para um plano espiritual comparando o ainda
mestre da ordem de Avis a Cristo e o seu braço direito d. Nuno alvares pereira a s. Pedro. Esta
analogia mostra como Fernão Lopes manipula os personagens sendo k a consequência é
fragilizar a verdade factual.

Gomes Eanes Zurara 1410 a 1475


Zurara foi cronista do reino nomeado em 1448. tomou posse do cargo de guarda –mor da torre
do tombo em 1454. conforme vários autores definiam foi um bom pragmático, distinto astrólogo,
grande historiador.
Nas suas crónicas foram evidentes duas grandes linhas de força: a honra cavaleiresca e a
dilatação da fé. Neste cronista tipicamente medieval há um profundo sentimento de dor e uma
extraordinária visão dos horrores provocados pela captura dos escravos e pela sua partilha pelos
cristão. Estes eram capturados para se converterem ao cristianismo, contudo Zurara apesar de
estar ao serviço do monarca e incumbido por ele de fazer deixar para o futuro os feitos do
infante. Contudo como homem como ser humano, como cristão choca a forma como outro
homem é maltratado, em que a desvantagem em k o outro se encontra é razão suficiente para
lhe retirar a elementar dignidade da condição humana. É um cronista que tem em conta as
vertentes psicológicas, a solidariedade social, laços familiares, a conversão ao cristianismo, e da
adopção de um novo paradigma de comportamento social.

Rui de Pina 1440 1522

15
Rui de Pina foi o terceiro cronista mor encarregado da elaboração das crónicas dos reis
portugueses.
É autor das crónicas de d. Sancho I, d. Afonso II, d. Sancho II, d. Afonso III, d. Dinis, d. Afonso
IV, d. Duarte, d, Afonso V e d. João II
As crónicas de d. Duarte e d. Afonso V não revelam grande originalidade, mas o seu interesse é
mt importante, pois o cronista não idolatra o infante d. Henrique como havia acontecido com
gomes Eanes uma vez k o responsabiliza pelo desastre de tanger.
Autor de tantas crónicas, rui de Pina mereceu a confiança dos monarcas d. João II e d. Manuel.
O labor cronistico deste autor compreende praticamente todo o período medieval português.
Concluindo no sec. XV é um longo período de trabalho literário, todavia aquilo k devia ser lido em
tempo útil foi esquecido em absoluto, devido a uma serie de vicissitudes. Sendo assim os
objectivos lançados pelos mentores dos projectos não foram alcançados. Em todo caso os
trabalhos elaborados mostram-nos k a corte do sec. Xv estava interessada em registar e dar a
conhecer a historia de Portugal. A nossa historia.

Pintura - Painéis de s. Vicente


A pintura portuguesa quatrocentista afirma-se em larga medida em torno da extraordinária obra
os painéis de s. Vicente atribuída ao pintor Nuno Gonçalves ou à oficina de Lisboa. A
importância atribuída aos paineis de s. Vicente é inquestionável, pelo facto do espólio artístico
nesta área ser mt diminuto, não k não houvesse produção artística, mas porque como diz
Camões”mudam-se os tempos mudam-se as vontades”. A importância dos referidos painéis
desde 1882 faz com k até aos nossos dias o estudo não tenha parado. Nuno Gonçalves terá
vivido até cerca de 1492, ano em k surge uma derradeira referencia k atesta k o pintor já havia
falecido. As interpretações e as controvérsias sobre o autor e a sua obra são mts e parece não
haver consenso da data em que estes foram elaborados. Contudo tendo estas pinturas como
suporte madeira de carvalho, proveniente do báltico, correspondem ao intervalo cronológico
compreendido entre 1383 e 1431. Contudo recentemente a maioria da comunidade cientifica
defende os painéis teriam sido criados em 1460 e 1470. Também quanto ao destino dos painéis
não há consenso, pois se há autores k defendem k estes foram pintados para o mosteiro de s.
Vicente, outros defende que esta foi uma obra encomendada para o paço real de Sintra.
Quanto à identificação dos painéis, o significado deriva da identificação da figura dominante,
sendo k Nuno Gonçalves retratou de forma individualizada sessenta figuras da vida politica,
religiosa, militar, social, e cultural da sociedade portuguesa do sec. XV sendo k entre elas duas

16
figuras femininas d. Leonor viúva de d. Duarte e mãe de d Afonso V e a duquesa d. Isabel de
Borgonha. Existem duas vertentes interpretativas dos painéis:
a tese de José Figueiredo: diz k os painéis no seu conjunto dividem a comunidade cientifica. A
atenção está na descoberta dos personagens retratados ker no primeiro plano, quer os k estão a
assistir ao desenvolvimento do acto de natureza religiosa que acontece à sua frente.
A tese de António de quadros: assenta k na época a devução ao espírito santo estava mt
divulgada e por isso os painéis representavam a devoção da família real e da corte. Assim os
painéis não de destinariam a um lugar publico de culto, mas sim a permanecer no palácio
residencial de Sintra onde d. Afonso V nasceu e morreu.

