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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

SEGURANçANO TRABALHO
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

unidade I
TRABALHO E
SEGURANÇA
DO TRABALHO:
CONTEXTUALIZAÇÕES

unidade II unidade III


SEGURANÇA DO O GESTOR COM PESSOAS
TRABALHO E SAÚDE COMO AGENTE ATIVO NA
OCUPACIONAL SEGURANÇA DO TRABALHO

o trabalho e segurança do qualidade de


seus contextos trabalho: conceitos vida no trabalho
palavra do reitor

Reitor
Wilson de Matos Silva

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um institucionais e sociais; a realização de uma


grande desafio para todos os cidadãos. A busca por prática acadêmica que contribua para o desen-
tecnologia, informação, conhecimento de qualida- volvimento da consciência social e política e, por
de, novas habilidades para liderança e solução de fim, a democratização do conhecimento aca-
problemas com eficiência tornou-se uma questão dêmico com a articulação e a integração com
de sobrevivência no mundo do trabalho. a sociedade.
Cada um de nós tem uma grande responsa- Diante disso, o Centro Universitário Cesumar
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
nossos fará grande diferença no futuro. sitária de referência regional e nacional pela qualidade
Com essa visão, o Centro Universitário e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
Cesumar – assume o compromisso de democra- petências institucionais para o desenvolvimento de
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
e contribuir para o futuro dos brasileiros. sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e
No cumprimento de sua missão – “promo- a distância; bem-estar e satisfação da comunidade
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
do conhecimento, formando profissionais cida- trativa; compromisso social de inclusão; processos
dãos que contribuam para o desenvolvimento de cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro como também pelo compromisso e relacionamento
Universitário Cesumar busca a integração do permanente com os egressos, incentivando a edu-
ensino-pesquisa-extensão com as demandas cação continuada.

Direção Unicesumar

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson
C397 de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora
Seguranca No Trabalho / Professor Mestre Tiago Ribeiro da Costa. Cláudio Ferdinandi.
Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
108 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. NEAD - Núcleo de Educação a Distância
1. Seguranca. 2. Trabalho. 3. EaD. I. Título.
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, Coordenação
CDD - 22 ed. ??? de Polos Reginaldo Carneiro, Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Dutra, Coordenação de Graduação Kátia Coelho, Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados
Evandro Bolsoni, Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Brait, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design Educacional
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Larissa Finco, Diagramação Humberto Garcia da Silva, Revisão Textual Yasminn Zagonel, , Fotos Shutterstock.
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
boas-vindas

Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick
de Matos Silva

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do


Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade.
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está
disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer.
sobre pós-graduação

a importância da pós-graduação

O Brasil está passando por grandes transformações, em especial


nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente.
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática,
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil.
Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida,
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal
e profissional.

Professor Dr. Renato Dutra


Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais
NEAD - UNICESUMAR
apresentação do material

Professor Mestre
Tiago Ribeiro da Costa

Prezado acadêmico, Os princípios de Segurança do Trabalho foram


Seguras saudações! Seja bem vindo ao desenvolvidos a partir da famigerada dualidade
mundo da Segurança do Trabalho e da Saúde plenitude-crise do modelo capitalista de traba-
Ocupacional no contexto da Gestão com Pessoas. lho apregoado na época da Revolução Industrial.
Antes de darmos início a discussão deste tema, O simples aumento de produtividade dado pela
tenho uma importante tarefa a cumprir e gosta- sistematização dos processos produtivos e pela
ria de convidá-lo a participar desta tarefa. Trata-se exploração exacerbada de uma força de trabalho
de uma tarefa aparentemente fácil, mas que pode por vezes inadequada aos processos altamente exi-
definir se você irá ou não continuar a ler esse ma- gentes em força e repetitividade (uso de mulheres,
terial: Quero incentivá-lo e convencê-lo sobre a idosos e crianças em jornadas que ultrapassavam
importância do estudo acerca da Segurança do 16 horas diárias), provocou uma situação de crise
Trabalho no contexto de sua futura profissão como insustentável.
Gestor com Pessoas. De acordo com Albert Einstein, “a crise é a maior
Para tal, convido-o a acompanhar nossa pri- bênção para pessoas e para países”. Nesse sentido,
meira unidade. Na Unidade I problematizaremos a saída para tais crises ligadas às condições de-
primeiramente sobre o trabalho de acordo com sumanas de trabalho foi o desenvolvimento de
duas questões norteadoras: O que é o trabalho? novas propostas, tidas como paradigmas sociais, tais
Quais os contextos do trabalho ligados ao ser como o fortalecimento de organizações associativas
humano? (Sindicatos, Associações e Cooperativas), ideários
Verificaremos que o trabalho se configura a socioeconômicos (Comunismo como modelo al-
partir do atendimento das necessidades e anseios ternativo ao Capitalismo) e o desenvolvimento de
do ser humano em transformar seu meio concreto normas e ações voltadas à proteção do trabalha-
e até mesmo suas aspirações abstratas (pensamen- dor, a qual teve seu maior expoente representado
tos, ideias, crenças). pela promulgação das diversas convenções sobre
Ainda nesse certame, o trabalho apresenta-se o trabalho editadas pela Organização Internacional
em seus diversos contextos (filosófico, religioso, eco- do Trabalho – OIT, a partir de 1921. Discutiremos
nômico, científico e outros que serão explicitados sobre essas convenções e seus desdobramentos
em momento oportuno). Tais contextos apresen- históricos, inclusive no Brasil.
tam as classes de motivos pelos quais o trabalho A partir da Unidade II iniciaremos um pro-
pode ser executado, com sua relativa importân- cesso de delimitação da discussão, focando mais
cia. Após essa contextualização sobre o objeto da sobre a questão da Segurança do Trabalho em si.
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional (o Apresentaremos todos os subsídios necessários
trabalho), faremos uma contextualização sobre a para que você, prezado aluno, possa conhecer
própria Segurança do Trabalho. seus princípios, aplicações, legislações e normas
pertinentes, atores e atualidades acerca do assunto. trabalho em si deve apresentar alguns elementos
Nesse momento é que passaremos a definir qual de cunho psicológico e físico que ampliem a sen-
o papel do Gestor de Pessoas no contexto da sação de satisfação e de reconhecimento do local
Segurança do Trabalho a partir desse questiona- de trabalho como uma “segunda casa”.
mento: “Quem é o Gestor de Pessoas frente à Segurança Contudo, será que é isso mesmo que acontece
do Trabalho?”. no ambiente empresarial? Como a QVT (Qualidade
Provavelmente a Unidade II lhe apresentará de Vida no Trabalho) é encarada pelos empresários
bons argumentos nessa minha tentativa de con- e pela sociedade, desde sua concepção até os dias
vencê-lo ao estudo da Segurança do Trabalho. atuais? E, qual será o seu papel nesse processo?
Entretanto, ainda é necessário estabelecer ações Somente lendo a Unidade III para conferir.
e ferramentas de atuação do Gestor de Pessoas Para lhe auxiliar em seus estudos, fiz questão
enquanto membro participante do que podemos de anexar leituras e atividades complementares
chamar de “bureau” empresarial de Segurança do que irão auxiliar no processo de construção de seu
Trabalho. conhecimento.
Assim, por meio da Unidade III, discutiremos Vamos então iniciar nossos estudos sobre a
sobre o papel do Gestor de Pessoas nas estraté- Segurança do Trabalho no contexto da Gestão com
gias de capacitação dos atores envolvidos com a Pessoas? Sinta-se à vontade para estudar os conte-
prática laboral, afinal, antes das práticas laborais údos desse material, mas, acima de tudo, assuma
serem definidas por meio de máquinas, equipamen- uma postura crítica e disciplinada em seus estudos:
tos, implementos e ferramentas, elas são, acima de Estabeleça horários e metas e sempre se questio-
tudo, definidas pela inserção do ser humano ciente ne, de uma maneira crítica, sobre esses conteúdos.
de seu papel como agente ativo dos processos. Afinal, também não quero estabelecer a minha
Ao final dessa terceira unidade, estabelecere- visão do assunto como única e dependo de suas
mos uma última discussão sobre as perspectivas visões e percepções em uma proposta dialógica
de atuação do Gestor de Pessoas frente ao que para que possamos estabelecer, de fato, a constru-
se chama “Qualidade de Vida no Trabalho”, um ção do conhecimento.
conceito operacional que visa dotar o ambiente em- Até a primeira unidade!
presarial de práticas e mecanismos que reduzam os
Prof. Tiago Ribeiro
impactos e desgastes da prática laboral, ao passo
em que visa ampliar a satisfação e o prazer em se Eng. Agrônomo, Eng. de Segurança do
trabalhar por parte dos colaboradores. Trabalho, Me.
Você já parou para pensar que em nosso dia a
dia certamente passamos a maior parte do tempo Professor e Consultor de Projetos de
nos dedicando ao trabalho? Por consequência, o Desenvolvimento Regional
01
sumário
TRABALHO E SEGURANÇA DO
TRABALHO: CONTEXTUALIZAÇÕES

12 o trabalho e seus contextos.

20 evolução histórica do trabalho.


revolução industrial: a crise que
24
gestou a segurança do trabalho.
o estado de crise da revolução
industrial
28 e o desenvolvimento dos primeiros
princípios sobre segurança do
trabalho.
aplicação de princípios e diretrizes
32 de segurança e saúde no trabalho no
Brasil.
02
SEGURANÇA DO TRABALHO
03
O GESTOR COM PESSOAS COMO
E SAÚDE OCUPACIONAL AGENTE ATIVO NA SEGURANÇA
DO TRABALHO

perspectivas do tema “segurança do


48 segurança do trabalho: conceitos
82 trabalho e saúde ocupacional” no
atores envolvidos no sistema de contexto da gestão com pessoas
53 segurança do trabalho e saúde o papel do gestor com pessoas nas
ocupacional 83 estratégias de conscientização e de
mecanismos que regem as ações capacitação dos atores envolvidos
56 de segurança do trabalho e saúde
87 qualidade de vida no trabalho
ocupacional
revisitando o conceito de riscos a importância da segurança do
60
associados à prática laboral trabalho ao gestor com pessoas
95
principais ferramentas da segurança como elemento de competitividade
63 no mercado de trabalho
do trabalho
1 TRABALHO E SEGURANÇA DO TRABALHO:
CONTEXTUALIZAÇÕES

Professor Mestre Tiago Ribeiro da Costa

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu-
dará nesta unidade:
• O trabalho e seus contextos;
• Evolução histórica do trabalho;
Objetivos de Aprendizagem • Revolução industrial: a crise que gestou a segu-
• Proporcionar o conhecimento, por parte dos acadêmicos, acerca rança do trabalho;
da contextualização do Trabalho, objeto de estudo da Segurança • O estado de crise da revolução industrial e o de-
do Trabalho, no plano das necessidades humanas e de seus di- senvolvimento dos primeiros princípios sobre
ferentes contextos (filosófico, econômico, religioso, científico e segurança do trabalho;
cultural-educativo) • Aplicação de princípios e diretrizes de seguran-
• Problematizar os conhecimentos acerca dos fatores históricos que ça e saúde no trabalho no Brasil;
desencadearam a Gênese dos princípios de Segurança do Trabalho.
• Estabelecer uma análise inicial sobre os dispositivos legais que
regem as ações de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.
Prezado aluno, seja bem vindo! Estamos iniciando nosso estudo sobre
a Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional no contexto da
Gestão com Pessoas. Entretanto, como mencionado na apresenta-
ção desta obra, antes de falarmos sobre a Segurança do Trabalho em
si, precisamos nos convencer sobre a importância de seu estudo e de
suas aplicações no campo da Gestão com Pessoas.
Para tal, coloco-lhe a seguinte questão para sua reflexão: “Afinal, você
sabe o que é ‘trabalho’?”
Em um primeiro momento, sem o conhecimento teórico necessário, parece
difícil definir com precisão o que seja trabalho. Provavelmente você, se
não conseguiu estabelecer um conceito acerca do assunto, certamente
associou a palavra a alguma atividade desenvolvida pelo ser humano, às
vezes apresentando características ligadas ao prazer ou ligadas à lamúria.
Contudo, esta associação entre o termo “trabalho” e o desenvolvimento
de alguma atividade ou mesmo, a associação entre a atividade e algum
adjetivo, tal como fizemos, deve ser feita de maneira cautelosa e nós
vamos entender o motivo disto por meio da análise dos diversos con-
textos relacionados ao trabalho. Ademais, muitas vezes o “trabalho” é
associado aos adjetivos negativos por conta de alguns de seus contextos.
Não pude evitar pensar que você deve ter se perguntado: “Mas pro-
fessor, nem conceituamos ainda o que é o trabalho e já estamos
partindo para seus contextos...”. Em minha visão, penso que visua-
lizando alguns contextos principais, podemos conceituar com maior
propriedade o que é o trabalho, e de que forma o trabalho é realiza-
do, levando-se em conta estes contextos.
Em um segundo momento, ainda nesta unidade, evidenciaremos a
própria Segurança do Trabalho, de maneira conceitual, abrindo o leque
de possibilidades para o entendimento desta ciência e ainda, eviden-
ciando alguns de seus pontos chave que podem abrir portas para a
atuação do Gestor de Pessoas.
Está curioso? Vamos então abrir nossas discussões e nossas mentes.
Seguranca no Trabalho
12

O TRABALHO
E SEUS CONTEXTOS

C
omo atividade inicial, peço para que você se concentre
nas palavras deste período do livro e siga rigorosamente
as reflexões aqui colocadas. Vamos lá?
Em algum momento de sua vida você já se deparou com uma
espécie de vazio provocado por questões não respondidas? Tratam-
se de questões que beiram o campo da filosofia e do papel exercido
pelo ser humano no universo, como por exemplo:

• “- Quem sou eu?”;

• “- Por que estou aqui?”;

• “- Qual o objetivo de viver?”;

• “- O ser humano está sozinho no universo?”;

• “- Existe algo que rege a nossa vida?”.


Pós-Graduação | Unicesumar
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É difícil encontrar alguém que nunca explicação lógica, ou seja, todas as respostas
tenha se deparado com estas questões. àquelas perguntas encontravam-se direcio-
Saiba que tais questionamentos são naturais nadas à justificativa divina.
e pertinentes a qualquer ser humano, desde A própria definição de Teocentrismo
épocas remotas. Todavia, assim como você, ilustra esta supremacia divina:
eu nunca obtive respostas satisfatórias para
estas questões, mesmo considerando que “O teocentrismo, do grego theos (“Deus”) e
kentron (“centro”), é a concepção segundo
estamos em uma época onde o desenvolvi-
a qual Deus é o centro do universo, tudo foi
mento científico e tecnológico nos confere criado por ele, por ele é dirigido e não há
subsídios importantes à resolução destes outra razão além do desejo divino sobre a
questionamentos. vontade humana.” (TEOCENTRISMO.COM,
Reflita agora sobre esta mesma análise, 2012)2.
mas transporte-a para tempos mais remotos,
quando os subsídios que poderiam nos auxi- Não é nosso objetivo nos aprofundar em uma
liar na resolução destas questões eram mais discussão do campo sociológico quanto ao
raros. De alguma maneira, o ser humano, com Teocentrismo, contudo, você já deve ter per-
sua grande capacidade de adaptação ao am- cebido que tal ideologia, por sua característica
biente, não somente física e biológica, mas principal, subjuga o poder transformador do
também cognitiva, criou alternativas ao en- ser humano, ávido por modificar seu meio
tendimento das referidas questões. Desta em prol de suas necessidades.
forma, surgiram as primeiras teorias filo- Neste sentido, o Antropocentrismo, teoria
sóficas que buscavam dar suporte a estes a qual apregoa uma “troca” quanto ao ele-
questionamentos. mento principal do universo (de Deus para
São duas as principais teorias filo- ser humano), entrou em cena, em meados do
sóficas que foram criadas diante deste século XIV, com o Renascimento. Não obstan-
contexto, em ordem: a) o Teocentrismo; e, te, o nome “Renascimento” sugere o ressurgir
b) Antropocentrismo. do homem e de sua capacidade de modifi-
Segundo Souza (2009)1 o Teocentrismo car o meio a partir de um cenário de “trevas”
surgira em uma época de densa supremacia advindo da Idade Média.
da Igreja Católica, especialmente sob o ponto Neste momento o desenvolvimento da
de vista ideológico. Na Idade Média, período razão e das ciências permitiu ao ser humano
do auge do Teocentrismo, o ideário básico a compreensão de muitos fenômenos na-
suscitava a relação entre Deus e as coisas sem turais e humanos, até então creditados às
1 SOUZA, A.S. Concepções de Deus na Idade Média e no Iluminismo. entidades divinas. Não se tratava do primeiro
Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/concepcoes-de-deus- 2 TEOCENTRISMO.COM. Definição de Teocentrismo. Disponível em: <http://
na-idade-media-e-no-iluminismo/18518/>. Acesso em 26. Abr. 2012. teocentrismo.com/artigo1.php>. Acesso em: 26. Abr. 2012.
Seguranca no Trabalho
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momento histórico no qual o ser humano era elementos abstratos: a própria teoria filosófica
protagonista no desenvolvimento de suas do Teocentrismo foi criada pelo ser humano,
atividades, mas certamente foi o mais auspi- o qual estabeleceu uma relação causal entre
cioso nesta questão, afinal, graças ao poder um elemento abstrato (Deus) e as consequên-
inventivo do ser humano, traduzido por sua cias terrenas (concretas). Por isso que também
capacidade de modificar o meio (portanto é válido afirmar que o Teocentrismo possui
trabalho), grandes feitos na história da hu- sua parcela de contribuição em nossa tenta-
manidade foram executados, tais como as tiva de conceituar o termo “Trabalho”.
grandes navegações, o desenvolvimento das
leis universais da física e das demais ciências Mediante o exposto, portanto, depreen-
(sociologia, matemática, anatomia, dentre de-se que:
outras) e a própria Revolução Industrial, um
marco histórico no campo do trabalho que
O termo “trabalho” faz alusão à capacidade
modificou drasticamente as bases sociais,
humana de transformar o meio (consideran-
econômicas, ambientais e políticas da socie- do elementos abstratos e concretos) para o
pleno atendimento de suas necessidades.
dade Europeia, nos séculos XVIII e XIX e da
sociedade mundial no século XX.
Neste momento você deve ter percebi-
do que o antropocentrismo tem uma ligação Entretanto, a conceituação sobre o
bastante importante com o trabalho em si, Trabalho torna-se incompleta do ponto de
devido a sua característica de libertação da vista processual. Fazendo uma alusão com
capacidade transformadora e inovadora do a boa e velha gramática, é como se estivés-
ser humano. Todavia, ainda não é capaz de semos vendo claramente o que é a ação (o
solucionar todas as questões filosóficas es- verbo do predicado) e quem executa esta
tabelecidas na ânsia do entendimento do ação (ou seja, o sujeito). Entretanto esta ação
papel deste ser humano no universo. não se configura como “verbo intransitivo”,
O Teocentrismo, em menor grau e, princi- necessitando, portanto, de um complemen-
palmente o Antropocentrismo ilustram esta to, de um “objeto”, de um “para quem a ação
relação do ser humano com o universo, um ser é voltada”. Desta forma, caro aluno, de uma
ativo, atuante e que busca constantemente a maneira mais direta, eu lhe peço para que
transformação de seu meio para seu próprio tenha a seguinte reflexão:
benefício. A esta capacidade de modificação
do meio é que damos o nome de “trabalho”.
É importante salientar que esta “modifica-
ção do meio”supracitada pode ter efeitos tanto “Para quem o trabalho é voltado?”.
em elementos concretos como também em
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Analise as seguintes citações: A partir desta leitura pode-se depreender


que em todos os casos, os resultados da
“O homem filosofa para entender o mundo e ação chamada trabalho são voltados ao
seu papel dentro dele. Filosofa para entender
próprio ser humano, ou seja, este é promotor
a si mesmo.
de uma ação modificadora do meio que
tem por objetivo o seu próprio benefício,
(...) O homem faz ciência para estabelecer o
conhecimento metodológico das relações do corroborando com a observação anterior de
mundo material, visando apropriar-se deste que o trabalho é voltado ao atendimento
conhecimento para seu próprio desenvolvi- das necessidades deste ser humano.
mento intelectual.
Diferentes formas de expressão humana
por meio do trabalho podem explicar, em
(...) O homem desenvolve tecnologia para
parte, o próprio contexto histórico do tra-
aplicar na sua própria prática de vida os co-
nhecimentos científicos adquiridos, visando balho e as inovações que foram atreladas
seu desenvolvimento, sua abundância eco- ao desenvolvimento desta prática ao longo
nômica, seu conforto e sua qualidade de vida. dos séculos.
A própria substituição da força humana
(...) O homem faz religião para buscar sua bem
pela tração animal e, posteriormente, por
aventurança espiritual, aproximando-se de
matrizes energéticas diversas (carvão, gás
suas divindades.
natural, vapor de água, energia elétrica, etc.)
(...) O homem faz arte para o deleite de seu são exemplos da aplicação de metodologias
próprio espírito. derivadas de expressões distintas de seres
humanos em busca do atendimento de suas
(...) O homem trabalha para realizar no am- necessidades, de maneira mais eficiente.
biente seus próprios interesses, promovendo
Após a contextualização filosófica sobre
sua transformação.”3
o trabalho, resta-nos discutir, nesta parte
3 COSTA, T.R. Segurança do Trabalho – Aula 01/03 – inicial, sobre os demais contextos ligados
Pós-graduação MBA em Gestão com Pessoas (Centro ao trabalho, a saber: a) Contexto Econômico;
Universitário de Maringá – CESUMAR). Maringá:
CESUMAR, 2011. 95 slides: color. b) Contexto Jurídico; c) Contexto Bíblico; d)
Seguranca no Trabalho
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Contexto Cultural-Educativo; e, e) Contexto


Histórico.
Para explicar a contextualização econô-
Trata-se de um minicaso baseado em um
mica do trabalho, vamos nos ater a conceito caso real observado pelo autor deste livro
das profissões: Falando sobre o contexto econômico
Atualmente os trabalhos encontram-se do trabalho, é bastante evidente nos
dias atuais encontrarmos “criadores
segmentados por profissões. Estas profis- de profissões”. Assim são chamados
sões podem ser interpretadas como uma os profissionais que já possuem for-
mação acadêmica mas que atuam, de
derivação da atual organização social a qual maneiras curiosas, fora de sua área de
serializa a economia em segmentos, os quais formação, ganhando um bom salário
para isso.
devem possuir elementos humanos (tra-
Só para se ter uma ideia, em Campo
balhadores) especializados em uma única
Grande – MS, houve uma ocorrência
função ou conjunto de funções, fazendo de destaque: Uma Engenheira Civil
que resolveu montar um “bar móvel
com que os resultados do trabalho (espe-
de brigadeiros gourmet”. Na verdade,
cialmente o lucro) sejam obtidos com maior trata-se de um display de acrílico que
contém os ingredientes para a fabri-
eficiência.
cação, na hora, dos brigadeiros e este
Neste modelo, cada trabalhador possui display circula junto ao garçom em fes-
tas e coquetéis. O garçom monta o bri-
sua capacidade de realização dos trabalhos
gadeiro de acordo com a preferência
próprios (atendimento de suas próprias ne- do consumidor.
cessidades). Após o atendimento destas, a A ideia tem feito sucesso e esse exem-
competência desenvolvida para determinado plo ilustra o contexto econômico do
trabalho, associado à satisfação em sua
trabalho não é sobrepujada pelo desenvolvi- realização, algo realmente desafiador
mento de novas competências. Ao contrário, nos dias atuais.
elas se somam.
Esta “capacidade latente” em cada indi-
víduo para produzir trabalho além de suas Considerando esta segmentação eco-
necessidades, é capaz de gerar excedentes, nômica e a consequente fragmentação das
em qualidade e quantidade de trabalho os atividades, além do próprio contexto econô-
quais podem ser comercializados, ou seja, mico do trabalho, é valido supor que exista um
existe uma atribuição de valor ao trabalho conjunto de regras que regem o trabalho e suas
excedente desenvolvido, que pode ser tradu- relações. A Consolidação das Leis Trabalhistas
zido como um salário ou mesmo pagamento – CLT (BRASIL, 19434) e, aproximando ao nosso
avulso pela prestação de serviços. Este, por- discurso, as Normas Regulamentadoras sobre
tanto, é o contexto econômico do trabalho, Segurança e Medicina do Trabalho – NR´s
o qual, em nossa sociedade moderna, todos
4 BRASIL. Lei n. 5.452 de 1° de Maio e 1943. Aprova a
estamos envolvidos. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1943.
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“(...) E chamou o Senhor Deus a Adão, e dis-


(ABNT, apud ATLAS, 2012 ) são exemplos destas
5
se-lhe: Onde estás?” (Gênesis 3:9).
regras, fazendo parte ainda do chamado con-
texto jurídico do trabalho. E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim,
Por sua vez, o contexto bíblico do tra- e temi, porque estava nu e escondi-me.
balho versa sobre a ligação entre este e a (Gênesis 3:10).

questão da punição humana. Esta ligação se


E Deus disse: Quem te mostrou que
encontra tão imbricada no âmago social que,
estavas nu? Comeste tu da árvore de que
por vezes, você já deve ter ouvido alguém te ordenei que não comesses? (Gênesis
falar a expressão: “(...) Eu atirei pedra na cruz pra 3:11).
ter um trabalho desses (...)” ou ainda “(...) Meu
trabalho não é prazeroso, aliás, aquilo é um sofri- Então disse Adão: A mulher que me deste
mento. Parece que Deus está de mal comigo! (...)”. por companheira, ela me deu da árvore, e
comi. (Gênesis 3:12).
Logicamente que tais colocações são ori-
ginadas de outros fatores além da questão
E disse o Senhor Deus à mulher: Por que
bíblica, mas não há como negar a forte in- fizeste isto? E disse a mulher: A serpente
fluência deste livro nesta concepção, o que me enganou, e eu comi. (Gênesis 3:13).
chega até a distorcer a conceituação de tra-
balho que construímos há alguns momentos. (...)
Para lhe ilustrar o que estamos discutindo
analisemos os trechos retirados do Livro de E [Deus] à mulher disse: Multiplicarei gran-
demente a tua dor, e a tua conceição; com
Gênesis, da Bíblia Sagrada6, os quais versam a
dor darás à luz filhos (...). (Gênesis 3:16).
respeito do primeiro pecado cometido pelo
ser humano e suas respectivas punições: E à Adão disse (...) No suor do teu rosto
comerás o teu pão, até que te tornes à
terra; (...)”. (Gênesis 3:17-19).