A cultura do Sec. XVI


Aspectos gerais do renascimento e do humanismo
Renascimento é um período de revivência da artes e das letras, sob influencia dos modelos
clássicos, começou em Itália no séc. XIV, contudo so se consolidou no séc. XVI. Nasceu em
Itália e alargou as suas tendências ao resto da Europa. Consolida e democratiza a procura
incessante de novas formas intelectuais. Passou do teocentrismo para o homocentrismo.
Período fértil do ponto de vista cultural, que animou toda a Europa teve epicentro em Itália.
Contudo na verdade ninguém na época, ninguém o apelidou de humanismo, este termo só
surgiu no séc. XIX. O Humanismo não foi apenas uma atitude literária foi uma tentativa de
reconstrução estética e filosófica, dos costumes e das concepções do homem cristão. Os focos
foram Padua e Florença. O homem tornou-se o centro do mundo, enquanto, que na idade média
era a natureza puramente cristã
Humanismo em Portugal – é no reinado de D. João I, que na corte se fixam três eruditas
italianos. Contudo o humanismo que teve origem italiana foi introduzido em Portugal por Cataldo
Parisio. Foi persuadido a vir para Portugal, e em Portugal escreveu vários trabalhos. Destaca-se
Epistolas. Cujo tema central é amada Itália, não consegue esconder a amargura de ser
estrangeiro. Foi professor dos Principes, ensinou latim, pronunciou vários discursos, e elaborou
correspondência internacional (diplomacia). Rivalidades com humanistas portugueses, queixa-se
de atrasos dos pagamentos que lhe permitam viver com dignidade. Deixou Portugal, porque D.
Leonor impediu D. Jorge de ser rei. Teve a obsessão de educar um rei humanista. Mostra-se
arrependido de ter deixado a sua terra natal.

17
Universidade reforma manuelina – estipulou que só o rei ou o pretor da Universidade poderiam
criar novos estatutos. Novo plano de curso incluía faculdade de teologia, cânones, leis, medicina
e artes. Que tinha como método tradicional ou escolástico. Ler, explicavam e comentavam o
texto. O docente apenas se dedicaria à sua profissão, eram proibidas outras actividades,
aumentando assim os ordenados. Os alunos deixaram de eleger o reitor. Era composto por
reitor, conselho pedagógico, junta administrativa, Conservador, Sindico, Chanceler, Recebedor,
Bedel e escrivão, dois taxadores das casas, dois escrivães adjuntos do conservador, sacador do
recebedor, Inquiridor, solicitador e guarda das escolas
Reforma de D. João III – é fixado definitivamente em Coimbra a universidade 1537. Instalações
adequadas. Paços de Alcobaça lia-se D. Civil, Canónico, Matemática, Retórica e Musica. No
colégio de Santa Cruz de Coimbra teologia, línguas (grega,latina),filosofia e medicina. Depois
ordena a reunião de todas nos paços reais. Ordena-se que fossem para Coimbra os professores
mais competentes. Alteração dos estatutos: aumentos das cátedras nas várias faculdades; reitor
passava a poder conferir os graus de licenciados e de doutor em leis e em medicina. Os de
teologia e Cânones só por pontifícia. Secularização - vitoria da Igreja. O rei patrocinava a
formação no estrangeiro.
Colégio das Artes – organizada pelo experimentado André de Gouveia, ensino
gratuito,convidados alguns mestres estrangeiros. Escola humanista. Alguns professores foram
perseguidos pela inquisição. A mentalidade humanista teve dois tipos de influencia actividades
ultramarinas e o contacto directo com uma Europa culta.
Arte manuelina – época de ascensão económica provocada pelos descobrimentos – capitalismo
monárquico. Dezenas de artistas atraídos pela oferta financeira deixam os seus países de
origem. Cada um teve oportunidade de mostrar a veia artística junto da realeza. Tese
nacionalista – os românticos são do ponto de vista politico, nacionalistas. Características: o
predomínio do arco de volta inteira e do arco sarapanel, a tolerância de outros tipos de arcos, a
existência de arcos polisticos enfaixados com pedestais, a extravagancia, a ausência de
molduras rectas, a existência de corpos verticais interceptados pró nichos estatuas e
baldaquinos, os vãos com ombreiras compósitas, o ódio Às repetições simples e falta de
simetria, a adopção de formas oitavas, o uso de florões e ornatos e das divisas do rei fundador.
A arte manuelina surge como uma consequência da expansão marítima. Naturalismo
exuberante, o predomínio de certos termos evocativos do mar e das insígnias régias, o estilo das
descobertas marítimas. Exuberância marítima.
Tese internacionalista – defende o encontro de influências hindustânicas, deixando de parte
qualquer vestígio muçulmanos. Tese hispano-flamenga – grandes influencias de Espanha, de

18
tendência marcadamente naturalista. E isto deve-se ao facto de termos entre nós vários mestres
espanhóis, que trouxeram estéticas que lhes eram familiares.
Mosteiro dos Jerónimos – ascensão da ordem de S. Jerónimos na Península Ibérica.
Características do Mosteiro dos Jerónimos: o portal sul: o velho testamento que anunciava a
vinda de Cristo, o novo testamento figura da virgem com o menino ao colo – protectora dos
navegadores, a patrística representada pelos doutores da Igreja. No mainel encontra-se o
infante D. Henrique, impulsionador da expansão.

Torre de Belém – chama-se Baluarte de S. Vicente da Par de Belém. Tem em vista um plano
defensivo, criado no reinado de D. João II, com vista a defender o estuário do Tejo, numa época
em que ocorriam a Lisboa centenas de embarcações. O sistema constituía em construir duas
fortalezas nas duas margens do Tejo. Não se concretizou devido à morte prematura do monarca.
E D. Manuel pensou que tal não seria necessário. Materiais usados calcário e tijolo. Como é
evidente não resistiria a um ataque militar. Parece mais um palco para cerimonias de partida e
de chagada. Tem sugestões islâmicas, mediterrâneas, o “manuelino”,e a torre de mensagem do
castelo de Beja.
A janela do convento de Cristo em Tomar. – começou por ser um castelo, construído por volta de
1160. Janela inserta na fachada ocidental do coro e sala Capitular pela exuberância decorativa,
marcadamente barroca. Duas correntes: Tradicional: vê um verdadeiro hino à gestão Portuguesa
dos descobrimentos, motivos de origem marítima (calabrês, nós, estilização de ondas, pranchas
de cortiça, correntes de ferro, flutuadores, algas, e troncos de coral) inspiração terrestre
( alcachofras, troncos, raízes de sobreiro, guizeiras). Tese Hiraldica-iconográfica D. Manuel,
constitui um discurso carregado de uma simbologia dominada pela obsessão de rei afortunado,
todos os seus actos são visto como desígnio divino, nada havendo ocasional ou de fortuito.
Imprensa em Portugal – origem no séc.XV, expandiu-se na Alemanha, França, e Itália. Em
Portugal – final do séc. XV . O rei, os grandes senhores laicos, e os responsáveis eclesiásticos
acarinharam a introdução da tipografia, o que se comprova, pelo número de impressoras que
vieram do estrangeiro. Dá-se o nome de incunábulo ao documento impresso mediante a
utilização de caracteres móveis, nos primórdios da tipografia até 1500. No último quartel centros
impressores: Braga, Chaves, Faro, Leiria e Lisboa. O prelado(bispo) tinha um projecto editorial
com objectivos pastorais, e por isso em escassos 4 anos, ordenou a impressão: O breviário
Bracarense, impresso em braga, 1494; O Manual dos Sacramentos ou Ritual editado na Galiza
1496; e o Missal dado à estampa em Lisboa 1498. Impressoras e obras representativas:

19
Valentim Fernandes em Lisboa (1496) obras: Votivale missa rum secundum romanum; Estoria
de muy nobre Vespesiano emperador de Roma, Regimento Proveytoso contra há pestenença,
Epistolae et orationes, Opera de Cataldo Sículo. A lista é enorme, fixam apenas alguns nomes
mostra a pujança económica de reis, bispos e particulares. A imprensa democratiza a escrita,
vulgarizando todo uma série de trabalhos que até ai eram privilégio de alguns.

Actividade Literária – Luís Vaz de Camões. (1524-1580), adquiriu a sua formação intelectual em
Coimbra. Entretanto virá para a capital, altura em que os amores impossíveis levam o réu e
envia-lo pata Ceuta, para o serviço militar. Voltado a Lisboa o rei envia o impetuoso homem das
letras para o oriente. Regressou depois a Portugal, demonstrou ser um homem atento ao que o
rodeava nas suas viagens. Os lusíada que tem como herói individual Vasco da Gama, mas
também se reconhece a existência de um herói colectivo. Têm como elementos a terra e o mar.
é retratado nesta obra a partida incessante e constante de homens, que as armadas levam e em
que cujos rostos podemos ver uma mão cheia de esperança, que vem a tornar profundamente
nefasta, criando problemas insolúveis do ponto de vista politico, económico, social, moral e
religioso e educacional. Retratação dos lusíadas, o mar adquire um papel fundamental e
estruturante nos lusíadas. O mar, segundo Camões é um misto de incertezas, de duvida e de
receio. Os elevados dias passados no mar, sem avistar terra. A vida no interior dos navios, a
faina das velas, a limpeza das naus a demora desesperada das viagens a degradação dos
alimentos, o clima, as doenças (escorbuto), as tempestades. Camões Vê no mar: fonte de
Obstáculos, de perigos e de limitações; espírito de aventura desafio do desconhecido e meio da
satisfazer a paixão da descoberta; estimulo a criação dos mitos. Enquanto, que a terra significa:
a conservação, a defesa, o agasalho, o descanso, o lugar de paz e acolhimento. O drama dos
lusíadas é o drama de um homem, ou de um povo, que se entrega apaixonadamente à aventura
sem a confiança do dogma, nem a certeza do êxito. O Velho do Restelo reflecte o conflito de
mentalidades do sec. XVI, todos queriam partir em busca da fama, da glória e da riqueza. Mas o
preço era demasiado elevado. Sendo que à medida que as maus levavam os homens
aumentava em terra o choro, a viuvez, orfandade e o adultério. Cada vez mais a terra ficava a
monte, a fome, e o desencanto de quem ficava. Belém o ponto de embarque, mas também para
muitos o ponto de partida sem regresso, inúmeros testamentos foram feitos na época. O grande
sonho da chegada à índia concretiza-se em finais do séc. XV. E o que Camões preverá
aconteceu, mais grave do que perder o rei (D. Sebastião na batalha de tanger), perdemos o
reino, Filipe II de Espanha torna-se Filipe I de Portugal. Depois de um período de grande
prosperidade económica e cultural torna-se numa pequena parcela territorial sem autonomia.

20
Literatura de Viagens – Fernão Mendes Pinto O Séc. XVI, foi marcado pelo multiculturalismo.
Novos mundo, povos diversos, mentalidades tão dispares, modos administrativos e religiosos
impensáveis nesta já velha Europa, marcados pelo descobrir e pela ânsia de conhecer
portuguesa. A Peregrinação, da autoria do Fernão Mendes, que foi publicada até ao fim do
séc.XVI, em seis idiomas diferentes portuguesa, castelhana, francesa, alemã holandesa e
inglesa, demonstra a curiosidade europeia pela cultura oriental. O Autor nasceu em Montemor-o-
Velho. Partiu para a índia com o sonho de se tornar rico (1537), onde viveu durante 21 anos. A
saga do autor, decorre neste extenso período, que irá preencher as páginas da peregrinação
com relatos curiosos, que nos dão a conhecer as múltiplas facetas da sua personalidade. Em
1558, regressa a Portugal, constitui família e escreve e a peregrinação. Trouxe na bagagem a
realização do sonho que o animara à partida: fortuna. Vê-se no trabalho do autor um manancial
inesgotável de informações quanto aos costumes dos japoneses, dos chineses e dos
portugueses em terras orientais. Mostra-nos um pouco daquilo que nós fomos e fizemos no
oriente.
Época Barroca – literatura como reflexo dos problemas dos portugueses. A partir de 1530, a
renascença, completa-se, consolida-se e esgota-se. Como resposta a igreja, adapta-se através
do movimento que se convencionou chamar de contra-reforma, sendo os seus principais
obreiros os incansáveis jesuítas. É deles que sairá também o barroco, rapidamente difundido na
Áustria, Boémia, Baviera, Península Ibérica e na América. O Barroco é uma mentalidade
iminentemente decorativa. O barroco expande-se por toda a fachada, enchendo cada pedaço
com elementos decorativos religiosos.
Rodrigo Lobo (1574-1621) Obras: Corte na Aldeia, A Primavera, O Condestabre de Portugal,
Comédia Eufrósina. A sua obra atravessa os tempos e mantém uma actualidade expantosa,
sobretudo nos aspectos abordados na Corte na Aldeia. Abordagem da obra, a Corte na Aldeia é
composta por 16 diálogos. Tenta realçar os alguns aspectos de extraordinária importância de um
Portugal sob o domínio estrangeiro. Faltando a Portugal a corte dos reis Portugueses, os
Fidalgos e os cortesãos vieram fazer corte nas Aldeias, mantendo acesa a centelha dos tempos
passados na corte de Lisboa. O 2º aspecto a realçar é o de que D. Duarte fosse o baluarte
possível dos valores da nação, protegendo em especial a língua portuguesa. Retrata uma cultura