Principalmente a análise do versículo 19, ca-


pítulo 3 do Livro de Gênesis nos ilustra esta
relação entre trabalho e punição, ou seja, o
Trabalho, nesta visão, é desconstruído en-
quanto atributo humano de modificações
do meio para o atendimento das necessi-
dades individuais e coletivas. Neste sentido
reflita:
5 ATLAS, Segurança e Medicina do Trabalho. 69ª ed. São Paulo: ATLAS, 2012.
968p.
6 GÊNESIS. A Bíblia Sagrada. Tradução na linguagem de hoje. São Paulo:
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 1988.
Seguranca no Trabalho
18

Faço estas provocações a você, caro


aluno, e recupero o questionamento feito
no momento de reflexão anterior: O que você
• Quais seriam as dificuldades impos-
tas ao seu futuro trabalho, levando faria para sanar as dificuldades impostas por
em conta essa contextualização bí-
um cenário onde esta interpretação do tra-
blica do trabalho? Além disso, o que
você faria para sanar tais dificulda- balho como punição está em voga?
des impostas por esse cenário?

Levando em conta a questão que lhe


coloquei como reflexão, parece que a con-
textualização bíblica do trabalho não é a mais
adequada do ponto de vista de execução de tra-
balhos e nem da promoção dos princípios de
segurança do trabalho. De certa forma, é exa-
tamente esta a impressão que quero lhe passar,
“Se eu serei um animador, um comunica-
não pelo fato desta ligação entre religião e traba- dor na promoção da Saúde e da Segurança
lho em si, mas da forma como ela é interpretada. do Trabalho, talvez cursos de capacitação,
Ao passo em que não fazemos absoluta- diálogos com os trabalhadores ou mesmo
mente nada contra esta interpretação deturpada palestras seriam bons instrumentos para lidar
com esta problemática...”.
do trabalho enquanto punição, estamos sim-
plesmente promovendo-a. Veremos nas
Unidades II e III que uma das funções primor- Provavelmente você deve ter pensado em
diais dos profissionais ligados à promoção da algo parecido com isso. Se não pensou, não
Saúde e Segurança do Trabalho é a de comu- há problema, mas considere esta estratégia
nicador e de animador dos processos. como válida. Desta forma, estamos adentran-
Estes profissionais (dentre eles o Gestor do ao contexto cultural-educativo ligado
com Pessoas) deverão convencer os trabalha- ao trabalho.
dores, por meio de processos participativos, a Considerando as estratégias lúdico-pe-
construir no dia a dia um ambiente seguro e dagógicas, a formação do conceito sobre
saudável ao desenvolvimento das práticas labo- o trabalho tem sido realizada de diferentes
rais. De que forma faremos isso se mantivermos maneiras, principalmente durante a forma-
esta visão sobre o trabalho? Conseguiremos ção psicológica e social do indivíduo. Você
animar e nos comunicar com pessoas que se lembra de, quando criança, já ter cultiva-
estão com seus “filtros” fechados por elas acre- do uma semente de feijão em um algodão
ditarem que o trabalho é uma punição? umedecido, tendo como vaso um pote de
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19

iogurte? Ademais, você já ouviu falar sobre


o conto “A formiga e a cigarra”7?
Certamente muitas pessoas já passaram
Sobre os processos de capacitação
por estas experiências, onde o valor do para o trabalho, nota-se que o Brasil
atualmente vive um processo onde
esforço e a qualidade da estratégia de tra-
busca-se reduzir a disparidade entre
balho nos são ensinados com ares de moral a necessidade de mão de obra capa-
citada e a real formação dessa mão
de histórias. De fato, quando se fala no con-
de obra. Um dos exemplos mais bem
texto cultural-educativo do trabalho, se fala acabados dessa iniciativa é o Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico
também no papel dos valores e princípios
e ao Emprego – PRONATEC.
desta atividade humana e de seus efeitos
Esse programa foi criado em 2011 e
para o desenvolvimento cognitivo, físico, eco- esse autor que vos fala teve a oportu-
nômico e social dos “seres trabalhadores”. nidade de se capacitar em um curso
de programação de computadores
O que se quer mostrar é que o próprio por meio desse programa (gratuita-
trabalho apresenta-se como ferramenta na mente). Segundo dados de Ribeiro
(2014), até o momento 5,7 milhões
problematização dos conhecimentos e da de estudantes encontram-se matricu-
tomada de decisões eficazes e sustentáveis. lados em cursos que visam capacitar
mão de obra para áreas econômicas
Os processos educacionais podem se utilizar estratégicas (desde a indústria de
das diferentes maneiras de execução de um base até a de energias renováveis).
Deste total, 1,7 milhões estão matri-
trabalho, servindo, por exemplo, para dotar culados em cursos de longa duração
trabalhadores de competências e habilidades (2 a 4 anos).
de segurança do trabalho na lida com ma- Fonte: RIBEIRO, L. Dilma diz que PRO-
NATEC terá 8 milhões de matrículas. O
quinários ligados à silvicultura ou ainda, para
Estado de São Paulo [on-line]. Dispo-
conhecerem as diferentes formas de inter nível em: <http://economia.estadao.
com.br/noticias/geral,dilma-diz-que
-relacionamento humano nas corporações.
-pronatec-tera-8-milhoes-de-matri-
Assim, exemplos de sucesso, bem como culas,176979e>. Acesso em: 10 Ago.
2014.
exemplos de fracasso de práticas laborais,
seja no campo administrativo, executivo, de
planejamento ou quaisquer outras ligadas à
vida corporativa podem ser utilizados nas es- Até este momento estamos anali-
tratégias de capacitação e conscientização, sando os diferentes contextos ligados à
compondo, portanto, o contexto cultural-e- prática laboral. Entretanto, para finalizar
ducativo do trabalho. esta discussão sobre a contextualização do
7 “A formiga e a cigarra” é uma fábula de autoria trabalho, é necessário abordar sobre a evo-
atribuída à Esopo (escritor da Grécia Antiga), a qual
também foi recontada pelo escritor francês Jean de
lução histórica do trabalho, estando esta
La Fontaine (WIKIPEDIA, 2012 - WIKIPEDIA. A cigarra na próxima seção desta unidade. Vamos
e a formiga. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga>. Acesso em 17. Mai. 2012. continuar?
Seguranca no Trabalho
20

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO

TRABALHO
Pós-Graduação | Unicesumar
21

P
rezado acadêmico: Até este momento, diminuindo. Tratou-se de um momento
além de conceituar o termo “traba- evolutivo de transição de um ser humano
lho”, desenvolvemos o conhecimento nômade para um ser humano sedentário,
acerca dos diversos contextos ligados a este fixado e cada vez mais dependente de seu
termo. A partir deste ponto, faremos uma re- grupo.
flexão sobre o desenvolvimento do trabalho Esta transição fora desencadeada por
ao longo da história da humanidade. Não se um dos primeiros marcos relativos ao tra-
preocupe, pois não faremos uma abordagem balho na humanidade: a “descoberta” da
detalhada sobre esta evolução, mas desta- Agricultura. Com sua capacidade amplia-
caremos alguns pontos chave que podem da de percepção, este “novo” ser humano
ser considerados como marcos evolutivos passou a observar mais atentamente os di-
do trabalho. versos fenômenos da natureza, a qual ficou
mais previsível pela associação de sinais na-
turais e suas consequências.
Assim, por observação quanto ao modo
de reprodução vegetal, especialmen-
te das plantas de reprodução assexuada
(reprodução vegetativa, a exemplo da man-
dioca, batata, banana e cana de açúcar), o
ser humano passou a cultiva-las nas proximi-
dades de seus aglomerados populacionais.

Em um primeiro instante, o ser humano


nômade e altamente dependente dos pro-
cessos extrativistas, de caça e de pesca
desenvolvia o trabalho, ou seja, sua capaci-
dade de alteração do ambiente natural em
seu próprio benefício de maneira bastante
pontual e limitada, afinal, estes processos de
sobrevivência causam pouca influência no
meio natural.
Entretanto, com o passar dos séculos e
com a ampliação da percepção cognitiva do
ser humano, o desenvolvimento das ativi-
dades extrativistas e de caça e pesca foram
Seguranca no Trabalho
22

Este foi um fator de modificação não das artes, da cultura e das inovações pro-
somente dos padrões sociais, mas também dutivas e econômicas. No primeiro caso, às
da própria organização do trabalho, em ferramentas de trabalho foram somados os
termos de atividades e ferramentas. Cabe primeiros equipamentos rudimentares (o
salientar que este advento da Agricultura caso do tear) e os implementos de tração
possibilitou o desenvolvimento de ferramen- animal, bastante úteis na lida com a terra e
tas tidas como especializadas para a época, na construção da infraestrutura urbana. Por
como ferramentas de corte e de cultivo em sua vez, o segundo caso pode ser ilustrado
terra (não se fala ainda em aragem da terra pela criação do dinheiro e pela monetariza-
pois o arado, enquanto instrumento de ção dos produtos, que é a atribuição de valor
cultivo, somente fora concebido séculos equivalente a um lastro que representasse
depois pelos egípcios). o dinheiro, como por exemplo, cobre, prata,
O desenvolvimento da prática laboral, ouro e até mesmo sementes de cacau, no
durante séculos, teve papel importantíssimo antigo Império Asteca.
na definição dos padrões sociais, econômi- Contudo, não somente os avanços no
cos e políticos das diferentes sociedades campo do trabalho, mas, de maneira univer-
clássicas. Ao mesmo tempo, pode-se dizer sal, em todos os segmentos de reflexão-ação
que o trabalho também tem grande influ- sob influência humana foram paralisados na
ência no que tange a gestão dos recursos Idade Média, período que se estendeu dos
naturais. Séculos V ao XV depois de Cristo.
Na Grécia Antiga, no Império Romano A ampla influência religiosa impôs um
e mesmo no Império Egípcio, o trabalho, modelo de engessamento social, filosófico,
além de definir o posicionamento social cultural e econômico. O dinheiro e as ino-
(neste caso, a prática laboral estando ligada vações já não eram mais a fonte do poder
às classes inferiores, as quais exerciam estas e sim o acúmulo de terras. O trabalho havia
atividades em prol de uma representação se reduzido ao cultivo de alimentos para a
de autoridade, sendo o estado democráti- manutenção de uma sociedade crescente e
co na Grécia e o Imperialismo nos outros decadente. Todas as inovações, em quaisquer
exemplos), também definia o modo de utili- campos do conhecimento, eram considera-
zação dos recursos disponíveis (basicamente das como heresia e seus protagonistas eram
água, solos agricultáveis, fauna e flora) e o duramente punidos.
modo de descarte dos resíduos da ativida- Para se ter um panorama daquilo que
de humana. acontecia à época da Idade Média, o trabalho
Também é de se destacar que o desen- era direcionado à produção de alimentos e
volvimento do trabalho ao longo da Idade a ampliação de poder do mesmo modo que
Antiga contribuiu para o desenvolvimento os processos educacionais encontravam-se
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23

sobre a tutela da Igreja Católica, estando Fazendo uma reflexão sobre este
estes voltados à propagação dos princípios momento histórico e sobre a monetariza-
Teocentristas e, de maneira paradoxal, ao en- ção (criação do dinheiro), ocorrida na Idade
tendimento do espólio filosófico da Grécia Antiga, chegamos a um ponto crucial na
Antiga, uma vez que Aristóteles e Platão eram evolução histórica do trabalho: A própria
temas recorrentes aos acadêmicos europeus. capacidade excedente de trabalho, tra-
Diante deste cenário, torna-se válido duzida em força e/ou intelecto, passou
supor que o desenvolvimento do traba- pelo processo de atribuição de valores
lho, considerando seu conceito, encontrou (monetarização). Lembra-se do contex-
grandes barreiras. Logicamente que este en- to econômico do trabalho? Não se pode
gessamento promovido na Idade Média não afirmar claramente quando foi a primeira
pode ser encarado como absoluto, assim vez na história da humanidade que alguém
como a própria Idade Média, a qual teve seu foi pago pela execução de um serviço, mas
momento áureo por volta dos séculos VII e este conceito na Idade Moderna certamen-
IX, sendo decadente até sua derrocada, no te foi consolidado.
século XV. A partir do Século XVIII inseriam-se na his-
Havia o desenvolvimento da ciência e tória da humanidade as máquinas, as quais
inovação, entretanto em momentos pontu- executavam o mesmo processo humano
ais e sem maiores influências no cenário da com maior velocidade e precisão. Já não se
época. Entretanto, com o enfraquecimento falava em produção artesanal e sim em escala
deste modelo medieval e com a instauração e, mais ao final do século XIX, em produção
gradual do Renascimento (Idade Moderna), em série.
o trabalho ganhou novas matizes, ultrapas- Tais sistemas produtivos potencializa-
sando o modelo artesanal e se aproximando ram a comercialização dos excedentes de
de um novo modelo de produção, mais ra- trabalho e permitiram a popularização de
cional e eficiente à época: a Manufatura. bens de consumo, devido à redução nos
Esta, por sua vez, prezava a utiliza- custos produtivos. Isto somado a ampliação
ção de equipamentos e, em certo grau, da do poder aquisitivo derivado do aumento
setorização produtiva, o que ampliou con- da empregabilidade criara uma espiral de
sideravelmente a variedade de produtos consumo-produção, onde cada vez mais era
ofertados à uma sociedade, já não mais eu- necessário produzir tais bens.
ropeia, mas ocidental, em um momento de Se nós parássemos nossa análise neste
franca expansão do capitalismo, representa- ponto, seria coerente afirmar que a Europa
do, em princípio pelo mercantilismo e pela vivia neste instante (séculos XVIII e XIX)
ampliação de poder econômico e social de um momento auspicioso, quase de pleno
uma nova classe: a Burguesia. emprego, correto?
Seguranca no Trabalho
24

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
A CRISE QUE GESTOU
A SEGURANÇA DO
TRABALHO.

R
espondendo ao último questionamen- Ademais, países europeus como Inglaterra,
to feito na seção anterior, podemos Alemanha e países Ibéricos (Espanha e
afirmar que, de fato, a Europa e, pos- Portugal), passaram anteriormente por re-
teriormente os Estados Unidos passaram formas sociais que praticamente dizimaram o
sim por um momento de pleno emprego, campesinato, afinal, em nome do progresso,
pois mesmo que já não fossem necessários mão de obra era necessária onde as indústrias
tantos trabalhadores no processo produtivo, estavam e o Estado necessitava de maior con-
devemos levar em consideração que se tra- trole sobre as terras (algo como matar dois
tavam de máquinas rudimentares, que ainda coelhos com uma pedrada). Assim, mesmo
necessitavam da ação e supervisão humana sem o trabalho no campo, as famílias tinham
para desempenhar suas ações. nas cidades, seu trabalho garantido.
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25

Entretanto devemos avaliar este trabalho crianças, jovens e idosos. Não importava a
pelo enfoque da qualidade. Nesta época o idade do trabalhador, mas sim sua aptidão
modelo capitalista vigente estava em tran- para a realização do trabalho.
sição (do capitalismo tradicional ao atual Notou que utilizei a palavra “usados” su-
capitalismo financeiro). Contudo, os prin- blinhada. Trata-se da mesma observação
cípios capitalistas estavam em seu auge e a realizada na apresentação desta obra e, não
acumulação dos lucros estava em patama- por acaso, o sentido de “usados” encontra-
res exorbitantes. se no aspecto mais visceral possível. Nesta
Tal fato não se traduzia, no entanto, em época, tamanha era a visão produtivista, que
investimentos produtivos ou de gestão o ser humano, agora proletário, tinha expro-
que garantissem um ambiente de trabalho priado de si mesmo sua própria humanidade.
seguro e saudável aos trabalhadores. Muito Tratava-se de um número funcional, uma
pelo contrário, não somente os ambien- mera engrenagem ao processo produtivo,
tes de trabalho eram assim, mas todos os a qual poderia ser trocada em caso de baixo
vilarejos nas proximidades das fábricas apre- rendimento, ou na pior das hipóteses, em
sentavam um ambiente deplorável quanto caso de quebra, algo que não acontece hoje
à saúde pública. em dia não é?
O termo SMOG (névoa de poluição), de- Aliás, reflita sobre a provocação supraci-
rivado dos termos FOG (neblina) e SMOKE tada e responda o seguinte questionamento:
(fumaça) fora concebido nesta época,
tamanho era o problema causado pelas di-
ferentes fumaças eliminadas nas chaminés
das fábricas. Muitas doenças respiratórias,
Você acha que o enfoque atual da
como asma e bronquite, foram potenciali- Gestão com Pessoas é semelhante ao
enfoque produtivista da Revolução In-
zadas neste ambiente.
dustrial? Caso sua resposta seja “não”,
Neste cenário, onde em termos de plane- qual seria o atual paradigma quanto
à relação trabalho – seres humanos?
jamento, somente a meta de produção era
considerada (somente a demanda e a pre-
visão de lucro pareciam fatores relevantes
aos burgueses industriais da época), a mão Duras jornadas de trabalho, por vezes
de obra passou por um amplo processo de ultrapassando 16 horas diárias, sem folgas
depreciação derivado das longas jornadas remuneradas; Ampliação dos trabalhos re-
de trabalho, necessárias ao atendimento das petitivos e, por consequência, das lesões
demandas. provocadas pelo esforço repetitivo nos
Não somente homens em idade produ- processos (era a primeira vez na histó-
tiva eram usados mas também mulheres, ria em que se falava em Lesão por Esforço
Seguranca no Trabalho
26

Observe os exemplos das figuras a seguir para traçar o


Repetitivo – LER, ou mesmo em Distúrbios seu panorama quanto a “carnificina” que ocorria na época:
Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho –
DORT); Ambientes insalubres (mal iluminados
e poluídos); e, Remuneração não condizente
com o nível de trabalho da massa operária:
Estes e outros fatores ampliaram a deprecia-
ção da mão de obra daquela época.
Além disso, falta considerar um fator
primordial: Se estamos discutindo que o
produto e o lucro tornaram-se mais impor-
tantes que o próprio ser humano no processo,
seria correto afirmar que as máquinas foram Disponível em: <http://files.historiaeducacao.webnode.com.br/
200000055-b50c6b5571/Trabalho_Infantil.jpg>
concebidas diante de rígidos princípios de
proteção ao trabalhador?
Segundo Costa (2011), os primeiros pro-
tótipos de máquinas dataram do século XVII,
mas somente no século XVIII é que estas
foram utilizadas para seus propósitos, es-
pecialmente no meio rural, facilitando os
processos de produção de alimentos (ao
menos, colheita). Nenhuma máquina fora
concebida para, em seu uso, proteger o ope-
rador. Engrenagens, transmissores de força,
Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_uZ36BDz9F6g/S6f9R0LzcgI/
elementos cortantes e outras partes vitais das AAAAAAAAAkE/7k9POuKs14I/s320/lewis-hine01.jpg>
máquinas encontravam-se expostos. Além
disso, os operadores operavam estas máqui-
nas expostos a toda sorte de gases, expelidos
em altas temperaturas.
Não se tem um relato preciso de
quantos acidentes de trabalho ocorreram
na época da Revolução Industrial, mas,
não seria exagero afirmar que o número
de feridos, debilitados e mortos se apro-
ximara dos de uma situação de conflito
civil, tais como observamos atualmente
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-KxC9KpTy-JE/ T2-Rmk0G4jI/
nos países do Oriente Médio. AAAAAAAAAcc/s-DUBgb8ywE/s640/Prolet%C3%A1rio.jpg>
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27

Eximi você, caro aluno, de algumas fotos re-


almente chocantes, colocando apenas aquelas
suficientemente brandas para explicar e jus-
tificar o panorama da época da revolução Os mortos de Chicago - 1º DE MAIO:
industrial quanto à relação trabalho – acidentes.
A situação de crise era tamanha que na Para ampliar a ideia do estado de cri-
se que assolava os países da Europa e
Europa e nos Estados Unidos da América, da América do Norte (essencialmen-
vários levantes trabalhistas foram insurgidos te EUA), proceda a leitura do artigo
o qual versa sobre a emblemática
por melhorias nas condições de trabalho e Revolta de Chicago, mote criador
de remuneração. do Dia Internacional do Trabalho.
Apenas para lhe adiantar, essa Re-
Neste bojo, novos paradigmas sociais e volta envolveu trabalhadores que
produtivos foram suscitados, sendo o primei- se encontravam insatisfeitos com
suas condições de trabalho, o que
ro deles um resgate da importância humana culminou em um processo de gre-
no processo produtivo, o Cooperativismo ve e protestos, não acatados pelos
patrões. Na tentativa de se manter
(SANTOS, 2009)8 e o segundo, mais voltado a ordem pública, muitas pessoas fo-
a um novo empoderamento social, onde a ram assassinadas. Leia o artigo para
conferir mais detalhes. Vale a pena!
classe trabalhadora, verdadeira geradora de
riquezas, seria a responsável por estabelecer, SERRALHEIRO, J.P. Os mortos de Chi-
cago – 1° de Maio. Arquivo Vivo,
teoricamente, um modelo de Estado justo e 134:2004. Disponível em: <http://
equitativo na distribuição desta riqueza, sem www.apagina.pt/?aba=7&cat=134&-
doc=10092&mid=2>. Acesso em: 02
o acumulo de capital. Trata-se do comunis- Jun. 2014.
mo, ideia amplamente defendida por Marx
(2006a9, b10), em sua obra máxima, “O Capital”.