21
que se vai desvanecendo devido ao domínio espanhol. De repente tudo se perdera, o rei, o
império, a independência, mas também a cultura e a identidade. A manutenção da urbanidade
entre fidalgos e cortesãos representava a mola axial da sustentabilidade dos valores seculares
conquistados com sangue através de múltiplos desafios, desde a reconquista, passando por
África, pela Ásia e pela América do Sul. No dialogo I, mostra a importância da linguagem escrita,
antepondo-a à oralidade. “O que a voz não pode exprimir juntamente em diferente lugares e a
diversas pessoas ao mesmo tempo, o faz a escritura com grande perfeição, podendo muitas
pessoas, em diferentes lugares, ler em um mesmo tempo a própria causa”. No II e III, divaga
sobre os vários tipos de cartas, com múltiplas funções que caem no âmbito administrativo,
judicial, económico e social. É composto por cartas domésticas, civis e mercantil, de novos, de
recomendações, de agradecimento, de queixume, de desculpa, de graça, cartas reais em
matéria de estado, cartas públicas, invectivas, consolatórias, laudatórias, persuasórias, entre
outras. A carta é constituída por 5 partes: saudação, o exórdio, narração, petição e conclusão. O
autor espera muito desta Cortes na Aldeia pois estas constituíram uma forma de revitalizar a
língua plasmadora da cultura portuguesa, isto porque o autor é um optimista e tem fortes
esperanças quanto à restauração da nacionalidade.
O papel da historiografia e o oficio do historiador - Tem uma posição nacionalista, e prefere
narrar uma história verdadeira, ou seja, a do rei em que viveu e da terra onde nasceu. A
historiografia que é admirada por Rodrigues Lobo tem a ver com aspectos políticos, militares e
do pendor biográfico dos «homens insignes» e da acção tutelada pela nobreza no decurso
histórico.
Sociedade - as relações sociais representam o grau cultural adquirido pelo cortesão. Tipos de
cortesia: a cerimónia, a veneração quanto às coisas sagradas; a cortesia propriamente dita
refere-se a relação mantida com os reis, príncipes, senhores, títulos e ministros; o bom ensino,
como sendo a reverencia entre iguais; a cortesia militar; e a cortesia naval. O saber estar à mesa
é também um bom reflexo cultural: não comer com sofreguidão, não mostrar demasiado apetite,
não mostrar frieza resvalando para o fastio, beber com regra e sem exageros, não levantar o
copo quando um dos comensais está a beber, falar o necessário desde que os outros falem, não
abordar temas que possam enojar o estômago ou diminuir gosto dos convidados. Entre outros
aspectos desde saber estar num passeio entre dois ou três pessoas, saber rir.
Os militares – continuam a ser uma das classes dominantes da época. Enfatiza as qualidades e
virtudes de um soldado ideal. A criação do exercito forja 4 fundamentos: a honra, o rigor, o
sofrimento e a paciência militares, e a oportunidade de conhecer várias nações e gentes.

22
Apresenta um soldado ideal, diferente do soldado castelhano, mostra o carácter humanista do
autor, e de que nenhum estado pode sobreviver sem exercito e marinha.

O papel da universidade e a critica aos letrados – que constituem também o grupo


preponderante da sociedade. A aprendizagem começa pela gramática, a aprendizagem escrita
da língua é o trampolim para se alcançar qualquer patamar da ciência. Depois a lógica, arte de
ensinar a distinguir entre o falso e o verdadeiro. Depois a retórica, a arte que ensina a falar bem
e a persuadir os ouvintes. Critica os letrados por serem os responsáveis em destruírem o corpo
(através da intervenção dos médicos), a fazenda (por ser o objecto das disputas do poder
judicial, e a consciência (responsabiliza os letrados em geral). Em conclusão a Corte na Aldeia é
uma verdadeira obra pedagógica.
Padre António Vieira, nasceu em Lisboa, e frequentou o colégio dos jesuítas, ingressando na
companhia de Jesus mais tarde. Em 1634 é ordenado padre. Sendo apresentado a D. João IV,
imediatamente se tornou seu conselheiro favorito e no pregador régio. A sua fama na corte não
foi tolerada pelos jesuítas, tendo sido enviado para o Brasil. Tomando ai consciência do que
representava ser negro ou indígena, numa terra onde o impulso social, económico, religioso e
politico pertenciam aos detentores do poder nas mais diversas matrizes, depressa se colocou ao
lado das populações indefesas, reclamando a sua liberdade. Foi expulso do Brasil, fixou-se em
Coimbra. Foi perseguido pela inquisição, e o perdão vem no reinado de D. Pedro II.
Sermão da Sexagésima – proferido na capela Real 1655. Critica audaciosamente o papel da
Igreja. É por isso uma critica à oratória religiosa da época, atingindo muitos pregadores
eminentes da época, que não lhe perdoaram quando o puderam apanhar.
Sermão de Santo António aos peixes. Pregado em S. Luis do Maranhão, assume uma posição
de total frontalidade, demonstrando um poder sátiro genuíno, no qual expõe sem reserva os
vícios dos colanos. Torna-se um acérrimo defensor da liberdade e dos direitos dos índios no
Brasil, alvo de todo o tipo de prepotência dos colonos. Denunciou também a exploração do povo
pelos estratos sociais mais elevados, bem como a distribuição dos cargos públicos. Condenou o
excesso de zelo da inquirição. Fomentou a união dos três estratos sociais –clero, nobreza e povo
– em torno do novo monarca d. João IV. Apercebe-se também que a economia tem os seus
motores próprios, e que compete a burguesia comandar a mesma. E por fim a refere que o mare
nostrum cedeu pelas costuras ao conceito de maré liberum, isto é o mar é de quem tiver
capacidade para navegar nele.