8 SANTOS, T.H. O mito do cooperativismo: Cooperativa


de associados ou condomínio de sócios? Dissertação de
Mestrado (Mestrado em Administração – Universidade
Federal do Paraná), 2009. 167 p.
9 MARX, K. O capital: Crítica da economia política: Livro I.
24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006. 1 v.
10 MARX, K. O capital: Crítica da economia política: Livro
I. 24. ed. Rio de Janeiro: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2006b.
2 v.
Seguranca no Trabalho
28

Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Bundesarchiv_


Bild_102-10246,_England,_Arbeitslose_vor_Gewerkschaftshaus.jpg>
O ESTADO DE CRISE DA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
E O DESENVOLVIMENTO DOS PRIMEIROS
PRINCÍPIOS SOBRE SEGURANÇA DO
TRABALHO

O
s primeiros levantes trabalhistas e preservação da saúde e da segurança dos
o desenvolvimento do ideário re- trabalhadores.
volucionário do comunismo se Em 1833 fora promulgada na Inglaterra
constituíram como sintomas iniciais dos pro- a chamada “Lei da Fábrica”, a qual proibia o
cessos de mudança de uma sociedade em exercício do trabalho noturno para menores
busca de um novo paradigma e de um novo de 18 anos e limitava a jornada de trabalho,
estado de plenitude. em todos os turnos, para 12 horas por dia.
No campo específico da Segurança do Considerando a inexistência de quaisquer
Trabalho, os Estados europeus, a se iniciar iniciativas legais sobre Saúde e Segurança
pela Inglaterra, já consideravam na primei- do Trabalho, a Lei da Fábrica representou
ra metade do século XIX tratativas sobre a um avanço, mesmo que pouco significativo,
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29

no sentido de preservar a força de trabalho. Já no ano de 1919, pós Primeira


Trata-se de um avanço pouco significativo Guerra Mundial e ainda sobre forte influ-
pelas falhas no processo de fiscalização e, ência do estado de crise promovido pelas
acima de tudo, por sua invalidade social, fator desigualdades sociais entre burguesia e tra-
que analisaremos adiante. balhadores, a OIT, promulga as Convenções
Somente 51 anos após a Lei da Fábrica sobre Segurança e Saúde no Trabalho, as
é que outra lei, desta vez na Alemanha, fora quais foram editadas e publicadas ao longo
promulgada. A partir de um conjunto de tra- do século XX e deram origem as legislações
tativas, aquele país publicou algumas leis brasileiras sobre o assunto.
que versavam sobre os primeiros princípios
da Segurança do Trabalho.
Você deve estar se perguntando: “Então,
a Segurança do Trabalho, considerando a his-
tória da humanidade, surgiu recentemente,
somente no século XIX?”. A resposta para esta
pergunta é não.
Pela análise dos relatos históricos sobre
Segurança do Trabalho, você verá que existiu
sim o desenvolvimento de estudos e prin-
cípios mesmo na Grécia Antiga. Entretanto,
damos maior destaque e enfoque ao
desenvolvimento destes princípios no pós
-Revolução Industrial, pois são os que mais
se aproximam de nossa atual realidade.
Contudo, os princípios pioneiros possuem
sua importância histórica por serem inicia-
tivas humanas no sentido de promover a
qualidade de vida como uma das diretrizes
da prática laboral.
Somente no século XX é que os prin-
cípios de Segurança do Trabalho e Saúde
“Ah, Professor, então quer dizer que, a partir
Ocupacional ganharam destaque em das Convenções da OIT o mundo inteiro
nível mundial por meio da recém-criada ´falou a mesma língua’ na questão da pre-
Organização Internacional do Trabalho – OIT, servação da Saúde e garantia da Segurança
vinculada à Organização das Nações Unidas na prática do trabalho. Assim os problemas
daquela época foram resolvidos?”
– ONU.
Seguranca no Trabalho
30

Não pude evitar de pensar que você possa argumentos para criação destas convenções,
estar com este questionamento em mente. verificaremos que, muito além da questão da
E em resposta ao mesmo, de certa maneira, proteção, tais convenções foram publicadas
os países signatários das convenções da no sentido de aquietar os ânimos de uma so-
OIT, dentre eles o Brasil, seguiram as regras ciedade em crise.
das convenções como diretrizes para o Segundo Alvarenga apud. Costa (2011),
desenvolvimento de instrumentos legais os principais argumentos para a criação das
específicos às características do trabalho convenções da OIT sobre Saúde e Segurança
de cada país. do Trabalho são:
Por exemplo, no Brasil, durante as
décadas de 1920, até 1950, grande parte • A presença de condições difíceis,
dos dispositivos legais que versavam injustas e degradantes para muitos
sobre o tema Trabalho, eram voltados aos trabalhadores exercerem sua função
trabalhos portuários, tendo em vista a ca- (argumento humanístico).
racterística econômica brasileira da época • O risco de conflitos sociais que
(exportador de matérias-primas e do que pudessem ameaçar a paz (argumento
hoje chamamos de commodities). A partir político).
desta década, maior atenção foi dispen- • O fato de que países que não
sada ao setor da siderurgia e da indústria adotassem condições humanas de
de base. trabalho seriam um obstáculo para
O que se quer ilustrar é que as conven- a obtenção de melhores condições
ções da OIT não foram suficientes ou mesmo em outros países que adotassem
absolutas no que tange à preservação da tais condições (argumento
saúde e da integridade física dos trabalha- econômico).
dores. Inclusive, se analisarmos os principais
Pós-Graduação | Unicesumar
31

Perceba que somente um dos argumen- suficientemente inseridos. No caso particular


tos, de fato, apresenta-se como legítimo do do Brasil, por exemplo, a sociedade organi-
ponto de vista da proteção ao trabalhador. Os zada participa da criação destas normas, da
dois últimos são mais voltados aos próprios mesma forma que tem poder, por exemplo,
interesses da elite da época, afinal, não seguir para sugerir leis ou mesmo, destituir do poder
estes princípios acarretaria perdas econômi- seus representantes. Entretanto, pense bem:
cas significativas, além de ampliar o risco de Você alguma vez foi chamado para partici-
uma inversão, ou mesmo, do compartilha- par destas discussões ou já conheceu alguém
mento de poder, algo inaceitável para quem que tenha sido convidado?
se encontra em uma posição privilegiada em Provavelmente esta pergunta terá res-
nossa sociedade moderna. posta negativa de sua parte. Ficaria feliz caso
Esta é a dura realidade, caro aluno. Mesmo você respondesse “sim”, mas, por conhecer
nos modernos dispositivos legais que versam as formas populares de participação nas de-
sobre a preservação da saúde e da integrida- cisões do Estado, fica difícil acreditar nesta
de física dos trabalhadores, existe o jogo de hipótese e mais difícil ainda acreditar em
interesses das classes dominantes. O verda- instrumentos legais validados pelos benefi-
deiro pano de fundo desta questão está no ciários, ou seja, legitimados.
equilíbrio econômico e de forças políticas Não sou radical em meu posicionamento
destas classes, ficando o aspecto humanís- e reconheço haver a participação popular nos
tico como “máscara” deste processo. processos decisórios, mas você há de convir
Não quero convencê-lo sobre este que esta participação é limitada às decisões
ponto de vista, aliás, sinta-se a vontade para marginais. Em outras palavras, você não “bate o
questioná-lo. As atuais diretrizes e normas martelo” em uma questão de maior relevância.
sobre Segurança do Trabalho são bastan- Isto acontece no que tange aos dispositivos
te eficientes e possuem valores humanistas legais sobre Saúde e Segurança do Trabalho.
Seguranca no Trabalho
32

APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS
E DIRETRIZES DE SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO NO BRASIL

C
onforme discutido, o Brasil é um dos de 1920 até os dias atuais, o Brasil possui
países signatários das Convenções como diretrizes norteadoras das práticas de
da OIT sobre Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional
Segurança do Trabalho. A partir da década as seguintes convenções (Quadro 1).
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33

Quadro 1 – Convenções da Organização e a Lei 6.514/1977 (BRASIL, 1977) 12.


Internacional do Trabalho – OIT ratificadas e Respectivamente tratam da Consolidação
aplicadas no Brasil. das Leis Trabalhistas – CLT e da Lei que
• Convenção nº 103 – Amparo à maternidade.
altera o Capítulo V da CLT, aprimorando os
• Convenção nº 116 – Proteções a radiações ionizantes. princípios e diretrizes sobre Segurança do
• Convenção nº 127 – Peso máximo para carga. Trabalho.
• Convenção nº 134 – Prevenção de acidentes de trabalho dos Ambas as legislações apresentaram-se
marítimos.
como avanços, logicamente, considerando
• Convenção nº 136 – Proteção contra os riscos de intoxicação
provocados pelo benzeno. o pano de fundo discutido no item anterior.
• Convenção nº 139 – Prevenção e controle de riscos profis- Contudo, não há como negar que estas duas
sionais causados por substância ou agentes cancerígenos. legislações, em especial, auxiliaram na con-
• Convenção nº 148 – Proteção dos trabalhadores contra os solidação dos atuais dispositivos legais de
riscos devidos à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações
no local de trabalho. preservação da saúde e da integridade física
• Convenção nº 152 – Segurança e higiene nos trabalhos dos trabalhadores.
portuários. Para se ter uma ideia, a Lei 6.514/77
• Convenção nº 155 – Segurança e saúde dos trabalhadores e trata ainda da gestão participativa sobre
do meio ambiente de trabalho.
Segurança do Trabalho, algo apenas sus-
• Convenção nº 159 - Reabilitação profissional e emprego de
pessoas deficientes. citado nas convenções da OIT. Em seu
• Convenção nº 161 – Serviços de saúde no trabalho. texto, esta lei traz as obrigações de cada
• Convenção nº 162 – Utilização do asbesto com segurança. ator envolvido neste sistema de garantia da
• Convenção nº 163 – Proteção da saúde e assistência médica Segurança e Saúde do Trabalhador, não tão
aos trabalhadores marítimos.
bem definido como a atual NR-5, que define
• Convenção nº 167 – Segurança e saúde na construção.
• Convenção nº 170 – Segurança na utilização de produtos a função e o papel da Comissão Interna de
químicos no trabalho. e, Prevenção de Acidentes – CIPA, mas sufi-
• Convenção nº 182 – Proibição das piores formas de trabalho ciente enquanto iniciativa.
infantil e ação imediata à sua eliminação.
Ainda, esta lei (6.514/77) traz os primór-
Fonte: Elaboração do Autor (2014). dios das atuais Normas Regulamentadoras
de Saúde e Segurança do Trabalho – NR´s
Ademais, dois importantes instrumen- (ABNT apud. ATLAS, 2012), conforme ilustra-
tos legais de destaque, que antecederam do no Quadro 2.
à Constituição Brasileira de 1988, foram o
Decreto-Lei 5.452/1943 (BRASIL, 1943)11 Quadro 2 – Comparação entre os dispositivos
12 BRASIL, Lei n. 6.514 de 22 de Setembro de 1977. Altera o Capítulo V do
11 BRASIL, Lei n. 5.452 de 1° de Maio de 1943. Aprova a Consolidação das Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e me-
Leis do Trabalho. Brasília, 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ dicina do trabalho e dá outras providências.. Brasília, 1977. Disponível em:
ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
Seguranca no Trabalho
34

da Lei Federal 6.514/77 e as atuais Normas Regulamentadoras – NR´s (ABNT apud. ATLAS, 2012).
Dispositivo da Lei 6.514/77 NR equivalente
SEÇÃO III - Dos Órgãos de Segurança e de Medicina do Trabalho nas NR 4 - Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em
Empresas. Medicina do Trabalho.
SEÇÃO IV - Do Equipamento de Proteção Individual. NR 6 – Equipamento de Proteção Individual – EPI.
SEÇÃO V - Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO.
SEÇÃO XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres e NR 16 – Atividades e
Operações Perigosas.
Demais seções. Equivalente ao desenvolvimento das demais NR´s.
Fonte: Elaboração do Autor (2014).

Por fim, um dos últimos aspectos históricos que merecem destaque


é a elevação dos princípios de Segurança e Saúde no Trabalho à di-
reitos universais do cidadão brasileiro, garantido por meio do Artigo
7° da Constituição Cidadã de 1988 (BRASIL, 1988)13:

“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas


de saúde, higiene e segurança.

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalu-


bres ou perigosas, na forma da lei.

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,


sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer
em dolo ou culpa.”

13 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de Outubro de 1988. Brasília, 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
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35

Posto isto, pode-se afirmar que a lógica his- tardio das relações trabalhistas, em compara-
tórica da Segurança do Trabalho no Brasil ção com os países europeus, que as instituíram
ocorreu de maneira semelhante aos países com pelo menos 250 anos de antecedência,
europeus, embora o estado de crise social sem quaisquer princípios de segurança do tra-
não tenha sido provocado primordialmente balho que fossem relevantes.
pelas condições indevidas de trabalho. Para melhorar o entendimento, podemos
A questão da segurança do trabalho foi dizer que o Brasil “pegou o bonde andando”
tema secundário às reivindicações trabalhistas no que tange ao desenvolvimento de uma
brasileiras, muito mais pautadas na questão do cultura preservacionista da força de trabalho,
aumento salarial e na luta pelos direitos po- o que explica, em grande parte, a inexistência
líticos, especialmente na época da Ditadura de crises sociais de grande porte relaciona-
Militar. Isto se justifica pelo desenvolvimento das à questão da Segurança do Trabalho.

Quando falamos a respeito das Normas Re- celetistas. De fato, os dispositivos legais re-
gulamentadoras, um dos principais questio- lacionam a obrigatoriedade na adoção das
namentos relaciona-se à sua aplicabilida- NR´s apenas aos celetistas.
de. Para aqueles que consideram a cultura
preservacionista, todos os indivíduos que Todavia, os riscos não escolhem vínculos
exercem atividade laboral, independente empregatícios e segundo a juíza que par-
de seu vínculo devem ser protegidos pelas ticipou do caso, a Prefeitura deveria arcar
NR’s. E esse foi o entendimento dado pela com a responsabilidade do fornecimento
Defensoria Pública do Estado de São Paulo dos EPI´s e ainda, arcar com indenizações
em um litígio ocorrido entre funcionários e relacionadas aos acidentes ocorridos pelo
a Prefeitura do interior desse Estado. não obedecimento das NR´s. Tratou-se de
um caso onde a saúde e segurança dos tra-
A prefeitura alegou à época (2012), que não balhadores tiveram mais evidência que os
oferecia Equipamentos de Proteção Indi- princípios legais.
vidual (EPI´s) aos funcionários do setor de
limpeza, levando em consideração que se Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em
tratava de funcionários estatutários e não fatos reais.
Seguranca no Trabalho
36

Considerações Finais
Prezado aluno, chegamos ao final da primeira foram desenvolvidos com maior destaque
unidade deste material e, com isto, finaliza- e impacto a partir da Revolução Industrial.
mos a contextualização sobre Segurança do Compreendemos ainda quais foram as
Trabalho. respostas dos Estados àquela situação de
Nesta unidade, abordamos didatica- crise, por meio da análise, principalmente,
mente o conceito sobre trabalho e quais os das Convenções sobre Saúde Ocupacional
seus principais contextos, ilustrando desde e Segurança do Trabalho da Organização
os mais perceptíveis (contexto econômico) Internacional do Trabalho – OIT. Revelamos
até os mais ocultos (contexto religioso). Você e problematizamos o pano de fundo destas
percebeu como a contextualização do traba- decisões e chegamos ao consenso de que,
lho apresenta-se rica de significados e como embora exista o aspecto humanista, o desen-
ela pode ampliar nossos horizontes acerca do volvimento destas soluções para situações
entendimento sobre Segurança do Trabalho de crise ponderam, com maior peso, os as-
e Saúde Ocupacional? pectos econômicos e políticos.
A partir dos conhecimentos adqui- Por fim, analisamos o desenvolvimen-
ridos sobre o Trabalho e seus contextos, to de tais princípios no Brasil e chegamos
desenvolvemos uma visão histórica sobre a conclusão que o desenvolvimento dos
o desenvolvimento dos princípios de mesmos ocorreu em clima de maior calmaria
Segurança do Trabalho a partir dos estados se comparado ao histórico europeu e norte
de crise social. americano.
Novamente reforço que a Segurança Com estas informações, estamos aptos a
do Trabalho em si não se originou a partir avançar ao entendimento sobre Segurança
do século XIX, afinal, como visto, existem do Trabalho e Saúde Ocupacional, para pos-
relatos da aplicação de princípios de se- teriormente, inserir estes conhecimentos em
gurança no trabalho que datam da época sua área de atuação. No mais, desejo-lhe bons
da Grécia Antiga. Entretanto, tais princípios estudos e até a Unidade II!
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37

Atividade de Autoestudo

1. Em 1919, a recém-criada Organização exigiram que fossem tomadas


Internacional do Trabalho inicia a atitudes no sentido de atender
elaboração das chamadas Convenções as reivindicações trabalhistas da
Trabalhistas, as quais podem ser época. Assim sendo, a criação
consideradas como um dos primeiros destas Convenções serviu para
dispositivos de Segurança do Trabalho apaziguar os ânimos dos atores
implantados na história. Entretanto, envolvidos.
analisando o contexto da criação destas c. ( ) Em suma, a OIT constituiu-
convenções, pode-se afirmar: se como uma agência de
fiscalização das condições de
a. ( ) O Brasil participou trabalho nos países signatários
ativamente da criação destas de sua criação e de suas
convenções, sendo posterior convenções. De acordo com
signatário, principalmente das os relatos históricos, já no
convenções ligadas aos setores início do século XX, a OIT foi
econômicos mais pujantes da responsável pela elaboração
época, ou seja, o portuário/ de normas e diretrizes de
marítimo e o agropecuário. segurança do trabalho, sendo
b. ( ) A criação das Convenções que muitas delas perduram até
da OIT veio em resposta a os dias atuais.
um cenário de crise o qual d. ( ) A Organização Internacional
ameaçava o estado de do Trabalho foi criada em 1919
ordem social vigente. Entre por meio do capítulo XIII do
outras coisas, o levante dos Tratado de Verona.
movimentos sindicais e das e. ( ) Todas as alternativas estão
correntes socialistas/comunistas corretas.
Seguranca no Trabalho
38

2. Historicamente, o desenvolvimento produtividade. Os princípios de


dos princípios da segurança do segurança do trabalho foram
trabalho apresentou-se entremeado ao desenvolvidos tardiamente,
desenvolvimento tecnológico advindo após a instalação de um
da Revolução Industrial. Considerando o estado de crise, derivado do
quadro socioeconômico da época e as elevado número de acidentes
discussões acerca do assunto, realizadas de trabalho. Somaram-se
em aula, assinale a alternativa correta. a este estado de crise, as
instabilidades sociais derivadas
a. ( ) Os princípios de das condições insalubres e
segurança do trabalho perigosas de trabalho.
foram desenvolvidos c. ( ) No Brasil, já em 1919, foram
paralelamente ao surgimento desenvolvidos mecanismos
das tecnologias, como de segurança do trabalho,
máquinas e equipamentos. ratificados posteriormente pela
Por consequência, o índice Organização Internacional do
de acidentes de trabalho não Trabalho – OIT.
teve aumento significativo d. ( ) Os conhecimentos
se comparado aos índices do sobre segurança do trabalho
século XVIII, período anterior à são anteriores à época da
Revolução Industrial. Revolução Industrial, sendo
b. ( ) O desenvolvimento que os primeiros relatos sobre
tecnológico de que trata estratégias prevencionistas,
o enunciado teve bases datam da Idade Antiga. Desta
puramente tecnicistas, em maneira, é injustificado dizer
defesa do aumento de que existiram milhares de
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39

acidentes, tendo em vista que b. ( ) Por meio do contexto


a Segurança do Trabalho, em técnico-científico, torna-
termos de práticas e princípios, se possível explicar a
já se encontrava em sua comercialização dos
plenitude. excedentes de capacidade,
e. ( ) Todas as alternativas qualidade e quantidade de
anteriores estão incorretas. trabalho.
c. ( ) Não é possível definir qual
3. A Segurança do Trabalho é uma o contexto principal da prática
espécie de ciência com várias matizes laboral, uma vez que existe,
de análise. Costumeiramente, os em maior ou menor grau,
pesquisadores da área estabelecem a contribuição de todos os
seu enfoque na análise das técnicas e contextos para a formação
procedimentos de segurança. Contudo, conceitual sobre o trabalho.
em termos humanos, o enfoque sobre d. ( ) Em termos de
a significância e os contextos da prática contextualização histórica do
laboral ainda carece de maiores análises. trabalho, é correto afirmar que
Sobre o contexto da prática laboral, houve um desenvolvimento
assinale a alternativa correta. tardio das tecnologias
de produção, tais como
a. ( ) O contexto bíblico da máquinas e equipamentos, as
prática laboral abrange quais vieram a ser produzidas
as práticas educacionais na época da Revolução
e demonstram-se como Inglesa.
importante elemento lúdico de e. ( ) Nenhuma das alternativas
ensino sobre o trabalho. anteriores está correta.
Seguranca no Trabalho
40

Livro
Obra: Convenções da OIT (BRASIL, 2002)15.
Sinopse: Sinopse (sic): “A importância da Organização Internacional do
Trabalho no desencadear de temas estratégicos, garantindo o desen-
volvimento continuado das relações de trabalho no mundo, é ímpar. O
Ministério do Trabalho e Emprego reconhece e ressalta essa importância
e é com imenso orgulho que nos esforçamos para ampliar o conhecimen-
to público sobre as convenções da Organização relativas à Segurança e
Saúde no Trabalho.
A Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT/Departamento de Segurança
e Saúde no Trabalho – DSST espera com esta iniciativa prosseguir no seu
foco permanente de atenção, que é a redução significativa dos aciden-
tes de trabalho, com consequente melhoria da qualidade de trabalho.”
Disponível em: <http://por tal.mte.gov.br/data/files/
FF8080812BCB2790012BD507F4816CAA/pub_cne_convencoes_oit.pdf >
Acesso em: 10. Ago. 2014.
15 BRASIL. Convenções da OIT. Ministério do Trabalho e Emprego – MTe, Secretaria Nacional de Inspeção do Trabalho
– SIT. 1ª ed. Brasília: IMPRENSA OFICIAL, 2002, 62p.

Web

Conheça o histórico da Segurança do Trabalho. Acesse:


História da Segurança do Trabalho - http://www.temseguranca.
com/2009/03/historia-da-seguranca-do-trabalho.html
http://www.segurancadotrabalhonwn.com/2011/11/historia-da-segu-
ranca-do-trabalho.html
A história da Segurança (Higiene) do Trabalho - http://www.youtube.
com/watch?v=fITheTfwcyg
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41

O SIGNIFICADO DO TRABALHO Uma palavra constantemente pronunciada, e


que se tornou lei, é velocidade. Não basta saber,
As atuais mudanças desencadeadas pela glo- é preciso saber antes. Não basta fazer, é preciso
balização são de tal forma revolucionárias que fazer antes. Até mesmo o vocabulário de alguém
ultrapassam o bom tecnológico. O ser humano atualizado é foco de atenção cuidadosa, visto que
está sendo forçado a dar um salto evolucioná- num período curtíssimo de tempo se torna obso-
rio para o qual não teve tempo de se preparar. leto, diferenciando informados e desinformados.
A História nos mostra períodos de inovações
É nesse meio ambiente que surge a questão da
que exigiram adaptações quanto a conheci-
relação do homem com o seu produto. Afirma
mentos, atitudes e habilidades, mais ou menos
CODO (1995, p. 141) que trabalho é o ato de
intensas, todas sem precedentes. A Revolução
depositar significado humano à natureza.
Industrial é um exemplo clássico. Entretanto,
Complementa a afirmação ao apontar que, numa
a presente metamorfose nos impõe exigên-
sociedade baseada na cooperação e na troca,
cias de tal forma urgentes e volumosas que
trabalho é o ato de depositar significado social
o impacto psicológico e social não pode ser
à natureza. Ao produzir, o homem transforma a
ainda completamente avaliado ou previsto,
natureza e é por ela transformado. Seu produto
pois estamos em meio ao processo. Pode-se
o representa e o reapresenta. A própria socieda-
apenas senti-lo e observá-lo à flor da pele das
de é criada e tem seus valores modelados pelas
pessoas e das instituições sociais na forma de
formas de produção.
insegurança, opressão e remotas esperanças
de um futuro melhor. Como forma de expressão do homem, o trabalho
pode ser comparado à arte. É a manifestação de
A busca dessa adaptação tem sido colocada como
algo interno que se apresenta na concretização
prioritária pelo homem moderno, como condição
do esforço despendido, expondo crenças, atitu-
de sobrevivência. Parecem não haver alternati-
des e valores. Esse princípio é válido tanto para
vas em curto prazo, a não ser a de interagir com
aquele satisfeito com seu trabalho quanto para o
o movimento. Empresas e empregados respon-
insatisfeito. No primeiro caso, o sujeito alienado
dem procurando se antecipar às necessidades,
de si mesmo exterioriza seus preceitos de sub-
antevendo novas regras de mercado, propondo
missão ou acomodação ao sistema. No segundo,
outras realidades, concretas e virtuais. É preciso
atualiza seu potencial, no dizer de ROGERS (1961)
desenvolver novos valores, tecnologias e pro-
o que o coloca no caminho da individuação, e,
dutos, a fim de alcançar parâmetros mínimos de
portanto da realização pessoal.
competitividade e subsistência.
Gestão de Negócios
42

[...] deste ambiente, entretanto, é que a grande massa


de trabalhadores dá o melhor de si, executando
O trabalho hoje atividades automotivadas que realmente preen-
chem e conduzem à satisfação interna.
Os avanços tecnológicos, em princípio com ob-
jetivos de “humanizar” a vida, têm colocado o “Trabalho é mais do que emprego, é o ato
homem numa situação paradoxal. Se, por um de atribuir significado ao meio, portanto
lado, é verdade que hoje é possível trabalhar em a si mesmo e ao outro”. CODO (in DAVEL,
condições mais amenas fisicamente, e até mesmo 1995, p.165).
por vezes bastante agradáveis, também é verdade
que “a ciência manipulada das relações humanas, Segundo CODO (in DAVEL, 1995, p.142) para que
que tenta precisamente dar uma imagem agradá- o indivíduo se reconheça e ao outro, é preciso que
vel ao labor, pretende afastar somente o sentido esteja conectado a seu produto e, dessa forma,
de alienação e não a própria alienação” (HELLER, a si mesmo. Já na infância aprendeu a valori-
1997, p.170). zar o que faz para interagir, e ao mesmo tempo
conquistar espaço e afirmação. Ao desconectar-
Dentro do contexto atual, onde a ameaça à se, a individualidade se dilui, perante o outro e
territorialidade profissional está presente, a com- perante o mundo. Sem estes contatos é difícil
petência é infinita e constantemente testada e os sentir a si próprio. A crise contemporânea, ver-
mais fortes impulsos competitivos são estimula- dadeira epidemia, revela um momento histórico
dos, como é possível esperar que se mantenha o ultrapassado, cujas premissas básicas que funda-
contato consigo mesmo, como fazia o artesão da mentaram a produção em massa, característica
Idade Média ou o agricultor, através da sintonia de nosso século, caem por terra. Outro século
com produto? Será que o homem ainda espera começa a despontar, trazendo consigo muito
encontrar sentido naquilo que faz ou está defi- mais buscas do que respostas, já que a aliena-
nitivamente cindido? ção permanece subjacente.
Há sintomas evidentes de que a ação mecâni- Trecho extraído de CAVALLET, S.R.R. O significa-
ca sem significação tem sido tolerada somente do do trabalho. Sanare, 11(11), 1999. Disponível
dentro do ambiente de trabalho, provavelmente em: <www.sanepar.com.br/sanepar/sanare/v11/
pelo que MASLOW apontaria como ligado à sa- Significado/significado.html>. Acesso em: 10 Ago.
tisfação da necessidade de sobrevivência. Fora 2014.
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43

relato de
caso

Muitas vezes o Gestor com Pessoas se depara com O processo produtivo é realizado em diversos
situações onde sua intervenção é necessária no locais internos e externos. Para o processo produ-
auxílio ao reconhecimento dos riscos laborais, tivo são utilizados produtos químicos, máquinas,
utilizando-se de metodologias científicas qualita- ferramentas, água e energia elétrica.
tivas, a exemplo da “Análise Preliminar de Riscos”.
Sobre esta é que desenvolveremos o caso. De maneira geral, os processos se dividem da se-
guinte forma:
De maneira geral, a Análise Preliminar de Riscos
é uma metodologia quali-quantitativa, ou seja, • Limpeza de pisos (laminados, porcelanatos,
mescla características de análise qualitativa dos cerâmicos e imundos – calçadas e pedras);
riscos presentes em um ambiente, ao mesmo • Limpeza de paredes e esquadrias;
tempo em que relaciona esses riscos aos dife- • Limpeza de corrimões;
rentes graus de frequência e consequência, de • Limpeza de Azulejos;
maneira que essa gradação é que estabelece a • Limpeza de Banheiros;
prioridade das ações de mitigação dos riscos. • Impermeabilização;
• Limpeza de estofados à seco; e,
Para se ter uma ideia, a tríade risco-frequência- • Limpeza em altura (superior aos 2,0 metros).
consequência pode ter uma gradação iniciando
pelo nível “desprezível”, onde se verifica que o O levantamento dos riscos fora realizado por meio
possível acidente causará não mais que um susto, de observações dos ambientes de trabalho e das
até o nível “catastrófico”, onde mortes e danos formas como os colaboradores executavam suas
materiais são de grande monta. funções. Registros fotográficos também foram
obtidos para análises desses postos de trabalho.
Esse caso ocorreu em uma microempresa de
limpeza industrial e de limpeza pós-obra, de “Mas é só isso, professor?” – Você deve estar se
pequeno porte com um quadro funcional de perguntando, não é mesmo! Pois lhe digo que
cinco colaboradores, que estão diretamente alo- é só isso sim! Basta uma câmera fotográfica e
cados na área produtiva. A empresa referenciada logicamente o conhecimento sobre os riscos am-
situa-se na região de Maringá e está enquadrada bientais e sobre a metodologia, que tudo fica fácil.
no código e descrição da atividade econômica Mas, como esta metodologia foi aplicada neste
principal 43.30-4-99. Outras obras de acabamento caso? Peço para que observe o quadro a seguir,
da construção, que conforme a CNAE no quadro o qual é uma APR da função “Limpeza de pisos
I, da NR 4 (BRASIL, 2008), corresponde ao grau (laminados, porcelanatos, cerâmicos e imundos
de risco 3. – calçadas e pedras)”.
Gestão de Negócios
44

relato de
caso

análise preliminar de riscos - APR procedimentos operacionais e de segurança do trabalho


Empresa: olini & valadão LTDA ano: 2014
Tarefa a ser exwecutada: Limpeza dos pisos (laminado, cerâmica e porcelanato) Campo de aplicação: Serviços de limpeza
Medidas Preventivas ou Máquinas / Ferramentas
Riscos Pontenciais Efeito Categoria / Classe Risco EPI’s EPC’s
Corretivas e Materias
a. Riscos Físico a. Riscos Físico a. Riscos Físico a. Riscos Físico • Óculos de proteção • Sinalização • Rodo de alumínio;
• Ruido e umidade. • Problema auditivo; • Marginal. • Uso correto de EPI’S. de policarbonato de segurança • Aspirador de pó;
• Resfriados e contamina- de ampla visão; “piso molha- • Algodão com acetona;
b. Risco Químico ção indireta por absorção b. Risco Químico b. Risco Químico • protetor auditivo; do”.
• Detergente neutro
• Poeira; cutãnea. • Marginal. • Uso correto de EPI’S. • Máscara respirató- concentrado;
• Produtos químicos. ria com filtro para • Água;
b. Risco Químico c. Risco Biológico c. Risco Biológico vapores orgãnicos
(para o uso do • Produto Luster LP;
c. Risco Biológico • Irritações, alergias de pele • Não se aplica. • Não se aplica. • Produto Refine LP;
e problemas pulmonares. Refine LP);
• Não se aplica. • Disco;
d. Risco Ergonômico d. Risco Ergonômico • Luvas de látex
d. Risco Ergonômico c. Risco Biológico • Marginal. • Adotar postura adequa- nitrílico; • Espátula;
• Postura inadequada, rit- • Não se aplica. da, realizar revezamento • Uniforme; • Bucha;
mo repetitivo e transporte e. Riscos de Acidente dos braços durante a exe- • Avental imperme- • Máquina conservadora
de peso. d. Risco Ergonômico • Crítica. cução da tarefa, utilizar ável de PVC; de piso.
• Doenças relacionadas carrinho adequada para • Botas de OVC
e. Riscos de Acidente à coluna vertebral, transporte de peso e deve antiderrapante.
• Queda no piso molhado. membros superiores ser incluídas pausas para
e inferiores (pernas e descanso.
braços).
e. Riscos de Acidente
e. Riscos de Acidente • Redobrar a atenção no
• Hermatomoas, fraturas, e ambiente, utilizar equi-
cortes. pamento adequado.
Fonte: OLINI e COSTA (2014).
Pós-Graduação | Unicesumar
45

relato de
caso

Pela análise do quadro, você pode perceber que a cada risco associa-se um
efeito indesejado, uma categorização (desprezível, marginal, crítica ou catas-
trófica), as medidas preventivas e os instrumentais associados (Equipamentos
de proteção individual e coletiva, máquinas, ferramentas e materiais). Veja
ainda que aqui não se verifica nada de quantitativo. Apenas se verifica a
descrição e a categorização dos riscos, as quais variam de acordo com o cri-
tério do observador.

Por isso, caro aluno, lhe digo: Qualquer pessoa que tenha conhecimento
sobre os riscos laborais pode fazer uma APR e o diferencial disso é que se trata
de uma metodologia rápida e eficiente, que antevê os riscos do ambiente.

O resultado desse caso pode ser traduzido pelo próprio quadro e pelos
demais quadros, das demais funções. Para cada função, medidas preventi-
vas foram elencadas e a aceitação de tais medidas foi grande na empresa
estudada.

Elaborado pelo autor, baseado em OLINI, M.G.; COSTA, T.R. Estudo dos riscos
ambientais de uma empresa de limpeza pós-obra da região de Maringá-
PR. Monografia: Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do
Trabalho – Universidade Estadual de Maringá. 2014. 90p.
2 SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL

Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• Segurança do trabalho: conceitos;
• Atores envolvidos no sistema de segurança do tra-
Objetivos de Aprendizagem balho e saúde ocupacional;
• Demonstrar aos acadêmicos conceitos, definições, prin- • Mecanismos que regem as ações de segurança do
cípios e principais mecanismos associados à Segurança trabalho e saúde ocupacional;
do Trabalho e Saúde Ocupacional • Revisitando o conceito de riscos associados à prática
• Estabelecer uma ligação, em nível de ação, do futuro laboral;
Gestor com Pessoas com as principais ferramentas, estraté- • Principais ferramentas da segurança do trabalho.
gias e metodologias utilizadas na Segurança do Trabalho.
• Permitir com que o futuro Gestor com Pessoas compre-
enda as principais estratégias aplicadas no sentido de
detectar, delimitar e reduzir/eliminar riscos laborais.
Caro aluno, chegamos praticamente à metade de nossos estudos
sobre Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional. O interessan-
te é que nós não fizemos o estudo direto sobre o tema, da maneira
clássica, e garanto que você já possui uma ideia acerca do tema,
dadas as discussões da unidade anterior. Isto se chama “construção
do conhecimento”.

Dando continuidade a esse processo, nessa unidade, trabalharemos


o cerne sobre Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, traba-
lhando sua definição (o que é), quais os instrumentos que regem
as ações de Segurança e Saúde Ocupacional (o que rege) e quais
os atores que estão envolvidos nesse processo (por quem e para
quem é feito).

Além disso, diante dos instrumentos que regem a Segurança


do Trabalho, exercitaremos a discussão sobre as Normas
Regulamentadoras – NR´s, definindo-as e aproximando nosso dis-
curso da área de Gestão com Pessoas, afinal, mesmo que a Segurança
do Trabalho ainda seja genérica (somente em alguns casos, como
na Construção Civil, as normas são específicas), é necessário enten-
der como esse tema se insere no universo de trabalho do Gestor
com Pessoas.

Aliás, considerando essa discussão inicial, você sabe qual é o seu


papel, como Gestor com Pessoas atuando no “bureau” de Segurança
do Trabalho e Saúde Ocupacional? Caso não saiba nesse instan-
te, não desanime, pois iniciaremos a discussão desse tema nessa
unidade.

Vamos prosseguir com nossos estudos?


Seguranca no Trabalho
48

SEGURANÇA DO TRABALHO:

CONCEITOS
D
e alguma maneira, você formou seu 1. Para quê é feito: Se o título do tema
conhecimento acerca do assunto é “Segurança do Trabalho” e se
que estamos tratando por meio de discutimos ao longo da Unidade
seu conhecimento tácito, ou seja, de suas I o que é o trabalho e quais são
próprias visões e experiências de vida e por os contextos, depreende-se que
meio da discussão da Unidade I. se trata de algo relacionado à
Exercitando, a minha maneira, construi- aplicação de estratégias que
ria o conceito sobre Segurança do Trabalho garantam a integridade física e
da seguinte forma: a saúde no exercício de alguma
Pós-Graduação | Unicesumar
49

atividade que modifique o ambiente Perceba que, somente resgatando as discus-


para o atendimento de nossas sões da unidade anterior, já conseguimos
necessidades, ou seja, no exercício estabelecer uma discussão inicial acerca do
do trabalho; que seja Segurança do Trabalho.
2. Para quem é feito: Verificamos a
existência de um ator importante,
o ser humano, na execução dos
trabalhos. Dada esta relação, fica
explícito que para este protagonista,
os princípios de segurança do
trabalho são feitos;
3. Por quem é feito: Pelos Governos?
Por entidades? Por força popular?
Seria mais interessante descrever
que os princípios de Segurança do
Trabalho e Saúde Ocupacional são
feitos pelos próprios seres humanos,
na percepção de que o exercício de
uma atividade traz riscos à saúde e
a segurança de quem exerce este
trabalho.
4. O que rege: Nós não discutimos Entretanto, uma questão que pode vir
os temas da Unidade I por mero a sua mente é a seguinte: Por que se define
capricho. Analisando aquele somente a Segurança do Trabalho se o tema é
conteúdo fica nítido que existem “Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional”?
mecanismos legais que regem as O tema “Saúde Ocupacional” encontra-
ações de Segurança do Trabalho se implícito no grande tema “Segurança do
e Saúde Ocupacional. No caso Trabalho”. Mesmo em termos de áreas de
brasileiro, por exemplo, as leis conhecimento reconhecidas pelo Conselho
federais 5.452/1943 e 6.514/1977 Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento
são as principais. Inclusive, esta Científico – CNPq, a referência que se faz ao
última lei, já prevê em seu escopo tema é “Segurança e Saúde do Trabalho”.
a criação de normas específicas aos Não se quer dizer com isso que a saúde é
diversos segmentos econômicos (as tema secundário. Pelo contrário, tem o mesmo
NR´s). nível de importância que as estratégias de
segurança no trabalho. Ambos os temas
Seguranca no Trabalho
50

são indissociáveis, ou seja, não se consegue Esta definição não é absoluta e espero
cumprir com os princípios de Segurança do que você possa me ajudar a complementá-la
Trabalho sem considerar a manutenção de um com seu saber, afinal, estamos mesmo em um
ambiente saudável no trabalho e vice-versa. processo de construção do conhecimento.
Ainda no campo da conceituação sobre Podemos trabalhar um pouco mais em
o tema, faça o seguinte exercício: Digite no cima desta definição, antes de passarmos ao
buscador de páginas de internet de sua pre- próximo tema: Veja que esta definição se utiliza
ferência o termo “definição sobre Segurança do termo “conjunto de ciências e tecnologias”.
do Trabalho”. Fazendo este exercício, encon- De fato, a Segurança do Trabalho é trans e mul-
trei cerca de 1,5 milhões de resultados. tidisciplinar. É aplicada nos vários campos da
Apenas consultando os resultados da pri- atividade humana e depende destes para a
meira página, notei que existem algumas formação de seu arcabouço teórico.
coisas em comum entre os diferentes concei- Considerando a área de Gestão com
tos. Creio que você também deve ter notado. Pessoas, perceba que não existe uma norma
Listando as palavras ou termos de maior ocor- regulamentadora – NR, específica. Talvez a que
rência, temos: a) conjunto de estratégias; b) mais se aproxime é a NR-5, que trata sobre a
eliminação/minimização de riscos; c) prote- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
ção física do trabalhador; e, d) preservação - CIPA. Contudo, os princípios de Segurança
da saúde do trabalhador. do Trabalho devem ser plenamente aplicados
Mesmo em minha tentativa de concei- nas atividades relacionadas à área e esta, por
tuar o assunto, na página anterior, utilizei sua vez, poderá contribuir para a formação de
de alguns termos que estão listados acima. normas específicas, como vem acontecendo,
Desta forma, vou apresentar uma definição por exemplo, com o setor da panificação.
que utilizo em minhas aulas. Esta definição Até os dias atuais, a NR 12 – Segurança
é uma adaptação formada por elementos do Trabalho em Máquinas e Equipamentos
de definições de outros autores, a qual julgo regia a Segurança do Trabalho nas instalações
adequada para definir o tema. Veja se você industriais de maneira geral. Contudo, desde
concorda com a mesma: 2010, a tendência é que sejam criadas novas
normas específicas para setores industriais dis-
tintos, como foi o caso da NR-36 (Segurança
“Trata-se de um conjunto de ciências e tecnologias
e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate
que visam à preservação da saúde e da integridade
física do trabalhador no desenvolvimento de suas e Processamento de Carnes e Derivados). Não
atividades. A diminuição dos riscos laborais é seu
significa o desmembramento da NR, tampou-
principal objeto. Por consequência, também há a di-
minuição dos acidentes de trabalho e das doenças co o desuso da NR 12 neste setor, mas toda
ocupacionais.”
a especificação, derivada da experiência pro-
fissional dos trabalhadores, é bem vinda e
Pós-Graduação | Unicesumar
51

efetiva em sua missão de preservação da in-


Que professor apressado! Eu nem conheço
tegridade física e da saúde dos trabalhadores.
todas as NR´s para afirmar se seria necessário
Considerando este ponto, reflita: a criação de alguma norma específica para a
área de Gestão com Pessoas!

Se você estiver pensando desta forma,


Pense em sua área de atuação como
Gestor com Pessoas. Você sabe que eu não tiro sua razão, mas a função de um
não existe nenhuma norma específica
professor sempre é provocar, não é? Olhe
à sua profissão, dentre as NR´s. Você
acha necessária a criação de uma NR esta questão por seu lado positivo: Mesmo
específica?
que não tenhamos discutido sobre as NR´s
(mecanismos que regem os princípios de
Segurança do Trabalho), você já está sabendo
que elas existem. Estou simplesmente agu-
çando sua curiosidade para consulta-las.
Voltando a discussão, existe mais um ele-
mento na definição que merece destaque: Os
riscos laborais. Tais riscos se configuram como
elementos potencializadores de um evento
indesejado na prática laboral. Tratam-se de
cinco classes de riscos, a saber (Figura 1):

Figura 1- Categorias de riscos laborais.


Fonte: Elaboração do Autor (2014)
Seguranca no Trabalho
52

Por meio da Figura 1 verificamos a exis- NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos


tência dos riscos físicos, químicos, biológicos, Ambientais – PPRA, a qual estabelece a obri-
ergonômicos e de acidentes propriamen- gatoriedade de elaboração e implementação
te ditos. Os exemplos ilustrados são os por parte de todos os empregadores, deste
mais comuns de se ocorrer no exercício do programa, que visa preservação da saúde e
trabalho. integridade física por meio da antecipação,
Além disso, estes riscos encontram-se reconhecimento, avaliação e controle dos
definidos e exemplificados por meio da riscos ambientais (ABNT apud. ATLAS, 2012).

Não somente os riscos laborais e os aci- inaceitável, afirma a agência da ONU.


dentes de trabalho são preocupantes, mas
também as doenças desenvolvidas no A ausência de uma prevenção adequada das
exercício do trabalho. As doenças profis- enfermidades profissionais tem profundos
sionais continuam sendo as principais cau- efeitos negativos não somente nos traba-
sas das mortes relacionadas com o traba- lhadores e suas famílias, mas também na
lho, segundo a Organização Internacional sociedade devido ao enorme custo gerado,
do Trabalho (OIT). Segundo estimativas de particularmente no que diz respeito à perda
2013 da OIT, de um total de 2,34 milhões de produtividade e a sobrecarga dos siste-
de acidentes mortais de trabalho a cada mas de seguridade social.
ano, somente 321 mil se devem a aciden-
Fonte: OIT (2013). Disponível em: <http://
tes. As restantes 2,02 milhões de mortes
www.onu.org.br/oit-um-trabalhador-morre
são causadas por diversos tipos de enfer-
-a-cada-15-segundos-por-acidentes-ou-do-
midades relacionadas com o trabalho, o
encas-relacionadas-ao-trabalho/>. Acesso
que equivale a uma média diária de mais
em: 10 Ago. 2014.
de 5.500 mortes. Trata-se de um déficit
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53

ATORES ENVOLVIDOS NO SISTEMA


DE SEGURANÇA DO TRABALHO E
SAÚDE OCUPACIONAL

R
eiterando nossas discussões anteriores, específicos (trans e multidisciplinares).
a segurança do trabalho é feita por seres Para facilitar o entendimento sobre os
humanos para seres humanos, diante atores que estão envolvidos nesta questão,
de uma prática laboral e de conhecimentos acompanhe o Quadro 3.
Seguranca no Trabalho
54

Quadro 3 – Atores envolvidos no Sistema de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.