23
A música barroca no tempo de D. João V
A morte de D. João IV, a regência de D. Luísa de Gusmão, a interdição de D. Afonso VI e as
hesitações de D. Pedro II são, com efeito factores que levam à desconfiança da Europa numa
vitória definitiva sobre a Espanha. Com o advento do reinado de D. João V, em 1707, e fixado a
paz definitiva com Espanha, em 1715, pelo tratado de Madrid, o monarca pode voltar para o país
real que herdara. Temos agora um país estagnado. Era necessário intervir. E para isso contou
com Marques de Pombal, ministro de D. José I. o seu programa político assentava em 4 linhas: a
afirmação do absolutismo régio, a activação da politica externa, a modernização da economia
portuguesa, e o reforço do poder temporal sobre o báculo. Contudo na realidade, a politica
joanina, só foi conseguida em parte a partir da segunda metade do séc. XVIII. D. João V, herdou
um reino pobre do ponto de vista de estruturas politicas e sociais, mas fortemente dominado pelo
poder eclesiástico. Por isso com a política joanina, quer inverter as forças, procedendo a uma
certa clericalização do poder político. Através da influência junto da cúria romana, tendo para
tanto contribuído o desempenho da armada portuguesa, em 1717, na derrota dos turcos, em
Matapan, D. João V, em breve consegue impor a sua autoridade sobre a cabeça da igreja
portuguesa. Esta atitude de submeter os diversos poderes ao poder régio absoluto vai ter
consequências importantes no campo da música.
A Musica Litúrgica
Importação do modelo italiano – D. João V torna-se adepto da música litúrgica. No tocante à
música litúrgica, vivia-se da herança anterior: a missa(obra litúrgica em várias partes), o motete
(parte principal que acompanha o tenor), e o vilancico (cantigas em forma de dialogo, admitidas,
por exemplo no Natal). Contudo a Europa já há muito tinha progredido para formas musicais bem
distintas. No plano vocal, assistimos ao fulgor da opera, da cantada e da oratória. No plano
instrumental, era a sonata e o concerto. Espelha-se assim uma profunda estagnação cultural, por
parte de Portugal. Lentamente os modelos italianos penetram no barroco português. Sendo que
a falta de preparação para acompanhar a novidade é evidente. Os compositores mais
representativos desta fase são: Frei Manuel dos Santos, Manuel Soares, Frei António dos
Santos Elias. A partir de 1720, o panorama musical português sofre uma alteração com a
introdução paulatina dos instrumentos de corda na música litúrgica. E deu-se também uma
alteração da prática musical da Capela Real, fazendo desaparecer o Vilancico, cantado pela
ultima vez em 1716. Em sua substituição abriu-se as portas à musica barroca italianizante. Com
ofertas monetárias, D. Rodrigo de Meneses convence Domenico Scarlatti, maestro da capela
Giulia, convence-o, com a promessa de enriquecer, a vir servir na Capela Real, em Lisboa, 1719,
tendo como coadjuvante e vice-mestre Carlos Seixas. Ele e uma orquestra composta por 6

24
Italianos, 3 catalães, 2 boémios, 1 francês, e 1 português de origem alemã, além de um coro
composto por 20 cantores italianos, tudo para realizar o sonho do rei. O poder deste sobre a
igreja, faz com que seja proibido o uso de vilancico em todo o universo religioso do reino. Em
1723, marca a transição definitiva da musica portuguesa para o barroco italianizante. O rei criou
um seminário, o Seminário da Patriarcal, destinado ao ensino da liturgia. Atribuiu também bolsas
de estudas, para a aprendizagem do estilo musical, que foram aproveitadas por António Teixeira,
Rodrigo Esteves, António de Almeida. Contudo foi em Madrid que o compositor desenvolvera a
sua obra aos limites do seu virtuosismo, como cravista.
Carlos Seixas, vice mestre da Capela Real. Que chegado aos ouvidos do rei, que depressa o
nomeia organista da Patriarcal. Gozando de protecção de D. António é recomendado a
Domenico para receber lições. A obra de Carlos Seixas é composta por: dez missas a 4 e a 8
vozes com diversos instrumentos; TeDeum, a 4 coros; setecentas tocadas de cravo; diversos
motetes a várias vozes. O estilo de Seixas, tem claramente influência italiana. Este criou aquilo
que se poderá chamar de «modalidade e faceta musical portuguesa e estilo individual».
Ópera – este de cariz italianizante, não sendo de todo desconhecida em Portugal, atira para fora
de moda a música de pendo espanhol (as zarzuelas). O rei D. João V, coloca objecções à
introdução de uma companhia italiana de ópera em 1731. Contudo esse esforço por parte do rei,
não impediu a audição de uma série de óperas: (1728) II Don Chisciotte della Mancia; (1733) La
Pazienza di Socrate; (1735) La finta pazza; (1736) La risa de Demócrito, entre outras. Os
espectáculos não tiveram a projecção que os artistas gostavam, apenas alguns estavam
autorizados a assistir, ainda que de forma encoberta. Se a adesão ao público não requer
qualquer tipo de discussão, a exclusão dos eclesiástico é paradigmática. É uma época em que a
cultura musical deixa de ser monopólio da corte para se estender a uma aristocracia cada vez
mais aberta e mecenática, à burguesia e a todo um público heterogéneo, que assiste aos
espectáculos operários.
A estética de Marcos Portugal é portador de uma vocação musical excepcional. Matriculou-se no
seminário da Patriarcal, e recebe lições de João de Sousa de Carvalho. Aprende a arte de canto
e a técnica de órgão. Mais tarde dedica-se a arte dramática, musicando uma série de peças: A
casa de pastos; os bons amigos; Licença pastoril; a casa do café; o amor conjugal; o amor
artífice; o amante italiano. Em 1792, abala para Itália, mas propriamente pata Nápoles, capital
operática, que tem como suas primeiras composições: L´Erol cinese; La confusine nata della
somiglianza, ossiano I due Gobbi. Permaneceu durante 8 anos em Itália, e introduziu 21 óperas.
Em 1800, regressa a Portugal, é nomeado maestro da Capela Real e Director do Teatro de S.

25
Carlos. Para onde escreve várias óperas: Zaira; Merope; Artase, Demofoonte. Parte para o
Brasil, devido às invasões francesas, onde é nomeado director do teatro de S. João.
A arquitectura barroca – o arquitecto Nicolau Nasoni. Foi no período de D. João V, que o barroco
atingiu o seu maior expoente, com um imenso número de edifícios religioso e civis. O Porto vive
40 anos do génio Nicolau Nasoni. Este trabalhou na oficina Siena, onde aprendeu 3 disciplinas: a
pintura, a decoração e a arquitectura. Foram seus mestres Nasini, Franchin, e Vicenzo Ferrati.
Em Portugal, nos seus edifícios religiosos e civis, Nasoni, forneceu os seus desenhos
arquitectónicos, e aprendeu a moldar o granito. Nasoni é recomendado, pelo irmão do novo
bispo do Porto, para que este coloca-se a Sé a seu gosto. Chega assim ao porto em 1725,
dando inicio a uma longa carreira. Pinto entre 1725 – 1733 ou em 1731 , a na Sé do Porto, a
capela mor, a sacristia, e provavelmente o corpo da nave. Em 1737 está em Lamego, onde lhe é
encomendado a construção de uma fonte destinada ao Monte de Santo Estevão. Em 1750,
trabalha na Igreja da Ordem da Terceira de S. Francisco no Porto. Contudo seria na construção
da Torre dos Clérigos que o artista deixaria o seu nome para sempre ligado à cidade do Porto.

O ensino e a reforma de Marquês de Pombal – a tragédia política que se abateu sobre Portugal
no quartel do séc. XVI, prolongou os seus efeitos nefastos sobre o espectro cultural. Com a
ascensão de D. João V, ao trono, uma lufada de ar fresco parecia querer arejar a débil e mofada
estrutura cultural portuguesa. Qualquer estrangeiro que visitasse Portugal, facilmente se dava
conta do atraso em sectores como a economia, a diplomacia, a arte militar, a engenharia, a
cartografia, a medicina, a cirurgia, e a farmacopeia. Caracteriza uma mentalidade obsoleta, fora
do prazo de garantia e de validade. Em 1759 os jesuítas são expulsos de Portugal. A expulsão
deixou o ensino num verdadeiro caos. D. João V, morre em 1750, e com ele morre talvez o
sonho de uma verdadeira reforma.
A oposição de Luís António Verney ao tradicionalismo dos jesuítas. Este considerava urgente
uma reforma científica e pedagógica da Universidade de Coimbra, que rejeitou frequentar.
Projecta este entendimento na sua obra, Verdadeiro Método de Estudar, em 1746, editada em
Nápoles, cuja 1ª edição estaria na base da reforma que o Marques de Pombal iria proceder e
que levaria o autor para o lado oposto ao dos Jesuítas. Cinco anos depois surge em Lisboa uma
edição clandestina. A obra é constituída por 16 cartas, cujo conteúdo se refere a todas as
disciplinas que o indivíduo deveria estudar durante a sua fase académica: Língua Portuguesa,
Gramática Latina, Latinidade, Grego e hebraico, Retórica, Reflexões sobre a Retórica, Poética,
Lógica, Metafísica, Física, Ética, Medicina, Direito Civil, Teologia, Direito Canónico, teologia,
Direito Canónico, e método de regular o estudo em todas as disciplinas.

26
Mentalidade moderna europeia – no séc. XVIII, tudo se alterou, quer do ponto de vista científico,
quer do ponto de vista político. A ciência reclama novos ventos com base na experiencia. A
hermenêutica e a heurística, serão ferramentas absolutamente indispensáveis, sobretudo ao
académico. Essa será a grande aposta de Marquês de Pombal.