Elemento Comentários
Trata-se da pessoa física que presta serviços de natureza não esporádica ao empregador, sob a dependência deste
Empregado
e mediante salário (NR 2 – ABNT apud. ATLAS 2012).
Empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
Empregador prestação pessoal de serviços. Também são considerados empregadores profissionais liberais e instituições sem
fins lucrativos que admitam empregados (NR 2 – ABNT apud. ATLAS 2012).
É o ramo da engenharia responsável por prevenir riscos à saúde e à vida do trabalhador. O engenheiro de
segurança do trabalho tem a função de assegurar que o trabalhador não corra riscos de acidentes em sua
atividade profissional, sejam eles danos físicos, sejam danos psicológicos. Esse profissional administra e fiscaliza
a segurança no meio industrial, organiza programas de prevenção de acidentes, elabora planos de prevenção de
Engenheiro de Segurança
riscos ambientais, faz inspeções e emite laudos técnicos. Assessora empresas em assuntos relativos à segurança e
do Trabalho
higiene do trabalho, examinando instalações e os materiais e processos de fabricação utilizados pelo trabalhador.
Orienta a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) das companhias e dá instruções aos funcionários
sobre o uso de equipamentos de proteção individual. Pode, ainda, ministrar palestras e treinamentos e imple-
mentar programas de meio ambiente e ecologia. (GUIA DO ESTUDANTE, 2012)1.
Profissional habilitado por conselho de classe, formado em medicina e especializado no ramo “medicina do
trabalho”. É responsável por monitorar e realizar acompanhamentos sobre a saúde dos empregados em uma
Médico do Trabalho
determinada empresa. A ele cabe, por exemplo, os exames admissionais, de mudança de função, demissionais e
a planificação e execução do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional.
Profissional de nível superior, especializado na área de Enfermagem do Trabalho e registrado em conselho de
classe específico. Este profissional atua na coordenação do setor de enfermagem nas empresas, nas situações
Enfermeiro do Trabalho
de emergência e nos processos de orientação e capacitação, além de prestar consultoria nos planejamentos de
educação sanitária e avaliação da saúde ocupacional.
Profissional de nível técnico que possui atribuições definidas pela Portaria nº 3.275/89, do Ministério do Trabalho.
Técnico de Segurança do Dentre estas destacam-se a informação do empregador e dos trabalhadores sobre os riscos presentes no ambien-
Trabalho te de trabalho e a promoção de campanhas e outros eventos de divulgação das normas de segurança e saúde no
trabalho, além do estudo dos dados estatísticos sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.
Estes profissionais prestam apoio às atividades preventivas de acidentes nas mais diversas áreas de sua atua-
Técnicos e Auxiliares de ção, como administração de vacinas, palestras, orientações aos trabalhadores e verificação de sinais vitais. São
Enfermagem do Trabalho responsáveis ainda para executar medidas emergenciais em casos de acidentes, prevenindo agravos à saúde do
trabalhador, quando não houver outro profissional de maior habilidade.
Trata-se de uma comissão formada por representantes do poder público, dos empregadores e dos empregados
Comissão participativa
(geralmente entidades da sociedade civil organizada, como sindicatos). Esta comissão é acionada quando da
(tripartite) sobre Se-
revisão das NR´s existentes e/ou para a criação de novos dispositivos norteadores de estratégias de Segurança
gurança do Trabalho e
do Trabalho e Saúde Ocupacional. Esta comissão valida as propostas geradas pelas câmaras temáticas, que são
Saúde Ocupacional
responsáveis pela elaboração dos dispositivos validados pela comissão.
Fonte: Elaboração do Autor (2014)1.
1 GUIADOESTUDANTE.ABRIL.COM. Descrição sobre o profissional de Engenharia de Segurança do Trabalho. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/
profissoes/engenharia-producao/engenharia-seguranca-trabalho-602980.shtml>.
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55

Em princípio, pela análise do Quadro 3, de Controle Médico e Saúde Ocupacional


parece que não há espaço para a atuação - PCMSO.
do Gestor de Pessoas neste conjunto. E de Entretanto, isto não exclui a participação
fato isto é verdade, quando consideramos as deste profissional, o qual terá importante
atividades exclusivas aos profissionais acima função nos processos de capacitação e orien-
elencados. Aliás, configuraria-se como in- tação de empregados e empregadores e no
fringimento do código de ética profissional processo de levantamento de riscos associa-
se o Gestor com Pessoas fosse o responsá- dos à ação humana, subsidiando as decisões
vel técnico pelo Programa de Prevenção de de um Engenheiro de Segurança do Trabalho,
Riscos Ambientais - PPRA ou pelo Programa por exemplo.

O Gestor com Pessoas deve participar ati- dos profissionais componentes daqueles
vamente dos processos junto à Comissão serviços.
Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA,
ou junto aos Serviços Especializados em COSTA, T.R. Segurança do Trabalho e Multidis-
Segurança e Medicina do Trabalho – SES- ciplinariedade. IV Congresso Iberoamericano
MT, prestando assessoria técnica nas áreas de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacio-
do conhecimento que não são de domínio nal. Anais... Belo Horizonte, 2012. p.639-648.
Seguranca no Trabalho
56

MECANISMOS QUE REGEM


AS AÇÕES DE SEGURANÇA
DO TRABALHO E SAÚDE
OCUPACIONAL

A
lguns destes mecanismos já adicionar e/ou alterar as disposições
foram citados ao longo do texto, das normas regulamentadoras – NR´s;
como as Leis, Decretos e Normas d. Instruções normativas, as quais definem
Regulamentadoras. Entretanto, outros me- regras de condução dos trabalhos e
canismos também merecem destaque. Desta dos processos, considerando atividades
forma, fazendo um apanhado de todos os altamente específicas; e,
mecanismos envolvidos na promoção da e. Normas Regulamentadoras –
Segurança do Trabalho, têm-se: NR´s, que apresentam o conjunto
de instruções e regras voltadas à
a. As próprias Leis, as quais estabelecem promoção da Segurança do Trabalho
as diretrizes da ação; e Saúde Ocupacional em todas
b. Decretos, os quais regulamentam as as atividades listadas no Cadastro
leis (como serão aplicadas); Nacional de Atividades Econômicas
c. Portarias, editadas pelo Ministério do – CNAE (IBGE) e/ou em áreas
Trabalho e Emprego no sentido de específicas (caso da construção civil).
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57

Professor, e quais são estas normas regulamentadoras?

Além de conversamos sobre as normas quero lhe propor algo di-


ferente. Analise o Quadro 4. Veja que ele tem três colunas, sendo a
primeira com a descrição da NR e as duas últimas, colunas em branco,
as quais exigem uma resposta de sua parte, caro aluno. Na segunda
coluna, responda SIM ou NÃO para a pergunta “Nós já vimos esta norma
no texto?”. Por sua vez, na terceira coluna, também responda SIM ou
NÃO para a pergunta “Será que eu, como Gestor de Pessoas, tenho co-
nhecimentos e habilidades para auxiliar na aplicação desta norma?”. Não se
preocupe se sua resposta será considerada certa ou errada, até porque
nós não discutimos minimamente sobre o conteúdo de cada norma.
O que vale são suas percepções acerca do tema da NR. Vamos lá?
Seguranca no Trabalho
58

Quadro 4 – Normas Regulamentadoras vimos esta norma no texto?” e Pergunta B:


de Segurança do Trabalho e Saúde “Será que eu, como Gestor de Pessoas, tenho
Ocupacional e verificação de conhecimen- conhecimentos e habilidades para auxiliar na
tos por parte do aluno (Pergunta A: “Nós já aplicação desta norma?”).

Descrição da Norma Regulamentadora Pergunta A Pergunta B


NR 1- Disposições Gerais Ex. NÃO Ex. SIM
NR 2 – Inspeção Prévia
NR 3 – Embargo e Interdição
NR 4 – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI´s
NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO
NR 8 – Edificações
NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA
NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade
NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais
NR 12 – Máquinas e Equipamentos
NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão.
NR 14 – Fornos
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres
NR 16 – Atividades e Operações Perigosas
NR 17 – Ergonomia
NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção
NR 19 – Explosivos
NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis
NR 21 – Trabalho a céu aberto
NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR 23 – Proteção Contra Incêndios
NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos locais de trabalho
NR 25 – Resíduos Industriais
NR 26 – Sinalização de Segurança
NR 27 – Registro profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho
NR 28 – Fiscalização e Penalidades
NR 29 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR 30 – Segurança e Saúde no trabalho Aquaviário
NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura
NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde
NR 33 – Segurança e Saúde nos trabalhos em espaços confinados
NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e Reparação Naval
NR 35 – Trabalho em Altura
NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados
Fonte: Elaboração do Autor (2014).
Pós-Graduação | Unicesumar
59

Achou esta atividade difícil? Provavelmente Quadro 4, mudou algumas opiniões. Quais
sim, pois só os títulos das NR´s, em alguns casos, foram estas opiniões modificadas? Qual é
não fazem justiça ao seu conteúdo. Entretanto a impressão inicial que você, futuro Gestor
esta dinâmica que nós trabalhamos foi pro- com Pessoas, apreendeu sobre sua ação
posital, para incentivá-lo a descobrir, por si só, no campo da Segurança do Trabalho e da
quais seus futuros caminhos de atuação como Saúde Ocupacional? Existem boas oportu-
Gestor com Pessoas na área de Segurança do nidades? É possível estabelecer uma boa
Trabalho e Saúde Ocupacional. rede profissional com os demais agentes do
Desta forma, se você é um aluno proativo, setor? Utilize o espaço a seguir para deixar
característica exigida pelo mercado de tra- suas impressões acerca de nossa discussão
balho, antes de realizar o preenchimento do até aqui.
Quadro 4, provavelmente buscou informações
em outras fontes. Parabéns por esta atitude,
IMPRESSÕES
mas se você não fez isso, não fique chateado. __________________________________________
Ao final desta unidade, no item “Na Web” você __________________________________________
__________________________________________
encontrará links onde poderá acessar maiores __________________________________________
informações a respeito das NR´s. __________________________________________
__________________________________________
Certamente você que fez a atividade __________________________________________
sem antes consultar ao menos as infor- _________________________________________
mações básicas sobre as NR´s, ao refazer o

Durante o texto, nós men- da unidade paranaense à dispendiosa, mas se trata de


cionamos sobre a criação de norma, Vedovatti (2013) ve- um investimento necessário,
novas Normas Regulamenta- rificou que os custos totais segundo o autor, para a pre-
doras, a exemplo da NR-36. passariam dos R$ 2 milhões, servação da vida dos traba-
Sobre esta norma, Vedovat- considerando o cenário de lhadores.
ti (2013) realizou um estudo adoção de automatização de
de caso em um frigorífico no parte da linha de produção. Fonte: VEDOVATTI, W. Análise
sudoeste paranaense. Este Essa unidade possuía 185 de adaptação de um frigorífi-
frigorífico possui mais uma colaboradores, o que daria co no sudoeste paranaense à
unidade no Estado de Santa um investimento de, apro- Norma Regulamentadora nº.
Catarina, a qual encontra-se ximadamente, R$ 10.811,00 36. Monografia – Curso de
em processo avançado de por colaborador. Especialização em Engenha-
adaptação à NR-36. ria de Segurança do Trabalho
Conclui-se que a adoção de – Universidade Estadual de
Ao analisar os custos e os estratégias para mitigação Maringá – 2013. 68 p.
cenários para a adaptação dos riscos laborais pode ser
Seguranca no Trabalho
60

REVISITANDO O CONCEITO DE RISCOS


ASSOCIADOS À PRÁTICA LABORAL

N
o início desta unidade apresentamos à própria infraestrutura do ambiente de
o conceito de riscos ocupacionais trabalho.
como “elementos potencializado- Costa (2011) afirmou que todos os am-
res de ocorrências indesejadas no ambiente bientes e todas as práticas de trabalho
de trabalho”. Ainda, pela leitura das Normas apresentam riscos associados, desde as mais
Regulamentadoras, os riscos ocupacionais re- simples, até aquelas que apresentam maior
ferem-se à capacidade de uma grandeza que complexidade em sua execução.
possui potencial para causar lesões ou danos Tais riscos, como definidos por meio
à saúde das pessoas (PAGANELLA, 20112). da NR 9 – Programa de Proteção de Riscos
Ambos os conceitos convergem para o Ambientais – PPRA (ABNT apud. ATLAS,
fato de que os riscos do ambiente de tra- 2012) dividem-se em cinco classes, a saber:
balho encontram-se presentes, em maior a) Riscos Físicos; b) Riscos Químicos; c) Riscos
ou menor escala, dependendo de fatores Biológicos; d) Riscos Ergonômicos; e, e) Riscos
ligados à prática laboral, às máquinas e de Acidentes.
equipamentos associados, bem como Para melhor entendimento sobre o que
2 PAGANELLA, W.O. Reconhecimento e Controle de Riscos Ambientais
nas atividades de triagem de Material Reciclável. Monografia (Curso de é comportado em cada tipo de risco, leia o
Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, Escola de Engenharia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul), 2011, 42p. seguinte trecho da NR 9:
Pós-Graduação | Unicesumar
61

“(...)
riscos ergonômicos estão ligados à inadap-
9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se tação dos diversos elementos componentes
riscos ambientais os agentes físicos, quími- da prática laboral (móveis, equipamentos, fer-
cos e biológicos existentes nos ambientes ramentas, EPI´s, etc.) ao empregado, e que
de trabalho que, em função de sua nature- os riscos de acidentes alocam as demais
za, concentração ou intensidade e tempo
interferências não alocáveis nos riscos an-
de exposição, são capazes de causar danos
à saúde do trabalhador. teriores, como por exemplo, máquinas que
não possuem as devidas proteções às suas
9.1.5.1 Consideram-se agentes físicos as transmissões de força ou mesmo atividades
diversas formas de energia a que possam perigosas, como o manuseio de combustível.
estar expostos os trabalhadores, tais como: Ademais, conforme o trecho destaca-
ruído, vibrações, pressões anormais, tem-
do da NR 9, observamos que um risco se
peraturas extremas, radiações ionizantes,
radiações não ionizantes, bem como o in- configura não somente pela natureza da ati-
frassom e o ultrassom. vidade, mas também pelo nível de exposição
ao agente causador do risco.
9.1.5.2 Consideram-se agentes químicos as Cada fator causador de riscos apresenta
substâncias, compostos ou produtos que seu respectivo nível de tolerância, estando
possam penetrar no organismo pela via
este descrito nas Normas Regulamentadoras.
respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, Não é nosso objetivo nos aprofundar na teoria
pela natureza da atividade de exposição, sobre níveis de tolerância em cada elemento
possam ter contato ou ser absorvidos pelo causador de risco (ruído, temperatura, vibra-
organismo através da pele ou por ingestão. ções, trabalhos com agentes radioativos, etc.),
até mesmo porque esta é uma competência
9.1.5.3 Consideram-se agentes biológicos
dos profissionais formados em Segurança do
as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, pro-
tozoários, vírus, entre outros. Trabalho e Saúde Ocupacional, mas, apenas
para ilustrar, vejamos o exemplo dos níveis
(...)” de tolerância para ruídos.
A seguir, apresentam-se os limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermi-
A leitura do trecho escrito acima define clara- tente, de acordo com o Anexo I da Norma
mente quais são as interferências que podem Regulamentadora nº 15 (NR 15), Portaria 3.214
ser consideradas como riscos. Somando-se de 08/06/1978 (Ministério do Trabalho), a qual
a estas alocações, faltou mencionar que os dispõe sobre Atividades e Operações Insalubres. 
Seguranca no Trabalho
62

Quadro 5 – Níveis de ruídos intermitentes ou Além destes tipos de ruídos, também


contínuos e seus respectivos limites de tole- existe o ruído de impacto que, segundo
rância, segundo a NR 15, Anexo I. a NR 15, é aquele que apresenta picos de
Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível energia acústica de duração inferior a 1 (um)
85 8 horas segundo, a intervalos superiores a 1 (um)
86 7 horas segundo (ABNT apud ATLAS, 2012).
87 6 horas
Retomando o foco de nossa discussão
88 5 horas
atual, mesmo o ruído pode não ser conside-
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas rado como risco físico. Isto ocorre quando a
91 3 horas e trinta minutos exposição ao ruído é por tempos não signifi-
92 3 horas cativos ou quando os ruídos não apresentam
93 2 horas e 40 minutos intensidades superiores às apresentadas no
94 2 horas e 15 minutos
Quadro 5, considerando o tempo máximo
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos de exposição.
98 1 hora e 15 minutos Diante destas informações, tanto os pro-
100 1 hora fissionais da área de Segurança do Trabalho e
102 45 minutos Saúde Ocupacional, como também os profis-
104 35 minutos
sionais de Gestão com Pessoas devem aguçar
105 30 minutos
106 25 minutos sua sensibilidade e, logicamente, seus equi-
108 20 minutos pamentos, para conferir ao fator analisado
110 15 minutos o status de risco, ou seja, o status onde este
112 10 minutos elemento possa provocar danos e/ou lesões
114 8 minutos
aos trabalhadores.
115 7 minutos
Fonte: ABNT apud ATLAS (2012).
Tendo melhor conceituado a questão
dos ricos ocupacionais, podemos partir para
Entende-se por ruídos intermitentes o questionamento principal desta unidade:
aqueles que possuem tempos variáveis de “Quais as ferramentas, estratégias e metodologias
execução, em frequências normais, enquanto ligadas à promoção da Segurança do Trabalho
ruídos contínuos são aqueles que perma- e Saúde Ocupacional que podem ser utilizadas
necem em execução por longos períodos pelos Gestores com Pessoas em sua prática de
de tempo em uma mesma frequência ou trabalho ou por eles devem ter sua execução
frequências pouco variáveis. auxiliada?”.
Pós-Graduação | Unicesumar
63

PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA
SEGURANÇA DO TRABALHO

Equipamentos de Proteção A utilização destes equipamen-


Individual – EPI´s tos é regida pela NR 6 (Equipamentos
de Proteção Individual), a qual outorga,

C
omo a própria nomenclatura principalmente:
informa, tratam-se de equipa-
mentos que são utilizados para • A obrigatoriedade de fornecimento
minimizar e/ou eliminar os riscos ocu- destes equipamentos, em perfeito
pacionais a partir do momento em que estado de conservação, por parte do
as estratégias de proteção coletiva não empregador;
surtem efeito suficiente para eliminar a • A obrigatoriedade de uso por parte dos
fonte dos riscos. A Figura 2 ilustra alguns empregados expostos a fonte de riscos;
exemplos de EPI´s. • A observação de que os equipamentos
fornecidos devem estar aptos,
testados, certificados e aprovados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego;
• A necessidade de capacitação dos
empregados e demais profissionais
expostos aos riscos ocupacionais que
condicionaram a utilização destes EPI´s;
• A coparticipação dos empregados
no que tange à conservação e
higienização dos EPI´s;
Seguranca no Trabalho
64

• Os princípios de fabricação e os Isto significa dizer que praticamente


requisitos para comercialização dos todas as atividades laborais exigem o PPRA
EPI´s; e, e, da mesma forma, significa que o conteúdo
• Os tipos de EPI´s de acordo com a deste Programa deve ser adaptado à realida-
área do corpo do trabalhador a ser de encontrada em cada estabelecimento de
protegida. trabalho, não havendo um “modelo” definido.
Logicamente que o PPRA, elaborado com
No que tange à Gestão com Pessoas, o “ani- linguagem simples e objetiva (não confun-
mador” dos processos, ou seja, o Gestor, pode dir simples com simplório) ao entendimento
exercer sua função em conjunto com os pro- dos trabalhadores, só o poderá ser por vias
fissionais ligados ao Sistema de Segurança dos Engenheiros e Técnicos de Segurança do
do Trabalho e Saúde Ocupacional, orientan- Trabalho e pelos Médicos e Enfermeiros do
do os trabalhadores sobre a importância e o Trabalho. Isto não quer dizer definitivamente
correto uso destes equipamentos. que o Gestor com Pessoas encontra-se ex-
Tais orientações são bastante válidas, cluído deste processo de elaboração.
especialmente considerando os trabalhos Os Engenheiros e Técnicos de Segurança
que envolvem resíduos industriais, trata- do Trabalho, bem como Médicos e
mento de esgoto, triagem e destinação Enfermeiros do Trabalho estão plenamente
de resíduos sólidos e na implantação das capacitados na elaboração deste documento,
Certificações de Qualidade nas empresas, o qual deverá levar em conta o levantamento
as quais possuem, dentre outros requisi- e diagnóstico de todos os riscos ocupacio-
tos, a exigibilidade de condições seguras e nais e o planejamento com as ações efetivas
saudáveis para o desenvolvimento huma- no controle dos mesmos. Todavia, nenhum
nizado dos trabalhos. profissional detém o conhecimento abso-
luto sobre quaisquer temas e neste sentido,
um outro olhar sobre o ambiente de traba-
Programa de Prevenção de Riscos lho (do Gestor com Pessoas) é bem vindo,
Ambientais – PPRA desde que este esteja antenado e capacitado
quanto ao diagnóstico de riscos e estratégias
O Programa de Prevenção de Riscos de controle.
Ambientais – PPRA encontra-se embasado Para a execução do PPRA são previstos
na NR 9, sendo este obrigatório a todos os apenas três tipos de riscos, conforme de-
empregadores que admitam empregados monstrado durante o texto desta unidade,
aos seus processos laborais. Esta é uma exi- sendo eles os riscos físicos, químicos e bio-
gência do Ministério do Trabalho e Emprego lógicos, entretanto, os riscos ergonômicos
– MTe. e de acidentes também estão presentes no
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65

ambiente e, embora não especificado na NR Suponha que você foi contratado como
9, também devem ser levantados e diagnos- consultor auxiliar do caso ilustrado neste
ticados quanto a sua natureza e fonte. vídeo e que seja necessário executar o le-
Você quer experimentar os procedimentos vantamento de riscos e o planejamento
de um PPRA (diagnóstico dos riscos e planeja- de ações para controle destes riscos desta
mento para controle)? Assista o vídeo a seguir: atividade.
Aprecie todos os detalhes do vídeo e
Web elenque, no quadro abaixo, quais são os riscos
que você conseguiu identificar. Não se preo-
cupe com a questão dos níveis de tolerância
Usina de Reciclagem de Lixo
- http://www.youtube.com/ que caracterizam os riscos, apenas diga quais
watch?v=aU_Qm7wFmdk são os riscos que estão presentes, em sua
visão e como você os controlaria.

Categorias de Riscos
Formas de Controle
Riscos Físicos
• Calor, dentro das unidades de triagem (por exemplo); • Ampliação dos dutos de ventilação (por exemplo);
• •
• •
Riscos Químicos
• •
• •
• •
Riscos Biológicos
• •
• •
• •
Riscos Ergonômicos
• •
• •
• •
Riscos de Acidentes
• •
• •
• •
Seguranca no Trabalho
66

Este exercício lhe ajudará a entender o Por sua vez, o LTCAT é um Laudo, ela-
cerne de como é realizado o PPRA. A partir borado com o intuito de se documentar os
do diagnóstico de riscos e da elaboração agentes nocivos existentes no ambiente de
de estratégias de controle, fica mais fácil o trabalho e concluir se estes podem gerar
desenvolvimento do planejamento de se- insalubridade3 para os trabalhadores even-
gurança do trabalho e de saúde ocupacional tualmente expostos. Somente será renovado
dentro de uma empresa, que atenda às es- caso sejam introduzidas modificações no am-
pecificidades do “estado de arte” encontrado biente de trabalho.
naquela situação. O parágrafo 3º do Art. 58 da Lei 8.213/914,
Novamente perceba que o PPRA é bas- com o texto dado pela Lei 9.528/975 diz que:
tante específico a cada situação e que o
olhar clínico dos profissionais que auxiliam “A empresa que não mantiver laudo
técnico atualizado com referência aos
nesta elaboração, sejam eles da área de
agentes nocivos existentes no ambien-
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, te de trabalho de seus trabalhadores ou
Administrativa ou mesmo da área produtiva que emitir documento de comprovação
(empregados e empregadores), afinal, o PPRA de efetiva exposição em desacordo com
torna-se mais válido e legítimo quando da o respectivo laudo, estará sujeito à pena-
lidade prevista no Art. 133 desta Lei”.
elaboração participativa do mesmo. Apenas
não confunda elaboração participativa com
Responsabilidade Técnica, a qual compete O LTCAT deve estar disponível na empresa
somente aos profissionais de Segurança do para análise dos Auditores Fiscais da
Trabalho e Saúde Ocupacional. Previdência Social, Médicos e Peritos do INSS,
Apenas para conhecimento, existe devendo ser realizadas as alterações neces-
outra metodologia alternativa ao PPRA que sárias no mesmo, sempre que as condições
é o LTCAT (Laudo Técnico das Condições de nocividade se alterarem, guardando-se
Ambientais de Trabalho). Embora ambos os as descrições anteriormente existentes no
documentos estejam ligados às condições referido Laudo, juntamente com as novas
de segurança no ambiente de trabalho, cada alterações introduzidas, datando-se ade-
um se presta à finalidade diferente. quadamente os documentos, quando tais
O PPRA é um Programa, com a finalida- modificações ocorrerem.
de de reconhecer e reduzir e/ou eliminar
os riscos existentes no ambiente de traba- 3 Para maiores informações acerca da Insalubridade, consultar a NR 15 –
Atividades e Operações Insalubres (ABNT apud. ATLAS, 2012).
lho, servindo de base para a elaboração do 4 BRASIL, Lei n. 8.213 de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de
Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm>.
PCMSO (Programa de Controle Médico de Acesso em 11. Mai. 2012.
5 BRASIL, Lei n. 9.528 de 10 de Dezembro de 1997. Altera dispositivos das
Saúde Ocupacional). O PPRA precisa ser Leis n°s 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras provi-
dências. Brasília, 1997. Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/sislex/
revisto e renovado anualmente. paginas/42/1997/9528.htm>. Acesso em 11. Mai. 2012.
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67

Diferentemente do PPRA, que exige atua- Mapa de riscos ocupacionais


lização anual, o LTCAT tem validade indefinida,
atemporal, ficando atualizado permanente- O Mapa de Riscos Ocupacionais é uma fer-
mente, enquanto o “layout” da empresa não ramenta didática para ilustração final aos
sofrer alterações. trabalhadores sobre quais os riscos ocu-
Da mesma forma, além do PPRA e LTCAT, pacionais que os mesmos encontram-se
existem variantes metodológicas de análise sujeitos. Uma vez que os riscos estejam
de riscos ambientais/ocupacionais, sendo diagnosticados e classificados, é de simples
elas: a) PGR – Programa de Gerenciamento de execução.
Riscos; e b) PCMAT – Programa de Condições Esta execução leva em conta alguns
e Meio Ambiente de Trabalho. Salienta-se que fatores, quais sejam: a) Representação
este último é utilizado somente no setor de da unidade avaliada (geralmente plantas
construção civil, por suas especificidades, ou baixas do ambiente de trabalho); b) riscos
seja, a ação do Gestor com Pessoas neste caso ocupacionais; e, c) nível de gravidade do
é mais limitada em comparação ao PPRA. risco.