A criação da aula do comércio, cujos seus estatutos foram aprovados em 19 de Abril de 1759.
Destina-se a suprir as graves lacunas na formação daqueles que tinham por objecto profissional
actividade no campo comercial. A aula de comércio foi um importante passo para o país. Davam
preferência aos candidatos que fossem filhos, ou netos de comerciantes ou de industriais. Sendo
que o 1º mestre da aula de comércio foi João Henrique de Sousa.
Colégio dos Nobres, surge na necessidade de educar a juventude proveniente da Nobreza, para
a tornar útil ao país. O plano de estudo deste colégio teve a influencia António Nunes Ribeiro
Sanches. Este é autor de uma obra intitulada Cartas sobre a Educação da Mocidade. Onde traça
um plano geral, da educação da mocidade, desde a instrução primária até ao Ensino
Universitário. E era imperativo que a docência e os auxiliares fossem casados. Na sua obra
expõe um conjunto de matérias que podiam eventualmente constituir a massa curricular do
ensino ministrado: ensino da religião, exercício corporal, línguas, ciência, História e Filosofia. A
idade de ingresso oscilava entre os 12 e 14 anos. Para além das matérias enunciadas mostra
indispensáveis conhecimentos: Gramática Portuguesa, Linguas(Castelhano, francês e latim),
Aritmética; Geometria; álgebra; Trigonometria; secções cónicas; Geografia; História Profana,
Sagrada e Militar; Risco; fortificação; Arquitectura Militar, Naval e Civil, Hidrologia, Náutica,
manejo de espingarda. Contudo o Colégio Real dos Nobres foi criado pelo regime, numa base
diferente, não foi uma escola militar, mas sim civil, e exclusiva dos Nobres. O programa imposto
por Marques de Pombal era constituído por: Gramática Portuguesa; Línguas (Italiano, francês,
grego e latim); Retórica; Geometria; álgebra; Trigonometria; secções cónicas; Geografia; História
Profana, sagrada e militar; Risco, Arquitectura militar, naval e civil; Náutica; manejo de
espingarda; Física experimental, Astronomia; actividades físicas(dança, esgrima e equitação).
Recorreu-se a professores estrangeiro devido a falta de nacionais.
Reorganizações dos estudos menores – expulsos os jesuítas Portugal ficou com grave
problema para resolver. Foi criado um novo instituto a Real Mesa Censória, que apresenta um
audacioso plano, sobre as escolas menores que atingia o reino de Portugal, desde o lugar e o
número de mestres de ler, escrever e contar e de docentes das disciplinas de latim, grego, de
retórica e filosofia. O corpo docente sairia de um conjunto de candidatos que se apresentavam
para a realização de uma prova, que atestariam o docente a lugar de mestre, e professor de

27
cada uma das disciplinas. E rede de ensino primário inicial era composta por 479 escolas, e o
ensino secundário por 358 escolas. Foi criado subsidio literário .
A reforma universitária – Portugal tinha uma mola axial a Universidade de Coimbra, cujos
conteúdos programáticos e as práticas pedagógicas estavam completamente ultrapassadas. A
ideia de reformar a universidade foi congeminada no pensamento de Marques durante uma
década. Foi criada a junta de providência literária que durante 8 meses de árdua trabalho para
apresentarem o seu parecer sobre a situação das Artes e das Ciências. Foram tomadas as
seguintes providências por parte de Pombal, informa a Universidade que o ano lectivo a iniciar,
por determinação de D. José, seria regido por novos estatutos e cursos científicos, sendo
suspensos os que estavam em funcionamento. Foi substituído o corpo docente. Pombal
mandaria construir para a faculdade de medicina o hospital escolar, o teatro anatómico e
dispensário farmacêutico. Para a faculdade de filosofia criaria o gabinete de historia natural, o
jardim botânico, o gabinete de física experimental, e o laboratório químico. Tinha as seguintes
faculdades: faculdade de teologia, Cânones, Leis, Medicina, Matemática, Filosofia. Com a morte
de D. José fica suspensa esta reforma. A rainha D. Maria, tem uma reacção antipombalina,
requer ao reitor a Relação Geral do Estado da universidade de Coimbra. As novas correntes
tiveram pouca receptividade, pois o panorama era de faculdades sem alunos ou com um número
reduzido. Pombal foi retirado do cargo.
A academia real da Ciências – criada pela rainha D. Maria I, em 1779. Tinham como objectivo
aperfeiçoar ou purificar a língua de promover a agricultura e o comércio, que são as sólidas
riquezas do estado. Esta academia estava dividida em 3 classes: ciências experimentais,
ciências Matemáticas, Belas-Artes. Tinha dois objectivos essenciais estimular a investigação
cientifica produzida pelos académicos e manter actualizada a Universidade de Coimbra sobre os
progressos científicos e literários produzidos além fronteiras. Este organismo usufruía de uma
série de privilégios, tais como: imprensa privada, isenção de censura, e a constituição da sua
própria biblioteca. A academia produziu: Memória económicas, Memórias da Agricultura,
Memórias de Literatura, Livros Inéditos de História Portuguesa, Corpo Diplomático Português.
O movimento Romântico e as suas divergências – a ascensão da burguesia, provocada pela
revolução industrial, na 2º metade do séc. XVIII, primeiro na Inglaterra, depois em França,
Alemanha, e Bélgica. O romantismo português sofre a influencia dos romantismos europeus,
designadamente o inglês, o Francês e o Alemão. O romantismo nasceu do individualismo
burguês ou seja da emancipação do eu. O romantismo foi introduzido em Portugal por Almeida
Garrett, com o poema Camões, publicado em 1825 e por Alexandre Herculano, com o romance
a Voz do Profeta, e por António Feliciano de Castilho. Características do Romantismo: gosto