Considere a Figura 3 a seguir:

Figura 3 – Representação dos riscos ocupacionais de acordo com a classe (físico, químico, biológico, ergonômico e
mecânico/de acidentes) e grau de risco (leve, médio e elevado).
Fonte: AREASEG.COM (2012). Disponível em: <http://www.areaseg.com/sinais/tabolas.gif>. Acesso em 17. Jun. 2012.
Seguranca no Trabalho
68

Estes círculos que se encontram repre- econômicas cadastradas no Cadastro


sentados na Figura 3 variam de diâmetro Nacional de Atividades Econômicas – CNAE
conforme o nível do risco considerado e (IBGE), as quais constam no Quadro I da NR
este, por sua vez, varia de acordo com a 4 – Serviços Especializados em Engenharia
natureza da atividade, da intensidade e de Segurança e em Medicina do Trabalho.
do tempo de exposição ao agente causa- A Figura 4 ilustra como se dá a aplicação
dor do risco. de tais círculos na planta baixa dos locais de
Esta graduação de risco não tem relação trabalho, completando, portanto, a execução
com o grau de risco das diferentes atividades do Mapa de Riscos Ocupacionais.

Figura 4 – Exemplo de aplicação da metodologia de Mapa de Riscos.


Fonte: BIOSSEGURANCAEMFOCO.COM (2012). Disponível em: <http://biossegurancaemfoco.com/wp-content/
uploads/2009/10/mapaderisco.jpg>. Acesso em 17. Jun. 2012.

Observando a Figura 4 verifica-se que o valiosa, especialmente nos processos de


conhecimento sobre os riscos ocupacionais comunicação e conscientização sobre as
por parte do trabalhador fica bastante intui- medidas que devem ser tomadas para a mi-
tivo e prático, sendo esta uma ferramenta nimização dos riscos ambientais.
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69

Uma empresa do setor de vestuário, localiza- os profissionais chegaram à conclusão que


da em Cianorte Paraná, decidiu estabelecer seria interessante estabelecer um novo layout
um novo modelo produtivo que preconi- produtivo, o qual foi projetado e implemen-
zasse ao mesmo tempo o reconhecimento tado nos dias seguintes. Depois de trinta dias
dos riscos e a eficiência produtiva. Para tal, sob o novo modelo, verificou-se que o proje-
contratou-se um Engenheiro de Segurança to reduziu em 141 km/dia o caminhamento
do Trabalho e um Gestor com Pessoas. O pri- dos colaboradores na condução das peças de
meiro analisou o ambiente de acordo com roupa, ao mesmo tempo em que reduziu-se
a metodologia do PPRA (NR-9). O segundo em 78% o número de acidentes em um setor
avaliou o ambiente e os colaboradores por no qual o risco físico de vibração de máquinas
metodologia própria, composta por ques- e má iluminação estavam presentes.
tionários semiestruturados.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em
Após analisar o ambiente e os colaboradores, fatos reais.

Outras Ferramentas feito; Who – Por quem será feito; How –


Como será feito; e, How much – Quanto
Ainda existe uma diversidade de ferramentas custará para ser feito);
que podem ser utilizadas com o objetivo de • Gráfico de Pareto (priorização de
reduzir/eliminar riscos, considerando outros atividades em um planejamento);
pontos específicos da prática laboral, do • Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa)
ambiente de trabalho e dos aspectos orga- na análise de riscos;
nizacionais da empresa. • Histograma (por exemplo,
As ferramentas de gestão da qualidade na verificação do número de
cabem neste processo e auxiliam a diagnos- trabalhadores afetados por
ticar os pontos críticos ligados especialmente determinado elemento nocivo no
às práticas no ambiente corporativo, além de ambiente de trabalho);
estarem presentes no planejamento das so- • Folha de Verificação (check list de
luções, em curto, médio e longo prazo. São processos no planejamento de ações
exemplos de ferramentas de qualidade que de controle de riscos, por exemplo);
podem ser utilizadas em par as estratégias de • Gráfico de Dispersão;
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional: • Fluxograma (análise de processos
decisórios);
• Metodologia 5W2H (What – O que será • Carta de Controle (análise de duas
feito; Why – Porque será feito; Where – variáveis que são correlacionadas, por
Onde será feito; When – Quando será exemplo, movimentos repetitivos em
Seguranca no Trabalho
70

triagem de resíduos sólidos e número Considere o fato de que ainda não discuti-
de trabalhadores afastados por Dores mos sobre o papel do Gestor com Pessoas no
Osteomusculares Relacionadas ao lado humano (abordamos até aqui o papel
Trabalho - DORT); deste profissional no lado técnico). Assim,
• Estratificação; e, as possibilidades de parcerias de trabalho e
• Metodologia SWOT-FOFA (Fortalezas, enriquecimento de conhecimentos, quando
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças – são associadas às duas áreas, são bastante
Wright et al. 2000)6. promissoras.

Vale expor que estas ferramentas podem ser


utilizadas pelos Gestores com Pessoas de
maneira compartilhada aos profissionais de Na composição do texto dessa obra,
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, mencionamos algumas vezes o termo
“acidente” (acidente de trabalho, por
entretanto, não são tão utilizadas como se exemplo). Todavia, a Segurança do Tra-
deveria. Talvez este seja um bom nicho de balho também aborda sobre o termo
“incidente”. Você sabe qual a diferença
mercado para você que domina estas ferra- entre os dois termos?
mentas, não acha? Um “incidente” pode ser definido como
Estas, portanto, são as principais ferra- sendo um acontecimento não deseja-
do ou não programado que venha a
mentas e metodologias que devem ser de deteriorar ou diminuir a eficiência ope-
conhecimento dos Gestores com Pessoas, racional da empresa, sem, no entanto,
provocar lesões aos trabalhadores ou
considerando nosso questionamento inicial: a outrem e perdas à empresa. Por sua
“Quais as ferramentas, estratégias e metodologias vez, do ponto de vista prevencionista,
um “acidente” é o evento não desejado
ligadas à promoção da Segurança do Trabalho e que tenha por resultado uma lesão ou
Saúde Ocupacional que podem ser utilizadas pelos enfermidade a um trabalhador ou um
dano a propriedade.
Gestores com Pessoas em sua prática de trabalho
ou por eles devem ter sua execução auxiliada?”. Fonte: VEDOVATTI, W. Análise de adap-
tação de um frigorífico no sudoeste pa-
Em quantidade, parecem poucas as opor- ranaense à Norma Regulamentadora
tunidades de ação no que tange à Segurança nº. 36. Monografia – Curso de Especia-
lização em Engenharia de Segurança
do Trabalho. Entretanto estas “poucas” atua- do Trabalho – Universidade Estadual
ções são bastante densas em seu conteúdo. de Maringá – 2013. 68 p.
6 WRIGHT, P.; MARK J. K.; PARNELL, J. Administração estratégica: conceitos.
1. ed. São Paulo: ATLAS, 2000.
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71

Considerações Finais
Prezado aluno, até aqui estamos obtendo riscos, quais sejam: a) Riscos Físicos; b) Riscos
ótimos avanços na compreensão sobre Químicos; c) Riscos Biológicos; d) Riscos
o tema Segurança do Trabalho e Saúde Ergonômicos; e, e) Riscos de Acidentes;
Ocupacional. Ao finalizar esta segunda focamos a discussão sobre as ferramentas
unidade, tenho a sensação, e espero que da Segurança do Trabalho que podem ser
esta sensação esteja sendo compartilha- de utilização do Gestor com Pessoas em sua
da por você que lê estas palavras, que a atuação na área. EPI´s, PPRA, PCMAT, PGR,
Gestão com Pessoas possui relação com a CIPA, SESMT, Mapa de Riscos Ocupacionais
Segurança do Trabalho. e Ferramentas de Qualidade: Este conjunto
Aliás, esta relação é bastante íntima e de siglas e conceitos agora já faz parte de
você mesmo pôde compreender, pelo exercí- seu arcabouço teórico e são processos que
cio proposto por meio do Quadro 4, que em você poderá auxiliar a executar em quais-
grande parte das Normas Regulamentadoras quer empresas.
– NR´s, pode haver o trabalho do Gestor com Em nossa próxima unidade, ampliare-
Pessoas. mos nossa discussão sobre o papel do Gestor
Em suma, além de exercitar nosso cog- com Pessoas nas estratégias de capacitação e
nitivo na descoberta dos significados que conscientização dos parceiros (empregados,
orbitam a Segurança do Trabalho, inseri- empregadores e outros atores envolvidos
mos, ao menos inicialmente, a Gestão com no certame), além de inserir um último ele-
Pessoas como componente da Segurança mento, o qual acentuará a proximidade dos
do Trabalho. Gestores com o universo da Segurança do
Também nos adiantamos quanto a um Trabalho. Trataremos da Qualidade de vida
dos componentes da Segurança do Trabalho, no trabalho.
os quais devem ser plenamente compreen- No mais, espero que você tenha bons
didos por você, caro aluno: Os riscos. estudos e lhe aguardo em nossa derradeira
A partir destas colocações sobre os unidade (Unidade III).
Seguranca no Trabalho
72

Atividade de Autoestudo

1. Os riscos ocupacionais são os perigos Prevenção de Riscos Ambientais),


que incidem sobre a saúde humana quais sejam: Riscos Físicos, Químicos
e o bem-estar dos trabalhadores e Biológicos. Contudo, a norma em
associados a determinadas profissões. questão não exclui do processo de
Embora sejam feitos esforços para elaboração do PPRA a menção sobre
reduzir os riscos de acidentes no os demais riscos (ergonômicos e de
trabalho, esses riscos continuam acidentes).
presentes em indústrias, empresas III. São considerados riscos
em geral, estabelecimentos ergonômicos: Calor, Frio, Vibrações e
comerciais e demais ambientes Radiações.
profissionais. Reconhecer os riscos IV. O item III estaria correto caso fizesse a
ocupacionais é o primeiro passo para seguinte menção: “São considerados
elaborar e implementar programas riscos físicos”.
de segurança do trabalho com o
intuito de manter a qualidade de vida Estão corretos:
dos trabalhadores. Diante do exposto,
analise as colocações sobre riscos a. ( ) Somente os itens I e II.
ocupacionais que se encontram b. ( ) Somente os itens I, II, e III.
abaixo e assinale a alternativa correta: c. ( ) Somente o item III
d. ( ) Somente os itens I, II e IV.
I. Os riscos ocupacionais podem ser e. ( ) Somente os itens III e IV.
divididos em cinco categorias: Físicos,
Químicos, Biológicos, Ergonômicos e 2. Quanto à elaboração das Normas
de Acidentes. Regulamentadoras, julgue os itens a
II. Os riscos ambientais são aqueles seguir e assinale a alternativa correta.
definidos pela NR – 9 (Programa de
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73

I. As Normas Regulamentadoras IV. Tais normas foram concebidas


apresentam-se como uma evolução por meio da participação paritária
do disposto na Lei 6.514/77, a qual de trabalhadores, técnicos e
previa, em conjunto com o Artigo representantes governamentais.
7° da Constituição da República Vale dizer ainda que estas normas
Federativa do Brasil, a criação de não são absolutas, cabendo o
dispositivos normatizadores das desenvolvimento de outras normas
diferentes práticas laborais. ou dispositivos complementares
II. Estas Normas apresentam-se para que haja um verdadeiro
bastante definidas em algumas aperfeiçoamento no que tange à
áreas, tais como a Construção Civil, Segurança do Trabalho.
Siderurgia e Metalurgia e Indústrias
em geral e, em outras, ainda carecem a. ( ) Somente a alternativa I está
de maiores definições, como é o caso correta;
da NR-31, a qual trata de Segurança b. ( ) As alternativas II e III estão
do Trabalho nas atividades rurais incorretas;
(agricultura, pecuária, silvicultura, c. ( ) As alternativas II e III estão
aquicultura e exploração florestal). corretas, mas, a alternativa III não é
III. Em outros casos, as Normas um complemento da alternativa II;
apresentam-se com uma d. ( ) Todas as alternativas estão
aplicabilidade transversal, como é o corretas.
caso da NR-4 (SESMT), NR-5 (CIPA), e. ( ) Nenhuma alternativa está
NR-6 (EPI´s), NR-17 (Ergonomia) e NR- correta.
26 (Sinalização de Segurança).
Seguranca no Trabalho
74

Livro
Título: Gestão de Pessoas e Segurança do Trabalho – O que a escola deixou de
te ensinar
Autor: MARTINS, ELI DAMARIS
Editora: LEON EDITORA
Sinopse: Este guia de Gestão de Pessoas traz vivências que a autora teve durante
vinte anos de experiência. Os fatos são reais, levando o leitor a refletir nas suas
atitudes diárias. Aos líderes, a esperança do entendimento que “para gerir
pessoas é preciso dar segurança”. Aos que pretendem conhecer um sistema de
liderança moderno, a certeza de estar no caminho correto, seguindo as orienta-
ções nesse contido. Aos amantes de uma boa leitura, a satisfação de um novo
conhecimento.
Pós-Graduação | Unicesumar
75

Web

• Entenda mais sobre os riscos ocupacionais, acessando:

• http://www1.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20081104143622.pdf

• Acesse os seguintes endereços para ficar por dentro das Normas Regulamentadoras de Segurança
do Trabalho e Saúde Ocupacional:

• Resumo das NR´s (Portal SESMT) - http://www.sesmt.com.br/portal/index.


php?option=com_content&view=article&id=271&Itemid=92

• Normas Regulamentadoras – Wikipedia -http://pt.wikipedia.org/wiki/Norma_Regulamentadora

• Para conhecer os limites de tolerância de outros agentes de risco ocupacional, acesse:

• Ministério do Trabalho e Emprego – MTe (Norma Regulamentadora NR 15 – Atividades e


Operações Insalubres):
• http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-15-1.htm

• Para saber maiores detalhes sobre o PPRA e outras metodologias de análise de riscos, acesse os se-
guintes endereços de internet:

• Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9):


• http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/9.htm

• Exemplo de PPRA do Hospital Universitário de Santa Maria – HU/UFSM:


• http://jararaca.ufsm.br/websites/ssst/download/SSST/PPRA.pdf

• Proposta de Modelo de LTCAT:


• http://pt.scribd.com/doc/54943979/modelo-LTCAT

• Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR:


• http://engenheirorodrigo.wordpress.com/2009/05/13/programa-de-gerenciamento-de-risco-pgr/

• Para conhecer maiores detalhes sobre o Mapa de Riscos Ocupacionais, acesse o endereço a seguir:

• Valores e atitudes seguras – Mapa de riscos ocupacionais:


• http://valoreseatitudes.blogspot.com.br/2011/07/mapa-de-riscos_11.html
Gestão de Negócios
76

Embora ainda não tenhamos discutido acerca dos relação a suas metas, expectativas, padrões e
aspectos relacionados à Qualidade de Vida no preocupações.
Trabalho, penso ser interessante trazer-lhe uma
leitura que ilustra o conceito e a importância da
Objetivos
Qualidade de Vida no Trabalho. Vamos a ela?
Programas de saúde é a ciência e a arte de ajudar
Vivemos numa sociedade em mudanças e num
pessoas a modificar seu estilo de vida em direção
momento excitante para as organizações. A socie-
a um ótimo estado de saúde, sendo esta com-
dade percebe que a Qualidade de Vida e a Saúde
preendida como o balanço entre a saúde física,
são ativos importantes, envolvendo dimensões
emocional, mental, social e espiritual. (American
física, intelectual, emocional, profissional, espiri-
Journal, 1989).
tual e social. Práticas inadequadas no ambiente
de trabalho geram impacto negativo na saúde Os programas de Saúde e QV objetivam facilitar
física e emocional dos empregados e na saúde mudanças no estilo de vida, combinando ações
financeira das empresas. e campanhas para consciência, comportamento
e envolvimento, que suportem suas práticas de
Baixa motivação, falta de atenção, diminuição
saúde e previna doenças.
de produtividade e alta rotatividade criam uma
energia negativa que repercute na família, na so-
ciedade e no sistema médico. Segundo Domenico Qualidade de Vida no Trabalho
de Masi, vivemos e trabalhamos numa sociedade O propósito de um programa de Qualidade de
do futuro, mas continuamos a usar os instru- Vida ou Promoção de Saúde nas Organizações é
mentos do passado. Felizmente, para algumas encorajar e apoiar hábitos e estilos de vida que
empresas inovadoras e conscientes, este cenário promovam saúde e bem estar entre todos os
não faz parte de sua realidade atual. funcionários e famílias durante toda a sua vida
As dez melhores empresas para se trabalhar (Guia profissional.
Exame 2001) transformaram o ambiente de tra- Um programa de Qualidade de Vida existe para
balho e a Saúde emocional e física em vantagem gerar estratégias com o intuito de promover um
competitiva, tendo plena convicção estratégi- ambiente que estimule e dê suporte ao indiví-
ca de que quanto mais eliciar satisfação, mais duo e à empresa, conscientizando sobre como
retorno terão em produtividade, criando assim sua saúde está diretamente relacionada à sua
a visão de uma organização mais privilegiada, qualidade e produtividade.
competitiva e equilibrada.
Não é suficiente ter em mente mudar relevante-
mente o estado de saúde dos profissionais, mas
Definição: também encorajá-los a cuidarem e gerenciarem
Segundo a Organização Mundial da Saúde, sua própria saúde, adquirindo um ganho subs-
Qualidade de Vida é um conjunto de percep- tancial na sua satisfação e crescimento, assim
ções individuais de vida no contexto dos sistemas como no aumento de produção e redução de
de cultura e de valores em que vivem, e em custos para a empresa
Pós-Graduação | Unicesumar
77

Benefícios As dimensões da Saúde Integral e Qualidade de


• Melhoria da produtividade Vida
• Empregados mais alertas e motivados Para efeitos didáticos, dividimos a Saúde em Seis
• Melhoria da imagem corporativa Dimensões: FÍSICA, EMOCIONAL, INTELECTUAL,
PROFISSIONAL, SOCIAL e ESPIRITUAL.
• Menos absenteísmo
• Melhoria das relações humanas e industriais Estas dimensões facilitam a consciência e o de-
senvolvimento da saúde integral, assim como a
• Baixas taxas de enfermidade possibilidade de se ter uma visão sistêmica e seu
• Melhoria da moral da força de trabalho posterior equilíbrio e expansão, pois sabemos que
na vida sempre estamos buscando uma inter-rela-
• Redução em letargia e fadiga
ção harmoniosa dos vários aspectos e dimensões
• Redução de turnover do ser humano.

Desde que o mundo exigiu novas e complexas


Missão Estratégica interações em termos de excelência em relação
A missão estratégica de um programa de à produtividade e a qualidade dos serviços pres-
Qualidade de Vida canaliza seus esforços para tados, estamos tendo que constantemente se
alcançar os seguintes resultados: adaptar à todos estes estímulos, comprometen-
• Aumentar os níveis de SATISFAÇÃO E SAÚDE do de alguma forma nosso aprendizado e saúde.
do colaborador/ consumidor/ comunidade. Afinal de contas, se sentir mal no tempo e no
(Força de trabalho mais saudável) espaço não é mais privilégio de nenhum astro-
• Melhorar o CLIMA ORGANIZACIONAL (am- nauta. O psiquiatra Carl Gustav Jung dizia que
biente, relações e ações saudáveis) se as coisas vão mal no mundo, algo deve estar
mal comigo. Assim seria sensato, em primeiro
• Afetar beneficamente no processo de lugar, ficar bem. Viver uma vida vibrante e feliz, na
FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO humano, qual se utiliza o máximo que possui, com enorme
agregando competências (capacidade e prazer é um objetivo de vida. É o que dá quali-
atributos) dade à vida.
• Influenciar na diminuição da PRESSÃO NO
TRABALHO e do DISTRESSE individual e orga- Fonte: CARMELLO, E. Qualidade de vida no tra-
nizacional (Menor absenteísmo/rotatividade; balho. Disponível em: <http://www.rhportal.com.
Menor número de acidentes) br/artigos/rh.php?rh=Qualidade-De-Vida-No-Tra-
• Melhorar a capacidade de DESEMPENHO das balho&idc_cad=a7o2sdrwi>. Acesso em: 29 Set.
atividades do dia a dia. (Maior produtividade) 2014
Gestão de Negócios
78

relato de
caso

Estabelecer práticas no ramo da Segurança do dos trabalhadores como também se verificava


Trabalho e da Saúde Ocupacional não significa que os parâmetros sanitários eram altamente va-
somente antever os riscos, mas associar práticas riáveis, mesmo com a finalização dos processos
prevencionistas à própria preservação e confor- de estabilização nas lagoas. Em resumo, além de
midade do meio ambiente. Com essa premissa é contaminar os trabalhadores, havia a contamina-
que se propôs investigar o caso de uma empresa, ção ambiental.
localizada no sudoeste paranaense, especializada
no tratamento e destinação de resíduos sólidos Esta problemática só fora resolvida a partir do
e líquidos. momento em que se propôs o uso associado de
microrganismos com plantas aquáticas e, neste
A grande problemática deste estudo estava em caso, o uso da espécie Eichornia crassipes, popular-
adequar o ambiente e os postos de trabalho para mente conhecida como Aguapé.
que não houvesse risco de contaminação dos
trabalhadores com os diferentes compostos que Pelas análises do estudo sobre esta associa-
pudessem estar presentes, em especial, nos re- ção, verificou-se apenas a limitação do uso do
síduos líquidos derivados da decomposição de aguapé em duas condições: Em frio extremo e nas
materiais orgânicos (chorume). lagoas de efluentes brutos (sem estabilização).
Observou-se que a maioria das plantas, nestas
Ao se observar somente o enfoque da segu- duas condições, não foram capazes de se estabe-
rança do trabalho, as medidas que poderiam lecer, não cumprindo com o objetivo esperado.
ser tomadas estariam obedecendo as Normas
Regulamentadoras, em especial, as que versam Entretanto, passadas as condições de frio e utili-
sobre Equipamentos de Proteção Individual, zando as plantas no estágio final de estabilização,
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais verificou-se uma queda acentuada nos níveis de
– PPRA, Programa de Controle Médico e agentes contaminantes nocivos (metais pesados,
Saúde Ocupacional – PCMSO, Insalubridade e por exemplo), os quais ficaram definitivamente
Sinalização. associados à matéria fresca dos vegetais.