28
pelas tradições medievais, apoiado no Romanceiro e pela cultura Folclórica; banimento da
mitologia e dos processos eruditos da cultura greco-romana; Mistura de vários géneros (da
Tragédia e Comédia), uso de formas poéticas para além dos sonetos; gosto pelo belo horrível ou
pelo Fantástico; gosto pelo nocturno, pelo enevoado, pelo sonho irreal; criação de versos de fácil
audição; exagero sentimental; culto de pitoresco e do exótico; ficção histórica e histoiricismo; O
individualismo; apologia do Herói.
Gerações Românticas: Almeida Garrett (1798-1854) – frequentou a universidade de Coimbra.
Trabalhou na secretaria dos negócios do reino. Exila-se 1º em Inglaterra e depois em França.
Obras: Camões; Dona Branca; Flores Sem Fruto; Folhas Caídas; Adosinda e Bernal-Francês;
Romanceiro; Um Auto de Gil Vicente; Dona Filipa de Vilhena; Alfageme de Santarém; Frei Luís
de Sousa; Tio Simplício; Falar Verdade a Mentir; A Sobrinha do Marquês; Viagens da Minha
Terra; O Arco de Sant´Ana. A obra Camões faz apologia ao amor, tornado impossível de
Camões por Catarina de Ataíde, sua Natércia. Tem como características: herói à maneira
romântica, fatalista, errante; invocação da saudade; comparação da liberdade com o oceano,
gosto pela solidão, pelas ruínas, pelo exotismo medieval; gosto pela melancolia, pela paisagem
laurenta, identificação do autor como herói; a religião como consoladora e defensora dos fracos.
Alexandre Herculano – tal como Garrett por motivos políticos exila-se em Inglaterra e França. Em
1839, foi nomeado por D. Fernando, director das Bibliotecas Reais das Necessidades e da
Ajuda. Em 1852, foi admitido na Academia Real das Ciências, desempenhando funções de Vice-
presidente. Algumas das suas obras: Harpa do Crente; a Voz do profeta; O Bobo; O Monge de
Cister; lendas e Narrativas; Cartas sobre a História de Portugal. Características na poesia giram
em torno de Deus, da pátria, da religião, da liberdade e da Natureza; no Romance Histórico
exprime aspectos do âmbito psicológico, social, poético simbólico, o romance negro ou de terror;
na historiografia preocupa-se em desmistificar feitos heróicos.
António Feliciano de Castilho formou-se em Direito Canónico. Algumas das suas obras:
Primavera; Amor e Melancolia; A Noite do Castelo; Os Ciúmes de Berdo; Método Português;
tratado de Versificação Portuguesa. O autor foi mentor de um romantismo tendencial piegas.
A segunda geração – a guerra civil (1834) e o lançamento da Revista Panorama (1837), marcam
a adesão da burguesia liberal ao novo estilo literário. Em todos os textos, os autores exploram
até ao mais ínfimo pormenor o sentimentalismo e medievalismo apresentados em narrativas
lamurientas e amorosas.
Conferencias Democráticas do Casino – o Cenáculo é um centro de reflexão de carácter politico
e social, onde o socialismo parecia animar toda a gente. Alguns membros de Cenáculo viajaram
algum tempo, sendo que o plano de acção destes foi preparar uma série de conferencias

29
temática aberta à reflexão publica. Contudo para divulgação do evento era preciso a imprensa, o
jornal A revolução de Setembro aberto a este tipo de acontecimentos, faz o 1º anúncio na edição
de 29 de Abril de 1871. A 5 de Maio é dada a verdadeira dimensão do fenómeno que chamamos
conferências, demonstrando o espírito das mesmas: carácter doutrinal das conferências
(espalhar ideias); reflectir sobre questões que estão esquecidas em Portugal; fomentar ideias,
explica-las e enquadra-las nos progressos da ciência e da crítica.
Em 1871 realizaram-se as conferências democráticas no casino. Onde foi realizado um
programa que foi assinado por uma série de ilustres que se destacam Antero de Quental, Eça de
Queiroz, Manuel de Arriaga e Teófilo Braga.
1º conferencia: O espírito das Conferencias – é aberto com Antero de Quental onde explica o
que se pretendia com as conferencias, nomeadamente era fazer com que houvesse um espaço
onde se discutia politica, ciência social, costume, moral, literatura e arte.
2º conferencias: Causas de decadência dos povos peninsulares – volta a ser aberta por Antero
de Quental, onde se discute a situação que o país atravessava, à entrada do último quartel do
séc. XIX, em que a politica e os políticos não se entendiam e os interesses do Estado eram algo
que lhe passava ao lado. Entendia que a Península, apresentava um quadro desolador:
Insignificância politica, reduzido papel diplomático, prática de uma politica antinacional,
centralização do poder, quebra de vida económica, nulidade de pensamento, esterilidade da
poesia, desmoralização da sociedade, depravação dos costumes.
3º Conferencia: Literatura portuguesa – é tentado demonstrar nesta conferência que Portugal
não possui literatura, não produzimos literatura própria, criadora e original. A falta de
originalidade, de invenção de inspiração própria está patente em todas as escolas portuguesas.
Que Portugal viveu sempre de empréstimos da escola italiana, francesa e espanhola. Contudo
deixa claro que passar por cima da Obra de Camões seria demasiado arrojado, deixam patente
que ele foi uma figura à parte. E propõe destruir tudo que existe, e que a educação deve
espelhar a moral e o dever, úteis à literatura.
4º Conferencia: A Literatura Nova – teve a cargo Eça de Queiroz. Refere que durante o séc. XIX,
a decadência como uma fatalidade. Mas, pouco e pouco a Europa reage, com o despertar do
espírito publico que coincide com o aparecimento do realismo. Encara o realismo como a forma
de nos conhecermos, para condenar o que houver de mau na sociedade. Ataca violentamente a
literatura romântica, sentimental, hipócrita e desligada da vida.
5º Conferencia: o Ensino – aborda o ensino como uma necessidade universal. A aprendizagem
não tem limites. Adolfo Coelho aborda o seguintes aspectos: a necessidade e o fim do ensino, as

30
formas do ensino, a matéria do ensino, a organização do ensino em Portugal, a natureza do
ensino.
6º Conferencia: Os Historiadores Críticos de Jesus – o titulo dá a entender que as conferencias
estavam a ir longe de mais. O poder politico, certamente pressionado pela igreja, toma uma
atitude. O rei determina que o governo civil não autorize a continuidade de tais reuniões, quer no
casino, quer em outro local.

31

Você também pode gostar