Contudo, um profissional completo não se limita Não se quer afirmar, neste caso, que o uso do
somente aos conhecimentos ligados às suas atri- Aguapé é a solução única e definitiva. Aliás, o
buições profissionais. Então, por que não pensar problema dos materiais contaminantes ainda
em mitigar os riscos tratando diretamente as suas permanece quando se considera a produção de
fontes? E neste caso, as fontes estavam bastante efluente bruto, sendo necessárias medidas miti-
claras: Os resíduos líquidos oriundos da decom- gadoras em nível de trabalhador (EPI´s). Mas, o
posição de material orgânico. que se quer destacar é o empreendedorismo da
solução, a qual aliou os princípios de segurança
De maneira geral, empregam-se lagoas de estabi- do trabalho e os princípios de biorremediação,
lização em cadeia, nas quais se verifica a criação de com o uso de espécies vegetais, reduzindo a
um gradiente decrescente de material orgânico contaminação ambiental e a exposição dos tra-
e das demandas química e biológica de oxigê- balhadores aos agentes nocivos.
nio, o que significa, em resumo, que boa parte do
material orgânico já foi processado por micror- Elaborado pelo autor, baseado em SCHERER,
ganismos, tornando-se consolidado. No último M.A.; COSTA, T.R. Uso de biorremediadores
estágio, este resíduo, já chamado de efluente, como instrumento de acompanhamento, de-
caso obedeça parâmetros sanitários legais, pode tecção e redução de contaminação em lagoas
retornar à natureza, de maneiras diversas. de tratamento de efluentes – Estudo de caso.
Artigo: Curso de Especialização MBA em Gestão
No caso da empresa avaliada, não somente se veri- Ambiental e Desenvolvimento Sustentável –
ficava a problemática relacionada à contaminação Centro Universitário Cesumar. 2014. 17p.
Pós-Graduação | Unicesumar
79
3 O GESTOR COM PESSOAS COMO AGENTE ATIVO NA SE-
GURANÇA DO TRABALHO

Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará
nesta unidade:
• Perspectivas do tema “segurança do trabalho e saúde
ocupacional” no contexto da gestão com pessoas
Objetivos de Aprendizagem • O papel do gestor com pessoas nas estratégias
• Debater sobre a importância do Gestor com Pessoas de conscientização e de capacitação dos atores
no Contexto da Segurança do Trabalho. envolvidos
• Apresentar as perspectivas de atuação aplicada deste • Qualidade de vida no trabalho
Gestor nos processos de capacitação e conscientiza- • A importância da segurança do trabalho ao gestor
ção e na aplicação dos princípios de Qualidade de com pessoas como elemento de competitividade no
Vida no Trabalho. mercado de trabalho
• Demonstrar a importância do aprendizado sobre da
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional no con-
texto de ampliação da competitividade profissional
no mercado de trabalho.
Prezado aluno, finalmente chegamos à última unidade de nosso
material. Infelizmente nossa caminhada está terminando, mas com
certeza foi uma caminhada bastante prazerosa e elucidativa.

Ao longo de nossas unidades anteriores, procuramos caracterizar


os diferentes contextos ligados à prática laboral, obtendo subsídios
suficientes para estabelecermos a importância em se executar esta
mesma prática dentro de princípios seguros e salutares.

Devemos continuar nosso esforço no aprendizado por mais algumas


páginas, analisando as perspectivas que o tema “Segurança do
Trabalho e Saúde Ocupacional” possui no contexto da Gestão com
Pessoas.

Em sequência, analisaremos a inserção dos princípios de Qualidade


de Vida no Trabalho, inerentes tanto à área de Segurança do Trabalho
como também à área de Gestão com Pessoas e, por fim, consta-
taremos o quanto o conhecimento e a qualificação sobre o tema
desta obra (Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional) amplia o
poder de competitividade dos profissionais no mercado de trabalho.

Verificaremos que as tendências que ligam as áreas do conhecimen-


to estudadas apontam para o desenvolvimento de conhecimentos
e de um “novo” Gestor com Pessoas, com visão e ações sistêmicas
que extrapolam os limites de sua formação, neste caso, possuindo
conhecimentos nas áreas de Gestão da Segurança do Trabalho e
Saúde Ocupacional e Gestão da Qualidade.

Você deseja ser este “novo” Gestor com Pessoas? Então acompanhe
as discussões desta última unidade. Vamos lá?
Seguranca no Trabalho
82

PERSPECTIVAS DO TEMA “SEGURANÇA


DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL”
NO CONTEXTO DA GESTÃO COM
PESSOAS

A
ssim como o desenvolvimento os dois temas sem também mencionar sobre
profissional tende a formação de a Gestão de Qualidade, afinal, nenhum dos
indivíduos com conhecimentos sis- pressupostos das áreas de conhecimento
têmicos e atitudes empreendedoras, as áreas discutidas tornar-se-iam reais sem o auxílio
do conhecimento, em especial as mencio- da Gestão da Qualidade.
nadas ao longo deste material (Gestão com Esta é a tendência, não somente para
Pessoas e Segurança do Trabalho) possuem estas três áreas, mas para as demais áreas do
a tendência de serem analisadas de maneira conhecimento. Pense que o “estado de arte”
imbricada, ou seja, sem barreiras entre si. de nossa sociedade tem apresentado proble-
Já lhe adianto que após a leitura desta máticas complexas, as quais não conseguem
unidade, você perceberá que já não é mais ser resolvidas pela aplicação dos conheci-
possível estudar ou falar somente sobre mentos de maneira compartimentada.
Gestão com Pessoas, ou somente sobre Mediante o exposto, passemos a discu-
Segurança do Trabalho, ou ainda, falar sobre tir os temas desta unidade.
Pós-Graduação | Unicesumar
83

O PAPEL DO GESTOR COM PESSOAS NAS


ESTRATÉGIAS DE CONSCIENTIZAÇÃO
E DE CAPACITAÇÃO DOS ATORES
ENVOLVIDOS

A
o se falar em estratégias de capacitação e de conscientização
de empregados e empregadores, estaremos nos reportan-
do diretamente a dois organismos dentro das empresas: O
SESMT e a CIPA.
Seguranca no Trabalho
84

Não os trato (empregados, empregado-


res e demais atores) como orientados ou
clientes, devido a gama de conhecimen-
O SESMT – Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medici- tos empíricos, experiências e percepções
na do Trabalho é regido pela NR 4, de
de mundo, mas sim como parceiros de tra-
mesmo título. Não são todas as empre-
sas que são obrigadas a estabelecer balho. Assim como deve ocorrer na área
este serviço. O Quadro II daquela NR
de STSO, o desenvolvimento do trabalho
apresenta o dimensionamento deste
Serviço de acordo com o número de do Gestor com Pessoas deve estar voltado
colaboradores nas empresas. São pro-
às pessoas e por elas ser imponderado,
fissionais inerentes ao SESMT: a) Enge-
nheiro de Segurança do Trabalho; b) ampliando as perspectivas de sucesso da
Médico do Trabalho; c) Enfermeiro do
ação.
Trabalho; d) Técnico de Segurança do
Trabalho; e) Técnico de Enfermagem Além disso, assim como aprendi que ser
do Trabalho; e, f ) Auxiliar de Enferma-
um Engenheiro Agrônomo e Engenheiro de
gem do Trabalho.
Por sua vez, a CIPA – Comissão Interna Segurança do Trabalho é, acima de tudo, ser
de Prevenção de Acidentes é formada um comunicador, entendo que o pro-
por representantes dos empregados
e dos empregadores. São agentes ati- fissional em questão também deve
vos definidos pela NR 5, de mesmo assumir esta função de comunica-
título, que possuem por objetivo a
prevenção de acidentes e doenças dor e, acima disso, de animador
decorrentes do trabalho, de modo a dos processos, visto os inúme-
tornar compatível permanentemente
o trabalho com a preservação da vida ros entraves e dificuldades que
e a promoção da saúde do trabalha- este profissional encontrará para
dor.
comunicar e capacitar trabalha-
Fonte: ATLAS, Segurança e Medicina
do Trabalho. 69ª ed. São Paulo: ATLAS, dores de perfis e histórias
2012. 968p. de vida tão diferentes.

Diante das propostas de capa-


citação e conscientização, penso
que o foco de atuação do Gestor com
Pessoas, bem como dos profissionais de STSO
deve se concentrar nos atores e não na es-
trutura ou na técnica a ser repassada.
Pós-Graduação | Unicesumar
85

Qual seria o meu papel, enquanto Gestor de comunicação? Como devo me comu-
com Pessoas, considerando os processos nicar?

Infelizmente, caro aluno, não consegui- • Apesar dos modelos pedagógicos


ria lhe responder com 100% de precisão, apontarem para um modelo
afinal, precisaria conhece-lo mais a fundo educacional horizontalizado nas
para poder lhe orientar (e vontade não me práticas de capacitação, você deverá
falta). Apenas conseguiria lhe ensinar técni- mostrar certa autoridade na condução
cas e macetes neste processo. Ademais, não e moderação das discussões (não
poderia lhe ensinar a se comunicar, pois isto confunda modelo participativo com
é algo intrínseco a cada pessoa, algo que bagunça);
depende da experiência, dos saberes e da • Brinque, utilize o lúdico, faça seus
formação familiar de cada um. parceiros na capacitação darem risada
Assim, eis um conjunto de técnicas que ou ficarem “chocados” com algum
podem lhe ajudar a se comunicar melhor: conhecimento que se queira passar.
Geralmente na área de segurança
• Exercite sua dicção. Não confunda do trabalho, ilustro a importância de
termos e seja claro em suas palavras; se evitar um acidente tocando no
• Fale com calma e tente utilizar a “sentimento” das pessoas, exaltando os
chamada “Técnica Silvio Santos”, que valores familiares e colocando imagens
consiste em falar sobre a mesma coisa para reflexão, tanto dos acidentes,
de maneiras diferentes; como cenas posteriores aos acidentes
Seguranca no Trabalho
86

(velórios, crianças chorando, famílias mesmos, analisando qual o nível de


tristes, etc.). Isto se configura como conhecimento acerca do assunto
uma tentativa de ilustrar que o maior que se quer trabalhar. Lembra-se de
custo com os acidentes de trabalho quando conceituamos a Segurança do
não ficam para a empresa, ou para a Trabalho na Unidade II? Fiz-lhe uma
vítima, mas sim para a família, que, pergunta prévia na Unidade I antes de
por vezes, paga um custo para o resto iniciarmos esta discussão na Unidade
da vida de não ter mais presente um II, de maneira que você chegou a esta
ente querido (se você é uma pessoa discussão mais preparado. Você poderá
sentimental, você também se sentiu fazer algo semelhante considerando
tocado com isso, não é?). este tópico; e,
• Não fale o “tecnicês” ou o “academicês”: • A comunicação não é limitada por
Utilize termos simples e aproxime seu apenas um canal (voz). Utilize seu
discurso de seus parceiros; corpo, gesticule moderadamente para
• Antes de se comunicar, deixe fazer com que seus parceiros, além de
seus parceiros se comunicarem ouvir, enxerguem melhor aquilo que
e execute um diagnóstico dos você está discutindo.
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87

QUALIDADE DE VIDA NO
TRABALHO

C
onforme observamos na Unidade I, o com que tenha lhe colocado desta forma,
desenvolvimento do Trabalho encon- afinal, o QVT é uma estratégia tão necessá-
tra-se paralelo à própria sobrevivência ria e “bacana” por parte das empresas.
do ser humano, uma vez que este é a repre- De fato, muitas empresas tem adotado
sentação da capacidade de transformação do os princípios de QVT, mas, conforme afirma
ambiente voltada ao atendimento de nossas Vasconcelos (2001)1, muitos destes princí-
necessidades. pios ainda estão focados meramente no
Verificamos ainda que, diante de um aumento de ganhos pecuniários. Trocando
enfoque capitalista, todos os elementos em miúdos, a ideia é que a QVT encon-
envolvidos na prática do trabalho, especial- tra-se instalada no ambiente de trabalho
mente considerando o ser humano e sua quando os colaboradores são justamente
capacidade laboral, tiveram valores atribu- recompensados por seu árduo trabalho.
ídos, ou seja, tornaram-se comercializáveis. Falácia!
Infelizmente, tal conceito também se Este é somente um dos elementos da
faz presente quando se debate sobre a QVT e não necessariamente devem haver
“Qualidade de Vida no Trabalho”. Mas, você estes ganhos pecuniários. Aliás, a adoção
1 VASCONCELOS, A.F. Qualidade de vida no trabalho: Origem, evolução e pers-
deve estar pensando nos motivos que fizeram pectivas. Caderno de Pesquisas em Administração. 8(1): 23-35. 2001.
Seguranca no Trabalho
88

destas estratégias torpes é que faz com que Quadro 5 – Evolução do conceito de
as verdadeiras estratégias de Qualidade de Qualidade de Vida no Trabalho
Vida no Trabalho sejam encaradas como Concepções Evolução do QVT Características ou Visão
apenas mais um ônus ao empregador, o Reação do indivíduo ao trabalho.
1. QVT como uma variável Investigava-se como melhorar
que justifica a frase que utilizei há alguns
(1959 a 1972) a qualidade de vida no trabalho
parágrafos. oara o indivíduo.
Ademais, é válido salientar que a O foco era o indivíduo antes do
resultado organizacional; mas ao
QVT não é um tema recente. Rodrigues 2. QVT como uma abordagem
mesmo tempo, busca-se traser
(1969 a 1974)
(1999)2 aponta que a QVT sempre esteve melhorias tanto ao empregado à
presente no desenvolvimento da prática direção.
Um conjunto de abordagens,
laboral humana, com outros títulos e em métodos ou técnicas para melhor
outros contextos. Segundo aquele autor, o ambiente de trabalho e tomar
o trabalho mais produtivo e mais
os próprios ensinamentos de Geometria 3. QVT como um método (1972
satisfatório. QVT era vista como si-
de Euclides de Alexandria, que datam de a 1975)
nônimo de grupos autônomos de
300 a.C. serviram como inspiração para a trabalho, enriquecimento de cargo
ou desenho de novas plantas com
melhoria dos métodos de trabalho na agri- integração social e técnica.
cultura às margens do Rio Nilo, no Egito. Da Declaração ideológica sobre a
mesma forma, Rodrigues (1999) também natureza do trabalho e as relações
dos trabalhadores com a organi-
cita o exemplo da Lei das Alavancas de 4. QVT como um movimento zação . Os termos “ administração
Arquimedes, formulada 13 anos depois (287 (1975 a 1980) participativa” e “democracia
industrial” eram frequentemente
a.C.), a qual foi utilizada na diminuição do ditos como ideias do movimento
esforço físico de muitos trabalhadores. de QVT.
Vasconcelos (2001) ainda aponta que Como panacéia contra a com-
petição estrangeira estrangeira,
a QVT, enquanto objeto de estudo das 5. QVT como tudo (1979 a problemas de qualidade, baixas
grandes áreas do conhecimento, foi ava- 1982) taxas de produtividade, proble-
mas de queixas e outros proble-
liada por muitos pesquisadores durante o mas organizacionais.
Século XX (pós estado de crise provocado No caso de alguns projetos de
pela Revolução Industrial do século XIX, por- QVT fracassarem no futuro,
6. QVT como nada (futuro)
não passará de um”modismo”
tanto). O Quadro 5 apresenta a evolução de passageiro.
conceitos ligados à Qualidade de Vida no Fonte: NADLER & LAWLER apud. FERNANDES (1996, pg. 42)3.
Trabalho:
2 RODRIGUES, M.V.C. Qualidade de vida no trabalho: Evolução e análise no 3 FERNANDES, E. Qualidade de vida no trabalho: Como medir para melho-
nível gerencial. 1ª ed. Petrópolis: VOZES, 1999. rar. Salvador: CASA DA QUALIDADE EDITORA LTDA., 1996.
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89

Um dos experimentos mais famosos ele as procure, conforme observado por


datam das décadas de 1920 a 1940, Ferreira, Reis e Pereira (1999)4.
executados por Helton Mayo. Estes expe- Posteriormente aos estudos de Maslow e
rimentos ocorreram na empresa Western McGregor, Frederick Herzberg realizou suas
Eletric Company (Hawthorne, Chicago – EUA) considerações sobre o tema Qualidade de
e visaram basicamente modificar os postos Vida no Trabalho, definindo com mais clareza
de trabalho de um grupo amostral de traba- o conjunto de fatores que deterioram a QVT
lhadoras daquela companhia. no ambiente de trabalho. Segundo Herzberg,
Os novos postos de trabalho encontra- apud. Vasconcelos (2001), os fatores higiê-
vam-se próximos fisicamente da chefia e nicos capazes de produzir insatisfação ao
alguns benefícios foram ofertados à estas tra- trabalhador compreendem:
balhadoras no sentido de expressão de ideias
e de intercomunicação durante a prática a. A política e a administração da
laboral. Os resultados de tal experimento empresa;
apontaram para um repentino aumento de b. As relações interpessoais com os
produtividade e definiram, ao menos primor- supervisores;
dialmente, quais os fatores que deveriam ser c. A própria supervisão dos trabalhos;
levados em conta no que concerne ao esta- d. As condições de trabalho;
belecimento de um ambiente que oferta a e. O salário;
Qualidade de Vida no Trabalho. f. O status; e,
Outros trabalhos paralelos e posteriores g. A segurança no trabalho.
foram realizados e em muito contribuíram
para o entendimento dos fatores possibili- Por sua vez, ainda de acordo com este estudo,
tam a criação de um ambiente de trabalho os fatores motivadores, ou aqueles capazes
com qualidade de vida. Maslow e sua Teoria de gerar satisfação aos trabalhadores são:
das Necessidades e McGregor, com sua
teoria X são exemplos destes estudos. A a. Capacidade de realização;
avaliação de ambas as teorias, em especial, b. Reconhecimento;
a Teoria X de McGregor, nos faz concluir c. O próprio trabalho (prazer na prática
que o compromisso do ser humano com laboral);
os objetivos empresariais depende basi- d. Sensação de responsabilidade; e,
camente das recompensas ofertadas (não e. Possibilidade de progresso ou
necessariamente pecuniárias). A oferta desenvolvimento de carreira.
destas recompensas faz com que o ser
humano não somente aceite as respon- 4 FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão empresarial: De Taylor
aos nossos dias. Evolução e tendências da moderna administração de
sabilidades como também faz com que empresas. São Paulo: PIONEIRA, 1999.
Seguranca no Trabalho
90

Este experimento de Herzberg nos faz fundamentais ao desenvolvimento de um


refletir, não é caro aluno? Afinal desmistifi- estado de plenitude quanto à Qualidade de
camos de uma vez por todas que o salário Vida no ambiente de trabalho.
ou ganhos pecuniários não são o principal Diria que este é um ponto de partida para
fator gerador de satisfação ou de insatisfa- a própria ação dos Gestores com Pessoas,
ção com o trabalho. Antes disso, questões afinal esta discussão inicial sobre QVT foi rea-
ligadas ao ambiente de trabalho e às rela- lizada justamente neste sentido, de esclarecer
ções interpessoais, especialmente quando que QVT não implica somente na melhoria
consideramos as relações hierárquicas, são das condições salariais.

O Brasil atualmente tem despontado com um dos países que mais investem em Qualidade
de Vida no Trabalho. Ademais, vale dizer que a QVT também é um dos pilares que susten-
tam a própria Segurança do Trabalho e a Saúde Ocupacional. Veja o ranking dos países que
apresentaram os melhores índices de qualidade de vida no trabalho.

Ranking de qualidade de vida Pontuação


1. Méchico 153
2. Brasil 151
3. China 145
4. Índia 139
5. África do Sul 135
6. Austrália 129
7. Estados Unidos 123
8. Holanda 120
9. Canadá 113
10. França 109
11. Japão 105
12. Bélgica 104
13. Reino Unido 104
14. Alemanha 95
Fonte: ABRANTES, T. Qualidade de vida no trabalho no Brasil é a que mais cresceu em
dois anos. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/qualidade-de-vida-
no-trabalho-no-brasil-e-a-que-mais-cresceu-em-2-anos>. Acesso em: 08 Ago. 2014.
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91

Aliás, as próprias áreas do conhecimento • Sociologia: Em QVT, tem resgatado


que convergem à QVT, lhe prestando im- a dimensão simbólica do que
portantes contribuições ao seu estudo, nos é compartilhado e construído
informam a respeito dos focos que devemos socialmente, considerando os
ter ao analisarmos o ambiente de trabalho. diferentes saberes, princípios e culturas.
Estas áreas são, segundo Albuquerque e • Economia: Aproxima a QVT dos
França (1997)5: princípios de sustentabilidade,
uma vez que considera que todos
• Saúde: Tem contribuído com os recursos são finitos. Nesta ótica,
estudos que visam a preservação torna-se necessário a distribuição e
da integridade física, mental e social o compartilhamento dos materiais
do ser humano, portando-se como e da estrutura do ambiente de
preventiva, além de corretiva. trabalho, exercitando o equilíbrio,
• Ecologia: O homem no ambiente de a responsabilidade e os direitos de
trabalho é integrante e responsável sociedade.
pela preservação do sistema que a • Administração: Amplia a capacidade
ele se coloca. Como este ser humano de mobilizar recursos para atingir os
faz parte do mesmo, o sistema pode resultados, considerando ambientes
ser flexibilizado por suas ações, lhe de trabalho cada vez mais complexos,
gerando maior qualidade de vida na mutáveis e competitivos.
execução de seu trabalho. • Engenharias: Contribuem com a
• Ergonomia: Analisa e adapta o QVT no sentido de elaborar formas
meio de trabalho, especialmente produtivas flexíveis, com a utilização
equipamentos, materiais e instalações, de tecnologias para o trabalho e para o
ao trabalhador. controle dos processos.
• Psicologia: Amplia os princípios de
QVT em sua alçada, demonstrando Diante desta discussão, você foi capaz de
a influência das atitudes internas e perceber como a QVT é complexa e foge do
das perspectivas de vida de cada senso comum ligado somente ao salário ou
pessoa em seu trabalho. A psicologia somente às questões de saúde. Perceba que
tem avaliado ainda a importância diante deste cenário, torna-se amplamente
pessoal do trabalho e as necessidades necessária a figura de um animador, comu-
individuais, equalizando-as à prática nicador e articulador dos processos, com
laboral. competências e conhecimentos que estão
5 ALBUQUERQUE, L.G.; FRANÇA, A.C.L. Estratégias de recursos humanos e gestão muitas vezes distantes dos profissionais de
da qualidade de vida no trabalho: O stress e a expansão do conceito de quali-
dade total. Revista de Administração. 33(2): 40-51, 1998. Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional.
Seguranca no Trabalho
92

Assim, o Gestor com Pessoas é o pro- Quadro 6 – Categorias conceituais de


fissional responsável, em conjunto com Qualidade de Vida no Trabalho
os profissionais de Segurança do Trabalho Critérios Indicadores de QVT
e Saúde Ocupacional, bem como com os Equidade interna e externa
7. Compensação justa e
demais colaboradores da empresa pela apli- Justiça na compensação
adequada
Partilha de ganhos de produtividade
cação coordenada das categorias conceituais
Jornada de trabalho razoável
de Qualidade de Vida no Trabalho. 8. Condições de trabalho Ambiente físico seguro e saudável
Ausênsia de insalubridade
Autonomia
Autocontrole relativo
9. Uso e desenvilvimento
Qualidades mútiplas
de capacidades
Informações sobre o processo total do
trabalho
Possibilidade de carreira
10. Oportunidade de cres- Crescimento pessoal
cimento e segurança Perspectiva de avanço salarial
Segurança de emprego
Ausência de prexonceitos
Igualdade
11. Intergração social na
Mobilidade
organização
Relacionamento
Senso Comunitário
Professor, quais são então estas categorias con- No caso de alguns projetos de QVT
ceituais que eu devo conhecer para aplica-las 12. Constitucionalismo fracassarem no futuro, não passará de
em minha prática profissional? um”modismo” passageiro.
Papel balanceado no trabalho
13. O trabalho e o espaço Estabilidade de horários
Walton, citado por Fernandes (1996, pg. total de vida Poucas mudanças geográficas
48), apresenta oito categorias conceituais, ou Tempo para lazer da família
critérios de Qualidade de Vida no Trabalho, Imagem da empresa
que deverão ser avaliados e aplicados nos di- 14. Relevância social do Responsabilidade social da empresa
traebalho na vida Responsabilidade pelos produtos
ferentes ambientes de trabalho. Tais critérios Práticas de emprego
e seus respectivos indicadores, encontram- Fonte: Walton, apud. Fernandes (1996, pg. 48).
se dispostos no Quadro 6 a seguir:
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93

Infelizmente existe uma grande dis- arcar com os custos da implantação de tais
tância entre os princípios de Qualidade de programas, considerando que os resultados
Vida no Trabalho e a realidade. Conforme dos mesmos só aparecem em médio e longo
Albuquerque, citado por França e Assis (1995, prazo), de ordem cultural (a manutenção do
pg. 28)6: status quo das lideranças engessando a inter-
pessoalidade dentro de uma empresa), além
“(...) existe uma grande distância entre o de dificuldades estruturais (as empresas ra-
discurso e a prática. Filosoficamente, todo
ramente possuem estruturas outras que não
mundo acha importante a implantação
sejam produtivas).
de programas de QVT, mas na prática pre-
valece o imediatismo e os investimentos Contudo, dada a importância da
de médio e longo prazo são esquecidos. Qualidade de Vida no Trabalho e seus be-
Tudo está por fazer. A maioria dos progra- nefícios, torna-se amplamente necessário
mas de QVT tem origem nas atividades de
que os atuais paradigmas sejam revistos.
saúde e segurança do trabalho e muitos
Conforme o último trecho citado, não se
nem sequer se associam a programas de
qualidade total ou de melhoria do clima pode falar em Qualidade Total em uma
organizacional. QVT só faz sentido quando empresa sem se falar em QVT. Parafraseando-
deixa de ser restrita a programas internos a, não se pode falar em Segurança do
de saúde ou lazer e passa a ser discuti-
Trabalho e Saúde Ocupacional e muito
da em um sentido mais amplo, incluindo
menos em um processo de Gestão de
qualidade das relações de trabalho e suas
consequências na saúde das pessoas e da Pessoas sem mencionar, implantar e con-
organização”. solidar os princípios de QVT na vida da
empresa e de seus colaboradores.
Este trecho acima citado pode resumir a ideia Nossa intenção ao discutir sobre QVT
sobre as dificuldades que você encontrará ao é apresentar mais um nicho de mercado
tentar implantar os princípios de QVT em sua para sua futura atuação. Contudo, não é
atividade profissional. São muitas as barreiras nossa intenção esgotar o assunto, afinal,
de ordem conceitual (nem todos conhecem ainda existiriam muitos outros aspectos
todas as dimensões da QVT), de ordem fi- que poderiam ser discutidos. Portanto,
nanceira (nem todas as empresas querem para ampliar seu aprendizado e suas visões
6 FRANÇA, A.C.L.; ASSIS, M.P. Projetos de qualidade de vida no traba-
lho: Caminhos percorridos e desafios. RAE Light. 2(2): 26-32, 1995. acerca da Qualidade de Vida no Trabalho,
Seguranca no Trabalho
94

apresento-lhe, ao final desta unidade, duas Ocupacional e de Gestão de Pessoas. Por


leituras complementares que abordam as- último, peço para que você acompanhe as
pectos e atualidades sobre a QVT. Ademais, sugestões de vídeos, os quais reforçarão os
também apresento sugestões de literaturas conceitos de QVT e apresentarão sua apli-
que são basilares a quem pretende atuar cação prática. Acesse estes conteúdos ao
no setor de Segurança do Trabalho e Saúde final de nossa unidade, ok?

Em minhas práticas na docência em nível satisfeito, decidi estudar o comportamento


presencial, tenho observado que a prá- dos alunos antes e depois das ginásticas,
tica confirma a teoria. Meu Professor de aplicando-lhes pequenos testes para ave-
Extensão Rural, o qual até hoje mantenho riguação de sua atenção durante as aulas.
amizade, afirmara que o ser humano, em Tive sucesso, pois 86% dos alunos avaliados
condições normais, só consegue prestar responderam corretamente a um teste psi-
atenção em uma informação por cerca de cológico o qual demandava atenção para
sete minutos. Finalizado este tempo, al- obtenção de acertos. Esta experiência per-
guma estratégia deveria ser aplicada no mitiu concluir que as ações de QVT estabe-
sentido de ter novamente a atenção desta lecem a execução mais precisa e prazerosa
pessoa. da prática laboral (neste caso, da prática do
Resolvi praticar alguns dos princípios de estudo).
Qualidade de Vida no Trabalho, inserindo Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em
a ginástica laboral em minhas aulas. Não fatos reais.

Após finalizarmos nosso entendimento da Segurança do Trabalho ao Gestor com


sobre Qualidade de Vida no Trabalho, nos Pessoas como elemento de competitividade
resta discutir sobre o último tópico desta no mercado de trabalho. Vamos continuar
unidade, o qual versa sobre a importância nossos estudos?
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95

A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO


AO GESTOR COM PESSOAS COMO ELEMENTO
DE COMPETITIVIDADE NO MERCADO DE
TRABALHO

S
egundo a reportagem de capa da A tendência do mercado é que os pro-
Revista ISTO É, de 26 de Abril de fissionais passem a desenvolver um enfoque
2012, intitulada “O profissional que o sistêmico acerca de suas demandas. Há
mercado quer”, o mundo do trabalho vive pouco, discutíamos sobre os sistemas de
sua maior transformação desde a Revolução gestão empresariais e ressaltamos o fato de
Industrial e busca um novo tipo de pessoas. que estes sistemas deveriam convergir e in-
Agora o que vale mais é ter formação diver- teragir entre si, considerando que possuem
sificada, ser versátil, autônomo, conectado e a mesma base e respeitando as tendências
dono de um espírito empreendedor (RUBIN, de mercado.
20127). Somente o Gestor com Pessoas, sem
Em outras palavras, dominar os conhe- maiores conhecimentos sobre a Gestão de
cimentos de apenas uma área ou curso é Qualidade e sobre os princípios de Segurança
pouco válido. Ainda mais considerando uma do Trabalho e Saúde Ocupacional não será
área tão competitiva como a da Gestão com capaz de atender as futuras demandas de
Pessoas. um mercado em expansão.
7 RUBIN, D. O profissional que o mercado quer. ISTO É [on line]. 2212 ed.,
São Paulo: ABRIL, 2012. Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reporta- Conforme já abordado em momentos an-
gens/196912_O+PROFISSIONAL+QUE+O+MERCADO+QUER>. Acesso em:
17. Jun. 2012. teriores, a atuação do Gestor com Pessoas no
Seguranca no Trabalho
96

Sistema de Segurança do Trabalho e Saúde as leituras complementares, visitar endere-


Ocupacional está limitada pelas atribuições ços de páginas de internet com conteúdo
dos profissionais oficiais (definidos pela NR 4 relacionado, a desenvolver conceitos utili-
– Serviços Especializados em Engenharia de zando o raciocínio, ou seja, aos poucos, neste
Segurança e Medicina do Trabalho), ou seja, material, treinamos nosso cognitivo, nossa
este gestor não se encontra habilitado, por inteligência.
exemplo, para elaborar e ser o responsável Aliás, certo dia ouvi de um bom mestre:
técnico de um PCMAT. “A Inteligência é a capacidade do ser humano
Todavia, nada impede que este profissio- em buscar soluções para aquilo que ele não
nal tenha o conhecimento dos mecanismos conhece ou não entende”. Você conhecia
e ferramentas da Segurança do Trabalho para ou entendia sobre todos os princípios co-
auxiliar na aplicação das mesmas. mentados neste material? Provavelmente
No início deste material, utilizei o termo não, mas, muito mais você aprendeu do
“bureau” para me referir ao Sistema de que eu lhe ensinei, por que antes de lhe
Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, ensinar o assunto propriamente dito, nos
em alusão ao significado de conjunto de pro- abastecemos de argumentos e trabalha-
fissionais, técnicas e conhecimentos acerca mos densamente os conceitos que orbitam
de um determinado assunto. E de fato é isso o assunto principal.
que se espera de um profissional da área de Tanto isto é verdade que fomos capazes
Gestão com pessoas: Participação e proa- de definir o tema Segurança do Trabalho
tividade em conhecer os mecanismos da sem conhecer uma definição de algum outro
Segurança do Trabalho. Por isso que lhe in- autor e verificamos que os conceitos que de-
centivei ao longo do material a acompanhar senvolvemos, de fato, eram válidos.
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97

Voltando a nossa discussão do o conhecimento amplo e sistêmico, são


momento, portanto, treinamos em con- capacidades demandadas pelo mercado
junto o exercício de nossa inteligência que, de trabalho. Espero que com estas infor-
junto com o empreendedorismo, a proa- mações valiosas, você consiga ser bem
tividade, a capacidade de comunicação e sucedido em sua profissão.

Uma determinada instituição financeira fora boradores entrevistados, refletindo pontos


alvo de pesquisa, baseada no Modelo de fracos e fortes da instituição, que podem ser
investigação de QVT de Walton. O objeti- trabalhados de maneira a gerar um ambien-
vo da pesquisa foi identificar a existência te mais saudável e produtivos. Supõe-se que
da relação entre a QVT e seu Desempenho este seria um cenário propício à ocorrência
organizacional. de acidentes de trabalho derivados do des-
gaste sofrido pelos trabalhadores.
A análise das respostas obtidas através de 27
respondentes identificou uma significativa Fonte: GALEANO, R.; VIEIRA, E.A.; ARAÚJO,
insatisfação por parte dos funcionários refe- K. A qualidade de vida no trabalho como
rentes à compensação financeira oferecida fator de influência no desempenho organi-
pela empresa e à segurança no trabalho. Já zacional. Disponível em: <http://www.ead.
as variáveis “Condições de Trabalho e Rele- fea.usp.br/semead/11semead/resultado/
vância do Trabalho” foram as que obtiveram trabalhosPDF/759.pdf>. Acesso em: 10 Ago.
as melhores avaliações por parte dos cola- 2014.
Seguranca no Trabalho
98

Considerações Finais
Nesta última unidade de nosso material operacionais das empresas com absenteísmo
você teve a possibilidade de perceber quais derivado de acidentes ou de instabilidades
são as perspectivas do tema Segurança do físicas e emocionais dos trabalhadores é re-
Trabalho e Saúde Ocupacional no contexto duzido drasticamente.
da Gestão com Pessoas sob três enfoques: Por fim, tecemos uma análise crítica
Comunicação e Animação dos processos, quanto à formação profissional do Gestor
Qualidade de Vida no Trabalho e Ampliação com Pessoas, destacando a inteligência, o
de competitividade profissional. empreendedorismo, a proatividade, a capa-
Verificamos que nos três enfoques as áreas cidade de comunicação e o conhecimento
do conhecimento abordadas (Segurança amplo e sistêmico como qualidades deman-
do Trabalho e Saúde Ocupacional e Gestão dadas pelo mercado de trabalho.
com Pessoas) tornaram-se indissociáveis, não Ademais, este conhecimento amplo
sendo possível avaliar uma problemática sob e sistêmico abarca diferentes áreas do co-
o enfoque isolado de uma destas ciências. nhecimento e raramente encontramos no
Também verificamos a forte ligação do mercado de trabalho profissionais que sejam
tema Segurança do Trabalho com o tema antenados na área de Segurança do Trabalho.
Qualidade de Vida no Trabalho. A Qualidade Verificam-se muitos profissionais com conhe-
de Vida no Trabalho, conforme observamos, cimentos isolados e nossa prática de estudos,
transcende a aplicação de técnicas espe- por meio deste material, visou justamente o
cíficas à cada caso, avançando no sentido contrário: Quero que você se forme com sua
de aproximar do profissional as condições visão crítica e sistêmica desenvolvida, inte-
pessoais ideais para a prática laboral, am- grando os conhecimentos das duas áreas
plificando sua produtividade por meio do trabalhadas neste material para que você
bem estar físico e mental dos colabora- possa ser um profissional responsável e de
dores. Ademais, vale dizer que os custos sucesso.
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Atividade de Autoestudo

1. O tema “Qualidade de Vida no produtivas flexíveis, com a utilização


Trabalho” é complexo e foge do de tecnologias para o trabalho e para
senso comum ligado somente ao o controle dos processos.
salário ou somente às questões de d. ( ) Engenharias: Tem contribuído
saúde. Para o entendimento de todos com estudos que visam a
os fatores ligados à QVT, torna-se preservação da integridade física,
necessária a adoção de enfoques mental e social do ser humano,
relacionados à diferentes ciências. portando-se como preventiva, além
Sobre estas diferentes ciências, de corretiva.
assinale a alternativa que apresenta e. ( ) Ecologia: Analisa e adapta o
a associação correta entre a ciência meio de trabalho, especialmente
e sua descrição ou contribuição equipamentos, materiais e
relacionada à QVT. instalações, ao trabalhador.
2. No campo da Segurança do
a. ( ) Administração: Em QVT, tem Trabalho e Saúde Ocupacional,
resgatado a dimensão simbólica do considera-se como parte das
que é compartilhado e construído estratégias de prevenção de riscos
socialmente, considerando os a adoção de visões pluralistas
diferentes saberes, princípios e advindas de profissionais de
culturas. diferentes áreas. Assim, para a
b. ( ) Psicologia: Amplia os princípios formação do chamado “bureau” de
de QVT em sua alçada, demonstrando Segurança e Saúde no Trabalho,
a influência das atitudes internas e considera-se a presença não
das perspectivas de vida de cada somente dos atores oficiais
pessoa em seu trabalho. A psicologia (profissionais ligados ao SESMT),
tem avaliado ainda a importância mas também de profissionais de
pessoal do trabalho e as necessidades outras áreas. Sobre a atuação do
individuais, equalizando-as à prática profissional formado no curso de
laboral. MBA em Gestão com Pessoas na
c. ( ) Sociologia: Contribuem com a área de Segurança do Trabalho,
QVT no sentido de elaborar formas assinale a alternativa correta.
Seguranca no Trabalho
100

a. ( ) É função deste profissional, de ao cumprimento do disposto nas


acordo com a NR-03, cumprir e fazer Normas Regulamentadoras e em
cumprir, em conjunto aos demais outros dispositivos de Segurança
profissionais da área de Segurança e do Trabalho. Contudo, possui
Medicina do Trabalho, o disposto nas um importante papel no campo
Normas Regulamentadoras ou em da articulação entre os atores
outros instrumentos equivalentes. envolvidos com a prática laboral,
b. ( ) O profissional formado na da comunicação e expressão e em
área de Gestão com Pessoas, além algumas áreas correlatas à Psicologia
de articulador dos processos, tem do Trabalho, especialmente aquelas
atribuições que lhe permitem atuar ligadas à processos motivacionais
nos processos de perícias e auditorias, das equipes de trabalho e
especialmente nos casos onde organizacionais.
existam dúvidas quanto à percepção d. ( ) A alternativa “a” estaria correta
dos adicionais de insalubridade e/ou caso o trecho “cumprir e fazer
periculosidade. cumprir” estivesse referenciado à Lei
c. ( ) Para todos os efeitos, o profissional 6.514/77, Artigo n°. 157, e não a NR-
formado em Gestão com Pessoas 03.
não possui o poder legal de assumir e. ( ) Nenhuma das alternativas
a responsabilidade técnica quanto anteriores encontra-se correta.
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101

Livro
Título: Stress e qualidade de vida no trabalho: Perspectivas atuais da saúde ocupacional. 1ª ed.
Autor: STEVEN L. SAUTER/ PERREWE/ ROSSI
Editora: ATLAS
Sinopse: Este livro aborda tópicos importantes nas áreas de stress, saúde ocupacional e qualidade de vida,
reunindo um grupo multidisciplinar de especialistas que fornecem análises aprofundadas sobre o tema.
Pelo fato de o stress no trabalho Ter se formado em uma preocupação mundial, este livro assume uma
perspectiva verdadeiramente internacional sobre o stress ocupacional e o bem-estar dos colaboradores.
A obra apresenta temas do que é atualmente uma literatura em expansão que visa atender as causas,
os efeitos e a prevenção do stress no local de trabalho. Começa com três capítulos sobre as diferentes
fontes de stress ocupacional, abordando de fatores organizacionais a atributos dos próprios trabalha-
dores. Os cinco capítulos seguintes atualizam a compreensão sobre os efeitos adversos que o stress
pode ter sobre os indivíduos, suas famílias e as organizações. O último grupo de capítulos do livro
tem um tom mais positivo, avaliando os benefícios de ambientes de trabalho saudáveis e formas de
superar a prevenir o stress no trabalho.

Livro
Título: Qualidade de vida no trabalho – QVT: Conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-in-
dustrial. 2ª ed.
Autor: Ana Cristian Limongi-Franca
Editora: ATLAS
Sinopse: Esta obra busca novos paradigmas na administração de empresas por meio de três vetores con-
ceituais nas questões de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). As escolas de pensamento, os indicadores
empresariais BPSO (Biológicos, Psicológicos, Sociais e Organizacionais) e os fatores críticos de gestão.
O intenso trabalho de pesquisa visou a uma nova Modelagem Conceitual, com base nas Interfaces da
Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) da administração de empresas. Os conceitos aqui tra-
tados foram construídos com base na combinação do método quantitativo - utilizando-se a análise
documental e do estudo quantitativo exploratório - por meio de pesquisa de campo com adminis-
tradores, alunos e professores da área de Administração e ampla análise documental, inclusive com
alunos do MBA-RH (FIA) em convênio com a USP, em projeto de pesquisa de livre-docência da autora.

Livro
Título: Extensão ou Comunicação? 6. ed.
Autor: FREIRE, P.
Editora: PAZ E TERRA,
Sinopse: Uma das maiores contribuições de Paulo Freire para o desenvolvimento de ações em conjunto
com Agricultores e Agricultoras Familiares encontra-se no livro “Extensão ou Comunicação?”. Por meio
da discussão estabelecida neste material, o leitor é levado a problematizar sobre o seu papel, como
agente de desenvolvimento, no sentido de promover os processos comunicativos dialogados na mesma
linguagem do agricultor, considerando seus saberes, costumes e identidade. Trata-se de uma leitura
obrigatória a todos os profissionais que desenvolvem ações em conjunto com estes atores sociais.
Seguranca no Trabalho
102

Web

Qualidade de vida no trabalho: Trata-se de um vídeo que apre-


senta didaticamente os principais conceitos relacionados à
Qualidade de Vida no Trabalho - http://www.youtube.com/
watch?v=qoxW13XryFM
VT Qualidade de Vida no Trabalho – Caso Johnson & Johnson:
Trata-se de um vídeo institucional o qual apresenta a aplicação
dos princípios de QVT em uma empresa do ramo de higiene
pessoal - http://www.youtube.com/watch?v=OOWmokQdnjE
Pós-Graduação | Unicesumar
103

relato de
caso

O transporte de cargas é um dos segmentos mais válido aos profissionais da área de Gestão, em es-
importantes para o desenvolvimento do Brasil, pecial os Gestores com Pessoas.
pois é através dele que se faz chegar a matéria
prima nas indústrias e o produto final ao consu- Pode-se dizer que em uma empresa que preten-
midor. Dentre as inúmeras cargas transportadas da ser referência no mercado, a existência de um
pelas nossas rodovias encontram-se os produtos Gestor com capacidade de multiplicar tais conhe-
perigosos, sem os quais seria inviável a produção cimentos promove não somente a defesa dos
de bens de consumo. recursos naturais, mas também a própria segu-
rança do trabalho.
Os riscos de desastres com produtos perigo-
sos acontecem entre os desastres humanos de O presente estudo revelou que as empresas que
natureza tecnológica, podendo localizar-se no investem em um sistema de gestão integrada em
Transporte Rodoviário, Aeroviário, Ferroviário, seus transportes, considerando a gestão ambien-
Marítimo, Fluvial ou Lacustre, no Deslocamento tal, de pessoas, de qualidade e da segurança do
por Dutos, e em muitos outros locais onde ocorre trabalho, reduzem seus custos operacionais em
o uso ou manuseio de produtos perigosos. 48%, considerando a comparação com empresas
que não adotam procedimentos que possam ser
Os acidentes com produtos perigosos que característicos das respectivas gestões.
ocorrem durante o seu transporte, armazena-
gem ou manuseio requerem das pessoas, que Da mesma forma, os dados revelados por este
possuam contato direto e indireto no processo, estudo indicam que o investimento em gestão
conhecimentos gerais e específicos para evita- integrada valoriza os papéis das empresas que
rem sinistros. O acidente ocorre todas as vezes possuem ações nas bolsas de valores, em especial,
que se perde o controle sobre o risco, resultado as empresas logísticas de maior porte. É válido
em extravasamento, causando danos humanos, salientar que estes processos de gestão integra-
materiais e ambientais. da são de competência do Gestor com Pessoas,
levando-se em conta que 35% das empresas ava-
Considera-se produto perigoso toda substância liadas no caso possuíam este profissional em seu
com propriedades físico-químicas como toxicida- bureau de planejamento.
de, corrosividade, inflamabilidade e outras que
podem causar danos à saúde das pessoas, desor- Desta forma, avalia-se como positiva a ação deste
dem ou destruição do meio ambiente e prejuízos profissional nos casos avaliados por meio deste
ao patrimônio de terceiros. trabalho, da mesma forma que se avalia como
necessária a multiplicação de conhecimentos
Esses produtos estão agrupados em nove classes sobre estratégias de segurança e contenção de
de risco, identificados, nos veículos, por painéis catástrofes nos transportes de cargas perigosas.
de segurança e rótulos de risco.
Elaborado pelo autor, baseado em SILVA,
Diante da necessidade de se transportar tais E.M.; COSTA, T.R. Transporte e armazenamen-
cargas, é conveniente afirmar que o conhecimen- to de cargas perigosas. Monografia: Curso de
to sobre a tipologia da carga bem como sobre suas Especialização em Engenharia de Segurança do
características físico-químicas e sobre as ações Trabalho – Universidade Estadual de Maringá.
para contenção de catástrofes é extremamente 2014. 70p.
Seguranca no Trabalho
104

CONCLUSÃO

Prezado aluno do curso de MBA em Gestão empreendedor, você certamente irá gostar
com Pessoas, a produção do livro “Segurança de ter estas dúvidas e de estar em frente aos
do Trabalho e Saúde Ocupacional” apresenta- novos desafios, ou seja, você terá a atitude
se como uma humilde contribuição literária necessária para descobrir mais sobre este
aos seus estudos e ao seu futuro exercício pro- mundo tão vasto e complexo da Segurança
fissional. Por meio desse material, muitos dos do Trabalho.
conceitos e do conhecimento acerca deste Estarei sempre a sua disposição para lhe
tema estratégico foram tratados, sempre com ajudar nesses assuntos. Entre em contato em
um foco realista e interdisciplinar. caso de dúvidas e sugestões, por meio do en-
Espero que você possa ter construído o dereço: tiago.costa@unicesumar.edu.br. Será
conhecimento sobre a importância, as ações, um prazer conversar com você!
os atores envolvidos e as perspectivas sobre Desejo lhe encontrar em uma próxima
os assuntos abordados e, se você realmen- oportunidade para novamente construirmos
te conseguiu este intento, terei cumprido o conhecimento.
minha missão em auxiliá-lo em sua jornada. Um grande abraço!
Contudo, sei que muitos conceitos e Prof. Tiago Ribeiro
muitas das discussões realizadas neste ma- Eng. Agrônomo, Eng. de Segurança do
terial não se acabam por aqui, podendo Trabalho, Me.
gerar novas dúvidas. Se você leu atenta- Professor Assistente – NEAD
mente este material, e possui um espírito UniCesumar
Pós-Graduação | Unicesumar
105

REFERÊNCIAS

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Seguranca no Trabalho
108

GABARITO

Unidade I: 1-b; 2-b; 3-c

Unidade II: 1-d; 2-d

Unidade III: 1-b; 2-c.

(Footnotes)

1 GUIADOESTUDANTE.ABRIL.COM. Descrição
sobre o profissional de Engenharia de
Segurança do Trabalho. Disponível em:
<http://guiadoestudante.abril.com.br/
profissoes/engenharia-producao/engenha-
ria-seguranca-trabalho-602980.shtml>

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